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Tutoria em Educação a Distância: Efetividade do Tutor no Desempenho dos Alunos no EaD

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Academic year: 2021

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Edson Martinsa*

Resumo

Por ser um importante campo educacional crescente a cada ano, o Ensino à Distância – EaD, vem oferecendo vários desafios na busca da aprendizagem no Brasil. Desse modo, observa-se o desafio dos tutores na mediação entre alunos e professores, em meio a um ambiente virtual cada vez mais tecnológico e prático. Na busca da efetividade no aprendizado dos alunos, os tutores focam um desempenho global na facilitação do entendimento no uso das ferramentas e material didático, em um ambiente virtual e desafiador. Entretanto, entre seus maiores desafios está na variabilidade do comportamento, nos ritmos individuais inerentes às diversidades socioculturais e nas diferentes experiências pessoais e profissionais, mediante um público discente diversificado e totalmente heterogêneo. Embasado em um levantamento bibliográfico, o presente trabalho traz uma proposta metodológica que propõe ampliar a capacitação do tutor frente aos interesses das instituições que visam efetiva aprendizagem e melhor desempenho dos seus alunos no EaD.

Palavras-chave: Tutor. Ensino à Distância. Desempenho Educacional Abstract

As an important field of education increasing each year, the Distance Education Learning is offering several challenges in the pursuit of learning in Brazil. In this way, we can see the challenge of the tutors in mediating between students and teachers, in the midst of a virtual environment increasingly technological and practical. In search of the effectiveness of student learning, tutors focus on overall performance in facilitating the understanding in the use of tools and educational materials in a virtual environment and challenging. However, one of their biggest challenges is the variability of behavior in individual rhythms inherent diversities in different types of culture and in the different personal and professional experiences, through a diverse student and totally heterogeneous. Based upon a literature review, this document presents a methodology that proposes to expand the capacity of the tutor ahead of the interests of institutions aimed at effective learning and better performance of their students in Distance Education Learning.

Keywords: Tutor. Distance Education Learning. Educate Effectiveness.

Tutoria em Educação a Distância: Efetividade do Tutor no Desempenho dos Alunos no EaD

Mentoring in Distance Education: Effectiveness of the Tutor Performance of Students in

Distance Education

aFaculdade Anhanguera de Ribeirão Preto, Curso de Pós-Graduação em Metodologias e Gestão para EaD, SP, Brasil *E-mail: edson.martins@aedu.com

1 Introdução

Desde o surgimento do ensino à distância - EaD já despontavam os desafios das instituições em obter sucesso em seus projetos, se fazendo presente a preocupação com o desempenho de seus alunos, não apenas com a absorção da metodologia pedagógica utilizada, o material didático, os meios de comunicação tecnológica e a avaliação, mas fortalecendo os serviços de apoio contínuo vislumbrando a figura do tutor. Como garantir que bons tutores obtenham o máximo desempenho dos alunos sintetiza uma forte necessidade nas instituições de EaD.

Uma palavra que pode ser inserida e vem se despontando nos meios profissionais do ensino à distância, expressando fortemente o papel do tutor, é que ele deve ser o mediador efetivo. Este tutor fará as orientações necessárias e acompanhará o processo, conhecendo, dando feed-backs e avaliando os ritmos e estilos de aprendizagem fortemente diversificados dos alunos de hoje, em um desafiante confronto sócio cultural das gerações X, Y e Z. O tutor é um facilitador “on-line” que viabiliza a aprendizagem e favorece o desempenho do aluno.

Nas instituições de ensino atuais que mais se destacam como nas demais, existe um grande desafio. Como garantir que os tutores obtenham o máximo de desempenho dos seus alunos no EaD? Que parâmetros estão relacionados com este objetivo? Podemos destacar importantes atuações efetivas do tutor no desempenho discente como garantir o acesso dos alunos ao ambiente virtual de aprendizagem, como acolher e motivar o aluno ao estudo e participação em cada fase de seu curso. Hoje a tecnologia está cada vez mais abrangente e diversificada para ser aplicada aos ambientes virtuais de EaD e poderá ajudar na necessidade de comunicação variada presente em ambientes síncronos e assíncronos. Precisa-se entender e acompanhar a realização das atividades relacionadas nestes ambientes para saber qual apoio a ser dado e que condição a ser fornecida para acesso aos materiais didáticos, no processo de esclarecimento de dúvidas e na interação de forma contínua, individual e coletiva, como também em possíveis conflitos e dificuldades dos alunos.

