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Caracterização de Alternaria alternata, degradador do fungicida carbendazim. - Portal Embrapa

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃO DE ALTERNARIA ALTERNATA, DEGRADADOR

DO FUNGICIDA CARBENDAZIM

1

CÉLIA M ARIA M A G A N H O TTO DE SO UZA SILVA2 e ITAMAR SO AR ES DE M ELO3

RESUM O - U m a linhagem de Alternaria allernata isolada de solos suplem entados com benom il de­

gradou o fungicida carbendazim , o qual é um produto da hidrólise do benomil. A linhagem foi carac­ terizada quanto ao crescim ento micelial e à esporulação, aos aspectos citológicos e padrões ele- troforéticos da esterase e proteínas totais nativas. O bservou-se crescim ento m icelial significativo nos meios de cultura suco V-8, ágar-m alte, Sabouraud, aveia-ágar e MC de Pontecorvo. A esporulação em diferentes fotoperíodos foi variável, com produção satisfatória de esporos na ausência de luz. Essa linhagem , denom inada A lt A, apresenta esporos ovóides, com com prim ento que varia de 15,4 a 38,4 |im e diâm etro de 5,8 a 9,6 um, com um a cinco septos transversais. Pela caracterização eletroforética efetu ad a em gel de poliacrilam ida, com parou-se a linhagem A lt A com outras duas linhagens fitopatogênicas (CC T 1250 e CCT 3823). Os padrões de esterase e proteínas totais, apresentaram diferentes perfis de banda, indicando a ocorrência de variabilidade genética entre as três linhagens. Term os para indexação: crescimento, fotoperíodo, isoenzimas.

CHA RA CTERIZA TIO N OF ALTERNARIA ALTERNATA, A CARBENDAZIM DEGRADING STRAIN

ABSTRACT - One Alternaria alternata strain, isolated from benomy 1 treated soil was found to degrade

the fungicide carbendazim w hich is a product o f benomyl hydrolysis. This strain w as characteriezed in the follow ing aspects: m ycelial grow th and sporulation, cytological aspects and electrophoresis o f total proteins and esterase. It w as observed that the strain had significative m ycelial grow th in the V-8 juice, malt-agar, Sabouraud, oat-agar and MC de Pontecorvo m edia and that sporulation in different photoperiods w as variable, but it w as satisfactory in the absence o f light. T his strain, called A lt A, presents ovoid spores with length varying from 15.4 to 38.4 um and diam eter from 5.8 to 9.6 um with one to five transversal septa. W hen electrophored by total proteins and esterase in polyacrilam ide gels, and compared with other tw o phytopathogenic Alternaria alternata strains (CCT 1250 and CCT 3823),

the strain A lt A presented typical band pattem s, w hich differed from those o f the other tw o strains. This could be an indication o f genetic variation among the strains.

Index terms: grow th, photoperiod, isoenzymes.

I N T R O D U Ç Ã O

O s so lo s a g ríc o la s sã o fr e q ü e n te m e n te tra ta d o s c o m g ran d e v a rie d a d e d e c o m p o s to s q u ím ic o s , in ­ clu s iv e fu n g icid as, p a ra o c o n tro le de fito p a tó g e n o s. A p e sa r d o s in ú m ero s e stu d o s so b re p e stic id a s no solo

1 A ceito para publicação em 16 de outubro de 1996.

2 Bióloga, Ph D., Embrapa-Centro N acional de Pesquisa de M oni­ toram ento e A valiação de Im pacto Ambiental (CN PM A ), C a i­ xa Postal 69, C E P 13820-000 Jaguariúna, SP. 3Eng. A gr., Ph D., Em brapa-C N PM A . (A u d u s, 1964; S ie g e l, 1975; K e a m e y & K e llo g g , 1985; T u , 1993), é re s trito o c o n h e c im e n to d a su a a ç ã o so b re a a tiv id a d e m ic ro b ia n a . U m a d a s c a ra c te rís tic a s d a s p o p u la ç õ e s m ic ro - b ia n a s é a c a p a c id a d e d e a d a p ta ç ã o à p re s e n ç a de p ro d u to s q u ím ic o s n o a m b ie n te , a tra v é s d a m u ta ­ ç ã o , in d u ç ã o o u in ib iç ã o s e le tiv a d e um ou m a is m e m b ro s d a c o m u n id a d e . O m e ta b o lis m o m ic ro - b ia n o é um p ro c e s s o im p o rta n te n a d e g ra d a ç ã o de p e stic id a s. N o s ú ltim o s a n o s, te m sid o re g is tr a d o o a u m e n to d a d e g ra d a ç ã o o u a d e g ra d a ç ã o a c e le ra d a d e v á rio s p e s tic id a s a p lic a d o s a o s o lo , fe n ô m e n o q u e e stá

