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Relatório de Estágio realizado Farmácia Vitória

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Academic year: 2021

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Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Vitória

janeiro de 2018 a julho de 2018

João Filipe Costa Silva

Orientador: Dr. Rui Manuel Romero

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria da Glória Correia da Silva Queiroz

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 1 de setembro de 2018

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Agradecimentos

Este relatório simboliza o terminar de um estágio curricular. Apesar disso, quando se chega a esta etapa, há muito mais simbolismo associado do que apenas essa parte, visto que se trata de terminar um Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e não o conseguiria ter feito sem uma série de apoios que fui tendo ao longo destes 5 anos.

Em primeiro lugar, quero agradecer a toda a excelente equipa da Farmácia Vitória por me terem proporcionado um estágio ímpar, que primou pela excelência e pelo sentido de trabalho em equipa. A Dona Zezinha, o apoio “maternal” e aqueles conselhos que mais ninguém saberia dar quando era preciso, obrigado por ter transmitido toda a sua sabedoria; Dr. Luís Soares, uma excelente pessoa com noções e conhecimentos na área que poucos têm; e o Dr. Rui Manuel Romero, meu orientar e Diretor-Técnico, com quem aprendi tanto em tão pouco tempo. Não consigo descrever aquilo que sinto por se ter dedicado tanto à minha aprendizagem e por me ter ensinado a ser até mais do que farmacêutico. Dentro desta vertente, não poderia deixar de agradecer a todos os meus utentes. Foi de facto comovente, ter chegado ao final e muitos deles se terem despedido e me terem implorado para ficar ali. Não fui apenas eu que os ajudei, eles ensinaram-me imenso e talvez seja isso aquilo que mais me encheu o coração durante estes 6 meses.

Seguidamente, agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, sem dúvida alguma, a minha casa ao longo destes 5 anos. Não há palavras que sirvam para explicar tudo aquilo que lá passei e tudo aquilo que aprendi.

Cheguei ao coração destes anos dourados, a Tuna de Farmácia do Porto. A TFP foi grande parte da minha vida durante o meu percurso. Quero agradecer a todos vocês por me terem aturado tanto tempo e por me terem proporcionado o melhor ano da minha vida enquanto vosso Magister Tunae. Foi uma honra ter-vos liderado, ter-vos ensinado e ter aprendido com cada um de vós. Foi igualmente uma honra ter-vos comigo no IV Galenicvs e no 10º aniversário da Tuna. Ficam recordações destes “anos loucos que voaram” e o sentimento de que voltarei sempre que puder para continuar a partilhar mais histórias convosco. E que venham outros tantos anos, esta Alma de Tunante não se esquece e não se perde, fica para sempre num cantinho bem especial do meu coração.

Não tendo integrado estes grupos, não posso deixar de fazer um agradecimento especial por todos estes anos de companheirismo e amizade às Sirigaitas de Farmácia, ao Grupo de Fados da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, à Comissão de

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Praxe, à Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e a todos os outros grupos e associações da FFUP.

Nesta etapa das nossas vidas há sempre uma componente muito importante: os amigos. E, nesse aspeto, não me posso queixar. Muito obrigado a todos aqueles que me acompanharam ao longo destes anos. Levo-vos comigo para a vida e já sabem que podem contar comigo para tudo o que precisarem. Não poderia deixar passar algumas pessoas que me marcaram de uma forma muito especial: Diana, não agradeço apenas por 5 anos, agradeço quase por uma vida toda. Obrigado por seres a pessoa que me aturava fora da faculdade sempre que eu precisava; Mónica, é incrível ver todas as nossas “discussões” e saber que estamos bem no momento a seguir porque somos assim. Não teria aguentado tudo aquilo que passei ao longo do meu percurso sem ti e sabes perfeitamente disso. Não te esqueças disto, de mim, de nós. Aqui, vem também a “chantagista”, Júlia, a moderadora, a quem tenho muito que agradecer por se ter tornado sem ter dado conta numa grande amiga. Pleno até ao fim; Rafa, foste a minha primeira grande amiga na FFUP e não me esqueço que foi por tua causa que, muitas vezes, continuei com os pés assentes na Terra e que tive sucesso em muitas coisas na minha vida; Hélder, compatriota dia e noite, que continuemos sempre assim; Paula e Fábio, foi convosco que deixei de ser “criança”. Foram das melhores pessoas que conheci no meu percurso académico.

Agradeço à minha orientadora de estágio, a Professora Doutora Glória Queiroz e a todos os outros professores e auxiliares da FFUP que sempre me ensinaram tudo o que puderam para que eu fosse um excelente ser humano e farmacêutico.

Família, torna-se complicado definir aquilo que sinto neste momento. Primeiramente, Avô Manuel, que infelizmente já não se encontra entre nós e Avó Maria, obrigado por todas as ajudas. Espero que estejam orgulhosos do vosso neto tal como eu sempre estive de vocês. Tiago, Joana, Mateus e Afonso, estou extremamente orgulhoso da família linda que vocês construíram e tenho também que vos agradecer por toda a dedicação e carinho que sempre tiveram comigo.

Pai, Mãe, deixei-vos para o final, não por serem os menos importantes, pelo contrário, mas por saber que sem vocês não estava sequer hoje a escrever estas palavras. Mais, sem vocês, não era o homem que sou hoje e só desejo daqui a uns tempos poder ver os meus filhos a fazer exatamente aquilo que acabo de fazer. Obrigado do fundo do coração por me terem dado a oportunidade de construir o meu futuro. Sei que não foi fácil, mas conseguiram. E agora vamos celebrar, um brinde a vós.

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Resumo

O estágio curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) é o culminar de uma etapa, onde deveremos por em prática todos os conhecimentos adquiridos ao longo deste ciclo, mas também adquirir novas experiências e conhecimentos que de outro modo não seria possível.

Neste relatório relato todos os conhecimentos e todo o meu percurso na Farmácia Vitória do Porto. Numa primeira fase, são abordados os conceitos relativos à própria farmácia, desde a gestão dos seus stocks, à sua organização e à dispensa de medicamentos, bem como o próprio aconselhamento farmacêutico. Apesar de ser para a maior parte dos estagiários de extrema importância a inclusão de um cronograma relativo às diferentes atividades desenvolvidas ao longo do seu estágio, optei por não incluir um cronograma neste relatório, uma vez que, desde o meu primeiro dia de estágio, tive a oportunidade de efetuar todo o tipo de atividades que são normalmente realizadas na farmácia comunitária. A segunda parte deste relatório diz respeito aos temas que abordei no desenvolver do meu estágio. O primeiro tema diz respeito às práticas e cuidados ao nível da proteção solar, aproveitando o facto de o mês de julho ser bastante quente para alertar os utentes para medidas tão importantes como estas. O segundo tema alerta para a dispensa e utilização de forma não segura dos fármacos benzodiazepínicos, uma prática bastante comum neste tipo de meios sociais, aproveitando para elaborar um estudo estatístico acerca do consumo de benzodiazepinas dos utentes da Farmácia Vitória.

Optei por incidir nestes 2 temas, não só por serem bastante úteis e comuns nos dias atuais, como também pelo facto de ter reparado, no caso do segundo tema, que existe uma enorme dependência da população deste tipo de fármacos, procurando também uma explicação para tal.

Sem mais a acrescentar, espero que toda esta experiência esteja descrita de forma clara, interessante e explícita ao longo do relatório.

