UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de
Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação
Ricardo Miguel Amaral Pinto
Orientador
Professora Anabela Gonçalves Correia de Paiva
Dissertação apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil
i À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pelo enquadramento institucional que me proporcionou.
À Prof.ª Anabela Paiva – Minha orientadora – pelo acompanhamento, estímulo, formação e confiança, manifestados ao longo deste trabalho.
À Eng.ª Ana Costa, pelo apoio, disponibilidade e fornecimento de dados relativos à consulta de projectos.
À Sr.ª D. Luísa pela simpatia e total disponibilidade demonstradas aquando das deslocações à Câmara Municipal de Vila Real para consulta dos projectos de licenciamento.
Aos funcionários da Secção de Obras da Câmara Municipal de Vila Real.
A todos os colegas de Engª Civil, pelo apoio e presença quando foi necessário.
Aos meus pais, irmãos e namorada, pelo apoio e constante incentivo prestado ao longo deste trabalho.
ii
Os utilizadores estão cada vez mais preocupados com a qualidade dos edifícios de habitação aquando da sua aquisição. O conforto e qualidade de vida dos mesmos são influenciados directamente pela qualidade dos edifícios que habitam.
Com este trabalho pretende-se dar um contributo para a elaboração de uma proposta de avaliação e certificação do comportamento acústico de edifícios de habitação através da definição dos principais aspectos a avaliar e da definição do processo de avaliação das paredes de separação entre compartimentos de um fogo (emissor) e quartos ou zonas de estar de outro fogo (receptor). Pretende-se ainda sensibilizar os projectistas para a necessidade de uma melhoria da qualidade do comportamento acústico dos edifícios de habitação.
No sentido de identificar os aspectos a avaliar, foram analisados os projectos de comportamento acústico de edifícios de habitação multifamiliares licenciados no Município de Vila Real nos anos de 2007 e 2008. Posteriormente, os resultados obtidos foram comparados com os resultados existentes, referentes à análise dos projectos licenciados em 2003 e 2005 [1].
Esta análise englobou o estudo dos projectos de arquitectura e acústica, no sentido de verificar a conformidade entre os mesmos e quais os aspectos do projecto de acústica em que ocorriam mais problemas.
Verificou-se que, num elevado número de casos, existe falta de conformidade entre os projectos de arquitectura e acústica e ausência de informação, nomeadamente no que respeita a soluções construtivas.
Constatou-se também, que na elaboração do projecto de acústica não são considerados os ruídos provenientes de equipamentos colectivos. Nas paredes entre fogos e em pavimentos entre zonas comuns ou comerciais, alguns projectos não cumprem os requisitos mínimos do Regulamento dos Requisitos Acústicos de Edifícios (RRAE).
Os aspectos propostos para avaliação foram os seguintes:
- Conformidade entre as peças escritas e desenhadas do projecto de arquitectura; - Conformidade entre as peças escritas e desenhadas do projecto de acústica;
- Conformidade entre as peças escritas e desenhadas do projecto de arquitectura/ acústica; - Verificação dos parâmetros acústicos impostos pelo RRAE.
Palavras-chave: qualidade, conforto, comportamento acústico, projectos de licenciamento
iii
Users are becoming more and more concerned with the quality of residential buildings at the moment of their acquisition. Their comfort and living conditions are directly influenced by the quality of the buildings that they inhabit.
This work is intended to be a contribution to develop a proposal for a method to evaluate and certificate the acoustic behaviour of residential buildings, through the definition of the main aspects to be evaluated. A process to evaluate the separation walls between compartments of a home (issuer), and bedrooms or living areas of another home (receiver) was implemented. It is also intended to build awareness in designers to the necessity of an improvement in the quality of the acoustic behaviour of residential buildings.
In order to identify the aspects to be evaluated, the acoustic behaviour designs of multistorey residential buildings licensed in Vila Real in 2007 and 2008 were analysed. Later, the results were compared to existing data regarding the analysis of the licensed designs in 2003 and 2005.
This analysis covers the study of the architectural and acoustic designs, with the intent to check existing discrepancies. Another target was to identify the main problems that occur in the acoustic designs.
In a very large number of designs, the architectural design was nor in accordance with the acoustics design. In both the architectural design and the acoustics design important information is often missing, mainly in what concerns the definition of the constructive solutions.
In the acoustic design, the noise from collective equipment of the building is not considered. In some designs, the walls between dwellings and the floors between the dwellings and common or commercial areas do not fulfil the requirements of the Acoustics Requirements Regulation of Buildings (RRAE).
The proposed aspects to be evaluated are the following:
- Accordance between the written and drawn parts of the architectural design; - Accordance between the written and drawn parts of the acoustic design;
- Accordance between the written and drawn parts of the architectural and acoustic designs; - Compliance with the acoustic parameters established by the RRAE.
iv
Índice Geral
Agradecimentos ... i Resumo ... ii Abstract ... iii Índice Geral ... ivÍndice de Figuras ... vii
Índice de Tabelas ... x CAPÍTULO 1 – Introdução ... 1 1.1 Enquadramento do Trabalho ... 2 1.2 Objectivos do Trabalho ... 3 1.3 Metodologia Adoptada ... 4 1.4 Organização do Trabalho... 4
CAPÍTULO 2 – Avaliação da Qualidade Acústica de Projectos de Edifícios de Habitação ... 6
2.1 Introdução ... 7
2.2 Métodos e propostas ... 8
2.2.1 Proposta do Arquitecto João Branco Pedro ... 8
2.2.2 Proposta do Professor Jorge Moreira da Costa ... 11
2.2.3 Método QUALITEL ... 22
2.3 Regulamentação sobre acústica ... 28
2.4 Conclusões ... 29
CAPÍTULO 3 – Análise de Projectos de Acústica ... 31
3.1 Introdução ... 32
3.2 Análise de Projectos ... 33
v
3.2.2. Apresentação de soluções construtivas ... 35
3.2.3 Conformidade entre projectos ... 35
3.2.4 Verificação da conformidade dos elementos Construtivos ... 38
3.2.4.1 Paredes Exteriores ... 38
3.2.4.2 Paredes Interiores ... 40
3.2.4.2.1 Entre fogos ... 40
3.2.4.2.2 Entre compartimentos do mesmo fogo ... 41
3.2.4.2.3 Zonas comuns ... 41
3.2.4.3 Pavimentos ... 43
3.2.4.3.1 Entre fogos ou zonas comuns ... 43
3.2.4.3.2 Zonas comerciais ... 44
3.2.5 Verificação da conformidade com o RRAE ... 46
3.2.5.1 Paredes exteriores ... 46
3.2.5.2 Paredes interiores ... 46
3.2.5.2.1 Entre fogos ... 46
3.2.5.2.2 Entre compartimentos do mesmo fogo ... 46
3.2.5.2.3 Zonas comuns ... 46
3.2.5.3 Pavimentos ... 47
3.2.5.3.1 Entre fogos ou zonas comuns ... 47
3.2.5.3.2 Zonas comerciais ... 47
3.2.5.3.3 Equipamentos ... 47
3.3 Análise Comparativa com 2003 e 2005 ... 48
3.4 Conclusão ... 51
CAPÍTULO 4 – Análise dos Inquéritos às Empresas de Construção ... 53
vi
4.2 Análise dos resultados ... 55
4.3 Síntese dos resultados ... 60
CAPÍTULO 5 – Definição dos Aspecto a Avaliar em Projectos de Acústica e Definição de um Aspecto a avaliar... 62
5.1 Introdução ... 63
5.2 Aspectos a avaliar ... 63
5.3 Metodologia para determinação do índice de isolamento sonoro a sons aéreos .. 64
5.3.1 Índice de isolamento sonoro a sons aéreos em paredes simples... 64
5.3.2 Índice de redução sonora a sons de condução aérea em paredes duplas ... 65
