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Relações românticas e suporte social nos processos de individuação e bem-estar psicológico em jovens de famílias intactas e divorciadas

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Academic year: 2021

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Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

RELAÇÕES ROMÂNTICAS E SUPORTE SOCIAL NOS

PROCESSOS DE INDIVIDUAÇÃO E BEM-ESTAR PSICOLÓGICO

EM JOVENS DE FAMÍLIAS INTACTAS E DIVORCIADAS

Ana Raquel Silva

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA

RELAÇÕES ROMÂNTICAS E SUPORTE SOCIAL NOS

PROCESSOS DE INDIVIDUAÇÃO E BEM-ESTAR PSICOLÓGICO

EM JOVENS DE FAMÍLIAS INTACTAS E DIVORCIADAS

Ana Raquel Silva

Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, sob orientação da Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota.

Vila Real, Novembro de 2012

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Agradecimentos

A oportunidade de elaboração deste trabalho constitui um marco importante na vida de um estudante de Psicologia Clínica. Neste sentido, presto o meu reconhecimento e sincero agradecimento a todos aqueles que tornaram o alcance desta etapa possível.

Em primeiro lugar expresso o meu profundo agradecimento à Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota, orientadora científica deste trabalho, sem a qual não seria possível a concretização do mesmo. Agradeço pela transmissão incansável de conhecimentos, exigência, rigor científico e incentivo. Pela sua orientação excecional pautada por construtivas sugestões e uma disponibilidade e presença incansáveis, fundamentais para a concretização deste trabalho.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro pelas condições fornecidas ao longo da formação académica e pela oportunidade de realização deste trabalho.

Agradeço também a todos os adolescentes e jovens que participaram da amostra e às instituições escolares e universitárias que se disponibilizaram a participar do estudo.

Presto ainda o meu sincero agradecimento a todos aqueles que me concederam suporte emocional ao longo desta etapa.

Agradeço à minha família, em especial ao meu Pai e à minha Mãe, pelo exemplo de vida, pela paciência e compreensão demonstrada, pelo suporte e amor incondicional, e pela oportunidade de concretizar a minha formação académica. Às minhas avós e ao Rafa que sem que disso tivesse consciência sempre me transmitiu força e coragem na admiração e amor que sempre me demonstrou.

A todos os meus amigos pelo afeto, suporte e cumplicidade, em especial à Joana Cardoso e à Joana Maia. A todos os meus amigos que comigo partilharam esta longa caminhada que foi a formação académica o meu agradecimento pelos momentos vividos em conjunto, pela partilha de experiências e acima de tudo pelo afeto demonstrado. Em especial, à Olga e à Marta, que comigo partilharam esta árdua tarefa, e ainda à Clara que connosco vivenciou esta etapa. À Anabela, ao Bruno, à Tina e à Kelly, que sempre me

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acompanharam e demonstraram o seu apoio e carinho. E, finalmente ao João pela partilha de experiência, o companheirismo, o carinho e amizade.

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Resumo

Na atualidade assiste-se a um crescente aumento de adolescentes e jovens adultos pertencentes a famílias divorciadas, o que pode repercutir-se em alterações nos níveis de bem-estar psicológico e no desenvolvimento da individuação. O presente trabalho é constituído por uma amostra de 827 indivíduos a frequentarem o ensino secundário e universitário, com idades entre os 13 e os 25 anos. A recolha dos dados foi realizada no Norte de Portugal, mediante questionários de autorelato: das relações românticas (QVA – Questionário de Vinculação Amorosa), da perceção do suporte social (SSA – Avaliação do Suporte Social), do processo de individuação (MITA – Teste de Individuação de Munique para Adolescentes) e do bem-estar psicológico (EMMBEP - Escala da Medição das Manifestações do Bem-Estar Psicológico). Através das análises de consistência interna e a análise fatorial confirmatória foi possível garantir as qualidades psicométricas adequadas. O estudo empírico de natureza transversal procura de um modo geral analisar o efeito da qualidade das relações românticas e da perceção de suporte social no desenvolvimento do processo de individuação e do bem-estar psicológico em jovens, de diferentes configurações familiares (intactas e divorciadas). Pretende-se ainda testar o papel moderador da configuração familiar na associação entre os protótipos de vinculação e o processo de individuação e bem-estar psicológico, bem como na associação entre a perceção do suporte social e o processo de individuação e bem-estar psicológico. Os principais resultados obtidos evidenciaram que vinculações amorosas confiantes e maior perceção de suporte social se associam positivamente com o desenvolvimento de processos de individuação bem-sucedidos e com níveis elevados de bem-estar. É também de destacar o poder preditor da perceção do suporte da família no desenvolvimento de processos de individuação bem-sucedidos. A configuração familiar mostrou ter um papel moderador na associação entre os protótipos de vinculação e o processo de individuação e o bem-estar psicológico, e na associação entre a perceção do suporte social e o processo de individuação. Neste sentido verificou-se que jovens de famílias intactas apresentavam uma maior individuação bem-sucedida e níveis mais elevados de bem-estar psicológico comparativamente com jovens de famílias divorciadas. Os resultados foram analisados à luz da teoria da vinculação e da perspetiva ecológica do desenvolvimento, realizando uma compreensão do processo de crescimento pessoal dos jovens de encontro às vicissitudes inerentes à mudança de configuração familiar.

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Abstract

At present we are witnessing a growing number of adolescents and young adults in divorced families, which may reflect changes in the levels of psychological well-being and the development of individuation. This study has a sample of 827 individuals, attending secondary school and university, aged between 13 and 25 years. The data collection was carried out in northern Portugal, through self-related questionnaires: romantic relationships (QVA – Loving Attachment Questionnaire), the perception of social support (SSA - Evaluation of Social Support), the individuation process (MITA - Munich Individuation Test for adolescents) and psychological well-being (EMMBEP - Scale Measurement of Embodiments of psychological Well-Being). Through the analysis of internal consistency and the confirmatory factor analysis it was possible to ensure adequate psychometric qualities. The transversal empirical study has as aim to analyze the effect of quality of romantic relationships and the perception of social support in the development of the individuation process and psychological well-being in young people of different family configurations (intact and divorced). Another objective is to test the moderating role of family configuration in the association between the attachment prototypes and the process of individuation and psychological well-being, as well as the association between the perception of social support and the process of individuation and psychological well-being. The main results showed that confident love relationships and greater perception of social support are positively associated with the development of the successful individuation processes and with high levels of well-being. It is also worth noting the predictive power of family support perception in the development of successful individuation processes. The family configuration was shown to have a moderating role in the association between attachment prototypes and the individuation process and psychological well-being, and the association between the perception of social support and the individuation process. In this sense it was found that young people from intact families presented a more successful individuation and higher levels of psychological well-being compared to youths from divorced families. The results were analyzed according to the attachment theory and an ecological perspective of development, making a clear understanding of the personal growth of young people against the vicissitudes inherent to the change of family configuration.

