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O Programa Nacional do Livro Didático e o Ensino de Geografia na Rede Pública de Parnamirim - RN

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FRANCISCO DAS CHAGAS NASCIMENTO FERREIRA

O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE GEOGRAFIA NA REDE PÚBLICA DE PARNAMIRIM - RN

NATAL – RN 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ-CERES PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

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FRANCISCO DAS CHAGAS NASCIMENTO FERREIRA

O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE GEOGRAFIA NA REDE PÚBLICA DE PARNAMIRIM - RN

Defesa de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Geografia – Mestrado Profissional (GEOPROF) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ensino de Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Celso Donizete Locatel

NATAL – RN 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - - CERES--Caicó Ferreira, Francisco Das Chagas Nascimento.

O Programa Nacional do Livro Didático e o Ensino de Geografia na Rede Pública de Parnamirim - RN / Francisco Das Chagas

Nascimento Ferreira. - Natal, 2019. 160f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES, Pós-Graduação em Geografia - Mestrado Profissional - GEOPROF.

Orientador: Celso Donizete Locatel.

1. Programa Nacional do Livro Didático. 2. Mercado de Livro Didático. 3. Ensino de Geografia. 4. Ensino básico. 5.

Parnamirim-RN. I. Locatel, Celso Donizete. II. Título.

RN/UF/BS-CAICÓ CDU 075:91

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FRANCISCO DAS CHAGAS NASCIMENTO FERREIRA

O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO E O ENSINO DE GEOGRAFIA NA REDE PÚBLICA DE PARNAMIRIM - RN

BANCA EXAMINADORA

Celso Donizete Locatel, Dr. – Presidente Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Adriano Lima Troleis, Dr.– Examinador Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Evaneide Maria de Melo – Examinadora Instituto Federal do Rio Grande do Norte

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Dedico esse trabalho a minha amada mãe e ao meu pai, a amiga, companheira e encorajadora esposa. A Deus, que me sustentou, dando-me graças e forças para alcançar os objetivos estabelecidos.

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AGRADECIMENTOS

A todos os professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que colaboraram para a construção de uma base sólida para o meu desenvolvimento e aprendizagem, assim como para o meu crescimento profissional. Seus nomes são inesquecíveis e por isso, dedico-lhes minha profunda admiração e respeito.

A todos aqueles que acreditaram na realização deste trabalho e deram-me força e estímulo para dar prosseguimento a essa pesquisa e obter sucesso. Em especial, ao meu orientador, Dr. Celso Donizete Locatel, a Elizabete Rodrigues Gurgel dos Santos, que muito contribuiu ao longo da pesquisa além de ter feito revisões do material produzido, aos meus familiares, especialmente ao meu pai e minha mãe, meus filhos (Sara e Bernardo), a minha esposa, Anicely Costa, e aos meus colegas de turma. Também quero agradecer ao amigo professor Paulo Augusto de Lima Filho pelo apoio dado.

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RESUMO

Este trabalho versa sobre o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o mercado do livro didático no Brasil, trazendo reflexões sobre a importância do PNLD e sua inserção na Política Nacional de Educação, suas bases pretéritas, o mercado editorial e os sujeitos envolvidos no processo de escolha do livro didático. Além desse aspecto, buscou-se evidenciar a influência do PNLD no ensino de Geografia na rede pública do município de Parnamirim (RN). Nessa perspectiva, surge a seguinte questão: como o processo de escolha do livro didático é influenciado pelo mercado editorial e como ele afeta o ensino da rede básica de Parnamirim (RN)? O objetivo geral consiste em analisar o processo de escolha do livro didático na rede básica de Parnamirim (RN) e investigar a influência desse recurso sobre o ensino de Geografia no município. O desenvolvimento do projeto esteve apoiado na pesquisa documental e bibliográfica, além da pesquisa empírica, com levantamento de informações nas escolas e aplicação de entrevistas com os docentes e discentes. Sobre o livro didático e o processo de escolha do mesmo, nos aportamos nas ideias de Maciel (2016), Lajoro (1996), Schäffer (2003), Bittencourt (1993), Choppin (2004), Vasconcelos e Souto (2003), Sposito (2006), Wille e Braga (2010), Val (2004), Razzini (2010), Santos (2006), Santos (2016), Romanatto (2009), e Silva (1992). Para a compreensão do mercado do livro didático, usamos como referência Cassiano (2004, 2005 e 2007), Warde (2011), Silva (2012), Munakata (2012 e 2016), Mello (2012), e Marx (1971 e 1968). Sobre o ensino, utilizamos autores como Ponthuschka, Paganelli e Cacete (2007), Libâneo (1991,1994 e 2012), Nuñez, Ramalho, Silva e Campos (2009). Para falar sobre ensino e LD, usamos Cavalcanti (2010), Pires (2009) e Pina (2009). Os resultados da pesquisa apontam alguns problemas no que se refere ao processo de escolha do livro didático na rede básica pública de Parnamirim (RN). Constatamos que o mesmo sofre forte influência do mercado editorial, uma vez que a prática de escolha é mediada pelos representantes das grandes editoras, o que afetam diretamente o processo de ensino e aprendizagem, já que as práticas de planejamentos dos professores, limitam-se, em geral, ao uso dos capítulos do LD adotado, tornando o ensino ainda mais enciclopédico, conteudista. Ademias, ficou constatado, por parte dos alunos, algumas falhas conceituais e linguísticas nos LDs, as quais também afetam o ensino por dificultarem o entendimento, cabendo assim reflexões sobre todos esses pontos.

Palavras-chave: PNLD; Mercado de Livro Didático; Ensino de Geografia; Ensino

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ABSTRACT

This study deals with the National Didactic Book Program (NDBP) and the didactic book market in Brazil, reflecting on the importance of NDBP and its insertion in the National Education Policy, its previous bases, the pubblishing market and the subjects involved in the process of choosing the didactic book. Beyond this aspect, it was sought to evidence the influence of NDBP in the teaching of Geography in the public network of the municipality of Parnamirim (RN). From this perspective, the following question arises: how is the process of choosing the didactic book influenced by the publishing market and how does it affect the teaching of the basic network of Parnamirim (RN)? The general purpose is to analyze the process of choosing the didactic book in the basic network of Parnamirim (RN) and investigate the influence of this resource on the teaching of Geography in the municipality. The development of the project was supported by documentary and bibliographic research, as well as empirical research, with information gathering in schools and interviews with teachers and students. About the didactic book and its process of choosing we contribute in the ideas of Maciel (2016), Lajoro (1996), Schäffer (2003), Bittencourt (1993), Choppin (2004), Vasconcelos & Souto (2003), Sposito (2006), Wille & Braga (2010), Val (2004), Razzini (2010), Santos (2006), Santos (2016), Romanatto (2009), Silva (1992). For the understanding of the didactic book market we use as reference Cassiano (2004, 2005 and 2007), Warde (2011), Silva (2012), Munakata (2012 and 2016), Mello (2012), Marx (1971 and 1968). About the teaching we use authors as Ponthuschka, Paganelli & Cacete (2007), Libâneo (1991, 1994 and 2012), Nuñez, Ramalho, Silva & Campos (2009). To talk about teaching and DB, we use Cavalcanti (2010), Pires (2009), Pina (2009). The results of the research point to some problems regarding the process of choosing the didactic book in the public basic network of Parnamirim (RN), since we find that it is strongly influenced by the publishing market, since the practice of choice is mediated by the representatives of the major publishers, conditions that affect directly the teaching and learning process, in as much as the practices of teachers' planning are limited, in general, to the use of the adopted DB chapters, making teaching even more encyclopedic, contents. Moreover, it was noticed by the students some conceptual and linguistic flaws in DBs, which also affect teaching, for hindering the understanding, thus, reflecting on all of these points.