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622 C .M .M . D E S. S IL V A e I.S . D E M E L O

re la c io n a d o a a p li c a ç õ e s s u c e s s iv a s d o m e s m o p e stic id a ou d e c o m p o s to s e s tru tu r a lm e n te re la c io ­ nad o s (K a u ffin a n e t al., 1 9 8 5 ;H a rv e y , 1987; Y ard en et al., 1990; S ilv a, 1996). E stu d o s c o m c a rb e n d a z im in d icaram q u e a p lic a ç õ e s re p e tid a s d e ss e fu n g ic id a , so b c o n d iç õ e s d e la b o r a tó r io e c a m p o , re s u lta ra m em su a d e g ra d a ç ã o a c e le ra d a , d im in u in d o a su a p e r ­ sistê n c ia d e m e s e s p a ra p o u c o s d ia s (Y a rd e n e t al., 1990). S ão a in d a lim ita d o s o s d a d o s s o b re o s tip o s de m ic ro rg a n is m o s re s p o n s á v e is p e la d e g ra d a ç ã o a c e le ra d a d e c a rb e n d a z im .

O p r o p ó s i t o d e s t e e s t u d o é c a r a c t e r i z a r m o rfo ló g ic a , c ito ló g ic a e b io q u im ic a m e n te o fu n ­ g o A lte rn a ria a lte rn a ta q u e d e g ra d a o fu n g ic id a

c a rb e n d a z im .

M A T E R I A L E M É T O D O S

C aracterização morfológica

A caracterização morfológica, quanto ao crescim ento e à esporulação, foi feita com a linhagem de Alternaria alternata. selecionada como degradador de carbendazim

e denom inada Alt A (Silva, 1996). D iscos de m eio de cultura contendo m icélio com 0,7 cm de diâm etro foram colocados no centro de placas de petri que continham di­ ferentes meios de cultura: BDA, Czapecki, Sabouraud, aveia-ágar, suco V-8, ágar-m alte e m eio com pleto de Pontecorvo (M C) (Tuiti, 1969), m antidas em condições ambientais. A avaliação do crescim ento foi feita por sete dias, tom ando-se valores do diâm etro em dois sentidos perpendiculares, com o auxílio de um a régua milim etrada aplicada no reverso da placa.

A avaliação da esporulação foi efetuada no décim o dia de incubação, contando-se, através de câm ara de Neubauer, o núm ero de conídios que estavam contidos em um a suspensão form ada pela adição de cinco discos de 0,7 cm de diâm etro contendo m icélio, em uma solu­ ção de “tween 80” (0,1% v/v) (Tuiti, 1969).

Uma vez selecionado o m elhor m eio de cultura, pro­ cedeu-se à avaliação do m elhor fotoperíodo para o cres­ cimento e a esporulação de Alternaria alternata Para isso,

o fungo foi incubado em m eio de cultura suco V-8 em diferentes regimes de luz: a) luz contínua; b) 12 horas de luz fluorescente de 40 watts, com lâm padas à distância de aproximadamente 30 cm; c) escuro total; e d) 12 horas de luz próxim a ao ultravioleta de 30 watts, com lâmpadas à distância de aproxim adam ente 30 cm. Os procedim en­ tos para a avaliação do crescim ento e da esporulação

seguiram o m étodo descrito por Tuiti (1969). Em ambos os casos, o delineam ento estatístico utilizado foi o intei­ ram ente casualizado, com cinco repetições.

Caracterização citológica

Para a caracterização citológica, a linhagem de Alter­ naria alternata foi cultivada em placas de petri contendo

meio de cultura suco V-8, e incubada a 28°C. em regime de 12 horas de luz fluorescente de 40 watts e 12 horas de escuro. Após sete dias de incubação, realizaram -se as ob­ servações citológicas pela coloração de núcleos, de acor­ do com método descrito por Tanaka et al. (1979). esti­ mando-se o núm ero de núcleos por esporos, e o tam anho dos esporos (com prim ento e largura).

