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Projeto de Lazer Intergeracional “Sacudindo à Memória”: promovendo encontros intergeracionais na universidade

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Projeto de Lazer Intergeracional

“Sacudindo à Memória”:

promovendo encontros intergeracionais na universidade

Kátia Maria Pacheco Saraiva

Introdução

globalização vem provocando mudanças profundas nos parâmetros da condição humana. Segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1999) vivemos em uma época de liquidez, de fragilidade dos vínculos afetivos, de transitoriedade de pertenças grupais em consequência do aumento do individualismo e do enfraquecimento de atitudes solidárias.

Segundo Prochet (2002) citando Simone Weil (1909-1943), filósofa e ativista política francesa, os grandes problemas sociais que vivemos são sintomas de um desenraizamento profundo, uma vida roubada de sentido, provocada pelo uso da força, da necessidade de controle, do uso da ciência, da tecnologia e do poderio econômico, divorciado da vida. Para a autora o desenraizamento é a praga do século XX e poderíamos dizer que se estende ao século XXI, onde por forças políticas deslocam-se populações de seus lugares de origem, ignoram-se seus vínculos culturais, alienam-se heranças, tratadas como uma abstração sem significado. Isto implica em não se conservar um sentido de Ser e, ao mesmo tempo, não estabelecer para este Ser um lugar próprio.

Segundo Rabinovich (2004), a constituição do ser como sujeito passa necessariamente pela vivência do espaço público da cidade como experiência de constituição da sua própria subjetividade em que o outro tem participação efetiva nas trocas vivenciais e constituição da identidade. Desse modo, o estabelecimento da identidade humana é um processo cultural e simbólico realizado a partir de diversos enraizamentos.

A partir do exposto podemos dizer que a convivência humana na sociedade atual nos propõe constantes desafios, que nos convoca a inventar ou reinventar convívios. O nosso primeiro grande desafio é o de voltarmos o olhar não só para nossa própria identidade, mas principalmente para construção das

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identidades das outras pessoas ou grupos com os quais estabelecemos relações.

Além disso, com o crescimento da expectativa de vida na população brasileira e consequente envelhecimento da sociedade em geral também se reflete, de forma ambígua, sobre as relações e valores sociais. Surgem novas experiências de convívio entre gerações. No ambiente familiar, por exemplo, em revisão de literatura elaborada por Dias e Silva (2003), houve a constatação de que há na atualidade um aumento na frequência de relação entre distintas gerações dentro da família, ou seja, pela primeira vez na história da humanidade temos observado de uma só vez cinco gerações convivendo entre si.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), os avanços da medicina e as melhorias nas condições gerais de vida da população repercutem no sentido de elevar a média de vida do brasileiro (expectativa de vida ao nascer) de 45,5 anos de idade, em 1940, para 72,7 anos, em 2008, ou seja, mais 27,2 anos de vida. Ainda segundo a projeção do IBGE, o país continuará ampliando o número de anos na vida média de sua população, alcançando em 2050 o patamar de 81,29 anos. Sendo assim, há maiores possibilidades das pessoas vivenciarem por mais tempo os papéis de avós e netos, e até mesmo bisavós e bisnetos. (IBGE, 2010)

Assim, viver mais tempo com mais idade permite que populações mais jovens também convivam mais com a velhice. Neste cenário, qual será a visão dos indivíduos jovens a respeito dos mais velhos? Qual será a visão desses idosos que já vivem mais anos que seus pais e avós viveram, a respeito da juventude atual? Quais os tipos de relações que se estabelecem entre essas gerações, em um tempo em que vivemos uma revisão do curso de vida?

Portanto, com o aumento da expectativa de vida e a crescente inserção social da população idosa, apoiados na construção de um novo papel do velho nos distintos âmbitos sociais, como o lazer, o trabalho e a educação, constata-se a cada dia uma maior necessidade de pensarmos nas relações intergeracionais que ocorrem fora do âmbito familiar.

Mas o que são gerações?

