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Fragmentação e segregação sócio-espacial no processo de urbanização do Litoral Nordeste da Bahia: os dois lados da Rodovia BA-099 − “Estrada do Coco”

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

DENISE SILVA MAGALHÃES

FRAGMENTAÇÃO E SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO LITORAL NORDESTE DA BAHIA: OS DOIS LADOS DA

RODOVIA BA-099 − “ESTRADA DO COCO”

Salvador-BA 2015

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DENISE SILVA MAGALHÃES

FRAGMENTAÇÃO E SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO LITORAL NORDESTE DA BAHIA: OS DOIS LADOS DA

RODOVIA BA-099 − “ESTRADA DO COCO”

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Doutora em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito

Salvador-BA 2015

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M188 Magalhães, Denise Silva.

Fragmentação e segregação sócio-espacial no processo de urbanização do litoral nordeste da Bahia : os dois lados da Rodovia BA-099 − “Estrada do Coco” / Denise Silva Magalhães.- Salvador, 2015.

332 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito. Tese (Doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, 2016.

1. Geografia urbana - Bahia. 2. Solo urbano - Uso. 3. Segregação urbana. I. Brito, Cristóvão de Cássio da Trindade de. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências. III. Título.

(4)

TERMO DE APROVAÇÃO

FRAGMENTAÇÃO E SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO LITORAL NORDESTE DA BAHIA: OS DOIS LADOS DA

RODOVIA BA-099 − “ESTRADA DO COCO”

DENISE SILVA MAGALHÃES

BANCA EXAMINADORA

Dr. Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito (Orientador) Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. Programa de Pós-Graduação em Geografia (UFBA), Brasil.

Dr. Eustógio Wanderley Correia Dantas

Doutor em Geografia e Planejamento pela Universidade de Paris-Sorbonne, França. Universidade Federal do Ceará, Brasil.

Dra. Lirandina Gomes Sobrinho

Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe, Brasil. Universidade do Estado da Bahia, Brasil.

Dra. Mariña Pose Garcia

Doutora em Geografia pela Universidade de Santiago de Compostela, Espanha. Universidade de Santiago de Compostela, Espanha.

Dra. Regina Celeste da Almeida Souza

Doutora em Geografia pela Universidade de Rouen, França. Universidade Salvador, Brasil.

(5)

A

João e Rosalva, meus pais (in memoriam) e Francisco (Chico), meu companheiro (in memoriam), presenças sentidas, me estimulando sempre.

Regina Celeste, amiga/irmã, pelo constante incentivo em minha caminhada acadêmica.

(6)

AGRADECIMENTOS

Na minha vida enfrentei desafios, alguns maiores que os outros. Desafios que se destinaram a me fortalecer e me preparar para o caminho à frente. Deus e seus Anjos, Mensageiros de Luz, jamais me abandonaram; me fortaleceram, me apoiaram nessa caminhada, me deram a força, fé e coragem que precisava para seguir adiante e procurar vencer.

Amigos importantes me ajudaram ao longo desse caminho e me fazem lembrar de que desempenho um papel bem pequeno em meu próprio sucesso. Esses amigos me deram os maiores presentes que existem: amizade, confiança, apoio e, o mais importante, seu amor.

Rostos e nomes de alguma forma inevitavelmente surgem à minha mente:

Francisco (Chico), por tudo: pelo companheirismo de todas as horas, pelo grande amor e carinho dedicado a família, sem palavras...

Dilson, Marcelo e Thaise, meus filhos, pela constante demonstração de amor.

Gilma, minha nora querida, pela dedicada amizade.

Magnólia, minha neta muito amada, pela alegria que me traz.

Todos os meus familiares, que souberam compreender a minha dedicação ao estudo.

Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito, orientador e amigo querido sempre tão atencioso e receptivo e, acima de tudo, um mestre em me abrir caminhos.

(7)

Eustógio Wanderley Correia Dantas, Lirandina Gomes Sobrinho, Mariña Pose Garcia, Regina Celeste de Almeida Souza, professores da minha banca, pela contribuição.

Angelo Szaniecki Perret Serpa, Antonio Angelo Martins da Fonseca, Antonio Puentes Torres, Creuza Santos Lage, Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito, Neyde Maria Santos Gonçalves, Pedro de Almeida Vasconcelos, Rubens de Toledo Junior e Wendel Henrique Baumgartner, professores que no decorrer do curso contribuíram para o meu amadurecimento.

Antonio Angelo Martins da Fonseca, Antonio Puentes Torres, Alcides dos Santos Caldas, Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito, Dária Maria Cardoso Nascimento, Emanuel Fernando Reis de Jesus, Guiomar Inez Germani, Maria Auxiliadora da Silva, Maria Elvira Passos Costa, Noeli Pertile, colegas professores, pelo contínuo incentivo.

Cláudia Cruz, Claudemiro da Cruz Neto, Clímaco Dias, Dante Severo, Diva Ferlin, Eduardo Gabriel Palma, Evandro Santos, Itanajara Muniz, Joselito Britto, Geny Guimarães, Maria Goreth Nery, Juliana Radek, Rita Luquini e William Antunes, colegas e amigos especiais, pelo constante apoio.

Adriano Cassiano, Harlan Rodrigo, Flávia Damares, Marcel Batista, Marcelo Goulart, Ney Lucas e Leonardo Almeida, meus alunos, pela amizade e incessante contribuição.

Minhas fontes e referências, tantas e tão especiais.

A todos que entrevistei, pela confiança em prestarem seus depoimentos.

(8)

As grandes idéias não surgem nunca subitamente; as que têm por base a verdade têm sempre seus precursores que lhes preparam parcialmente

os caminhos [...].

(9)

RESUMO

A pesquisa buscou compreender como se desenvolve e o que motiva a reprodução da fragmentação espacial e da segregação sócio-espacial no processo de urbanização do Litoral Nordeste (LNE) da Bahia, ao longo da rodovia BA-099 – “Estrada do Coco”. A parte costeira da região LNE baiano vem passando por importantes e significativas transformações sócio-espaciais e econômicas ao longo do último meio século, decorrente do processo de ocupação e uso do solo como resultado de sua integração à economia e à urbanização organizada em torno dos interesses dos agentes econômicos hegemônicos e do governo nas distintas escalas desde o local ao federal. O principal tipo de exploração desta parte da região está voltado para o turismo e o veraneio. Desde os anos 1970, apesar da dificuldade de acesso por não haver estradas, o veraneio no LNE baiano já era praticado pelos grupos sociais de alta renda provenientes principalmente da cidade do Salvador, atraídos pela paisagem natural nas áreas adjacentes à praia; com isso, ao longo do tempo, os proprietários de terras começaram a se interessar pela substituição do uso da terra rural pelo uso urbano com a oferta de loteamentos residenciais. A atividade turística foi sendo incorporada aos poucos. As transformações fundamentais no LNE baiano passaram a ocorrer de maneira mais efetiva com a construção do primeiro trecho da rodovia BA-099 – “Estrada do Coco”, em 1975. A partir deste evento foi aberta a possibilidade de incorporação sistemática da região às demandas do Governo baiano, sobretudo com o planejamento do turismo como alternativa para a diversificação econômica regional, por um lado, e por outro lado, a própria ação do Governo em implantar infraestrutura turística implicou o atendimento dos interesses dos proprietários de terras e dos agentes do mercado imobiliário com a oferta de lotes urbanos e habitação para os grupos sociais de média e alta renda, e investimentos em turismo. Isso implicou a valorização das terras, das benfeitorias e das habitações, na parte voltada para o mar, e do lado oposto à rodovia as terras obtiveram pouca valorização econômica em razão da urbanização precária e do adensamento da população nos povoados, sendo ocupadas principalmente pelas famílias com menor renda, e onde também se desenvolve um comércio varejista de consumo imediato e de onde é arregimentada a força de trabalho barato. Esta condição gerou áreas urbanas distintas social e espacialmente dos dois lados da rodovia BA-099. Assim, a ação preponderante do Governo e dos proprietários fundiários e do capital imobiliário voltados para o veraneio e para o chamado “turismo residencial” faz reproduzir os fenômenos da fragmentação espacial e da segregação sócio-espacial-residencial no processo de urbanização do LNE baiano. Palavras-chave: Terra urbana. Infraestrutura. Veraneio. Fragmentação espacial. Segregação sócio-espacial-residencial.