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Índice

Lista de Abreviaturas………...I Índice de Figuras……….…II Índice de Anexos………....III

PARTE I – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO CRRICULAR NA FARMÁCIA VITÓRIA

1. Descrição geral da Farmácia Vitória………...1

1.1.Localização, Enquadramento Geral e Caracterização de Utentes……….1

1.2.Espaço Físico da Farmácia………1

1.3.Recursos Humanos e Horário de Funcionamento……….2

1.4.Sistema informativo de gestão e informação………3

2. Gestão Geral da Farmácia………...4

2.1.Gestão de Stocks………...4

2.2.Realização de Encomendas………...6

2.3.Receção e Conferência de Encomendas………....7

2.4.Inconformidades e Devoluções………...8

2.5.Armazenamento e Controlo de Stocks………..9

2.6.Gestão de faturação e receituário………..10

3. Dispensa de Medicamentos……….…11

3.1.Medicamentos sujeitos a receita médica e sua prescrição……….…11

3.1.1. Receita médica com prescrição eletrónica materializada………..13

3.1.2. Receita médica com prescrição manual………...…..13

3.1.3. Receita médica com prescrição eletrónica desmaterializada….…14 3.2.Medicamentos sujeitos a receita médica e a sua dispensa……….15

3.3.Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes e sua dispensa……….…15

3.4.Medicamentos manipulados e a sua preparação e dispensa………….….16

3.5.Dispensa de outros produtos……….….16

3.6.Regimes de Comparticipação………....17

3.7.Medicamentos não sujeitos a receita médica e a sua dispensa……...18

4. Serviços Farmacêuticos……….…..19

5. Cuidados Farmacêuticos……….….20

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PARTE II – APRESENTAÇÃO DOS TEMAS DESENVOLVIDOS TEMA I – PROTEÇÃO SOLAR E CANCRO DA PELE

1. Enquadramento geral do tema……….……..21

2. Fundamento teórico………...22

2.1.A pele, o maior órgão do corpo humano……….…22

2.2.A importância das Radiações Ultravioleta……….……….23

2.3.Cancro da Pele……….…………23

2.3.1. Definição e Etiologia………...23

2.3.2. Tipos de Cancro da Pele………..……...24

2.3.3. Epidemiologia e Incidência……….24

2.3.4. Diagnóstico e Tratamento……….…...25

3. Protetores/Filtros Solares………...26

4. Cuidados a ter na exposição solar……….…….27

5. Qual o papel do farmacêutico nesta temática?...28

6. Projeto desenvolvido……….……….29

7. Conclusão……….………..30

TEMA II – DEPENDÊNCIA E ABUSO DE BENZODIAZEPINAS 1. Enquadramento geral do tema………....30

2. Fundamento teórico………....31

2.1.O que são Benzodiazepinas?...31

2.2.Introdução histórica……….….31

2.3.Tipos de Benzodiazepinas………....32

2.4.Mecanismo de ação……….…...32

2.5.Indicações Terapêuticas………...33

2.6.Benefícios, Riscos e Efeitos adversos da utilização de BZD……...34

3. Consumo de Benzodiazepinas………...35

3.1.Consumo de Benzodiazepinas na Farmácia Vitória………...36

4. Dependência vs Abuso de Benzodiazepinas………...37

5. Qual o papel do farmacêutico nesta temática?...38

6. Projeto desenvolvido……….…39

7. Conclusão………..39

BIBLIOGRAFIA……….41

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Lista de Abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado ANF – Associação Nacional das Farmácias

ARS – Porto – Administração Regional de Saúde do Porto BZD – Benzodiazepina

DCI – Denominação Comum Internacional

DME – Dose mínima de radiação capaz de produzir eritema mínimo DNA – Ácido Desoxirribonucleico

ECG – Eletroencefalografia

EMA – Agência Europeia do Medicamento FPS – Fator de Proteção Solar

GABA – Ácido gama-aminobutírico IMC – Índice de Massa Corporal

LPCC – Liga Portuguesa Contra o Cancro

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica NREM – Sono não rápido

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico OF – Ordem dos Farmacêuticos

PABA – Ácido p-aminobenzóico PVF – Preço de Venda à Farmácia PVP – Preço de Venda ao Público

RCM – Resumo das Características do Medicamento RE – Receita Especial

REM – Sono rápido

REPD – Regime Geral da Proteção de Dados RUV – Radiação Ultravioleta

SAMS – Serviço de Assistência Médico-Social dos Sindicatos dos Bancários SNC – Sistema Nervoso Central

SNS – Serviço Nacional de Saúde UV (A,B,C) – Ultravioleta (A,B,C)

(10)

Índice de Figuras

Figura 1 – Vista exterior da Farmácia Vitória..………..44

Figura 2 – Vista interior da Farmácia Vitória………...………..44

Figura 3 - Póster "Verão, Sol, Calor...O que diz a sua pele?" exposto na Farmácia Vitória.………..…...45

Figura 4 - Projeto 1 sobre Proteção Solar e Cancro da Pele ………..46

Figura 5 - Mecanismo de ação das benzodiazepinas …………...………..48

Figura 6 - Representação esquemática do sono REM …….………..49

Figura 7 - Representação esquemática do sono NREM ……..………..49

Figura 8 - Instrumento de Auditoria Clínica da Norma "Tratamento Sintomático da Ansiedade e Insónia com Benzodiazepinas e Fármacos Análogos, segundo a Direção Geral de Saúde.……….…..52

Figura 9 - Utilização de ansiolíticos e hipnóticos e sedativos nos países europeus da OCDE ………..………...53

Figura 10 – Comparação do consumo de BZD em Portugal, Dinamarca, Finlândia e Holanda………..……….…53

Figura 11 - As 3 substâncias ativas mais utilizadas nos quatro países referidos anteriormente ………...54

Figura 12 - Distribuição por género e faixa etária dos utentes, em Portugal, a quem foi dispensada pelo menos uma BZD em 2016…..……….……54

Figura 13 - Flyer "Descansar, Relaxar...Só com os seus CALMANTES!!!???" - parte frontal ………56

Figura 14 - Flyer "Descansar, Relaxar...Só com os seus CALMANTES!!!???" - parte do verso……….………..………57

Figura 15 - Flyers distribuídos na Farmácia Vitória para os seus utentes……....58

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Índice de Anexos

ANEXO 1 – Instalações da Farmácia Vitória……….………44

ANEXO 2 – Proteção Solar e Cancro da Pele………45

ANEXO 3 – Tipos de Benzodiazepinas... 47

ANEXO 4 – Mecanismo de ação das Benzodiazepinas……….………48

ANEXO 5 – Tipos de Sono REM e NREM………...…49

ANEXO 6 – Tratamento da Ansiedade e da Insónia Patológicas………..…50

ANEXO 7 – Dados estatísticos sobre o consumo de Benzodiazepinas……….…53

ANEXO 8 – Projeto 2………56

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1

Parte I – Descrição das atividades desenvolvidas no Estágio

Curricular na Farmácia Vitória

1. Descrição geral da Farmácia Vitória

1.1.

Localização, enquadramento legal e caracterização de utentes

A Farmácia Vitória está situada na Rua de São Roque da Lameira, nº 704, pertencendo à freguesia de Campanhã, no Porto. O edifício encontra-se num espaço destacado, o que lhe permite uma boa visibilidade, tornando-a assim fácil de localizar.

Encontra-se perto dos bairros sociais do Cerco do Porto, São Roque da Lameira, Falcão e São João de Deus, bairros estes com condições socioeconómicas deficitárias, com uma grande percentagem de população idosa, com pouco poder económico e habilitações literárias reduzidas.

De uma forma geral, a farmácia tem um ambiente muito familiar, com inúmeros utentes fidelizados, sendo assim um ponto essencial de ação sanitária e social. A maioria dos utentes da farmácia, especialmente os mais idosos, revela uma confiança notável na equipa técnica da farmácia, o que se pode traduzir por uma possibilidade de atuação em saúde mais eficaz. No entanto, com os clientes mais jovens, nem sempre é fácil conseguir um bom desempenho, visto que nem sempre estes são compreensivos.

