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FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ATENDIMENTO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

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Gilmar de Carvalho Cruz 蔞 Professor Assistente da UEL; Doutorando em Educac ao Fısica na UNICAMP; Bolsista da CAPES.

INTRODUC AO

A intervenc ao da Educac ao Fısica em ambiente escolar, leva ao relacionamento com grupos heteroge neos, constituıdos por crianc as com diferentes nıveis de habilidade motora. Esta situac ao torna-se ainda mais evidente ao se considerar a presenc a, em aulas de Educac ao Fısica, de pessoas com necessidades educacionais especiais caracterizadas por algum tipo de deficie ncia, seja ela fısica, mental, sensorial ou multipla. Diante da perspectiva de inclusao escolar de pessoas que apresentam deficie ncia essa discussao recebe um colorido especial, principalmente no tocante a suas implicac oes no processo de formac ao profissional do professor de Educac ao Fısica.

E a partir da assunc ao de que o processo de ensino-aprendizagem em aulas de Educac ao Fısica diz respeito ` construc ao de um ambiente que proporcione ao aluno vive ncias motoras significativas ao seu processo de desenvolvimento e capazes de corroborar o projeto pedag–gico da escola, que se deve considerar a possibilidade de intervenc ao na realidade de alunos que apresentem deficie ncia. Em se tratando das implicac oes da

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Este texto faz parte do processo de elaborac ao de Tese de Doutorado á realizado no Programa de P–s-graduac ao em Educac ao Fısica da Faculdade de Educac ao Fısica da UNICAMP á sob orientac ao do Professor Doutor Julio Romero Ferreira. Agradec o sua valiosa contribuic ao na leitura do trabalho.

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inclusao de alunos com necessidades especiais em aulas de Educac ao Fısica, hé de se perceber o quao inapropriado “ pensar em uma Educac ao Fısica inclusiva sem que este pensamento esteja acompanhado de uma criteriosa reflexao a respeito do processo de formac ao profissional deste professor.

Neste sentido, nao se pode perder de vista que parte dos professores atuantes em nossas escolas nao teve, durante sua formac ao, acesso a qualquer informac ao relacionada ao assunto ”deficie nciaâ á particularmente aqueles formados at“ meados da d“ cada de oitenta do s“ culo rec“ m findo. Aliado a este fato esté o de que o conhecimento acumulado sobre esse assunto carece aprofundar-se tanto em nıvel de reflexao filos–fica quanto de conteudo empırico.

Dentre as diferentes entradas possıveis para se abordar o tema da educac ao escolarizada de pessoas que no Àmbito das necessidades educacionais especiais apresentam algum tipo de deficie ncia, a formac ao do professor ocupa posic ao de destaque em discussoes acade micas, profissionais e polıticas. A esse respeito vale a pena aproximarmo-nos dos apontamentos feitos por Bueno (1999) sobre a formac ao profissional em Educac ao Especial. Para ele “ necessé rio que se avance no relacionamento estabelecido entre professores do ensino regular á despreparados para o atendimento de alunos que apresentam deficie ncias á e professores do ensino especial á que al“ m de distantes do trabalho pedag–gico realizado no ensino regular, assentam a intervenc ao profissional nas deficie ncias de seus alunos. Em sua opiniao trata-se de uma falsa dicotomia o embate entre generalistas e especialistas por

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considerar que tanto o ensino regular quanto o especial, devem prover o devido atendimento educacional de pessoas portadoras de necessidades especiais.

Por“ m, a despeito do indicado tanto em nossa Carta Magna, de 1988 (BRASIL, 1997), quanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educac ao Nacional, de 1996 (BRASIL, 2001), cabe atentar que ”o registro legal, por si, nao assegura direitos, especialmente numa realidade em que a educac ao especial tem reduzida expressao polıtica no contexto da educac ao geralâ (FERREIRA, 1998, p.7). Cumpre, portanto, perceber que a formac ao do professor nao termina ao final de um curso de graduac ao. Muito menos se deve ter em mente que a p–s-graduac ao (seja em nıvel lato ou stricto) seré redentora de uma formac ao com lacunas aparentes. Outro equıvoco referente ao investimento profissional ap–s a graduac ao “ acreditar que a experie ncia profissional, por si s–, daré conta de capacitar o professor.