5.4 Análise do índice de isolamento sonoro a sons aéreos de vários tipos de paredes entre fogos ... 66
5.5 Proposta de avaliação do isolamento acústico de paredes entre fogos ... 73
CAPÍTULO 6 – Conclusões e Trabalho Futuro ... 74
6.1 Conclusões Finais ... 75
6.2 Perspectivas de Trabalho Futuro ... 77
Referências Bibliográficas ... 78
Anexos ... 81
Anexo I ... 82
vii
Índice de Figuras
Figura 1: Metodologia para a atribuição da pontuação ... 10
Figura 2: Objectivos - Critérios de Avaliação subordinados ao Objectivo Parcial F - Conforto Acústico ... 12
Figura 3: Cálculo de Z - coberturas não ventiladas ... 24
Figura 4: Cálculo de Z - coberturas não ventiladas ... 24
Figura 5: Tipo de isolamento ... 33
Figura 6: Espessura da caixa-de-ar ... 34
Figura 7: Tipo de envidraçado ... 34
Figura 8: Apresentação das Soluções Construtivas nas Diferentes Peças e Projectos ... 35
Figura 9: Conformidade entre os vários projectos... 36
Figura 10: Conformidade entre a memória descritiva e pormenores construtivos dos diferentes projectos por elemento construtivo ... 37
Figura 11: Conformidade entre o projecto de arquitectura e o projecto de acústica por elemento construtivo ... 38
Figura 12: Apresentação das Soluções Construtivas de paredes exteriores nos diferentes projectos ... 39
Figura 13: Conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes exteriores39 Figura 14: Apresentação das Soluções Construtivas das paredes interiores entre fogos nos diferentes projectos ... 40
Figura 15: Conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes interiores entre fogos ... 41
Figura 16: Apresentação das Soluções Construtivas das paredes interiores de zonas comuns nos diferentes projectos ... 42
Figura 17: Conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes interiores entre zonas comuns ... 42
viii Figura 18: Apresentação das Soluções Construtivas de pavimentos entre fogos ou zonas
comuns ... 43
Figura 19: Conformidade entre os vários projectos relativamente aos pavimentos entre fogos ou zonas comuns ... 44
Figura 20: Apresentação das Soluções Construtivas de pavimentos entre zonas comerciais e quartos ... 45
Figura 21: Conformidade entre os vários projectos relativamente aos pavimentos de zonas comerciais ... 45
Figura 22: Verificação da conformidade com o RRAE ... 48
Figura 23: Conformidade entre as peças escritas e desenhadas dos projectos de arquitectura e acústica ... 49
Figura 24: Conformidade entre o projecto de arquitectura e o projecto de acústica ... 49
Figura 25: Apresentação das Soluções Construtivas nas Diferentes Peças no projecto de arquitectura ... 50
Figura 26: Apresentação das Soluções Construtivas nas Diferentes Peças no projecto de acústica ... 50
Figura 27: Classe de habitações referentes à categoria edifícios de construção tradicional ... 55
Figura 28: Respostas obtidas por Distrito ... 56
Figura 29: Tipo de Empresas ... 56
Figura 30: Projectos consultados durante o processo de construção ... 56
Figura 31: Principais problemas encontrados nos projectos de acústica ... 57
Figura 32: Quando não existe conformidade entre projectos, qual o projecto utilizado 57 Figura 33: Quando existe falta de informação relativamente ao tipo de materiais e/ou à sua espessura, em paredes ou pavimentos, o que é feito ... 58
Figura 34: ordem de preferência dos elementos de projecto que são usados na realização das obras ... 58
ix Figura 35: Aspectos mais relevantes que os clientes procuram na aquisição de uma nova
habitação ... 59
Figura 36: Concorda que deveria existir um sistema de certificação de acústica ... 59
Figura 37: Importância atribuída ao comportamento acústico nas habitações ... 60
x
Índice de Tabelas
Tabela 1: Aspectos do comportamento acústico avaliados pela Proposta de João Branco
Pedro ... 9
Tabela 2: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Paredes ... 13
Tabela 3: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Coberturas .. 15
Tabela 4: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Espaços de Habitação diferentes ... 16
Tabela 5: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Espaços da Mesma Habitação ... 17
Tabela 6: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Habitações e Zonas de Circulação Comuns ... 18
Tabela 7: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Habitações e Locais de Actividades Ruidosas ... 19
Tabela 8: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Habitação e Instalações Comuns ... 20
Tabela 9: Apresentação dos resultados da aplicação do Método de Avaliação da Qualidade de Projectos de Edifícios de Habitação ... 21
Tabela 10: Escala de Avaliação do Método QUALITEL... 22
Tabela 11: Avaliação da fachada ... 23
Tabela 12: Níveis de avaliação dos compartimentos da habitação ... 25
Tabela 13: Elementos avaliados na acústica interior ... 26
Tabela 14: Avaliação global da rubrica ... 27
Tabela 15: Índices de isolamento a sons aéreos obtidos da análise efectuada das 4 soluções analisadas ... 72
Tabela 16: Proposta de avaliação da qualidade de projectos – Paredes entre fogos ... 73
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 2
1.1 Enquadramento do Trabalho
A qualidade dos edifícios de habitação é cada vez mais importante aquando da sua aquisição.
Cada vez mais se verifica o aumento das exigências de conforto nos edifícios, nomeadamente no que respeita ao comportamento térmico e acústico.
Com o mercado imobiliário em declínio devido à crise económica que atravessa, o número de habitações disponíveis no mercado tende a aumentar. Este facto possibilita uma melhor selecção e escolha por parte dos compradores de habitações, de modo a satisfazer as suas necessidades.
Vários trabalhos têm vindo a ser desenvolvidos no sentido de aumentar a qualidade dos edifícios de habitação, a nível nacional e internacional, quer através de regulamentação, quer da criação de métodos de avaliação da qualidade de projectos de edifícios.
Com o aumento do ritmo de vida e do stress, o descanso pós-laboral tornou-se imprescindível. Esta consciencialização por parte das pessoas e organismos face ao ruído e, entendendo ruído com sons não desejados, faz com que este seja considerado um agente nocivo para o meio ambiente, tornando imprescindível um bom isolamento acústico.
No que se refere à qualidade acústica dos edifícios o Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios (RRAE) [2]foi revisto e foram introduzidos novos parâmetros a avaliar.
Relativamente aos métodos e propostas de métodos que avaliam a qualidade do comportamento acústico de edifícios de habitação, em Portugal são de referir as dissertações de doutoramento intituladas “Métodos de Avaliação da Qualidade de Projectos de Edifícios de Habitação” [3] e “Definição e Avaliação da Qualidade Arquitectónica Habitacional” [4]. Em França no ano de 1974 a Association Qualitel introduziu uma metodologia para Avaliar a Qualidade Construtiva das Habitações denominado “Método Qualitel” [5].
Uma das principais linhas de acção do Observatório da Construção de Trás-os-Montes e Alto Douro, criado no seio do Departamento de Engenharias da Universidade de Trás-os-Montes [1] [6] [7], consiste no desenvolvimento de um método de avaliação da qualidade de projectos de edifícios de habitação.
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 3 Nesse sentido têm sido realizados vários estudos, nomeadamente no que respeita à definição dos principais aspectos a serem avaliados, tendo-se concluído que estes são o comportamento térmico, o comportamento acústico e os problemas de humidades [1]. Noutro estudo foram definidos os principais aspectos que influenciam a qualidade do comportamento térmico de edifícios de habitação [6].