(10)

ABSTRACT

The research sought to understand how it develops and what motivates the reproduction of spatial fragmentation and socio-spatial segregation in the urbanization process in the Northeast Coast of Bahia (LNE), along the BA-099 highway  "Estrada do Coco". The coastal part of Bahia LNE region has undergone important and significant socio-spatial and economic transformations over the last half century, due to the process of occupation and land use, as a result of their integration into the economy and urbanization, organized around the interests of the hegemonic economic and government agents and in different scales, from local to federal. The main type of exploitation of this part of the region is headed to the tourism and summer vacation housing. Since the 1970s, despite the access difficulties due to the lack of roads, the summer vacations in Bahia LNE was already practiced by social groups of high income, mainly from the city of Salvador, attracted by the natural landscape in the areas adjacent to the beach; thus, over time, landowners began to take an interest in replacing the rural land use for urban use by supplying residential subdivisions. The tourist activity was being gradually built. Fundamental changes in Bahia LNE started to occur, more effectively, with the construction, in 1975, of the first stretch of the BA-099 highway  "Estrada do Coco". From this event on it was open to the possibility of systematic incorporation of the region to the demands of Bahia government, especially, on one hand, with the alternative as tourism planning for regional economic diversification, and on the other hand, the action of the government in implementing tourism infrastructure itself implied on the interest of landowners and operators of real estate market in supplying urban land and housing for middle and upper income social groups, and tourism investors. This led to the appreciation of land, to improvements and housing, in that part facing the sea, while the lands located on the opposite side of the highway obtained little economic value, because of the existing precarious urbanization and population density in the villages, mainly occupied by families with lower income, and which also develops retail commerce for immediate consumption and where the cheap labor force is regimented. This condition generated social and spatially distinct urban areas on each side of the highway BA-099. Thus, the predominant action of the Government and of the land and real estate capital owners, the summer vacation housing and the so-called "residential tourism", do reproduce the phenomena of spatial fragmentation and socio-spatial-residential segregation in the Bahian LNE urbanization process.

Keywords: Urban land. Infrastructure. Summer vacation housing. Spatial fragmentation. Socio-spatial-residential segregation.

(11)

RÉSUMÉ

Cette recherche visait à comprendre comment il se développe et ce qui motive la

reproduction de la fragmentation spatiale et la ségrégation socio-spatiale dans le

processus d'urbanisation de la Côte Nord-Est (LNE) de Bahia, au long de la

autoroute BA-099  "Estrada do Coco". La partie côtière de la région du LNE Bahia

a subi des importants et significatifs transformations socio-spatiales et économiques

au cours du dernier demi-siècle, en raison du processus d'occupation et de l'utilisation des terres en raison de son intégration dans l'économie et de l'urbanisation organisée autour des intérêts des agents économiques hégémoniques et du gouvernement dans différentes échelles depuis locale jusqu’à fédérale. Le principal type de l'exploitation de cette partie de la région est confrontée au tourisme

et à l'été. Depuis les années 1970, malgré l'accès difficile, car il n'y avait de

autoroutes, l'été à LNE de Bahia a déjà été pratiqué par des groupes sociaux de

revenu élevé, surtout de la Ville de Salvador, attirés par le paysage naturel dans les

zones adjacentes à la plage. Donc, au fil du temps, les propriétaires fonciers ont commencé à remplacer l'utilisation des terres rurales pour un usage urbain avec la offert des lotissements résidentiels et l'activité touristique a été construit progressivement. Des changements fondamentaux dans LNE de Bahia ont commencé à se produire plus efficacement avec la construction de la première

section de l'autoroute BA-099  "Estrada do Coco" en 1975. A partir cet événement

a été ouverte la possibilité de l'incorporation systématique de la région aux

demandes du gouvernement de Bahia, avec la planification du tourisme et diversification économique régionale d'une part, et d’outre part avec l'action à mettre en œuvre des infrastructures touristiques selon les intérêts des propriétaires et des opérateurs de marché de l'immobilier pour les groupes sociaux des revenus moyen et supérieur. Cela a conduit à la valorisation des terres, des améliorations et des

logements, dans la partie devant la mer, tandi que les terrains devant la autoroute a

obtenu peu de valeur économique en raison de l'urbanisation précaire dans les villages habités, principalement, par des familles à faible revenus auxquelles vivent de la vente des merchandises au détail pour la consommation immédiate ou de l’offert de main-d'œuvre pas cher. Cette condition a crée des zones urbaines et sociales distinctes dans l'espace au long de deux côtés de l'autoroute BA-099. Ainsi

donc, l'action prédominante du gouvernement, des propriétaires fonciers et du capital

immobilier face à l'été et la soi-disant ‘tourisme résidentiel" reproduit les phénomènes de fragmentation spatiale et la ségrégation socio-spatiale résidentiel dans le processus d'urbanisation de la LNE de Bahia.

Mots-clés: terres urbaines. Infrastructure. été. fragmentation spatiale. Ségrégation

(12)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Localização da área de estudo – Litoral Nordeste da Bahia,

2014 ... 28 Figura 2 Vias de acesso às localidades do Litoral Nordeste da Bahia,

1953 ... 71 Figura 3 Pessoas admitidas e desligadas nos setores ligados ao

turismo – Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari e Mata de

São João – 2007 – 2015 ... 95 Figura 4 Salvador e seu entorno: expansão urbana e residências

secundárias ... 111 Figura 5 Imagem aérea da área do loteamento Paradiso Laguna ... 116 Figura 6 Paisagem do loteamento Paradiso Laguna ... 117 Figura 7 Restinga com vegetação arbustiva e herbácea às margens

da lagoa, com vegetação hidrófita – 2013 ... 118 Figura 8 O loteamento Paradiso Laguna no contexto ambiental –

2004 ... 125 Figura 9 Anúncio de terrenos em “condomínio fechado” de Praia do

Forte ... 138 Figura 10 Anúncio de villages em Itacimirim ... 139 Figura 11 Percentual de ofertas de terrenos nas localidades

estudadas no LNE baiano – 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012 157 Figura 12 Preço médio de terrenos (em US$/m²) nas localidades

estudadas no LNE baiano– 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012 . 160 Figura 13 Área dos terrenos à venda nas localidades estudadas no

LNE baiano – 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012 ... 162 Figura 14 Localidades periféricas no LNE baiano: Areias, Açú da

Torre, Açuzinho e Malhadas ... 175 Figura 15 Localidades periféricas no LNE baiano: Monte Gordo e

Barra do Pojuca ... 175 Figura 16 Localidades costeiras no LNE baiano: Abrantes e Jauá ... 176 Figura 17 Localidades costeiras no LNE baiano: Arembepe e Barra do

(13)

Figura 18 Localidades costeiras no LNE baiano: Guarajuba e

Itacimirim ... 177 Figura 19 Localidade costeira de Praia do Forte ... 178 Figura 20 População total residente por setores censitários urbanos –

Litoral Nordeste da Bahia, 2010 ... 181 Figura 21 Motivo da escolha do local para estabelecimentos

comerciais – Litoral Nordeste da Bahia, 2014 ... 185 Figura 22 Número de comerciários segundo o uso de transporte –

Litoral Nordeste da Bahia, 2014 ... 191 Figura 23 Fluxo de linhas de transportes rodoviários intermunicipais

de passageiros – Litoral Nordeste da Bahia, 2015 ... 193 Figura 24 Aspecto da lavagem de Monte Gordo, 2014 ... 200 Figura 25 Aspecto da lavagem de Guarajuba, 2014 ... 200 Figura 26 Praia de Guarajuba: concentração dos “pobres” e dos

“ricos” ... 201 Figura 27 Diferentes formas de habitação e espaços públicos em

Guarajuba e Areias ... 206 Figura 28 Praia de Guarajuba em 1974 e 2013 ... 217 Figura 29 Principais motivos de impedimentos e/ou restrição de

passar em áreas de praia – Litoral Nordeste da Bahia, 2014 219 Figura 30 Condomínio Paraíso dos Corais, em Guarajuba – 2015 ... 221 Figura 31 Condomínio Bosque de Guarajuba: verticalização em Monte