Segundo Corsten (1999, apud Domingues, 2002) podemos conceituar “gerações” como “identidades coletivas” em que linguagem e símbolos são compartilhados. Semânticas históricas permeiam esses discursos e criam fronteiras entre as gerações, gerando “círculos culturais” de “grupos específicos de idades” que compartilham a interpretação e a articulação de tópicos.

Segundo Turner e Eyerman (1998, apud Domingues, 2002) as gerações são coletividades homogêneas e se encerram em si mesmas. Assim, são independentes umas das outras. Estes autores definem gerações não só a partir das experiências divididas, mas também por meio das organizações e

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movimentos com identidades e características definidas. Já para Fortes (1984, apud Domingues, 2002) as gerações são restritas aos ambientes familiares, nas sucessões de papéis entre pais, filhos e avós.

Para Domingues (2002) existem três elementos básicos para se conceituar gerações: O primeiro deles se refere à família, ao ambiente familiar e as relações de parentesco, como por exemplo, avós, netos e pais. O segundo diz respeito ao conceito de coortes, ou seja: os grupos de indivíduos nascidos em proximidade temporal e que avançam as fases da vida em simultaneidade. O terceiro deles fala da experiência vivida de indivíduos e coletividades. Portanto, o conceito de gerações que adotaremos no presente trabalho está baseado no modelo descrito por Domingues (2002), principalmente no que se refere à experiência vivida por indivíduos e coletividades.

Cabe salientar que estas teorias sociológicas não levam em consideração os conceitos de heterogeneidade e da individualidade dentro do coletivo, considerando cada indivíduo componente como igual ao outro, ou seja, tal qual aponta Domingues (2002): “as gerações como coletividades homogêneas” (p.68).

O que são relações intergeracionais?

Segundo Lopes (2006) e Barros (2003) as relações intergeracionais se referem às relações entre pessoas que pertencem a diferentes gerações e consideram que estas relações ocorrem não só nas dimensões familiares, mas também nas relações de trabalho, de lazer entre outras dimensões.

A convivência de pessoas de diferentes gerações significa também a convivência entre diferentes culturas. Segundo alguns autores como Mologni (2001), Ferrigno (2003) e Lopes (2006), na relação intergeracional há troca e aprendizado de ambas as partes por meio do ponto de vista de cada geração, de acordo com suas experiências históricas sobre um tema.

O presente trabalho, com base em Sommerhalder (2000), acredita que para questionarmos padrões socialmente impostos, ou mesmo melhor compreendê-los, é necessário entender minimamente as relações entre as pessoas e então, possivelmente, revisar crenças e valores atribuídos ao processo de envelhecimento. Portanto, para que as distintas gerações possam rever crenças e atitudes umas sobre as outras é necessário oportunidade de relacionamentos intergeracionais.

Assim, de acordo com Motta (2004) e com Ferrigno (2006) os encontros intergeracionais em ambientes sociais não familiares ainda são pouco registrados. Para esses autores, a relação entre as gerações (seja dentro ou fora do ambiente familiar) está em constante construção (FERRIGNO, 2006), ou seja, está diretamente relacionada à convivência de pessoas de diferentes faixas-etárias e realidades socioculturais. Além disso, os encontros

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intergeracionais podem ser aglutinadores e se alastrar para outros campos das vidas dos envolvidos podendo refletir nas relações intra e extra familiares. Ao pesquisarmos a produção acadêmica nacional sobre o tema das relações intergeracionais percebemos que a maioria dos trabalhos ainda está voltada para essas relações dentro do ambiente familiar, ou seja, há ainda poucos estudos sobre as mesmas fora do ambiente familiar. Como exemplo de experiências intergeracionais bem sucedidas fora da família podemos citar as Universidades Abertas à Terceira Idade (UNATIs).

A partir do exposto a proposta do presente trabalho é de relatar uma experiência de um projeto extencionista intergeracional de lazer que busca promover encontros entre pessoas de diferentes gerações que funcionem como estratégia para que uma aproximação entre estas seja provocada, observada, experimentada e avaliada e que vem sendo realizada desde 2006. Ao compartilharmos esta experiência pensamos que seja uma maneira de poder contribuir com a produção acadêmica nacional no que se refere a experiências intergeracionais em ambientes sociais diferentes do ambiente familiar.