A definição de um sistema de avaliação da qualidade de edifícios de habitação, em fase de projecto, inclui a implementação de um processo de avaliação com várias vertentes, tais como o conforto acústico, o conforto térmico, a versatilidade dos espaços e a proximidade de equipamentos, entre outros [6].
O trabalho desenvolvido nesta dissertação insere-se na linha de orientação referida, pretendendo-se avaliar os principais problemas existentes nos projectos de comportamento acústico e definir quais os aspectos mais importantes a avaliar aquando da implementação do método de avaliação da qualidade de projectos de edifícios de habitação.
Apesar da regulamentação e métodos de avaliação da qualidade existentes ainda há muito a fazer para melhorar a qualidade deste tipo de edifícios. No que respeita ao comportamento acústico a qualidade destes edifícios ainda é muito inferior à desejável. Para se obter uma melhor qualidade é necessário começar por actuar na fase de projecto, pois sem um bom projecto dificilmente se obtém uma construção de qualidade.
1.2 Objectivos do Trabalho
Os principais objectivos deste trabalho consistem em:
-Identificar os principais problemas existentes em projectos de comportamento acústico de edifícios de habitação multifamiliares em 2007/2008 e comparar os resultados com os obtidos pelo Observatório da Construção em 2003/2005;
-Definir quais os aspectos mais importantes na avaliação dos projectos de comportamento acústico;
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 4
1.3 Metodologia Adoptada
A metodologia adoptada para a elaboração deste trabalho, foi a seguinte: 1) Elaboração de uma “Check-List”, com os aspectos a analisar; 2) Análise de projectos de licenciamento;
3) Levantamento dos principais defeitos existentes no projecto de acústica; 4) Comparação com os dados obtidos pelo Observatório da Construção; 5) Realização de um inquérito a empresas do sector da construção; 6) Definição dos aspectos a avaliar;
7) Definição do processo de avaliação para um dos aspectos a avaliar.
1.4 Organização do Trabalho
O trabalho aqui apresentado está organizado em seis capítulos:
Capitulo 1: Neste capítulo, apresenta-se o enquadramento, os objectivos e a forma de
organização adoptada neste trabalho.
Capitulo 2: Neste capítulo, apresenta-se a revisão bibliográfica de métodos e propostas
de métodos que avaliam a componente da qualidade acústica de projectos de edifícios de habitação em alguns países e a regulamentação existente em Portugal nesta área.
Capitulo 3: Neste capítulo, foram analisados os projectos de arquitectura e de
comportamento acústico de edifícios de habitação licenciados no município de Vila Real, nos anos de 2007 e 2008. Foi feita a identificação das soluções construtivas mais utilizadas, dos principais problemas encontrados nos referidos projectos e foram comparados os resultados obtidos com os resultados obtidos nos anos de 2003 e 2005, pelo Observatório da Construção, e ainda foi analisada a evolução da qualidade dos projectos de acústica no município de Vila Real. Neste capítulo, refere-se ainda a importância deste estudo para a melhoria da qualidade dos projectos de comportamento acústico dos edifícios de habitação.
Capitulo 4: Neste capítulo, foram analisados os inquéritos realizados a empresas de
construção, no sentido de avaliar a importância dada ao projecto de comportamento acústico na construção de edifícios e quais os principais problemas detectados neste tipo de projectos.
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 5
Capitulo 5: Neste capítulo, apresenta-se uma proposta dos aspectos a avaliar para
analisar a qualidade dos projectos de comportamento acústico. É também definido o processo de avaliação de um dos aspectos a avaliar.
Capitulo 6: Neste capítulo são apresentadas as conclusões finais e perspectivas de
CAPÍTULO 2 – Avaliação da Qualidade Acústica
de Projectos de Edifícios de Habitação
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 7
2.1 Introdução
Para definir qualidade existem variadas abordagens. Segundo John Ruskin “a qualidade nunca se obtém por acaso, ela é sempre o resultado do esforço inteligente” [8]. Esta frase mostra a importância do esforço para fazer bem, dando ênfase a que sem esforço não se conseguem construções com qualidade. Segundo Herbert Gonçalves Espuny “ Qualidade tem a haver, primordialmente, com o processo pelo qual os produtos ou serviços são materializados. Se o processo for bem realizado, um bom produto final advirá naturalmente. A qualidade reside no que se faz – aliás – em tudo o que se faz – e não apenas no que se tem como consequência disso” [9]. Por outras palavras, todos os processos de uma determinada actividade são importantes; se os processos forem desenvolvidos com qualidade, o produto final terá qualidade.
Desde há muito anos, vários países têm criado propostas e implementado métodos para definir um sistema de avaliação da qualidade das habitações.
Para a elaboração deste capítulo foram analisados vários métodos e propostas de métodos que avaliam a qualidade de edifícios de habitação em fase de projecto, nomeadamente a Proposta do Arquitecto João Branco Pedro [4], a Proposta do Professor Jorge Moreira da Costa [3], os métodos Qualitel [5], SEL [10], Marca de Qualidade do LNEC [11], CONQUAS [12], LEED (Canadá) [13], LEED (USA) [14], LEED (Índia) [15]. De entre os vários métodos e propostas analisados, englobam a componente acústica os seguintes:
Proposta do Arquitecto João Branco Pedro; Proposta do Professor Jorge Moreira da Costa; Método Qualitel.
Estes métodos ou propostas de métodos são analisados com maior detalhe, no que se refere à avaliação do comportamento acústico, nos pontos seguintes.
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 8
2.2 Métodos e propostas
2.2.1 Proposta do Arquitecto João Branco Pedro
O Arquitecto João Branco Pedro, em 2000, elaborou uma dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Arquitectura, intitulada “Definição e Avaliação da Qualidade Arquitectónica Habitacional” [4].
Esta proposta de Avaliação da Qualidade Arquitectónica Habitacional tem como campo de aplicação habitações a Custo Controlado, embora também possa ser aplicado a habitações correntes e habitações novas. São avaliados cerca de 375 aspectos [4].
Estes aspectos são avaliados de acordo com a escala seguinte:
Nulo (valor 0) A solução não satisfaz as necessidades elementares da vida quotidiana
dos utentes, o que pode concorrer para os prejudicar pessoalmente e para restringir o seu modo de vida.
Mínimo (valor 1) A solução tem um desempenho que satisfaz as necessidades
elementares de vida quotidiana dos utentes; este nível é definido pelos regulamentos e normas nacionais aplicáveis, e pela boa prática da construção e do projecto nos aspectos em que esta documentação é omissa.
Recomendável (valor 2) A solução tem um desempenho que confere um maior grau
de qualidade que o nível mínimo, o que permite suportar melhor diferentes modos de uso, a evolução previsível das necessidades dos utentes durante o período de vida útil dos edifícios, e o uso eventual por utentes condicionados de mobilidade.
Óptimo (valor 3) A solução tem um desempenho que responde integralmente às
necessidades dos utentes, e permite o uso permanente por utentes condicionados de mobilidade após pequenas adaptações.
Os aspectos relativos ao comportamento acústico avaliados nesta proposta estão relacionados com a relação dos espaços, não existindo qualquer tipo de referência ao índice de isolamento e ao tipo de solução construtiva adoptada. Na tabela 1, são apresentadosos aspectos a avaliar.