C aracterização bioquímica

Com a finalidade de verificar a patogenicidade da li­ nhagem Alt A, pela caracterização bioquím ica, foram uti­ lizadas três diferentes linhagens de A. alternata, sendo

uma delas a selecionada para este trabalho, e as outras duas linhagens fitopatogênicas fornecidas pela Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia “André Tosello". Es­ tas foram inoculadas em frascos erlenm eyers de 250 ml., contendo 100 mL de meio BD com diferentes concentra­ ções de carbendazim (0, 10 e 100 ng/m L) e incubadas durante quinze dias. Após esse período, o micélio foi re­ cuperado por filtragem a vácuo em filtro de Büchner, para então ser liofilizado à tem peratura de -45°C e à pressão de 6 x 10'1 mm Hg. As amostras foram preparadas de acordo com método descrito por Paccola-M eireles et al. (1988).

O gel de poliacrilam ida foi confeccionado a 10% de acordo com Paccola-M eireles et al. (1988). A amperagem foi mantida constante a 133 mA por quatro horas. Para prevenir a desnaturação pelo calor e a perda da atividade enzimática, a corrida eletroforética foi m antida a 4°C. A migração, tendo iniciado no ponto de aplicação da am os­ tra, foi de 12 cm e 14,5 cm para os sistem as esterase e proteínas totais, respectivam ente. Os géis foram retira­ dos das placas e incubados em solução corante, respeitan­ do-se os diferentes sistemas.

R E S U L T A D O S E D I S C U S S Ã O

C a r a c te r iz a ç ã o m o r fo ló g ic a

O c re s c im e n to e a e s p o r u la ç ã o d e A. a lternata

fo ra m e s tu d a d o s em d if e re n te s m e io s d e c u ltu ra e fo to p e río d o s . A n a tu r e z a d a c u rv a d e c re s c im e n to

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CARA CTERIZA ÇÃ O DE ALTERNARIA ALTERNATA 623

m ic e lia l fo i a v a lia d a g ra f ic a m e n te e v e rific o u -s e c re s c im e n to lin e a r n o p e río d o o b s e r v a d o . F o ra m e n tâ o c a lc u la d a s as ta x a s d e c r e s c im e n to m é d io (c m /d ia ) n o p e río d o . O s d a d o s d e c re s c im e n to o b ti­ d o s e m re la ç ã o a o s d if e r e n t e s m e io s d e c u ltu r a (T a b e la 1), d e m o n s tr a r a m q u e a lin h a g e m d e A. allernata em e s tu d o a p re s e n to u m e lh o r d e s e n v o lv i­

m e n to m ic e lia l d iá r io n o s m e io s d e c u ltu r a s u c o V -8 , á g a r- m a lte , S a b o u ra u d , a v e ia - á g a r e M C de P o n te c o rv o , d if e rin d o (P > 0 ,0 5 ) d o o b s e r v a d o n o s m e io s B D A e C z a p e c k . A m e n o r m é d ia de c re s c i­ m e n to foi o b tid a n o m e io d e c u ltu r a C z a p e c k , s u g e ­ rin d o q u e a q u e le s o rg a n is m o s sã o e x ig e n te s em a l­ g u m fa to r q u e e s tá a u s e n te n e ss e m eio .

A a n á li s e d o e f e i t o d o s m e io s d e c u lt u r a n a e s p o r u la ç ã o fo i r e a liz a d a c o n s id e r a n d o - s e q u e o n ú m e r o d e c o n íd io s , n o s o ito q u a d ra n te s o b s e r v a ­ d o s, te m d is trib u iç ã o d e P o isso n . N o s m e io s de c u l­ t u r a S a b o u r a u d , á g a r - m a l t e , B D A e M C d e P o n te c o r v o , n ã o h o u v e e s p o ru la ç ã o . O is o la d o de

A. a lte rn a ta e s p o ru lo u sa tisfa to ria m e n te n o m eio de

c u l t u r a s u c o V - 8 , d i f e r in d o s i g n if i c a ti v a m e n t e (P > 0 ,0 5 ) d o s d e m a is (T a b e la 1).