Keywords: NDBP; Didactic Book Market; Geography Teach; Basic education;

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Figura 2 -

Mapa da localização de Parnamirim – RN... Mapa das escolas da rede básica de Parnamirim – RN...

20 29 Figura 3 - Organograma – Inserção do PNLD na Política Nacional de

Educação... 34

Figura 4 - Percentual de exemplares em Parnamirim – RN (2009-2011)... 48

Figura 5 - Percentual de exemplares em Parnamirim – RN (2012-2014)... 54

Figura 6 - Percentual de exemplares em Parnamirim – RN (2015-2017)... 61

Figura 7 - Número de editoras mais conhecidas pelos Professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim (múltipla resposta)... 81

Figura 8 - Editora de maior frequência utilizada pelos Professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim (múltipla resposta)... 81

Figura 9 - Grau de satisfação dos Professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim em relação ao Programa Nacional do Livro... 82

Figura 10 - Capa do Livro Didático: Expedições Geográficas... 109

Figura 11 - Capa do Livro Didático: GEOGRAFIA - CONTEXTOS E REDES... 110

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - PNLD e PNLEM, triênio 2009 a

2011... 45

Tabela 2 - Parnamirim (RN):PNLD e PNLEM, triênio 2009 a 2011 ... 47

Tabela 3 - PNLD e PNLEM, triênio 2012 a 2014... 50

Tabela 4 - PARNAMIRIM (RN): PNLD e PNLEM, triênio 2012 a 2014... 52

Tabela 5 - PNLD e PNLEM, triênio de 2015 a 2017... 57

Tabela 6 - PARNAMIRIM (RN): PNLD e PNLEM, triênio 2015 a 2017... 58

Tabela 7 - IDEB entre 2007/2015 (Parnamirim, RN) ... 70

Tabela 8 - Parnamirim (RN): Escolas Municipais da Rede Básica, número de matrículas, docentes e IDEB, 2016... 72

Tabela 9 - Parnamirim (RN): Escolas Estaduais da Rede Básica, número de matrículas, docentes e IDEB, 2016... 73

Tabela 10 - Parnamirim: Características sociodemográficas dos professores de Geografia da rede básica pública (2018) ... 76

Tabela 11 - Número de Livros Didáticos utilizados pelos professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim (2018) ... 77

Tabela 12 - Professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim que afirmam conhecer o PNLD, (2018) ... 78

Tabela 13 - Frequência que os professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim afirmam visitar ou usar a plataforma do PNLD, (2018) ... 78

Tabela 14 - Número de Editoras que produzem Livros de Geografia... 80

Tabela 15 - Resposta dos Professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim em relação a utilização do Guia para escolher livros (2018) ... 83

Tabela 16 - Grau de importância de utilizar Livros Didáticos para planejar aulas, segundo os professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim (2018) ... 86 17 Tabela - Resposta dos Professores de Geografia da rede básica pública de Parnamirim

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- (múltipla resposta) (2018) ... 89 Tabela 18 - Frequência que os Professores de Geografia da rede básica pública de

Parnamirim utilizam outras referências em seus planejamentos (2018) ... 90 Tabela 19 - Parnamirim (RN): PNLD/– número de obras de geografia e valores (2009 e

2017) ... 97 Tabela 20 - Parnamirim (RN): Caracterização sociodemográfica dos alunos entrevistados

da rede pública (2018) ... 118 Tabela 21 - Parnamirim (RN): Afirmação dos alunos da rede pública, se gostam de

Geografia como componente curricular (2018) ... 121 Tabela 22 - Parnamirim (RN): Avaliação dos alunos da rede pública, se o livro de

geografia é bem elaborado (2018)... 122 Tabela 23 - Parnamirim (RN): Avaliação dos alunos da rede pública, se os conteúdos de

livro de Geografia são fáceis (2018) ... 124 Tabela 24 - Parnamirim (RN): O que mais chama atenção dos alunos da rede pública no

livro de geografia (Múltipla Resposta) (2018) ... 125 Tabela 25 - Parnamirim (RN): Estatística descritiva do número de vezes por semana que

os alunos da rede pública usam o livro de geografia (2018) ... 126 Tabela 26 - Parnamirim (RN): Afirmação dos alunos da rede pública, se usam o livro de

Geografia com frequência (2018) ... 127 Tabela 27 - Parnamirim (RN): Reposta dos alunos da rede pública sobre qual região do

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Escolas da rede básica de Parnamirim (RN), utilizadas para a realização da pesquisa de campo... 27 Quadro 2 - Descrição dos Princípios do Raciocínio Geográfico (BNCC)... 102

Quadro 3 - BNCC: GEOGRAFIA – 1º ao

9ºANO... 104 Quadro 4 - PCN +: A dinâmica do espaço geográfico... 106 Quadro 5 - PCN +: O mundo em transformação: as questões econômicas e os

problemas geopolíticos... 106 Quadro 6 - PCN +: O homem criador de paisagem/ modificador do

espaço... 107 Quadro 7 - PCN +: O território brasileiro: um espaço globalizado... 107 Quadro 8 - Sumário Sintético do Livro Didático: Expedições Geográficas (6° ao 9°

anos)... 109 Quadro 9 - Sumário Sintético do Livro Didático: GEOGRAFIA - CONTEXTOS E

REDES (1º ao 3º

anos)... 111 Quadro 10 - Sumário Sintético do Livro Didático: GEOGRAFIA GERAL E DO

BRASIL (1º ao 3º anos)... 111

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

ABRELIVROS- Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

BM - Banco Mundial

CBL - Câmara Brasileira do Livro

CNLD - Comissão Nacional do Livro Didático

COLTED - Comissão do Livro Técnico e Livro Didático

E. E - Escola Estadual

E.M - Escola Municipal

ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio

FAE - Fundação de Assistência ao Estudante

FDNC - Fundação Dorina Nowill para Cegos

FENAME - Fundação Nacional do Material Escolar

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FTD - Frère Théophane Durand

IBC - Instituto Benjamin Constant

IBEP - Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEB - Índice de desenvolvimento da Educação Básica

IFRN - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

INL - Instituto Nacional do Livro

LD - Livro Didático

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

MEC - Ministério de Educação

MES - Ministério da Educação e Saúde

PCN - Parâmetro Curricular Nacional

PLIDEF - Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNATE - Programa Nacional do Transporte Escolar PNBE - Programa Nacional Biblioteca da Escola

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PNLD - Programa Nacional do Livro Didático

PNLEM - Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica

SEB - Secretaria de Educação Básica

SEESP– SISCORT -

Secretaria de Educação Especial

Sistema de Controle de Remanejamento e Reserva Técnica

SM - Societas Mariae

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 17

2 O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL E O MERCADO DO LIVRO DIDÁTICO... 33

2.1 A importância do PNLD e sua inserção no contexto da Política Nacional de Educação... 33

2.2 As bases pretéritas do PNLD e sua construção (1930 – 2008)... 35

2.3 A operacionalização do PNLD... 43

2.3.1 O triênio – 2009/2010 e 2011... 44

2.3.2 O triênio – 2012/ 2013 e 2014... 50

2.3.3 O triênio 2015/ 2016 e 2017... 55

2.4 O Mercado do Livro Didático... 62

3 OS SUJEITOS E PROCESSOS NA EXECUÇÃO DO PNLD NA REDE BÁSICA DE ENSINO DE PARNAMIRIM – RN... 68

3.1 Os Alunos da Rede Básica de Ensino... 69

3.2 Cenário do IDEB de 2016 em Parnamirim... 71

3.3 O professor de Geografia e a escolha e valorização do livro didático... 73

4 O ENSINO DE GEOGRAFIA E LIVRO DIDÁTICO EM PARNAMIRIM... 94

4.1 O Livro Didático de Geografia na Rede Pública de Ensino de Parnamirim - RN... 95

4.2 A relação do conteúdo do Livro Didático e o Planejamento dos Professores... 98

4.3 O Livro Didático e a Prática de Ensino dos Professores da Rede Básica. 114 4.4 O Livro Didático na perspectiva do Aluno... 117

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 131

REFERÊNCIAS... 136

APÊNDICES... 145

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Educação não transforma pessoas. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.

