CURSO
GRADUAÇAO
EM
CIENCIAS
ECONOMICAS
Título;
,CUSTOS
DE
_TRANsAçÃoz`
ANÁLISE
*DAS CADEIAS
, e
'.@
AGROINDUSTRIAIS
DE
sU1Nos
E
FRANGOS DE
CORTE,
0
cAso
' '
,
'
-
DA
CEVAL
ALIIVIENTOS
S/A. f'
Monografia submetida ao
Departamento
de 'CiênciasEconômicas
para a obtençãode
cargahorá'ria` na disciplina
CNM
5420
-Monografia.
Par
MARCELO
TÁSCA GONÇALVES
Ar _
Orientador: Prof.
LUIZ
CARLOS
DE
CARVALHO
JR.Área
de pesquisa: Organização IndustrialPalavras - chave: 1 Custos
de
transação . 2 Cadeias agroindustriaisV
_ 3 Ceval Alimentos S'/A
ll
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA CATARINA
CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECoNôM1CAs
A
Banca Examinadora
resolveu atribuir a nota ... ... ... .. ao alunoMARCELO
TASCA GONÇALVES
... ..<.§; .... ..na
disciplinaCNM
5420
-Monografia,
pelaapresentação deste traballio.1 ¬
¬ Í
Banca
examinadora 1~`
.
'V
Prof. Luiz Carlos de Carvalho Jrf
^
Presidente
CCCCCCCCCCCCCCCCCC
C
Prof. José Antônio Nicolau
Membro
cccccccccccccccc
A
Prof. Francisco Gelinski
I
DEDICATÓRIAS
I
V
À
memória
demeus
avós,Gilberto Gonçalvese
Tancredo
Tasca.À
meus
país. vÀ
meus
familhares, e amigos.'Iv
i
AGRADECIÍMENTOS
I
A
Ceval Alimentos S/A., na pessoado
Sr. Villi Secatto (Gerente de área de fomento) pelo acesso as informações.A
Sr.Namir
Terezinha Pieri,do
Banco
Regional de Desenvolvimentodo
Extremo
Sul(BRDE),
pela oportunidadeque
me
concedeu
em
estagiar junto a equipetécnica
da
Gerência de Operações Rurais e Agroindustriais, fonte de inspiração parauma
_
, .
‹ '
monografia
na
área das Cadeias Agróindustriais, ,`,
~ c
A
SilviaPacheco
Luiza, Estagiária de Biblioteconomia(BRDE)
pelo incentivo e paciência dispensado na realização deste trabalho.A
A
Giselle S.Buss
Schoenell, Estagiária de Administração(BRDE)
pelassugestões e comentários, além da habitual paciência dispensada.
A
Aos
colegas de trabalhodo
BRDE
pelo apoio e compreensão., C
' .
1
,
Ao
Orientador deste trabalho, Professor Luiz_ Carlos de Carvalho Ir., pelaorientação, colaboração e estímulo- concedidos.
Q
A
todosque
de maneira diretaou
indireta contribuiramcom
este trabalho.I
sUMÁR1o
I
ITEM
... ..PG.Lista de Figuras ... ..VIII
Lista de
Quadros
.C ... ..VI1ICAPÍTULO
1 1INTRODUÇAO
1.1O
problema de pesquisa ... ._02
1.2 Objetivos 1.2.1 Geral ... .. 03 1.2.2 Específicos ... _. 03 A 1.3 Metodologia ..Í ... ..04
CAPÍTULO
11 t2.
