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Exame Andrológico de Bovinos - Utilização da Ultrassonografia no Despiste de Patologia

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Academic year: 2021

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Relatório Final de Estágio

Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

EXAME ANDROLÓGICO EM BOVINOS- UTILIZAÇÃO DA

ULTRASSONOGRAFIA NO DESPISTE DE PATOLOGIAS

Rita Oliveira Gama Soares

Orientador

Professora Dra. Carla Maria Proença Noia de Mendonça

Coorientadores

Dr. Dário Guerreiro Dr. Rui Silva

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Relatório Final de Estágio

Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

EXAME ANDROLÓGICO EM BOVINOS- UTILIZAÇÃO DA

ULTRASSONOGRAFIA NO DESPISTE DE PATOLOGIAS

Rita Oliveira Gama Soares

Orientador

Professora Dra. Carla Maria Proença Noia de Mendonça

Coorientadores

Dr. Dário Guerreiro Dr. Rui Silva

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Resumo

Este relatório resulta do estágio oficial do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, desenvolvido na área de medicina e cirurgia de espécies pecuárias e tem como objetivo a discussão e descrição de exames andrológicos em touros de cobrição e a utilização da ultrassonografia no despiste de patologias andrológicas.

O estágio foi realizado sob coorientação de médicos veterinários da área de espécies pecuárias, o Dr. Dário Guerreiro e Dr. Rui Silva. Com estes dois clínicos tive a oportunidade de seguir diversos casos clínicos de diferentes espécies pecuárias, no entanto, decidi escrever acerca do exame andrológico e utilização de ultrassonografia no despiste de patologias, visto tratar-se um tema pouco abordado em ambiente de formação académica e com grande relevância na eficiência reprodutiva de explorações de bovinos de carne. Foram recolhidos os dados de seis exames andrológicos realizados ao longo de dezasseis semanas de estágio na região da Estremadura/ Baixo Alentejo e Costa Vicentina a touros de carne para a sua avaliação como reprodutores.

O estágio permitiu-me desenvolver o raciocínio clínico, pôr em prática os conhecimentos teóricos adquiridos durante a formação académica, adquirir competências técnicas sólidas na execução de técnicas cirúrgicas, estimular a autonomia e responsabilidade perante diferentes situações clínicas no campo e consolidar os conhecimentos de maneio de animais de espécies pecuárias. Também contribuiu para melhorar a capacidade de trabalhar em equipa e desenvolver atributos e competências interpessoais.

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Agradecimentos

Após 6 anos de estudo e trabalho, um obrigada a todos os que me acompanharam e que de certa forma me ajudaram a terminar o curso.

À Prof. Doutora Carla Mendonça, por me ter aceite como sua orientanda, pela disponibilidade, ajuda, apoio e por me ter aconselhado bem em relação aos locais de estágio.

Ao Dr. Rui Silva, por toda a partilha de conhecimentos, pelas técnicas de maneio, pelos desafios, pelos conselhos e por toda a paciência que teve para comigo. Um especial obrigado pela contribuição e partilha de material para que este relatório de estágio fosse possível.

Ao Dr. Dário Guerreiro por me ter aceite como sua estagiária e por me ter integrado numa equipa fantástica, pelo conhecimento e por me ter transmitido que podemos ter hobbies e trabalhar como veterinário de campo ao mesmo tempo.

Ao Dr. André Parada, pelo conhecimento, pelos conselhos, pelos momentos de descontração e pela amizade.

A todos os professores do ICBAS, pela formação que recebi.

Às minhas colegas de estágio, Ana Filipa, Ana B., Nathalya e Marina, pela ajuda, partilha de impressões, amizade e momentos únicos.

Aos meus amigos da faculdade, em especial à Inês F., Marta, Sofia, Catarina J., Catarina C., Inês M., Francisco, Aline e Mariana, pelo companheirismo, apoio e diversão ao longo destes 6 anos.

Aos meus melhores amigos, Mariana, Janice, Bárbara, Diogo e Lígia, por caminharem a meu lado desde sempre.

Ao Tiago, pelo carinho e apoio incondicional.

Por último e com maior destaque, à minha família. À minha irmã, pela paciência, pela ajuda, pelos conselhos, pela hospitalidade, pelo carinho e pela transmissão de valores. À Inês, por tornar tudo mais fácil. À Tina, por acreditar em mim. Ao Carlos, por transformar tudo numa comédia. Aos meus pais, porque tudo.

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Índice

CASUÍSTICA ...1

EXAME ANDROLÓGICO EM BOVINOS- UTILIZAÇÃO DA ULTRASSONOGRAFIA NO DESPISTE DE PATOLOGIAS ...5

Introdução ...5

Exame andrológico ...5

Importância do exame andrológico em bovinos ...6

Critérios do exame andrológico em bovinos ...7

Avaliação da líbido e capacidade de cópula ...7

Exame físico geral ...7

Exame dos órgãos genitais externos e internos ...8

Recolha e análise de sémen ...10

Utilização do ecógrafo ...14

Exame ecográfico normal do aparelho reprodutor masculino de bovinos ...14

Patologias diagnosticadas através da ultrassonografia do aparelho reprodutor masculino do bovino ...19

Anomalias testiculares ...19

Anomalias do escroto e cordão espermático ...21

Anomalias penianas ...22

Anomalias das glândulas acessórias anexas ...22

CASOS CLÍNICOS OBSERVADOS...23

Objetivos ...23 Materiais e Métodos ...23 Resultados ...25 Discussão ...26 CONCLUSÃO ...28 BIBLIOGRAFIA ...29 ANEXOS ...31

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Índice de Abreviaturas

ADS Agrupamento de Defesa Sanitária

Aprox. Aproximadamente

IBR Rinotraqueíte Infeciosa Bovina BVD Diarreia Viral Bovina

DAE Deslocamento de abomaso à esquerda DAD Deslocamento de abomaso à direita

DHPPI+L Esgana, Adenovirus, Parvovirus, Parainfluenza, Leptospirose

X Cruzado

C.C. Condição Corporal

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Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Casuística de cirurgia, controlo reprodutivo, clínica e sanidade desenvolvida durante

o período de 02/09/2019 a 25/10/2019 na Sá Guerreiro, Lda……….………...….1

Gráfico 2- Casuística de cirurgia, controlo reprodutivo, clínica e sanidade desenvolvida durante o período de 28/10/2019 a 20/12/2019 com o Dr. Rui Silva………..……..……….…3

Índice de Tabelas Tabela 1- Resumo de procedimentos realizados na Sá Guerreiro, Lda………..….1

Tabela 2- Resumo de procedimentos realizados com o Dr. Rui Silva………..…3

Tabela 3 - Valores mínimos do perímetro escrotal consoante a idade dos touros, segundo a Society for Theriogenology,USA……….….8

Tabela 4 - Dados dos touros que foram submetidos a exames andrológicos durante o meu período de estágio………25

Índice de Figuras Figura 1-Medição do perímetro escrotal………..………..….9

Figura 2- Glândulas sexuais anexas………..…….………...…10

Figura 3- Eletroejaculador no interior do ânus….………...……....11

Figura 4- Recolha do ejaculado…..……….………..……….…11

Figura 5- Avaliação da mobilidade individual.……….………..……….…..13

Figura 6- Ultrassonografia caudal de testículos de um touro.….………….………….………15

Figura 7- Imagem de corte longitudinal do testículo esquerdo.………..………..16

Figura 8- Ultrassonografia da cauda do epidídimo.……….……….16

Figura 9- Ultrassonografia da cabeça do epidídimo.………..……...….….17

Figura 10- Imagem de corte longitudinal da próstata………..……….….………..18

Figura 11- Imagem de corte transversal da vesícula seminal..….………..…19

Figura 12- Imagem de corte longitudinal do testículo direito do touro 5..……....…………..………26

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CASUÍSTICA

O meu estágio curricular na área de Medicina e Cirurgia de Espécies Pecuárias teve lugar na Estremadura / Baixo Alentejo e na Costa Vicentina, entre o período de 2 de setembro de 2019 a 20 de dezembro de 2019.