A avaliação é elaborada de acordo com a localização dos espaços da habitação e entre a habitação e a envolvente, que se subdivide em 5 pontos-chave, separação de zonas do fogo, relação entre quartos e salas ou cozinhas de habitações vizinhas, relação entre
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 9 quartos/sala e paredes com prumadas de esgotos ou condutas de lixos, relação entre quartos e espaços comuns de circulação (ex., patamares, escadas, galerias, corredores, etc.) e relação entre quartos/sala e elevadores ou outros sistemas mecânicos.
Para cada ponto-chave é atribuída uma nota 0, 1 ou 3 de acordo com as disposições verificadas na tabela 1.
Tabela 1: Aspectos do comportamento acústico avaliados pela Proposta de João Branco Pedro
As habitações devem proporcionar um adequado isolamento acústico entre os espaços da habitação e entre a habitação e a envolvente.
Nota
Elementos de Avaliação
1) Separação de zonas do fogo:
A. Existe uma separação, introduzida por porta ou escada, que assegura o isolamento
acústico entre a zona de quartos e a zona de sala e cozinha.
B. Pode ser introduzida pelos moradores uma separação que assegura o isolamento
acústico entre a zona de quartos e a zona de sala e cozinha.
C. Nenhuma das condições anteriores é satisfeita.
3
1 0
2) Relação entre quartos e salas ou cozinhas de habitações vizinhas:
A. Os quartos não estão situados sob nem são contíguos a salas ou cozinhas de
habitações vizinhas.
B. Os quartos estão situados sob ou são contíguos a salas ou cozinhas de habitações
vizinhas, mas foram adoptadas disposições que reduzem a propagação de ruídos.
C. Nenhuma das condições anteriores é satisfeita.
3
1 0
3) Relação entre quartos/sala e paredes com prumadas de esgotos ou condutas
de lixos:
A. Os quartos e a sala não são contíguos a paredes com prumadas de esgotos ou
condutas de lixos.
B. Os quartos ou a sala são contíguos a paredes com prumadas de esgotos ou condutas
de lixos, mas foram adoptadas disposições que reduzem a propagação de ruídos.
C. Nenhuma das condições anteriores é satisfeita.
3
1 0
4) Relação entre quartos e espaços comuns de circulação (ex., patamares,
escadas, galerias, corredores, etc.):
A. Os quartos não estão situados sob nem são contíguos a espaços comuns de
circulação.
B. Os quartos estão situados sob ou são contíguos a espaços comuns de circulação, mas
foram adoptadas disposições que reduzem a propagação de ruídos.
C. Nenhuma das condições anteriores é satisfeita.
3
1 0
5) Relação entre quartos/sala e elevadores ou outros sistemas mecânicos: A. Os quartos e a sala não são adjacentes a elevadores ou outros sistemas mecânicos. B. Os quartos e a sala são adjacentes a elevadores ou outros sistemas mecânicos, mas
foram adoptadas disposições que reduzem a propagação de ruídos.
C. Nenhuma das condições anteriores é satisfeita.
3
1 0
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 10 O número de pontos é obtido somando os produtos das notas obtidas, nos diferentes elementos de avaliação, pela respectiva ponderação, figura 1.
De acordo com o número total de pontos obtidos determina-se a o grau de satisfação do comportamento acústico da habitação, que pode ser Nulo (0), Mínimo (1), Recomendável (2) ou Óptimo (3), de acordo com a figura 1.
Figura 1: Metodologia para a atribuição da pontuação Fonte: Proposta de João Branco Pedro
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 11 2.2.2 Proposta do Professor Jorge Moreira da Costa
Esta proposta foi elaborada em 1995, pelo Professor Jorge Moreira da Costa para a obtenção do grau de Doutor pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), baseada no trabalho desenvolvido em 1988 pela FEUP e pelo Instituto Superior Técnico. O objectivo desta dissertação é a elaboração de um Método de Avaliação da Qualidade de Projectos de Edifícios de Habitação [3].
Esta proposta tem como campo de aplicação edifícios de habitação novos em fase de licenciamento de projecto.
Os pontos de vista são avaliados de acordo com a escala seguinte:
Nota 0 – Solução que não satisfaz as disposições regulamentares em vigor ou as
exigências mínimas de avaliação;
Nota 1 – Solução insuficiente; Nota 2 – Solução média; Nota 3 – Solução boa; Nota 4 – Solução muito boa.
Segundo Costa “Os resultados que este método permite obter são o valor de desempenho de cada um dos pontos de vista elementares, que podem ser sucessivamente agregados pela realização de médias ponderadas, até se atingir um valor de desempenho global” [4].
Para a análise do Conforto Acústico é considerada a seguinte sequência de Objectivos-Critérios e Objectivos-Critérios de Avaliação, ver figura 2.
F.1. - Isolamento em relação a ruídos exteriores, em que será avaliada a eficiência
das soluções construtivas solicitadas pelo ruído proveniente do ambiente exterior ao edifício; compreende os seguintes critérios de avaliação:
F.1.1. - Paredes; F.1.2. - Coberturas.
F.2. - Isolamento em relação a ruídos interiores, colocando em foco o
comportamento em relação aos ruídos desenvolvidos no interior do edifício através dos seguintes critérios de avaliação:
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 12 F.2.1. - Espaços de habitações diferentes;
F.2.2. - Espaços da mesma habitação;
F.2.3. - Habitação e zonas de circulação comuns; F.2.4. - Habitação e locais com actividades ruidosas; F.2.5. - Habitação e instalações comuns.
Figura 2: Objectivos - Critérios e Critérios de Avaliação subordinados ao Objectivo Parcial F - Conforto Acústico
Fonte: Proposta de Jorge Moreira da Costa
Os procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação são os seguintes:
Para o isolamento em relação a ruídos exteriores (tabelas 2 e 3) é obtida a nota 0, 2 ou 4, em função do local e do tipo de solução de construtiva utilizada para o elemento em estudo.
Para o isolamento em relação a ruídos interiores (tabelas 4 a 8) é obtida a nota 0, 2 ou 4, em função da solução construtiva utilizada para o elemento em estudo. Os procedimentos para a aplicação destes Critérios de Avaliação são os apresentados em detalhe nas tabelas 2 a 8.
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 13 Tabela 2: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Paredes
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 14 Tabela 2 (cont.): Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Paredes (2/2)
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 15 Tabela 3: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Coberturas
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 16 Tabela 4: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Espaços de Habitação diferentes
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 17 Tabela 5: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Espaços da Mesma Habitação
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 18 Tabela 6: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Habitações e Zonas de Circulação
Comuns
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 19 Tabela 7: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Habitações e Locais de Actividades
Ruidosas
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 20 Tabela 8: Procedimentos para a aplicação dos Critérios de Avaliação em Habitação e Instalações Comuns
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 21 O nível parcelar de qualidade (F.1 e F.2) são obtidos pelo somatório de todos os sub-níveis de qualidade multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação.
O nível global de qualidade acústica (F) é obtido pelo somatório de todos os níveis parcelares de qualidade multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação, ver tabela 9.
Tabela 9: Apresentação dos resultados da aplicação do Método de Avaliação da Qualidade de Projectos de Edifícios de Habitação
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 22 2.2.3 Método QUALITEL
O Método QUALITEL foi introduzido em França, em 1974, tem sido desenvolvido pela “Association Qualitel”, e tem como objectivo a elaboração de uma metodologia para avaliar a qualidade de projectos de edifícios de habitação, de forma a dar mais garantias aos utilizadores, uma análise prévia aos projectistas e um melhor argumento de promoção comercial aos promotores [5].
Este método, já sofreu diversas actualizações, as quais resultaram da eliminação de aspectos que já não eram importantes e da introdução de novos aspectos importantes na avaliação da qualidade das habitações. Inicialmente este método era destinado a habitações multifamiliares e unifamiliares novas em fase de projecto, e após o ano de 1993 as residências para estudantes passaram também a ser avaliadas [3].