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ÍNDICE

PARTE I - ABORDAGEM CONCEPTUAL……….. 1

Introdução ... 2

1- Adolescência e início de vida adulta: um período de desenvolvimento………….3

1.1- A vinculação na vida dos adolescentes e jovens adultos: da família ao par amoroso………5

1.1.1- Modelo de Bartholomew: protótipos de vinculação……….8

1.2- O suporte social que acompanha o adolescente e jovem adulto ... 9

2- O processo de individuação……….12

3- O bem-estar psicológico no contexto relacional face ao suporte social e à vinculação ao par amoroso……….……….14

4- O divórcio parental e o desenvolvimento dos adolescentes………16

PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO……….19

Introdução ... 20

Capítulo I – Estudo Empírico ... 20

1- Delimitação do estudo……….20 1.1 - Variáveis em estudo ... 20 1.2 - Delimitação do problema... 20 1.3 - Objetivos da investigação ... 21 1.4 - Hipóteses Científicas ... 21 2- Metodologia ... 22 2.1 - Amostra ... 22

2.1.1- Análises diferenciais entre configurações familiares e variáveis sociodemográficas ... 26

2.2 - Procedimentos operacionais ... 27

2.3 - Instrumentos ... 31

2.3.1 - QVA – Questionário de Vinculação Amorosa de Matos, Barbosa, e Costa (2001) ... 31

2.3.2 - SSA - Escala “Social Support Appraisals” de Vaux e colaboradores (1980), adaptação de Antunes e Fontaine (1995) ... 33

2.3.3 - MITA - Munich Individuation Test of Adolescence de Walper, Schwarz, e Jurasic (1996), versão de investigação de Matos e Hüsgen (2009) ... 35

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2.3.4 - EMMBEP - Échelle de Mesure dês Manifestations du Bien-Être Psychologique de Massé et al. (1998) adaptada e traduzida para a população portuguesa por Monteiro, Tavares, e Pereira (2006) ... 37 2.3.5 - Questionário sociodemográfico ... 39

Capitulo II - Resultados ... 39

1-Associação entre a qualidade da vinculação amorosa, a perceção do suporte social, o processo de individuação e o bem-estar psicológico ... 40 2- Diferenças entre variáveis socio-demográficas e a qualidade da vinculação amorosa, a perceção do suporte-social, o processo de individuação e o bem-estar psicológico .. 46 2.1- Análise diferencial da qualidade da vinculação amorosa com a configuração familiar, o género e a idade ... 46 2.2- Análise diferencial da perceção do suporte social com a configuração familiar, o género e a idade ... 49 2.3- Análise diferencial do processo de individuação com a configuração familiar, o género e a idade ... 51 2.4- Análise diferencial do bem-estar psicológico com a configuração familiar, o género e a idade ... 56 2.5- Análise diferencial dos protótipos de vinculação com a configuração familiar, o género e a idade ... 58 3- Análise diferencial do processo de individuação e bem-estar psicológico em jovens com diferentes protótipos de vinculação ... 60 3.1- Análise diferencial do processo de individuação em jovens com diferentes protótipos de vinculação ... 61 3.2- Análise diferencial do bem-estar psicológico em jovens com diferentes protótipos de vinculação ... 62 4- Análise diferencial do processo de individuação e bem-estar psicológico em jovens com diferentes perceções do suporte social ... 64 4.1- Análise diferencial do processo de individuação em jovens com diferentes perceções do suporte social ... 64 4.2- Análise diferencial do bem-estar psicológico em jovens com diferentes perceções do suporte social ... 65 5- Predição do processo de individuação e bem-estar psicológico: papel do género, qualidade da vinculação amorosa e perceção do suporte social – modelos de regressões múltiplas hierárquicas ... 67 5.1 - Predição da manutenção do laço à mãe relativa ao processo de individuação 67 5.2 – Predição da negação do desejo de ligação à mãe relativa ao processo de individuação ... 68

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5.3- Predição da individuação bem-sucedida à mãe relativa ao processo de individuação ... 69 5.4- Predição da manutenção do laço ao pai relativa ao processo de individuação. 70 5.5- Predição da negação do desejo de ligação ao pai relativa ao processo de individuação ... 71 5.6- Predição da individuação bem-sucedida ao pai relativa ao processo de individuação ... 72 5.7- Predição da felicidade relativa ao bem-estar psicológico ... 73 5.8- Predição da sociabilidade/envolvimento social relativa ao bem-estar psicológico ... 74 5.9- Predição do controle de si e dos acontecimentos/equilíbrio relativo ao bem-estar psicológico ... 75 5.10- Predição da auto-estima relativa ao bem-estar psicológico ... 76 6 – O papel moderador da configuração familiar na associação entre as variáveis protótipos de vinculação e perceção do suporte social e as variáveis processo de individuação e bem-estar psicológico ... 77 6.1- O papel moderador da configuração familiar na associação entre os protótipos de vinculação e o processo de individuação ... 77 6.2- O papel moderador da configuração familiar na associação entre os protótipos de vinculação e o bem-estar psicológico ... 78 6.3- O papel moderador da configuração familiar na associação entre a perceção do suporte social e o processo de individuação ... 79 6.4- O papel moderador da configuração familiar na associação entre a perceção do suporte social e o bem-estar psicológico ... 79

Capítulo III - Discussão dos resultados ... 80

1- Associação entre as variáveis vinculação amorosa, perceção do suporte social, processo de individuação e bem-estar psicológico ... 80 2. A qualidade da vinculação amorosa, perceção do suporte social, processo de individuação e bem-estar psicológico em função das variáveis sociodemográficas .. 86 2.1. Vinculação amorosa em função da configuração familiar, género e idade ... 87 2.2. Perceção do suporte social em função da configuração familiar, género e idade88 2.3. Processo de individuação em função da configuração familiar, género e idade90 2.4. Bem-estar psicológico em função da configuração familiar, género e idade ... 92 2.5. Protótipos de vinculação em função da configuração famílias, género e idade 94 3. Diferenciação do processo de individuação e bem-estar psicológico em jovens com diferentes protótipos de vinculação ... 96 3.1. O processo de individuação em jovens com diferentes protótipos de vinculação96

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3.2. O bem-estar psicológico em jovens com diferentes protótipos de vinculação . 98 4. Diferenciação do processo de individuação e bem-estar psicológico em jovens com

diferentes perceções do suporte social ... 98

4.1. O processo de individuação em jovens com diferentes perceções do suporte social ... 99

4.2. O bem-estar psicológico em jovens com diferentes perceções do suporte social100 5. Predição do processo de individuação e do bem-estar psicológico ... 100

5.1. Predição do processo de individuação – manutenção do laço à mãe ... 101

5.4. Predição do processo de individuação – manutenção do laço ao pai ... 105

5.5. Predição do processo de individuação – negação do desejo de ligação ao pai 105 5.6. Predição do processo de individuação – individuação bem-sucedida ao pai.. 106

5.8. Predição do bem-estar psicológico – sociabilidade/envolvimento social ... 109

5.9. Predição do bem-estar psicológico – controle de si e dos acontecimentos/equilíbrio ... 110

5.10. Predição do bem-estar psicológico – auto-estima ... 111

6. O papel moderador da configuração familiar ... 113

6.1. O papel moderador da configuração familiar na associação entre os protótipos de vinculação e o processo de individuação………..125

6.2. O papel moderador da configuração familiar na associação entre os protótipos de vinculação e o bem-estar psicológico ... 114

6.3. O papel moderador da configuração familiar na associação entre a perceção do suporte social e o processo de individuação ... 115

6.4. O papel moderador da configuração familiar na associação entre a perceção do suporte social e o bem-estar psicológico ... 116

CONCLUSÃO ... 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 121

ÍNDICE DE TABELA ………...……….…141

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Introdução

O presente estudo parte de um crescente interesse pelo desenvolvimento emocional e social que ocorre ao longo da adolescência e início de vida adulta, nomeadamente, no que respeita ao processo que torna os jovens mais autónomos em várias componentes vivenciais, entre elas as relações com os outros.

Assim, a presente investigação terá por base a teoria da vinculação (Bowlby, 1969; Ainsworth, 1969), incluindo uma abordagem ao modelo dos protótipos de vinculação de Bartholomew (1990). Dentro daquilo que é a vinculação será dado enfoque à vinculação amorosa tendo em consideração a sua relevância no grupo etário em estudo e o seu contributo para o crescimento dos jovens. Também a perceção de apoio dos outros tem a sua importância no desenvolvimento das relações para os adolescentes e jovens, pelo que a perceção do suporte social também se tornou alvo de estudo da presente investigação, enquanto ideia de que se é amado e valorizado pelos outros (Cobb, 1976).