Na Estremadura/ Baixo Alentejo, mais precisamente distrito de Setúbal, acompanhei o Dr. Dário Guerreiro e Dr. André Parada, durante 8 semanas, os quais fazem parte do corpo clínico da Sá Guerreiro, Lda. A Sá Guerreiro, Lda faz essencialmente clínica ambulatória de bovinos, onde se integram a clínica e cirurgia, sanidade animal (ADS da Península de Setúbal) e controlo reprodutivo com recurso a ecógrafo, mas também fazem parte alguns serviços de clínica de pequenos ruminantes, equinos, asininos e suínos (Gráfico 1 e Tabela 1).

Gráfico 1 – Casuística de cirurgia, controlo reprodutivo, clínica e sanidade desenvolvida durante o período de 02/09/2019 a 25/10/2019 na Sá Guerreiro, Lda.

Tabela 1- Resumo de procedimentos realizados na Sá Guerreiro, Lda

Bovinos

Procedimentos Quantidade explorações/animais

Profilaxia Médica e Sanitária

Desparasitação externa e interna, teste da tuberculina

60 explorações (aprox. 4016 cabeças bovinos de leite e

934 bovinos de carne)

Vacinação contra Clostridioses /IBR/BVD 58 explorações 11% 14% 38% 37% Cirurgia Controlo Reprodutivo Clínica Sanidade

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2

Sistema digestivo

Correção de DAE por piloromentopexia

8 bovinos

Correção de DAD com torção, por piloropexia

1 bovino

Enterite neonatal 14 bovinos

Timpanismo gasoso 1 bovino

Sistema Reprodutivo

Parto distócico 6 bovinos (Imagem 1- anexos)

Cesariana 2 bovinos (Imagem 2- anexos)

Prolapso uterino 3 bovinos

Retenção placentária 4 bovinos

Controlo reprodutivo 24 explorações

Exame andrológico 1 bovino

Metrite 1 bovino Sistema Respiratório Pneumonia 9 bovinos

Zaragatoas para análise 6 bovinos Sistema nervoso Lesão do nervo obturador 2 bovinos

Sistema urinário Urolitíase 1 bovino Sistema cardíaco Endocardite 1 bovino Glândula Mamária Mamite 1 bovino Sistema músculo-esquelético Claudicação 1 bovino Outros Necropsia 1 bovino

Pequenos ruminantes

Profilaxia Médica e Sanitária Vacinação de ovinos e caprinos para língua azul e/ou clostridioses,

desparasitação interna e externa

7 explorações Sistema digestivo Timpanismo gasoso 1 ovino

Enterite 1 caprino Sistema nervoso Quadro neurológico 1 ovino Sistema respiratório Pneumonia 12 ovinos Sistema reprodutivo Orquiectomia 4 caprinos e 4 ovinos

Metrite 1 ovino Outros Necropsia 1 ovino

Equinos e asininos

Profilaxia Médica e Sanitária Vacinação antitetânica, desparasitação externa e interna

1 asinino Patologias Podais Laminite 1 equino Patologias oculares Inflamação da 3ª pálpebra 1 equino

Suínos

Profilaxia Médica e Sanitária Vacinação: Protocolo de Aujesky e desparasitação interna

1 exploração

Outros animais

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A segunda parte do meu estágio curricular iniciou-se a 28/10/2019 e terminou a 20/12/2019, onde acompanhei o Dr. Rui Silva pela Costa Vicentina na prática de clínica ambulatória. Esta baseou-se em clínica e cirurgia, sanidade (ADS Litoral Alentejano) e controlo reprodutivo com ecógrafo. A maior percentagem de trabalho foi realizada em bovinos de carne (80%) e uma menor percentagem em bovinos de leite (20%). Também fez parte da clínica ambulatória a assistência a ovinos, caprinos, suínos e equinos (Gráfico 2 e Tabela 2).

Gráfico 2- Casuística de cirurgia, controlo reprodutivo, clínica e sanidade desenvolvida durante o período de 28/10/2019 a 20/12/2019 com o Dr. Rui Silva.

Tabela 2- Resumo de procedimentos realizados com o Dr. Rui Silva

Bovinos

Procedimentos Quantidade explorações/animais

Profilaxia Médica e Sanitária

Desparasitação externa e interna, teste da tuberculina, recolha de amostras de leite para despiste de Brucelose

63 explorações Vacinação clostridiose/leptospirose ou clamidiose. 12 explorações Sistema reprodutivo

Parto distócico 14 bovinos

Parto com torção uterina 1 bovino

Cesariana 2 bovinos

Prolapso uterino 6 bovinos (Imagem 3 –

anexos)

Retenção placentária 3 bovinos

Controlo reprodutivo 11 explorações

5% 4% 65% 26% Cirurgia Controlo Reprodutivo Clínica Sanidade

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Exame andrológico 5 bovinos Sistema digestivo

Enterite neonatal 56 bovinos

Acidose 10 bovinos

Timpanismo gasoso 11 bovinos

Timpanismo cecal 1 bovino (Imagem 8- anexos) Sistema respiratório

Pneumonia 51 bovinos

Infeção respiratória do trato superior

6 bovinos Glândula mamária Mamite 4 bovinos Sistema circulatório Insuficiência cardíaca 1 bovinos Sistema nervoso Lesão do nervo obturador 1 bovino

Vaca caída 4 bovinos Sistema tegumentar Patologias podais 6 bovinos

Descorna 2 bovinos (Imagem 5- anexos) Patologias parasitárias Casos clínicos 29 bovinos (Imagem 7 –

anexos) Patologias sistémicas Transfusão sanguínea 2 bovinos

Infeção umbilical 6 bovinos Sistema músculo-esquelético

Artrite 4 bovinos

Fratura na articulação do cotovelo

1 bovino (Imagem 6-anexos) Alterações metabólicas Cetose 1 bovino

Hipocalcémia 1 bovino Outros Necropsia 6 bovinos

Pequenos ruminantes

Profilaxia Médica e Sanitária

Vacinação contra língua azul / clostridioses, desparasitação

externa e interna

7 explorações Sistema Músculo-esquelético Fraturas diversas 2 caprinos

Patologias virais Suspeita de ectima contagioso 1 caprino

Suínos

Profilaxia Médica e Sanitária

Vacinação: Protocolo de Aujesky e desparasitação

interna

3 explorações (Imagem 4- anexos)