Para além de tudo isto, por razões económicas, quando os utentes se sentem ligeira ou moderadamente doentes recorrem inicialmente à farmácia ao invés de recorrerem logo ao seu centro de saúde. Isto leva a que todo o tipo de dúvidas possam surgir na farmácia, para as quais o farmacêutico terá que estar preparado para responder, sendo assim necessário um trabalho de formação contínua a nível técnico-científico, razão pela qual durante o meu estágio quase todos os casos de consulta farmacêutica foram desafiantes, interessantes e puseram em prova quase todas as valências que adquiri durante a minha formação na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e aquilo que o Dr. Rui Manuel Romero tão sabiamente me foi transmitindo.

1.2.

Espaço Físico da Farmácia

A Farmácia Vitória tem umas instalações recentes, resultado de uma renovação em 2010, estando conforme o Decreto-lei nº171/2012, de 1 de agosto [1], com todas as divisórias no mesmo piso, sendo compostas por:

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2 - Área de exposição geral, onde se encontram expostos vários produtos de venda livre com especial atenção para os produtos de puericultura e de dermocosmética e também um equipamento para medição de peso, altura e IMC;

- Área de atendimento geral, composta por 4 balcões, que permite um atendimento simultâneo, reduzindo as filas de espera na farmácia, tendo toda a equipa mais tempo para um atendimento personalizado;

- Prateleira de exposição dos MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica, atrás dos balcões de atendimento, sendo mais fácil para toda a equipa da farmácia proceder a um correto aconselhamento farmacêutico, apresentando os vários produtos disponíveis;

- Sala de atendimento privado, onde se analisam os parâmetros bioquímicos, se avalia a tensão arterial, procede-se à administração de injetáveis e se realizam também consultas farmacêuticas mais privadas;

- Backoffice, onde se efetuam todos os procedimentos relacionados com a receção de encomendas, armazenamento de medicamentos e verificação de receituário;

- Laboratório, onde se pode efetuar toda a preparação de manipulados, testes de gravidez e onde se reconstituem as suspensões orais, nomeadamente quando se trata de antibióticos;

- Escritório e biblioteca, onde se tratam todos os assuntos burocráticos da farmácia. A biblioteca dispõe de toda a bibliografia obrigatória segundo o decreto-lei referido [1], tendo ainda uma bibliografia complementar;

- Instalações Sanitárias.

No anexo 1, estão representadas algumas imagens da Farmácia Vitória.

Felizmente, desde o primeiro dia, foi me dada a possibilidade de usufruir de todos os espaços físicos da farmácia, tendo tido contacto e experienciado todos eles com total liberdade.

1.3.

Recursos Humanos e Horário de Funcionamento

Os recursos humanos de uma farmácia podem ser divididos segundo duas categorias: o quadro farmacêutico e o não farmacêutico [1].

O quadro farmacêutico deve ser composto por, pelo menos, 2 farmacêuticos, incluindo o diretor técnico, sendo que os farmacêuticos devem constituir a maioria dos colaboradores de uma farmácia. O quadro não farmacêutico deverá ser composto por

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3 técnicos de farmácia ou outro pessoal com as devidas qualificações, tendo estes a função de adjuvar o trabalho dos farmacêuticos.

Na Farmácia Vitória, o quadro farmacêutico é composto por dois 2 farmacêuticos: o Dr. Rui Manuel Romero, diretor técnico e o Dr. Luís Soares, farmacêutico adjunto. Do quadro não farmacêutico faz parte a Sra. Maria José, uma técnica de farmácia com vários anos de experiência. No decorrer do meu estágio, para além de mim enquanto estagiário, trabalhei também com a Mónica Gomes, de janeiro a maio de 2018, sendo também ela, estagiária da FFUP.

Em termos de horários de funcionamento a Farmácia Vitória disponibiliza os seguintes serviços: segunda a sexta-feira das 9h às 13h e das 14h às 20h e sábados das 9h às 13h. Contudo, dias e horários adicionais de serviço são devidamente disponibilizados quando solicitados pela Administração Regional de Saúde do Porto (ARS-Porto), com parecer da Câmara do Porto, Associação Nacional das Farmácias (ANF) e Ordem dos Farmacêuticos (OF).

1.4.

Sistema informático de gestão e de informação

Um sistema centralizado de gestão e informação é essencial para o correto funcionamento da farmácia, permitindo uma visão atualizada e corrente de todos os processos em curso na farmácia, a nível de dispensa de medicamentos, gestão de stocks, contabilidade, informação científica e gestão de utentes. O sistema informático usado pela Farmácia Vitória é o Sifarma2000®, sistema este associado à ANF, sendo uma versão de um sistema inovador de gestão farmacêutica criado em 1987 pela mesma associação.

Este sistema, reconhecido pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P (INFARMED) através da legislação, tem como grande vantagem interligar todas as atividades gerais da farmácia, permitindo que os colaboradores que trabalham ao balcão tenham noção dos stocks disponíveis, medicamentos mais rentáveis, interações medicamentosas e cuidados de uso, ao mesmo tempo que os colaboradores de backoffice se podem dedicar à gestão de encomendas, realizar o estudo das vendas diárias e respetiva faturação [2,3].

Contudo, este ano, tive o privilégio de assistir a uma nova atualização do sistema pela Glintt, sendo a Farmácia Vitória, uma das farmácias piloto para testar essa atualização que estará em vigor em todas as farmácias que possuem o sistema Sifarma2000® até dezembro do presente ano.

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4 Este novo sistema, é, para já, constituído apenas pelo módulo de atendimento, estando todas as outras funcionalidades asseguradas pelo Sifarma2000®. Várias das limitações do anterior sistema, como por exemplo, o facto de não ser um sistema intuitivo estão colmatadas nesta nova versão, sendo por isso, na minha opinião, um sistema mais vantajoso e que traz alterações importantes relativamente ao Sifarma2000®.

Certo é que, cabe também aos farmacêuticos e aos técnicos, adaptarem-se a estas novas mudanças relativamente ao sistema, sendo que, para isso, terão que passar por uma fase de formação, assistir a vários vídeos e realizar vários testes para avaliar a aptidão para trabalhar com esta nova atualização.

Após 3 meses de contacto com este sistema, considero que este apresenta um conjunto de melhorias relativamente ao anterior. Contudo, algumas coisas têm que ser ainda muito bem explicadas e é necessário ter em atenção os restantes módulos, nomeadamente, os módulos de backoffice, encomendas instantâneas e via verde, entre outros.

2. Gestão geral da Farmácia

Falar de gestão no geral nunca foi um desafio fácil. Falar de gestão de uma farmácia também não o é. Certo é que, tendo em conta a sociedade e os tempos em que vivemos, gerir uma farmácia acarreta sempre questões comerciais e éticas, sendo a parte comercial extremamente importante para garantir a sobrevivência económica da mesma [4].

2.1.

Gestão de Stocks

O stock de uma farmácia é representado pelo total de produtos que existem em determinada altura e que estão disponíveis para venda ao público [5]. É necessário um grande investimento para se conseguir ter um stock equilibrado e, como tal, a sua gestão torna-se essencial. É imperativo conseguir responder às necessidades dos utentes sem que isso ponha em causa a saúde económica da farmácia. Num modelo ideal, a farmácia deverá ter a maior quantidade de stock possível que corresponda ao menor valor económico estagnado, garantindo também uma elevada rotação dos stocks, impedindo problemas como perdas de medicamentos por prazos de validade e afins [5].

No mercado farmacêutico existem milhares de produtos a comercializar, o que confere alguma complexidade à gestão de stocks nesta atividade, com a agravante da

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5 sazonalidade de muitos produtos [4]. É extremamente difícil para as farmácias garantirem um stock de toda a variedade de produtos disponíveis no mercado, sobretudo aquelas que são mais sensíveis economicamente. Todo o stock que não é vendido corresponde a dinheiro estagnado na farmácia que ainda não teve o retorno do seu investimento.