Do Projeto Intergeracional “Sacudindo à Memória”

Trata-se de um projeto que acontece desde 2006, cujas raízes estão ligadas à interdisciplinaridade, pois busca integrar o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Lazer Cultural mais o Laboratório de Desenvolvimento Humano ao Núcleo de estudos e pesquisa do Envelhecimento (NEPE), todos sediados na clínica-escola do curso de psicologia. O projeto atende, também, aos objetivos das diretrizes curriculares do projeto pedagógico do curso de psicologia da PUC- Minas, Campus Poços de Caldas, que tem como uma das ênfases o lazer cultural e o envelhecimento. Além disso, o projeto pode ser inserido como mais uma proposta de clínica ampliada tornando-se uma prática que atualmente vem sendo tomada como importante ferramenta na promoção da saúde, pois proporciona o encontro de pessoas.

O projeto de lazer intergeracional “Sacudindo à Memória”, cujo caráter é eminentemente social, interdisciplinar e cultural, surgiu da necessidade de se criar uma estratégia de aproximação e troca entre gerações, por meio de atividades de lazer cultural realizadas principalmente entre alunos de um curso de graduação em psicologia e idosos da comunidade local. O projeto privilegia variáveis de natureza sociocultural no que se refere à construção das relações intergeracionais e o impacto dessas relações nas visões de mundo dos

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envolvidos, ou seja, podem ajudar a revisar estereótipos e imagens pré-concebidas sobre a outra geração.

Deste modo, o projeto “Sacudindo à Memória” vem oferecendo atividades que empreendem lazer cultural, particularmente as manifestações culturais como o teatro, a dança, a música, cinema e expressões artísticas em geral. Tais atividades, além de proporcionar a interação entre as diferentes faixas etárias, podem também promover o desenvolvimento cultural tanto de idosos quanto de jovens por meio de um processo de educação recíproca. “Neste sentido, o lazer transforma-se numa situação socialmente organizada, que cria as condições para a evolução humana social mais ampla, no sentido de usufruir da cultura existente e criar uma nova (...) em prol das atitudes prossociais”. (Iwanowicz, 2000, p.109)

Dessa forma, o lazer cultural é entendido aqui como uma atividade que permite que se agenciem novos processos de produção de subjetividade contemporânea, que viabilizam a construção de novas maneiras de pensar, ser e agir no mundo por intermédio das trocas intergeracionais entre alunos participantes e idosos. Além disso, este projeto busca a sensibilização, a valorização e o resgate do patrimônio imaterial da cidade visando refletir a identidade cultural local, o resgate das tradições e as questões de enraizamento.

Quanto aos objetivos do projeto podemos elencar: 1) realizar eventos sócio-culturais que funcionem como uma estratégia para que a troca intergeracional seja provocada, observada, testada e avaliada; 2) promover o bem estar social, com foco no bem estar psicológico e, consequentemente, na saúde mental dos sujeitos envolvidos; 3) sensibilizar a comunidade de alunos e idosos para a riqueza cultural e o valor da troca de experiências entre gerações e levar a refletir a identidade cultural local e o resgate das tradições.

Quanto ao público-alvo temos: 1) idosos atendidos por intermédio dos grupos de convivência do Programa Intersetorial das Secretarias Municipais de Promoção Social e da Saúde (PSF) de Poços de Caldas; 2) idosos do grupo de convivência do SESC-SENAC-MG, Poços de Caldas; 3) alunos do curso de graduação em psicologia da PUC- Minas, campus Poços de Caldas.

No que se refere aos aspectos metodológicos para elaboração do evento/encontro sociocultural podemos dividir basicamente em quatro grandes momentos: 1º. Coleta de histórias/informações com os idosos da cidade (método da história oral) e pesquisa nos livros/arquivos que relatam a memória da cidade. 2º. A preparação do encontro/evento/espetáculo com reuniões semanais conjuntas com alunos e idosos para elaboração de todos os elementos do evento. 3º O evento/encontro cultural propriamente dito. 4º O encerramento com o desmonte do evento/espetáculo, avaliação e reflexão sobre os resultados, com participação de alunos e idosos.