A in f lu ê n c ia d o fo to p e río d o n o c re s c im e n to e na e s p o r u la ç ã o d e A. a lte rn a ta em m eio su co V -8 p o d e

se r o b s e r v a d a n a T a b e la 2. A n a lis o u -se a n a tu re z a d a c u rv a d o c r e s c im e n to m ic e lia l (d iâ m e tro x te m

-TABELA 1. Taxa de crescim ento micelial e esporu­ lação de Alternaria alternata em diferentes meios de cultura. Média de cinco repeti-ções.

Meio de cultura Taxa de crescimento Esporulação micelial1 (x 103 coní-cm/dia Diâmetro

da colônia2

dios/m L)3

Suco V-g 1,02a 8,3a 5,0a

Agar-malte 0,99a 8,2ab 0,0

Sabouraud 0,90ab 8,0ab 0,0

Aveia-ágar 0,90ab 7,7ab 2,3a

MC de Pontecorvo 0,82abc 7,6ab 0,0

BDA 0,76c 6,6bc 0,0

Czapeck 0,61c 5,2c 0,3b

1 M édias seguidas da m esm a letra não diferem entre si pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade.

2 M édias (cm ) to m ad as aos oito dias de incubação.

3 M édias seguidas da m esm a letra, n a m esm a coluna, não diferem entre si pelo teste q ui-quadrado de W ald.

p o ), v e rific a n d o -s e u m c o m p o r ta m e n to lin e a r no p e río d o o b se rv a d o . F o ra m e n tã o c a lc u la d a s as ta x a s d e c re s c im e n to m ic e lia l p a ra c a d a u n id a d e e x p e ri­ m e n ta l. H o u v e u m d e s e n v o lv im e n to m ic e lia l d if e ­ re n c ia d o d e a c o rd o c o m o fo to p e río d o . A e s p o r u ­ la ç ã o fo i m a io r q u a n d o A. a ltern a ta foi in cu b a d o n a s c o n d iç õ e s d e e s c u ro e n o fo to p e río d o de 12 h o ­ ra s de lu z p ró x im a a o u ltra v io le ta , d if e r in d o d o s d e m a i s t r a t a m e n t o s . N o s d e m a i s f o t o p e r í o d o s , h o u v e um d e c ré s c im o n a e s p o r u la ç ã o , in d ic a n d o q u e h o u v e in flu ê n c ia d a lu z n a p ro d u ç ã o de c o n í­ dio s. U m a c a ra c te rís tic a c o m u m a to d a s as e sp é c ie s do g ê n e ro A ltern a ria é a b a ix a c a p a c id a d e o u m e sm o a u s ê n c ia de e s p o r u la ç ã o em m e io d e c u ltu ra . U m g ra n d e n ú m e ro de tr a b a lh o s in d ic a d if e re n te s m é to ­ d o s de in d u ç ã o d a e s p o ru la ç ã o . M isa g h i et al. (1 9 7 8 ) c o n s id e ra ra m d e s n e c e s s á ria a a lte rn â n c ia d e luz e e s c u ro p a ra a e s p o r u la ç ã o d e A. alternata, e n q u a n to

U n g a ro & A z e v e d o (1 9 8 6 ) o b tiv e ra m e s p o ru la ç ã o a b u n d a n te n a s c o lô n ia s m a n tid a s n o e sc u ro . S e g u n ­ d o e ss e s a u to re s, a a u s ê n c ia d e lu z fa v o re c e u o c re s ­ c im e n to e a e sp o ru la ç ã o ; e n tre ta n to , se a te m p e ra tu ­ ra u tiliz a d a fo sse m a is b a ix a , p ro v a v e lm e n te a luz te ria sid o n e c e s s á ria , c o n fo r m e c o n s ta ta ra m P rasad e t al. (1 9 7 3 ), ao v e rific a re m q u e , e m c o lô n ia s m a n ti­ d a s a te m p e ra tu ra s in fe rio re s a 2 4 °C , a p re s e n ç a de lu z fa v o re c e u a e s p o r u la ç ã o e o c re s c im e n to . N o p re s e n te tr a b a lh o , a e s p o r u la ç ã o fo i fa v o r e c id a p e la

TABELA 2. Taxa de crescim ento micelial e produção média de esporos de Alternaria alternata em meio suco V-8 sob diferentes regimes de luz. Média de cinco repetições.