A
Agricultura contratual e as Cadeias Agroindustriais2.1
O
surgimentoda
agricultura contratual e a formação das cadeias industrias2.1.1
O
surgimento .da agricultura ... .. 052.1.2
O
surgimento das Agroindustrias e das Cadeias Agroindustriais ..06
2.2
O
surgimento das Cadeias Agroindustriais eda
Agricultura Contratualno
Brasil ... ..; ... ... 10
2.2.1
O
surgimento da Agricultura Contratualno
Brasil ... .. 102.2.2
O
surgimento das relações Contratuais e das Cadeias Agroindustriasno
Brasil ... ..¬ ... .. ll2.3
O
surgimento das Cadeias Agroindustriais eda
Agricultura Contratualem
Santa Catarina ... .. 14VI
CAPÍTULO
In
3
A
Agricultura e a Suinocultura Contratual3.1
A
AviculturaIndustrial ... .. 193.1.1
A
transiçãoda
Avicultura Doméstica, parauma
Avicultura Industrial . 3.1.2O
surgimentoda
Aviculturacomo
atividade Industrial ... ..20
3.1.3
A
Avicultura Industrialem
Santa Catarina ... ..22
3.2
A
Suinocultura Industrial ... ._25
3.2.1A
origem e a Domesticação dos suínos ... .;25
3.2.2
A
Suinoculturano
Brasil ... .T27
3.2.3A
Suinoculturaem
Santa Catarina ... ._29
CAPÍTULO
iv
4A
estrutura das Cadeias produtivas de frangos de corte e suínos ... _.30
4.1Ração
... ... .. 334.1.1
Milho
... .._3:4 4.1.2 Soja ... ..36
4.2 Cadeia produtiva de
Frango
de Corte ... ..38
4.2.1 Seleção Genética ... ... ._
38
4.2.2Produção
de matrizes/Aves ... ._40
4.2.3Produção
de Pintos deum
dia ... .. 414.2.4
Engorda/Aves
... .. 414.2.5
Abate
e Industrialização/Aves ... ..42
4.2.6 Distribuição/Aves ... ... ._ 43 4.2.7
Mercado/Aves
... ..44
4.3 Cadeia Produtiva de Suínos ... ..
45
4.3.1 Seleção e
melhoramento
genético ... ..45
4.3.1.1 Tipos de seleção ... ..
46
4.3.2
Produção
de matrizes/ Suínos ... ..47
4.3.3
Engorda
_SISTEMA
DE
CRIAÇÃO
DE
sU1'NOs
... ..47
4.3.4 Abate e Industrialização/ Suínos ... ... _.
50
4.3.5 Distribuição/Suínos ... .. 51CAPÍTULO
V
5 Teoria dos Custos de Transação ... ._ 53
5.1 Teoria dos Custos de Transação,
Notas
... ... ._ 53 5.2 Teoria dos Custos de Transação,segundo
COASE
... __ 55 5.3 Teoria dos Custos de Transação,na
visão deWILLIAMSON
... _. 585.3.1 Oportunidade e Incerteza ... _. 61
5.3.2 Determinantes
do
Custo de Transação e alternativas institucionais _635.3.3 Integração vertical e inovações na Organização Interna das Firmas 65
CAPÍTULO
V1
6
A
CEVAL
ALI1\/IENTOS
S/A. ... __67
6.1A
Consolidação da Ceval Alimentos S/A. _: ... _.70
6.2 Divisão de Produtos Industriais ... ._ 71 6.3 Divisão de Produtos de
Consumo
... ._ 71 6.4 Divisão de.Carnes ... ._72
6.5
A
estruturada
Cadeia Produtivada
Ceval Alimentos S/A. ... _.74
_ 6.5.1- Cadeia Produtiva de
Aves
da Ceval ... ._76
6.5.2 cadeia Produtiva de Suínos
da
Ceval ... ._ 786.6 Análise
da
Cadeia Produtivada
Ceval Alimentos S/A., sob a ótica dos Custos_de Transação ... __ ... ... _, 81CAPÍTULO
vn
7 Conclusões ... ._ 95
Vlll
N
Lista de Figuras e
Quadros
J
ITEM
... ..PG.›
- Figura Ol -
Fluxograma
da cadeia produtiva de frangos de corte z ... .. 31- Figura
O2
-Fluxograma
da cadeia produtiva de suínos ... ..32
-
Quadro
Ol -Cronograna
de plantio e comercializaçãodo
milhono
Brasil34
-Quadro O2
-Consumo
brasileirode
milho por segmento, safra 95/96 ... ..35
-
Quadro
03 - 'Principais empresas consumidoras de milhono
Brasil/ ano96 36
-Quadro O4
-Cronograma do
plantio e comercializaçãoda
sojano
Brasil .... ..36
-Quadro
05 - Principais empresas moageirasde
sojano
Brasil/ ano 1996 ... .. 38CAPÍTULO
I|
1
INTRODUÇÃO
_1
Esta pesquisa
tem
pôr finalidade analisar ocomportamento
deuma
empresa
líderda
indústriade
cames, quanto às suas relaçõescom
os diferentes segmentosde
sua cadeia produtiva de aves (corte) e suínos, identificando as principaismudanças
pelas quais a empresatem
passado, particularmenteno que
se refere aos determinantesda
organizaçãoda
produção.As
informações aqui reunidasmostram que
a cadeia produtivada
Ceval Alimentos S/A., esta substituindo a estrutura de livremercado
pôruma
nova forma
organizacional,
onde
a empresa atua nos diferentes segmentos das cadeias, adotandoestratégias
com
outras empresasou
estabelecendo transaçõesde compra
e venda, visandoprincipalmente, à redução dos custos
de
produção e de custos de transação.Portantô o
que
se pretende analisar, são os motivosque levam
aempresa
a adotar tais comportamentos,em
cada segmento de suas cadeias produtivas.‹
I
2
I
1.1
O
problema de pesquisaI
Dentro de
uma
indústria, as diferentes empresasque
dela participampodem,
num
dado
momento,
apresentar diferentescomportamentos
quanto às suasestratégias de competição.
Mas,
com
o
passardo
tempo, algumas estratégiasconduzem
asfirmas
que asadotam
ao sucesso.As
demaisfirmas
podem
vir a adotar,em
seguida, taisestratégias e, se não o fazem, isto
pode
estar relacionado à falta de recursosou
competênciarequeridas. ' `
Na
indústria brasileira de cames, as empresas liderestem
sua origemna
região Sul e, caracterizam-se por atuarem
com
elevado nível de integração nas cadeiasprodutivas que participam.
O
poderque
a integração confere a produçãode
um
estágio,também
pode
ser obtidosem
aposse
de ativos associados à sua realização, através deum
controle exercido sobre os agentes
econômicos que poderiam
efetuara produçãono
estágioda
cadeia.Isto é
o que
acontececom
as empresas líderes da indústria brasileira decames, que exercem controle sobre a produção
de
frangos e suínos,sem
deter os ativosque
lhe são associados.
A
engorda daqueles animaisfica
a cargo de produtores agrícolasque
realizam a sua produção
com
normas
estabelecidas pelas empresas. Geralmente, taisempresas mostra-se presentes
em
outros estágios da cadeia que servem de suporte para a engorda dos animais.^ '
Após
a verificação dos resultados positivos obtidos pelas empresassituadas
no
Suldo
país, decorrentes de suaforma de
atuação nas cadeias decames
avícolae suinícola,
firmas
situadasem
outras importantes regiões produtoras passaram a adotarcomportamento
semelhante, principalmente a partir demeados
da
década de 80.Visando entender de
que forma o
posicionamento das empresasna
cadeia produtiva
pode
conduzi-las aum
aumento de
competitividade, este trabalho objetivacompreender o comportamento
deuma
dasfirmas
líderes da indústria,no que
se refere à sua presençaem
alguns segmentos das cadeias de produção dascames
avícola e suinícola, e a sua ausênciaem
outros estágios. ' `\
1.2
OBJETIVOS
I
1.2.1 Geral
Analisar
o comportamento de
uma
empresa lider da indústriade
cames, quanto
às
suas relaçõescom
os diferentes segmentosda
cadeia produtiva..
1.2.2 Específicos
Caraterizar
as
cadeias produtivas da avicultura de corte eda
suinocultura.
.ø
Verificar se a empresa estudada atua diretamente nos segmentos
das cadeias, adota estratégias de cooperação
com
outras empresasou
se estabelece transaçõesdecompra
e venda. 'Analisar as motivações
da
'empresa
para adotar estescomportamentos
em
cadasegmento da
cadeia. `z
4 ~ ' ' 1.3 Metodologia \
O
presente trabalho pretende descrever a formação das cadeias agro-industriaisde suínos e de frangos de corte
no
Estado de Santa Catarina, demodo
a confronta-lacom
a teoria dos custos de transação,
tomando
como
referencia a empresa Ceval Alimentos S/A,com
sedeem
Gaspar
(SC).Para fiindamentar está pesquisa utilizar-se-à
do método
analítico de investigação,utilizando-se de
uma
revisão bibliografia de fqrggiprimárias,e_secund_ariasie_@dos.A
pesquisa bibliográfica abrangeu bibliotecas; referencias disponíveis junto a entidades de governamentais e empresas particulares,
bem como
de entrevistas junto ao departamentode
fomento da empresa outrora citada, departamento este responsável pelo funcionamento
da
maior parte da cadeia produtiva
da
empresa.O
interesse de se pesquisar, a Ceval, decorreuda
importância damesma
na
industria catarinense de carnes,
chegando
esta a ocupar a segunda posição, atras apenasda
Sadia Concórdia S/A. (líder
no
setor), demonstrando que o arranjos organizacionais,que
amesma
adota,em
regra são os maiscomuns
para o setor.a ›
De
posse dos dados referentes a estrutura da cadeia produtivada
empresa, aanálise decorre de
forma
a confrontar os resultados obtidos,com
os determinantes doscustos de transação, verificando de
que
forrna a empresa atua sob cada segmento de suacadeia produtiva. -
^»`__,.._. .
CAPÍTULO
11I 2.