Patologias bacterianas Mal rubro 3 suínos

Equinos

Profilaxia Médica e Sanitária

Vacinação antitetânica e desparasitação externa e

interna

1 equino Patologias parasitárias Casos clínicos 1 equino Patologias podais Abcesso subsolar 1 equino

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EXAME ANDROLÓGICO EM BOVINOS- UTILIZAÇÃO DA ULTRASSONOGRAFIA

NO DESPISTE DE PATOLOGIAS

Introdução

O ponto-chave da produção animal, tanto no regime extensivo como no regime intensivo de bovinos de leite ou carne, é o controlo reprodutivo (Gnemmi & Lefebvre, 2009). As explorações pecuárias de bovinos de carne para serem rentáveis, sustentáveis e lucrativas, necessitam que a produção de vitelos seja elevada. Desta forma, é imperativo que a importância que se presta ao touro seja igual ou superior à que se presta às fêmeas de uma vacada. Assim, a fertilidade e a saúde do touro são dos maiores determinantes para o sucesso reprodutivo de uma exploração (Bettencourt & Romão 2009). No entanto, a fertilidade do touro é frequentemente a última a ser considerada quando há uma diminuição no desempenho reprodutivo numa vacada (Gnemmi & Lefebvre, 2009). Considera-se então que o exame andrológico no ato de compra, ou antes de inserir o touro numa vacada seja fundamental para que a eficiência reprodutiva numa exploração agropecuária seja garantida (Bettencourt & Romão 2009), e como complemento deste exame deve-se utilizar a ultrassonografia, de forma a localizar e identificar com mais precisão possíveis alterações nos órgãos envolvidos (Hopper, 1987).

Exame andrológico

O exame andrológico em bovinos tem sido utilizado ao longo dos anos como um método rápido e económico de avaliação do potencial reprodutivo de touros em situações de cobrição natural e também na identificação de problemas de fertilidade no touro (Hopkins & Spitzer, 1997).

A Society for Theriogenology, USA estabeleceu procedimentos e critérios para a realização do exame andrológico em bovinos. Este é constituído por 3 partes gerais: a primeira parte consiste num exame físico geral, focado nas partes do corpo do touro que podem comprometer a eficiência reprodutiva, como por exemplo, os membros posteriores ou anteriores; em segundo lugar, é realizado o exame do sistema reprodutor, onde são examinados os órgãos genitais externos, é feita a medição da circunferência escrotal e a palpação retal para analisar as glândulas acessórias anexas; por último é realizada a recolha e análise do sémen (Hopkins & Spitzer, 1997). Em adição a estes exames, pode ser feita uma avaliação da líbido do touro e

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6

também podem ser despistadas diversas doenças reprodutivas infeciosas, como por exemplo a

Campilobacter fetus venerealis e Trichomonas foetus (Fricke & Lamb, 2002).

O exame andrológico deve ser realizado 60 dias antes do touro entrar para cobrição, uma vez que é aproximadamente o tempo que leva a uma nova espermatogénese (54 dias mais precisamente) (Youngquist & Threlfall, 2007). Há que ter em conta a saúde e historial do animal, visto que febre ou níveis de stress elevado podem levar a uma termorregulação inadequada, obtendo-se consequentemente níveis baixos de volume de ejaculado, motilidade baixa e aumento de formas anómalas de espermatozoides (Bettencourt & Romão, 2009).

Importância do exame andrológico em bovinos

Segundo Barth, da revisão de diversos estudos foi estimado que pelo menos 1 em cada 5 touros de uma população aleatória de bovinos não cobre eficientemente as fêmeas ou produz sémen de fraca qualidade (Barth, 2006). Nestes estudos, a líbido também foi estudada e estimou-se que 1 em cada 4 touros é insatisfatório neste parâmetro (Barth, 2018). Desta forma, torna-estimou-se evidente a importância da realização de exames andrológicos: identificação de touros não aptos para monta natural ou touros inférteis (Barth, 2018).

O exame andrológico também permite diagnosticar animais subférteis (touros capazes de originar descendência e detetar vacas em cio, mas que exibem fertilidade inferior ao que seria esperado, devido a uma má qualidade de sémen ou possuírem alguma anormalidade física que condicione a monta). A existência de touros subférteis leva a um aumento do intervalo entre partos, à diminuição no número de vitelos nascidos/vaca e ao alargamento da época de cobrições. Isto vai causar prejuízo financeiro para o produtor, uma vez que há diminuição de vitelos desmamados por vaca e por ano (Bettencourt & Romão, 2009) (Parkinson, 2004).

Concluindo, a realização do exame andrológico permite identificar e eliminar os machos inférteis e com fertilidade baixa, diminuindo o número de machos reprodutores e reduzindo o período de cobrições e de partos, de forma a aumentar o número de vitelos desmamados e a fertilidade da exploração (Bettencourt & Romão, 2009).

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Critérios do exame andrológico em bovinos

Avaliação da líbido e capacidade de cópula

Este é um parâmetro muito importante para a fertilidade em touros de monta natural. Durante o cio (estro) da vaca, ou próximo deste, o touro deve manifestar comportamentos específicos: é desejável que o touro se aproxime, através de estímulos olfativos (feromonas) para ver se a vaca está recetiva, pode também encostar o queixo, elevar o lábio superior (reflexo de Flehmen) (Houpt et all, 1989) e lamber ou farejar a zona perineal. Aquando esse processo, o prepúcio pode expulsar secreções pré-espermáticas. Podem haver várias tentativas de monta até que a fêmea fique parada e o touro copule (Chenoweth, 1983) (Ball & Peters, 2007).

Contudo, a avaliação da líbido pode ser influenciada por vários fatores, tais como o número de vacas presentes, a presença de outros touros, tendências comportamentais (supressão do nº de montas pela presença de um touro dominante), condição corporal, experiência, raça e fatores climáticos (Hopper, 1987).

Exame físico geral

A avaliação deste parâmetro deve começar pela correta identificação do animal (Hopkins & Spitzer, 1997). Devem-se examinar os olhos do animal, incluindo a capacidade de visão e a existência de feridas ou doenças (queratoconjuntivite infeciosa, carcinoma das células escamosas, como por exemplo); a olfação; a audição e depois examinar os dentes e a boca (Hopkins & Spitzer, 1997).

Em relação à condição corporal, esta pode ser influenciada pela idade do animal, a altura do ano em que o touro é submetido ao exame, a raça, o tipo de pastagem, a duração da época de cobrição e número de vacas por touro. A condição corporal recomendada durante a época de cobrição deverá ser de 5-6, numa escala de 1-10. (Parker et al, 1999).

Os membros anteriores e posteriores, assim como os cascos, também devem ser examinados, visto que condicionam a locomoção e a monta nas vacas em cio. Defeitos nos aprumos, como por exemplo, curvilhões fechados, problemas de cascos, artrite ou fibroma interdigital, afetam negativamente a performance reprodutiva do touro (Hopkins & Spitzer, 1997).

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8 Exame dos órgãos genitais externos e internos

O escroto, os testículos e o cordão espermático devem ser examinados, para aferição do tamanho, da conformação, da simetria e da textura destes componentes, e para além disso devem ser explorados minuciosamente, para a identificação da existência de fluídos ou tecidos fibróticos (Hopper, 1987).