Assim, é preponderante atualizar os níveis de stocks regularmente e em curtos períodos de tempo, tendo sempre em conta todas as campanhas de marketing que possam existir numa determinada altura com um determinado produto [4].

Torna-se assim necessário fazer uma previsão eficaz dos stocks tendo em conta as variáveis de cada farmácia e a cada fornecedor bem como ter em atenção o perfil comercial e terapêutico dos utentes de cada farmácia.

Como aspetos fundamentais na gestão de stocks, há que analisar o tempo médio das existências, o valor em stocks de baixa e elevada rotação e fazer uma análise de Pareto, ou análise ABC, dos produtos disponíveis [4].

O tempo médio de existências mede-se pelo tempo que um determinado produto ou grupo de produtos permanece em armazém na farmácia. Quanto maior for o tempo de existência menor será a rentabilização do produto. Este é um dado muito importante e deve ser tido em consideração para a avaliação ABC e para a determinação dos níveis de

stocks.

A análise ABC é indispensável para a correta gestão de stocks. Esta tem por base a classificação dos produtos em função da sua importância nas vendas e na faturação. Os produtos da classe A são os que representam 80% do volume de faturação e correspondem em média a cerca de 20% do stock presente na farmácia, sendo vitais para a mesma. Os produtos classe B têm uma contribuição de 15% na faturação total, correspondendo apenas a 25% dos produtos e, por último, os produtos classe C correspondem a 5% do total da faturação sendo cerca de 55% dos artigos que se encontram em stock. Assim, podemos ter a informação de que tipo de produtos permitem a maior faturação, sendo que estes representam uma pequena parte dos produtos em stock [4].

Os produtos de classe B e C habitualmente são produtos específicos associados a vendas sazonais, produtos para necessidades especiais de clientes da farmácia como suplementos alimentares, produtos para pessoas com necessidades especiais como doentes com determinadas intolerâncias, dispositivos médicos, produtos de cosmética, produtos de puericultura e outros que possam ter menos saídas, mas nos quais possam ser aplicadas margens de lucro superiores.

(17)

6 A obrigatoriedade de prescrição por DCI e de que em todas as farmácias deve haver pelo menos três dos cinco genéricos dos mais baratos para cada substância ativa, por cumprimento do Estatuto do Medicamento [6,7] complica significativamente a gestão de stocks e a possibilidade de se gerar liquidez com estes produtos, uma vez que, na maioria dos utentes já existe uma fidelização a determinado laboratório, que muitas vezes não consta dos 5 mais baratos do mercado, obrigando a farmácia a ter mais produtos em

stock, tanto em quantidade como em diversidade, de forma a satisfazer as preferências de

todos [4].

Concluindo, os principais tipos de despesa com stocks que uma farmácia enfrenta são a despesa com a posse de stocks demasiado grandes, a despesa com a rutura de stocks, uma vez que não tendo não vai satisfazer a procura do seu utente, e a despesa com o processamento de encomendas, devoluções e abates. O equilíbrio destes pontos é essencial para a correta gestão dos stocks [4].

Durante o meu estágio tive a oportunidade de poder aprender a trabalhar nas várias vertentes de gestão de stocks, desde logo, todo o tipo de encomendas, fazer o estudo dos consumos e necessidades mensais da farmácia, reunir com vários delegados e estar presente nas suas apresentações e aprender sobre as várias promoções mensais, quinzenais e semanais promovidas na farmácia.

O importante numa gestão de stocks é saber que cada caso é um caso. É preponderante ter as bases e saber de facto o que é gerir um stock, mas temos que ter consciência de que, em outras farmácias, as coisas podem ser diferentes tendo em conta as suas necessidades.

2.2.

Realização de Encomendas

Desde o inicio do estágio foi-me dada a oportunidade de conhecer todo o processo inerente à realização de encomendas. Estas devem ser feitas em função dos consumos da farmácia, oportunidades de compra e venda e das diversas épocas sazonais.

É importante também compreender que devem existir boas relações entre todos os intervenientes do processo, desde fornecedores e laboratórios até ao senhor que diariamente fica responsável pelo transporte dos produtos.

A Farmácia Vitória trabalha com diversos fornecedores, no entanto, o número um é a Alliance Healthcare®. Relativamente às plataformas informáticas usadas para a encomenda de produtos é apenas usada uma, o Sifarma2000®.

(18)

7 Habitualmente, fazem-se 2 encomendas, uma da parte da manhã e outra ao final da tarde, normalmente de produtos com necessidade pontual na farmácia e quando há ruturas de stock.

Por vezes, para garantir a dispensa de produtos que não existem na farmácia aquando do atendimento, fazem-se encomendas instantâneas, tendo a vantagem de garantir ao utente que o produto chega e qual é o prazo estimado para a entrega do mesmo. Para além desta via, existem encomendas por via verde (módulo de encomenda direto para o fornecedor e supervisionado pela indústria farmacêutica para colmatar as falhas de medicamentos eventualmente exportadas, em que o método é semelhante ao das encomendas instantâneas). Poderão também existir encomendas via telefónica, diretamente com o distribuidor grossista, principalmente quando existem dúvidas acerca do produto a encomendar ou quanto à data de entrega.

Na realização das encomendas mensais e quinzenais, usando as plataformas informáticas, é sempre feita uma análise atenta dos produtos consumidos na farmácia ao longo dos últimos meses, o seu stock atual e exploração das quantidades a encomendar em função dos preços e possibilidades de promoções. Esta tarefa deve ser feita de forma minuciosa para garantir o sucesso da gestão de stocks.

Para além destas, convém referir as encomendas de rateados, sendo estes produtos que, por serem de compra limitada, têm de ser encomendados diretamente na página da Alliance Healthcare® todos os meses.

No meu estágio tive o privilégio de poder executar todas estas tarefas, incluindo encomendas instantâneas, por via verde, encomendas mensais e quinzenais e encomendas de rateados, o que me deu realmente bastantes noções relativamente à verdadeira gestão de stocks, sendo esta uma área que me deixou bastante interessado.

Por último, as encomendas podem ser feitas diretamente aos laboratórios, e são de facto muito importantes, uma vez que permitem a compra de uma grande quantidade de produtos, com grande saída na farmácia e quase sempre associado a promoções e descontos. A maior parte destas encomendas surge após a visita dos delegados comerciais à farmácia, quando apresentam novos produtos e novas promoções.

2.3.

Receção e Conferência de Encomendas

A receção de encomendas consiste na recolha e controlo dos produtos entregues pelos distribuidores. É realizado numa área específica das instalações da farmácia por um

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8 processo pré-estabelecido, para que qualquer elemento da farmácia possa realizar esta função com o mínimo erro associado.

Quando as embalagens dão entrada na farmácia deve-se confirmar qual foi o distribuidor que realizou a entrega, verificar que a encomenda foi efetivamente realizada pela farmácia, através da fatura, e verificar o estado de integridade geral dos produtos entregues.

Posteriormente, armazenam-se os produtos prioritários, os medicamentos que necessitam de armazenamento frigorífico e os psicotrópicos, de forma a evitar a degradação e extravio dos mesmos. Os restantes medicamentos são armazenados durante os períodos de tempo livre de atendimento dos colaboradores.

A entrada dos medicamentos no stock informático da farmácia realiza-se no menu “Receção de encomendas” no Sifarma2000®: faz-se a procura da referência da encomenda, insere-se o número identificativo da guia e o valor da mesma e começa-se por introduzir os produtos no sistema informático ao mesmo tempo que se corrigem prazos de validade, o preço de venda à farmácia (PVF), a margem de lucro e o preço de venda ao público (PVP). Uma vez finalizada esta tarefa, transferem-se os produtos em falta para novas encomendas e fecha-se a receção. No final, o operador deve assinar as faturas para efeitos de rastreabilidade de possíveis erros.