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Para fins de pesquisa utilizamos para coleta de dados a observação participante e o método de história oral sobre o patrimônio cultural imaterial (memória dos idosos da cidade); são feitos registros dos encontros dos estudantes com os idosos através de um diário dos encontros e com registro fotográfico dos mesmos. Além disso, é aplicado, ao final de cada evento/encontro, um pequeno questionário com o objetivo de buscar os significados da experiência de encontro intergeracional, tanto para os idosos quanto para os estudantes de psicologia. Cabe salientar que as técnicas adotadas são provenientes do método etnográfico proposto por Geertz (1988). Segundo Lopes (2000), o método etnográfico propõe uma descrição densa de determinada cultura, buscando os significados das relações e a forma como estes se relacionam.

Em relação aos resultados quantitativos, ou seja, em termos de construção e realização de eventos/encontros desde o seu início em 2006 o projeto já realizou três festas juninas típicas - os “Arraiás da Memória” e três grandes espetáculos teatrais: o primeiro espetáculo “Sacudindo a Memória” em 2006; o segundo “Uma Cidade, uma Vida e muitas Lembranças” em 2007 e o terceiro “A Era dos Cassinos... retalhos da memória” em 2008. Além dos espetáculos teatrais e festas, o projeto também fez uma exposição de fotografias em 2009. Atualmente, o projeto está realizando sessões de cinema intergeracionais, que são seguidas de debates como uma forma de sensibilizar os participantes para posterior produção de curtas-metragens feitos entre alunos e idosos.

Por intermédio dos relatos colhidos dos próprios atores envolvidos (alunos e idosos) obtivemos, como resultados qualitativos, as seguintes respostas: todos apontaram como sendo uma experiência de descoberta de habilidades que até então não conheciam; como uma experiência que convida a reviver momentos da infância e desenvolver a criatividade; as atividades ajudam a aproximar as pessoas e a construir laços e um maior senso de compreensão e, consequentemente, uma maior tolerância entre as gerações.

Enfim, todos apontaram como sendo uma experiência que proporciona bons encontros, plenos em potencializar a disposição de agir, a reflexão e o poder criativo de seus participantes. Além disso, também relataram que esses encontros promoveram a sensação de bem estar físico-mental e, consequentemente, um incremento da qualidade de vida para todos os envolvidos.

Considerações finais

Segundo o pedagogo social espanhol Juan Sáez (2010) vivemos num tempo de individuação, de fragmentação social e por que não dizer de rupturas sociais, principalmente no que se refere ao convívio entre gerações. Entretanto, Sáez (2010) nos convida a propormos práticas intergeracionais nas escolas e fora delas, pois estas poderiam contribuir para criar redes de relações e promover o sentido relacional e geracional. Desse modo, o autor acredita que uma saída possível desse contexto de “desenraizamento” seria provocar e investigar este binômio educação e intergeracionalidade.

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Os autores Sánchez, Kaplan e Sáez (2010) afirmam que os processos de aprendizagem podem ser um caminho de aproximação e construção de relações sociais entre gerações, porque por meio de projetos e práticas é que se constroem as relações que, além de favorecer o intercâmbio e a interação, potencializam a transmissão entre pessoas de diferentes idades construindo um coletivo que aprende conjuntamente.

Sendo a educação um processo contínuo de mudança vivido pelo ser humano ao longo de toda a sua vida, conclui-se que ela está além dos limites da escola. Relembrar esse princípio é reafirmar que existem diversas possibilidades de aprendizagem, em diversos tempos, nas diversas idades, em diversos lugares e em diversos contextos. Partindo do princípio de que a ação educativa é um ato dialógico e vivencial, é possível pensar a experiência de sermos outros, de olhar, de saber e de sentir com os outros.