Este método conta com 10 versões, tendo a ultima entrado em vigor a 1 de Janeiro de 2008.
A certificação QUALITEL permite a determinação da qualidade do projecto através da análise de aspectos como a térmica, a acústica e a dos custos de manutenção e exploração que estão associados à habitação.
O Método QUALITEL divide-se em diversas sub-rubricas, avaliando de forma parcelar uma componente do nível de qualidade a determinar.
Essa avaliação é feita através de um descritor que estabelece uma escala de 1 a 5, de acordo com a correspondência indicada na tabela 10 [3].
Tabela 10: Escala de Avaliação do Método QUALITEL
Nota
Disposições de projecto caracterizadas por:
QUALIDADE FUNCIONAL
CUSTOS DE EXPLORAÇÃO E MANUTENÇÃO
5 excelente muito económicos
4 muito boa económicos
3 boa razoavelmente económicos
2 média razoavelmente dispendiosos
1 insuficiente dispendiosos
Fonte: Método QUALITEL
No que respeita ao comportamento acústico, este método avalia duas rubricas AE (Acústica exterior) e AI (Acústica interior), que se dividem em várias sub-rubricas.
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 23
AE – Acústica exterior
AE 1 – Isolamento das fachadas
Para a avaliação global da fachada é atribuída uma nota que varia de 1 a 3, que corresponde ao valor de cálculo do isolamento sonoro estandardizado em dB, de acordo com a tabela 11.
Tabela 11: Avaliação da fachada Isolamento necessário
para a fachada Nota 1 Nota 2 Nota 3
41 ≤ DnT,A,tr ≤45 dB DnT,A,tr calculado < DnT,A,tr DnT,A,tr calculado ≥ DnT,A,tr
-
30 ≤ DnT,A,tr ≤ 40 dB DnT,A,tr calculado < DnT,A,tr DnT,A,tr calculado ≥ DnT,A,tr DnT,A,tr calculado ≥ DnT,A,tr+ 5 dB
O cálculo do isolamento sonoro ponderado padronizado (DnT,A,tr), é calculado de acordo
com a fórmula seguinte:
DnT,A,tr calculado = , , com
X4 = X1 + X2 + X3
o Transmissões directas
X1 = 106 * S * 10(-0,1 x [Rw + Ctr])
o Transmissões indirectas
X2 = 106 * S * 10-0,1*([Rw + Ctr] + 10)
o Transmissões pelos equipamentos X3 = , , ,
AE 2 – Isolamento das coberturas
No caso de compartimentos situados em parte ou totalidade sob uma cobertura, complementa-se no cálculo de X4 as transmissões pelas coberturas, aplicando as mesmas fórmulas, quando a cobertura está sujeita a ruído de tráfego ou situada em zonas de aeródromo (A, B ou C).
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 24 o Coberturas ventiladas
A superfície de telhado a considerar é determinada de acordo com as disposições seguintes:
- Para o ruído do tráfego, a superfície da cobertura a ser considerada nos cálculos é considerada igual a Z = sin θ + Z1 x Z2, quando a estrada está localizada a uma altitude inferior ao elemento de cobertura em questão;
Figura 3: Cálculo de Z - coberturas não ventiladas Fonte: Método QUALITEL
- Se a estrada está situada a uma altura superior ou igual à cobertura do compartimento em questão, deve-se manter as mesmas disposições de ruído das aeronaves apresentadas a seguir.
- Para o ruído dos aviões, é conveniente efectuar os cálculos inicialmente para a fachada com uma superfície de cobertura igual à Z = Z1 + Z2 + Z3, seguidamente efectua-se o cálculo para a fachada traseira com Z = Z' 1 + Z' 2 + Z3.
Figura 4: Cálculo de Z - coberturas não ventiladas Fonte: Método QUALITEL
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 25 o Coberturas não ventiladas
Na presença de uma cobertura não ventilada, a superfície de cobertura a considerar é determinada de acordo com as mesmas disposições que para uma cobertura não ventilada, mantendo o valor de Z3.
Esta rubrica é avaliada por compartimento em função do isolamento das fachadas e cobertura.
No que respeita à avaliação global da rubrica a nota da avaliação da habitação é determinada através dos níveis de avaliação dos compartimentos, sendo estes determinados em função da nota de cada compartimento. A pior pontuação obtida nos compartimentos é determinante para a avaliação da habitação, de acordo com a tabela 12:
Tabela 12: Níveis de avaliação dos compartimentos da habitação
Avaliação da Habitação Avaliação dos compartimentos da habitação Nota 1 Um dos compartimentos da habitação obteve a nota 1
Nota 3 O quarto com a menor pontuação obteve nota 3
Nota 4 Todos os quartos obtiveram nota 5 e os restantes obtiveram nota 3
Nota 5 Todos os compartimentos obtiveram nota 5
Fonte: Método QUALITEL
AI – Acústica interior
Esta rubrica para ser avaliada é subdividida em 5 sub-rubricas (A1 a A5), que por sua vez ainda são subdivididas, de acordo com a tabela 13.
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 26 Tabela 13: Elementos avaliados na acústica interior
AI 1 – Sons de condução aérea, provenientes de outros locais do edifício ou de edifícios contíguos
AI 1.1 Requisitos
AI 1.2 Transmissões directas e laterais AI 1.3 Transmissões parasitas
AI 2 – Sons de percussão
AI 2.1 Requisitos
AI 2.2 Diferentes vias de transmissão de sons de percussão AI 2.3 Estudo da transmissão “vertical” dos sons de percussão
AI 2.4 Estudo da transmissão “diagonal” ou “horizontal” dos sons de percussão AI 2.5 Casos particulares
AI 3 – Ruídos dos equipamentos de aquecimento/arrefecimento, no interior das habitações
AI 3.1 Requisitos
AI 3.2 Instalação de aquecimento individual AI 3.3 Instalação de ar condicionado individual
AI 4 – Ruídos dos equipamentos individuais e colectivos
AI 4.1 Requisitos
AI 4.2 Rede de abastecimento de água AI 4.3 Redes das águas residuais e pluviais AI 4.4 Elevadores sem casa de máquinas AI 4.5 Condutas de lixo
AI 4.6 Aquecimento colectivo
AI 4.7 Ventilação mecânica controlada AI 4.8 Outros equipamentos colectivos
AI 5 – Tratamento acústico das partes comuns
AI 5.1 Requisitos
AI 5.2 Avaliação das habitações
AI 6 – Adaptação dos critérios técnicos às residências para estudantes
AI 6.1 Generalidades
AI 6.2 Definição das diferentes categorias de locais de uma construção AI 6.3 Sons de condução aéreo, provenientes de outros locais da habitação
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 27
Avaliação global da rubrica:
A avaliação global da rubrica é determinada de acordo com os resultados obtidos previamente para cada uma das cinco sub-rubricas (AI 1 até AI 5) e pode ser completada por uma sub-rubrica que apresenta certas adaptações para residências de estudantes (AI 6).
Tabela 14: Avaliação global da rubrica
Nota 1 Nível de avaliação = NC, para pelo menos uma das sub-rubricas
Nota 2 Nível de avaliação ≥ REGL, para cada uma das sub-rubricas
Nota 3 Nível de avaliação ≥ CQ, para cada uma das sub-rubricas
Nota 5 Nível de avaliação = CQCA, para cada uma das sub-rubricas
Fonte: Método QUALITEL
Para cada sub-rubrica são definidos um ou vários valores de exigência acústica que correspondem aos diferentes “níveis de avaliação” seguintes:
- o nível “NC” significa que a exigência indicada não corresponde à afixada na
regulamentação de 30 de Junho de 1999;
- o nível “REGL” significa que a exigência indicada corresponde à afixada na
regulamentação de 30 de Junho de 1999;
- o nível “CQ” significa que a exigência indicada corresponde à afixada para a obtenção
da certificação Qualitel;
- o nível “CQCA” significa que a exigência indicada corresponde à afixada para a
obtenção da certificação Qualitel Conforto Acústico.
