• Nenhum resultado encontrado

Perceção da qualidade de vida em adolescentes (10-12 anos) de ambos os géneros. Influência da aptidão física e da atividade física

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Perceção da qualidade de vida em adolescentes (10-12 anos) de ambos os géneros. Influência da aptidão física e da atividade física"

Copied!
134
0
0

Texto

(1)

Os estudos que examinam a influência das componentes da aptidão física e da atividade física na qualidade de vida de adolescentes são ainda limitados na literatura, restringindo-se muitos deles ao uso do índice de massa corporal e à análise destas variáveis em indivíduos portadores de patologias específicas. A presente investigação procurou examinar o peso relativo da aptidão física e da atividade física na variação da qualidade de vida de raparigas e rapazes de 10-12 anos, nas suas distintas dimensões (bem-estar físico, bem-estar psicológico, autonomia e relação com os pais, suporte social/grupo de pares e ambiente escolar). Foi também examinado o nível de associação e as diferenças de perceção de qualidade de vida dos adolescentes e dos seus pais/cuidadores em relação aos primeiros.

A amostra incluiu 83 rapazes e 84 raparigas. Os questionários Kidscreen 27 e de Baecke foram utilizados, respetivamente, na avaliação da qualidade de vida e da atividade física habitual. O índice de massa corporal (kg/m2) foi classificado de acordo com os critérios definidos por Cole et al (2000) e o perímetro da cintura foi classificado de acordo com os critérios estabelecidos pelo International Diabetes Federation (2007). Os testes do FitnessGram (vaivém, senta e alcança, e abdominais) foram empregues na apreciação da aptidão aeróbia e muscular e a análise estatística incluiu testes t para amostras independentes e análises de regressão múltipla stepwise. Foi considerado um grau de significância estatística de 5%.

A maioria da amostra revelou a ausência de excesso de peso (84,4%) e de adiposidade central elevada (97%), expondo as raparigas, comparativamente aos rapazes, menores níveis de atividade física e um desempenho inferior nos testes vaivém (-12,63 percursos) e de apreciação da força e resistência abdominal (-5,98 repetições). Por outro lado as raparigas apresentam melhores níveis de flexibilidade inferior em comparação com os rapazes. A investigação evidenciou que a adiposidade central não influencia a qualidade de vida dos adolescentes, mas os rapazes mais gordos apresentam um comprometimento das dimensões suporte social/grupo de pares, bem-estar psicológico e bem-estar físico. A atividade física revelou-se o preditor mais importante na variação dos vários itens da qualidade de vida em ambos os géneros, com particular ênfase no masculino, onde para além do bem-estar físico e do ambiente escolar, sobressai a influência no bem-estar-psicológico e na autonomia e relação com os pais. Os adolescentes com melhores níveis de aptidão aeróbia apresentaram um menor bem-estar psicológico, sendo esta dimensão da qualidade de vida nos rapazes influenciada

(2)

autonomia e relação com os pais. O estudo apontou ainda correlações positivas e significativas entre a perceção da qualidade de vida dos adolescentes e dos pais/cuidadores em relação aos primeiros, particularmente em relação ao bem-estar físico e psicológico, com diferenças mais vincadas nos rapazes.

Os resultados emanados da presente investigação salientam a importância da prática de atividade física na qualidade de vida dos adolescentes e do controlo dos níveis de adiposidade nos rapazes. Nas idades consideradas, a aptidão aeróbia nos dois géneros e os níveis de força e resistência abdominal nos rapazes exibem uma relação inversa com o bem-estar psicológico. As diferenças de perceção da qualidade de vida entre pais/cuidadores e filhos são mais evidentes no género masculino.

(3)

The studies that examine the influence of the components of physical fitness and the physical activity on the adolescent´s quality of life are still limited on literature, most of them restricted to the use of corporal mass indices and to the analysis of these variables in people porter of specific pathologies. The present investigation looked to examine the weight corresponded of physical fitness and the physical activity on the variation the quality of life on girls and boys of 10 - 12 ages in the different dimensions (physical well-being, psychological well-being, autonomy and parent relations, social support and peers, and school environment). It was also examined the level of association and the differences of quality of life’s perception from the adolescents and from their parents/diligent in connexion to the firsts mentioned.