A
Agricultura Contratual e as Cadeias AgroindustriaisI
|
2.1
O
surgimentoda
agricultura e a formação das Cadeias AgroindustriaisÍ
1 2.1.1
O
surgimento da Agricultura lO
localonde
teria nascido a agricultura, é algo impossível de se comprovar, pois é certoque
ela surgiu independentementeem
diversos lugares, jáque
responde auma
necessidade elementar de sobrevivência dos grupos
humanos
na antigüidade, sendo estáatividade mais segura
do que
as aleatórias atividades de extrativismo vegetal e animal.Porém,
nas florestas equatoriais e tropicais, tão pródigasem
fiutos, sementes, raízes, seivas,flores, cascas, madeiras e fibras,
onde o
homem
encontrou alimentos e materiais para seusutensílios,
na
longa fase das idades alítica (ou
pré-paleolítica) e paleolítica, revelavam-sehostis para a inaugiração
da
fase agrícola.Era
muito dificil, se não impossível,com
o
machado
de pedra lascada abater asárvores
da
selva,numa
superficie contínua, para instalaro
campo
de cultivo.Por
isso, osmais remotos vestígios de atividade agricola são encontradas
não
em
matas,mas
em
zonasde transição,
onde
as condições locais de ecologiaeram
favoráveis: várzeas de solos férteis,enriquecidos periodicamente pela deposição de aluviões nas enchentes ( vales do Nilo, por exemplo), oásis, dispondo de
pH
neutro, 'comono
OrienteMédio, no Norte
da África,no
_. _
planalto
do México
e na costado
Peru.Com
o
tempo,`ohomem
antigo foidominando
técnicas de cultivo das plantas edo
solo, inicialmentecom
o
sistema de roças, enquanto a densidadedemográfica
semanteve
baixa.
No
mundo
mediterrâneo,porém
onde
as terraseram
muito secas, implantou-seo
sistema de rotação bienal, capaz de sustentar por
exemplo o
lastro agricola da civilizaçãogreco-romana. Já 0 sistema de rotação trienal, instaurou-se
onde
os povos: germânicos seestabeleceram, após cessado o período de lutas e insegurança decorrentes das migrações
européias, conhecidas
como
invasões barbaras, se estendendo durante o período feudal, atésua decadência tendo
como
causa básica a industrialização urbana, iniciadacom
a criaçãodas manufaturas.
6
\
2.1.2
O
surgimento das Agroindustriais e das Cadeias Agroindustriaisi
Uma
das principais causasda
modernizaçãoda
agricultura, principalmente apartir
da
segundametade do
séc. XVIII, se encontrana Revolução
Industrial (1850), atuando de duas maneiras, seja por intermédiodo fomecimento
das primeirasmáquinas
agrícolas,
ou
por intermédio da ampliaçãodosmercados
urbanos, crescentes não só pelonúmero
maior de habitantes,como
peloaumento
do
poder aquisitivo. Este último fator se fez sob aforma
de estímulo, poruma
demanda
de maior quantidade e maior variedadede
produtos agropastoris: came, laticínios, fiimo, frutas, verduras, oleaginosas, têxteis, etc.
A
evoluçãoda
agricultura rudimentar, parauma
modema,
ocorreu atravésda
formação de cadeias agroindustriaisl,
que
compreendem
as relações entre o conjuntofonnado
por setores produtores de insumos e maquinarias agrícolas, e as empresas,com
um
caráter mais abrangente.Por
sua vez, as cadeias agro-industriais, impulsionaramo
surgimento das
chamadas
Cadeias Produtivasz, que referem-se auma
parte específicado
complexo, seu surgimento é resultado de
um
processo demodificação
nos vários fatoresde
produção, na e para a agricultura.
Sua
formação é conseqüência deum
somatóriode
interesses e experiências concretas
que
resultarão,em
um
avanço na agricultura iudimentare de subsistência, para
uma
agricultura moderna, tanto na produção de grãoscomo
em uma
produção animal integrada.
O
advento dos centros urbanos, aindaque
algunsem
forma
bastante rudimentar, e deuma
nova
organização social, fez desenvolver-seno
seio das novas sociedadesnecessidades,
que fizeram
com
que
a agricultura cada vez mais se enquadrasseem
uma
nova
realidade. Está
nova
realidade agrícola, se deu atravésda
associaçãoda
agriculturacom
asindustrias, o qual passaria a dominar todo o processo, fazendo desta
forma
sua articulação,'
Complexo agroindustrial ou cadeia agroindustrial, seria o conjunto formado por setores produtores de
insumos e maquinarias agrícolas, de transformação industrial dos produtos agropecuários e de distribuição
de comercialização e financiamento nas diversas fases do circuito.(l\/IULLER, Geraldo.
O
complexoagroindustrial. São Paulo. FGV. 1981. In.
DELGADO,
Guilherme da Costa. Capital financeiro eagricultura no Brasil 1 1965-1985. São Paulo 1
Ed
da Unicamp, 1985. p. 34)2 Cabe destacar que
as cadeias produtivas, não surgiram como
um
fato isolado, elas estão diretamente ligadas ao surgimento dos complexos agroindustriais, onde as mesmas estão inseridas,bem
como teoriacomo as teorias de agribusiness. Então de certa forma
em
todo o momentoem
que se indagar sobre osurgimento de
uma
destas ferramentas de abordagem, entenda-se que por trás estão inseridas as cadeiasque
conjugava o lucro eoo novo jogo
de interesses envolvido nas transformaçõesda
agricultura e industriais, gerando
o
conceitochamado
de flgrl6usines.s3 .“
fls
progressivasmudanças
em
nossa sociedade, desde ospequenos
mercados locais
de
alimentos suprlldos pelaprodução
e processamentotamôém
locaispara
os grandes mercados nacionais e internacionaiseyçigiram
um
novo
e complexo sistemade
alimentos. /'flprodução
sazonal
e as grandes distanciasque envolvem a
coleta, transporte eestocagem de alimentos, exigem rápizfii comunicação
ao
longode
todaa
cadeia que vaido produtor
ao consumidor, originamuma
variadamaquinaria
de
coordenação e comunicação destinadasa amarrar
asp várias partes de
um
sistema de alimentos.Todos
esses elementosconduziram
à
complèyçàiadede
nosso complexo totalde
alimentos ”4O
somatório de todas estasmudanças
na agricultura são tão grandes e radicaisque
ressaltaram na própriamudança
no
antigo conceito de agricultura,onde
surgeem
seulugar
um
modemo
conceito de sistema alimentarou
cadeia agro-alimentar perpassa,em
segmentos verticalizados: os insumos e equipamentos; a produção de mercadoria agricola;
o
processamento; a estocagem e a distribuição.
L
São
estas inovações decunho
tecnológico e sua incorporação a nivel deprocesso de produção e de produtos
que
impulsionam a agricultura paraum
contexto deindustrialização, onde' estas
mudanças
tecnológicasvão desempenhar
um
papel fundamentalno
estreitamento dos vínculos entre a agricultura e a indústria impossibilitandode
tratá-loscomo
setores isolados, e simno
âmbito das relações de interdependênciaque
assumem
um
caracter mais
complexo
do que
aparentamcomo
elo fundamentaldo
progresso técnicos. _Está radical
mudança
na base agrícola, .em conjuntocom
os avançostecnológicos consolidou ainda mais a presença das cadeias agroindustriais, reduzindo a
agricultura à posição de
mera
produtora de matérias primas, subordinando a agriculturacada vez mais à indústria. '
3 ,._, . ~
COSTA
Joao Armando Dalla.0
grupo Sadia e a produçao integrada : o lugar do agricultor no complexo agroindustrial. Curitiba; 1993. 627 p. Dissertação ( Mestradoem
História) -UFPR
p. 9.4 .