A avaliação global é expressa sob forma de nota que vai de 1 a 5 de acordo com os resultados obtidos para cada uma das cinco sub-rubricas.
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 28
2.3 Regulamentação sobre acústica
A prevenção e o controle da poluição sonora são estipulados pelo Regulamento Geral do Ruído (RGR) [16].
A regulamentação existente em Portugal que regula o comportamento acústico de edifícios é o Regulamento dos Requisitos Acústicos de Edifícios (RRAE) [2].
O RRAE estipula requisitos para um conjunto de parâmetros, em função do tipo de edifício em análise. No âmbito deste trabalho interessa definir os parâmetros relacionados com os edifícios habitacionais e mistos (artigo 5.º), [2]:
Índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea:
a) D2m,nT,w - índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, entre o exterior
do edifício e quartos ou zonas de estar dos fogos. O valor limite é função da zona em que o edifício vai ser construído, podendo ser zonas mistas ou sensíveis e é aplicado aos quartos ou zonas de estar dos fogos.
b) D nT,w - índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, entre
compartimentos de um fogo (emissão) e quartos ou zonas de estar de outro fogo (recepção).
c) D nT,w - índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, entre locais de
circulação comum do edifício (emissão) e quartos ou zonas de estar dos fogos (recepção). O valor limite é função do local emissor, podendo ser um caminho de circulação vertical (quando servido por ascensores) ou de garagem de parqueamento automóvel.
d) D nT,w - índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea, entre locais do
edifício destinados a comercio, industria, serviços ou diversão (emissão) e quartos ou zonas de estar dos fogos (recepção).
Isolamento a Sons de Percussão:
e) L’nT,w - índice de isolamento sonoro a sons de precursão, no interior dos quartos
ou zonas de estar dos fogos (recepção), proveniente de uma percussão normalizada sobre pavimentos de outros fogos ou de locais de circulação comum do edifício (emissão).
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 29 f) L’nT,w - índice de isolamento sonoro a sons de precursão, no interior dos quartos
ou zonas de estar dos fogos (recepção), proveniente de uma percussão normalizada sobre pavimentos de locais do edifício destinados a comércio, indústria, serviços ou diversão (emissão).
Índice de isolamento sonoro a equipamentos:
g) LAr,nT - nível de avaliação do ruído particular de equipamentos colectivos do
edifício, tais como ascensores, grupos hidropressores, sistemas centralizados de ventilação mecânica, automatismo de portas de garagem, postos de transformação de corrente eléctrica e instalação de escoamento de águas, no interior dos quartos e zonas de estar dos fogos. O valor limite é função do tipo de equipamento, podendo ser intermitente, contínuo ou grupo gerador eléctrico de emergência.
2.4 Conclusões
Da análise dos métodos e propostas de métodos estudados conclui-se que apenas a Proposta do Arquitecto João Branco Pedro, a Proposta do Professor Jorge Moreira da Costa e o Método Qualitel, fazem referência ao comportamento acústico dos edifícios. A Proposta do Arquitecto João Branco Pedro foi elaborada em 2000, e a escala de avaliação varia entre 1 e 3, em que a nota 3 é a nota máxima atribuída ao comportamento acústico. Os aspectos relativos ao comportamento acústico avaliados nesta proposta estão relacionados com a distribuição dos espaços, não existindo qualquer tipo de referência ao índice de isolamento e ao tipo de solução construtiva adoptada. A avaliação é elaborada de acordo com a localização dos espaços da habitação e entre a habitação e a envolvente.
A Proposta do Professor Jorge Moreira da Costa foi elaborada em 1995, e a escala de avaliação varia entre 1 e 4, em que 4 é a nota máxima atribuída ao comportamento acústico. Ao contrário da Proposta do Arquitecto João Branco Pedro, esta proposta já avalia o índice de isolamento sonoro em relação a ruídos exteriores e interiores do edifício. A avaliação é elaborada segundo um conjunto de descritores de soluções construtivas na qual é atribuída uma nota para cada critério de avaliação. A avaliação
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 30 global da rubrica é obtida pelo somatório de todos os níveis parcelares de qualidade, multiplicadas pelos respectivos coeficientes de ponderação.
O Método QUALITEL introduzido em França, em 1974, tem sido desenvolvido pela “Association Qualitel”, tendo entrado em vigor a ultima versão a 1 de Janeiro de 2008. Este método divide-se em diversas sub-rubricas, avaliando de forma parcelar uma componente do nível de qualidade a determinar. A avaliação é feita através de um descritor que estabelece uma escala de 1 a 5, em que o descritor 5 estabelece uma qualidade funcional excelente. Com semelhança à Proposta do Professor Jorge Moreira da Costa, este método estabelece requisitos para índices de isolamento. A avaliação global da rubrica é determinada de acordo com os resultados obtidos previamente para cada uma das sub-rubricas, e pode ser completada por uma sub-rubrica que apresenta certas adaptações para residências de estudantes.
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 32
3.1 Introdução
A análise de projectos de comportamento acústico de edifícios de habitação, tem como objectivo o levantamento dos principais problemas existentes nestes projectos no município de Vila Real.
Esta análise segue a linha de acção do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo Observatório da Construção de Trás-os-Montes e Alto Douro, como já foi referido. A “check-list” utilizada para a análise dos projectos seguiu os parâmetros avaliados de acordo com o RRAE [2] e o trabalho realizado por Costa [1].
A “check-list” está organizada da seguinte forma: (ver anexo I)
1- Soluções Construtivas Apresentadas: são apresentadas as soluções construtivas das peças escritas e desenhadas do projecto de arquitectura e acústica para os diferentes elementos construtivos (paredes, pavimentos e envidraçados).
2- Conformidade: é verificada a conformidade entre as peças escritas e desenhadas do projecto de arquitectura, entre as peças escritas e desenhadas do projecto de acústica e os projectos de arquitectura e acústica.
3- Projecto de acústica:
3.1- Peças escritas: é verificado se existe informação sobre as diferentes peças escritas.
3.2- Peças desenhadas: é verificado se existe informação sobre as diferentes peças desenhadas.
3.3- Cálculo acústico: é verificada a conformidade com o RRAE dos diferentes elementos construtivos.
3.4- Cálculo automático: é verificado se o cálculo foi elaborado recorrendo a algum programa automático.
Com base em estudos anteriormente realizados, verificou-se que um dos principais aspectos a avaliar nos edifícios de habitação em Trás-os-Montes é o conforto acústico. Este aspecto é um dos que mais influenciam a decisão de aquisição de uma habitação e, que quando negligenciado, causa grande desconforto aos utilizadores [17].
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 33
3.2 Análise de Projectos
A análise dos projectos de acústica, como o referido, foi efectuada através do preenchimento da “Check-List”, a qual foi elaborada com base no Decreto–Lei nº. 96/2008 e no trabalho desenvolvido por Costa [1], que foi sendo actualizada com o aparecimento de novos aspectos importantes para a avaliação.
Os projectos de edifícios de habitação multifamiliares analisados correspondem à totalidade dos projectos licenciados, 10 em 2007 e 2 em 2008 no Município de Vila Real.