The sample included 83 boys and 84 girls. The Kidscreen-27 and the Baecke questionnaires have been used, respectively, on the valuation of life´s quality and the usual physical activity. The body mass index (kg/m2) was classified according with the criterions established for Cole et al (2000) and the waist circumference was classified according with the criterions established by International Diabetes Federation (2007). The FitnessGram tests (20-m suttle run test, sit and reach, and abdominals test) were engaged on the appreciation of aerobic and muscular fitness and the statistical analysis included t tests for independent samples and to analysis of multiple stepwise regression. It was considered a significance statistic grade of 5%.

The sample majority has revealed the absence of excess of weight (84,4%) and absence of high central fatness (97%), exposing girls comparatively with boys, lowers physical activity levels and a lower performance (p≤0,05) in the coming and going tests (-12,63 courses) and of force and abdominal resistance appreciation (-5,98 repetitions). Furthermore the girls have better levels of lower flexibility compared with boys. The investigation has evidenced that the central fatness does not influence the adolescents´ quality of life, but the fatter boys presents an engagement on the dimensions social support and peers, psychological well-being and physical well-being. Physical activity has revealed as the most important predictor on the variation of various quality of life items in both sorts, with particular emphasis in the masculine sort, where beyond the physical well-being and the school environment, the influence is standing out the psychological well-being and autonomy and parent relations. The adolescents with better aerobic fitness levels exhibits a lower psychological well-being, being

(4)

resistance. Girls more flexible exhibited a better autonomy and parent relations. The study pointed too out positive and significative correlations between the quality of life´s perception of the adolescents and the parents/diligent related with the firsts, particularly in connexion to the physical and psychological well-being, with more emphasis in boys.

The results emanated from the present investigation point out the importance on physical activity practice on adolescents´ quality of life and the fatness levels control on boys. On the considered ages, the aerobic fitness in both sorts (boys and girls) and the levels of force and abdominal resistance in boys exhibit an inverse relation with psychological well-being.

The differences on quality of life perception between parents/diligents and Childs are more obvious in masculine sort.

(5)

PERCEÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM ADOLESCENTES

(10-12 ANOS) DE AMBOS OS GÉNEROS. INFLUÊNCIA DA

APTIDÃO FÍSICA E DA ATIVIDADE FÍSICA.

Dissertação de Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

Joana Margarida Costa dos Santos

Orientadora: Professora Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

(6)

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS

ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

PERCEÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM ADOLESCENTES (10-12

ANOS) DE AMBOS OS GÉNEROS. INFLUÊNCIA DA APTIDÃO

FÍSICA E DA ATIVIDADE FÍSICA

JOANA MARGARIDA COSTA DOS SANTOS

Orientadora: Professora Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

(7)

Dissertação apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2º Ciclo de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação da Professora Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

(8)
(9)

Aos meus pais, por tudo o que fizeram por mim. Aos meus irmãos, Paulo, Vítor e Nica, por terem acreditado em mim.

(10)
(11)

AGRADECIMENTOS

Esta dissertação é o colmatar de muito esforço e dedicação, e termina com um processo de aprendizagem, que sem a ajuda de algumas pessoas teria sido bem mais difícil. A todas essas pessoas, eu agradeço pelo apoio na realização desta dissertação.

À Professora Doutora MARIA HELENA RODRIGUES MOREIRA, por ter aceitado ser minha orientadora, por todo o tempo disponibilizado, pelos ensinamentos transmitidos, pela paciência e pela confiança transmitida.

À ESCOLA SECUNDÁRIA MORGADO DE MATEUS e ESCOLA BÁSICA 2/3 MONSENHOR JERÓNIMO DO AMARAL – VILA REAL e aos professores ELSA, ARTUR e HELENA que participaram nesta recolha de dados e disponibilizaram as suas turmas para tal. Um agradecimento especial aos ALUNOS e as ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO.