Ibid., p.l62.
5 RIZZI, Aldair
T.; LIBARDI, Diócles. Capital industrial e a pequena produção integrada : o complexo
avícola no Sudoeste paranaense. Paraná: 1989. p. 2.
8
A
mudança
de relacionamento entre a indústria-produtor rural, coloca aindústria
como
coordenador,_deixandoo
produtor ruralcomo
simples parteintegrantedo
processo produtivo,
onde o
mesmo
perde grande parte de sua autonomia decisória,embora
proprietário formal de seus meios de produçãoó '
A
indústria, por sua vez, voltada parao mercado
de bens e produtos finais,proporciona ao produtor rural a “irwumõência
de
Úie fornecer matériaprima de que
necessita, segunzfo níveis :fe quafidruíe, oõtiría mediante orientações técnicas
por
elafomecid21s'”.
Como
forma de se consolidarem, as agroindustriasbuscam
cada vez maisuma
forma demanterem
seus produtores rurais atrelados aos seus interesses, desta formasurgem
formas de agricultura contratual, tendo sua origem nos países tecnologicamente desenvolvidos,
como
a Inglaterra na suaprodução
de frangos e ovos,onde
estas granjaseram
instaladasem
localidadescom
disponibilidade de mão-de-obraadequada
e abundantede matéria prima para a fabricação de rações.
Na
Itália, por sua vez, a produção de avestambém
experimentou estánova
modalidade de produção contratual,
onde
grandes organizações principalmenteno
.norteoperam
em
superintegrações, produzindo as rações e os pintos de corteou
de postura,sendo
que recebem
as aves e os ovos dos produtores.O
destaqueporém
fica
por conta dos EstadosUnidos
da Arnérica(EUA), onde
a partirda
Segunda Grande
Guerra ocorreram significativasmudanças
em
sua produção de aves e ovos,como
o
encorajamento proporcionado peloprograma
“C/iicfienof
tomorrow' °,voltado para a obtenção
de
melhores frangos para corte,bem como
a crescenteautomação
das granjas e melhor conhecimento gerencial,
como
os grandes avanços na criação defrangos de corte.
A
forma
contratual de parceria entre empresas' e produtores, realizada nos EstadosUnidos da América
se constituía deforma que
as empresas tinham a responsabilidade de fornecer os pintos, as rações, vacinas e material de desinfeção, alémdo
6
CEAG-SC.
Análise do sistema de integraçãoagroindustrial
em
suínos e avesem
Santa Catarina.florianópolis:
CEAG,
1978. p. 3 l 1.'
mercado
para o frango, sendo que por parte dos produtores decorria a responsabilidade delocar
em
suas propriedades até cinco lotes por ano.`
Os
EstadosUnidos
daAmérica
até pelo fato de deter amelhor
tecnologia e porser
o
pioneiro, na formação deum
setor agroindustrial forte, etambém
pelo fato de asmaiores inovações tecnológicas, foram por estes realizadas, constitui-se
com
um
marco
para o estudodo
setor agroindustrial mundial, servindo, portanto, de matriz para a maioria dospaíses
que
se iniciaramna
atividade posteriormente,como
é casodo
Brasil.Cabe
informar que,no que
diz respeito aomercado
de matéria-prima,como
o
produto final tanto de aves
como
os de suínos, cabe destacarque
estes estão concentradosem
um
número
limitado de grandes empresasou
grupos de empresass.Sendo que
asmesmas
demonstram
participação crescenteno mercado
em
virtude de utilizarem tecnologia de ponta parao
setor, emitindo redução de custos e conseqüenteaumento da
rentabilidade.O
surgimento desta modalidade agricola, fezcom
que
as agroindustriaspudessem
cada vez mais integrar-se,com
a possibilidade delamesma
controlar todas asatividades afins da empresa,
com
a possibilidade de trabalharcom
garantia de escala deprodução, a partir
do
momento
que
amesma
tem
o
controleda
quantidade e a qualidadeda
matéria prima
que
está adquirindo, assimcomo
um
perfeito controle quanto aos custos e preço devenda do
produto final.A
estes produtoresrurais os quais sesubmetem
a está forma contratualde
relacionamento
costuma
- sechamar
de produtor integrado.10
1
2.2
O
surgimento das Cadeias Agroindustrias eda
Agricultura Contratualno
BrasrllI
2.2.1
O
surgimentoda
Agriculturano
BrasilI
O
período agricola brasileiro se inicia logo após o rei de Portugal D. João III,ordenar
em
1630,o
envio deuma
expediçãode
caráter colonizador, para exploraría costaleste brasileira, expedição está
que recomenda
ao rei, a imediata colonização das terrasbrasileiras.
O
sistema inicialmente adotado foi inicialmente as donatárias,com
está solução a coroa portuguesa implantou,com
o apoioda
iniciativa privada,uma
estrutura política eadministrativa capaz de. garantir a exploração
econômica
e aocupação
permanenteda
terrasdescobertasl
A
agricultura brasileira sempre esteve atrelada aos interesses de terceiros, sendorelegado aos agricultores
o
direito de escolha, quanto ao produtoque o
mesmo
iriaproduzir.
As
crises de terras existentes desde 0-período das donatárias e presente ate hoje,demonstram que o
Brasil sempre apresentouuma
má
distribuição de suas terras cultiváveis,fator este
que
obrigavam os agricultoresa se subordinarem aos interesses dos senhoresde
terra,
que
decidiam qual produto agrícola plantar de acordocom
as vontadesde
uma
burguesia política dominante.
' . »
O
produto agrícolaque
deu partida parauma
periodo de ciclos foi aagroindustria
da
cana, face a sua grande procurano mercado
europeu. Apesaro
fim
dascapitânias donatárias, a agroindustria da cana se
manteve
forte atéo
séc.XIX
quando
foisuperado pelo entao ciclo
do
café.. çO
café,embora consumido
naEuropa
'desde 1650, tornou-seuma
bebida popular naquele continente, entre1710
e 1750.O
café veio a ser introduzidono
Brasilem
1727, inicialmente
no
Pará, sendoque
a cultura nãochegou
a se expandir.Só
um
século depois na região Sul,que
vem
o
cafétomar
destaqueno
cenário agrícola nacional.Foi surpreendentemente rápida a expansão da cultura
do
caféno
Brasil, ainda mais por seruma
plantamenos
rústicado que
a cana de açúcar,uma
vez queno
finaldo
século
XIX,
o Brasil participavacom
cerca de70,0%
da exportaçãodo mercado
mundial deCabe
destacarque
aeconomia do
séc.XIX
mostrava 0 Brasilcomo
preponderantemente agroexportador,
com
surgimento de alguns núcleos industriaispromissores nas cidades
do Rio
de Janeiro eSão
Paulo.Porém
o
maioracúmulo
de capitalna
economia
agro-exportadora eo aumento da
população urbana possibilitaramum
surtoindustrial,
bem como
o surgimento deuma
nova forma
de organização agrícola,onde
estápassa a ser vista nao mais
como
apenas instrumento de subsistência. .Está
nova fomia
de organização agrícola, surge dos anseios da indústriaemergente de se associar
com
o
setor agrícola,formando
uma
cadeia,onde
os interesses deambos
setores se fundem. ' i2.2.1
O
surgimento das Cadeias Agroindustriaisno
Brasil .I
No
Brasil, o surgimento das Cadeias Agroindustriais se deu atravésda
incorporação de
um
padrão tecnológico difiindido a nível internacional por grandesempresas oligopólicas.