Além do período de adolescência, o presente estudo dá relevância à fase da jovem adultez (Arnett, 2007), que também se trata de um período de desenvolvimento que envolve os vários sistemas que rodeiam o indivíduo (Bronfenbrenner, 1977) e onde o indivíduo processa a segunda individuação (Blos, 1967), tornando-se menos dependente emocionalmente dos pais e mais autónomo.

No presente século a família ganha uma panóplia de diferentes configurações familiares, entre elas, o divórcio ou separação parental ganham especial atenção no presente trabalho. Perante uma situação de divórcio parental o adolescente apresenta capacidade de aceitação e compreensão de modo coerente, o que não elimina a hipótese de que esta se pode associar a algumas consequências no seu desenvolvimento (Hack & Ramires, 2010). Pois, apesar de ocorrer uma transformação do vínculo aos pais nesta fase de vida, tornando-se os jovens mais independentes, não implica a ocorrência de qualquer tipo de quebra de ligação afetiva aos pais, pelo que a família continua a ser um importante sistema na vida dos jovens e adolescentes (Outeiral, 2008). Assim, qualquer alteração ao nível familiar é importante na vida do adolescente, não acarretando necessariamente uma conotação negativa consigo. Neste sentido, surge também a abordagem ao bem-estar psicológico da amostra em estudo.

Assim, o presente trabalho encontra-se dividido em duas grandes partes. Na primeira parte desta investigação serão abordados os principais conceitos e teorias subjacentes à temática, entre elas a vinculação e a vinculação amorosa, dando-se enfase às várias redes de suporte social que os jovens percecionam, entre as quais a família. Os

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conceitos sobre o processo de individuação serão igualmente abordados num contexto de desenvolvimento dos adolescentes e jovens. Também o bem-estar psicológico será um tema em estudo, pelo que esta parte da investigação comporta alguns conceitos a respeito do mesmo. É realizada ainda uma análise à importância da família e da sua respetiva configuração familiar para o desenvolvimento dos jovens, ressaltando o divórcio parental.

Na segunda parte deste trabalho consta o estudo empírico, do qual fazem parte as metodologias utilizadas, nomeadamente, os procedimentos práticos e estatísticos pelos quais se optou, os instrumentos com as respetivas descrições e propriedades psicométricas, a descrição dos participantes em estudo e as hipóteses e objetivos em estudo. É também nesta parte do trabalho que consta a análise dos resultados estatísticos obtidos, sendo estes discutidos posteriormente de forma crítica e à luz da literatura, tendo em valorização as hipóteses propostas.

O presente trabalho de investigação termina com uma análise conclusiva e sintética, fazendo-se acompanhar das respetivas limitações e sugestões para futuras investigações.

1- Adolescência e início de vida adulta: um período de desenvolvimento

A adolescência constitui um período de tempo que acompanha os jovens da sua infância à sua vida adulta, englobando a formação de uma identidade, a qual se estende à idade adulta. À medida que os jovens se desenvolvem entram em contacto com o contexto que vai além da família nuclear (Gowers, 2005).

Na sua origem, a palavra “adolescência” provém do latim “adolescere” e tem por significado “crescer” ou “crescer para a maturidade”. Deste modo, pode-se falar numa fase de transição, onde ocorre um desenvolvimento, um amadurecimento. Esta é uma fase fundamental no processo de consolidação da identidade pessoal, psicossocial e da identidade sexual (Rocha, 2010).

Todavia a presente investigação pretende ir além da fase da adolescência e alcançar o início da adultez, que Arnett (2007) designa como a adultez emergente, a qual diz respeito ao período que ronda os 18 e os 25 anos, em que há uma transição para a adultez. Segundo Monteiro, Tavares, e Pereira (2009), é neste período que ocorre a exploração da identidade, a exploração do mundo, de todas as possibilidades, criando-se uma maior independência das figuras parentais, no entanto, ainda não se assume todos compromissos e responsabilidades respetivos à adultez.

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Segundo Reichert e Wagner (2005), o contexto que rodeia o adolescente é fundamental para entender o seu processo desenvolvimental, sendo que exerce uma forte influência no desenvolvimento da autonomia dos adolescentes. Tendo em consideração o desenvolvimento humano dos adolescentes e jovens adultos, torna-se importante abordar esse desenvolvimento à luz da perspetiva ecológica de Bronfenbrenner (1979), que ilustra a importância das interações recíprocas entre o indivíduo e os diferentes contextos para o seu desenvolvimento, bem como a importância das transições desenvolvimentais, como por exemplo, as que ocorrem no final da adolescência e início da vida adulta (Bronfenbrenner, 1979). Para Beato (2008) o adolescente não pode ser estudado isoladamente, mas deve ser integrado e analisado à luz de uma rede de sistemas interativos que o envolvem, tratando-se de um ciclo onde os sistemas dinâmicos de natureza individual e contextual (família, escola) influenciam a perceção que o adolescente faz das suas relações amorosas e de amizade.

Assim, sendo a jovem adultícia parece ser pautada por algumas mudanças na forma como percebem os contextos relacionais, pelo que a criação de relações íntimas bem sucedidas e da identidade sexual, bem como a entrada no mercado de trabalho e a saída de casa dos pais parece acentuar o processo (Gowers, 2005). Trata-se, portanto, de uma fase onde as relações com os outros, ao nível romântico, dos pares, e ao nível social, se desenvolvem e ganham uma grande relevância desenvolvimental.

Bronfenbrenner (1977; 1979) mostra na sua teoria que o contexto que envolve e influencia o indivíduo, permitindo que este também o influencie, possui 4 níveis ambientais que interagem entre si. O primeiro é o microssistema que se refere ao conjunto de relações interpessoais mais complexas e próximas que o indivíduo desenvolve, nomeadamente, no ambiente imediato que o envolve, em casa, no trabalho ou na escola. O segundo é o mesossistema que consiste no conjunto de microssitemas do indivíduo e das inter-relações entre eles. O exossistema é o terceiro, e refere-se a ambientes que não exercem uma influência direta no indivíduo, mas que de alguma forma são importantes para o seu desenvolvimento, como por exemplo, a rede social e a comunidade em que a família está inserida. O quarto é o macrossistema e respeita ao conjunto de crenças, valores, ideologias, cultura, subcultura e religião que envolve todas as pessoas que participam no desenvolvimento diário do indivíduo (Bronfenbrenner, 1977; 1979). Deste modo, torna-se importante perceber que as relações com a família, com os pares, com o par romântico e ainda com a sociedade, nomeadamente, com a perceção que se faz do apoio social, são importantes para o desenvolvimento do adolescente.

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1.1- A vinculação na vida dos adolescentes e jovens adultos: da família ao par amoroso

Bowlby (1969) a partir de estudos sobre os efeitos da separação e da perda das figuras significativas de vinculação na vida emocional das crianças evidencia a importância das relações de vinculação como fonte de segurança para as crianças, na medida em que estas sentem que podem procurar apoio junto destas figuras. Assim, o mesmo autor define a vinculação como uma tendência de todos os seres humanos desde os primeiros momentos de vida a criar ligações afetivas com as figuras de vinculação, para que enquanto crianças e posteriormente, mas de diferentes formas, possam explorar o meio de forma segura e confiante.

A teoria da vinculação desenvolvida por Bowlby (1969) e por Ainsworth (1969) em paralelo, evidencia o papel crucial dos pais (figuras de vinculação significativas) no desenvolvimento emocional e afetivo das crianças.