Convém salientar, no caso das encomendas por via telefónica ou feitas diretamente a laboratórios, que estas não constam referenciadas no menu “Receção de encomendas”, pelo que primeiro é necessário gerar uma encomenda manual para que o sistema informático reconheça que existe uma encomenda por rececionar, sendo que o posterior procedimento é igual ao mencionado anteriormente.

Durante o meu estágio realizei este tipo de tarefas diariamente. Aliás, esta foi a primeira tarefa que tive que executar no meu primeiro dia de estágio. É interessante e permite, mediante um sistema informático, compreender como funciona o processo, permitindo que ao final de algum tempo, já soubesse ao certo todas as questões relacionadas com o PVP e prazos de validade de acordo com as necessidades comerciais da farmácia e dos utentes.

2.4.

Inconformidades e Devoluções

Durante o processo de receção de encomendas podem ser detetados alguns erros, embora sejam raros, necessários de correção junto do fornecedor. Existem casos em que

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9 são faturados produtos que não foram entregues, produtos que se encontram danificados, que não foram encomendados ou que não vêm faturados.

O processo de devolução é utilizado para estes diversos casos, como por exemplo, produtos não solicitados, prazo de validade dos medicamentos está prestes a expirar ou expirado, embalagem incompleta ou danificada, óbito do doente ou descontinuação da terapêutica ou em caso de retiradas de lotes de mercado por ordem do INFARMED ou dos laboratórios. Convém referir que nunca nenhum produto poderá ser devolvido sem uma justificação válida.

Associado ao processo de devolução são emitidas sempre três notas de devolução, assinadas e carimbadas, devendo o original ser arquivado na farmácia e os restantes enviados ao fornecedor de origem junto com os produtos. É necessária uma aceitação prévia por parte das finanças para se proceder à devolução. Dependendo do modo como o fornecedor em questão atua, o medicamento a ser devolvido pode simplesmente ser trocado ou então debitado sob a forma de uma nota de crédito. Contudo, por vezes, as devoluções não são aceites por motivos devidamente justificados por parte do fornecedor.

Durante o período de estágio, pude efetivamente realizar diversas devoluções pelos mais variados motivos. A título de exemplo, aconteceu o episódio da retirada de alguns lotes que continham a substância ativa Valsartan após uma circular emitida pelo INFARMED [25].

2.5.

Armazenamento, Validades e Controlos de Stock

A gestão e qualidade de armazenamento dos produtos da farmácia são de extrema importância para a mesma, sendo que o local onde é guardado cada medicamento está dependente das dimensões da embalagem, da forma farmacêutica, das condições especiais de armazenamento e do tipo de medicamento. Em todos os casos, o armazenamento é efetuado segundo o sistema first expired, first out.

Na Farmácia Vitória, existem zonas de armazenamento estabelecidas:

- Zona do atendimento geral, onde se armazenam os MNSRM, produtos de higiene e dermocosmética, produtos de puericultura e ainda alguns dispositivos médicos, uma vez que assim estão visíveis aos olhos dos clientes podendo captar o seu interesse pela aquisição dos mesmos;

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10 - Gavetas no backoffice, onde são armazenadas as formas sólidas orais, pomadas, cremes, gotas (orais, oculares e auriculares) e também os xaropes, por ordem alfabética de nome comercial e/ou DCI;

- Prateleiras dos excedentes (armazém), onde é armazenado o reforço dos medicamentos mais vendidos ou das grandes quantidades resultantes das compras de promoções e outros, cujas dimensões das embalagens não permitem o seu armazenamento nas gavetas;

- Frigorífico, onde se armazenam os medicamentos que necessitam de ser conservados a temperaturas mais baixas, como as insulinas, algumas vacinas, hormonas, gotas oculares e orais;

- Gaveta dos psicotrópicos, que separa este tipo de medicamentos dos outros, dadas as suas caraterísticas especiais. É de realçar que esta gaveta se encontra trancada com chave, permitindo um controlo restrito da entrada e saída dos produtos da mesma.

Quando todos os medicamentos estão devidamente arrumados, é necessário garantir que não existam erros no stock dos mesmos e que esses medicamentos se encontrem dentro de um prazo de validade aceitável, para que o serviço prestado pela farmácia seja de qualidade. Para tal, são impressas listagens mensais, através do Sifarma2000®, quer para a contagem de stocks (comparando as existências reais com as do sistema informático) quer para a verificação de prazos de validade.

Todos os meses tira-se uma listagem dos produtos cujo prazo de validade poderá estar a terminar e faz-se uma verificação dos mesmos, um a um. Posteriormente, os produtos a caducar são colocados de lado para serem devolvidos e nos restantes são registados os novos prazos de validade e inseridos no sistema Sifarma2000®.

Durante o meu estágio tive a oportunidade, de vez em quando, de contactar com estas listas e perceber como se procede tendo em conta as variadas situações, no entanto a pessoa responsável por esta parte em específico era a Técnica da Farmácia. É extremamente importante ter noção do que é o stock teórico e stock real. Muitas vezes, tive que efetuar esta verificação e acertar vários stocks no sistema Sifarma2000®.

2.6.

Gestão de faturação e Receituário

Numa farmácia comunitária, o receituário resultante da dispensa de produtos sujeitos a receita médica, como seria de esperar, constitui o cerne da faturação da mesma. Por este motivo, é fulcral para a farmácia que exista uma grande qualidade na gestão e

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11 controlo do receituário, o que permitirá detetar erros de dispensa que não foram detetados aquando da dispensa e impedir que a farmácia fique prejudicada a nível financeiro.

A faturação da receita eletrónica desmaterializada é ela própria validada on line sempre no ato da dispensa e é enviada sob o formato eletrónico, no final do mês, aos organismos responsáveis.

Existe uma conferência contínua do receituário, começando se por se separar as receitas por organismo, entre os quais se destaca a diferença entre os comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) ordinários e os pensionistas, e organização por lotes.

Depois de preparar os lotes, compara-se a prescrição médica com os dados impressos no verso da receita e verifica-se a conformidade entre todos eles, nomeadamente concordância entre o código nacional do medicamento na receita e do medicamento dispensado, plano de comparticipação, número da receita, data de dispensa, assinatura do utente e carimbo da farmácia.

No fim da verificação de um lote, e após estes estarem organizados em grupos de trinta por ordem crescente, emite-se o mesmo e o respetivo verbete que o acompanha. Este deve ser um procedimento contínuo ao longo do mês, até ao dia de fechar a faturação com emissão do “Resumo de lotes” e da fatura, assinada e carimbada pelo farmacêutico. As faturas do SNS são enviadas para o Centro de Conferência de Receituário na Maia e as faturas dos restantes organismos são enviadas para a ANF.

Se alguma inconformidade for detetada, a receita será devolvida, ficando a farmácia lesada no seu valor, através da gestão de notas de crédito. Assim, percebe-se a importância de fazer um controlo apertado no que diz respeito ao receituário.

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de acompanhar de perto todo este processo, sendo que foi sempre o farmacêutico adjunto (Dr. Luís Soares) a pessoa responsável por esta valência.

3. Dispensa de Medicamentos

3.1.

Medicamentos sujeitos a receita médica e a sua prescrição

A prescrição médica é um dos elementos chave num sistema integrado de cuidados de saúde, uma vez que estabelece a ligação entre o médico e o farmacêutico, tendo o doente como centro comum de atenção. A receita médica, quando utilizada corretamente, permite uma maior adesão à terapêutica, um esclarecimento das dúvidas do

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12 utente e também uma análise da prescrição em função do diagnóstico por um outro profissional de saúde, o farmacêutico, que poderá verificar se a medicação e características da mesma são as mais indicadas para o doente em questão, validando-a posteriormente.