3.2.1 Soluções construtivas mais frequentes
Após a análise dos projectos verificou-se que a solução construtiva mais utilizada para paredes exteriores foi a parede dupla em tijolo vazado de (15+11) cm, com isolamento e caixa-de-ar, revestidas em ambas as faces. Para as paredes interiores entre fracções a solução construtiva mais utilizada foi a parede em tijolo vazado de 11cm revestida em ambas as faces. Quanto aos pavimentos o mais utilizado foi o pavimento em laje aligeirada de vigotas pré-esforçadas com abobadilha de 20 cm, revestido na face superior com soalho flutuante.
O tipo de isolamento mais utilizado foi o poliestireno extrudido com 3 cm de espessura em 42% dos projectos analisados e em seguida o poliestireno expandido com 3 cm de espessura em 33% dos projectos, ver figura 5.
Figura 5: Tipo de isolamento
33% 42% 8% 17% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Poliestireno Expandido Poliestireno Extrudido 3 cm 4 cm
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 34 Pela análise dos projectos conclui-se que a espessura da caixa-de-ar varia entre os 2,5 cm e os 5cm, sendo que as espessuras de 2,5, 3 e 4 cm foram as mais utilizadas, em 25% dos projectos analisados, ver figura 6.
Figura 6: Espessura da caixa-de-ar
Quanto ao tipo de envidraçado o mais utilizado foi o vidro duplo (5+5) mm com espessura de lâmina-de-ar de 8 mm em 25% dos casos em análise. No entanto esta não será a melhor solução para o conforto acústico, visto que para um melhor isolamento sonoro a solução com vidro duplo de diferentes espessuras e lâmina-de-ar mais espessa seria a melhor, o que acontece nas soluções construtivas de vidro duplo de (6+4) mm com espessura de lâmina-de-ar de 12 mm e (8+6) mm com espessura de lâmina-de-ar de 10 mm, as quais são utilizadas em 17% dos casos.
Em 8% dos projectos analisados não temos qualquer informação sobre o tipo de envidraçado utilizado, ver figura 7.
Figura 7: Tipo de envidraçado
25% 25% 17% 25% 8% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 2,5 cm 3 cm 3,5 cm 4 cm 5 cm Espessura da caixa‐de‐ar 25% 8% 8% 8% 17% 17% 8% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 5+8+5 5+10+4 6+8+4 6+11+4 6+12+4 8+10+6 Falta de informação Tipo de envidraçado
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 35 3.2.2. Apresentação de soluções construtivas
Ao longo da análise dos projectos, verificou-se que um dos aspectos relevantes é a não existência de pormenores construtivos no projecto de arquitectura, em que apenas 8% dos casos apresenta pormenores construtivos. No projecto de acústica em geral são apresentados todas as soluções construtivas e pormenores construtivos, ver figura 8.
Figura 8: Apresentação das Soluções Construtivas nas Diferentes Peças e Projectos
3.2.3 Conformidade entre projectos
Outro aspecto mais relevante a considerar é a falta de conformidade entre as peças escritas e desenhadas do projecto de acústica em 33 % dos projectos e a falta de conformidade entre as peças escritas e desenhadas do projecto de arquitectura em 100% dos projectos analisados, ver figura 9.
A conformidade entre projectos é fundamental para a realização de uma boa obra, dado que em geral a obra é construída tendo por base o projecto de arquitectura, uma vez que não existe projecto de execução. Através da análise da figura 9, verifica-se que só em 17% existe conformidade entre o Projecto de arquitectura e acústica.
17% 8% 92% 100% 83% 92% 8% 0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Memória descritiva Promenores construtivos Memória descritiva Promenores construtivos do cálculo Cypevac Projecto de Arquitectura Projecto de Acústica Sim Não
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 36 Figura 9: Conformidade entre os vários projectos
Através de uma análise global da conformidade de todas as soluçõe construtivas dos diferentes projectos verificou-se a falta de conformidade entre as diferentes peças escritas e desenhadas do projecto de arquitectura e do projecto de comportamento acústico e consequentemente a falta de conformidade entre os diferentes projectos, ver figura 10 e 11.
No projecto de arquitectura a descrição da solução construtiva das paredes exteriores e em pavimentos entre zonas comuns estão em conformidade em 8% das peças, as restantes peças estão em não conformidade ou não se sabe, devido ao facto de as soluções construtivas não estarem descritas em uma ou nas duas peças.
No projecto de acústica verifica-se uma melhoria na conformidade entre as peças escritas e desenhadas, em relação ao projecto de arquitectura. As paredes interiores entre fogos são as que menos estão em conformidade, em 67% dos projectos. As paredes interiores entre zonas comuns são as que reflectem uma melhor conformidade em 92% dos projectos analisados, os restantes estão em conformidade em 83% dos projectos analisados, ver figura 10.
0% 58% 17% 8% 33% 42% 92% 8% 42% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Mem. Arq./ Porm. Construtivo Mem. Acúst./ Prom. Cálculo Proj. Arq./ Proj. Acústica Sim Não Não se sabe
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 37 Figura 10: Conformidade entre a memória descritiva e pormenores construtivos dos diferentes projectos por
elemento construtivo
Como podemos observar pela figura 11, a solução construtiva para as paredes exteriores está em conformidade em ambos os projectos em 58% dos projectos analisados. A solução construtiva para as paredes interiores entre fogos está em conformidade nos dois projectos em 33% dos projectos analisados. A solução construtiva para as paredes interiores entre zonas comuns está em conformidade nos dois projectos em 42% dos projectos analisados. Os pavimentos são os que pior traduzem a conformidade entre projectos, em que nos pavimentos entre fogos, apenas em 25% dos projectos analisados estão em conformidade e nos pavimentos entre zonas comuns, em apenas 17% dos projectos analisados existe conformidade.
8% 0% 0% 0% 8% 83% 67% 92% 83% 83% 8% 0% 8% 8% 0% 8% 25% 0% 0% 0% 83% 100% 92% 92% 92% 8% 8% 8% 17% 17% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Parede exteriores Entre fogos Zonas comuns Entre fogos Zonas comuns Parede exteriores Entre fogos Zonas comuns Entre fogos Zonas comuns Paredes interiores Pavimentos Paredes interiores Pavimentos Mem. Arq./ Porm. Construtivo Mem. Acúst./ Prom. Cálculo
Projecto de arquitectura Projecto de Acústica Sim Não Não se sabe
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 38 Figura 11: Conformidade entre o projecto de arquitectura e o projecto de acústica por elemento construtivo
3.2.4 Verificação da conformidade dos elementos Construtivos
O cálculo do comportamento acústico foi realizado através do software comercial “Cypevac”em 92% dos projectos analisados.
A conformidade entre o projecto de arquitectura e o projecto de comportamento acústico foi analisada com base na informação fornecida pela memória descritiva de ambos os projectos.
3.2.4.1 Paredes Exteriores
O Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios exige que as habitações verifiquem a conformidade relativamente a ruídos provenientes do exterior (sendo este o local emissor e os quartos ou zonas de estar o local receptor).
No que respeita à apresentação das soluções construtivas adoptadas para as paredes exteriores nas diferentes peças (escritas e desenhadas) dos diferentes projectos (arquitectura e acústica), verificou-se que a solução construtiva das peças escritas do projecto de arquitectura não foi apresentada em 17% dos projectos e em 75% não existe pormenores da mesma. Quanto ao projecto de acústica, verificou-se que apenas em 8% dos projectos não apresentaram soluções construtivas na memória descritiva e 100% dos projectos apresentaram pormenores construtivos do cálculo, ver figura 12.