Fotoperíodo Taxa de crescimento micelial1 cm/dia Diâmetro da colônia2 Esporulação (x 103 coní- dios/mL)3

Escuro 1,03a 7,6a 7,0a

12 h luz UV/12 h esc. 1,00a 8,5a 3,2b Luz contínua (fluor.) 0,90b 8,6a 0,0 12 h luz fluor/12 h esc 0,88b 5,2b 0,7c

1 M édias seguidas da mesm a letra não diferem entre si pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade.

2 M édias (cm ) tom adas aos seis dias de incubação.

3 M édias seguidas da m esm a letra, na m esm a coluna, não diferem entre si pelo teste qui-quadrado de W ald.

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624 C.M .M . DE S. SILVA e I.S. DE M ELO

a u s ê n c i a d e l u z , à t e m p e r a t u r a a m b i e n t e d e 2 8 °C ± 1°C.

V á rio s m e io s d e c u ltu r a tê m sid o u tiliz a d o s p a ra m e lh o ra r a e s p o r u la ç ã o e o c r e s c im e n to d a s e s p é c i­ es d e A ltern a ria . O m e io m a is c o m u m é o b a ta ta - -d e x tro s e - á g a r (B D A ); p o ré m o b s e r v a -s e q u e m e i­ o s d e c u ltu r a c o m o s u c o V -8 o u c o m e x tr a to d e fo ­ lhas d e g ir a s s o l ( U n g a ro & A z e v e d o , 1 9 8 6 ), a p e s a r d e n ã o a lte r a r e m o c r e s c im e n to , f a v o r e c e r a m a e s p o r u l a ç ã o . N e s t e t r a b a l h o o b s e r v o u - s e u m a e s p o r u la ç ã o s ig n ific a tiv a n o m e io d e c u ltu ra su c o V -8 , in d ic a n d o q u e a p r e s e n ç a d e a lg u m fa to r n e ss e m e io in d u z iu a p r o d u ç ã o d e e s p o ro s . C a r a c te r iz a ç ã o c it o ló g ic a A lin h a g e m fo i c a r a c t e r i z a d a c ito lo g ic a m e n te p e la té c n ic a d e c o lo r a ç ã o d e n ú c le o s , se n d o a n a lis a ­ d o s 1 0 0 c o n í d i o s . E s s a l i n h a g e m a p r e s e n t a c o n id ió fo ro s e c o n íd io s m a r ro n s - o u ro . O s c o n íd io s a p re s e n ta m -s e e m lo n g a s e ra m ific a d a s c a d e ia s e p o ss u e m fo rm a to o v ó id e , c o m c o m p rim e n to d e 15,4 a 3 8 ,4 u m e d iâ m e tr o d e 5,8 a 9 ,6 u m , c o m 1 a 5 se p to s tra n s v e rs a is . A s e s p é c ie s d o g ê n e ro A lte rn a ria fo rm a m um g ru p o de fu n g o s q u e p o d e m e s ta r a s s o c ia d o s co m p la n ta s, c o m o s a p r ó fita s o u c o m o p a ra s ita s. A e s p é ­ cie A . alternata é assim d escrita p o r S im m o n s (1 967):

p o ssu i c o n id ió fo ro s sim p le s , re to s o u c u rv o s , liso s, co m um a trê s s e p to s e c o m p e rf u ra ç ã o a p ic a l; o c o n íd io é em g e ra l o v ó id e , s e p ta d o e u s u a lm e n te p o ssu i um p o ro b a sa l b a s ta n te v is ív e l. A lin h a g e m iso lad a p o ss u i e sta s c a ra c te rís tic a s , o q u e c o n firm a sua c la s s ific a ç ã o c o m o A lte rn a ria a ltern a ta

C a r a c te r iz a ç ã o b io q u ím ic a

A trav és de e le tro f o re s e em g e l d e p o lia c rila m id a , a lin h ag em de A. a lte rn a ta em e s tu d o (A lt A ) foi

c o m p a r a d a c o m o u tr a s d u a s lin h a g e n s f ito p a to - g ên ica s (C C T 1250 e C C T 3 8 2 3 ), q u a n to ao s p a ­ d rõ e s de e ste ra se e p ro te ín a s to ta is . A o c o rrê n c ia de b a n d a s e le tro f o ré tic a s n o s s is te ­ m as iz o e n z im á tic o s d a s e s te ra s e s a e P d a s trê s li­ n h a g e n s de A. alternata e stá re p re s e n ta d a n a Fig. 1.