À grandiosa academia, UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO, pelos meios disponibilizados para a recolha dos dados e por todos os conhecimentos transmitidos.

A toda a minha família, especialmente aos meus PAIS, IRMÃOS, PRIMA, CUNHADAS, SOBRINHOS, TIOS e especialmente ao meu afilhado GONÇALO, pelo apoio, confiança, carinho, respeito, amizade, dedicação e esperança que sempre me transmitiram ao longo desta fase decisiva e importante da minha vida. Espero que nunca vos desiluda e que tenham muito orgulho em mim.

À PATRÍCIA, TÂNIA e NICOLLINI pela amizade criada ao longo destes anos.

E a TODOS que direta ou indiretamente contribuíram para a concretização deste sonho.

(12)

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... vii

ÍNDICE GERAL ... viii

ÍNDICE DE QUADROS ... xi

ÍNDICE DE FIGURAS ... xii

RESUMO ... xiiiii

ABSTRACT ... xv

LISTA DE ABREVIATURAS ... xvii

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL ... 1

1.1. Introdução ... 2

1.2. Enquadramento e definição do problema ... 3

1.3. Pressupostos e limitações ... 4

1.4. Definições Operacionais... 5

1.5. Lacunas na Literatura e Significado do Estudo ... 7

1.6. Hipóteses ... 8

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA ... 9

2.1. Introdução ... 10

2.2. Conceito de aptidão física ... 10

2.2.1. Aptidão muscular ... 11

2.2.1.1. Conceito de aptidão muscular ... 12

2.2.1.2. Força e resistência muscular ... 12

2.2.1.3. Flexibilidade ... 13

2.2.1.4. Evolução da massa muscular, da força muscular e da flexibilidade em adolescentes ... 13

2.2.1.5. Vantagens e limitações associadas à aplicação dos Testes do Fitnessgram para avaliação da aptidão muscular ... 15

2.2.2. Aptidão aeróbia ... 16

2.2.2.1. Conceito de aptidão aeróbia ... 16

2.2.2.2. Evolução da aptidão aeróbia nos adolescentes... 17

2.2.2.3. Vantagens e limitações associadas à aplicação do Teste do Vaivém... 18

2.2.3. Composição corporal ... 18

2.2.3.1. Índice de massa corporal ... 19

(13)

2.2.3.3. Evolução do índice de massa corporal e do perímetro da cintura em

adolescentes ... 20

2.2.3.4. Vantagens e limitações associadas à aplicação do Índice de massa corporal e perímetro da cintura... 22

2.3. Qualidade de vida em adolescentes ... 22

2.3.1. Instrumento de avaliação da qualidade de vida relacionada com a saúde – Questionário KIDSCREEN ... 23

2.3.1.1. Características do Kidscreen 27 ... 24

2.3.1.2. Vantagens e desvantagens da utilização do Kidscreen-27 ... 26

2.4. Atividade física em adolescentes ... 27

2.4.1. Conceito de atividade física ... 27

2.4.2. Atividade física versus aulas de Educação Física ... 28

2.4.3. Avaliação da atividade física habitual ... 29

2.4.4. Benefícios e recomendações de atividade física em adolescentes ... 29

CAPÍTULO III – METODOLOGIA ... 32

3.1. Amostra ... 343

3.2. Aptidão física relacionada à saúde ... 394

3.2.1. Composição corporal (antropometria)... Erro! Marcador não definido.4 3.2.2. Aptidão Aeróbia ... Erro! Marcador não definido.6 3.2.3. Aptidão Muscular ... Erro! Marcador não definido.7 3.3. Atividade Física Habitual ... Erro! Marcador não definido.9 3.4. Qualidade de vida relacionada à saúde ... 40