O escroto deve ter elasticidade e deve ser examinado para a presença de cicatrizes ou fibroses; os testículos devem ter textura fibroelástica e devem ser palpados para a identificação de zonas com fibrose ou inflamação; o cordão espermático deve ser palpado desde o anel inguinal externo, para tentar encontrar possíveis hematomas, hérnias, fluídos ou fibrose. O prepúcio deve ser também inspecionado, para uma eventual existência de abcessos, hematomas ou inflamações (Hopper, 1987).

De seguida, deve-se fazer a medição da circunferência escrotal. Os testículos devem ser posicionados na base do escroto, lado a lado, e a fita métrica escrotal mede o diâmetro maior dos dois testículos (Figura 1). Se a circunferência escrotal for inferior aos valores mínimos requeridos (Tabela 3, (Hopkins & Spitzer, 1997)) o exame andrológico não tem continuação (Hopper, 1987) (Barth, 2006).

Tabela 3 - Valores mínimos do perímetro escrotal consoante a idade de touros, segundo a Society for Theriogenology, USA (Hopkins & Spitzer, 1997)

Idade (meses) Circunferência escrotal mínima (cm)

>12-15 30

>15-18 31

>18-21 32

>21-24 33

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Figura 1-Medição do perímetro escrotal (Fotografia de Rita Soares)

O exame dos genitais internos (Figura 2) é realizado por palpação transretal e esta pode ser complementada com recurso a ultrassonografia. Desta forma, a primeira estrutura a ser palpada é o músculo uretral, pelo que se deve verificar se este contém massas ou abcessos. Depois são encontradas as vesículas seminais, onde se analisam as estruturas lobulares. As anomalias associadas às vesículas seminais são a alteração de textura, alteração de tamanho, a presença de adesões ou fibrose e perda de lobulação (Barth, 2006). Deve-se efetuar também o exame das ampolas, para despistar certas anomalias, como a aplasia ou hipoplasia, quistos ou duplicação da glândula. Aquando o exame das ampolas, deve-se efetuar a massagem das mesmas, visto que ajuda na ejaculação (Hopper, 1987). As glândulas bulbouretrais ficam posicionadas caudalmente ao músculo uretral junto à região anal e normalmente não são palpadas. A próstata é palpada à volta da extremidade cranial da uretra (Barth, 2006).

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Figura 2 – Glândulas sexuais anexas. Am- ampola; Vs- Vesiculas seminais; P- Próstata; Bu- Glândulas Bulbouretrais; Ub- Bexiga. Chapter 1- Anatomy of the Reproductive System of the Bull (Hopper, 1987).

Recolha e análise de sémen

Para a recolha de sémen, normalmente é utilizado um eletroejaculador, no entanto, a recolha pode também ser obtida através da estimulação/massagem dos órgãos sexuais anexos internos, por palpação transretal ou com uma vagina artificial e uma vaca ou touro que se deixe montar (Schrag & Larson, 2016) (Hopper, 1987).

Em relação às caraterísticas do eletroejaculador, este deve ter 6,5 a 7,5 cm de diâmetro para touros jovens com 550-990 kg de peso vivo, e em touros adultos, maiores e mais velhos utiliza-se um aparelho com 9 cm de diâmetro, de forma a garantir uma adequada estimulação para que haja ereção do pénis e ejaculação (Barth, 2006).

Antes de inserir o eletroejaculador, deve-se massajar a ampola, como já foi referido anteriormente, e para além disso deve-se pressionar o músculo uretral e glândula bulbouretral, para que haja um relaxamento do pénis de forma a começar a expelir líquido seminal. Depois desta estimulação, insere-se o eletroejaculador (Figura 3) e molda-se manualmente a frequência e amplitude de pulso de acordo com a reação do touro (Hopper, 1987). Foi realizado um estudo em 1975, onde concluíram que uma amplitude de 4 ms provoca a protusão do pénis e para que ocorra ejaculação é necessário utilizar-se frequências elevadas (50-80 Hz) (Furman, et al, 1975).

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Figura 3- Eletroejaculador no interior do ânus (Fotografia de Rita Soares)

Antes da recolha do ejaculado, deve-se efetuar o corte dos pelos prepuciais e a assepsia e secagem do prepúcio. As primeiras porções de ejaculado não devem ser colhidas, deve-se esperar que este ganhe a coloração marfim. Se houver ereção do pénis, deve-se aproveitar para observar a existência de anomalias (Hopper, 1987). O ejaculado deve ser recolhido para um tubo de ensaio de plástico acoplado a um funil de silicone, limpo e seco (Figura 4). A temperatura desejável de armazenamento do sémen para posterior avaliação é 30ºC-35ºC (Hopkins & Spitzer, 1997).

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Nesta fase, é importante avaliar macroscopicamente o ejaculado quanto à sua cor, densidade, volume e concentração (Hopkins & Spitzer, 1997). Normalmente um touro ejacula em média 4 ml, mas este valor pode variar de 1 a 15 ml, dependendo da raça, idade, genética do animal e método de recolha do sémen. Em relação à concentração, em média um touro ejacula 1200 x 10⁶ espermatozoides por ml, mas este valor pode variar entre 300 a 2500 x 10⁶ de espermatozoides/mL (Fayrer-Hosken, 1997). Assim, em relação à densidade, o ejaculado pode ser avaliado como “Muito bom” se apresentar aspeto cremoso/granuloso com 750 milhões a 1 bilião de espermatozoides por mL, “Bom” se tiver aspeto leitoso, com 400-750 milhões de espermatozoides por mL, “Razoável” com aspeto quase leitoso, com 250-400 milhões de espermatozoides por mL e “Pobre” se o sémen for translúcido com menos de 250 milhões de espermatozoides por mL (Youngquist & Threlfall, 2007).

A mobilidade dos espermatozoides depende da temperatura (ótima entre os 30ºC-35ºC), do pH (6,5-6,9), da osmolaridade média e da concentração adequada de nutrientes e iões no líquido seminal (Barth, 2006)(Teixeira, 2009). Para a avaliação da mobilidade massal, coloca-se uma gota de sémen numa lâmina e observa-se ao microscópio na ampliação total de 40x a 200x, com o diafragma fechado para aumentar o contraste (Hopper, 1987). A mobilidade massal depende de 3 fatores: a percentagem de células móveis progressivamente, a concentração e a velocidade com que se dá a progressão dos espermatozoides. Esta é avaliada como “Muito bom” se apresentar ondas rápidas e escuras, “Bom” se contiver ondas mais lentas, “Razoável” sem ondas, mas com movimento individual proeminente e “Pobre” com pouco ou nenhum movimento individual (Barth, 2006).

A mobilidade individual deve ser avaliada com uma gota de sémen numa lâmina com uma lamela sobre a gota, e observado ao microscópio ótico (Figura 5) na ampliação de 200x a 400x (Hopper, 1987). A estimativa da percentagem de mobilidade individual vai fornecer informações acerca da integridade morfológica dos espermatozoides e integridade da membrana dos espermatozoides (Barth, 2006). A Society for Theriogenology, USA classifica então o sémen de “Muito bom” quando apresenta mobilidade individual superior a 70 %, “Bom” entre 50-69%, “Razoável” entre 30-49% e “Pobre” com mobilidade inferior ou igual a 29% (Hopkins & Spitzer, 1997).