O tutor é orientador, provocador e incentivador do aprofundamento nos conteúdos e no uso de bibliografias. Fornecer feedbacks claros e detalhados das atividades e das

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contribuições dos alunos ajudará neste aprofundamento e dará direção. Desta forma podemos destacar um lado importante que compõe o professor tutor, que são as competências sócio-afetivas. Este tipo de comportamento se faz necessário, pois ajudará manter o ambiente virtual mais amigável e informal, aumentando a inter-relação professor-aluno, incentivando a aprendizagem e encorajando a participação individual e em grupo.

Assim, o objetivo deste trabalho é mostrar a importância do professor-tutor em gestão de cursos à distância. Apontar que apesar de uma instituição de educação ter boa estrutura nos pontos básicos pedagógicos e tecnológicos, ela precisa modelar e definir bem o processo dos tutores para que o sucesso seja alcançado e mantido.

2 Desenvolvimento 2.1 Embasamento teórico

É importante conhecer os desafios de um tutor, compreender o ambiente que o envolve e suas finalidades, as aplicações das ferramentas e metodologias disponíveis (MAGGIO, 2000).

Segundo Dlitwin (2001, p.103)

[...] o tutor se encontra diante de uma tarefa desafiadora e complexa. Como prepará-lo para desenvolvê-la? A formação especializada é imprescindível. Neste ponto nós nos perguntamos: de que conhecimentos necessita o tutor? Em princípio não são – não deveriam ser – diferentes dos que precisam ter um bom docente.

Deve-se ter claramente os pontos fortes e fracos do tutor em relação aos meios como metodologias pedagógicas e culturas das instituições, materiais didáticos na variedade de mídias (impressas, som e vídeo) com seus códigos verbais, icônicos e sonoros, lidar com novas tecnologias digitais como internet, tele e videoconferência, multicast, participando da interação professor-aluno nos chats e fóruns, e-mails e correção de trabalhos e avaliações, envolvendo-se assim em consonância com o ambiente virtual de aprendizagem - AVA, se adaptando desta forma ao modelo de tutor online.

Aspectos como formação e conhecimento do professor tutor são importantes para que ele possa ter competência docente, mas é fundamental que este profissional interaja com capacitação pedagógica e tenha desenvoltura como educador e construtor do bem humano, buscando a conscientização do aluno no objetivo de alcançar o desempenho necessário, num ambiente diversificado e heterogêneo.

Neste consenso, como saber lidar com as diferenças será fundamental, pois nos cursos EaD, conforme recentes informações de pesquisas da educação no Brasil citadas mais adiante, há uma grande diversidade no público de estudantes como diferenças de nível cultural, conhecimento, educação, níveis sociais, entre outros.

A Educação a Distância está passando por um momento de transição onde muitas instituições de ensino apresentam restrições na aplicação de fatores importantes do presencial

para o ambiente virtual. Ainda no final dos anos 1990, foram criados os chamados ambientes de aprendizagem, sites que reúnem diversos recursos utilizados em cursos a distância via web, tais como repositórios de arquivos, salas de bate-papo e fóruns, o que transformou o modo de se fazer educação à Distância. Agora já temos a quinta geração, representada pela organização de classes virtuais, com base na utilização de métodos construtivistas de aprendizagem colaborativa e de textos e materiais disponibilizados em áudio e vídeo e uma única plataforma de comunicação.

Esses ambientes tornaram possível uma maior comunicação e interação entre os participantes e colaboraram para produzir outro entendimento sobre os usos e potencialidades dessa modalidade educacional. Mesmo assim, já é perceptível que se começa a passar dos modelos predominantemente individuais para os grupais na educação à distância. Das mídias unidirecionais caminhamos para mídias mais interativas, e mesmo os meios de comunicação tradicionais buscam novas formas de interação.