Gordo ... 224 Figura 32 Total de domicílios particulares permanentes por setores

censitários urbanos – Litoral Nordeste da Bahia, 2010 ... 232 Figura 33 Localização das residências principais de proprietários de

residências secundárias no Litoral Nordeste da Bahia, com

base em pesquisa on line, 2014 ... 233 Figura 34 Localização das residências principais de proprietários de

residências secundárias no Litoral Nordeste da Bahia, com

base em pesquisa de campo, 2014 ... 233 Figura 35 Renda média mensal do responsável pelo domicílio, por

setores censitários urbanos – Litoral Nordeste da Bahia,

(14)

Figura 36 Renda domiciliar per capita por salário mínimo, por setores

censitários urbanos – Litoral Nordeste da Bahia, 2010 ... 239

Figura 37 Total de proprietários de residência entrevistados segundo a renda familiar – Litoral Nordeste da Bahia, 2014 ... 240

Figura 38 Três ou mais banheiros por domicílio, por setores censitários urbanos – Litoral Nordeste da Bahia, 2010 ... 241

Figura 39 Percentual de proprietários entrevistados segundo a contratação de empregados domésticos – Litoral Nordeste da Bahia, 2014 ... 244

Figura 40 Índice de Desenvolvimento Social (IDS), por setores censitários urbanos – Litoral Nordeste da Bahia, 2010 ... 245

Figura 41 Índice de Segregação Sócio-Espacial (ISSE), por localidade – Litoral Nordeste da Bahia, 2014 ... 247

Figura 42 Praia do Forte: entrada do Tivoli Ecoresort ... 248

Figura 43 Praia do Forte: shopping ... 248

Figura 44 Praia do Forte: residências unifamiliares na Avenida do Farol ... 248

Figura 45 Praia do Forte: residência unifamiliar na Rua da Foca ... 248

Figura 46 Praia do Forte: residências geminadas na Rua da Foca ... 249

Figura 47 Praia do Forte: residência unifamiliar em condomínio fechado na Avenida do Farol ... 249

Figura 48 Banner exposto na Avenida do Farol, em Praia do Forte ... 250

Figura 49 Praia do Forte: habitações em beco ou viela ... 250

Figura 50 Praia do Forte: habitações na Rua da Aurora ... 250

LISTA DE QUADROS Quadro 1 Características da ocupação do solo nas localidades do Litoral Nordeste da Bahia, 2015 ... 168

Quadro 2 Empreendimentos hoteleiros, loteamentos e condomínios nas localidades ao longo da BA-099 – “Estrada do Coco”, 2013 ... 222

(15)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tamanho da amostra dos domicílios, por localidade, 2014 .. 35 Tabela 2 Tamanho da amostra das unidades de comércio, por

localidade – 2014 ... 36 Tabela 3 Preço médio de terrenos urbanos em Salvador – 1970/2004 68 Tabela 4 Estrutura fundiária dos municípios do Litoral Nordeste da

Bahia, 2006 ... 82 Tabela 5 Utilização das terras nos municípios do Litoral Nordeste da

Bahia, 2006 ... 82 Tabela 6 Crescimento populacional dos municípios costeiros do

Litoral Nordeste da Bahia – 1970 a 2010 ... 84 Tabela 7 Entrada de turistas segundo o continente de residência

permanente – Bahia – 2010 a 2014 ... 93 Tabela 8 Fluxo turístico na Bahia – 2008 a 2011 ... 94 Tabela 9 Saldo de empregos nos setores ligados ao turismo –

Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari e Mata de São João –

2007 a 2015 ... 96 Tabela 10 Participação das zonas turísticas no fluxo receptor nacional

da Bahia – 2011, 2012 e 2013 ... 98 Tabela 11 Municípios do Litoral Nordeste da Bahia: residências

secundárias recenseadas em áreas urbanas, 1980 – 2010 . 113 Tabela 12 Área média (m²) de terrenos à venda nas localidades

estudadas no LNE baiano – 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012 163 Tabela 13 População total residente por setores censitários – Litoral

Nordeste da Bahia, 2010 ... 180 Tabela 14 População total entrevistada, segundo faixa etária – Litoral

Nordeste da Bahia, 2014 ... 182 Tabela 15 Condição dos estabelecimentos comerciais – Litoral

Nordeste da Bahia, 2014 ... 186 Tabela 16 Percentual de comerciários segundo o vínculo empregatício

– Litoral Nordeste da Bahia, 2014 ... 187 Tabela 17 Local de residência dos empregados domésticos – Litoral

(16)

Tabela 18 Localidade de residência dos comerciários – Litoral

Nordeste da Bahia, 2014 ... 190 Tabela 19 Cidades da Região Metropolitana de Salvador mais

frequentadas pelos comerciários residentes em localidades

do Litoral Nordeste da Bahia, 2014 ... 196 Tabela 20 Percentual de frequências das viagens a Salvador pelos

comerciários residentes em localidades no Litoral Nordeste,

2014 ... 197 Tabela 21 Equipamentos urbanos e infraestrutura básica das

localidades ao longo da rodovia BA-099, 2013 ... 209 Tabela 22 Número de residências secundárias por grandes regiões

brasileiras – 2000 e 2010 ... 226 Tabela 23 Total de residências secundárias pesquisadas nas

localidades – Litoral Nordeste da Bahia, 2014 ... 234 Tabela 24 Grau de instrução dos proprietários de residência

pesquisadas nas localidades – Litoral Nordeste da Bahia,

(17)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAVS Associação das Artesãs de Vila Sauípe AID Área de Influência Direta

APA Área de Proteção Ambiental APP Área de Preservação Permanente

Ascon Associação dos Condôminos de Guarajuba Bahiatursa Empresa de Turismo da Bahia S.A.

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BNH Banco Nacional de Habitação

CAB Centro Administrativo da Bahia

Caged Cadastro Geral de Empregados e Desempregados Cepram Conselho Estadual de Meio Ambiente

CF Constituição Federal CIA Centro Industrial de Aratu

CIRM Comissão Interministerial para os Recursos do Mar CLN Concessionária Litoral Norte S.A.

Coelba Companhia de Energia Elétrica do Estado da Bahia Conama Conselho Nacional de Meio Ambiente

Conder Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia Cohab Companhia de Habitação Popular

Copec Complexo Petroquímico de Camaçari CRA Centro de Recursos Ambientais

Derba Departamento de Estradas de Rodagem da Bahia Derba Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia DFLN Distrito Florestal do Litoral Norte

ECO-92 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

EIA Estudo de Impacto Ambiental

Embasa Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. Embratur Empresa Brasileira de Turismo

Emtur Empreendimentos Turísticos da Bahia S.A. Gerco Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro

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Gial Gestão Integrada das Áreas Litorâneas

Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre Operações relativos à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

IDS Índice de Desenvolvimento Social IED Investimento Externo Direto

Inema Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Iphan Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPTU Imposto sobre a Propriedade Predial Urbana

ISS Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ISSE Índice de Segregação Sócio-Espacial

LNE Litoral Nordeste

MMA Ministério do Meio Ambiente

MMA Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal

Modesa Movimento Pró de Arembepe MTE Ministério do Trabalho

MTUR Ministério do Turismo

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMT Organização Mundial do Turismo

ONG Organização Não Governamental

Oscip Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

Petrobras Petróleo Brasileiro S.A. PGV Planta Genérica de Valores

PNGC Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro PNMA Política Nacional do Meio Ambiente

PNRM Política Nacional para os Recursos do Mar

(19)

Prodetur-NE Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste Projeto Orla Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima

RCI Resorts Condominiuns International Rima Relatório de Impacto Ambiental RMS Região Metropolitana de Salvador

SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia Semarh Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Seplantec Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia Setur Secretaria do Turismo do Estado da Bahia

SFC Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação

SM Salário mínimo

SNPTUR Secretaria Nacional de Políticas de Turismo Snuc Sistema Nacional de Unidade de Conservação

Suinvest Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos STT Superintendência do Trânsito e Transportes

SUS Sistema Único de Saúde

Tamar Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas Tiso Terminal de Integração Sede e Orla