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Figura 5- Avaliação da mobilidade individual de espermatozoides bovinos, ampliação total x400 (Fotografia ao microscópio ótico de Rita Soares)

A avaliação da morfologia dos espermatozoides é realizada através de um esfregaço de uma gota de sémen misturada com uma gota de Eosina-Negrosina, onde a eosina penetra a membrana de células danificadas, não-viáveis ou mortas; os espermatozoides viáveis repelem a eosina e exibem cor branca (Barth, 2006). Para uma amostra de sémen ser classificada de satisfatória necessita de apresentar pelo menos 70% de células normais (Hopkins & Spitzer, 1997).

De uma forma geral, os touros podem então ser classificados como:

Satisfatório- Touro livre de anomalias físicas que possam afetar a fertilidade, assim como

defeitos no sistema reprodutor. A circunferência escrotal deve ter o valor mínimo ou ser superior para a sua idade. A mobilidade massal deve ser no mínimo Razoável ou a mobilidade individual ter no mínimo 30 %. A análise da morfologia dos espermatozoides deve ter no mínimo 70% de células normais (Hopkins & Spitzer, 1997).

Insatisfatório- Touro falha 1 ou vários critérios para satisfatório. Assume-se que é improvável

que os problemas do touro alguma vez sejam resolvidos (Hopkins & Spitzer, 1997).

Classificação diferida- Touros que não foram classificados como Satisfatórios, mas podem vir

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14 Utilização do ecógrafo

A ecografia é um bom meio de diagnóstico complementar, visto ser uma técnica não traumática, não invasiva e que não envolve riscos para o potencial reprodutivo dos touros (Hopper, 1987).

O ecógrafo pode ser utilizado em situações específicas após a realização do exame andrológico: na presença de um número elevado de anomalias morfológicas nos espermatozoides, azoospermia, piospermia, hemospermia, oligospermia, volume de sémen diminuído, tamanho ou forma anormal dos órgãos reprodutores e dor sem motivo aparente (Gnemmi & Lefebvre, 2009). Previamente a este exame, é de extrema importância a recolha do historial do touro, o exame físico completo e as informações do exame andrológico detalhadas (Hopper, 1987). A ultrassonografia permite estabelecer a localização da patologia, fazer um diagnóstico e posteriormente um prognóstico (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Para a realização do exame ecográfico no exame andrológico é utilizado um ecógrafo com sonda linear, frequência 5-7,5 MHz, em modo B, que pode ser utilizada também no reto para exame completo do trato reprodutivo (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Exame ecográfico normal do aparelho reprodutor masculino de bovinos

O touro deve estar bem contido e após o exame andrológico executa-se o exame ecográfico. Começa-se por palpar cuidadosamente os testículos, identificar o epidídimo e o cordão espermático. Depois, um testículo é puxado ventralmente contra a parede do escroto e a sonda pode ser encostada na face cranial, lateral ou caudal (com aplicação de gel na sonda), para que o testículo seja examinado transversal e longitudinalmente (Figura 7) (Hopper, 1987). Na ecografia do testículo é possível observar-se uma estrutura com ecogenecidade homogenia (parênquima testicular) com uma estrutura mais hiperecogenica no centro, correspondendo ao mediastino testicular (Hopper, 1987). Após os dois testículos serem examinados individualmente, ambos são puxados para a base do escroto e a sonda é movida sobre os órgãos, de forma a compara-los (Figura 6). De seguida, os epidídimos podem ser observados com a colocação da sonda perpendicularmente à face longa do testículo, de forma a ser visualizado também o diâmetro do testículo, o parênquima testicular, a túnica vaginal, a cabeça e cauda do epidídimo e o cordão espermático. A visualização longitudinal do testículo é conseguida com a sonda

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15

colocada paralelamente à face longa do testículo, onde é analisado o comprimento do testículo (se a sonda for comprida o suficiente), o parênquima testicular, a túnica vaginal, e por fim, a cabeça e cauda do epidídimo. Por vezes, a visualização da cabeça e cauda do epidídimo é difícil e pode ser facilitada pela abordagem ecográfica lateral e caudal (Figura 8 e Figura 9) (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

O cordão espermático é observado após o exame da cauda do epidídimo, se a sonda for mantida no plano horizontal e movida dorsalmente para além da cabeça do epidídimo. Desta forma, é possível a visualização transversal dos ductos deferentes, plexo pampiniforme e músculo cremáster (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Figura 6- Ultrassonografia caudal de testículos de um touro. Vista transversal. 1- Rede testis. 2- Septo escrotal. (Imagem ecográfica da autoria de Rui Silva)

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Figura 7- Imagem de corte longitudinal do testículo esquerdo. 1- Rede testis. 2- Parênquima do testículo. 3- Túnica albugínea. (Imagem ecográfica da autoria de Rui Silva)

Figura 8 – Ultrassonografia da cauda do epidídimo. 1- Cauda do epidídimo. 2- Parênquima testicular. (Imagem ecográfica da autoria de Rui Silva)

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Figura 9- Ultrassonografia da cabeça do epidídimo. 1- Cabeça do epidídimo. 2- Plexo pampiniforme. (Imagem ecográfica da autoria de Rui Silva)

De seguida, pode ser efetuado o exame do pénis. Após a tricotomia do prepúcio a sonda é colocada perpendicularmente ao pénis para obter uma imagem transversa deste. Esta análise permite o diagnóstico de patologias do pénis, tais como abcessos, hematomas, uretrites, onde a dilatação do pénis é um achado clínico habitual no diagnóstico destas anomalias (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

O exame ecográfico dos órgãos reprodutores internos (próstata, uretra pélvica, ampolas, glândulas vesiculares e glândulas bulbouretrais) deve ser feito com muita cautela e, se necessário, o animal pode ser sedado. Após a remoção prévia das fezes, deve ser efetuada uma análise da consistência, tamanho e topografia dos órgãos. A sonda deve ser envolvida por uma luva de palpação para sua proteção. Para melhor qualidade de imagem sem artefactos, deve-se aplicar bastante gel à sonda (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

No exame das glândulas bulbouretrais, a sonda deve ser posicionada ventralmente com o polo caudal da sonda virado para o ânus num angulo ligeiramente lateral. Estas têm aspeto ovoide a fusiforme. Após a observação das glândulas bulbouretrais, é possível visualizar-se a uretra pélvica, movendo a sonda cranialmente e mantendo-a ventralmente no eixo longo, de forma a gerar uma imagem longitudinal da uretra pélvica. A uretra pélvica tem normalmente 3 cm de diâmetro e 20 cm de comprimento e palpa-se e visualiza-se facilmente, não só devido ao seu tamanho, mas também devido às suas contrações musculares rítmicas quando é estimulada (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