Muitos artigos abrangem que a importância do uso de tecnologias digitais no desenvolvimento dos cursos á distância, como reforça Amorim (2002, p.10) sobre as tecnologias arrojadas e com ação à distância:

A Aprendizagem Colaborativa com Suporte Computacional (Computer Supported Colaborative Learning - CSCL), tem se mostrado cada vez mais um modo sofisticado de habilitar os aprendizes a ganhar entendimento não só de seus próprios pensamentos, idéias e experiências, como também de seus colegas, por meio da utilização de várias formas de diálogo compartilhado.

Cada vez mais a tecnologia vem sendo aplicada nas estruturas de EaD deixando os processos mais produtivos, os conteúdos melhoram com materiais cada vez mais didáticos e de fácil acesso ao aluno, contudo o mais importante é não perder de vista que nas estruturas mais modernas não se garante a qualidade da proposta. Na gestão pedagógica em cursos de EaD há grandes desafios e não serão alcançados sem competência técnica da gestão. Dentre os desafios desta modalidade está o objetivo de garantir um desempenho aceitável dos alunos fazendo com que consigam interagir da melhor forma com os dispositivos que a estrutura nessa modalidade de ensino pode oferecer pode oferecer, obtendo assim o máximo do conhecimento. Para que isto seja possível torna-se fundamental o papel do tutor na intermediação do aluno com os vários meios do EaD, como com o professor, as vídeo-aulas, com os conteúdos da disciplina, o acompanhamento do aprendizado, o comportamento do aluno nos ambientes virtuais e por fim, as avaliações através de trabalhos, participação em chats e fóruns e provas.

Em um modelo pedagógico tão diferenciado como nos cursos à distância, os problemas do aluno começam a aparecer em diversas formas e ocasiões, e neste momento é preciso que a figura do professor-tutor seja o maior diferencial para superar as dificuldades que vão surgindo durante o desenvolvimento do curso.

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Podemos delinear basicamente dois tipos importantes que são sorvedouros da maioria dos problemas de improdutividade encontrados por alunos nos cursos de EaD: dificuldades dos alunos e dificuldades do tutor. Para lidar de forma mais abrangente com estes dois fatores, abordaremos também sobre o papel do tutor mediador efetivo.

2.1.1 Dificuldade dos alunos de EAD

Boa parte do problema é devido ás dificuldades dos alunos, conforme mencionado anteriormente, ter que lidar com um novo modelo de estudo que difere muito do que durante todo seu processo educacional ele assimilou e viveu, no modelo presencial, pode apresentar facilmente um ambiente desmotivador. A figura pessoal do professor e colegas de classe em um ambiente muitas vezes de amizade, ou seja, o apoio afetivo de colegas e professores, para alguns alunos começa a fazer falta, pois no ambiente virtual este comportamento muda e o aluno pode se sentir inseguro, desmotivado e desistir do curso.

O aluno passa a lidar com uma nova espacialidade e temporalidade, conhecendo novos dispositivos tecnológicos do ambiente virtual, as novas tecnologias de informação e comunicação - TIC, com atividades síncronas e assíncronas, induzindo-o a adaptar-se a um conceito pedagógico diferente e de maior autonomia de estudo. Estes aspectos precisam ser considerados pelas instituições de EaD para melhor entender este perfil e atuar com mais efetividade na facilitação de aprendizado para aluno, pois é frequente casos de alunos pertencentes a exclusão digital. A instituição necessita dar apoio na fase inicial acompanhando cuidadosamente as dificuldades iniciais do curso.

Outro ponto importante a se destacar são as dificuldades do aluno no aprendizado devido aos níveis baixos de educação, conhecimento e pouca prática de leitura e editoração, incluindo sérios problemas de gramática, dificuldades de comunicação e isto abrange trabalho em grupo, em fóruns e chats. Dificuldades estas que acabam levando ao baixo desempenho, consequente desinteresse e abandono do curso.