A formac ao contınua, continuada ou permanente do professor “ abordada, na esfera da educac ao escolarizada, por trabalhos como os de Perrenoud (2002; 1999; 1998), que ao enfatizar a pré tica reflexiva na formac ao contınua do professor justifica-a devido a uma formac ao inicial, por vezes superficial, que pode se beneficiar da cooperac ao entre pares. Nessa mesma linha de pensamento ele indica como uma das compete ncias do professor a gestao de sua formac ao contınua, indicando a implementac ao de projetos de formac ao em conjunto com professores da unidade escolar. Em sua opiniao a formac ao contınua representa a busca de equilıbrio entre o autoritarismo das ”reciclagens obrigat–riasâ e a desarticulac ao entre a liberdade de escolha dos

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professores, quanto ao seu aperfeic oamento, e uma determinada polıtica educacional.

‘ assertiva anterior pode-se acrescer a crıtica radical que Collares, Moys“ s e Geraldi (1999) fazem `s polıticas brasileiras de formac ao continuada, entendida mais como um processo de ”descontinuidadeâ da relac ao entre a formac ao pr“ via e o exercıcio profissional do professor. Eles apontam como um dos denunciadores dessa ”polıtica da descontinuidadeâ a ”vulgarizac ao de modelos cientıficos, tornados ’modismosÓ e transmitidos como ’receitasÓ, em panac“ ia para todos os problemasâ (p.215). Ainda na esfera da formac ao contınua, continuada ou permanente do professor Imbern–n (2000), por sua vez, destaca na formac ao permanente do professor: a reflexao sobre sua pré tica educativa, a troca de experie ncias entre os pares e a formac ao atrelada a um determinado projeto de trabalho. Vale ressaltar nos trabalhos mencionados (PERRENOUD, 2002, 1999, 1998; COLLARES et al., 1999 e IMBERNO N, 2000) a formac ao do professor entendida como um processo dinÀmico longe de ter um ponto final pr“ -estabelecido por ocasiao de uma formac ao pr“ via, inicial ou bé sica.

Na Educac ao Especial, os debates em torno da formac ao do professor responsé vel pelo atendimento educacional escolarizado de alunos que apresentam necessidades especiais vao desde reunioes pedag–gicas realizadas nas unidades escolares, at“ a definic ao de polıticas publicas de educac ao, passando por reflexoes te–ricas e proposic oes acade micas. Denari (2001), Glat, Magalhaes e Carneiro (1998) sao algumas das autoras que ao desferirem seus olhares sobre a formac ao / capacitac ao de professores em

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uma perspectiva educacional inclusiva, apontam a importÀncia da experie ncia profissional cotidiana do professor em sua formac ao continuada. Ferreira (1999) contribui ` discussao sobre a elaborac ao de um projeto pedag–gico para a formac ao de professores que atuam na Educac ao Especial apontando para uma formac ao inicial generalista á afinada com preceitos de atendimento ` diversidade na educac ao escolarizada á devidamente articulada a uma formac ao continuada incumbida da formac ao especıfica do ”educador especialâ. Nesta linha de pensamento pode-se reunir Jannuzzi (1995) quando ela sugere como ponto de partida para uma escola inclusiva uma formac ao comum para todos os professores, reservando para cursos extracurriculares, de aperfeic oamento ou de formac ao em servic o, os conteudos especıficos pertinentes `s demandas educacionais dos alunos que apresentam necessidades especiais.