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1. INTRODUÇÃO: definindo o problema e traçando caminhos

O livro didático tem assumido a primazia entre os recursos didáticos utilizados na grande maioria das salas de aula do Ensino Básico. Impulsionados por inúmeras situações adversas, grande parte dos professores brasileiros o transformaram no principal ou, até mesmo, o único instrumento a auxiliar o trabalho nas salas de aula (SILVA, 2012, p. 806).

A partir de experiências pessoais, podemos corroborar com essa afirmação, pois, de fato, o livro didático acaba sendo a única ferramenta de apoio ou suporte ao professor e ao aluno. Nesse sentido, podemos dizer que atualmente o livro didático (LD) apresenta-se com várias conotações, sendo por vez, um recurso, uma ferramenta ou um instrumento. Podemos ainda vê-lo como um objeto, um utensílio, ou um meio que traz consigo vavê-lores e uma função, que é a promoção de conhecimento de uma dada ciência. Por outro lado, o LD torna-se uma mercadoria, por ser um objeto impregnado de valores econômicos e de poderes de mercado, ou seja, ele traz consigo uma outra função, que é a venda de ideias e de conhecimento, deixando de ser um meio para a promoção educacional e passando a ser um objeto hegemônico.

Sendo assim, podemos apontar que o papel do LD como único recurso ou instrumento de auxílio ao professor nas escolas está associado à falta de outros materiais como a internet ou bibliotecas nas escolas, que permitam uma consulta rica e diversificada com obras variadas.

Nesse âmbito, ao direcionarmos nosso olhar para a educação básica brasileira, descobrimos que a mesma se baseia em programas de livros didáticos - LDs - que suplementam o ensino. Programas que segundo Libâneo (2012, p. 397):

Há três programas voltados ao livro didático que são executados pelo MEC: o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM) e o Programa Nacional do Livro Didático para a alfabetização de jovens e adultos (PNLA). A aquisição dos livros é feita de forma centralizada pelo FNDE, e as escolas federais e as redes públicas de ensino devem firmar termo de adesão, o qual é encaminhado apenas uma vez ou quando desejarem suspender a remessa dos livros.

Libâneo (2012, p. 397), destaca ainda que:

Segundo o site do FNDE, o ensino fundamental, os alunos do 1º e 2º ano recebem livros consumíveis (sem necessidade de devolução) de alfabetização matemática e alfabetização linguística. Há ainda a distribuição de obras reutilizáveis de ciências, história, Geografia, Matemática e Língua Portuguesa. Desde 2011, cada estudante do 6º ao 9º ano recebeu também livros consumíveis de língua estrangeira (inglês ou espanhol). Já para o ensino médio, a distribuição envolve livros reutilizáveis de Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Biologia, Química e Física. A novidade, a partir de 2012, é o envio de livros consumíveis de língua estrangeira (inglês ou espanhol), Filosofia e Sociologia.

Ademais, o autor aponta também outro importante Programa Nacional do Livro Didático, esse voltado ao sistema Braille, o qual tem como função:

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Atende alunos cegos que cursam o ensino fundamental em escolas públicas de ensino regular e escolas especializadas sem fins lucrativos. Para a transcrição dos livros, o FNDE usa as parcerias que tem com o Instituto Benjamin Constant (IBC), do Ministério da Educação, e com a Fundação Dorina Nowill para Cegos (FDNC). Os títulos adaptados para o sistema Braille são distribuídos, em meio magnético, a todos os Centros de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual e aos Núcleos de Apoio Pedagógico e Produção Braille do país (LIBÂNEO, 2012, p. 397-398), . Nesse contexto, podemos lembrar que a educação pública brasileira, no âmbito da rede básica, ancora-se e fundamenta-se, entre outros programas e dispositivos da Educação, no Programa Nacional do Livro Didático – PNLD, que em seu princípio de funcionalidade põe o LD como um importante recurso didático no processo de ensino e aprendizagem. Inclusive, dotado da premissa de garantir o bom funcionamento nesse processo para os alunos desta rede, a partir deste recurso. Com isso, podemos apontar que praticamente todas as escolas da rede pública do país usam os livros didáticos disponibilizados pelo Governo Federal, o qual tem o papel significativo de compra e distribuição de material para todos os alunos e professores da rede básica do país.

Nesse viés, Munakata (2016, p.61) aponta que no Brasil:

a relação entre o Estado e o mercado de livros didáticos é, atualmente, mediada pelo Programa Nacional de Livro Didático (PNLD), criado em 1985, pelo qual o governo compra os livros solicitados pelos professores para serem distribuídos a todos os alunos das escolas públicas.

Logo, pensamos em problematizar sobre o Programa Nacional do Livro Didático – PNLD no âmbito do seu contexto histórico e o mercado editorial no Brasil, relacionando-os com a influência que esse recurso didático exerce sobre o ensino da rede básica de Parnamirim, Rio Grande do Norte (RN).

A premissa de que há influência do PNLD e do mercado editorial no Brasil sobre o ensino da rede básica de Parnamirim (RN) surgiu a partir dos nossos 13 anos de vivência de trabalho como docente na rede básica do ensino público, circunstância a qual nos deparamos com diversos cenários e entraves. Dentre eles há um que sempre nos chamou a atenção: o processo de escolha do livro didático, do qual já participamos de pelo menos 6 ciclos de análise e escolhas. Esse processo sempre nos inquietou. Como analisar? Quais critérios seguir na avaliação, se na maioria das vezes, a escolha foi feita de modo coletivo, basicamente em um dia e, geralmente, acompanhado por algum representante de editora? Além disso, entrou em questão a participação dos agentes executores (professores, alunos, Estado e o mercado editorial) do PNLD e suas significâncias no processo.

Desse modo, sempre ficava uma lacuna nessas ocasiões, pois notávamos o processo de análise e escolha rápido e desorganizado, além de aleatório, ou seja, não destinava tempo

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suficiente para analisar e avaliar os livros didáticos e, consequentemente, a escolha tornava-se pouco criteriosa. Além disso, percebíamos a falta de uso de critérios e regras dispostas pelo próprio programa do Governo Federal. Diante disso, sentimos a necessidade de analisar o Programa Nacional do Livro Didático a partir de sua estrutura, funcionalidade, base histórica e sua evolução, onde buscou-se entender a participação dos agentes executores/consumidores do processo, na intenção de conhecermos a dinâmica e a dimensão de atuação desse programa, uma vez que o livro didático no Brasil é um instrumento muito consumido e que está presente em praticamente todas as escolas públicas do país. Logo, optamos em usar tais motivos e investigar o processo de escolha no cenário da rede básica de ensino da nossa realidade de trabalho, o município de Parnamirim (RN).

Dadas as circunstâncias, o desenvolvimento dessa pesquisa tem como objetivo geral analisar o Programa Nacional do Livro Didático – PNLD – no seu contexto histórico e o mercado editorial no Brasil, relacionando-os com a influência que esse recurso didático exerce sobre o ensino da rede básica de Parnamirim, Rio Grande do Norte. Tivemos como objetivos específicos analisar a dinâmica de distribuição do livro didático aos educandos e educadores, onde delimitamos como alvo de análise os últimos três triênios do PNLD, que corresponde ao período de 2009 a 2017. Em seguida, analisamos a distribuição e a influência do livro didático no processo de ensino de Geografia, no município de Parnamirim (RN). E por fim, empreendemos esforços na busca de compreender o processo de escolha do livro didático, na rede básica de Parnamirim (RN), identificando os agentes participantes e seus respectivos critérios de análises, bem como o contato dos professores com o PNLD.