A
intemalizaçãoda
agricultura brasileira,como
foiconhecido esteperíodo, ocorreu através da articulação
do
Estadocom
os interesses internacionais,influenciando de
forma
decisiva nas definições das políticas públicas, especialmenteno que
diz respeito a créditos
de
_* custeio, garantias A de comerciralizflçãp ______B_ ______ __ ____El 6 ` utilização de insumos e, 9
°<1fliPâfl;_‹=n¿‹_›_wâ‹1âmos. s
'
r
.A substituição de
uma
agricultura rudimentar, poruma
agriculturamoderna
emais dinâmica ,
com
utilização de técnicas e equipamentos maismodernos
se acelera apartir dos anos sessenta, até atingir nos anos-setenta
em
uma
de suas fases mais avançadasedenominada
porKAGEYAMAH)
como
sendo a fase de industrializaçãoda
agricultura.Onde
alémda
utilização de insumos industriais, configura-se a intemalização da agriculturae
do
produtor de bens e insumos primários.A
ll
'
É
a partirda
déc. 70em_que
segundoRIZZI
eLIBARDI
as indústriaspassam
a ditar a direção às formas e
o
ritmo dasmudanças
na agricultura brasileira, configurando-seo
processoque
requer da agriculturauma
modernidadeque
sustente a dinâmica estabelecida9 RIZZI,
op. cn., p. 2.
'°
KAGEYAMA
apud Rrzzr, ps.
12
pelo .setor produtor de bens 'de capital,
bem como
estruturauma
agroindustriaprocessadora.
Q
Um
ponto de relevante importânciano que
diz respeitoao
surgimento das cadeias agroindustrias, está diretamente relacionadocom
a existênciade
políticas públicasque, além de assegurarem
economicamente
o processo intemalização,o
intensificaram aindamais, estabelecendo políticas de crédito fortemente subsidiadas e
que
consolidaramo
surgimento das cadeias agroindutriais.
Cabe
destacarque
a idéia de cadeia agroindustrialno
Brasil, inicia-se oriundosde setores
que
possuem
maior vinculaçaocom
o mercado
(indústrias),do que
por relaçoescontratuais. Portanto foi o
aumento no mercado
consumidor, decorrentedo
surgimento decentros urbanos
em
expansão,que
fez aumentar ademanda
de carnes e derivados,proporcionando condições ao surgimento dos primeiros frigoríficos
em
substituição aos precários matadouros até então existentes.Os
primeiros frigoríficos localizaram-seem
regra na regiãodo
Brasil Central,por volta dos anos
30 na
cidadede
Barretos (SP),bem como
outros dois vieram se instalarnas cidades de Santos (SP) e nas
Minas
Gerais. Contudo, foi por voltado
quadriêniode
1914/18, que
o
Brasil experimentou a vinda dos prirneiros investidores neste setor, vindosda
Europa
e Estados Unidos, investimentos estesem
sua maioria estimulados pelogovemo
brasileiro,
como
forma de expandir e aumentar as exportações brasileirascomo
forma
decompensar
aqueda do
comércioextemo do
café”.0
Tanto os frigoríficos nacionais
como
os estrangeirosque
vieram a atuarno
Brasil Central, inicialmente abatiam vários tipos de animais
como
bovinos, suínos, ovinos,etc., comercializando e industrializando as
cames
naquela região,porém
ficando
aexclusividade dos enlatados para os frigoríficos estrangeiros.
Porém
a distinção entrefiigoríficos nacionais e importados segundo
Mamigoniamn
estava principalmenterelacionado
com
o fator localização, os nacionais surgiramem
geralem
regiõesde
invemada, enquanto os estrangeiros localizavam-se junto as grandes metrópoles,
na
proximidade de portos exportadores e estradas de ferro que os ligavam a 'potenciais áreas
“
CEAG-sc,
op. mr., p. 57._ 13
de engorda ( Alta Sorocabana, Alta Araraquarense, Noroeste) onde, já na década
de
20/30,se
procuravam
adquirir terrasem
matas para futuras inventadas.Porém,
crises ocorridas nasmesmas
décadas,no
comércio decames
ederivados, ocasionaram a desnacionalização
da
atividade,com
terras e rebanhos nacionaispassando para as
mãos
das grandes empresas estrangeiras,chegando
ao ponto de,em
1940
no
Brasil Central eno
Estadode
São
Paulo, estes já controlarem cerca de 420.000 hectares,entre terras próprias e arrendadas, concentrando cerca de 35 a
40%
do
abate,o
que por suavez lhes conferia poder na determinação
do
seu preço final _0
Só
em
1950,no
Governo do
Presidente Getúlio Vargas,que
alguns frigoríficosnacionais conseguiram
tomar
-alguma posiçãono
mercado,como
resultadode
uma
série demedidas de estímulo.
u
Segundo
DELGADO”
o
final dos anos60
ressalta e se consolidacomo
o
marco
de constituição das Cadeias Agroindustriaisno
Brasil,dando
a arrancadado
processo
de
industrializaçãodo campo,
processoque
se caraterizou pela implantação deum
setor industrial responsável pelos bens de
produção na
agricultura, desenvolvendo-seou
modernizando-se
em
escala nacional,um
mercado
para produtos industrializadosde
origem agropecuária,dando
origem à formaçãode
um
sistema de agroinsustrias,em
parte dirigidopara o
mercado
intemo eem
parte voltado para a exportação.Para
WEDEKIN”,
nas década de setenta, oitenta e noventa,o que
se verifica é a consolidaçãohegemônica
das agroindustriasno
setor pecuário brasileiro.Sua forma da
produção contratada, apesar de ser respaldada por medidas legais específicas, beneficiou
principalmente os frigoríficos atuantes neste sistema. Acrescente-se ainda,
o
periodoturbulento das políticas econômicas existentes
no
período, fatores estesque
constituíram outras razões para que as empresas ampliassem estáforma
contratual, de vinculaçãodo
produtor rural e de sua produção a
uma
única empresa, garantindo assim a segurançaque
omercado
não oferecia.Pelo lado
do
produtor, as principais motivações queWEDEKIN16
levanta para os estabelecimento dos contratos, residem nas dificuldadesde
acessoao
capitalde
giro'Í
MULLER
apudDELGADO,
p. 14.'°
WEDEKIN,
Valéria S. Pertz. Cadeia produtiva da suinocultura no Brasil. São Paulo. 1985. p. 12
ló - -
15
desenvolvimento da agricultura, e sim o de localização estratégica para a intercomunicação
entre
o
planalto eo
litoral.A
localização das colôniasem
lugaresnem
sempre
próprios para o trabalhoagrícola, aliado ao fato
de que
os imigrantes tinhamcomo
objetivo produzirum
excedentepara o mercado,
provocou
a criação de colônias particulares e espontâneasem
lugares maisprivilegiados,
provocando
também
a necessidade de produzir excedente por parte destascolônias
com
vias de possibilidade de comércio que, por sua vez, estão ligadas a presençade estradas.