Cabe reunir `s reflexoes e apontamentos anteriores as ponderac oes de Fusari (1999) ao sinalizar que a proposic ao de programas de formac ao contınua, ou em servic o, nao deve ignorar circunstÀncias hist–ricas que podem agir como deformadoras do professor em seu exercıcio profissional. Avanc ando em suas considerac oes sugere ainda que tais proposic oes ”sejam mais pr–ximas de um paradigma que propicie a formac ao do educador como um processo permanente, composto pela articulac ao entre a formac ao inicial e a contınuaâ, levando o professor ` produc ao de conhecimento amparado pela ”pré tica profissional coletiva reflexivaâ (FUSARI, 1999, p.223). Ele nos alerta tamb“ m para o fato de que:

As modalidades de educac ao contınua sao meios, portanto subordinados a determinados princıpios e objetivos. A experie ncia mostra que, numa avaliac ao das nossas vive ncias com modalidades

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de formac ao contınua, sejam elas quais forem, algumas foram muito importantes, propiciando, de fato, desenvolvimento pessoal profissional, e outras nao (FUSARI, 1999, p.224).

Toda essa discussao “ potencializada pela expectativa criada sobre o processo de inclusao de alunos com necessidades especiais em nosso sistema de ensino. Ao investigar o processo de inclusao no municıpio de Maringé -Pr. Miranda (2001) menciona que ac oes governamentais como organizac ao de cursos e eventos de capacitac ao de professores para atuarem no ensino especial á particularmente em situac oes de inclusao á podem estar apoiadas mais na perspectiva da racionalidade financeira do que na efetivac ao da inclusao escolar dessa parcela de nossa populac ao estudantil, haja vista, de acordo com a pr–pria autora, o movimento de esvaziamento das classes especiais a partir de 1997. De qualquer modo, seja em ambiente integrado ou segregado, The Council for Exceptional Children (2000) ao se referir ` preparac ao para atuar em Educac ao Especial, destaca a importÀncia do contınuo crescimento profissional. Contudo, cabe analisar em profundidade a capacitac ao/formac ao do professor. Deve-se cuidar para que essa capacitac ao/formac ao nao transfigure professores em espantalhos ` busca do mé gico de Oz. Pap“ is assinados estao longe de garantir qualidade na atuac ao profissional.

E oportuno observarmos, neste momento, as implicac oes da Lei de Diretrizes e Bases da Educac ao Nacional (BRASIL, 2001) no atendimento educacional de pessoas que apresentam necessidades especiais. Em seu artigo 58 a Educac ao Especial “ tida como modalidade de educac ao escolar a ser ofertada, preferencialmente, na rede regular de ensino. Na seq¨e ncia o artigo 59, em seu inciso terceiro, indica que os sistemas de ensino

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assegurarao ”professores do ensino regular capacitados para a integrac aoâ de alunos com necessidades especiais nas classes regulares. Neste caso, nao podemos perder de vista que os avanc os desejados na esfera educacional dizem respeito a amplas e profundas transformac oes em nosso sistema de ensino, do qual faz parte a Educac ao Especial enquanto espac o responsabilizado pela escolarizac ao de alunos que apresentem demandas educacionais especıficas. Vale, portanto, destacar que:

[...] as perspectivas polıtico-institucionais da educac ao especial [...] dependem de sua inserc ao no Àmbito das vé rias reformas que estao ocorrendo e vao ocorrer num prazo relativamente curto, contexto no qual a LDB “ mais um momento importante dos embates polıticos, do que a expressao da sıntese possıvel dos mesmos (FERREIRA, 1998, p.9).

Seja por interm“ dio da iniciativa publica (PARANÊ, 2002; MIRANDA; CARMO, 2001) ou privada (UNIVERSIDADE GAMA FILHO, 1994), algumas ac oes ve m sendo fomentadas com o intuito de oferecer o devido suporte para o enfrentamento das tensoes decorrentes de uma perspectiva educacional inclusiva. Parte do que pode se chamar de encaminhamentos objetivos ` problemé tica da inclusao diz respeito ` formac ao profissional. Nesta direc ao pode-se citar trabalhos que apesar de nao focalizarem especificamente a formac ao do professor de Educac ao Fısica em uma perspectiva educacional inclusiva indicam a relevÀncia de programas de formac ao continuada na formac ao profissional deste mesmo professor, nos permitindo pensar sobre o aporte de seus estudos em contextos educacionais inclusivos.