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Após a visualização da uretra pélvica, procede-se ao exame da próstata, avançando a sonda para o polo cranial da uretra pélvica em direção ao corpo da próstata, podendo esta ser visualizada transversal e longitudinalmente (Figura 10). Esta é constituída por duas partes, a

pars disseminata e o corpo da próstata. O corpo contém dois lobos (têm aproximadamente 3,5

cm por 1,5 cm) e a pars disseminata (não palpável) tem cerca de 12 cm de comprimento (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Figura 10- Imagem de corte longitudinal da próstata. 1-Músculo uretral dorsal. 2- Próstata (pars disseminata). 3- Músculo uretral ventral. (Imagem ecográfica da autoria de Rui Silva)

As vesículas seminais podem ser identificadas após o corpo da próstata ser visualizado, avançando cranialmente e rodando lateralmente a sonda (Figura 11). Estas são facilmente detetadas dorsolateralmente à bexiga, porque têm aspeto irregular e lobulado. Num touro de 24 meses estas têm sensivelmente cerca de 12 cm de comprimento e 1,7 cm de largura, e à medida que o touro envelhece tornam-se maiores (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

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Figura 11- Imagem de corte transversal da vesícula seminal. 1- Parênquima da glândula vesical. 2- Ducto da glândula. (Imagem ecográfica da autoria de Rui Silva)

As ampolas podem ser visualizadas, aumentando a profundidade com a sonda posicionada cranialmente à próstata. Estas são dilatações dos ductos deferentes, que vão junto da face medial dos testículos e passam pelo anel inguinal dorsalmente à bexiga. Normalmente têm 12 cm de comprimento e 1,5 de largura, têm forma tubular e paredes espessas (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Patologias diagnosticadas através da ultrassonografia do aparelho reprodutor masculino do bovino

Anomalias testiculares

As anomalias associadas aos testículos incluem doenças inflamatórias, como orquites e epididimites (normalmente envolvem a cauda do epidídimo), ou então torções, quistos, traumas, atrofias e neoplasias. As acumulações de fluídos estão associadas a patologias do escroto (hematocelo, hidrocelo e piocelo), podendo haver também formação de hérnias escrotais (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

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20 Degenerescência testicular

A degenerescência do parênquima testicular pode ser temporária ou definitiva (Hopper, 2014). É uma das maiores causas de infertilidade se for permanente e é descrita como uma condição onde há perda de integridade do parênquima testicular, podendo haver também diminuição do testículo envolvido. Estão envolvidos vários fatores para esta condição acontecer, como temperaturas extremas, tanto quentes como frias, inflamações e gordura no escroto. Está descrito noutras espécies que a administração crónica de certos fármacos, como por exemplo a enrofloxacina, pode também provocar esta anomalia (Gnemmi & Lefebvre, 2009). Na ecografia é visualizada a perda de ecogenecidade no parênquima testicular, visto que há perda da arquitetura do tecido testicular (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Orquite

A orquite é uma inflamação do testículo onde geralmente apenas um testículo está afetado; o outro testículo pode entrar em degenerescência por lesão térmica secundariamente ao testículo afetado. Normalmente, a orquite pode ser diagnosticada através do exame físico e história clínica, mas a ultrassonografia permite descartar outro tipo de patologias mais dolorosas como a torsão testicular ou saber se a inflamação advém do testículo ou do epidídimo. A orquite pode ser consequente a um trauma ou então pode haver o envolvimento de um organismo hematogeno proveniente de outra infeção, como por exemplo, de um abcesso hepático, de uma ruminite ou de uma cistite. Desta forma, pode haver a necrose do parênquima testicular associada à incapacidade elástica da túnica albugínea quando o testículo inflama (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Esta patologia pode ter imagens ecográficas bastante diferentes, dependendo do estadio da doença. Em imagens com corte transversal, pode-se observar uma textura heterogénea e aumento do testículo afetado. Em estadios mais severos, podem ser visualizadas estruturas redondas, pequenas e hipoecogenicas, e para além disso, o parênquima pode apresentar sombra acústica devido à existência de estruturas densas ecogénicas espalhadas pelo testículo. Numa fase crónica da doença é possível haver mineralização de algumas zonas do testículo (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Abcessos testiculares

Os abcessos testiculares caracterizam-se por dor à palpação na fase aguda e hipertrofia testicular. Esta patologia é confirmada com ultrassonografia através da presença de uma massa

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anecoica ou hipoecoica, sem parênquima visível, com algumas áreas hiperecoicas (material fibrinoso) e margens não definidas (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Neoplasias testiculares

As neoplasias testiculares mais frequentes nos touros são seminomas, tumores das células intersticiais e tumores das células de Sertoli. Estes podem aparecer nas imagens ecográficas como estruturas circunscritas, nodulares, pequenas a grandes, estruturas anecoicas, hiperecoicas ou mistas e facilmente distintas do parênquima testicular (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Epididimite

É a patologia mais vulgar do epidídimo e normalmente envolve a cauda do epidídimo. Neste caso, o epidídimo é visualizado no ecógrafo com perda da ecogenecidade e mais ingurgitado. Se for um processo crónico, o tecido do epidídimo aparece hipoecogenico, com zonas hiperecogenicas e mais heterogéneo, devido à presença de transudado ou edema (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Anomalias do escroto e cordão espermático

Hérnia inguinal

A patologia mais conhecida em bezerros machos são as hérnias inguinais e estas aumentam a base do escroto. No interior da túnica vaginal, podem estar contidas ansas intestinais, pelo que se torna importante a utilização de ultrassonografia para verificação. Na ultrassonografia podem ser observadas as ansas intestinais contidas na hérnia inguinal, e por vezes, pode ser observado conteúdo gasoso (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Hidrocelo

O hidrocelo é uma patologia dolorosa com inflamação do testículo caracterizada por acumulação de fluído (>2mm) entre a túnica vaginal parietal e visceral. Esta acumulação de líquido pode estar associada à infeção, torção do testículo, neoplasia do testículo, doenças sistémicas do coração ou rins ou doenças idiopáticas. Aparece na imagem ecográfica com uma zona anecoica com fluído à volta do testículo entre a cavidade vaginal parietal e visceral. No

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hematocelo, a ecografia apresenta fluído localizado com ecogenicidade mista, mas mais tarde pode tornar-se mais hiperecogenica. Esta hiperecogenicidade está associada à acumulação de sangue, que pode advir de um trauma ou torção testicular (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Varicocelo

O varicocelo é uma patologia frequente em animais mais velhos em que não está associada a diminuição da fertilidade. É definido como uma dilatação e aumento da tortuosidade das veias testiculares, podendo estar associada a diminuição de volume do testículo. Na imagem ecográfica, este aparece com áreas hipoecogenicas na periferia do cordão espermático, sem sinais de circulação sanguínea (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Anomalias penianas

O hematoma peniano é a patologia mais comum e a patofisiologia resulta da rutura da superfície dorsal da túnica albugínea e consequentemente do extravasamento de sangue do corpo cavernoso. Esta patologia pode também estar associada a um prolapso do prepúcio, e neste caso, ao exame físico é possível observar cranialmente ao escroto uma inflamação simétrica do pénis. Na imagem ecográfica do hematoma peniano é possível observar uma massa com ecogenecidade mista, multilobada e uma cápsula com margens bem definidas na área dorsal do pénis (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Pode haver a formação de um abcesso, entre o prepúcio e o escroto, como complicação de um hematoma, habitualmente superior a 15 cm de diâmetro. Já na ultrassonografia desta anomalia, pode-se visualizar uma estrutura bem delimitada, organizada, com parede e aumento da ecogenecidade localizada no corpo do pénis. Há sua volta podem existir estruturas com ecogenecidade mista. Quanto mais antigo for o abcesso, maior a ecogenecidade (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