Tibras Titânio do Brasil S.A. UCA Universidade de Cádiz

Urbis Habitação e Urbanização da Bahia S.A. VUPT Valor Unitário Padrão dos Terrenos ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico ZOR Zona de Ocupação Rarefeita ZPV Zona de Proteção Visual ZTR Zona Turística Residencial

(20)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 23

1.1 RECORTE ESPACIAL E TEMPORAL DO ESTUDO ... 26

1.2 AS QUESTÕES DE PESQUISA E OBJETIVOS ... 27

1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DE PESQUISA ... 29

1.3.1 Etapas de desenvolvimento da pesquisa ... 30

1.4 ORGANIZAÇÃO DA TESE ... 38

2 SOBRE O ESPAÇO GEOGRÁFICO: ELEMENTOS PARA ENTENDER A FRAGMENTAÇÃO ESPACIAL E A SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL-RESIDENCIAL NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO LITORÂNEA ... 43

3 PERCURSOS HISTÓRICOS: A ESPACIALIDADE DA FRAGMENTAÇÃO E SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL-RESIDENCIAL EM SALVADOR E NO LITORAL NORDESTE DA BAHIA ... 63

3.1 A CIDADE DO SALVADOR: UMA EXPANSÃO URBANA SÓCIO-ESPACIAL-RESIDENCIAL DIFERENCIADA E CONTINUADA EM SEU VETOR NORDESTE ... 63

3.2 NOVA DINÂMICA DA OCUPAÇÃO E USO DO SOLO NO LITORAL NORDESTE BAIANO A PARTIR DA ABERTURA DA RODOVIA BA-099 ... 70

4 A “NOVA” ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO LITORAL NORDESTE DA BAHIA E OS CONFLITOS COM COMUNIDADES EMPOBRECIDAS ... 76

4.1 O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA CAPITALISTA DA TERRA NO BRASIL E NO LITORAL NORDESTE BAIANO ... 76

4.2 A RESISTÊNCIA DE COMUNIDADES LOCAIS EMPOBRECIDAS E OS CONFLITOS GERADOS PELA POSSE DA TERRA ... 85

5 O PROCESSO CONTEMPORÂNEO DE INCORPORAÇÃO DO LITORAL NORDESTE DA BAHIA AO TURISMO ... 89

5.1 ATIVIDADES DO TURISMO NO LITORAL NORDESTE BAIANO: PRÁTICAS ESPACIAIS E RESIDÊNCIAS SECUNDÁRIAS ... 89

5.1.1 Práticas espaciais como resultado das atividades do turismo na região ... 100

5.1.2 As residências secundárias no âmbito do turismo residencial 104 5.1.3 As residências secundárias e sua relação com a cidade do Salvador e seu entorno imediato ... 108

(21)

5.2 A EXPANSÃO DAS RESIDÊNCIAS SECUNDÁRIAS NO LITORAL DE CAMAÇARI: O EXEMPLO DO LOTEAMENTO

PARADISO LAGUNA ... 115 5.2.1 Contextualização geográfica da área ... 115 5.2.2 O loteamento Paradiso Laguna no contexto ambiental ... 120 5.3 VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA NO LITORAL NORDESTE

BAIANO PELAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING ... 132 6 O ESPAÇO LITORÂNEO: A GESTÃO INTEGRADA E AS

POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL CONVERGINDO PARA

PLANOS E PROGRAMAS COM BASE NO

“DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” ... 144

6.1 ÁREAS LITORÂNEAS: NOVAS CONCEPÇÕES DE

PLANEJAMENTO E DE GESTÃO DESTE ESPAÇO ... 144 6.1.1 “Desenvolvimento sustentável” ou “sociedades

sustentáveis”? ... 149 6.1.2 Uma sociedade cooprodutora, cogestora e codecisora de

políticas públicas ... 150 7 O ESPAÇO LITORÂNEO: MERCADORIA “ENOBRECIDA” ... 155 7.1 O INTERESSE PELO ESPAÇO LITORÂNEO E O

DESENVOLVIMENTO DO MERCADO IMOBILIÁRIO FORMAL

DE TERRAS NO LITORAL NORDESTE BAIANO ... 155 8 ELEMENTOS DA URBANIZAÇÃO EM LOCALIDADES DO

ENTORNO DA RODOVIA BA-099  “ESTRADA DO COCO” .. 166 8.1 CARACTERÍSTICAS DA OCUPAÇÃO DO SOLO NAS

LOCALIDADES DO ENTORNO DA RODOVIA ... 166 8.2 A DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO NAS DISTINTAS

LOCALIDADES ... 179 8.3 O PAPEL DAS LOCALIDADES E SUA INTERAÇÃO ESPACIAL.

A POPULAÇÃO DE COMERCIANTES, COMERCIÁRIOS E

RESIDENTES ... 183 8.4 A INDISSOCIABILIDADE DA ORGANIZAÇÃO ESPACIAL:

MORFOLOGIA, OCUPAÇÃO E SEGREGAÇÃO

SÓCIO-ESPACIAL ... 195 8.5 OS EQUIPAMENTOS URBANOS E A INFRAESTRUTURA

BÁSICA COMO MATERIALIDADE DE UM ESPAÇO URBANO

DESIGUAL ... 207 8.6 AS PRAIAS E OUTROS BENS PÚBLICOS DE ACESSO

RESTRITO NA REGIÃO ... 218 8.7 EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS, LOTEAMENTOS E

(22)

CONDOMÍNIOS: ELEMENTOS DE DISTINÇÃO SOCIAL ... 221 8.8 A RESIDÊNCIA SECUNDÁRIA COMO INDUTORA DE

URBANIZAÇÃO NO LITORAL NORDESTE DA BAHIA ... 225

8.9 RESIDÊNCIAS SECUNDÁRIAS: ELEMENTOS

DETERMINANTES DA FRAGMENTAÇÃO E DA SEGREGAÇÃO

SÓCIO-ESPACIAL ... 230 9 A REPRODUÇÃO DA SEGREGAÇÃO

SÓCIO-ESPACIAL-RESIDENCIAL NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO

LITORAL NORDESTE DA BAHIA ... 236 9.1 A SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL-RESIDENCIAL NO

LITORAL NORDESTE BAIANO: ÁREAS COSTEIRAS E ÁREAS

PERIFÉRICAS ... 236 9.2 SÍNTESE GEOGRÁFICA: FRAGMENTAÇÃO E SEGREGAÇÃO

SÓCIO-ESPACIAL NO LITORAL NORDESTE BAIANO ... 242 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 252 REFERÊNCIAS ... 260 APÊNDICE A  Empreendimentos turísticos privados

previstos e em implantação do LNE do estado da Bahia 

2013 ... 277 APÊNDICE B  Tabelas de vendas de terrenos em Abrantes . 279 APÊNDICE C  Tabelas de vendas de terrenos em Açú da

Torre ... 284 APÊNDICE D  Tabelas de vendas de terrenos em Areias ... 286 APÊNDICE E  Tabelas de vendas de terrenos em Arembepe 287 APÊNDICE F  Tabelas de vendas de terrenos em Barra do

Pojuca ... 293 APÊNDICE G  Tabelas de vendas de terrenos em Barra do

Jacuípe ... 296 APÊNDICE H  Tabelas de vendas de terrenos em Guarajuba 300 APÊNDICE I  Tabelas de vendas de terrenos em Itacimirim . 304 APÊNDICE J  Tabelas de vendas de terrenos em Jauá ... 310 APÊNDICE K  Tabelas de vendas de terrenos em Malhadas . 316

(23)

APÊNDICE L  Tabelas de vendas de terrenos em Monte

Gordo ... 317 APÊNDICE M  Tabelas de vendas de terrenos em Praia do

Forte ... 320 APÊNDICE N – Estrutura de questionário com entrevista

realizada a proprietários de residências das localidades ... 321 APÊNDICE O – Estrutura de questionário com entrevista

realizada a comerciantes das localidades ... 322 APÊNDICE P – Estrutura de questionário com entrevista

realizada a comerciários das localidades ... 323 APÊNDICE Q – Estrutura de questionário com entrevista

realizada a gestor público municipal ... 324 APÊNDICE R – Estrutura de questionário com entrevista

realizada a intermedidores (corretores) de imobiliárias que

atuam no Litoral Nordeste baiano ... 325 APÊNDICE S – Estrutura de questionário com entrevista

realizada a líderes e associações comunitárias do Litoral

Nordeste baiano ... 327 APÊNDICE T – Estrutura de questionário com entrevista on

line realizada a proprietário de residência no Litoral Nordeste

baiano ... 328 APÊNDICE U – Processamento dos questionários ... 329 ANEXO A – Planta baixa do loteamento Paradiso Laguna ... 330