Aspectos gerais da educação básica no município de Parnamirim

O município de Parnamirim localiza-se na Região Metropolitana de Natal, especificamente, na microrregião leste, sendo esse o 3º município mais populoso do estado do Rio Grande do Norte, com população estimada em 254.709 habitantes, em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018).

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Fo n te: Go o g le E ar th ( 2 0 1 8 ), I B GE ( 2 0 1 0 ) e T rab alh o d e C am p o ( 2 0 1 8 ). F ig u ra 1 – Ma p a de loc al iz aç ão de P arna mi rim - RN

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No que tange a educação básica do município, é evidente que o mesmo visa atender sua população com o ensino básico público, ancorado na política pública executada pelo Ministério de Educação e pela Secretaria de Educação Básica, os quais zelam pela educação infantil, pelo ensino fundamental e pelo ensino médio.

Segundo o Ministério de Educação (MEC), a educação básica é o caminho para assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Atualmente, o documento que norteia a educação básica brasileira é a Lei nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e o Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso Nacional em 26 de junho de 2014. Para tanto, a Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, revoga e altera as Leis nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e a nº 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Também está incluso nesta lista o Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro de 1967 que revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005 e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Por fim, devemos destacar que a Base Nacional Comum Curricular foi homologada pela Portaria n° 1.570, em 21 de dezembro de 2017.

Todavia, também é importante apontar que existem outros documentos fundamentais para a educação brasileira como: a Constituição da República Federativa do Brasil e o Estatuto da Criança e do Adolescente (MEC, 2018), dentre os quais não podemos deixar de mencionar o Ensino da Língua de Sinais Brasileira – LIBRAS, que é balizado pela Lei nº 10.436/02, a qual entende que o Ensino de LIBRAS é a forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil, e que deve estar presente nas três esferas de ensino do país, como forma de inclusão, a partir da capacitação de professores. Além disso, temos dentro do processo de melhorias e maior abrangência da Educação do Brasil, a institucionalização do ensino da Cultura Afro-brasileira, com regulamentação da Lei nº 10.639/03, que o torna obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares.

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Quanto à educação básica do município de Parnamirim (RN), os dados apresentavam uma taxa de escolarização de 97,9%, na faixa etária entre 6 e 14 anos, segundo dados do Censo Demográfico (IBGE, 2010). Ao observarmos o resultado das avaliações do MEC, vimos que o município apresenta 4,7 de Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) para o ensino fundamental, anos iniciais, dados de 2017, e IDEB 3,6 para o ensino fundamental, anos finais e no ensino médio, 3,4 (INEP, 2018, s. p).

O IDEB é um indicador de qualidade educacional que combina informações de desempenho em exames padronizados (Prova Brasil ou Saeb) obtido pelos estudantes ao final das etapas de ensino (5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio), com informações sobre rendimento escolar - aprovação (BRASIL, 2017). Nesse mesmo ano de 2015, o IDEB aponta que foram matriculados 31.219 alunos no ensino fundamental e 7.816 no ensino médio (INEP, 2018, p.1). Vale ressaltar que são os alunos da 3ª série do ensino médio que se submetem o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Do ponto de vista da infraestrutura de ensino, o município de Parnamirim (RN) possui 72 (setenta e duas) escolas municipais, 12 (doze) estaduais, 52 (cinquenta e duas) privadas e 1 (uma) federal, das quais, 38 (trinta e oito) são públicas (de ensino fundamental e médio), ou seja, da rede básica de ensino, organizadas/distribuídas em 26 escolas do quadro municipal, 11 do quadro estadual e uma escola da esfera federal. Lembrando que as escolas municipais atendem basicamente ao ensino fundamental I e II, já as escolas do Estado ofertam ensino fundamental e médio, e a Escola Federal destina-se ao ensino médio acompanhado do Ensino Técnico.

A estrutura e os caminhos da pesquisa

Para atingir os objetivos, o trabalho dissertativo foi estruturado em quatro seções. Além dessa primeira, que tem caráter introdutório, na segunda parte realizamos um estudo investigativo documental e bibliográfico, vislumbrando entender o processo de formação histórica do PNLD e sua evolução, apresentando cronologia do programa.

Para tanto, foi importante entender, a priori, que o PNLD é, na verdade, um instrumento da Política Nacional de Educação, ou seja, é um dos Programas que constitui a Política Nacional de Educação (PNE) que, por sinal, figura entre os mais antigos Programas. Já o PNE deve ser entendido como uma política pública no âmbito da Educação no país.

Política pública reflete a vontade de diferentes setores da sociedade em avançar para uma determinada direção e representa uma articulação coerente de medidas para transformar uma situação. Sua eficácia se mede por sua sustentabilidade e sua coerência interna, que faz com que nos distintos setores envolvidos tenha repercussão positiva. Uma política pública permite garantir que os problemas não serão crônicos e idênticos aos que sempre existiram. (GOLDIN, 2003, p.163).

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Nesse sentido, ao tomarmos como base o que é a PNE, podemos apontar que o PNLD é um importante mecanismo para a funcionalidade dessa política pública, criado e implantado em 1985 pelo Ministério da Educação, sendo que, no presente, o PNLD atua no ensino básico brasileiro, voltado a cumprir com a demanda de munir professores e alunos com livros didáticos, que são usados no processo de ensino e aprendizagem, sobretudo, na rede básica de ensino do país (FNDE, 2018, s. p).

Nesse âmbito, o Ministério da Educação dispõe de dois programas voltados para o livro: o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), por meio dos quais o Governo Federal provê as escolas de educação básica pública com obras didáticas, pedagógicas e literárias, bem como com outros materiais de apoio à prática educativa, de forma sistemática, regular e gratuita (MEC, 2018, s. p).

Cabendo ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE a responsabilidade de operacionalizar os Programas do Livro. Na execução dos programas cabe à autarquia: I - organizar e apoiar a inscrição de obras e dos titulares de direito autoral ou de edição; II - analisar a documentação e proceder à habilitação dos titulares de direito autoral ou de edição; III - realizar a triagem das obras, diretamente ou por meio de instituição conveniada ou contratada para este fim; IV - apoiar o processo de escolha ou montagem dos acervos e compilar seus resultados, a fim de subsidiar as fases de negociação, aquisição, produção e distribuição; V - realizar a negociação de preços e formalizar os contratos de aquisição; e VI - acompanhar e realizar o controle de qualidade da produção e distribuição das obras, de acordo com as especificações contratadas (FNDE, 2018, s. p).

Para tanto, os programas de materiais didáticos destinam-se aos alunos e professores das escolas de educação básica pública, incluindo estudantes de educação de jovens e adultos (FNDE, 2018, s. p).

Esse Programa movimenta e utiliza milhões de reais a cada ano com o investimento de livros didáticos de todos os componentes curriculares da rede básica. Para exemplificar podemos citar o ano de 2010, quando houve mais de um bilhão de reais em investimentos na compra de exemplares/livros para a rede pública de ensino do Brasil. Especificamente, comprou-se 114.770.768 (cento e quatorze milhões, setecentos e setenta mil, setecentos e sessenta e oito) livros para o ensino fundamental e médio, provenientes de 31 editoras (FNDE, 2018, s. p). Nesse cenário, podemos afirmar que estamos falando de um potente mercado editorial, o qual produz, a cada ano, diversas obras voltadas a atender o PNLD.