Ainsworth (1989) refere a vinculação como referente a um laço de natureza afetiva que une duas pessoas. Segundo Bowlby (1973), a vinculação acompanha o indivíduo do nascimento até ao fim da sua vida e envolve um conjunto de comportamentos de apego, onde o indivíduo procura uma proximidade com outro indivíduo preferido ou especial. Uma vinculação saudável, ao longo do curso de vida, leva ao desenvolvimento de laços afetivos e vínculos que inicialmente ocorrem entre a criança e os pais e depois se estende aos outros (Bowlby, 1980).

Segundo Holmes (1993), Bowlby utilizou o conceito de modelos internos dinâmicos para descrever o “mundo” interno. Assim, Bowlby (1988) descreve os modelos internos dinâmicos da vinculação como sendo as representações mentais que cada um faz de si, das suas figuras de vinculação e das suas relações. Estas representações mentais têm por base as experiências vivenciadas com as respetivas figuras de vinculação. Assim, os modelos internos dinâmicos formam-se de forma inconsciente e desde cedo, estando preparados para uma constante atualização, que ocorre principalmente ao longo da infância e adolescência, onde existe uma maior flexibilidade para tal (Bowlby, 1988). Segundo Rocha, Mota, e Matos (2011), estes modelos não são estáticos, mas antes constroem-se, reconstroem-se e são ativados ao longo do tempo, afetando as decisões pessoais de cada um. É de realçar que são ainda fundamentais no avanço para os estados de maior maturidade (Bowlby, 1973).

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As relações de vinculação são caracterizadas essencialmente por comportamentos de base segura (Ainsworth, 1989), onde a criança perante a necessidade de explorar o exterior recorre à mãe como base segura, que deve transmitir um sentimento de confiança em si, que advém da relação afetiva mantida com a figura de apoio, que está sempre disponível para prestar proteção (Mota, 2011a). É esta base segura que permite à criança desde cedo explorar o meio em seu redor com a certeza de que está protegida e de que tem apoio caso necessite, sabendo que se pode afastar e voltar. Segundo Dykas, Woodhouse, Cassidy, e Waters (2006), o uso da base segura é evidente quando o indivíduo recorre à figura de vinculação para a exploração e para o refúgio em momento de necessidade.

Segundo Mato, Barbosa, e Costa (2001), a fonte de segurança ou a base segura do adolescente e do jovem adulto dirige-se a todas as ligações afetivas significativas, nomeadamente, família, relações amorosas e de amizade.

As relações românticas ao longo da adolescência, mesmo que de curta duração, mostram-se essenciais, permitindo que estes se preparem para as relações de longo prazo que surgirão ao longo da vida adulta (Beato, 2008). Verifica-se também que estas relações de cariz romântico são importantes na medida em que se associam ao relacionamento com os pais (Beato, 2008). Nomeadamente, no que respeita ao facto de a qualidade da vinculação precoce com os pais contribuir para a qualidade das relações interpessoais, mais especificamente as românticas, mantidas na adolescência e início de vida adulta (Hazan & Shaver, 1987). Deste modo, a forma como os jovens mantêm as suas relações é potenciada por aspetos relativos às relações pais-filhos (Engels, Dekovic, & Meeus, 2002).

As relações amorosas também são um contexto de vinculação que contribui para a segurança interna pessoal (Matos et al., 2001), uma vez que também funcionam como base segura, permitindo ao sujeito explorar ao seu redor de uma forma saudável (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1973; 1980), embora o papel principal de base segura seja o da família (Matos et al., 2001).

Hazan e Shaver (1987) caracterizam as relações amorosas como relações de vinculação entre adultos. Os mesmos autores defendem que a ligação entre um par amoroso pertence ao sistema comportamental da vinculação, que segundo Bowlby (1980), consiste na perceção de que se é amado e no sentimento de segurança que promove e ajuda o indivíduo a explorar o ambiente em seu redor e relacionar-se com os outros.

Hazan e Shaver (1987) nas suas investigações concluíram que também nas relações românticas havia um sentimento de segurança sempre que o parceiro se encontrava próximo e era responsivo e quando era mantido um contacto corporal de proximidade e

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intimidade. Os mesmos autores referem ainda que havia um sentimento desconfortável quando o outro estava inacessível. Também é de realçar que os pares românticos mantinham uma comunicação de “bebés” entre si, partilhando descobertas e brincando com as expressões faciais.

Quando os adolescentes possuem uma vinculação precoce baseada na segurança adquirem facilidade em assimilar e acomodar novos modelos internos, que podem advir de novas relações e novas situações (Mota, 2011a). Ramires (2004) ressalta a importância dos vínculos construídos ao longo do desenvolvimento dos jovens para enfrentarem situações de crise e mudanças familiares, como é o caso do divórcio parental.

Os jovens, principalmente os jovens adultos, ilustram os namorados como as fontes de suporte emocional preferenciais, sendo que no caso de se tratar de uma relação amorosa saudável esta vai possibilitar ao adolescente um maior sentido de identidade e um maior desenvolvimento das competências sociais e suporte emocional. Deste modo, as relações românticas apresentam-se como ideais para o treino das aptidões sociais (Beato, 2008).

A evidência empírica demonstra ainda que as relações amorosas estão relacionadas com aspetos ligados ao desenvolvimento individual do jovem, nomeadamente no que diz respeito à identidade pessoal e às relações com os outros (família e pares) (Collins, Welsh, & Furman, 2009).

Segundo Sobral, Almeida, e Costa (2010), é possível que as relações amorosas dos adolescentes possam ser afetadas pelo divórcio parental, uma vez que as alterações no relacionamento com os pais, nomeadamente, o afastamento de um dos progenitores, possam afetar os padrões de vinculação no adolescente que se estendem ao relacionamento amoroso. No entanto, segundo Mota (2011a), é possível encarar o divórcio dos pais na vida do adolescente como uma adaptação positiva.

Ao longo dos tempos foram sendo abordados protótipos de vinculação. Ainswoth num dos seus estudos, através da observação e entrevista, procurou realizar uma classificação dos diferentes tipos de organização da vinculação em diferentes fases do desenvolvimento relativo à separação da figura materna (Ainsworth, Blehar, Waters, & Wall, 1978). Assim, a autora chega a três padrões diferentes que dividiu entre o seguro e o inseguro, sendo que o inseguro se dividia em inseguro-evitante e inseguro-ambivalente. Mais recentemente, Bartholomew desenvolveu estudos onde aborda 4 protótipos principais que serão descritos de seguida e embora não sendo uma classificação estanque ajudam na compreensão da forma como os jovens se relacionam com as suas figuras significativas de afeto.

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1.1.1- Modelo de Bartholomew: protótipos de vinculação

Além de Bowlby e Ainsworth, entre outros, também Bartholomew (1990; Bartholomew & Horowitz, 1991) prestou o seu contributo à teoria da vinculação, através de um modelo que tem por base a organização que o indivíduo realiza de si e do outro em termos bidimensionais, nomeadamente, entre a positividade e a negatividade. Este modelo baseia-se em dois tipos de modelo de funcionamento internos, nomeadamente o modelo interno de si e o modelo interno dos outros (Bartholomew & Horowitz, 1991). Assim, Bartholomew desenvolveu quatro protótipos de vinculação e regulação emocional: seguro, preocupado, desinvestido e amedrontado.

Indivíduos com o protótipo seguro formulam um modelo interno de si e dos outros mutuamente positivo, possuindo sentimento de confiança e de segurança que lhes permite um maior envolvimento afetivo com os demais, caracterizado por relações de proximidade e reciprocidade. Indivíduos que possuem este protótipo apresentam-se autónomos, não dependendo de uma figura de afeto e recorrendo ao apoio das mesmas em situações de ansiedade.