3.5. Análise estatística ... 40

CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 42

CAPÍTULO V – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 52

5.1. Qualidade de vida na adolescência (10-12 anos): diferença na perceção da mesma entre filhos e pais/cuidadores ... 53

5.2. Composição corporal e qualidade de vida (10-12 anos) ... 54

5.3. Aptidão aeróbia e qualidade de vida (10-12 anos) ... 55

5.4. Aptidão muscular e qualidade de vida (10-12 anos) ... 56

5.5. Atividade física e qualidade de vida (10-12 anos) ... 58

5.6. Estratégias de melhoria da qualidade de vida dos adolescentes (10-12 anos) em função da atividade física e da aptidão física ... 59

(14)

CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES ... 61

CAPÍTULO VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 63

CAPÍTULO VIII – ANEXOS ... 81

ANEXO 1 - PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO AOS DIRETORES DAS ESCOLAS ... 82

ANEXO 2 - FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO ... 85

ANEXO 3 - Baecke Questionnaire of Habitual Physical Activity (BQHPA) ... 87

ANEXO 4 - FICHA DE REGISTO – TESTE DO VAIVÉM ... 93

ANEXO 5 - AQUECIMENTO ... 95

ANEXO 6 - GRELHAS DE REGISTO DA AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E DA APTIDÃO MUSCULAR ... 97

ANEXO 7 - QUESTIONÁRIO KIDSCREEN 27 – VERSÃO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ... 100

ANEXO 8 - QUESTIONÁRIO KIDSCREEN 27 – VERSÃO PARA PAIS ... 106

(15)

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 3.1 – Amostra avaliada em 2010-2011 e elementos da mesma avaliadas em

2011-2012 ... 33

Quadro 3.2 – Classificação do excesso de peso aceitável e patológico (obesidade) com base na utilização do índice de massa corporal (IMC) e dos critérios estabelecidos por Cole et al. (2000) ... 35

Quadro 3.3 – Classificação do perímetro da cintura de acordo com os critérios da International Diabetes Federation (2007) ... 35

Quadro 3.4 – Erros técnicos das medidas obtidas numa subamostra de 8 adolescentes (10-12 anos: 4 raparigas e 4 rapazes) ... 36

Quadro 3.5 – Valores de aptidão aeróbia para a zona saudável de aptidão física (NES, 2002)37 Quadro 3.6 – Valores de aptidão muscular para a zona saudável de aptidão física (NES, 2002) ... 38

Quadro 4.1 – Análise descritiva da amostra em relação à idade, atividade física e aptidão física relacionada à saúde. Valores médios e desvio padrão (DP) em ambos os géneros e comparação dos valores médios indicados para cada variável... 43

Quadro 4.2 – Classificação dos parâmetros antropométricos, índice de massa corporal e perímetro da cintura... 43

Quadro 4.3 – Classificação do desempenho das raparigas e dos rapazes nos testes senta e alcança, abdominais e vaivém, de acordo com os valores normativos estabelecidos para as idades consideradas neste estudo ... 45

Quadro 4.4 – Perceção da qualidade de vida entre filhos e pais/cuidadores em cada um dos géneros ... 46

Quadro 4.5 – Perceção da qualidade de vida entre filhos e pais/cuidadores por idades no género feminino ... 47

Quadro 4.6 – Perceção da qualidade de vida entre filhos e pais/cuidadores por idades no género masculino ... 48

Quadro 4.7 – Correlação das variáveis em ambos os géneros ... 49

Quadro 4.8 – Regressões multivariadas desenvolvidas nas raparigas ... 50

(16)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 – Fatores que influenciam a aptidão física (adaptado de Pangrazi & Corbin, 2008 in Welk & Meredith, 2008) ... 11 Figura 2.2 – Composição dos itens e dimensões das versões 52 e 27 do questionário Kidscreen (Berra et al., 2009) ... 26 Figura 2.3 – Recomendações do tipo de atividade física para crianças e adolescentes (Moreno et al., 2012) ... 30 Figura 3.1 – Número de elementos do total da amostra por idade e em função do género .... 34