Pensando nessa perspectiva de mercado, sobretudo em seu potencial produtivo e sua importância socioeducativa gerados por parte do PNLD, focamos nossa pesquisa no levantamento documental, bibliográfico e de dados, donde extraímos importantes bases para fundamentar o trabalho, especialmente a partir da visita e consulta ao portal do FNDE.

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O foco da análise, nessa etapa, foi a dinâmica de distribuição do livro didático aos educandos e educadores, onde delimitamos como alvo de análise os últimos três triênios do PNLD, que correspondem ao período de 2009 a 2017. Os números de obras compradas e de distribuição por aluno e escola beneficiados por todos os componentes curriculares. Em especial, focamos o componente curricular de Geografia. Além disso, tratamos de evidenciar a fração do mercado dominado pelas principais editoras envolvidas em cada ciclo. Nesse sentido, também voltamos nosso foco para entendermos a participação das editoras no mercado nacional do livro didático.

Encerramos a segunda seção analisando a distribuição e a influência do livro didático no processo de ensino de Geografia, no município de Parnamirim - RN. Nessa etapa, fomos a campo em dois momentos. Primeiro visitando as escolas e os professores de Geografia (43 no total), onde consideramos que as visitas foram muito proveitosas e mesmo sendo cansativas, devido às idas e vindas, nos trouxeram dados bem expressivos sobre a realidade do trabalho dos professores no cotidiano escolar, como por exemplo, a escolha e exclusão dos conteúdos e sobretudo a escolha do livro didático utilizado em sua prática docente ao longo do ano letivo.

Também fomos a campo averiguar o dia-dia do aluno e o seu papel frente ao cotidiano escolar, onde entrevistamos um horizonte amostral de 570 alunos, os quais contribuíram com ricas informações sobre a dinâmica escolar vivida por eles, das quais destacamos o valor lhes atribuído ao ensino de Geografia e ao uso do livro desse componente curricular, onde ficou evidente, positivamente, que a Geografia serve para compreender diversos aspectos, indo desde pontos locais, até pontos globais. No âmbito negativo, destacamos, o uso do livro didático como um recurso meramente para consulta de informações e resoluções de provas e atividades.

Na terceira seção empreendemos esforços na investigação de campo sobre o processo de escolha do livro didático na rede básica de Parnamirim (RN), identificando os agentes participantes e seus respectivos critérios de análises, bem como o contato dos professores com o PNLD. Para tanto, utilizamos como ferramenta a aplicação de questionário (Apêndice I). Todavia, delimitamos nesse cenário um campo de pesquisa por amostragem, no qual escolhemos aleatoriamente, de forma randômica, 23 escolas, entre as 38 escolas da rede básica deste município.

Nesse âmbito, é importante, em primeiro instante, frisar o papel da pesquisa de campo. A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas. Com isso, apontar que o real objetivo da exploração de campo é conhecer e melhor entender a realidade para futuros estudos. (GONSALVES, 2001, p.67)

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Desse modo, fica clara a importância de se pesquisar em campo, pois ficaremos mais próximos da nossa realidade e o contato trará mais propriedade para nossas discussões.

Essa etapa do trabalho de campo se baseou na aplicação de um questionário, que contou com 32 questões, junto aos professores da rede básica de Parnamirim (RN), objetivando levantar os dados que atendessem nossos objetivos específicos, sobretudo, apontando os sujeitos envolvidos no processo de escolha do livro didático, bem como ver a influência do PNLD no ensino da rede básica de Parnamirim.

Em se tratando dos sujeitos envolvidos nesse processo, Sposito (2006, p. 55) afirma quem são, fundamentalmente, o professor e o aluno. São personagens imprescindíveis nessa análise, mas também devemos voltar nosso olhar para os órgãos e normas reguladores que amparam e executam o PNLD. Todavia, cabe adicionar ao grupo dos sujeitos envolvidos no processo de excursão do PLND o Estado, por financiar todo o processo de análise e escolha do livro, o qual se inicia com a elaboração dos editais que promovem as inscrições das editoras participantes do pleito e as entidades públicas e hoje também as privadas, que irão avaliar as obras concorrentes ao Programa. As editoras também são importantes agentes do processo, pois são elas as responsáveis pela elaboração das obras que atendem ao Programa e ao mesmo tempo, ao professor e ao aluno.

Contudo, o professor é, sem dúvida, a figura que representa diretamente o processo de escolha do livro didático, por ser o agente que lida com a prática de uso cotidiano do livro, seja como fonte de consulta ou pesquisa, seja como ferramenta direta utilizada para o contato com os conteúdos curriculares. Diante disso, é fundamental que o professor do ensino básico saiba identificar quais LDs possuem informações necessárias, ricas em conhecimento, com fontes seguras, atualizadas e claras ao leitor, as quais tornem o livro eficaz no processo de ensino de Geografia e que, ao mesmo tempo, incremente-se com o conhecimento profissional e social. Pensando nisso, é imprescindível colocar o professor como o agente “ativo e democrático” na seleção dos LDs e, consequentemente, na sua avaliação.

Já o aluno aparece como elemento alvo do processo de escolha do livro didático, pois é para ele e pensando nele que se faz a escolha do livro , uma vez que,para Libâneo (1991, p. 222), “o trabalho docente é uma atividade consciente e sistêmica, em cujo centro está a aprendizagem ou o estudo dos alunos sob a direção do professor”.

Nessa lógica, continuamos nossa investigação, focando agora na participação dos sujeitos no processo de execução da Política do PNLD, tomando como referência a realidade de Parnamirim (RN), no que concerne à prática de escolha do livro didático, uma vez que nos apoiamos na:

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RESOLUÇÃO N.º 03 DE 14 DE JANEIRO DE 2008, que em seu Art. 6º, fala sobre o papel do MEC quanto ao PNLD, afirmando que a execução do PNLD ficará a cargo do FNDE e contará com a participação da Secretaria de Educação Básica – SEB/MEC, da Secretaria de Educação Especial – SEESP/MEC, das secretarias/órgãos de educação dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e das escolas, com as seguintes atribuições:

Sendo que compete ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação: a) elaborar, em conjunto com a SEB/MEC e a SEESP/MEC, os editais de convocação do PNLD; b) viabilizar a inscrição e a triagem dos livros didáticos, materiais didáticos e obras pedagógicas complementares; c) promover a produção e a distribuição do Guia de Livros Didáticos e dos formulários de escolha às escolas; d) disponibilizar o Guia de Livros Didáticos e o processo de escolha dos livros por meio da Internet; e) processar os dados das escolhas dos livros; f) contratar os titulares de direitos autorais dos títulos a serem adquiridos; g) acompanhar e monitorar, “in loco”, por amostragem, a produção e a expedição dos livros, materiais didáticos e obras pedagógicas complementares, bem como a execução do Programa nas escolas e secretarias; h) definir, em conjunto com a SEESP/MEC, o atendimento aos alunos portadores de necessidades especiais, a serem atendidos pelo PNLD; e i) propor, implantar e implementar ações que possam contribuir para a melhoria da execução do Programa (BRASIL, 2018).