A receita médica é um documento obrigatório para a dispensa de MSRM, com um prazo de validade associado que pode ser de 30 dias ou renováveis de 6 meses, no caso dos doentes crónicos, e com a informação dos produtos que devem ser dispensados, a que utente, com um determinado plano de comparticipação e com as respetivas posologias/medidas terapêuticas.

Os MSRM, assim o são por constituírem um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, quando utilizados sem receita médica ou quando utilizados para fins diferentes dos pretendidos; por conterem substâncias ou preparações à base de substâncias cuja atividade ou reações adversas sejam indispensáveis aprofundar e/ou por deverem ser administrados por via parentérica [6, 8].

A receita médica manuscrita é, salvo exceções contempladas na lei, realizad segundo a denominação comum internacional (DCI), dosagem, forma farmacêutica e quantidade da embalagem, sendo que há um limite máximo de duas unidades por produto, para um limite máximo de quatro unidades totais [9]. Relativamente às exceções, elas podem ser de três tipos: a) medicamento com margem ou índice terapêutico estreito; b) intolerância ou reação adversa prévia a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial; c) medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias. Todas estas exceções se encontram devidamente referidas no Estatuto do Medicamento [6].

Enquanto farmacêuticos que somos, é importante olhar criticamente para estas exceções. No caso da exceção b), ela assume uma determinada incoerência tendo em conta os conhecimentos que temos, uma vez que, se há uma determinada reação adversa a um medicamento com uma determinada substância ativa, o mesmo medicamento de outro laboratório terá que ser bioequivalente com este e à partida, provocará a mesma reação adversa que o primeiro. A exceção c) é também ela totalmente controversa, dado que aqui pressupõe a sua validade para todos os medicamentos destinados às doenças crónicas. Neste ponto, posteriormente o Legislador manteve o pressuposto que o utente poderá/deverá exercer o seu direito de opção, o que invalidaria a própria exceção escolhida pelo prescritor.

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13 Tudo isto apenas nos indica que enquanto farmacêuticos, que temos cada vez mais um papel crítico e ativo até no que toca à legislação em vigor, e estas exceções por vezes limitam um pouco o nosso trabalho.

A receita médica, deverá obedecer às normas legisladas [10] e pode apresentar-se sobre três formas, que serão explicados de seguida e com os quais contactei ao longo do meu estágio. Existem exceções que serão explicadas mais à frente.

3.1.1.

Receita Médica com prescrição eletrónica materializada

Este é atualmente o tipo de receita mais comum, estando instaurada em Portugal desde agosto de 2011 [11]. Na validação de uma receita com prescrição eletrónica [7] temos sempre que atentar aos seguintes pontos:

• Número da receita, via, local de prescrição e identificação do médico prescritor; • Nome e número de utente;

• Regime de comparticipação dos medicamentos, representados pela letra “R” aplicável aos utentes pensionistas abrangidos pelo regime especial de comparticipação ou pela letra “O” destinado aos utentes abrangidos por outro regime especial de comparticipação identificado por menção ao respetivo diploma legal [7]. Também temos que verificar se há a existência de organismos adicionais para a comparticipação ou se existem diplomas ou despachos associados à prescrição da receita;

• Identificação do medicamento, por Denominação Comum Internacional (DCI), constando a dosagem, forma, dimensão da embalagem e código nacional do produto. No caso de a prescrição ser por marca comercial, deverá ainda conter o nome comercial do medicamento ou do respetivo titular de Autorização de Introdução no Mercado (AIM) e o número de registo do medicamento;

• Posologia e duração do tratamento;

• Data de prescrição e assinatura do médico prescritor.

Este tipo de prescrição facilita muito o ato de dispensa, uma vez que permite uma busca dos medicamentos por código nacional, através da leitura do código de barras, o que diminui a taxa de erro por dispensa de um produto errado.

3.1.2.

Receita Médica com prescrição manual

A receita manual, de uso muito mais raro, também necessita de ser validada, seguindo os mesmos requisitos que a receita eletrónica. No entanto, é necessário existir uma exceção que justifique o seu uso: a) falência informática; b) inadaptação do

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14 prescritor; c) prescrição no domicílio; d) máximo de 40 receitas/mês, não competindo à farmácia validar as situações de exceção.

No local de prescrição, deve constar a respetiva vinheta do local de prescrição, se aplicável. Nas unidades do SNS, se a prescrição se destinar a um doente pensionista abrangido pelo regime especial, deverá ser aposta a vinheta de cor verde de identificação da unidade de saúde [7].

A receita manual não pode conter rasuras ou caligrafias diferentes, a utilização de canetas diferentes ou a prescrição a lápis e a sua validade só poderá ser de trinta dias, não podendo as receitas renováveis serem emitidas por esta via, o que à partida apresenta logo uma grande limitação neste aspeto [7].

3.1.3.

Receita Médica com prescrição eletrónica desmaterializada

É atualmente a receita médica mais comum; pode ser enviada ao utente por via eletrónica ou poderá coexistir ou não com um guia terapêutico, todavia no futuro será para ser apresentada apenas por via eletrónica. Em ambos os casos, são enviados ao utente os respetivos códigos necessários para aviar a receita [7]. A desvantagem mais comum é, no caso de os utentes terem dificuldades de manuseio do aparelho, poderem apagar a mensagem e assim perder a receita eletrónica. Todavia, caso o utente esteja inscrito na plataforma do utente, tem acesso a todas as prescrições válidas no momento. Também existe um suporte eletrónico inovador, seguro e sustentável, através do qual os medicamentos prescritos pelo médico passam a estar acessíveis pelo Cartão de Cidadão. Na farmácia, com a introdução do cartão no leitor SmartCard o código de acesso presente na guia de tratamento, o utente e o farmacêutico passam a ter acesso à receita e aos medicamentos prescritos. Contudo, o facto de muitos utentes não andarem com o respetivo cartão de cidadão limita a utilização deste excelente canal.

É de realçar que este tipo de receita eletrónica é, sem dúvida, o método ideal e mais vantajoso para os farmacêuticos, uma vez que permite uma dispensa mais rápida, sobrando mais tempo para dedicar ao utente e ao aconselhamento farmacêutico propriamente dito.

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15

3.2.

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica e a sua dispensa

A receita médica é a ponte entre o farmacêutico e o médico e não necessariamente uma ordem do médico, pelo que a comunicação entre todos os intervenientes no sistema de saúde nunca deverá ser comprometida.

Após a receção da receita médica é necessário analisar se a prescrição é a mais correta para o doente em causa, se é um tratamento agudo ou crónico, verificar se as posologias estão corretas ou se não existem interações adversas associadas à farmacoterapia. O doente deve ser informado da existência dos medicamentos disponíveis na farmácia com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosagem do medicamento prescrito, podendo estes ser medicamentos genéricos ou medicamentos similares, referindo aqueles que têm o preço mais baixo e, ainda, quais os comparticipados pelo SNS. Assim, as farmácias devem ter sempre disponíveis para venda, no mínimo, três medicamentos de cada grupo homogéneo, de entre os que correspondem aos cinco preços mais baixos, devendo dispensar o de menor preço [7], salvo oposição do utente.

De seguida, devemos informar o doente sobre a posologia e forma de administração, possíveis efeitos adversos, cuidados com a terapia, educar sobre a importância da terapêutica não farmacológica e garantir que não existe nenhuma dúvida associada à terapêutica, para assegurar a adesão [8].

Na parte final de um atendimento, antes do pagamento, existe um menu de verificação de cada medicamento, sendo que, na nova atualização do sistema informático, é mesmo obrigatório realizar essa verificação, não sendo possível saltar este passo ao contrário do que acontecia no Sifarma2000®. Isto permite identificar qualquer erro que possa existir ao nível da dispensa de medicamentos.