Quatro fatores explicativos segundo
PAULILO19,
podem
descrever anecessidade dos agricultores produzirem excedentes para
0
mercado.Em
primeiro lugar, osimigrantes alemães
que
aqui chegaram, vieram de regiõesonde
esse procedimento eracomum.
O
segundo fator explicativo seria o interesseque
tinham os países de origem,Germânica
e os Italianos,em
criar,no novo mundo,
novas áreas de comércio.Em
terceiro lugar, havia a demanda, tanto local quanto nacional, por produtosagrícolas.
A
demanda
local se devia à presença de vilas,chamadas
“1/iías operáfllzó”onde
moravam
os mineirosdo
carvão.A
nacional, à busca por parte dasfirmas
comerciaislocalizadas
no
Rio de Janeiro, principalmente decame
de
porco e banha.O
quarto e último fator seria que parte dos imigrantes jáeram
citadinosem
seuspaises
de
origem, oque
fezcom
que
seus hábitos urbanos deconsumo
houvessem
sidoincorporados.
O
produto comercializado por excelência foio
porco e seu subproduto, abanha, até porque este já era grande conhecido tanto dos imigrantes alemães
como
dositalianos
em
suas paises natais.O
surgimento das primeiras fabriquetas já datamde fins do
século passado, elas se localizavam por todo
o
interior e suldo
estado, pois a aparelhagemnecessária era bastante simples:
um
grande tacho para derretero
toucinho, cochos paraesfriar a banha,
uma
balança, depósitos de latas e caixas eum
tablado para salgar a came.19 rua,
'
Segundo
trabalhodo
CEAG/SC2°
a primeira empresa produtora de derivadospecuários
no
estado de Santa Catarina, datado
início dos anos70 do
séculoXIX,
elocalizava-se
no
Vale dosRio
Itajaí, absorvendo parte da.produção
dos pequenaspropriedades de origem germânica daquela região. Já
em
finsdo
mesmo
século está regiãocaracterizava-se
como
exportadora de banha, parao mercado
regional, e, inclusive onacional
(como
o
caso deSão
Paulo e Rio de Janeiro).Porém,
jáno
início deste século, nas décadas de20
e 30, mais duas empresasteriam se instalado
no
mesmo
ramo, sóque
desta vez se localizavamna
região Oeste eMeio-Oeste do
Estado, abastecendo-setambém
de matéria prima excedente dos produtoresrurais daquela região,
onde
se desenvolviamtambém
a produção de suínos e de culturasagrícolas, principahnente
do
milho que está diretamente relacionadocom
a criação destesanimais. ~
Na
década de 40,com
a fundaçãoda
Sadia Concórdia S/A21.,no
município deConcórdia, é
que
se desenvolveo
setor, trazendo consigo0
desenvolvimento das demais empresasdo
setor, ocasionando,em
contrapartida, o crescimentoda
demanda
por matérias primas agropecuárias, tendo estasque
serem encontradasem
regiõescomo
o
Valedo
Itajai.É
justamente neste periodoque
o
surto industrial se acelera,provocando
um
êxodo
niralpela abertura de oportunidades de trabalho na
zona
urbana.Em
conseqüência surge,uma
tendência ao esgotamento das fontes de matéria primas por estas empresas,
uma
vezque
ospequenos
produtoresemigravam
para a cidade.Na
década de 5022, por sua vez, Santa Catarina vê nascer mais duas empresasneste setor,
ambas
localizadasno
Oeste Catarinense, e na décadade 60
mais três empresastambém
se instalaramno
setor de industrialização de pecuários,com
localização desta vezem
outras áreasdo
Estado,mas
em
regra estas se concentravamna
regiãodo
Oeste eMeio-
Oeste Catarinense.Na
década de 60, transformaçõesno panorama
industrial,em
decorrênciado
próprio crescimento industrial,
fazem
com
que
as empresasdo
setor pecuáriopassem
a exerceruma
maior pressão sobre sua fontes de matéria prima( os suínos, principalmente),uma
vezque
as necessidades destas empresas,em
geral localizadasno Meio-Oeste
não2°
CEAG-sc,
op. cn., p. óõ.
2*
SADIA
50 anos: construindo
uma
história. São Paulo : Prêmio, 1994. 142 p. 22CEAG-sc,
op. za., 132.17
eram
mais supridas suficientemente pelos produtores, principalmentedo
Valedo
Itajaí, sejaem
quantidade quantoem
qualidade.As
empresaspassam
a exigir por parte dos produtores,no
caso dos suínos,quantidades crescentes de animais tipo
came
e não tipobanha
como
se virflra fazendo atéentão, sendo
que
o
produto tipo banha passa a enfrentar dificuldadesno
mercado, devido asubstituição,
da
banha pelos óleos vegetais,como
o
de caroço de algodão e deamendoim,
ena década de 70, definitivamente pelo óleo de soja,
que
passa a dominar o mercado.Como
resultadoda
falta de matéria prima deforma
organizada e controlada, se fez necessáriona
época suprir-se está necessidade,como
forma de
garantirum
ritmoindustrial, era necessário
porém
se ter fomecimentos crescentes de suínos, sendoque
osmesmos
deveriam atender caracteristicas de qualidade e defluxos conforme
as necessidades das próprias empresas.'
Como
tentativa de solucionar o problemade
fornecimento e qualidadeda
matéria prima recebida, surge
no
ano de 1964 a idéiado
Sr. Atílio Fontana, proprietárioda
Sadia Concórdia S/A, de produzir suínos
com
assistência técnica totalmente prestada pela própria empresa, através deum
Departamento
deFomento
aopequeno
produtor rural.“jd e;(periência
em
suínos,que mais
tardedeu
origem ao sistemade
integração
começou
com
a
sefeção de famífias potenciaímenteaptas,
no
de
Concórdia,fomecendo
a empresaa cada
uma
das
famíliasum
reprodutor e toda assistência. Troceéüz-se,já
nesta época,
uma
mudança
de qualidadecom
a
introduçãoda
raça “Landraçe', implicandona
sufistituiçãodo
porco tipoôanfia
pelatipo came. "23
O
desenvolvimento favorável desta experiência a partir de 1972, convergiu paraum
sistema de integradocom
vínculo contratual entreo
produtor rural eo
fiigorifico,onde
as famílias passaram, inicialmente, por
um
treinamento sobre alimentação e manejo, eampliando
com
o sistema de abastecimento de rações, pela empresa às famílias integradas.Sendo que metade
dos leitões nascidoseram
submetidos a estenovo
sistema, e a outrametade
ainda era criada sob aforma
antiga,como
forma de
confrontar os resultados.23
A
melhoriada
qualidade e conseqüente rendimento industrial foi tão satisfatóriapara a indústria,
que
em
poucos
anos já estava assegurada aprodução
de suínoscom
qualidade e quantidades desejadas, evitando-se cada vez maiso
problema da sazionalidade,comum
na atividade suínicola, devido as oscilaçõesno
preço.Assim
como
a suinocultura, a aviculturamantém
destaquequando
o assunto é Santa Catarina,uma
vez, queuma
sempre esteve relacionadacom
a outra, principalmentepor fatores culturais.