(17)

RESUMO

Os estudos que examinam a influência das componentes da aptidão física e da atividade física na qualidade de vida de adolescentes são ainda limitados na literatura, restringindo-se muitos deles ao uso do índice de massa corporal e à análise destas variáveis em indivíduos portadores de patologias específicas. A presente investigação procurou examinar o peso relativo da aptidão física e da atividade física na variação da qualidade de vida de raparigas e rapazes de 10-12 anos, nas suas distintas dimensões (bem-estar físico, bem-estar psicológico, autonomia e relação com os pais, suporte social/grupo de pares e ambiente escolar). Foi também examinado o nível de associação e as diferenças de perceção de qualidade de vida dos adolescentes e dos seus pais/cuidadores em relação aos primeiros.

A amostra incluiu 83 rapazes e 84 raparigas. Os questionários Kidscreen 27 e de Baecke foram utilizados, respetivamente, na avaliação da qualidade de vida e da atividade física habitual. O índice de massa corporal (kg/m2) foi classificado de acordo com os critérios definidos por Cole et al (2000) e o perímetro da cintura foi classificado de acordo com os critérios estabelecidos pelo International Diabetes Federation (2007). Os testes do FitnessGram (vaivém, senta e alcança, e abdominais) foram empregues na apreciação da aptidão aeróbia e muscular e a análise estatística incluiu testes t para amostras independentes e análises de regressão múltipla stepwise. Foi considerado um grau de significância estatística de 5%.

A maioria da amostra revelou a ausência de excesso de peso (84,4%) e de adiposidade central elevada (97%), expondo as raparigas, comparativamente aos rapazes, menores níveis de atividade física e um desempenho inferior nos testes vaivém (-12,63 percursos) e de apreciação da força e resistência abdominal (-5,98 repetições). Por outro lado as raparigas apresentam melhores níveis de flexibilidade inferior em comparação com os rapazes. A investigação evidenciou que a adiposidade central não influencia a qualidade de vida dos adolescentes, mas os rapazes mais gordos apresentam um comprometimento das dimensões suporte social/grupo de pares, bem-estar psicológico e bem-estar físico. A atividade física revelou-se o preditor mais importante na variação dos vários itens da qualidade de vida em ambos os géneros, com particular ênfase no masculino, onde para além do bem-estar físico e do ambiente escolar, sobressai a influência no bem-estar-psicológico e na autonomia e relação com os pais. Os adolescentes com melhores níveis de aptidão aeróbia apresentaram um menor bem-estar psicológico, sendo esta dimensão da qualidade de vida nos rapazes influenciada

(18)

também pela força e resistência abdominal. As raparigas mais flexíveis exibiram uma melhor autonomia e relação com os pais. O estudo apontou ainda correlações positivas e significativas entre a perceção da qualidade de vida dos adolescentes e dos pais/cuidadores em relação aos primeiros, particularmente em relação ao bem-estar físico e psicológico, com diferenças mais vincadas nos rapazes.

Os resultados emanados da presente investigação salientam a importância da prática de atividade física na qualidade de vida dos adolescentes e do controlo dos níveis de adiposidade nos rapazes. Nas idades consideradas, a aptidão aeróbia nos dois géneros e os níveis de força e resistência abdominal nos rapazes exibem uma relação inversa com o bem-estar psicológico. As diferenças de perceção da qualidade de vida entre pais/cuidadores e filhos são mais evidentes no género masculino.

(19)

ABSTRACT

The studies that examine the influence of the components of physical fitness and the physical activity on the adolescent´s quality of life are still limited on literature, most of them restricted to the use of corporal mass indices and to the analysis of these variables in people porter of specific pathologies. The present investigation looked to examine the weight corresponded of physical fitness and the physical activity on the variation the quality of life on girls and boys of 10 - 12 ages in the different dimensions (physical well-being, psychological well-being, autonomy and parent relations, social support and peers, and school environment). It was also examined the level of association and the differences of quality of life’s perception from the adolescents and from their parents/diligent in connexion to the firsts mentioned.