O s m o d e lo s o b tid o s d o s iste m a e s te ra s e d ife rira m n o n ú m e ro de b a n d a s e n a m o b ilid a d e e n tre elas, n a s tr ê s li n h a g e n s . F o i p o s s ív e l d is t i n g u i r o ito

FIG. 1. Z im ogram a dos padrões eletroforéticos nos sistemas alfa e beta - esterases em três linhagens de A ltern a ria alternata.

b a n d a s , s e n d o a b a n d a a e s te ra s e c o m R m = 0 ,5 8 c o m u m às trê s lin h a g e n s , d if e rin d o s o m e n te n a m o ­ b ilid a d e p a ra a lin h a g e m C C T 1250. A s b a n d a s co m R m = 0 ,6 5 e 0 ,6 7 d a (3 e s te ra s e fo ra m c o m u n s às lin h a g e n s A lt A e C C T 3 8 2 3 . A s b a n d a s a e ste ra se c o m R m = 0 ,5 4 e 0 ,5 2 e as b a n d a s p e s te ra s e co m R m = 0 ,7 2 e 0 ,7 6 fo ra m d e te c ta d a s s o m e n te n a li­ n h a g e m A lt A . O s re s u lta d o s m o s tra m q u e a v a ria ­ b ilid a d e d e te c ta d a n o siste m a este ra se d e A. alternata

p e rm ite a c a ra c te riz a ç ã o d a s d if e re n te s lin h a g e n s. A c a ra c te riz a ç ã o ta m b é m foi p o s s ív e l c o m o u so do p a d rã o e le tro f o ré tic o p a ra p ro te ín a s to ta is (F ig . 2). A s a m o s tra s in c u b a d a s p o r d if e re n te s p e río d o s (u m a seis d ia s ) em trê s c o n c e n tra ç õ e s d o fu n g ic id a c a rb e n d a z im (0 ; 10 e 100 n g /m L ) fo ra m s u b m e ti­ d a s à a n á lis e d o p a d rã o p ro té ic o : n e n h u m a v a ria ­ ç ã o , ta n to n o p a d rã o c o m o n a s b a n d a s , foi o b s e r v a ­ d a q u a n d o a lin h a g e m A lt A d e A. a lte rn a ta foi in ­

c u b a d a em m e io d e c u ltu ra B D sem c a rb e n d a z im . P o rém h o u v e e x p re s sã o d e d ife re n te s p ro te ín a s q u a n ­ d o as lin h a g e n s fú n g ic a s em e s tu d o fo ra m in o c u la - d a s em m e io d e c u ltu ra B D c o m c a rb e n d a z im . P o d e- se v e rific a r, p e la a n á lis e d a s b a n d a s p ro té ic a s , q u e os p a d rõ e s d a s b a n d a s n a s a m o s tra s q u e c re s c e ra m n a p re s e n ç a d o fu n g ic id a sã o m u ito s e m e lh a n te s , a p e s a r d e a in te n s id a d e d a e x p re s s ã o se r d ife re n te . A s e x c e ç õ e s e n c o n tr a d a s fo r a m a s b a n d a s c o m R m = 0 ,6 5 e 0 ,8 3 . N o p rim e iro c a so , v e rific o u -s e a p re s e n ç a d a b a n d a s o m e n te q u a n d o o fu n g o foi a v a ­ liad o a o s d o is d ia s d e in c u b a ç ã o , n a c o n c e n tra ç ã o d e 10 |ig / m L d e c a r b e n d a z i m . A s b a n d a s c o m R m = 0 ,8 3 fo ra m o b s e r v a d a s s o m e n te n a c o n c e n ­ tra ç ã o de 100 n g /m L d e c a rb e n d a z im , in d ic a n d o e x ­ p re s s ã o d if e re n c ia d a d a s p ro te ín a s n a p re s e n ç a de

(5)