Porém,
ao contrárioda
suinocultura, a aviculturacomo
atividadecomercial, sempre se
manteve
tímida, até a década de 70,quando
maisuma
vez porpioneirismo da Sadia, se inicia a experiência de produção avícola sob a
forma
de parceria,entre agroindústria/produtor, sob a
forma
contratual eque
fora batizada posteriormentecom
onome
de sistema de integração avícola.Em
fins da década de70
e início da década de 80, verifica-seum
surgimento devárias empresas
no
setor de abate de suínos e aves,que
em
um
segundomomento
vão
sendo incorporadas através de aquisições pelas empresas líderes, ocasionando
um
uma
concentraçao na indústria nos anos oitenta e noventa. '
Não
há, porém, amenor
dúvida, deque 0
estabelecimento de relaçõescontratuais entre agroindustrias e produtores rurais, foi a alavanca para
0
desenvolvimentodas empresas
do
setor,bem como
da
própria indústria de carnes dentrodo
estadode
Santa19
CAPÍTULO
111l
3
O
inícioda
Avicultura e Suinocultura IndustrialI
¡
A
3.1
A
Avicultura IndustrialÍ
Em
sentido lato, “afvicuítura óíesignaa
criação regular :fe avespara
quafquerfim.
fm
sentizfo mattusuaf
e restrito, zfeflgnaa
criaçãopara
uhfitários,eópeciaímente
produção
:fecame
e 0110524I
3.1.1
A
transiçãoda
Avicultura doméstica para IndustrialI
É
relativamentenova
a criação de galinhascomo
fonte de alimento. Essesanimais,
embora tenham
sido domesticados muito cedo, achando-se referidos na Bíblia erepresentações
em
túmulos dos Faraós Egípcios,porém
tudo indicaque
o interesse por estaatividade se limita a diversão e entretenimento dos nobres.
Depois, passaram a ser criados para fins ornamentais, havendo-se desenvolvido muitas raças
que
se destinaram muitomenos
àprodução de
came
ou
ovos,do que
ade
exposições, nas quais se apreciava acima de tudo a beleza dos exemplares;
com
esse últimoobjetivo, formaram-se
umas
dezenas de variedades de galinhas, descritas desde1874
num
padrão de perfeição organizado pela
American
Poultry Association ( Associação Norte-Americana
de Avicultura).Somente no
séc.XX,
a criação de galinhas para alimentotomou-se
maisimportante
do que
a feita pormero
esporte,embora
a preocupaçãocom
os padrõesde
beleza, aplicados
em
exposições, tenha até recentemente dificultado,em
nãopoucos
países,o
processode
criação para fins produtivos, pela confusão estabelecida entre os doisobjetivos e a subordinação
do
julgamento da produtividade à apreciação de caracteresextemos
a perfeição.O
desenvolvimento da aviculturatem
ocorrido sob várias formas, que até certoponto se
vão
substituindoumas
às outras. Inicialmente, criava-se a galinhacomo
animalque
2” SADIA, op.
aproveitava os restos
da comida
doméstica e ciscavano
chão outros alimentos,além
degrãos,
que
são seu alimento característicoem
condições naturais.Era
a avicultura dequintal,
bem
pouco
produtivaem
face dos padrões industriais.Em
maior escala ecom
melhores padrões de trato, cresceu a aviculturacomo
atividade subsidiária
em
sitios e fazendas,com
rebanhosque não
costumam
excederalgumas centenas de cabeças. Esse tipo de avicultura contribuiu, e ainda
o
fazem
numerosos
países, para a estabilidadeeconômica da
agricultura e para alimentaçãodo
povo, mantendo-sefirme
quando
outras atividades entramem
crise.Surgiu depois a avicultura industrial,
em
que
a criação se fazem
larga escala ecom
métodos
apurados, a qual, aplicando conhecimentos científicos, visa à crescenteprodutividade.
O
surgimento da grande indústria mecanizada,embora aumentando
muitoo
número
de cabeças criadas e a produção avicola,redundou
no
desaparecimentonão
apenas de pequenas granjas,mas também
de empresas, representandouma
certa concentraçãotécnica e de capital.
Ao
mesmo
tempo
diminuiu '21' quantidade de mão-de-obraempregada
naavicultura. ~
Este conjunto de transformações resultou
em uma
verdadeira revoluçãotecnológica
com
profundos reflexos na posiçãoda
aviculturano
quadro daeconomia
mundial,
onde
a avicultura deixouem
alguns casos de seruma
atividade doméstica, para exercer forte influenciaeconômica
em
algumas regiões e de alguns países,uma
vezque
21
I
3.1.2
O
surgimentoda
Aviculturano
Brasil,como
atividade IndustrialI
Apesar
de as aves serem conhecidas e criadas praticamenteem
todas aspequenas propriedades, só recentemente,
no
Brasil, a avicultura passou a seruma
atividademoderna
e industrial”.Entre os avicultores
do
iníciodo
século, a maioria entendia a atividadecomo
esporte, as competições de “galo :fe öfiga”, proibidas
no Governo do
Presidente JânioQuadros
constituíam“um
eâlporte 1uu:1bnaf°, relegando aprodução
de carne eovos
para segundo plano.O
objetivo principal erapromover
exposições e concursoscom
as aves maisbonitas.
No
entanto, foram surgindo avicultorescom
mentalidade moderna,que
tinhamcomo
preocupação a capacidade cada vez maior de produção de aves para postura e produção de came. Entretanto, estes pioneirosda
avicultura brasileira, procuraramde
certaforma, estudar técnicas
de manejo
Européias eNorte
Americanas, adaptando-as à realidadebrasileira, lançando assim as bases de
uma
verdadeira avicultura industrialno
BrasilzõA
década de20 marca
a fundação,em
São
Paulono
dia20
demarço
de 1913, da 'Sociedade Brasileira de Avicultura,com
o
objetivo de estreitar as relações entreamadores
e criadores de aves;promover
exposições periódicas de aves e material deavicultura; realizam feiras e concursos, seleção de raças e desenvolvimento da avicultura
industrial propriamente dita.
O
surgimento deum
setor agrícola mais adiantado dentroda economia
nacional~ ~
seguiu se à implantaçao das indústrias transformadoras e, só entao, iniciou-se a
complementação
da cadeia,com
as industrias supridoras de insumosmodemos.