Anomalias das glândulas acessórias anexas

A vesiculite é a patologia mais comum das glândulas acessórias anexas, apesar de ter uma prevalência baixa (9%) (Gnemmi & Lefebvre, 2009). Tem uma etiologia desconhecida, mas touros com infeções por bactérias como Arcanobacterium pyogenes, Brucella abortus e

Haemophilus somnus e por vírus (IBR), têm maior incidência desta patologia. Na fase aguda o

principal sinal clínico é a dor, pode existir peritonite localizada e as glândulas encontram-se aumentadas de tamanho, enquanto na fase crónica se identifica fibrose. As ecografias a

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vesiculites demonstram um aumento da glândula, perda da lobulação, da ecogenecidade e parede espessada comparando com a glândula contralateral. No exame ao sémen, há a persistência de fluído com exsudado purulento. Deve-se ter em conta que em touros com mais de 10 anos a hipertrofia vesicular é habitualmente observada e normal (Gnemmi & Lefebvre, 2009).

CASOS CLÍNICOS OBSERVADOS

Objetivos

Ao longo do estágio, realizei diversos exames andrológicos (um com Dr. André Parada e cinco com Dr. Rui Silva). Desta forma, esta discussão tem como objetivo a demonstração dos resultados dos exames andrológicos que realizei e tirar conclusões acerca destes, tendo em conta certos fatores, como a idade, raça, história, volume de ejaculado, diâmetro da circunferência escrotal, cor do ejaculado, exame do aparelho reprodutor, mobilidade massal, mobilidade individual, concentração, vitalidade e percentagem de anomalias morfológicas. Só foi utilizada a ultrassonografia num caso (touro 5), uma vez que este apresentava atrofia testicular direita e atrofia do epidídimo direito. Os outros touros apresentaram um exame andrológico normal, com exceção do touro 4 que apresentou uma percentagem de anomalias morfológicas superior a 30%.

Materiais e Métodos

Os bovinos examinados (seis no total) são provenientes de explorações diferentes, com exceção dos touros 3, 4 e 6. O touro 1 pertencia a uma vacada na região da Estremadura e os outros touros faziam parte de explorações da Costa Vicentina.

Os touros analisados tinham idades compreendidas entre os 20 meses e 7 anos e os exames andrológicos foram todos efetuados à pré-entrada, ou seja, antes da época de cobrição. Os exames andrológicos foram realizados com a seguinte sequência:

- Contenção do touro em manga e sua identificação;

- Exame físico geral: exame da visão, do olfato e da audição, assim como a avaliação da condição corporal. Foi também efetuado o exame dos membros e cascos e foram despistados outros defeitos do foro hereditário ou de desenvolvimento, como por exemplo, tilomas, hérnias umbilicais entre outros;

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- Exame do aparelho reprodutor, onde foi examinado: o escroto, para verificar se continha aderências ou espessamentos, os testículos para examinar se havia atrofia, fibrose ou algum testículo ectópico, a cabeça, corpo e cauda dos epidídimos para verificar padeciam de epididimites, e finalmente, o prepúcio para verificar se se encontrava prolapsado e se o pénis continha hematomas, abcessos ou aderências. Nesta fase, também foi medida a circunferência escrotal. As glândulas sexuais acessórias foram examinadas via transretal, tendo como principal objetivo o despiste de vesiculites.

- Colheita de sémen por eletroejaculação, com a utilização de um eletroejaculador (“Eletrojac 6” - Neogen, modo manual- 40 ciclos no total, cada um com 2 segundos, seguidos de 2 segundos de pausa- voltagem variável consoante a resposta do touro). A colheita de ejaculado foi feita para um tubo de ensaio que ia rapidamente para um recipiente em banho-maria a 35ºC.

- Análise macroscópica do sémen: cor e volume.

- Análise microscópica: Mobilidade massal- colocou-se uma gota de sémen sobre uma lâmina e com a ampliação de 200× avaliou-se o sémen em relação à mobilidade massal. O método de avaliação da mobilidade massal foi diferente da técnica mencionada na revisão bibliográfica. Assim, este foi avaliado numa escala de 1 a 5, onde 5 se apresentava com ondas rápidas e escuras, os espermatozoides batiam na “parede” (fim de lamela) e voltavam, 4 se continha ondas mais lentas, os espermatozoides batiam na “parede” e permaneciam na parede, 3 sem ondas, mas com movimento individual proeminente, 2 com pouco movimento individual e 1 sem movimento (Cottle & Kahn, 2014). Mobilidade Individual- colocou-se uma gota de sémen sobre uma lâmina com uma lamela por cima, e com a ampliação de 400× avaliou-se a mobilidade progressiva dos espermatozoides. O sémen foi classificado de “Muito bom” quando apresentava mobilidade individual superior a 70 %, “Bom” entre 50-69%, “Razoável” entre 30-49% e “Pobre” com mobilidade inferior ou igual a 29%.

- A concentração foi calculada com a utilização da câmara de Neubauer. Inicialmente a amostra foi diluída com o fator de diluição 1:2 em Equipro (solução de enriquecimento). Depois esta cultura celular foi diluída numa solução fixadora (vermelho de fenol 2mg, citrato de sódio 1%, 2 ml de formol) na diluição 1:200. Posteriormente, foi colocada uma lamela sobre a câmara de Neubauer e preencheu-se o espaço entre a lamela e o hemocitómetro com uma gotinha da solução resultante em cada lado. Observou-se ao microscópio na ampliação de 400× e calculou-se a concentração com a fórmula:

Fator de diluição x nº de espermatozoides contados x 1000 x 50.

- Anomalias morfológicas - foi depositada uma gota de sémen e uma gota de eosina-negrosina numa lâmina. Procedeu-se à mistura das gotas para depois fazer um esfregaço. Secou-se a lâmina e depois observou-se ao microscópio ótico na ampliação de 400×. A percentagem de

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anomalias morfológicas foi contabilizada através do registo das diversas anomalias em 100 espermatozoides (como por exemplo, cabeças destacadas, gota citoplasmática proximal ou distal, cauda enrolada ou partida, entre outras), tanto em espermatozoides vivos, como em espermatozoides mortos.

- A percentagem de vitalidade foi calculada através das lâminas do esfregaço, onde se contaram no mínimo 100 espermatozoides em cada lâmina e foi assinalado se os espermatozoides estavam vivos ou mortos (eosina penetra células com membranas não viáveis ou espermatozoides mortos, exibindo cor rosa). Foram analisadas 2 lâminas de esfregaço por touro, e foi efetuada a respetiva média das duas lâminas.

- Exame ecográfico touro 5 – Utilização do ecógrafo “Imago”, com sonda linear, frequência 5-7,5 MHz, em modo B. Foi realizado o exame dos testículos em corte transversal e longitudinal e os epidídimos foram observados com a colocação da sonda perpendicularmente à face longa do testículo.