(24)

1 INTRODUÇÃO

Até a década de 1970 toda a área ao longo do Litoral Nordeste da Bahia (LNE)1 permanecia quase isolada, formada por vilas e povoados articulados entre si e com as cidades dos respectivos municípios por meio de caminhos por onde passavam comerciantes e suas tropas de animais com mercadorias. Todavia, em 1975, por iniciativa do Governo do estado da Bahia, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem da Bahia (Derba), foi projetado e construído o primeiro trecho da rodovia estadual BA-099, conhecida como “Estrada do Coco”2. A intenção imediata era atender a demanda de acessibilidade da fábrica da empresa Titânio do Brasil S.A. (Tibras)3, a qual começou as operações em 1971, localizada no km 20 da rodovia, próximo à localidade de Arembepe, na parte litorânea do município de Camaçari.

Esta rodovia constitui um forte fator potencializador de novas dinâmicas e transformações das atividades econômicas ao longo do litoral, bem como para sua ocupação com a finalidade predominantemente residencial, de veraneio e turística. A nova ocupação do LNE possibilitada pela rodovia ocorreu combinada com a ação direta e firme dos agentes privados do mercado fundiário e imobiliário, o que implicou a valorização das terras e das benfeitorias urbanas e habitações.

1

Chama-se a atenção para o fato de que a região institucionalizada pela Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia (Seplantec) como Litoral Norte  a partir do Plano Estratégico de Ação: 1988 -1991, sendo definidas as Regiões de Planejamento (BAHIA, 1987) e pela Lei nº 6.349/1991 (BAHIA, 1987) que dispõe sobre o Plano Plurianual 1992 - 1995, que define as Regiões Econômicas  geograficamente corresponde ao litoral nordeste da Bahia. Assim, neste trabalho, foi adotada a denominação de Litoral Nordeste (LNE), sob a perspectiva eminentemente geográfica, o que a diferencia de outras regionalizações anteriormente feitas para o estado da Bahia, que foram baseadas em critérios políticos-administrativos, socioeconômicos e/ou turísticos.

2 A rodovia BA-099, trecho denominado “Estrada do Coco” que integra a área de estudo começa

km 0  no limite do município de Salvador com Lauro de Freitas, nas proximidades do aeroporto de Salvador, onde passa o Rio Ipitanga. Margeando o litoral de Lauro de Freitas e Camaçari, adentra o município de Mata de São João, se estendendo até o entroncamento com a rodovia BA-874, que dá acesso à Praia do Forte, marco zero da “Linha Verde”.

3

A Tibras (atual Cristal Pigmentos do Brasil S.A.) é uma companhia química produtora de dióxido de titânio (TiO2), “[...] um pó branco, inorgânico e de uso seguro, utilizado para dar cor, brilho e

opacidade a uma enorme gama de produtos do nosso dia-a-dia, como tintas, plásticos, papel, borracha, cerâmica, entre outros” (CRISTAL, 2015). As matérias primas utilizadas na fabricação do TiO2 são: enxofre para produzir ácido sulfúrico, a ilmenita (mineral de titânio), o rutilo, a zirconita e

cianita. A fábrica foi instalada no litoral à época escassamente habitado, em razão de o Pólo Petroquímico de Camaçari ainda não ter sido construído, o qual somente aconteceu em 1978.

(25)

Quando concluida, a rodovia viabilizou o acesso às localidades4 costeiras, constituindo-se num vetor de desenvolvimento da urbanização do LNE, atraindo para as suas margens atividades industriais, comerciais e serviços, bem como propiciou a ação do processo de parcelamento da terra com loteamentos de uso residencial. Esses loteamentos são utilizados tanto para habitação permanente quanto para residência secundária, esta em maior escala. A ocupação dessas terras está voltada para o lazer, propiciado pelos recursos naturais existentes, onde uma grande parcela de famílias de grupos de renda média e alta, sobretudo da cidade do Salvador, escolheu para residir/veranear.

Com o acesso rodoviário e intensificação da função de veraneio e turismo, a estrutura fundiária do LNE foi sendo modificada a partir da ocupação e uso, configurando-se o processo de transformação das terras de uso rural para urbano. Grandes fazendas passaram a ser desmembradas e suas glebas parceladas em loteamentos residenciais.

Muitas famílias que viviam há gerações nestas terras, principalmente cultivando o coco-da-baía no litoral, frutas e produtos da agricultura familiar e pequena criação de animais nos terrenos de tabuleiros, foram expulsas pelos novos proprietários ou transferidas mediante idenizações irrisórias. Grande parte da população excluída foi obrigada a migrar para as áreas de terras menos valorizadas pelo capital, enquanto outra parte da população ainda consegue resistir e se manter nas terras ocupadas, mas de pequena extensão.

Grande parte das pessoas que vivia nessas terras foi desviada de suas antigas relações de trabalho familiar/artesanal e, em função de outras modalidades de ocupação e uso do espaço litorâneo advindas, sobretudo do veraneio e do turismo, procura se adaptar às novas relações sociais e de trabalho eminentemente capitalista onde predomina o assalariamento. Esses moradores pobres são “atraídos” pelo processo de valorização capitalista do espaço e pelas transformações socioeconômicas que o atinge.

Na faixa costeira próxima ao Oceano Atlântico predominam as localidades onde estão situados os condomínios residenciais de médio e alto padrão,

4 A terminologia localidade é utilizada de acordo com o IBGE que a define como sendo todo lugar do

território nacional onde exista um aglomerado permanente de habitantes. Nestes são realizadas atividades econômicas quer primárias, secundárias ou terciárias no próprio aglomerado ou fora dele (IBGE, 2011).

(26)

viabilizados pelo mercado imobiliário, onde habita moradores pertencentes aos grupos sociais de renda mais elevada. Acrescenta-se o fato de que nessa faixa litorânea, além das residências unifamiliares, estão instalados também megaempreendimentos hoteleiros: resorts e hotéis. As localidades onde reside a população de renda mais baixa localizam-se, predominantemente, afastada da costa, no lado oposto e separado pela rodovia para onde a população é involuntariamente “empurrada” para morar.

Esta situação é claramente verificada nesta porção do espaço, alimentada por um lucrativo mercado de terras urbanas que, junto à promoção imobiliária privada produzem uma urbanização fragmentada e com áreas residenciais fortemente segregadas, ocupadas pelos distintos grupos sociais. Cada vez mais, novas áreas são incorporadas ao processo de urbanização no LNE reproduzindo, em escala ampliada, o processo de fragmentação espacial, ao tempo em que aprofunda o processo simultâneo de segregação sócio-espacial baseado na capacidade de consumo proporcionado pela estratificação da renda das respectivas famílias.

A região do LNE baiano tornou-se uma das mais importantes do estado da Bahia e do Brasil, em razão de que a partir da década de 1990 passou a atrair importantes investimentos públicos e privados voltados para o setor turístico, a exemplo do empreendimento Costa do Sauípe, construído em 2000. Subjacente a isso tem sua proximidade em relação ao aeroporto de porte internacional e à cidade do Salvador, e a acessibilidade é feita por uma rodovia — BA-099. Neste âmbito, vários empreendimentos de apoio turístico foram instalados ao longo da rodovia BA-099, promovendo significativas alterações econômica, social e ambiental, influenciadas por demandas e interesses, do mercado regional, nacional e internacional. Esse fato gerou um espaço complexo, em que a segregação sócio-espacial e a fragmentação aparecem de maneira destacada.

Nas últimas décadas as iniciativas de abertura de loteamentos residenciais no LNE são multiplicadas principalmente por projetos de empresas imobiliárias sediadas na capital. Os loteamentos são instalados principalmente em localidades litorâneas da região, áreas de ecossistemas frágeis, sobre as quais incide a legislação de proteção ambiental que, via de regra, não é respeitada.