Só
na década de 40, a avicultura industrial deuum
salto,quando
em
São
Paulo, os então pioneirosda
avicultura comercialcomeçaram
a introduzir a raçaLlugñom
que
concretizou definitivamente
o
desenvolvimentoda
atual produção de frangos de corteno
Estadoide
São
Paulo eno
Brasil. -25
COSTA,
op.cit., p. 23. 26
ARASHIRO
apudCOSTA,
“Ã
avícuítura industriaíno
$rasi[pode
tercomo marco
iniciafl
em
termosde
data, oda
décadade
1950,quando
suõstituiu
a
antiga atficuítura comercíaíque
começara nosanos
1920
e 1930.
Toi
naquela décadaque começaram a
ser estruturados osnovos
(qalin/ieirios,com
novos métodos de
manejo,ao
mesmo
tempo
em
que
o Instituto G3iolõg1`code
São Tank,
entre outros,começou a
teruma
intensa atuaçãono
sentidoda
meffioriano comfiate
às doençasedo
controfe sanitárioem
geral,juntamente
com
o surgimentodas
primeiras associações de a1›icu[tores27
A
avicultura seguiu muito lentamenteno
período de1940
a 1955, e só depoisde 1957, é
que
veio a funcionaro
primeiro abatedouro de avesem
São
Paulo, então depropriedade
da
Cooperativa Avícola de Cotia”. 'i
O
destaque na avicultura nacional,ficam
porém, a cargodo
Estado de SantaCatarina,
que
a partir da décadade
60, aexemplo do que
aconteceuna
suinocultura,estabelecem relações contratuais entre produtor e agroindustrias,
que
constituíram a base para o atualmodelo
de avicultura industrialno
Brasil.A
importância destanova
forma de organizaçãoda
produção avícola, éque
amesma
passam
a dominar todoo
cenário avícola nacional, proporcionando às empresascatarinenses
do
setor, posição privilegiada e acesso às tecnologias de ponta parao
setor.A
vanguarda catarinense
no
setor avícola, acabou sendo posteiionnente imitada por outros estados da federação,como
éo
caso de Paraná,Rio Grande do
Sul eSão
Paulo,porém
Santa Catarina semanteve
hegemônico, situaçãoque
prevalece até hoje,uma
vez que
asmaiores agroindustrias, por aqui se localizem.
27
SORJ, Bernardo;
POMPERMAYER,
Malari J .; CORADINI, Odacir Luiz. Camponescs e agroindústria2 transformação social e representação política na agricultura brasileira. Rio de Janeiro : Zahar, 1982. p. 14
2*
GU1MARAEs
apudCEAG,
'23
l
3.1.3
A
Avicultura Industrialem
Santa CatarinaI
A
aviculturacomo
atividade comercialem
Santa Catarina, sempre esteveintimamente ligada
com
a atividade suinícola, até por fatores culturais dospovos
colonizadores, que tinham a criação de aves e suínos
como
uma
distraçãoou
paraconsumo
próprio.
Somente
em
um
segundomomento, que
secomeçou
a comercializar aindaque
defonna
bastante rudimentar, os excedentes produzidos nas propriedades, sendocomercializado a ave ainda viva.
Só
mais tardeque
foi se pensarem
organizarcomercialmente a produção.
“Ã
Integraçãoda
prozfução de aves,emöora
ten/ia nascizfo cfaprópria experiência oôtúía
na
integração :fe suínos,tem
origemna
mesma
época, sóvem
a
:farum
saítopor
vofta :fe 1973,quando
onúmero de
agricuftores integrados passaa
crescer rapúíamente. "29A
avicultura industrialno
Estado de Santa Catarina teve tímido inícioem
1960,desenvolvendo-se desde então
de forma
relativamente mais elevadado que
a produçãode
suínos, sendo que somente
no
início da década de 70, foi iniciadoo
sistema deprodução
dentro das relações contratuais explícitas,
com
o pioneirismoda
Sadia Concórdia S/A. Dentre as principais razões que levaram o sistema integrado na produção na aviculturacatarinense, está a facilidade
com
que
as empresas tiveram de impor estáforma
deprodução
contratual aos produtores rurais
que
estavam disponíveis, face a falta de opções enfientadano
Meio-Oeste, possuidoresem
grande maioria de minifúndios, eque
utilizavam-seda
avicultura
como
uma
atividade complementar a rendada
propriedade.Como
característicada nova
organização da produção avícola, destaca-se a maior rentabilidade de sua produção e amenor
taxade
conversão alimentar,bem como
o
desenvolvimento acelerado da tecnologia industrial
da
criação de aves.'
Porém
uma
importante diferença, entre a formação da integração de suínos e deaves, foi proporcionada pelo fato
de
que os produtores de suínos jáeram
em
sua maioriaindependentes e
poucos
afeitos auma
relação contratual, já os produtores de aves, surgiramcom
a própria integração, sendo desdeo
início submetidos à produção contratual, ficando vinculados,em
muitos casos, ao próprio financiamento das instalações.29
CEAG,
op.Face a relação contratual ter sido iniciado
no
setor avícola, estes desde entãoeram
condicionados a se localizaremem
áreas próximas aos frigoríficos, criando estes sua própria fonte de matéria prima, integrando inclusive ao processo, indivíduosque nunca
foram produtores de aves.
Além
da
menor
distância diminuir os custode
transporte, acriação de aves, sob a
forma
contratual, vinculauma
clausula de exclusividade,proporcionando maiores e melhores condições de controle e fiscalização por parte
do
fiigorifico, além de a exclusividade de fornecimento aum
sócomprador
tiravado
produtorrural a mentalidade empresarial de procurar melhor
mercado
parao
seu produto.V
A
vinculação da produção de fi'angosem
grande escala, atravésda
relaçãocontratual, segundo estudos
do
CEAG-SC”
demonstrou
um
significativo acréscimo, jáque
ao contrário
do
ano de 1971onde
apenas dois fiigoríficosmantinham
sistema de abate sob aforma
contratual, hoje quase todos já se estruturam para este tipo de relação, assegurandoo
abastecimento contínuo,
aumentando
0 padrão de qualidade , reduzindo os custos, entreoutras variáveis
que
comprovam, que
os objetivos essenciaisda
formaçãodo
sistemaforam
relativamente alcançados.
Ainda no que
diz respeito à escala de produção, está galgou degraus cada vez mais altos, ocasionando dificuldade na disposição de investimentos, principalmente para amontagem
de instalações parao
abate de frangos,provocando
uma
conseqüentecentralização da atividade
em
poucas empresas, reduzindo-se ainda , mais na década deoitenta,
quando
o setor se oligopolizou ainda mais, atravésde
fusões e aquisições das empresas lideres das empresas menores,como
foio
casoda
Cevalque
entrou na indústriacom
a aquisição da Seara Alimentos S/A, entre outras.A
conseqüência deuma
indústria olipolizada, foi o de aceleraro
processo de integração vertical das empresas,bem como
um
contínuo processo de industrializaçãodo
setor avícola, proporcionando a maior fatia
do mercado
para as empresas lideres, relegandoos “n1'nfio.r”de