CAR A CTERIZA ÇÃ O DE ALTERNARIA ALTERNATA 625

FIG. 2. Z im ogram a da expressão protéica em três diferentes linhagens de Alternaria alternata

incubadas em meio de cultura (batata-dex- trose - BD) com e sem carbendazim (M BC). 1) 2 dias; 2) 4 dias; 3) 6 dias; 4) 2 dias (M BC 10 |ig /m L ; 5) 2 d ia s (M B C 100 ^ig/mL); 6) 4 dias (M BC 10 ng/m L); 7) 6 dias (MBC 100 ng/m L); 8) CCT 1250; 9) CCT 3823. a lta s c o n c e n tr a ç õ e s d o f u n g i c id a . A s lin h a g e n s C C T 1250 e C C T 3 8 2 3 , in c u b a d a s so m e n te em m e io de c u ltu ra B D se m c a rb e n d a z im , a p e s a r d e a p re s e n ­ tarem b a n d a s em c o m u m , tê m a lg u m a s p ro te ín a s q u e sã o e x p re s s a s s o m e n te e m u m a d a s lin h a g e n s. E sses re s u lta d o s c o rr o b o ra m c o m o s d o p e rfil e s te rá tic o , n o to c a n te à v a ria b ilid a d e d a s lin h a g e n s.

O s m o d e lo s e le tro f o ré tic o s d e e n z im a s so lú v e is e o u tra s p ro te ín a s d e fu n g o s re p r e s e n ta m u m a m a ­ n ife s ta ç ã o d ir e ta d a c o n s titu iç ã o g e n é tic a c e lu la r e p o d e m se r b a sta n te ú te is q u a n d o u tiliz a d o s p a ra cla s­ s ific a ç ã o ta x o n ô m ic a d a q u e le s o rg a n is m o s . E sse s m o d e lo s e x ib e m u m a m e n o r v a ria ç ã o d e n tr o d a e s ­ p é c ie d o q u e e n tre e sp é c ie s, m a s são m u ito ú te is p a ra a c a r a c te r i z a ç ã o d o s is o la d o s d e n tr o d a e s p é c ie (C la re e t a l ., 1968, c ita d o s p o r C o n ti e t a l ., 19 8 0 ). A p o s s ib ilid a d e d e c a ra c te riz a ç ã o e le tro f o ré tic a d e d i­ fe re n te s lin h a g e n s é im p o rta n te p a ra m e lh o ra r a lg u ­ m a s té c n ic a s , c o m o , p o r e x e m p lo , a de d e g ra d a ç ã o , u m a v e z q u e a lg u n s is o la d o s p o d e m e x ib ir d if e re n ­ te s g ra u s d e p a to g e n ic id a d e .

A lg u n s a u to re s tê m c o rre la c io n a d o d ife re n ç a s nos p e rfis e n z im á tic o s c o m a lte ra ç õ e s d o m a te ria l g e ­ n é tic o o c o rr id o p o r m u ta ç õ e s , re s p o n s á v e is p e lo s p a d rõ e s c o m d if e re n te s p o s iç õ e s d e m ig ra ç õ e s em

lin h a g e n s s e lv a g e n s e m u ta n te s (F u r la n e to , 1989; V a la d a re s , 1 9 8 9 ). S e n d o a s s im , p o d e m - s e u tiliz a r p e rf is d e e s te ra s e p a ra a d e te c ç ã o d a v a ria b ilid a d e n a tu ra l d e A ltern a ria , p o is esse p a d rã o p o ss ib ilito u

a o b te n ç ã o de b a n d a s v is ív e is e c a ra c te rís tic a s n as d ife re n te s lin h a g e n s e s tu d a d a s .

C O N C L U S Õ E S

1. O c r e s c im e n to d e A lte rn a ria altern a ta A lt A

v a ria e n tre o s d if e re n te s m e io s d e c u ltu ra .

2. A a u s ê n c ia d e lu z é e s s e n c ia l à e s p o r u la ç ã o de A. a lte rn a ta A lt A. 3. O s p a d rõ e s e le tro f o ré tic o s d e a e P e s te ra s e s e d e p ro te ín a s to ta is a p re s e n ta m d if e re n te s p e rf is de b a n d a s e n t r e a l i n h a g e m A lt A e a s lin h a g e n s f i t o p a t o g ê n i c a s C C T 1 2 5 0 e C C T 3 8 2 3 d e A. alternata. R E F E R Ê N C I A S

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