The sample included 83 boys and 84 girls. The Kidscreen-27 and the Baecke questionnaires have been used, respectively, on the valuation of life´s quality and the usual physical activity. The body mass index (kg/m2) was classified according with the criterions established for Cole et al (2000) and the waist circumference was classified according with the criterions established by International Diabetes Federation (2007). The FitnessGramtests (20-m suttle run test, sit and reach, and abdominals test) were engaged on the appreciation of aerobic and muscular fitness and the statistical analysis included t tests for independent samples and to analysis of multiple stepwise regression. It was considered a significance statistic grade of 5%.

The sample majority has revealed the absence of excess of weight (84,4%) and absence of high central fatness (97%), exposing girls comparatively with boys, lowers physical activity levels and a lower performance (p≤0,05) in the coming and going tests (-12,63 courses) and of force and abdominal resistance appreciation (-5,98 repetitions). Furthermore the girls have better levels of lower flexibility compared with boys. The investigation has evidenced that the central fatness does not influence the adolescents´ quality of life, but the fatter boys presents an engagement on the dimensions social support and peers, psychological well-being and physical well-being. Physical activity has revealed as the most important predictor on the variation of various quality of life items in both sorts, with particular emphasis in the masculine sort, where beyond the physical well-being and the school environment, the influence is standing out the psychological well-being and autonomy and parent relations. The adolescents with better aerobic fitness levels exhibits a lower psychological well-being, being

(20)

this dimension of quality of life on boys influenced also by the force and abdominal resistance. Girls more flexible exhibited a better autonomy and parent relations. The study pointed too out positive and significative correlations between the quality of life´s perception of the adolescents and the parents/diligent related with the firsts, particularly in connexion to the physical and psychological well-being, with more emphasis in boys.

The results emanated from the present investigation point out the importance on physical activity practice on adolescents´ quality of life and the fatness levels control on boys. On the considered ages, the aerobic fitness in both sorts (boys and girls) and the levels of force and abdominal resistance in boys exhibit an inverse relation with psychological well-being.

The differences on quality of life perception between parents/diligents and Childs are more obvious in masculine sort.

(21)

LISTA DE ABREVIATURAS

AF Atividade física

AFD Atividade física desportiva AFE Atividade física escolar AFH Atividade física habitual AFL Atividade física de lazer

BQHPA Baecke Questionnaire of Habitual Physical Activity

cm Centímetros

DP Desvio padrão

EF Educação física

IMC Índice de massa corporal

IOTF International Obesity Task Force

kg Quilograma

m Metro

MG Massa gorda

MIG Massa isenta de gordura

mm Milímetro

NES Núcleo de Exercício e Saúde

PC Perímetro da cintura

QV Qualidade de vida

QVRS Qualidade de vida relacionada com a saúde VO2máx Consumo máximo de oxigénio

(22)
(23)

1.1. Introdução

A adolescência espelha importantes mudanças a nível físico, cognitivo, social e psicológico, que decorrem entre a infância e a adolescência (Papalia, Olds, & Feldman, 2001; Rodríguez et al., 2004). Iniciando-se aos 10 anos e prolongando-se até aos 19 anos de idade (World Health Organization [WHO], 2010), é na fase da adolescência que os jovens sentem a necessidade de desenvolver relações intimas, de descobrir a sua sexualidade, de se afirmarem perante os seus pares e de ganharem alguma autonomia relativamente aos seus pais/cuidadores (Frisén, 2007).

A adolescência não deve ser confundida com puberdade, refletindo esta última a capacidade de gerar filhos e em que são observadas mudanças como o crescimento dos pelos púbicos e o desenvolvimento dos órgãos sexuais, atingindo a maturidade sexual, sendo que nas raparigas, a puberdade inicia-se por volta dos 9-13 anos enquanto, nos rapazes, o seu aparecimento acontece entre os 10 e os 14 anos (Papalia et al., 2001).