Se estiver tudo em condições, no caso de uma receita manual ou eletrónica materializada, é impressa a dispensa no verso da receita. Na receita eletrónica desmaterializada este passo não é necessário.

3.3.

Medicamentos Psicotrópicos, Estupefacientes e a sua dispensa

Os medicamentos contendo uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópica, indicadas na lei, estão sujeitas a um rigoroso controlo, uma vez que são passíveis de criar fenómenos de dependência física e psíquica [7,12,13].

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16 A obrigatoriedade de apresentação de uma receita única para a dispensa destes medicamentos, deixou de ser válida com a desmaterialização da prescrição.

Para a sua dispensa é sempre requisitado o nome do médico prescritor, a identificação do utente adquirente, através do cartão de cidadão ou bilhete de identidade e a identificação do utente usuário da medicação. No final, são emitidos dois documentos designados “documentos de psicotrópicos” que se devem arquivar numa pasta à parte.

3.4.

Medicamentos Manipulados e a sua preparação e dispensa

A dispensa de medicamentos manipulados também é conhecida como manipulação clínica de medicamentos, sendo uma prática farmacêutica integrada que visa a obtenção de medicamentos manipulados seguros e efetivos, cuja preparação tem em consideração o perfil fisiopatológico específico de cada doente, obtido através de entrevista clínica, e disponibilização desses medicamentos acompanhada pela informação para o uso correto [14]. Os medicamentos manipulados comparticipados devem ser prescritos isoladamente [15].

Infelizmente, na Farmácia Vitória não tive o privilégio de fazer manipulados, a não ser a preparação de um shampoo em que tive que pulverizar alguns comprimidos de dietilenoestradiol e misturar numa formulação já existente. Por essa razão, o meu conhecimento nesta área é muito mais teórico do que prático.

3.5.

Dispensa de outros produtos

Na Farmácia Vitória também são dispensados vários produtos que não se enquadram nos já mencionados, enquadrando-se cada um na respetiva categoria, como o caso de: medicamentos homeopáticos [7]; alimentos dietéticos destinados a fins específicos [17]; géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial [18]; medicamentos de uso veterinário [19], dispositivos médicos [20] e artigos de cosmética e dermocosmética [21].

Uma das maiores dificuldades que fui sentindo ao longo do meu estágio prendeu-se precisamente com os produtos de uso veterinário. Isto porque, na minha opinião, o farmacêutico não está bem preparado para opinar e aconselhar neste sentido. Por isso, considero que esta categoria deveria ter sido contemplada no nosso plano de estudos, porque o mundo animal compreende uma grande faixa do nosso planeta que não deve ser desprezada.

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17

3.6.

Regimes de Comparticipação

O modelo de comparticipação de medicação parte de um princípio de que todos os cidadãos têm o direito de ter acesso à sua medicação e às necessidades básicas de saúde. A atual legislação prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos através de um regime geral e de um regime especial, o qual se aplica a situações específicas que abrangem determinadas patologias ou grupos de doentes [7].

No regime geral de comparticipação, o Estado paga uma percentagem do preço de venda ao público dos medicamentos de acordo com os seguintes escalões: Escalão A - 90%, Escalão B - 69%, Escalão C - 37%, Escalão D - 15%, consoante a sua classificação farmacoterapêutica [7].

No regime especial de comparticipação, a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos integrados no escalão A é acrescida de 5% (95%), acrescida de 15% nos escalões B (84%), C (52%) e D (30%) para os pensionistas do regime especial. A comparticipação do Estado no preço dos medicamentos para estes pensionistas é ainda de 95% para o conjunto dos escalões, para os medicamentos cujos preços de venda ao público sejam iguais ou inferiores ao 5.º preço mais baixo do grupo homogéneo em que se inserem [7].

No caso de medicamentos utilizados no tratamento de determinadas patologias ou por grupos especiais de utentes, a comparticipação do Estado no preço é definida por despacho do membro do governo responsável pela área da saúde e, assim, diferentemente graduada em função das entidades que o prescrevem ou dispensam. Contudo, importa referir que a comparticipação do medicamento pode ser restringida a determinadas indicações terapêuticas fixadas no diploma que estabelece a comparticipação, sendo que para assegurar o seu cumprimento, o prescritor deve mencionar na receita expressamente o diploma correspondente [7].

Há ainda que referir a existência do protocolo da diabetes, o qual define comparticipação do Estado no custo de aquisição, as tiras-teste para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria, assim como as agulhas, seringas e lancetas destinadas ao controlo da diabetes dos utentes do SNS e subsistemas públicos. Esta comparticipação é de 85% do preço de venda ao público (PVP) das tiras-teste e 100% das agulhas, seringas e lancetas, sendo que para efeitos de inclusão no regime de comparticipações estes produtos estão sujeitos a um preço máximo de venda ao público [7,16].

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18 Em relação a comparticipações, existem outros sistemas como por exemplo o SAMS® (Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicatos dos Bancários), a Multicare® (seguros de saúde) ou mesmo a EDP-Savida®.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de contactar por várias vezes com todos estes regimes de comparticipação.

3.7.

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e a sua dispensa

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) são substâncias ou associações de substâncias utilizadas na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, bem como outros produtos que, não sendo utilizados para estes fins, sejam tecnicamente considerados medicamentos.

Para todos deve ser demonstrada uma relação risco/benefício, claramente favorável à sua utilização, um perfil de segurança determinado, baixos riscos diretos e indiretos e que seja aceitável no contexto da automedicação. Tal como o nome indica, não estão sujeitos a receita médica, e podem ser comercializados fora das farmácias, exceto aqueles de venda exclusiva em farmácia. Geralmente não são comparticipáveis, sendo as exceções devidamente identificadas na legislação [7, 9].

Uma vez que estes são medicamentos de venda livre é importante que o farmacêutico, aquando da dispensa, questione e aconselhe o utente o melhor possível, uma vez que raramente os utentes têm informação sobre a posologia, efeitos adversos e, mais importante, sobre se aquele fármaco será o mais indicado para tratar a patologia em causa.

É de realçar a importância de o farmacêutico saber quando é que, perante o estado de saúde do utente que procura aconselhamento, o deverá encaminhar para o médico, podendo ou não lhe sugerir uma solução de conforto [8].

É nestes atendimentos que cada vez mais se verifica a importância do cross-selling e up-selling, permitindo que o utente adquira mais soluções para o tratamento do seu problema e permitindo que a farmácia aumente o potencial de negócio.

Durante o período de estágio fiz inúmeros aconselhamentos farmacêuticos relacionados com a venda de MNSRM e, apesar de ter sentido sérias dificuldades no início, após várias experiências e muito estudo específico para cada patologia comecei a sentir-me à vontade para realizar os aconselhamentos.

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4. Serviços Farmacêuticos

A Farmácia Vitória disponibiliza vários serviços de Cuidados Primários indicados na legislação [22], sendo os mais comuns: medição da pressão arterial, determinação de parâmetros bioquímicos como glicémia, colesterol total e triglicerídeos e administração de injetáveis.

A medição da tensão arterial, faz-se normalmente, usando um tensiómetro automático. Na Farmácia Vitória, este serviço é gratuito, sendo efetuado na sala de atendimento privado na qual o farmacêutico pode simultaneamente fazer o devido aconselhamento, de acordo com o tipo de utente.

A medição dos parâmetros bioquímicos (colesterol total, triglicerídeos e glicémia), fazem-se com os respetivos aparelhos e tiras-teste, controlos e com as devidas precauções (como o uso de luvas). Nestes testes os utentes devem estar em jejum. Após a realização dos mesmos, cabe novamente ao farmacêutico fazer a explicação dos valores aos utentes, bem como prestar o aconselhamento mais adequado a cada situação. Estes testes também se realizam na sala de atendimento privado.