No que respeita ao protótipo preocupado verifica-se que ocorre uma representação de conotação negativa de si e positiva dos outros. A formação da auto-estima destes indivíduos depende do outro apresentando pouca confiança em si mesmos, o que leva o indivíduo a uma procura acentuada de proximidade com o outro, procurando a atenção do mesmo. Devido à dependência que existe em relação aos outros, estes indivíduos reagem com bastante ansiedade às separações.

Os indivíduos com o protótipo desinvestido apresentam uma imagem positiva de si e negativa do outro, pelo que desenvolvem um distanciamento em relação ao outro, não se envolvendo afetivamente e apresentando pouca proximidade emocional. Apresentam uma auto-confiança moderada ou alta, não reagindo de forma ansiosa a separações.

Por último, os indivíduos com o protótipo amedrontado são inseguros e caracterizam-se por apresentarem uma representação negativa de si e dos outros, percecionando que o outro possui de si uma representação negativa. Estes indivíduos embora procurem proximidade com o outro evitam esta proximidade pelo medo de virem a ser rejeitados (Mota, 2011a).

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Os protótipos apresentados podem coexistir e variar entre si num mesmo indivíduo, dependendo do momento e contexto relacional, que pode envolver os pares, a família ou o par amoroso (Mota, 2011a).

1.2- O suporte social que acompanha o adolescente e jovem adulto

Para além das relações românticas, ressaltamos também a perceção do suporte social na adolescência e no início da vida adulta, enquanto crucial para o processo de individuação e para o bem-estar psicológico dos adolescentes e jovens adultos. Segundo Engels et al. (2002), o período da adolescência é um período de constantes transformações ao nível das relações sociais. Assim sendo, Coob (1976) define suporte social em três classes: a primeira refere-se à crença que o sujeito tem de que é amado e que recebe a preocupação por parte dos outros, a segunda diz respeito à crença que o sujeito tem de que é apreciado e valorizado e a terceira reporta à crença de que pertence a uma rede de comunicação e de obrigações mútuas. É de referir que paralelamente a Coob (1976) também Cassel (1974) explora este mesmo conceito, defendendo a sua importância para a estabilidade e saúde psíquica e física do individuo.

Heller, Swindle, e Dusenbury (1986) definem a perceção de apoio social como uma avaliação global que envolve as várias áreas sociais da vida do indivíduo. Dessa avaliação pode resultar uma crença de que se é estimado, percebendo os outros como interessados e disponíveis.

Rodrigues e Cohen (1998) definem o suporte social como referente aos recursos ou meios psicológicos e físicos que o indivíduo tem ao seu dispor através dos relacionamentos interpessoais que vai mantendo. Os mesmos autores ainda apontam para os efeitos benéficos que o suporte social exerce na saúde geral dos indivíduos (física e psíquica).

Antunes (1994) refere que o apoio social pode desenvolver-se de diversas formas, sendo que as relações que envolvem esse apoio social se manifestam através de diferentes comportamentos e atividades, satisfazendo várias funções. A autora ressalta que o desenvolvimento de uma rede social ocorre ao longo da vida de cada indivíduo, sendo que o indivíduo influência e é influenciado pelo contexto e o meio social.

O apoio social não é uma característica individual estática, pode antes perceber-se o apoio social como um processo contínuo, mutável, transacional e que envolve o meio social e o indivíduo. As redes de relações desenvolvem-se e mantêm-se com base na reciprocidade (dar e receber) e no investimento nas relações interpessoais, tendo em

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consideração as mútuas obrigações que envolvem as relações sociais (Antunes & Fontaine, 1996).

Os estudos direcionados para o apoio social dão, na sua maioria, primazia à perceção que os indivíduos têm do mesmo (Antunes & Fontaine, 1996). O suporte social percebido refere-se a uma apreciação cognitiva que o indivíduo faz das relações que mantém com as pessoas que o rodeiam, e que se podem manter disponíveis em caso de necessidade (Graça, 2008). Mais importante do que o apoio social efetivo que cada individuo recebe é a perceção que realiza do mesmo (Antunes, 1994).

Segundo Gülaçti (2010), a interação social que envolve o suporte social inicia-se na família, posteriormente com o desenvolvimento individual, esta interação expande-se para todos os ambientes próximos ao indivíduo (Bahar, 2010; Gülaçti, 2010). O suporte social diz respeito ao apoio prestado pela família, amigos, vizinhos e instituições, com a finalidade de ajudar o indivíduo nos aspetos de ordem afetiva, psicológica, física e cognitiva (Gülaçti, 2010). No entanto, pode motivar o indivíduo positiva ou negativamente (Bahar, 2010; Gülaçti, 2010).

Rodrigues e Cohen (1998), já anteriormente referidos, propõem dois modelos diferentes que podem esclarecer de que forma o suporte social pode ser benéfico para a saúde global dos indivíduos. Assim, o primeiro modelo designado Modelo do Efeito Protetor Contra o Stress (Stress-Buffering Model) defende que o suporte social exerce um efeito benéfico no indivíduo ao atenuar o efeito negativo de eventos stressantes que possam ocorrer. Já o segundo modelo designado Modelo do Efeito Direto (Direct Effect Model) diz respeito ao efeito global benéfico do suporte social na saúde e bem-estar do indivíduo, sendo indiferente à ocorrência ou não de um evento stressante (Rodrigues & Cohen, 1998).

Diferente destes modelos é o modelo de Vaux (1988), designado Modelo Transacional-Ecológico. Este modelo representa o apoio social enquanto um processo transacional dentro de um contexto ecológico, ou seja, onde ocorrem trocas entre o indivíduo e o meio. O autor aponta ainda que durante todo este processo cada indivíduo desenvolve uma perceção particular dos recursos de apoio que possui (Vaux 1988). Também Riley e Eckenrode (1986) referem que o suporte social se trata de um processo enquadrado num contexto ecológico, sendo que este depende das condições sociais que envolvem o indivíduo e das suas características específicas.

A forma como o indivíduo recorre ao suporte social da rede pode advir de duas formas: quando os sujeitos pertencentes à rede social se apercebem que o indivíduo

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necessita de apoio, ou quando o próprio indivíduo procura esse apoio junto dos membros que entende como capazes de proporcionar suporte. Para tal seleção, o indivíduo tem em consideração as perceções do suporte social que desenvolveu anteriormente (Antunes & Fontaine, 1996).

Sendo a adolescência um período de desenvolvimento caracteriza-se pelo aumento das redes sociais, podendo o apoio dessas redes variar ao longo do tempo e modificar as suas influências (Antunes, 1994; Antunes & Fontaine, 1996). Neste período de desenvolvimento as redes sociais com maior relevância são a família, em especial os pais, os pares e os professores (Antunes, 2006). Uma mudança característica dessa fase é nas relações com os pais e pares, onde o grupo de pares ganha importância (Antunes & Fontaine, 2005). O recurso ao suporte dos pares surge em detrimento do decorrer da construção da própria identidade, onde se evidencia uma maior interação social que vai para além da família (Sérgio, 2006). Antunes (1994) desenvolveu um trabalho de carácter longitudinal dividido em dois momentos, com 364 adolescentes (11, 13 e 15 anos) num primeiro momento de administração e 654 adolescentes (12, 13, 14, 15 e 16 anos) num segundo momento de administração. O referido estudo tinha como principais objetivos observar a relação existente entre o conceito de si próprio e o apoio social e de averiguar de que forma o apoio social varia com a idade, sexo, nível socioeconómico e experiência de reprovação escolar. No estudo apresentado a autora abordou o conceito do apoio social enquanto relevante para a adaptação dos sujeitos ao meio envolvente e para o equilíbrio psicológico, salientando no seu trabalho a natureza transacional do apoio social, enquanto processo decorrente dentro de um contexto ecológico. Os seus resultados mostraram que o grupo social “família” se manifesta como a fonte primordial de apoio para os adolescentes, seguindo-se a este o grupo social “amigos”. Para Furman (2001) as relações de amizade, apesar de não funcionarem como bases seguras de vinculação, funcionam como “figuras de afiliação”, onde à semelhança da vinculação a afiliação é descrita como um sistema de comportamentos que proporciona ao indivíduo relações de suporte, proteção, cooperação, mutualidade e reciprocidade.