2.1.2 Dificuldades do tutor de EAD

Se o professor-tutor não for considerado o detentor do conhecimento e deixa de ter a função de ensinar, talvez ele já não seja mais necessário. Sua figura se desdobra em desempenhar a função substituta do professor, como também a de orientar e de estimular os participantes dos cursos, conforme destacam Moulin, Pereira e Trarbach (2004, p.27):

O fato de o aluno assumir sua aprendizagem na modalidade a distância não exclui o apoio que deve receber ao tomar decisões sobre a definição de suas metas pedagógicas ou nos momentos em que surgem os bloqueios e as dúvidas. Cabe à tutoria proporcionar orientação sobre os caminhos a seguir, propor atividades inteligentes, acompanhar e avaliar a aprendizagem. Alguns estudos, além de descreverem o modo de condução no que fazer do tutor, reforçam o entrave para o

avanço do EaD, levando assim instigá-lo para que produza uma transformação em si mesmo.

O tutor não pode atuar com eficiência e responsabilidade se não conhecer o conteúdo de todo material didático disponível e das novas tecnologias de informação e comunicação, necessitando tempo rápido de resposta nos questionamentos e dúvidas dos alunos, garantindo assim o desenvolvimento, a satisfação e a viabilização do desempenho deste público. Por isso que uma boa formação é necessária, assim como necessária uma avaliação prévia dos gestores de EaD sobre sua capacidade em cumprir sua função plenamente, pois nem sempre um bom professor será um bom tutor. Em alguns momentos, durante a mediação, é necessário que o professor-tutor desempenhe o papel de analítico, de analista,detalhador dos assuntos, de pesquisador que se faz presente para agregar novos conhecimentos ao debate, explicar melhor algo que não foi compreendido pelos participantes, e também para pedir a eles maiores esclarecimentos sobre suas falas, sempre que preciso. A moderação é a prática da costura textual, que favorece a interlocução com todos os participantes.

Por outro lado, ele deve ter a postura para obter o máximo de integração do aluno com o ambiente virtual, diante das dificuldades presentes dos alunos citadas acima, como também saber enfrentar a enorme quantidade de interações com os alunos nos fóruns, no atendimento as dúvidas, na metodologia de recebimento, correção e postagens de feedbacks e notas para os alunos. Lidar com absenteísmos e desinteresse dos alunos devido ás dificuldades encontradas. Então é necessário que este profissional esteja bem preparado e adaptado a esta nova necessidade pedagógica de apoio professor-aluno.

2.1.3 O tutor mediador efetivo

Para que um tutor consiga o objetivo de obter alto desempenho do aluno ele precisa estar capacitado a não só ser um professor, mas um mediador efetivo. De acordo com Shulman (1998) um docente deveria conter:

• Conhecimento do conteúdo;

• Conhecimento pedagógico do conteúdo e organização da classe;

• Conhecimento curricular;

• Conhecimento sobre os contextos educacionais; • Conhecimento das finalidades, propósitos e valores

educativos, suas raízes históricas e filosóficas. O conhecimento acerca das disciplinas escolares, o que os alunos devem aprender, estão alicerçados em duas bases: a literatura absorvida em estudos na área de conteúdos, e por outro lado, o saber histórico e filosófico a cerca da natureza do conhecimento nestes campos de estudo. O conhecimento é a base do professor tutor para execução de tarefas e um inter-relacionamento de aspectos globais que envolvem uma instituição de ensino. O tutor necessita não só de maior visão do processo que está intrínseco neste conteúdo como também de maior capacitação pedagógica no tratamento com os alunos, com propriedade avaliativa adequada aos requisitos

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necessários de aprendizagem abordado por Santos e Resende (2002, p.20).

O professor necessário para atuar como mediador pedagógico de um curso desta natureza [a distância] deverá possuir visão clara do processo de construção de conhecimento, da Metodologia baseada em problemas, dos métodos adequados de avaliação e postura consistente com a abordagem construtivista.

Como lidar com a diversidade dos alunos é um dos desafios da tutoria. Conforme censo de 2010 a educação superior brasileira é composta na maioria pelo público feminino, e que a média de idade dos alunos que entram numa graduação a distância de ensino superior é de 33 anos, caracterizando um público que teve no passado dificuldades em se graduar e que possuem boa experiência profissional e almejam um curso superior com opções de horários, ou querem uma segunda graduação para ascender novos cargos (BRASIL, 2011). Este tipo de perfil normalmente trabalha de dia e estuda a noite, tendo que lidar com a falta de tempo com deveres de estudo.