Os testes de gravidez são realizados após a utente em questão trazer, num boião de colheita, a primeira urina do dia. Estes testes são realizados no laboratório, com as devidas precauções (novamente o uso de luvas), sendo relativamente rápidos (demoram entre 2 a 3 minutos).

A administração de injetáveis era sempre realizada pelo Dr. Rui ou pelo Dr. Luís que possuem o curso de injetáveis [23]. Esta vertente era bastante útil e havia imensos utentes que se deslocavam à farmácia ao invés do centro de saúde ou hospital para este efeito.

Ao longo dos meus 6 meses de estágio, efetuei todo o tipo de serviços (exceto administração de injetáveis), tendo acompanhado vários utentes de perto, sobretudo no que toca à medição da pressão arterial. Mais do que saber efetuar uma medição, é importante saber explicar o porque de determinado valor, tendo noção dos valores de referência aplicáveis e dos fatores de risco associados a cada pessoa. Esta foi uma vertente na qual demonstrei os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, mas também onde aprendi bastante, sobretudo no que toca ao manuseamento dos aparelhos em causa.

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20

5. Cuidados Farmacêuticos

Os Cuidados Farmacêuticos são um serviço continuado, que só o farmacêutico está apto para o realizar, e abrangem diferentes atividades como a dispensa, indicação farmacêutica, revisão da terapêutica, reconciliação terapêutica, seguimento farmacoterapêutico, farmacovigilância e educação para a saúde [14].

O farmacêutico assume um papel preponderante enquanto observador e avaliador, tendo de ter noção que, independentemente do laboratório ou do produto a dispensar, deve centrar o seu foco no utente e nas suas necessidades, porque é essa a sua função. A título de exemplo, descrevo um dos casos que me suscitou interesse e que me fez perceber como lidar com os utentes, aconselhar e apoiar pessoas.

CASO 1: Utente do sexo feminino desloca-se à farmácia e diz ter um bebé de 18 meses que tem tido muita tosse com expetoração. Refere ainda que “já não é a primeira vez que acontece. Da outra vez, levei um xarope, acho que era aquele roxo ali”. Rapidamente percebi que ela se referia ao Pulmiben 2%. Questionei-a acerca do porquê de ter levado aquele xarope da outra vez e ela disse que “costumava ver um anúncio disto e achei que era o mais correto”. Alarmado com a situação expliquei à senhora que numa idade tão precoce é arriscado dar um xarope para tratar a tosse. A senhora não percebeu porquê e mostrou-se um pouco indignada. Repetidamente, tive que reforçar a ideia de que um bebé não tem ainda a capacidade de deglutição muito desenvolvida, nem consegue expulsar a expetoração, correndo o risco de se engasgar ou expelir o xarope que a mãe lhe dá e que pelo menos até aos 2 anos, não devem ser dados xaropes para tratamento sintomático da tosse. Expliquei ainda que, a única coisa completamente segura seria a mãe fazer nebulizações ao bebé e que, caso a tosse continuasse deveria consultar o seu médico de família ou o pediatra da criança. Após alguns minutos, a mãe percebeu que de facto estava errada e agradeceu os conselhos, dizendo que ia começar apenas a fazer nebulizações na criança e consultaria o pediatra da mesma caso a tosse persistisse.

Este foi um caso interessante e que me despertou curiosidade. Dentro deste assunto, procurei de imediato, informar-me com o Dr. Rui Romero que, tal como sempre fez, explicou como proceder em casos semelhantes a este.

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6. Plano da Proteção de Dados aplicado à Farmácia Comunitária

Durante o meu estágio, assisti também à introdução do Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD), a partir de 25 de maio de 2018, acerca do consentimento que cada utente teria que dar para que os seus dados pessoais pudessem ser utilizados. O regulamento obriga a manter um registo documentado de todas as atividades de tratamento de dados pessoais. As organizações são obrigadas a demonstrar o cumprimento de todos os requisitos decorrentes da aplicação do regulamento [24].

Fiquei responsável por todas as alterações que a Farmácia Vitória teve que efetuar para estar de acordo com a legislação em vigor, incluindo tudo acerca da impressão de documentos, introdução de placas informativas acerca das câmaras de segurança e alarme de segurança, entre outras.

Relativamente à proteção de dados propriamente dita, existem documentos na farmácia que cada utente com ficha na farmácia terá que preencher, autorizando assim que os seus dados possam ser utilizados. Isto é de extrema importância para as farmácias, visto que a maioria delas tem uma base de dados enorme com todas as fichas de cliente criadas, números de telemóvel, e-mails, números de cartão de cidadão e de identificação fiscal, entre outros.

Parte II - Apresentação dos Temas Desenvolvidos

Tema I – Proteção Solar e Cancro da Pele

1. Enquadramento geral do tema

A pele tem um papel de extrema relevância na proteção do corpo humano e na regulação da temperatura corporal, sensibilidade e absorção de substâncias, sendo também uma barreira física a agentes externos como a radiação ultravioleta (RUV). A exposição a RUV tem efeitos terapêuticos e benéficos, como por exemplo, a produção de vitamina D, mas pode prejudicar a pele, causando eritemas, queimaduras, fotossensibilidade e neoplasias cutâneas [26].

Relativamente à proteção solar, a verdade é que todos nós estamos saturados de ver tanta e tanta campanha de sensibilização, publicidades, anúncios de televisão, etc. No entanto, a compreensão desta temática continua dificultada, não tanto pela falta de

(33)

22 informação, mas porque as pessoas, na sua maior parte, continuam a não ter a preocupação necessária com a sua pele.

Resultado disto, a incidência de cancro da pele tem aumentado exponencialmente, devido, essencialmente, a comportamentos que expõem a pele aos RUV de forma exagerada ou inadequada [27].

Assim, não sendo este um tema inovador, decidir debruçar-me sobre ele neste primeiro projeto, não só por constatar precisamente essa falta de cuidado com a proteção solar e outros cuidados relevantes, mas também porque verifiquei, na Farmácia Vitória, havia pouca preocupação na população relativamente aos perigos associados à exposição solar, tendo realizado um póster em tamanho A0 que afixei na entrada da farmácia para dar a conhecer à população um pouco mais sobre a mais grave consequência de não se protegerem do sol e da possibilidade de, por essa razão, vir a ter cancro da pele.

2. Fundamento Teórico

2.1. A Pele, o maior órgão do corpo humano

A pele é o maior órgão do corpo humano e também o mais pesado (16% do nosso peso), sendo a primeira barreira de contacto com o meio externo. Encontra-se dividida em três camadas: epiderme, derme e hipoderme [28].

A epiderme é a primeira camada da pele, visível a olho nu e envolve todo o corpo. Tem como função proteger todo o corpo contra danos externos e evitar a saída de água, além de originar anexos cutâneos como unhas, pelos, glândulas sudoríparas e sebáceas. Esta camada é formada por quatro células: queratinócitos, melanócitos, células de Merkel e células de Langerhans [29,30].

A derme é a segunda camada da pele e possui vasos sanguíneos e fibras e colagénio. Estas últimas estruturas dão elasticidade e firmeza à pele. Na derme existem também vasos linfáticos e terminações nervosas [29,30].

A hipoderme é a camada mais profunda da pele, formada, essencialmente, por feixes de tecido envolvendo células adiposas. Atua como isolante térmico e absorve choques [29,30].

Algumas das funções mais conhecidas da pele são: renovação celular, função de barreira, perceção sensorial, proteção mecânica, resposta imunológica, resposta vascular, regulação térmica, produção de suor e produção de vitamina D [29,30].

Referências

Documentos relacionados

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