Tendo em consideração o ambiente escolar que envolve os adolescentes, além dos pares, também os professores constituem importantes figuras na vida dos jovens. O relacionamento entre os adolescentes e os professores contribui para a forma como os jovens interagem noutros relacionamentos. A relação aluno-professor torna-se assim numa oportunidade de aprendizagem e promoção do desenvolvimento de valores e ideias próprias, o que se reflete nos seus envolvimentos sociais e na perceção dos grupos com os

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quais os jovens interagem (Mota, 2008). Nesta medida, os professores podem também mostrar-se importantes no desenvolvimento da autonomia e identidade e na construção do autoconceito, especificando-se o autoconceito escolar (Antunes, 2006).

2- O processo de individuação

Tendo em consideração as idades compreendidas no estudo torna-se pertinente abordar o processo de individuação que ocorre na adolescência onde a relação com os pais muda e se define a identidade (Meeus, Iedema, Maassen, & Engels, 2005). Segundo Meeus et al. (2005), a separação entre filhos e pais e a individuação são dois processos desenvolvimentais que ocorrem em paralelo durante a adolescência, não se tratando, portanto, a separação como uma pré-condição para a individuação. Assim, durante esta fase o suporte parental pode tender a diminui, também pela constante procura dos jovens face ao exterior, ficando os adolescentes hipoteticamente mais separados psicologicamente dos seus pais.

Apesar da origem do termo individuação ter surgido com Margret Mahler em 1930 (Mahler, Pine, & Bergman, 1975), foi Blos (1967), que criou o conceito de segunda individuação, que ocorre na adolescência. Sendo que é nesta fase que o adolescente ganha determinadas competências, nomeadamente, ao nível da sua autonomia, havendo mutuamente uma separação relativamente aos pais. Para Mahler et al. (1975) a individuação consiste na conquista de características individuais.

Dentro do conceito de segunda individuação Blos (1967) refere a importância de duas ideias, nomeadamente, a perda da dependência emocional e afetividade familiar e a mudança das relações objetais que se direcionavam para os pais e agora estão mais voltadas para os pares e par romântico. Deste modo com a segunda individuação pretende-se adquirir o pretende-self autónomo.

Verifica-se que à medida que os adolescentes vão crescendo, ficam mais separados psicologicamente dos seus pais e ao mesmo tempo vão criando a sua identidade, deste modo a separação e a individuação ocorrem em paralelo, uma vez que a formação da identidade é um indicador da individuação. É nesta fase de vida que a imagem que se adquire dos pais na infância é rejeitada, assim como a ideia de que eles são omnipotentes e de que as suas regras devem ser obedecidas, deste modo o adolescente começa a definir-se e a ver os pais como pessoas autónomas num relacionamento (Meeus et al., 2005).

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A individuação na adolescência caracteriza-se por um desfasamento entre o esforço dos adolescentes pelo alcance de autonomia e o ato dos pais concederem liberdade aos filhos abdicando do controle para lhes proporcionar essa mesma autonomia. Este facto pode dificultar o processo de individuação, pois o apoio dos pais para a aquisição de autonomia é fundamental (Walper, Kruse, Noack, & Schwarz, 2009).

De um modo geral, a individuação engloba a separação psicológica dos pais e a alteração no grau de autonomia e na ligação aos pais, nomeadamente, aumento de autonomia e diminuição da ligação aos pais (Fleming, 1997). Segundo Steinberg e Silverberg (1986) os adolescentes têm mais autonomia emocional na sua relação com os pais, que é acompanhada por uma maior susceptibilidade à influência dos pares e maior conformidade à pressão feita pelos pares. No entanto, não se dá uma quebra total na ligação aos pais, pois há também uma necessidade de ligação com estes, o que causa uma ambivalência ao nível da autonomia. Deste modo torna-se essencial para o indivíduo organizar todas as mudanças desenvolvimentais de forma mais equilibrada. A vinculação aos pais é um processo contínuo, mesmo que verificando algum afastamento físico a desvinculação é apenas ilusória (Fleming, 1997).

Tal como se tem vindo a verificar o processo de individuação implica o desejo pela autonomia, o desejo de “ser adulto”, explorar e evoluir, mas todos estes desejos que o adolescente tem fazem-se acompanhar de um sentimento de medo em enfrentar a novidade, pelo que se torna importante realçar neste ponto a importância da qualidade da relação parental com os filhos para que este processo se desenvolva da melhor maneira possível, permitindo ao jovem sentir-se suficientemente seguro para explorar o meio tornando-se mais autónomo e construindo a sua identidade (Fleming, 2005).

Fonseca, Soares, e Martins (2006), referem que existe uma ligação próxima entre o sistema de comportamento vinculativo e o sistema de comportamento exploratório, uma vez que no ato de exploração do meio é necessária a presença de um sentimento de segurança que a figura de vinculação deve transmitir. Assim, particularmente na infância, para que a criança seja capaz de explorar o meio, em condições adversas ou stressantes, é necessário que se sinta segura o suficiente para ter um comportamento de exploração, desativando o comportamento de procura do vínculo, nesse momento (Fonseca et al., 2006).

Fleming (1997) afirma que o processo de separação-individuação tem como auxiliares as experiências emocionais com os pares e outros significativos, ressaltando a importância da manutenção dos laços vinculativos com os pais, sendo que os mesmos

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funcionam como base segura, mesmo ao longo do processo de individuação. Para Walper et al. (2009) o processo de individuação pelo qual os adolescentes atravessam não exige necessariamente o enfraquecimento dos laços com os pais, em vez disso o suporte e o apoio vinculativos dos pais facilitam este processo de individuação.

Estudos mostram que a autonomia e o relacionamento interativo com os pais contribuem para representações de vinculação autónomas e seguras (Allen & Hauser, 1996).Fleming (1997) refere que a autonomia, a individuação e a formação de identidade são fenómenos que estão ligados e mantêm uma relação de interdependência.

3- O bem-estar psicológico no contexto relacional face ao suporte social e à vinculação

Tendo em consideração que a adolescência é um período de maior vulnerabilidade onde ocorrem diversas mudanças, tanto ao nível físico, cognitivo, afetivo e social, é frequente a existência de modificações ao nível do bem-estar psicológico nos adolescentes, que é outra das variáveis em estudo, o que pode causar, por consequência, determinadas dificuldades nas suas vidas (Fernandes, 2007).

Como mostra a literatura até agora analisada, a adolescência é uma fase complexa que envolve a formação da identidade, a aquisição da autonomia e a separação relativa às figuras parentais. Segundo Souza et al. (2012), todas estas tarefas psicológicas podem resultar em sofrimento psicológico que se associa a baixos níveis de bem-estar.

Relativamente ao bem-estar psicológico, Massé e colaboradores (1998) afirmam que o bem-estar psicológico não se trata apenas da relação consigo mesmo, mas também do envolvimento positivo que se mantém com os outros, o que contribui para uma boa saúde mental. No entanto, não existe apenas o estar psicológico existe também o bem-estar subjetivo, mas os autores mostram que o bem-bem-estar não se deve reduzir apenas ao psicológico nem apenas ao subjetivo. Os mesmos autores testaram as seis dimensões do modelo do bem-estar através de uma análise confirmatória, confirmando assim a existência de 6 dimensões de primeira ordem no bem-estar. Nomeadamente, o controlo de si e dos eventos, a felicidade, o envolvimento social, a auto-estima, o equilíbrio mental e a sociabilidade.