Neste sentido, entendemos aqui que o conhecimento é sempre um diálogo, um devir constante. Conhecer não é meramente aprender uma informação preestabelecida, mas é um processo de construção, é um ato de criação. Nesse sentido, tanto o conhecimento quanto a pessoa que conhece estão em contínuo desenvolvimento sendo “recriados” e “ressignificados” a todo o momento. Se considerarmos que o objetivo do conhecimento é o de dialogar com o mistério do mundo e não só procurar descobrir o segredo do mundo, então muito conhecimento está sendo construído através do projeto de lazer intergeracional “Sacudindo à Memória”.

Cabe salientar que ao longo deste projeto o espaço da sala de aula também foi reinventado na medida em que refletíamos sobre as diversas dimensões do lazer, do espaço lúdico, do encontro com a cidade e do consequente encontro consigo mesmo. Aliás, o espaço acadêmico foi se modificando no transcorrer dos semestres e transformou-se em um local não só de discussão de conceitos e concepções, mas também de construtivos encontros com os outros e com o mundo. Tornou-se um espaço plural, multidimensional e, por que não dizer, até revolucionário, onde cada um de nós vivenciou momentos de ruptura, instantes de encontro e intersecção entre seu cotidiano, a história e a cidade.

O projeto intergeracional “Sacudindo à Memória” se tornou um ponto de ancoragem, de enraizamentos, para falta de referências, de multiplicidades de percursos possíveis que um mundo globalizado proporciona. Este mesmo espaço se transformou num local de ação onde se desenrolaram mais intensamente a articulação e a contradição eu /outro, passado/presente, criatividade e conformidade, a troca de ideias e a ebulição de tantas outras entre as pessoas.

“Todos estamos enredados num jogo de inter-retro-relacionamentos, em cadeia, pelo qual vamos construindo, com o desenrolar do tempo, nosso ser. Neste jogo, tudo tem a ver com tudo, em todos os tempos e em todas as circunstâncias. Existir e

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viver é inter-existir e con-viver. Numa palavra, relacionar-se”. (Boff, 1998, p.17)

Escolhemos finalizar este artigo a partir da citação de Leonardo Boff (1998) porque o trabalho que apresentamos aqui encontra raízes na proposta de educação para o século XXI da UNESCO, comumente denominado “Relatório Jacques Delors”, que nas próprias palavras do autor propõe o seguinte:

“Para poder dar respostas ao” conjunto de suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão, aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente, aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta” ( DELORS, 1998 , p. 89-90)

O relatório não se refere a “saberes” e nem a “competências”, palavras bem presentes no discurso neoliberal atual. Ao contrário, concentra-se no “aprender” e não no “ensinar”. Aliás, propõe que a educação seja um processo que aconteça ao longo de toda a vida e que o mais importante não é aprender “O SER”, mas aprender “A SER” e isto é tarefa para toda a vida.

Referências

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BAUMAN, Z. (1999). Globalização – as consequências humanas, RJ: Ed. Zahar.

Boff, L.- O despertar da Águia - O Dia-bólico e o Sim-bólico na Construção da Realidade. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1998.

Delors, J. (coord.). (1998). Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo/ Brasília: Cortez/UNESCO/MEC.

Dias, M. de S. B.; Silva, A. S. e S. (2003). Os avós na perspectiva de jovens universitários; Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. especial, pp 55-62. Domigues, J. M. (2002). Gerações, modernidade e subjetividade coletiva, Tempo Social; Rev. Sociol. USP, São Paulo, v. 14, n.1, pp. 67-89.

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Data de recebimento: 08/09/2012; Data de aceite: 20/09/2012.

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Kátia Maria Pacheco Saraiva – Psicóloga (PUC-RJ), Mestre em Psicologia Clínica (pela PUC-RJ); Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Lazer Cultural, do Laboratório de Desenvolvimento Humano e do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE) do curso de Psicologia da PUC - Minas, campus Poços de Caldas; Docente dos cursos de graduação Psicologia e Pedagogia, nos cursos de Pós-graduação em Saúde Mental: atenção psicossocial, Psicopedagogia e Gerontologia da PUC-Minas, campus Poços de Caldas. Idealizadora do Projeto de lazer intergeracional. “Sacudindo à Memória”. Fez o curso de capacitação de profissionais de trabalho Intergeracional (Universidade de Granada-Espanha). E-mail:

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