E o caso dos estudos de G¨nther e Molina Neto (2000) e Molina e Molina Neto (2001), que contribuem nessa discussao com apontamentos favoré veis ` formac ao continuada. O primeiro estudo á

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assentado nas representac oes de professores de Educac ao Fısica da rede municipal de ensino de Porto Alegre sobre a relac ao entre sua pré tica docente e atividades de formac ao permanente á constata na fala dos professores investigados a revisao de sua pré tica pedag–gica como decorre ncia da participac ao em atividades de formac ao permanente. No segundo estudo professores de Educac ao Fısica da rede municipal de ensino de Porto Alegre á envolvidos em atividade de formac ao permanente orientada por professores de Educac ao Fısica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul á revelam a necessidade de participarem de um processo de reflexao permanente em contraposic ao ` priorizac ao de ”novos procedimentos e estrat“ gias didé ticas inovadorasâ (ibid., p.83) nas propostas de formac ao permanente correntes.

Ao nos reportarmos ` id“ ia de incluirmos alunos que apresentam necessidades especiais na rede regular de ensino nao podemos esquecer que a centralidade da questao reside no processo de educac ao escolarizada dessas pessoas. E importante destacar esta afirmac ao ` medida que distorc oes relacionadas ` maneira de abordar o tema inclusao podem conduzir ` supervalorizac ao da integrac ao social em detrimento da escolarizac ao dos alunos mencionados.

A despeito dos desafios impostos por essa ”novidadeâ denominada inclusao, a formac ao á em nıvel de ensino superior á do professor que atua na educac ao bé sica, apresenta necessidade de aprimoramento com o intuito de oferecer o devido suporte aos futuros profissionais da educac ao. Ter isso em mente “ importante para que se desvincule a id“ ia da formac ao continuada / permanente / em servic o, como sendo redentora de uma formac ao

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superior deficiente, ou mesmo como encarregada de preencher as lacunas observadas nesta formac ao. A noc ao de que a graduac ao oferece uma formac ao profissional inicial, formac ao esta que continua se processando ao longo da vida profissional, “ fundamental para que a atenc ao ` necessé ria aproximac ao de estudos e experie ncias recentes nao seja negligenciada.

A responsabilidade de escolarizar pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais “ de todos os participantes do sistema de ensino brasileiro, e passa pelo refletir-agir cotidiano. E animadora a constatac ao de polıticas educacionais que buscam o aprimoramento da intervenc ao didé tico-pedag–gica dos professores. Contudo, mudanc as na esfera polıtica tendem ser in–cuas se desprovidas de ac oes concretas (JENKINSON, 1997). Os debates acade micos que sustentam a atuac ao do professor precisam se aproximar mais das questoes relacionadas ao processo ensino-aprendizagem implementado no dia-a-dia escolar. Por mais que se perceba avanc os, nao se pode ignorar a distÀncia que persiste em se manter entre o conhecimento produzido academicamente e a resoluc ao de problemas enfrentados no cotidiano dos profissionais da educac ao.

Objetivo

O presente estudo objetivou identificar aspectos relevantes em um programa de formac ao continuada desenvolvido com professores do componente curricular Educac ao Fısica, envolvidos com o atendimento de alunos que apresentam necessidades especiais á mais especificamente algum tipo de deficie ncia á em um contexto educacional inclusivo.

ME TODO

O necessé rio aprimoramento da convive ncia entre reflexao e ac ao, sem preterir uma em relac ao a outra e numa perspectiva de mudanc a da realidade, conduziu ao assentamento do estudo em pressupostos da pesquisa-ac ao (THIOLLENT, 1986). Foram realizadas 52 horas de reunioes, divididas em 13 encontros entre maio e novembro de 2002. A constituic ao de um Grupo

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de Estudo/Trabalho com professores de Educac ao Fısica que atuam na educac ao bé sica foi necessé ria ` sistematizac ao de ac oes e reflexoes destes professores, no que se refere ao enfrentamento dos desafios postos pela iminente implantac ao de uma polıtica inclusiva no estado do Parané (PARANÊ, 2000, 2001).