O bem-estar subjetivo tem como grande fundador Diener (1984). As suas duas dimensões constitutivas são a satisfação com a vida, de ordem cognitiva, e os sentimentos ou afetos positivos e negativos, de ordem afetiva. Definindo o bem-estar subjetivo, este

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baseia-se na experiência interna do sujeito, não leva apenas em consideração os aspetos negativos, dando valor aos aspetos positivos e avalia o sujeito na sua globalidade, devendo-se considerar a vida do sujeito de forma global (Diener, Suh, Lucas, & Smith, 1999).

Relativamente ao bem-estar subjectivo Massé et al. (1998) mostra que este não se reduz apenas aos afetos positivos como a felicidade, nem à noção de satisfação com a vida, mas antes a um conjunto de dimensões determinado pelos mesmos autores (controlo de si e dos eventos, felicidade, envolvimento social, auto-estima, equilíbrio mental e sociabilidade).

Outra perspetiva é o bem-estar psicológico, onde a principal autora é Carol Ryff (1989), a autora foca-se essencialmente no funcionamento psicológico positivo do sujeito, deste modo incide na parte positiva da saúde mental, e não na parte da doença. Este modelo apresenta dimensões que avaliam a satisfação e a felicidade em vários domínios como pessoal, social e relacional, e ainda expectativas relativas ao futuro (Novo, 2003).

Para Wagner, Ribeiro, Artecge, e Bornholdt (1999) os níveis de bem-estar dos indivíduos nem sempre estão equilibrados, devido à diferença entre o que o indivíduo deseja e o real que pode alcançar. É o equilíbrio entre estas duas componentes que permite ao sujeito manter-se saudável (Wagner, et al., 1999). Esta capacidade está ligada, essencialmente, às vivências familiares, pois tendo a família a função de proteção, cabe-lhe procurar facilitar aos filhos um ambiente propício ao bem-estar (Minuchin, 1982). Neste sentido pode-se verificar a importância da família e dos respetivos vínculos à mesma para o bem-estar psicológico dos adolescentes e jovens adultos.

É importante referir que a literatura mostra que a perceção do suporte social está relacionada positivamente com os índices de bem-estar psicológico (Gülaçti, 2010; Ramalho, 2008). Ryan e Deci (2001) falam dos efeitos da vinculação e dos relacionamentos no bem-estar, sugerindo que uma vinculação segura promove o bem-estar, o que está relacionado com o facto de a vinculação representar relações onde o sujeito satisfaz as suas necessidades de autonomia, competência e relacionamento. Os mesmos autores realçam ainda a importância da qualidade dos relacionamentos para o bem-estar, tanto que Ryff nos seus trabalhos apresentou as relações positivas com os outros como uma das dimensões do bem-estar (Ryan & Deci, 2001).

Os relacionamentos com os outros mostram-se cruciais para a satisfação global do indivíduo, sendo que relações pautadas por insegurança podem ser prejudiciais ao bem-estar psicológico (Ramalho, 2008).

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O bem-estar psicológico mostra-se na forma como o indivíduo se relaciona consigo, com os outros e os acontecimentos do dia-a-dia, tornando-se assim numa característica da personalidade que se mantém mais ou menos estável. Nesta medida as relações íntimas revelam-se importantes no equilíbrio do bem-estar de cada um, bem como na saúde e no sentimento de felicidade, uma vez que proporcionam uma aprendizagem sobre o proveito da vida e a capacidade de lidar com a ansiedade e situações adversas, bem como sentimentos de aceitação e de estima (Pinto, 2009).

Tendo em consideração o período da adolescência verifica-se que os adolescentes e jovens adultos preveêm que as suas necessidades de intimidade e, consequentemente, de bem-estar sejam também satisfeitas pelos pares (Furman & Buhrmester, 1985).

4- O divórcio parental e o desenvolvimento dos adolescentes

O divórcio parental é uma das muitas situações que podem afetar o desenvolvimento que acompanha a adolescência e a fase inicial da adultez. Estudos mostram que crianças cujos pais atravessam um divórcio têm um maior risco de vir a ter problemas de adaptação durante a infância, a adolescência e até mesmo na vida adulta (Storksen, Roysamb, Moum, & Tambs, 2005). Segundo Amato (2000), vários são os estudos que evidenciam, ao longo dos últimos 30 anos, que crianças cujas famílias sofrem um divórcio podem desenvolver mais dificuldades no envolvimento social. Ainda assim, o facto de o divórcio e os conflitos interparentais poderem desenvolver problemas nas crianças não pode ser generalizável (Amato & Cheadle, 2008).

Tal como sugerem Amato e Sobolewski (2001) o divórcio implica numa fase inicial o afastamento físico ou separação, seguindo-se a fase do procedimento legal do divórcio. Trata-se de um processo que pode envolver conflitos interparentais e situações ansiogenas para os filhos, como o aumento de conflitos com a figura parental que fica com a custódia parental e o afastamento com a figura parental sem custódia (geralmente, o pai). Uma separação entre as figuras parentais implica muitas vezes mudanças de estilos de vida, de local de residência e mudança de meio envolvente, que muitas vezes são também fatores stressantes para os filhos (Amato, 2000). Para Wagner et al. (1999), a passagem de uma configuração familiar a outra exige também mudanças nos relacionamentos e papéis (familiares e sociais).

Comparativamente com as crianças mais jovens, os adolescentes aceitam e compreendem mais objetivamente a situação de divórcio dos seus pais, mas este facto não

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os inibe de ressentimentos e de sintomas que advêm desta situação (Hack & Ramires, 2010). Numa outra perspetiva Mota e Matos (2009) realizaram um estudo com 403 indivíduos com idades compreendidas entre os 14 e os 19 anos que mostrou que o facto de as famílias serem divorciadas ou intactas não é um fator preditor do desenvolvimento do adolescente, sendo que a configuração familiar não mostrou estar associada com os indicadores de bem-estar do adolescente, em específico a auto-estima no caso do estudo realizado. Assim, possíveis alterações no comportamento ou dificuldades relacionais não têm que ser justificados a partir do divórcio parental por si só, sendo que as consequências de um divórcio dependem da atitude do casal, da presença ou não de conflitos e da forma como os filhos percecionam e elaboram a situação (Mota & Matos, 2011). Denota-se que a presença de conflitos pode estar associada ao desenvolvimento de alterações nos estilos de vinculação das figuras parentais, podendo estes tornarem-se ambivalentes, ao variarem entre a permissividade e a inibição da exploração (Matos, 2003). É neste sentido que para alguns autores como Amato e Sobolewski (2001) o divórcio pode significar uma mais valia para os filhos, ao proporcionar-lhes um ambiente familiar mais estável, uma vez que é possível verificar que, comparando com jovens que vivenciam num ambiente familiar conflituoso onde não ocorre um divórcio, os jovens de famílias divorciadas podem apresentar níveis mais satisfatórios de bem-estar.

Amato e Cheadle (2008) propõem três perspetivas ou modelos em torno do divórcio e consequências vigentes no contexto familiar. O primeiro é o modelo do ambiente familiar padrão, que defende que famílias disfuncionais, divorciadas ou monoparentais não são tão propícias para que as crianças desenvolvam uma normal socialização, podendo estar mais próximas de desenvolver problemas. O segundo é o modelo genético passivo que defende que a regulação da criança perante os problemas familiares, ou a forma como a criança encara e vivencia os problemas da família, possui uma forte componente genética. Assim, este modelo refere a possibilidade de existir uma predisposição ao envolvimento em problemas de risco por parte dos adolescentes e jovens, quando os pais possuem perturbação de personalidade, neuroticismo ou comportamento antissocial. O terceiro é o modelo dos efeitos da criança que propõem a possibilidade de ser o próprio comportamento dos filhos que desencadeia os conflitos entre as figuras parentais.