Observa-se que todo o litoral baiano está envolvido nesse processo de incorporação ao turismo desde 1990, quando o Governo do estado definiu as zonas turísticas, nas quais focou suas ações para alavancar o crescimento do setor

(27)

turístico por meio de recursos próprios e do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur-NE). Dessas zonas turísticas, se destaca a Costa dos Coqueiros, no LNE baiano, em razão da proximidade da capital do estado e da infraestrutura disponível que fornece a crescente expansão imobiliária — construção de residências secundárias, empreendimentos hoteleiros — como fator de crescimento urbano. Para o sul da Bahia, foram criadas as zonas turísticas Costa do Descobrimento, Costa das Baleias, Costa do Dendê e Costa do Cacau. Nestas zonas turísticas a densidade de ocupação ainda não é tão densa como no LNE, permanecem como “paraíso tropical”, com suas vilas de pescadores e vilarejos de praia como, Morro de São Paulo, Arraial da Ajuda, Caraíva, Trancoso, Barra Grande, Cumuruxatiba, dentre outros.

Sem desprezar a relevância da lógica de ocupação no litoral nordestino brasileiro, com foco na maritimidade, aventa-se a tese de que no processo de urbanização no LNE baiano no qual são potentes a fragmentação espacial e a segregação sócio-espacial é a ação preponderante dos proprietários fundiários e do capital imobiliário — voltados para o veraneio e para o chamado “turismo residencial” ou “turismo imobiliário”, por vias políticas, econômicas e outras (com ênfase no marketing) — que tem reproduzido este fenômeno na região.

É neste contexto que se buscou analisar e compreender as principais implicações sócio-espaciais e suas respectivas materializações e funções no processo de urbanização das localidades ao longo das margens da rodovia BA-099, trecho “Estrada do Coco”, no LNE do estado da Bahia.

1.1 RECORTE ESPACIAL E TEMPORAL DO ESTUDO

A área considerada no estudo está situada no setor litorâneo nordeste, constituindo em um setor de expansão urbana da cidade do Salvador e de sua região metropolitana. Mais precisamente, a extensão compreende uma parte do LNE abrangendo as faixas costeiras dos municípios de Camaçari e pequena área do de Mata de São João, ao longo da rodovia BA-099  “Estrada do Coco”. Do município de Camaçari compreende: do distrito de Abrantes, as localidades de Abrantes (sede), Jauá, Areias e Arembepe e do distrito de Monte Gordo, as localidades de

(28)

Monte Gordo (sede), Barra do Jacuípe, Guarajuba, Barra do Pojuca e Itacimirim. Abrange do distrito de Açú da Torre, em Mata de São João, as localidades de Açú da Torre (sede), Praia do Forte e Malhadas (Figura 1).

Como recorte temporal estabeleceu-se a década de 1970, que envolve os anos imediatamente antes da construção da rodovia BA-099 – “Estrada do Coco”, até os dias atuais. Pois entende-se que com a construção desta estrada foi permitida a acessibilidade às terras do LNE e, com isso, os agentes do desenvolvimento urbano puderam realizar seus investimentos.

1.2 AS QUESTÕES DE PESQUISA E OBJETIVOS

A partir do exposto são apontados os questionamentos para investigação, que foram fundamentais no desenvolvimento do presente estudo. A principal indagação é: em termos de ocupação e uso do solo urbano pelos distintos grupos sociais, quais as principais funções/interações das localidades ao longo das margens da rodovia BA-099  “Estrada do Coco”, no contexto do processo de urbanização recente neste espaço litorâneo? A esta se seguem outras consideradas complementares: Em que condições está sendo reproduzida a segregação sócio-espacial neste espaço? Quais os principais elementos definidores da articulação espacial entre as distintas localidades? Quais as principais demandas da população local? Como as ações e as estratégias de marketing dos agentes imobiliários influem e/ou contribuem direta e indiretamente para a valorização dos terrenos?

Para a compreensão dessas indagações, estabeleceu-se como objetivo geral analisar as principais implicações sócio-espaciais atuais do processo de urbanização nos povoados e vilas distribuídas ao longo das margens da rodovia BA-099  “Estrada do Coco”. Como objetivos específicos buscou-se: compreender que condições tornaram possível o estabelecimento do atual setor de expansão urbana no LNE baiano e sua respectiva configuração sócio-espacial; identificar e analisar as ações e estratégias dos agentes do desenvolvimento urbano que influem e/ou contribuem direta e indiretamente para a valorização dos terrenos em áreas adjacentes à rodovia BA-099  “Estrada do Coco”; e entender o papel de cada vila/povoado na reprodução do espaço urbano no LNE baiano e de que maneira ocorre a interação espacial entre as distintas localidades.

(29)

28 Figura 1  Localização da área de estudo  Litoral Nordeste da Bahia, 2014

Fonte: Derba. Sistema de Transporte, 2010; IBGE. Censo Demográfico, 2010; SEI. Limites Municipais, 2014. Elaboração: Denise Magalhães e Harlan Rodrigues, 2014.

(30)

1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DE PESQUISA

A verificação é conseguida através da prática, o que significa que a teoria é prática em um sentido decisivo. Quando a teoria se torna prática através do uso, então, e só então, ela é realmente verificada (HARVEY, 1980 [1973]: 4).

As principais implicações sócio-espaciais resultantes do processo de urbanização das localidades litorâneas ao longo das margens da rodovia estadual BA - 099, trecho “Estrada do Coco”, é o que a presente pesquisa buscou analisar. Para atender ao objetivo, a escolha do método foi fundamental. Assim, a análise tentou se aproximar do método dialético, recorrendo também ao método fenomenológico para entender os elementos da subjetividade dos sujeitos pesquisados.

A pesquisa contou com uma etapa de fundamentação teórica e conceitual e levantamento de informações empíricas através do estudo de campo, com entrevistas semi-estruturadas, aplicação de questionários e levantamento de informações indiretas — documentais e cartográficas.

A escolha das localidades do município de Camaçari — Jauá, Areias, Arembepe, Barra do Jacuípe, Monte Gordo, Guarajuba, Barra do Pojuca e Itacimirim — e do município de Mata de São João — Açú da Torre, Malhada e Praia do Forte — se deu em função de: a) corresponderem à maioria das localidades (vilas e povoados) situadas no recorte espacial da pesquisa; b) atender ao propósito de compreender as formas diversificadas de ocupação e uso do solo urbano pelos distintos grupos sociais: habitantes com baixa, média e alta renda, proprietários de residências secundárias, pequenos comerciantes, proprietários de imóveis comerciais, trabalhadores empregados no comércio e serviços locais; c) compreender a importância dos demais agentes, tais como líderes de associações comunitárias, corretores, loteadores, que produzem o espaço, e as interrelações entre si e com o meio ambiente; d) verificar e entender as manifestações dos fenômenos de fragmentação e de segregação sócio-espacial dessa parte do espaço geográfico.

(31)

1.3.1 Etapas de desenvolvimento da pesquisa

Para o desenvolvimento do estudo foi elaborado um roteiro metodológico de pesquisa que sintetizou os procedimentos, visando atender aos objetivos propostos e responder às questões da pesquisa. O roteiro metodológico compreendeu cinco etapas:

1ª) ETAPA: COLETA DE INFORMAÇÕES: levantamento bibliográfico/documental: livros, documentos oficiais e jornais, teses, dissertações, artigos em periódicos, com temática pertinentes; levantamento cartográfico; e estudo de campo.

Inicialmente efetuou-se a pesquisa bibliográfica e documental buscando-se entender o processo de expansão física da cidade do Salvador em direção ao Litoral Nordeste (LNE) incluindo, no trajeto, os povoamentos dos municípios litorâneos de Camaçari e Mata de São João (parte). Nesta mesma etapa procurou-se, também: a) analisar a realidade atual dessa área, tendo como foco, o processo que levou à atual condição de fragmentação e segregação sócio-espacial-residencial; b) compreender as transformações sócio-espaciais decorrentes da ocupação e uso do solo ao longo das margens da rodovia, no que tange à estrutura fundiária e estratégias dos agentes produtores do espaço, organizado preponderantemente pelas atividades de turismo e por empreendimentos residenciais, no contexto do crescimento urbano e, adicionalmente; c) avaliar as principais implicações socioambientais decorrentes do processo de ocupação desta área.