O referido Grupo focou a organizac ao de ambientes inclusivos de aprendizagem em aulas de Educac ao Fısica. Esse envolvimento de professores que estao vivenciando a situac ao que se pretende investigar promove o adensamento dos aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais presentes na compete ncia profissional almejada na formac ao de professores de Educac ao Fısica, principalmente se a intenc ao “ prestar servic os de qualidade a todas as pessoas inseridas em nosso contexto social.

Sujeitos, local e procedimentos

Foram convidados a participar do Grupo de Estudo/Trabalho, voluntariamente, professores de Educac ao Fısica ministrantes de aulas para alunos com algum tipo de deficie ncia á incluıdos em turmas regulares á pertencentes ` rede publica de ensino bé sico da cidade de Londrina-PR. As escolas participantes do estudo sao vinculadas ` Secretaria Municipal de Educac ao de Londrina, que gerencia 78 escolas, 33.000 alunos e 2.300 professores, dos quais 105 sao do componente curricular Educac ao Fısica. Ao longo do estudo foi possıvel contar com a participac ao efetiva de 13 professores da rede municipal de ensino de Londrina.

No primeiro momento do estudo foram realizadas observac oes semanais á registradas em fitas VHS, pelo pr–prio pesquisador á das ac oes realizadas em aulas inclusivas de Educac ao Fısica ministradas pelos sujeitos do estudo. Quinzenalmente, se promoveram encontros á registrados em fitas cassete á para reflexoes acerca dos aspectos relacionados ` organizac ao de

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ambientes de aprendizagem em situac ao de inclusao. Foram realizadas discussoes tanto sobre textos pertinentes ` temé tica em questao, quanto relacionadas `s aulas á com alunos portadores de deficie ncia fısica incluıdos em turmas regulares á de professores de Educac ao Fısica do Grupo. A opc ao pela deficie ncia fısica deveu-se, ap–s discussao em grupo, pela dificuldade aparentemente maior de se atender um aluno com dificuldades de realizar movimentos corporais em um componente curricular que guarda como especificidade o movimento corporal humano / atividade fısica.

No segundo momento propunha-se focalizar o encaminhamento metodol–gico em aulas de Educac ao Fısica orientadas numa perspectiva inclusiva. Os dados coletados por ocasiao dos registros em fitas cassete foram transcritos para posterior ané lise e, assim como os registros em fitas VHS, permitiram acompanhar/analisar o desenvolvimento de um programa de formac ao continuada com professores de Educac ao Fısica atuantes em um contexto educacional afinado com a perspectiva de inclusao escolar de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais.

RESULTADOS E DISCUSSAO

Os registros em fitas VHS das aulas dos sujeitos envolvidos no estudo serviram como texto á vivo e vivido á destinado ` leitura/releitura da intervenc ao profissional de professores de Educac ao Fısica em face de uma perspectiva educacional inclusiva. Conseguir mapear a realidade para dela destacar pontos importantes ` intervenc ao do professor, e que interferem na conduc ao do processo ensino-aprendizagem provocado em aulas de Educac ao

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Fısica, pode significar uma orientac ao metodol–gica importante no aprimoramento da participac ao deste componente curricular em nossa paisagem educacional. Deste modo, visualizar-se-é nos quadros 1 e 2 a seguir, respectivamente, expectativas dos professores quanto ao Grupo de Estudo/Trabalho e a avaliac ao dos trabalhos conduzidos á realizada ao final de 2002.

Quadro 1 á Expectativas dos professores quanto ` constituic ao do Grupo de Estudo/Trabalho sobre organizac ao de ambientes inclusivos de aprendizagem

em aulas de Educac ao Fısica

Expectativa dos Professores quanto ao Grupo

Somar conhecimentos / desenvolver atividades mais apropriadas

Vivenciar atividades aplicé veis / aprender sobre diversos tipos de deficie ncia Adquirir conhecimento necessé rio para trabalhar com alunos deficientes Conhecer sobre o assunto / aperfeic oar / trocar experie ncias

Vivenciar experie ncias com o grupo / melhorar aprendizado na é rea para atender necessidade dos alunos

Entender melhor / solucionar de maneira precisa as situac oes-problema

Tirar duvidas com relac ao ` conduc ao das aulas (para melhor atender alunos com deficie ncia)

Como trabalhar com essa deficie ncia (fısica)

Ter mais conhecimento, informac ao sobre o assunto / troca de experie ncia / ajudar na pré tica

Poder trabalhar com a seguranc a de estar fazendo certo / o que fazer com o aluno cadeirante (para participar das atividades?)