Cabendo ainda à Secretaria de Educação Básica o papel de:

a) Elaborar, em conjunto com o FNDE e a SEESP/MEC, os editais de convocação do PNLD; b) Analisar e aprovar o projeto apresentado pelas instituições para realizar a avaliação pedagógica das obras inscritas no Programa, como também manifestar-se conclusivamente acerca da execução do projeto e da prestação de contas apresentada quando do término do trabalho; c) Promover a pré-análise e a avaliação pedagógica dos livros, das obras complementares e materiais didáticos inscritos para o Programa; d) Elaborar o Guia de Livros Didáticos para escolha dos livros selecionados na avaliação; e) Planejar e desenvolver ações objetivando a melhoria do processo de escolha dos livros pelos professores; f) Avaliar a eficiência do Programa nas questões que envolvem os aspectos pedagógicos; e g) Propor, implantar e implementar ações que possam contribuir para a melhoria da execução do Programa (FNDE, 2018). Diante disso, apontamos a necessidade de relacionarmos o processo de escolha do LD com a prática de ensino de Geografia na rede básica desse município, especialmente, quando se investiga in loco, ou seja, quando se vai a campo e aplica-se entrevistas/questionários com professores e alunos dessa rede básica. Assim, podermos averiguar se o Programa Nacional do Livro Didático está sendo efetivado como fundamenta a Resolução n.º 03 de 14 de janeiro de 2008 e seus mecanismos legais. Ademais, é importante destacar o papel das secretarias municipais, estaduais e federais no processo de escolha do PNLD, no sentido de garantir o acesso às informações, aos guias, e mediando o contato entre os docentes e o FNDE/MEC, na condição de dar suporte aos mesmos, preparando-os para a prática da escolha dos LDs.

Para esse fim, fomos a campo para a coleta de dados primários, utilizando como ferramenta um formulário/ questionário, que foi aplicado a partir da definição da amostra que foi composta por 23 escolas da rede básica de ensino de Parnamirim (RN), correspondendo a 60% do total geral, ou seja, utilizamos esse percentual do total de 38 escolas públicas (distribuídas em 26 da rede municipal, 11 da rede estadual e uma Escola Técnica Federal) pertencentes ao quadro da rede básica de ensino de Parnamirim (RN). Todavia, foram apenas

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15 escolas da rede municipal, 7 da rede estadual, além do Instituto Federal – IFRN. Com exceção do IFRN, as demais escolas que compõem a amostra foram definidas aleatoriamente e estão listadas no Quadro 1.

Quadro1 - Escolas da rede básica de Parnamirim (RN), utilizadas para a realização da pesquisa de campo.

Escolas Municipais 1- E.M. Brigadeiro Eduardo Gomes

2- E. M. Maura de Morais Cruz

3- E. M. Senador Carlos Alberto de Souza 4- E. M. Maria de Jesus Medeiros de Lima 5- E. M. Augusto Severo

6- E.M. Prof.ª Ivanira de Vasconcelos Paisinho 7- E. M. Adm. Josefa Sisino Machado

8- E. M. Prof. Luiz Maranhão Filho 9- E. M. Alzelina de Sena Valença

10- E. M. Manoel Machado Ensino de 1º Grau 11- E. M. Prof.ª. Francisca F. da Rocha

12- E. M. Prof.ª Jacira Medeiros de Sousa Silva Lima 13- E. M. Historiador Hélio Mamede Galvão

14- E. M. Emérito Nestor Lima

15- E. M. Jornalista Rubens Manuel Lemos Escolas Estaduais 16- E. E. Roberto Rodrigues Krause

17- E. E. Prof. Arnaldo Arsênio de Azevedo 18- E. E. Dom Nivaldo Monte

19- E. E. Presidente Roosevelt

20- E. E. Prof. Antônio Basílio Filho Ens. Fund. e Médio 21- E. E. Prof. Eliah M. do Rego 1º e 2º Graus

22- E. E. Santos Dumont Ensino de 1º e 2º Graus Escola Federal

23- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Campus Parnamirim

Fonte: Dados extraídos do portal do INEP.

Nosso público alvo do estudo foi a população de Professores de Geografia das escolas públicas municipais, estaduais e federal do município de Parnamirim (RN), selecionadas por amostragem.

Utilizando dados do censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP de 2016, verificamos um total de 1.035 docentes atuando em colégios da rede pública de Parnamirim. Destes, 8,9% são professores de Geografia. Com isso, a população de interesse foi estimada em 92 professores. Através de uma amostra piloto de tamanho 20, estimou-se que o percentual de conhecimento do PNLD foi de 95%. Portanto, utilizando amostragem aleatória estratificada, e considerando intervalo de confiança de 95%, com margem de erro de 4,8%, temos uma amostra final de 43 docentes apresentando a respectiva estratificação de professores entrevistados nos colégios municipais (24 professores), estaduais (17) e federais (2).

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Para melhor entender a dinâmica de distribuição especial dessas unidades educacionais, mapeamos o município com as escolas envolvidas na nossa pesquisa de campo (Figura 2).

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F ig u ra 2 M apa d as e sc o las da re d e bá sica d e P ar na mi rim – R N. Fo n te: Go o g le Fo n te: Go o g le E ar th ( 2 0 1 8 ), I B GE ( 2 0 1 0 ) e T ra b alh o d e C a m p o ( 2 0 1 8 ).

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A representação contida na Figura 1 destaca as 23 escolas da rede básica, as quais escolhemos a partir do nosso campo amostral, que foram apontadas no Quadro 1. Assim, podemos dizer que abrangemos praticamente todas as regiões do Município, exceto, a porção costeira, leste, a qual não apresentava professores da área de Geografia no momento da realização do trabalho de campo.

Desse modo, para a organização e tratamento estatístico dos dados foi utilizado como recurso a criação de banco de dados construído em formato EXCEL, versão 2010. Com a confecção de tabelas descritivas, aplicamos testes estatísticos com o uso do software SPSS, versão 20.0.

Nossa metodologia estatística, inicialmente, se ateve a realização de uma análise descritiva do perfil sociodemográfico, bem como das questões específicas da pesquisa sobre a Política Nacional do Livro Didático do Brasil (PNLD), por meio de distribuições de frequências absolutas e relativas (%), apresentadas em tabelas e/ou gráficos.

As variáveis do número de livros didáticos utilizados e o número de participações de processos na escolha do livro didático do PNLD, analisamos através de estatísticas descritivas de medidas, de tendência e de dispersão dos dados, como por exemplo: mínimo, máximo, média e desvio padrão.

Em seguida, identificou-se quais variáveis deveriam ser cruzadas (duas a duas) a fim de verificar indícios de associação linear e, por consequência, buscar respostas para os objetivos da pesquisa. Para isso, utilizamos tabelas cruzadas e aplicamos o teste Qui-quadrado ou teste exato de FISHER (caso se obtenha valores esperados inferiores a 5). Para todos os testes estatísticos realizados, o nível de significância foi 5%, ou seja, há evidências para a rejeição da hipótese H0 caso valor - p < 0,05.

O Teste Qui-Quadrado permite avaliar se as variáveis estão relacionadas com determinado nível de significância.

Hipóteses a serem testadas: hipótese Nula (H0): As variáveis não estão relacionadas (as variáveis são independentes).

Hipótese Alternativa (H1): As variáveis estão relacionadas (as variáveis são dependentes).

A hipótese de nulidade pode ser testada por:

1 Onde:

(

)

2 ) 1 k ( k 1 i i i i 2 cal O EE ² − =   − = 

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Oi = n° de casos observados classificados na categoria i; Ei = n° de casos esperados classificados na categoria i, sob H0.

Assim, rejeitamos H0, se ²cal ²(k – 1, ), ou se a probabilidade associada à ocorrência, sob H0, do valor obtido do ²cal com (k - 1) g.l não superar o valor de alfa, ou seja, P[²k - 1 

²cal] for significativo (menor que alfa).

g.l: Graus de Liberdade; : Nível de significância.

Entretanto, para o caso de valores esperados inferiores a 5, utilizamos um teste similar chamado teste exato de Fisher.

Objetivamos relacionar o ensino de Geografia e o Livro Didático, na perspectiva de mensurar a importância da Política Nacional do Livro Didático sobre a rede básica de ensino de Parnamirim (RN). Logo, discutiremos a Geografia a partir de seu aporte teórico e metodológico, bem como pedagógico, na lógica de que essa pode ser potencializada ou não com o auxílio de um recurso importante como é o Livro Didático. Especialmente, porque em muitos casos essa ferramenta é a única a ser utilizada como base para o ensino de Geografia, tanto para o aluno como para o professor. Nesse caso, também relacionamos o Mercado Editorial e o Ensino em Parnamirim (RN).