A metodologia utilizada no levantamento de informações foi baseada na combinação dos métodos qualitativos e quantitativos por meio de coleta de dados secundários obtidos através de pesquisas em arquivos de jornal (Biblioteca Pública do Estado da Bahia), no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba), na Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), na Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), no Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), na Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) e na Agência de Regulação da Bahia (Agerba).

A pesquisa nos classificados do mercado imobiliário de venda de terrenos nas localidades escolhidas para o estudo foi realizada abrangendo os anos de 1970, 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012, nos períodos de alta estação (dezembro, janeiro e fevereiro) e baixa estação (maio, junho e julho).

(32)

Nessa fase, verificou-se que em 1970 não havia anúncios de terrenos à venda nas localidades estudadas e, os poucos encontrados, não continham informações que pudesse realizar algum tipo de cálculo, a exemplo do seguinte tipo de anúncio relativo a Arembepe: “vende-se excelente loteamento de terreno com frente para o mar tratar no mesmo povoado com Ribeiro”.

Posteriormente à coleta dos dados foram geradas tabelas por localidades (Apêndices B a M), contendo: área do terreno em m² e o respectivo preço do terreno. De posse dos dados dos preços de terreno foram calculados os preços médios considerando os meses dos dois períodos pesquisados, donde foi apurado o preço médio dos terrenos em US$ para cada localidade ao longo do tempo5.

Outras informações sobre a construção da rodovia BA-099, particularmente sobre a Estrada do Coco, foram encontradas em autores como Gomes Sobrinho (1998) e Magalhães (2003). Em caráter complementar, no Derba, foram coletadas informações históricas sobre a rodovia. No Inema foram coletadas informações em arquivo técnico do Centro de Recursos Ambientais (CRA) e na Agerba coletados dados sobre as linhas autorizadas de transporte rodoviário intermunicipais de passageiros que passam nas localidades em estudo.

Na SEI e na Conder foram coletados dados secundários (ortofotos digitais do Mapeamento Sistemático do Estado da Bahia, em escala 1:10.000, e tabelas estatísticas sobre população) que puderam auxiliar na interpretação do estudo.

No IBGE foram coletados dados secundários espaciais e não espaciais: mapas temáticos georreferenciados, tabelas, dados alfanuméricos, tendo como base de informações o Censo Demográfico de 2010, com dados referentes aos setores censitários que contemplam variáveis de domicílio e renda. Com esses dados, utilizou-se o software de geoprocessamento ArcGis para gerar mapas temáticos analíticos e de síntese da área em estudo. O recorte espacial se deu em função da seleção dos setores censitários urbanos mais próximos à rodovia e onde se concentra a maior parte da população da área, já que os setores censitários mais a oeste dos que foram selecionados são muito extensos e a população é distribuída de forma dispersa, por se tratar de área rural.

5

Foi feita a conversão do preço da moeda corrente nacional para uma moeda equivalente, o US$, com base no preço de venda do dólar Norte Americano, fornecida pelo Banco Central do Brasil para servir como referência para comparação histórica. Com esses dados foram gerados gráficos e um mapa temático que contribuíram para a análise do fenômeno estudado.

(33)

Com o intuito de manter uma relação de contiguidade entre os setores censitários dos municípios de Camaçari e Mata de São João também foram selecionados alguns setores censitários rurais. Destaca-se o fato de ocorrerem setores censitários sem informações e isto se deve a dois motivos: o primeiro é o fato de existirem setores censitários sem domicílios ou sem moradores nos domicílios e, segundo, para preservar a identificação dos informantes naqueles setores censitários que tenham até cinco domicílios ocupados, divulgando apenas informações gerais, como população total residente por sexo e total de domicílios (IBGE, 2011).

O mapa de síntese gerado com base no Índice de Desenvolvimento Social (IDS) adaptado de Cavallieri; Lopes (2014) utilizou oito indicadores do IBGE (2010): i. Percentagem de domicílios particulares permanentes com forma de abastecimento de água adequada (ligados a rede geral de distribuição); ii. Percentagem de domicílios particulares permanentes com esgoto adequado (ligados à rede geral de esgoto ou pluvial); iii. Percentagem de domicílios particulares permanentes com lixo coletado diretamente por serviço de limpeza ou colocado em caçamba de serviço de limpeza; iv. Número médio de pessoas por banheiros; v. percentagem de analfabetismo de moradores de 10 a 14 anos em relação a todos os moradores nessa faixa etária; vi. Rendimento médio dos responsáveis por domicílio em salários mínimos; vii. Percentagem dos responsáveis por domicílio que têm rendimento até dois salários mínimos; viii. Percentagem dos responsáveis por domicílio que têm rendimento igual ou superior a 10 salários mínimos.

Para a elaboração do IDS procedeu-se à “normalização” dos valores de cada um dos indicadores, transformando-os em índices comparáveis entre si, ou seja, que fossem compatibilizados e que tivessem o mesmo intervalo de variação numa escala de 0 (menor valor) a 1 (maior valor). Para a normalização dos indicadores, aplicou-se a fórmula a aplicou-seguir:

VNij = 1 – (MVi – Vij) / (MVi – mVi) Onde:

VNij = valor normalizado na escala de 0 a 1 do indicador “i” no lugar “j”; MVi = maior valor obtido pelo indicador “i” entre todos os recortes geográficos pesquisados; mVi = menor valor obtido pelo indicador “i” entre todos os recortes geográficos pesquisados; Vij = valor obtido pelo indicador “i” no lugar “j”.

(34)

No caso dos indicadores “v” e “vii”, os valores foram invertidos para que seguissem a mesma lógica dos demais, ou seja quanto maior o valor do indicador, melhor a situação. Assim, para a taxa de analfabetismo e para a proporção dos responsáveis ganhando até dois salários mínimos a fórmula adotada foi a seguinte: VNij = 1 – (mVi – Vij) / (mVi – MVi).

Em seguida, somou-se os valores obtidos em cada um dos oito índices “normalizados” para cada setor censitário urbano e calculou-se sua média aritmética, dividindo a soma obtida por oito. Essa média corresponde ao valor do IDS de cada um dos setores censitários que abarcam a área pesquisada.

A coleta de dados primários, por meio da pesquisa de campo, foi feita com base na observação não participante em todas as localidades mencionadas, acrescidas de entrevistas com moradores e comerciantes locais. Nelas foram coletados dados e informações sobre: os equipamentos urbanos e infraestrutura básica (energia e telecomunicações, serviços públicos básicos ─ saneamento básico e limpeza pública, transporte público, vias e lazer ─, comércio e serviços); bem como a parte de hospedagem (hotéis, pousadas, resorts, flats e albergues) e condomínios, demonstrados em quadros no decorrer do texto.

Considerando-se a importância da proximidade geográfica existente entre os sistemas urbanos de Jauá/Areias, Monte Gordo/Guarajuba, Itacimirim/Barra do Pojuca, no município de Camaçari e Praia do Forte/Açú da Torre, no município de Mata de São João, nessas localidades, como técnica de coleta de dados e de informações utilizou-se da aplicação de questionários para explorar quantitativamente — possibilitando a análise estatística — e qualitativamente as informações. As questões foram padronizadas, com perguntas abertas e fechadas, destinadas à: população local proprietária de imóveis residenciais (Apêndice N); comerciantes (Apêndice O) e comerciários das localidades (Apêndice P). Também foram aplicados questionários a: gestores públicos dos municípios de Camaçari e Mata de São João (Apêndice Q); intermediadores (corretores imobiliários) (Apêndice R); líderes de associações comunitárias locais (Apêndice S); e pessoas que têm residência secundária no LNE da Bahia, contatadas através da internet (Apêndice T).

Para a entrevista com a população local proprietária de imóveis residenciais, comerciantes e comerciários, buscou-se, através do conhecimento prévio, seus principais logradouros. Foi considerado como universo ou população, o total de

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domicílios nas localidades, tendo como fonte de dados: a) os setores censitários do IBGE - Censo Demográfico de 2010; b) a Base Demográfica do IBGE, de 2010; c) ortofotos digitais georreferenciadas, do Mapeamento Sistemático do Estado da Bahia da SEI.