58% 33% 42% 25% 17% 33% 25% 0% 0% 8% 8% 42% 58% 75% 75% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Parede exteriores
Entre fogos Zonas comuns Entre fogos Zonas comuns
Paredes interiores Pavimentos Projecto de Arquitectura / Projecto de Acústica
Sim Não Não se sabe
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 39 Figura 12: Apresentação das Soluções Construtivas de paredes exteriores nos diferentes projectos
Quanto à conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes exteriores, verifica-se que em apenas 8% dos projectos de arquitectura existe conformidade e em 83% não se sabe devido à falta de pormenores construtivos com informação, ver figura 13.
No projecto de acústica existe conformidade em 83% dos projectos analisados. Entre o projecto de arquitectura e acústica existe uma conformidade em 58% dos projectos, 33% dos projectos estão em não conformidade e em 8% dos projectos não se sabe devido há falta de dados para análise, ver figura 13.
Figura 13: Conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes exteriores
83% 25% 92% 100% 17% 75% 8% 0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Memória descritiva Promenores construtivos Memória descritiva Promenores construtivos do cálculo Cypevac Projecto de Arquitectura Projecto de Acústica Sim Não 8% 83% 58% 8% 8% 33% 83% 8% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
Parede exteriores Parede exteriores Parede exteriores
Mem. Arq./ Porm. Construtivo Mem. Acúst./ Prom. Cálculo Proj. Arq./ Proj. Acústica Sim Não Não se sabe
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 40
3.2.4.2 Paredes Interiores
3.2.4.2.1 Entre fogos
O RRAE exige que as habitações verifiquem a conformidade relativamente a ruídos entre fogos, entre compartimentos de um fogo (emissor) e os quartos ou zonas de estar de outro (receptor).
No que respeita à apresentação das soluções construtivas adoptadas para as paredes interiores entre fogos nas diferentes peças (escritas e desenhadas) dos diferentes projectos (arquitectura e acústica), verificou-se que a solução construtiva não foi apresentada em 50% das peças escritas do projecto de arquitectura e em 92% dos projectos de arquitectura não existem pormenores da mesma. Quanto ao projecto de acústica, verificou-se que em 17% dos projectos não apresenta soluções construtivas na memória descritiva e 100% dos projectos apresenta pormenores construtivos do cálculo, ver figura 14.
Figura 14: Apresentação das Soluções Construtivas das paredes interiores entre fogos nos diferentes projectos
Quanto à conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes interiores entre fogos, verificou-se que não existe conformidade entre as peças do projecto de arquitectura devido à falta de informação na memória descritiva e nos pormenores construtivos. No projecto de acústica existe conformidade em 67% dos projectos analisados. Entre o projecto de arquitectura e o projecto de acústica existe uma conformidade em 33% dos projectos, 25% dos projectos estão em não conformidade e 42% dos projectos não se sabe devido há falta de dados para análise, ver figura 15.
50% 8% 83% 100% 50% 92% 17% 0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Memória descritiva Promenores construtivos Memória descritiva Promenores construtivos do cálculo Cypevac Projecto de Arquitectura Projecto de Acústica Sim Não
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 41 Figura 15: Conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes interiores entre fogos
3.2.4.2.2 Entre compartimentos do mesmo fogo
O RRAE não estipula requisitos de isolamento acústico, logo não é obrigatória a verificação.
3.2.4.2.3 Zonas comuns
O RRAE exige que as habitações verifiquem a conformidade relativamente a ruídos entre zonas comuns (emissor) e os quartos ou zonas de estar (receptor).
No que respeita à apresentação das soluções construtivas adoptadas para as paredes interiores entre locais de circulação comuns e quartos ou zonas de estar nas diferentes peças (escritas e desenhadas) dos diferentes projectos (arquitectura e acústica), verificou-se que a solução construtiva nas peças escritas do projecto de arquitectura não foi apresentada em 58% dos projectos e em 92% não existem pormenores da mesma. Quanto ao projecto de acústica, verificou-se que 8% dos projectos não apresenta as soluções construtivas na memória descritiva e 100% dos projectos apresentaram pormenores construtivos do cálculo, ver figura 16.
0% 67% 33% 0% 25% 25% 100% 8% 42% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Entre fogos Entre fogos Entre fogos Mem. Arq./ Porm. Construtivo Mem. Acúst./ Prom. Cálculo Proj. Arq./ Proj. Acústica Sim Não Não se sabe
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 42 Figura 16: Apresentação das Soluções Construtivas das paredes interiores de zonas comuns nos diferentes projectos
Quanto à conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes interiores entre zonas de circulação comum e quartos ou zonas de estar, verificou-se que no projecto de arquitectura nenhum projecto está em conformidade, 8% dos projectos não estão em conformidade e em 92% dos projectos não se sabe devido à falta de informação nos projectos, sobretudo nos pormenores construtivos. No projecto de comportamento acústico 92% dos projectos analisados estão em conformidade e em 8% dos projectos não se sabe devido à falta de informação na memória descritiva.
Entre o projecto de arquitectura e o projecto de acústica, existe conformidade em 42% dos projectos e em 58% dos projectos não se sabe devido há falta de informação, ver figura 17.
Figura 17: Conformidade entre os vários projectos relativamente às paredes interiores entre zonas comuns
42% 8% 92% 100% 58% 92% 8% 0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Memória descritiva Promenores construtivos Memória descritiva Promenores construtivos do cálculo Cypevac Projecto de Arquitectura Projecto de Acústica Sim Não 0% 92% 42% 8% 0% 0% 92% 8% 58% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Zonas comuns Zonas comuns Zonas comuns Mem. Arq./ Porm. Construtivo Mem. Acúst./ Prom. Cálculo Proj. Arq./ Proj. Acústica Sim Não Não se sabe
Definição dos Aspectos para Avaliar a Qualidade de Projectos de Acústica de Edifícios de Habitação 43
3.2.4.3 Pavimentos
3.2.4.3.1 Entre fogos ou zonas comuns
O RRAE exige que as habitações verifiquem a conformidade relativamente a sons de percussão (no interior dos quartos ou zonas de estar dos fogos, provenientes de uma percussão normalizada sobre pavimentos de outros fogos ou locais de circulação comum do edifício).
No que respeita à apresentação das soluções construtivas adoptadas para pavimentos entre fogos nas diferentes peças (escritas e desenhadas) dos diferentes projectos (arquitectura e acústica), verificou-se que a solução construtiva nas peças escritas do projecto de arquitectura não foi apresentada em 83% dos projectos e em 92% não existem pormenores da mesma. Relativamente ao projecto de acústica, verificou-se que em 17% dos projectos não apresentaram soluções construtivas na memória descritiva e 100% dos projectos apresentaram pormenores construtivos do cálculo, ver figura 18.
Figura 18: Apresentação das Soluções Construtivas de pavimentos entre fogos ou zonas comuns
Quanto à conformidade entre os vários projectos, relativamente aos pavimentos entre fogos ou zonas comuns, verificou-se que no projecto de arquitectura 8% está em conformidade e em 92% dos projectos não se sabe devido à falta de informação nos projectos, sobretudo nos pormenores construtivos. No projecto de acústica existe conformidade em 83% dos projectos analisados e em 17% dos projectos não se sabe devido à falta de informação na memória descritiva. Entre o projecto de arquitectura e acústica existe conformidade em 17% dos projectos, e em 75% dos projectos não se sabe devido há falta de informação, ver figura 19.
17% 8% 83% 100% 83% 92% 17% 0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Memória descritiva Promenores construtivos Memória descritiva Promenores construtivos do cálculo Cypevac Projecto de Arquitectura Projecto de Acústica Sim Não