Por fim, trataremos na quarta e última seção, a relação entre o ensino da Geografia e o LD, onde abordamos suas perspectivas futuras para o cenário de Parnamirim (RN). Para isso, realizamos uma investigação documental e bibliográfica, na qual levantamos dados para discutir sobre o papel da Geografia no ensino, os agentes envolvidos nesse processo, inclusive o processo de formação dos profissionais (professores), bem como a relação do ensino com o LD.

Nesse viés, voltamos a realizar outra atividade de campo, onde dessa vez, objetivou-se investigar a relação do aluno da rede básica de Parnamirim com o LD. Nesse contexto, a nossa população e amostragem ficou definida tendo os alunos de Geografia das escolas públicas municipal, estadual e federal do município como o público alvo do estudo. Utilizando dados do Censo Escolar de 2016, temos um total de 16.331 alunos matriculados em colégios públicos de Parnamirim. Portanto, aplicando uma amostragem aleatória estratificada, e considerando intervalo de confiança de 95% com margem de erro de 4,0%, temos amostra final de 570 discentes, apresentando a respectiva estratificação de alunos a serem entrevistados nos colégios municipais, estaduais e federal: 292, 255 e 23, correspondendo a 6 escolas (Municipal Maura de Morais, Municipal Ivanira Paisinho, Municipal Jacira Medeiros, Estadual Dom Nivaldo Monte, Estadual Santos Drumond e IFRN Campus Parnamirim). Definida a amostra desse

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segmento da comunidade escolar, realizamos a aplicação do questionário com todo nosso campo amostral (APÊNDICE II).

Para o tratamento das informações coletadas juntos aos alunos, aplicou-se as mesmas metodologias computacionais, estatísticas e o Teste Qui-Quadrado, utilizados na primeira etapa de campo.

Esse conjunto de procedimentos adotados nos permitiu analisar a relação e, consequentemente, a influência do PNLD sobre o ensino de Geografia nas redes públicas no município de Parnamirim.

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2. O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL E O MERCADO DO LIVRO DIDÁTICO

A relação entre livros didáticos e Estado não é recente, nem tampouco se iniciou com a criação do PNLD. Desde 1937, quando entra em vigor o Decreto de Lei n° 93, de 21 de dezembro, que trata sobre a criação do Instituto Nacional do Livro, verifica-se a preocupação do Estado com a temática. A partir de então, uma série de marcos jurídicos vão ser criados, conferindo ao Estado um papel central no que se refere a seleção e aquisição desses livros. A obrigatoriedade, por parte do Estado, da distribuição desse material aos alunos em idade escolar foi e ainda é uma das grandes ações de investimento na educação (MACIEL, 2016, p. 24). Com base nisso, nesse capítulo serão discutidas as bases pretéritas à PNLD, sua construção, e a execução dessa política no município de Parnamirim (RN), a partir da análise dos três últimos triênios, sobretudo no que se refere ao componente curricular Geografia, além de uma discussão acerca do mercado de livros didáticos.

2.1 A importância do PNLD e sua inserção no contexto da Política Nacional da Educação.

O livro didático, sem dúvida alguma, é um recurso fundamental para o ensino básico no contexto brasileiro, tanto que, por demanda social, foi estruturado o atual modelo do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).O Programa:

é destinado a avaliar e a disponibilizar obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa, de forma sistemática, regular e gratuita, às escolas públicas de educação básica das redes federal, estaduais, municipais e distrital e também às instituições de educação infantil comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o Poder Público (MEC, 2018). Desse modo, ressaltamos a importância do Programa Nacional do Livro Didático, que na base da sua funcionalidade, almeja atender todas as escolas públicas da rede básica do país no presente, munindo professores e alunos com livros didáticos, adquiridos a partir de um processo para selecionar, avaliar e adquirir obras elaboradas por empresas editoriais, as quais passam por avaliação e crivo do MEC e dos professores, até serem escolhidos e comprados. Como uma ferramenta, o livro didático e, sobretudo, o programa do livro didático brasileiro, apresentam-se como caminho necessário e importantíssimo entre o campo social e a escola, pois atrelam ao seu papel a função social e educativa. Social pelo fato de apresentarem ao educando as realidades e as condições diversas de várias partes do mundo, e na escola o livro assume a condição de um instrumento de conhecimento. Assim, devemos encará-lo como o “serviço” responsável por manter o elo entre o conhecimento científico/acadêmico e a escola, pois é comum no Brasil, o livro didático ser o único meio de contato entre alunos, professores e a realidade científica.

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Desse modo, é pertinente apresentar o livro e o Programa Nacional do Livro Didático dentro da Política Nacional de Educação, a partir do organograma da Figura 3, o qual nos permite identificar a posição do PNLD no Plano Nacional de Educação. Vale lembrar que o PNLD, ao contrário do que muitos autores afirmam, não é uma política pública. Na realidade ele é um dos vários programas que compõem a Política Nacional de Educação.

Figura 3 -Organograma – Inserção do PNLD na Política Nacional de Educação

Fonte: Elaboração Própria

Uma Política Pública trata do conteúdo concreto e do conteúdo simbólico de decisões políticas do seu processo de construção e da atuação dessas decisões (SECCHI, 2013). Segundo Peters (1986), uma política pública seria a soma das atividades dos governos que influenciam diretamente a vida dos cidadãos. Assim, no âmbito educacional, o Ministério da Educação (MEC) desenvolve planos que instrumentalizam metas para desenvolver os programas vinculados à Política Nacional de Educação. No âmbito da educação básica, o MEC formula, a cada 10 anos, o PNE, que determina diretrizes, metas e estratégias para compor a política de educação nesse período. O PNE vigente refere-se ao intervalo de 2014 a 2024 e é dividido em quatro grupos de metas.

Política Nacional da Educação Programas PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar PNATE Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar PNLD Prograna Nacional do Livro Didático Instrumentos de avaliação IDEB Prova Brasil + Censo Escolar ENEM Plano Nacional de Graduação Plano Nacional de Educação PNE Plano Nacional de Pós-graduação Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica ... FUNDEB

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No primeiro estão as metas estruturantes que buscam garantir o direito à educação básica com qualidade, que incluem o acesso e a universalização do ensino. O segundo grupo diz respeito à redução das desigualdades e à valorização da diversidade. O terceiro refere-se à valorização dos profissionais da educação, e o quarto grupo de metas refere-se ao ensino superior. O PNLD está inserido no primeiro grupo de metas, já que garantir o acesso à educação não está relacionado apenas a assegurar a matrícula, mas também garantir que esse aluno, uma vez matriculado, tenha como chegar na escola (PNATE – Programa Nacional do Transporte Escolar), garantir suas necessidades básicas de alimentação (PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar), e, por fim, mas não menos importante, garantir o acesso ao material didático de estudo.

Com o intuito de avaliar a qualidade do ensino básico no país, o MEC utiliza instrumentos de avaliação. Para o ensino básico, temos entre outros, o IDEB que é calculado com base nos resultados da Prova Brasil e do Censo Escolar, conforme será explicado no subcapítulo 3.2, e o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que além de ser uma forma de selecionar os alunos que ingressarão no ensino superior, também é uma forma de avaliar a qualidade do ensino médio no país.

2.2 As bases pretéritas da PNLD e sua construção (1930 – 2008)

Nessa seção será apresentada uma breve cronologia acerca do Programa Nacional do Livro Didático e suas bases pretéritas, na qual serão destacados os principais marcos legais e ações governamentais instituídos ao longo da história da educação brasileira, no âmbito do PNLD, bem como alguns marcos antecedentes.