A adolescência reflete uma fase de desenvolvimento fundamental para a prevenção de doenças cardiovasculares e de outras patologias associadas a um estilo de vida sedentário (Martínez-Viszcaíno & Sánchez-López, 2008), condicionando a prática de atividade física (AF) no estado adulto (Aires, 2009). Vários fatores contribuem para o engrandecimento do sedentarismo nestas idades, entre os quais se incluem a presença de um tempo de permanência elevado a ver televisão ou a utilizar o computador, o pouco tempo destinado à educação física (EF) no currículo escolar, a pouca disponibilidade dos pais para acompanharem os filhos nas brincadeiras ao ar livre e/ou a existência de níveis de AF limitados nos primeiros (Zaher et al., 2006).

Segundo Klein-Platat et al. (2005) a adoção de um estilo de vida pouco ativo afigura-se como a principal causa de obesidade em todo o mundo, afetando a saúde física e psicológica dos adolescentes, e espelhando-se com alguma frequência em distúrbios alimentares, depressão e isolamento social (Frisén, 2007). A puberdade constitui um período crítico para o aumento do número e do tamanho dos adipócitos e a redução da AF associada ao aumento da adiposidade visceral, gerando um aumento do risco metabólico e cardiovascular do adolescente (Malina, Bouchard, & Bar-Or, 2004).

A redução dos níveis de AF na adolescência condiciona a aptidão aeróbia e muscular dos jovens, em particular nas raparigas. A promoção de um estilo de vida mais ativo nestes melhora a aptidão aeróbia, refletindo-se positivamente nas várias componentes da massa corporal, como é o caso da massa gorda (MG) e da massa isenta de gordura (MIG), no

(24)

aumento da autoestima (Hallal, Victora, Azevedo, & Wells, 2006) e no abatimento dos estados depressivos nestas idades (Palou, Vidal, Ponseti, Cantallops, & Borràs, 2012). A presença de uma melhor condição muscular confere maiores capacidades de controlo do peso e a aquisição de picos de massa óssea mais salientes entre os 25 e os 30 anos (Ortega, Ruiz, Castillo, & Sjöström, 2008).

É sabido que níveis moderados e elevados de aptidão física relacionada com a saúde desempenham uma inquestionável mais-valia na qualidade de vida (QV) das crianças e adolescentes (Lopes, Maia, Silva, Seabra, & Morais, 2004). Entende-se por QV o grau de bem-estar sentido por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos, agregando várias componentes, de entre as quais se destacam as de natureza física (saúde, alimentação, etc.) e psicológica, abrangendo estas últimas estados emocionais positivos ou negativos (Ruiz et al., 2009).

1.2. Enquadramento e definição do problema

A atividade física habitual (AFH) apresenta diversos benefícios para a saúde tais como prevenção de doenças cardiovasculares, da síndrome metabólica ou da diabetes mellitus tipo II (Golbidi & Laher, 2012; Hallal et al., 2006; Hind & Burrows, 2007), constituindo um instrumento crucial na melhoria das várias componentes da aptidão física e no bem-estar físico e psicológico dos adolescentes (WHO, 2004). Apesar de todos esses benefícios, a AF tem uma forte influência não só no desenvolvimento e crescimento das crianças e dos adolescentes, como também a falta de AF durante esta fase contribui para o excesso de peso e obesidade (Hills, King, & Armstrong, 2007).

Um estudo realizado a nível europeu no ano de 2005/2006 em 36 países da Europa demonstrou que Portugal apresentava uma taxa de excesso de peso e de obesidade pediátrica de 25% e 22%, nos rapazes e nas raparigas respetivamente, revelando a terceira taxa mais elevada da Europa no género masculino e a segunda mais acentuada no género feminino (WHO, 2009). De acordo com este estudo, os rapazes europeus apresentavam uma taxa mais elevada em comparação com as raparigas, com a exceção para a Holanda, Dinamarca, França e Reino Unido (País de Gales) em que a taxa de sobrecarga ponderal era mais pronunciada no género feminino (WHO, 2009). Já num estudo realizado por Sardinha et al. (2010), a taxa de crianças e adolescentes com excesso de peso e obesidade era de 32,7% e 30,7%, nas raparigas e nos rapazes respetivamente, aumentando cerca de 10,7% nas raparigas e 5,7% nos rapazes,

(25)

em comparação com os dados recolhidos em 2005/2006, tendo como referência os critérios estabelecidos pela WHO.