Existem outros fatores interessantes nesta diversidade que são relacionados às diferenças de níveis culturais e sociais, devido características típicas demográficas da população brasileira, mas uma das que mais chamam a atenção dos mediadores e profissionais do ensino, incluindo além do ensino a distância também o presencial, são os diferentes níveis educacionais e de conhecimento. É preciso que o tutor saiba lidar por um lado, com aqueles alunos de alto conhecimento porque irão ser mais questionadores, como também aqueles de baixo conhecimento, pois irão apresentar maiores dificuldades nos conteúdos disciplinares, necessitando assim de compreensão e orientação mais pacienciosa.

Outro ponto importante no destaque do tutor mediador efetivo está em lidar com uma diversidade relacionada com as gerações X, Y e Z. A primeira mais destacada por ter liberdade no trabalho e nas relações pessoais, a segunda classe por possuir autoestima razoável, sabem trabalhar em rede, lidar com hierarquias como se fossem colegas de turma. A terceira, altamente individualista e focada nas próprias recompensas, têm uma profunda consciência social e está preocupada com direitos humanos. Eis então um confronto interessante, pois poderão estar em um mesmo curso e exigindo do tutor on-line uma atuação de tratamento diferenciado que, apesar das diferenças, faça total convergência para os objetivos do curso, e assim sua adaptação á interação e ao desenvolvimento de seu desempenho.

Pode ser destacado outro ponto sobre o apoio do tutor na interação com ambiente virtual e incentivo para o estudo e participação efetiva no curso. Concentrar sua atuação na facilitação do acesso às atividades realizadas pelos alunos, oferecer suporte na utilização do ambiente e nos materiais didáticos, esclarecer dúvidas, bem como mediar eventuais conflitos. Ao mediar um fórum de discussão, o tutor (professor on-line) deve desempenhar três papéis importantes se destacando como: provocador, moderador e sintetizador. O tutor provocador lança a discussão colocando o tema

relacionado á aula, fazendo questionamento, contextualizando, apresentando diferentes pontos de vista, como também provocando opiniões.

O papel do moderador é entrar em cena quando há exposição de opiniões no debate, sendo necessário interagir com estas opiniões, focando para o objetivo esperado e o resultado de aprendizagem. Esta postura é importante para dar aos alunos direcionamento, eliminando a dispersão do debate e focando sua atenção no processo de mediação das interações online, na construção individual e coletiva do conhecimento por parte dos participantes. Neste contexto, o trabalho do professor passa a ser o de encorajar as trocas aluno-aluno e de estruturar o trabalho dos estudantes (AMORIM et al., 2002).

O tutor realiza também a função de sintetizador das dúvidas e discussões, na adequação da resposta na solicitação do aluno, de forma a garantir que o problema apresentado seja solucionado de forma rápida, agilizando o tempo de resposta de cada questionamento. Assim como no papel de moderador, deve ser desempenhado ao “final” de um questionamento ou discussão, após um momento onde já se realizou debate para concluir o conhecimento construído. Desta forma o tutor on-line fortalece o devido aprendizado e facilita aos alunos a aprendizagem desenvolvida pelo grupo.

Completa a abrangência deste trabalho como uma peça final de um quebra-cabeça, o tutor tem que ter competência sócio-afetiva. Segundo Silveira (2005), deve haver um comprometimento docente com a formação da competência humana para a autonomia da ajuda. Isso significa que ela deve ser vista como um processo no qual a diferenciação entre sala de aula – presencial ou virtual – torna-se um expediente secundário. Para viabilizar este aspecto precisa-se estabelecer um “contrato psicológico” com os alunos, trabalhando suas expectativas em relação ao curso e ao processo de aprendizagem, manter-se afetivamente próximo e comunicacionalmente presente no espaço virtual por meio de mensagens frequentes, de preferência em tom informal, pessoal e bem-humorado, utilizando “emoticons” e recursos de formatação textual, e estabelecendo interações comunicacionais mais horizontais e simétricas com os alunos. Importante apoiar e estimular a aprendizagem, por meio de mensagens de suporte que valorizem e encorajem a participação individual e grupal e que elucidem os desafios presentes na educação online, deve respeitar as especificidades culturais, o estilo pessoal e as disponibilidades (timing) de cada um para a interação.