Uma situação comum na ocorrência de um divórcio parental é o facto de muitas vezes uma das figuras parentais se afastar, ficando muitas vezes indisponível, situações como é o exemplo desta, levam muitas vezes, segundo Mota (2011b), a uma desorganização na vinculação dos jovens, o que não tem necessariamente que possuir uma

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conotação negativa, uma vez que esta desorganização gera uma reorganização interna nos jovens e adolescentes, que tanto pode ser negativa como positiva. Neste sentido pode-se sugerir que o divórcio parental não exerce um efeito direto negativo na vinculação dos jovens.

Ao longo do processo de divórcio é comum a procura de suporte junto do grupo de pares (Moura & Matos, 2008), funcionando como um porto seguro para os jovens, o que não substitui a relação de vínculo com os pais. O grupo de pares pode proporcionar aos jovens que atravessam um processo de divórcio parental apoio físico e social, permitindo-lhes deste modo um melhor desenvolvimento do processo de individuação (Fleming, 2005). Ainda assim, a qualidade da vinculação aos pais é relevante para o bem-estar dos filhos numa situação de divórcio (Ramires, 2004), o que evidencia a importância da vinculação em detrimento do tipo de configuração familiar para o desenvolvimento dos adolescentes e jovens.

Também os pares românticos são relevantes para os adolescentes e jovens adultos independentemente da configuração familiar. Segundo Beato (2008), na adolescência e jovem adultez, o par amoroso funciona como uma fonte de suporte emocional preferencial, contribuindo para o saudável desenvolvimento dos jovens. Assim, as relações românticas mostram-se como promotoras da autonomia, individuação, aptidões sociais e ainda de níveis satisfatórios de bem-estar.

Collins et al. (2009) apontam que as relações românticas na adolescência mantêm uma forte relação com o desenvolvimento dos adolescentes, nomeadamente no que concerne à identidade, ao desenvolvimento de relações com os pares, ao sucesso escolar e ainda ajuda na adaptação às mudanças nas relações familiares, como poderá ser o caso de um divórcio parental.

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Introdução

A segunda parte do presente trabalho constitui o estudo empírico e propõe-se a analisar o papel da qualidade das relações românticas e da perceção do suporte social no processo de individuação e no bem-estar psicológico dos jovens, tendo em conta diferentes configurações familiares. Assim, num primeiro momento serão expostas as variáveis em estudo, os objetivos e as respetivas hipóteses propostas. Posteriormente será apresentada a metodologia da presente investigação, onde se expõe o desenho da investigação, os participantes e principais características, os instrumentos utilizados e os procedimentos que ocorreram na sua análise psicométrica. Num segundo momento, serão expostos os resultados das análises estatísticas realizadas que, posteriormente, num terceiro momento serão discutidos à luz da literatura. Finalizando, com uma breve conclusão geral o presente trabalho.

Capítulo I – Estudo Empírico

1- Delimitação do estudo

1.1 - Variáveis em estudo

A presente investigação é constituída por variáveis que foram sujeitas a análises estatísticas. As variáveis independentes do presente estudo são a vinculação amorosa e a perceção do suporte social, sendo que as variáveis dependentes são o processo de individuação e o bem-estar psicológico. O estudo é ainda constituído por variáveis sociodemográficas que serão incluídas nas análises estatísticas como o género, a idade e a configuração familiar.

1.2 - Delimitação do problema

O propósito desta investigação é analisar em que medida a qualidade das relações românticas e o suporte social percebido pelos filhos de famílias divorciadas e de famílias intactas interferem no processo de individuação e no bem-estar psicológico de jovens, com idades compreendidas entre os 13 e os 25 anos.

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1.3 - Objetivos da investigação Objetivo geral

Analisar o efeito da qualidade das relações românticas e da perceção do suporte social no processo de individuação e no bem-estar psicológico dos jovens, tendo em conta diferentes configurações familiares (famílias intactas e divorciadas).

Objetivos específicos

Com a presente investigação pretende-se numa primeira fase analisar a associação entre as variáveis estudadas, nomeadamente, entre a qualidade da relação amorosa, perceção de suporte social, processo de individuação e o bem-estar psicológico. Posteriormente, pretende-se analisar as diferenças significativas das variáveis (vinculação amorosa, perceção do suporte social, processo de individuação e bem-estar psicológico) em função das variáveis sociodemográficas (configuração familiar, género e idade).

Constitui-se ainda como objetivo testar a construção de protótipos de vinculação de acordo com quatro protótipos do modelo bidimensional de Bartholomew. Após a construção dos protótipos pretende-se realizar análises diferenciais em função das variáveis sociodemográficas. Posteriormente, pretende-se analisar as diferenças dos protótipos de vinculação face ao processo de individuação e bem-estar psicológico, e ainda as diferenças da perceção do suporte social face ao processo de individuação e bem-estar psicológico.

É ainda nosso objetivo testar o efeito preditor do género, da vinculação amorosa e da perceção do suporte social no processo de individuação e no bem-estar psicológico. Finalmente, pretende-se verificar em que medida a configuração familiar pode ter um efeito moderador na associação entre os protótipos de vinculação e o processo de individuação e o bem-estar psicológico, bem como na associação entre a perceção do suporte social e o processo de individuação e o bem-estar psicológico.

1.4 - Hipóteses Científicas

a) Espera-se que exista uma associação positiva entre a qualidade das relações amorosas e o processo de individuação, bem como com altos níveis de bem-estar psicológico nos adolescentes e jovens adultos.

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b) Espera-se que a perceção do suporte social nos adolescentes e jovens adultos esteja associada com a qualidade do processo de individuação e altos níveis de bem-estar psicológico.

c) Prevê-se que não existam diferenças significativas ao nível dos processos de individuação e nos níveis de bem-estar psicológico entre os jovens de famílias intactas e os jovens de famílias divorciadas.

d) Prevê-se que existam diferenças significativas nos processos de individuação e nos níveis de bem-estar psicológico dos jovens com diferentes protótipos de vinculação.

e) Prevê-se que existam diferenças significativas nos processos de individuação e nos níveis de bem-estar psicológico dos jovens com diferentes perceções de suporte social.

f) Espera-se que uma maior qualidade nas relações amorosas prediga maior qualidade no processo de individuação e níveis de bem-estar psicológico mais elevados.

g) Espera-se que melhores perceções de suporte social predigam maior qualidade no processo de individuação e níveis de bem-estar psicológico mais elevados. h) Espera-se que a configuração familiar modere o efeito dos protótipos de

vinculação e suporte social no processo de individuação e bem-estar.

2- Metodologia

Dado o facto de este estudo se desenrolar num único momento de avaliação, trata-se de um estudo de natureza transversal. Trata-trata-se também de um estudo de natureza confirmatória, visto a intenção de corroborar as hipóteses anteriormente propostas.

2.1 - Amostra

Neste ponto serão apresentadas as características que constituem a amostra desta investigação (tabela 1). A presente amostra é constituída por 827 adolescentes e jovens adultos, sendo 253 (30.6%) do género masculino e 574 do género feminino (69.4%), com idades compreendidas entre os 13 e os 25 anos, apresentando uma média de idades de 17.17 (DP= 3.28). O nível de escolaridade da amostra é composto por 296 sujeitos que

Imagem

Tabela 1. Caracterização da amostra geral.
Tabela  3.  Diferenciação  de  variáveis  sociodemográficas  em  função  da  configuração  familiar
Tabela  14.  Diferenciação  da  qualidade  de  vinculação  amorosa  em  função  da  configuração familiar
Tabela 15. Diferenciação da qualidade de vinculação amorosa em função do género
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