Em relação ao touro 1, a vitalidade, a concentração e a percentagem de anomalias morfológicas não foram calculadas.

Resultados

Tabela 4 - Dados dos touros que foram submetidos a exames andrológicos durante o meu período de estágio

Touro 1 Touro 2 Touro 3 Touro 4 Touro 5 Touro 6

História/motivo Pré-entrada Pré-entrada Pré-entrada Pré-entrada Pré-entrada Pré-entrada Idade 2 anos 20 meses

3,5 anos 20 meses 7 anos 1,5 anos

Raça X

Limousine

Charolês X Limousine

Sallers Limousine Limousine

C.C. 7 6 5 6,5 5 6

Diâmetro C. E. 41 cm 39,5 cm 42 cm 40,5 cm 40,5 cm 39 cm

Exame ao aparelho reprodutor

Normal Normal Normal Normal

Atrofia testicular direita e atrofia do epidídimo direito Normal Volume ejaculado (ml) 5 ml 3 ml 5 ml 5 ml 6 ml 4 ml

Cor ejaculado Leitoso/

Marfim

Marfim Marfim Leitoso/ Marfim

Leitoso/ Marfim

Leitoso

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26 Mob. Individual 70% 60% 65% 50% 50% 60% Concentração espermatozoides/ ml - 160x106 200x106 312x106 100x106 770x106 Vitalidade % - 59,55% 67,5% 61,35% 58,4 % 63,2 % % de anomalias morfológicas - 25,75% 22,8% 36,2% 27,7% 25,95% Discussão

Os touros avaliados tinham circunferências escrotais superiores aos valores mínimos requeridos para cada idade, pelo que foram todos aprovados neste aspeto, com exceção do touro 5 que no exame ao aparelho reprodutor apresentou atrofia testicular direita e atrofia do epidídimo direito.

Na avaliação da mobilidade massal, pode-se aferir que todos os touros tiveram resultados superiores a 2,5, ou seja, praticamente todos os touros continham sémen com espermatozoides com movimento individual proeminente e, no touro 1 os espermatozoides conseguiam fazer ondas lentas. Em relação à mobilidade individual dos touros foram avaliados como “Bons”, visto que todos os touros tiveram percentagens compreendidas entre os 50% e 70%.

Segundo Youngquist & Threfall, o touro 6 foi considerado “Muito bom” em relação à concentração de espermatozoides, o touro 4 Razoável e os restantes touros Pobres. No entanto,

Figura 12-Imagem de corte longitudinal do testículo direito do touro 5. Atrofia testicular.

1-Rede testis dilatada e hipoecóica, com pontos de hiperecogenecidade - fibrose. (Imagem

ecográfica da autoria de Dr. Rui Silva)

Figura 13 – Imagem de corte transversal da cauda do epidídimo do touro 5. 2- Cauda do epidídimo com zonas hiperecoicas, sugestivas

de fibrose. (Imagem ecográfica da autoria de Dr. Rui Silva)

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este parâmetro não é eliminatório, uma vez que o método de recolha utilizado foi o eletroejaculador, que é considerado intrusivo e nem todos os touros respondem bem a este. Além disso, a recolha pode não ter sido a mais indicada, podendo resultar num ejaculado com oligospermia ou azoospermia porque se recolheu uma quantidade elevada de líquido prostático.

A percentagem de anomalias morfológicas é um parâmetro eliminatório, sendo que a percentagem das células normais deve ser no mínimo 70%. Desta forma, apenas o touro 4 é insatisfatório neste parâmetro, pelo que foi marcada uma reavaliação para 60 dias depois (tempo de uma nova espermatogénese). Pensou-se no envolvimento de um processo febril que possa ter afetado aquela espermatogénese.

Concluindo, todos os touros foram avaliados como satisfatórios no geral, com a exceção do touro 4 devido à percentagem de anomalias morfológicas e o touro 5 que apresentou atrofia testicular direita no exame do aparelho reprodutor. Para os touros satisfatórios, espera-se que durante um período de cobrição de 9 semanas, num efetivo de 50 vacas cíclicas, estes consigam 94% de gestações, sendo 60% resultantes das 3 primeiras semanas de cobrição (Penny, 2009). O caso mais relevante deste relatório de estágio foi o touro 5. Apresentava à palpação no exame do aparelho reprodutor, atrofia do epidídimo direito e atrofia testicular direita. Desta forma, recorreu-se à ultrassonografia testicular para visualizar e diagnosticar o problema do animal.

Nas imagens ecográficas presentes nos resultados, é possível observar-se diminuição da ecogenecidade com pontos hiperecoicos sugestivos de fibrose na rede testis (Figura 12). A cauda do epidídimo encontra-se aumentada com zonas hiperecogenicas, também compatíveis com fibrose (Figura 13). Apesar de não terem sido feitos mais exames complementares (como citologia, por exemplo), segundo Harry Momont and Celina Checura, a imagem ecográfica pode ser correspondente a um granuloma da cauda do epidídimo. Doenças traumáticas, congénitas e inflamatórias são habituais neste local anatómico, onde há estase do sémen e consequentemente formação de granulomas (Chapter 9, Hopper, 1987). Apesar da patologia, este touro apresentou um espermograma normal, visto que o outro testículo funcionava bem e conseguia compensar a anomalia apresentada. Crê-se que sempre que este ejaculava, o sémen que provinha do testículo direito passava o corpo do epidídimo, batia no granuloma da cauda do epidídimo e voltava para trás. A atrofia do testículo teve origem neste processo que já era crónico.

Em teoria, este touro seria reprovado no exame andrológico devido à atrofia testicular, no entanto, o dono gostava dele pelo seu historial genético, pelo que este ficou como cobridor de poucas fêmeas (10-15) sem cios concentrados, e o retorno ao cio das vacas deve ser posteriormente avaliado.

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CONCLUSÃO

Com a realização deste relatório de estágio tornou-se ainda mais evidente a importância do exame andrológico e a utilização da ultrassonografia neste. Para além de nos ajudar a diagnosticar touros inférteis ou subférteis, ajuda também a identificar animais com bons resultados no exame andrológico mas com patologias não visíveis no exame físico, apenas diagnosticadas com auxílio do ecógrafo. Este meio complementar de diagnóstico, melhora a acuidade do diagnóstico e podemos definir as hipóteses de recuperação do animal.

O Médico Veterinário tem um papel muito importante na identificação de bons touros férteis e no melhoramento da fertilidade em explorações, de forma a que as explorações diminuam o intervalo entre partos e os períodos de cobrição e, consequentemente, aumentem o número de vitelos desmamados por ano.

É de referir que com este estágio os meus objetivos foram conquistados, visto que adquiri técnicas de maneio com animais com os quais raramente tinha contacto (bovinos de carne). Também adquiri mais conhecimentos teóricos e competências para além da formação académica, que me vão ajudar no diagnóstico de patologias em animais com que futuramente irei trabalhar.

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31

ANEXOS

Imagem 1- Parto distócico, desproporção Imagem 2 – Sutura da pele após feto- materna de origem materna cesariana

Imagem 3 – Prolapso uterino com rutura Imagem 4 – Sanidade em suínos da artéria uterina

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Imagem 5 – Descorna de novilho Imagem 6 – Tala de Thomas

Referências

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