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Quadro 2 á Avaliac ao dos professores sobre o Grupo

Avaliac ao dos Professores

Pontos positivos Pontos negativos / sugesto es A troca de experie ncias/troca de

conhecimentos

Conhecer mais tipos de deficie ncia Assistir `s pr–prias aulas Mais textos informativos

Refletir sobre a pr–pria pré tica Avaliac ao das aulas de Educac ao Fısica

Outra visao sobre como atuar Tempo curto

O confronto entre as expectativas dos professores e a avaliac ao feita ao final do ano de 2002, sinaliza que o espac o para troca de experie ncia profissional possui relevÀncia quando do enfrentamento das provocac oes existentes em nosso sistema de ensino, por parte de um determinado componente curricular. A cumplicidade caracterizadora do trabalho coletivo e leal foi um dos aspectos mais interessantes da vive ncia por ora em questao. Parece que nao se sentir sozinho “ o primeiro passo para superar angustias decorrentes de chamamentos s–cio-profissionais, como “ o caso da inclusao escolar de alunos com necessidades especiais, para os quais nao se constata a devida preparac ao á por maiores que sejam as controv“ rsias presentes nessa discussao. Deste modo um programa de formac ao continuada sugere ser alternativa potencial ` constituic ao de ambientes favoré veis ao investimento coletivo em torno de um objetivo comum.

Em func ao do proposto neste estudo “ necessé rio mencionar que a intenc ao á explicitada dentro do m“ todo como segundo momento da investigac ao á de ”focalizar o encaminhamento metodol–gico em aulas de Educac ao Fısica orientadas numa perspectiva inclusivaâ foi redimensionada

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como decorre ncia da interac ao entre pesquisador e os sujeitos em foco. Isto “ , as expectativas e os momentos dos integrantes do Grupo precisaram ser ajustados a fim de que houvesse uma harmonia razoé vel no ponto de partida e nas ac oes/reflexoes prospectivas do Grupo. Deste modo, carece-se de continuidade do Grupo de Estudo/Trabalho para que os debates relacionados aos encaminhamentos metodol–gicos do professores possam ser devidamente fortalecidos.

A tarefa de responder adequadamente ` provocac ao s–cio-educativa materializada pelo apelo ` inclusao escolar de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais “ uma tarefa de todos os envolvidos em nosso sistema de ensino. Ensejar estudos, debates, grupos de discussao enfim, assentados em reflexoes/ac oes de professores que vivenciam em seus dia-a-dias angustias inerentes ` responsabilidade profissional e ao compromisso social de suas intervenc oes pedag–gicas permite á no mınimo á que eles se percebam como protagonistas na complexa trama educacional.

Em se tratando especificamente da inclusao escolar de alunos com necessidades especiais, foi possıvel acompanhar a crescente disponibilidade dos professores para o enfrentamento desta situac ao ` medida que as trocas de experie ncia transcorriam. A autonomia dos professores, comprometida com a autoria de respostas educacionais efetivas com vistas a uma intervenc ao pedag–gica apoiada á e apoiando á sua autoridade profissional, passa por um contınuo refletir-agir cotidiano.

No que diz respeito ao desenvolvimento de um programa de formac ao continuada “ necessé rio nao permitir sua transformac ao em um espac o burocré tico no qual os participantes caminham como que numa esteira rolante, despendendo energia sem sair do lugar. Al“ m de aspectos de ordem quantitativa, a qualidade dos encontros e, principalmente, do envolvimento dos professores em mais essa etapa de seu processo de formac ao profissional “ fundamental para que os encontros vindouros sejam de fato profıcuos.

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Referências

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