A competência sócio afetiva pode ser manuseada em abrangências de mediação como por exemplo o mediador emocional, que consegue provocar motivação, suscita o incentivo, organiza os limites com equilíbrio diante da diversidade, possui autenticidade e desenvolve a empatia; como mediador gerencial, que organiza grupos, atividades de pesquisa, avaliações e interações; e por fim como mediador ético, que ensina a assumir e vivenciar os valores construtivistas, destacando o valor individual e também o valor social.

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3 Conclusão

A internet está caminhando para uma fantástica aplicação educativa audiovisual, para transmissão em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor numa tela, acompanhar o resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários). Cada vez será mais fácil fazer integrações mais profundas entre TV e WEB (ferramentas de navegação e pesquisa da Internet) sendo cada vez mais abrangentes as possibilidades educacionais. Com o alargamento da banda de transmissão, como acontece na TV a cabo, torna-se mais fácil poder ver-nos e ouvir-nos a distância. Muitos cursos poderão ser realizados a distância com som e imagem, principalmente cursos de atualização, de extensão.

As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número de pessoas envolvidas. Isso sinaliza que a aprendizagem de conteúdos específicos estaria sendo entendida como secundária, cabe a nós educadores refletirmos sobre os possíveis efeitos dos modos como estamos organizando e orientando nosso trabalho. Muito se discute acerca da efetividade e as competências do professor-tutor para o desempenho dos alunos, seus modos articulatórios, modelos explicativos e performances coletivas. Cabe tornar acessível ao entendimento a importância do conceito de competência, e de sua gestão, face às exigências de um ambiente de mudanças vertiginosas.

A gestão com pessoas se destaca como um dos maiores desafios de nosso século, principalmente face ás novas demandas e o despreparo das pessoas para as exigências de mudanças exigidas pelas novas referências de mercado. A preocupação das instituições em buscar ou até mesmo formar profissionais com competências para a ação docente nos cursos à distância apontam um grande investimento na implementação de soluções que satisfaçam os problemas identificados com a formação dos alunos e tutores, apesar de que nem todas as aplicações em experiências na docência

presencial podem ser transportadas para o contexto da docência online.

A tutoria online é formada por competências muito singulares como conhecimento científico, porém a aprendizagem e as reestruturações cognitivas necessárias exigem tempo e acúmulo de experiências, sendo fundamental a formação continuada voltada para a ação, para a interação pedagógica, a mediação, a motivação, e por fim, o lado sócio-afetivo.

No papel de mediador entre o saber e o aprendiz, o tutor sedutor tem a perfeita consciência que não é ele o detentor exclusivo do conhecimento, é antes de tudo, uma ponte para a fluência dos saberes em construção.

Referências

AMORIM, J. et al. Ambientes de compartilhamento de material didático em Educação a Distância. Tecnol. Educ., v.31, n.157/158, p.7-18, 2002.

DLITWIN, E. Educação a Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Censo da Educação Superior 2010 – MEC. Divulgação dos Principais Resultados do Censo da Educação Superior 2010. Brasília: MEC, 2011.

MAGGIO, M. O tutor na educação a distância. In: DLITWIN, E. Educação a Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

MOULIN, N.; PEREIRA, V.; TRARBACH, M.A. Formação do tutor para Educação a Distância. Tecnol. Educ., v.31, n.163/166, p.25-36, 2004.

SHULMAN, J.; LOTAN, R.; WHITCOMB, J. Group in diverse classroom. New York: College, 1998.

SANTOS, H.; REZENDE, F. Formação, mediação e prática pedagógica do tutor-orientador em ambientes virtuais construtivistas de aprendizagem. Tecnol. Educ., v.31, n.157/158, p.19-29, 2002.

SILVEIRA, E.S.; MURASHIMA, M.K.; TRACTENBERG, L. Tutorial de professores do FGV Online. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

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