A fim de se compreender o processo evolutivo do PNLD e suas modificações ao longo da história, a qual delimitou-se como campo de análise o período de 1930, década em que o Instituto Nacional do Livro é instituído, até 2008.

Para tanto, é importante ressaltar que o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é um dos mais antigos programas voltados à distribuição de obras didáticas aos estudantes da rede básica de ensino.

Com ações similares às realizadas no âmbito do PNLD, a partir do anos de 1937, em pleno governo ditatorial de Getúlio Vargas, que logo após a criação do Ministério da Educação e Saúde (MES) em 1930, foi criado através do Decreto-Lei nº 93, de 21 de dezembro de 1937, o Instituto Nacional do Livro – INL, por iniciativa do ministro da Educação, Gustavo Capanema, com as seguintes competências: organizar e publicar a Enciclopédia Brasileira e o Dicionário da Língua Nacional, editar obras de interesse para a cultura nacional, criar

(36)

bibliotecas públicas e estimular o mercado editorial mediante promoção de medidas para aumentar, melhorar e baratear a edição de livros no país (OLIVEIRA, 1994, p.43). Decreto esse que se baseava em vários princípios, dos quais destacamos os artigos:

Art. 1º O Instituto Cairú fica transformado em Instituto Nacional do livro.

Parágrafo único. O Instituto Nacional do Livro terá a sede dos seus Trabalhos no edifício da Biblioteca Nacional.

Art. 2º Competirá ao Instituto Nacional do Livro;

a) organizar e publicar a Enciclopédia Brasileira e o Dicionário da Língua Nacional, revendo-lhes as sucessivas edições;

b) editar toda sorte de obras raras ou preciosas, que sejam de grande interesse para a cultura nacional;

c) promover as medidas necessárias para aumentar, melhorar e baratear a edição de livros no país, bem como para facilitar a importação de livros estrangeiros;

d) incentivar a organização e auxiliar a manutenção de bibliotecas públicas em todo o território nacional.

Art. 6º As publicações do Instituto Nacional do Livro não serão distribuídas gratuitamente senão às bibliotecas públicas a ele filiadas, mas se colocarão à venda em todo o país , por preços que apenas bastem pura compensar total ou parcialmente o seu custo. (Brasil, 1937).

Nota-se que nesse primeiro momento, o Decreto-Lei nº 93, de 21 de dezembro de 1937, cria o Instituto Nacional do Livro, o qual tinha como competência organizar e publicar a Enciclopédia Brasileira e o Dicionário da Língua Nacional, revendo-lhes as sucessivas edições, bem como tinha o papel de incentivar a manutenção das bibliotecas públicas do país, cabendo-lhe ainda, promover condições para aumentar as edições, melhorar e baratear, além de facilitar as importações e editar obras raras. Todavia, as obras ainda não eram disponíveis gratuitamente ao público, ou seja, não havia a destinação de verbas para a aquisição de livros didáticos para o ensino básico, ou mesmo escolar. Na verdade, eram vendidas a preços de custo ou dispostas nas bibliotecas públicas do país.

Em 1938, foi criado por meio do Decreto-Lei nº 1.006, de 30/12/38, a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD), estabelecendo uma política de controle de produção e circulação do livro didático no País (BRASIL, 2017). Nesse caso, o Decreto, em seu Capítulo I, retrata a validação quanto à elaboração e compra de livros didáticos, descrito da seguinte maneira:

CAPÍTULO I - Da Elaboração e Utilização do Livro Didático

Art. 1º - É livre no país, a produção ou a importação de livros didáticos.

Art. 2º - Para os efeitos da presente Lei, são considerados livros didáticos os compêndios e os livros de leitura de classe.

§ 1º - Compêndios são os livros que exponham, total ou parcialmente, a matéria das disciplinas constantes dos programas escolares.

§ 2º - Livros de leitura de classe são os livros usados para leitura dos alunos em aula. Art. 3º - A partir de 1º de janeiro de 1940, os livros didáticos que não tiverem tido autorização prévia, concedida pelo Ministério da Educação nos termos desta Lei, não poderão ser adotados no ensino das escolas pré-primárias, primárias, normais, profissionais e secundárias, em toda a República.

Parágrafo único. Os livros didáticos próprios do ensino superior independem da autorização de que trata este artigo, nem estão sujeitos às demais determinações da

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presente Lei, mas é dever dos professores orientar os alunos, a fim de que escolham as boas obras, e não se utilizem das que lhes possam ser perniciosas à formação da cultura. Art. 4º - Os livros didáticos editados pelos poderes públicos não estarão isentos da prévia autorização do Ministério da Educação, para que sejam adotados no ensino pré-primário, pré-primário, normal, profissional e secundário.

Art. 5º - Os poderes públicos não poderão determinar a obrigatoriedade de adoção de um só livro ou de certos e determinados livros para cada grau ou ramo de ensino, nem estabelecer preferências entre os livros didáticos de uso autorizado, sendo livre aos diretores, nas escolas pré-primárias e primárias e aos professores, nas escolas normais, profissionais e secundárias, a escolha de livros para uso dos alunos, uma vez que constem da relação oficial das obras de uso autorizado, e respeitada a restrição formulada no art. 25 desta lei.

Parágrafo único. A direção das escolas normais, profissionais e secundárias, sejam públicas ou particulares, não poderão, relativamente ao ensino desses estabelecimentos, praticar os atos vedados no presente artigo.

Art. 6º - É livre ao professor a escolha do processo de utilização dos livros adotados, uma vez que seja observada a orientação didática dos programas escolares.

Parágrafo único. Fica vedado o ditado de lições constantes dos compêndios ou o ditado de notas relativas a pontos dos programas escolares.

Art. 7º - Um mesmo livro poderá ser adotado, em classe, durante anos sucessivos. Mas o livro adotado no início de um ano escolar não poderá ser mudado no seu decurso. Art. 8º - Constitui uma das principais funções das caixas escolares, a serem organizadas em todas as escolas primárias do país, com observância do disposto do art. 130 da Constituição, dar às crianças necessitadas nessas escolas matriculadas os livros didáticos indispensáveis ao seu estudo. (Brasil, 1938).

Com o Decreto-Lei nº 1.006, de 30/12/38, se estabelece os primeiros passos para o que se tem atualmente no cenário do Programa Nacional do Livro Didático, ou seja, a oficialização da produção e compra desses materiais, bem como garante regras de escolha e uso.

No ano de 1945, pelo Decreto-Lei nº 8.460, de 26/12/45, é consolidada a legislação sobre as condições de produção, importação e utilização do livro didático, restringindo ao professor a escolha do livro a ser utilizado pelos alunos, conforme definido no art. 5º.

Art. 5º - Os poderes públicos não poderão determinar a obrigatoriedade de adoção de um só livro ou de certos e determinados livros para cada grau ou ramo de ensino nem estabelecer preferência entre os livros didáticos de uso autorizado, sendo livre aos professores de ensino primário, secundário, normal e profissional a escolha de livros para uso dos alunos, uma vez que constem da relação oficial das obras de uso autorizado (BRASIL, 1945).

Tal decreto ainda não garantia o direito gratuito ao livro didático, mesmo determinando, especificamente, que o professor pudesse escolher o livro didático que seria utilizado pelos alunos.

Todavia, em 1966, um acordo entre o Ministério da Educação (MEC) e a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) permite a criação da Comissão do Livro Técnico e Livro Didático (Colted), com o objetivo de coordenar as ações referentes à produção, edição e distribuição do livro didático. O acordo assegurou ao MEC recursos suficientes para a distribuição gratuita de 51 milhões de livros no período de três anos. Ao

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