Com base na imagem, mapas e dados citados e utilizando o software ArcGis foi feita uma seleção dos setores censitários que correspondem às áreas das localidades estudadas, com o intuito de obter o número de domicílios. Notou-se que durante o recenseamento, o IBGE só considerou os domicílios ocupados. Assim, as residências secundárias não foram recenseadas. Essa situação reflete o número relativamente baixo de domicílios, registrados pelo recenseamento, em Guarajuba e Itacimirim, localidades onde predominam as residências secundárias, sendo, ainda, pouco expressivo o número de moradores fixos.

Para a determinação do tamanho da amostra entre os domicílios, utilizou-se a seguinte expressão para população finita, de 7.201 (GIL, 2006: 97).

= δ²p. q. N e² (N − 1) + δ² p. q

Onde:

n = Tamanho da amostra.

δ² = Nível de confiança estabelecido, expresso em número de desvio padrão. Foi utilizado um grau de confiança de 68% (área compreendida por um desvio padrão à esquerda e à direita da média).

p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica = 50%. q = Percentagem complementar = 50%.

N = Tamanho da população = 7.201.

e² = Erro máximo permitido. Utilizou-se um erro de amostragem de 5%.

A esse tipo de amostragem foi conferida uma estratificação, sendo a população das localidades classificada segundo grupos: i. Proprietários de residências; ii. Comerciantes; iii. Comerciários, com ou sem vínculo empregatício.

Com os questionários correspondentes foi executado um pré-teste com o propósito de evidenciar possíveis falhas na redação do mesmo, tais como: complexidade das questões, imprecisão na redação, desnecessidade das questões,

(36)

exaustão, desmembramento das questões, constrangimentos ao informante etc. (GIL, 2006). Para tal foram aplicados 15 questionários à população pesquisada e, após sua crítica e posterior revisão, assegurou-se sua validade e precisão para a aplicação final. Também através do pré-teste verificou-se a necessidade de uma entrevista narrativa com antigos moradores das comunidades de Jauá, Monte Gordo, Barra do Pojuca, Açú da Torre e Praia do Forte.

De acordo com o primeiro grupo da população “proprietário de residência”, a Tabela 1 destaca o tamanho da amostra dos domicílios, por cada localidade. Entretanto, verificou-se que um setor censitário pode abranger mais de uma localidade, sendo excluídas dos questionários aquelas que não faziam parte do estudo.

Tabela 1 − Tamanho da amostra dos domicílios, por localidade – 2014

Localidade Total de domicílios População residente Setores censitários Amostra Total 7.201 22.840 61 652

Açú da Torre e Açuzinho 196 637 1 66

Areias 542 1.927 2 84 Barra do Pojuca 2.309 7.755 10 95 Guarajuba 183 445 8 65 Itacimirim 300 846 6 75 Jauá 1.030 3.345 18 91 Monte Gordo 2.216 7.199 10 95 Praia do Forte 425 686 6 81

Fonte: Censo Demográfico do IBGE, 2010; Ortofotos digitais, 2014. Elaboração: Denise Magalhães, 2014.

A Tabela 2 destaca o tamanho da amostra das unidades de comércio para cada localidade, sendo considerado o mesmo valor para o grupo de “comerciantes” e “comerciários” entrevistados. Ressalta-se que não foram encontrados dados das localidades de Açú da Torre e Itacimirim, mas como nelas existem poucos estabelecimentos comerciais esses foram visitados em sua totalidade, obtendo-se, assim, uma população de 54, entre comerciantes e comerciários.

As amostras representativas do universo para os três grupos da população das localidades geraram indicadores consistentes e relevantes para subsidiar uma leitura crítica fundamentada em uma análise exploratória de dados.

Para a determinação do número da amostra que compõe o universo das unidades de comércio, utilizou-se a mesma expressão para população finita (GIL,

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2006: 97), que não excedeu a 1.156 no total sendo estabelecido, também, um grau de confiança de 68%.

A gestores públicos de Camaçari (da Secretaria da Infraestrutura e Secretaria do Desenvolvimento do Turismo) e de Mata de São João (da Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente) foram aplicados três questionários com perguntas abertas (Apêndice Q), versando sobre a importância da área costeira e ações da administração relativas à infraestrutura, meio ambiente, urbanismo, turismo e lazer.

Tabela 2 − Tamanho da amostra das unidades de comércio, por localidade – 2014

Localidade Total das unidades

de comércio Amostra Total 1.156 322 Açú da Torre ... ... Areias 2 2 Barra do Pojuca 182 65 Guarajuba 68 41 Itacimirim ... ... Jauá 129 57 Monte Gordo 282 74 Praia do Forte 493 83

Fonte: Base dos Contratos Ativos com Tarifa Comercial. Coelba 2014.

Nota: ... Dado numérico não disponível. Elaboração: Denise Magalhães, 2014

As entrevistas com os corretores imobiliários (Apêndice R), que atuam na área, tiveram por base a análise da pesquisa efetuada dos classificados de venda dos terrenos nas localidades escolhidas para o estudo, nos anos de 1970, 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012. Assim, as perguntas, de modo geral, versaram sobre: i. As transformações sócio-espaciais-residenciais no LNE da Bahia; ii. A grande valorização dos preços de terrenos; iii. A valorização desigual dos terrenos situados a leste e oeste da rodovia BA-099 – “Estrada do Coco”, no sentido da fragmentação e da segregação do espaço; iv. A dinâmica do mercado imobiliário com relação ao meio ambiente; v. Participação dos clientes internacionais na dinâmica do mercado de imóveis no LNE baiano; vi. Marketing.

Foram três as entrevistas realizadas com líderes comunitários de Açú da Torre, Praia do Forte (Mata de São João) e Jauá (Camaçari) e quatro entrevistas

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com presidentes, vice-presidentes e membros de associações comunitárias: Sociedade de São Francisco de Assis dos Pescadores e Moradores de Praia do Forte; Associação Beneficente de Jauá; Associação Comunitária e Recreativa dos Moradores de Campinas de Açú da Torre e Adjacências; Associação Unidos de Areias (Apêndice S). As questões foram abertas, versando sobre as transformações sócio-espaciais-residenciais no LNE baiano, bem como sobre as principais demandas da população.

As entrevistas foram elaboradas com o intuito de preencher os seguintes requisitos: i. Validade das respostas, comparando-as com fontes externas, com outro entrevistado ou observando as dúvidas do próprio entrevistado; ii. Relevância da resposta ou sua importância, constatada com os objetivos da investigação; iii. Especificidade (dados precisos) e clareza das respostas; iv. Profundidade das respostas, relacionada aos sentimentos, pensamentos e lembranças do entrevistado, sua intensidade e intimidade; v. A extensão da resposta, relacionada aos outros critérios (LODI, 1974).

A combinação dos dois métodos (aplicação de questionário e entrevista) foi favorável, no sentido em que a entrevista complementou e esclareceu as respostas dos questionários.

Como fenômeno expressivo da urbanização litorânea, as residências secundárias foram pesquisadas através de questionários on line que contemplaram questões sobre: o perfil do proprietário na região do LNE baiano (nacionalidade/naturalidade, grau de instrução, ocupação); localização da residência principal; localização da residência secundária; tipologia do imóvel (Apêndice T).

O universo escolhido para a aplicação dos questionários on line foi: o da UFBA (professores, funcionários e alunos), com o envio de mensagem eletrônica para, aproximadamente 10.000 contas de e-mails; e da empresa Abelhaz.com, do segmento de compras coletivas situada em Salvador, com clientes residentes na Bahia, abarcando uma população de 2.500 contas de e-mails enviados. Computados um total de 51 respostas aos questionários, esses tiveram um tratamento diferenciado dos demais, adotando-se o critério de análise qualitativo.

2ª) ETAPA: PERIODIZAÇÃO

Com base na coleta de dados para a pesquisa (fontes secundárias disponíveis), estabeleceu-se uma periodização a partir da década de 1970, anterior à implantação da rodovia BA-099 – “Estrada do Coco” (1975), até o ano de 2012, há

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