A escolha deste tema para a dissertação de mestrado prendeu-se não só pelo gosto e interesse pessoal relativamente a esta temática como também pelo facto da AF e da aptidão física relacionada com a saúde em adolescentes ser uma área de acentuada importância para os profissionais que atuam no domínio das Ciências do Desporto. A focalização da pesquisa nos 10-12 anos apontou para a continuidade da investigação encetada no ano anterior, com outras colegas de mestrado orientadas pela mesma supervisora científica, procurando-se explorar novos relacionamentos entre as variáveis e aumentar o número de elementos da amostra para cada idade.

Da pesquisa de literatura que realizámos sobressai a existência de um número limitado de estudos (De Beer et al., 2007; Janssen & LeBlanc, 2010; Ottova, Erhart, Rajmil, Dettenborn-Betz, & Ravens-Sieberer, 2012; Palou et al., 2012; Riazi, Shakoor, Dundas, Eiser, & McKenzie, 2010; Schwimmer, Burwinkle, & Varni, 2003; Swallen, Reither, Haas, & Meier, 2005; Tsiros et al., 2009) que examinem, nestas idades, a influência da AF e das componentes da aptidão física na variação das distintas dimensões da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). A presente investigação teve como objetivos: (a) analisar, em ambos os géneros, a associação entre a perceção da QV dos adolescentes e a perceção da QV dos pais/cuidadores em relação aos primeiros, nas dimensões de bem-estar físico, bem-estar psicológico, autonomia e relação com os pais, suporte social/grupo de pares e ambiente escolar e; (b) examinar o peso relativo da adiposidade total e central, da AFH e da aptidão aeróbia e muscular (força e resistência abdominal e flexibilidade inferior) na variação das várias dimensões da QV.

1.3. Pressupostos e limitações

A realização deste estudo obedeceu ao cumprimento de determinados critérios, entre os quais salientamos: (a) os elementos da amostra possuírem idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos (do 5º ano ao 7º ano); (b) os horários das aulas de EF coincidirem com o horário disponível da investigadora; (c) a recetividade do docente de EF e da escola em colaborarem na realização da investigação e; (d) o interesse dos alunos e dos pais/cuidadores em participarem na pesquisa.

(26)

Depois de todos estes critérios cumpridos, os encarregados de educação dos alunos foram informados sobre os objetivos e os procedimentos da investigação. No que diz respeito aos docentes da disciplina de EF, estes tiveram acesso, antecipadamente, aos protocolos de avaliação, CD com cadência dos testes e grelhas de registo dos dados. Nos testes de aptidão aeróbia e muscular, foram necessárias duas aulas para os alunos se familiarizarem com os testes e com a cadência exigida para a realização dos mesmos.

Para ser garantido o rigor das avaliações antropométricas, os avaliadores envolvidos no projeto foram previamente treinados com supervisão especializada. Foi impossível a realização das referidas avaliações com os alunos em jejum, já que as mesmas decorreram no horário da disciplina de EF.

Tendo a aplicação do teste de Vaivém decorrido no pavilhão das escolas, algumas vezes com o funcionamento simultâneo de outras aulas de EF, o barulho existente no mesmo dificultou, em algumas ocasiões, a boa audição do CD com a cadência dos testes. No que diz respeito ao cumprimento dos protocolo destes por parte dos alunos do 5º ano de escolaridade, sentimos necessidade, por vezes, de repetir a sua explicação e os exemplificar mais do que uma vez, para que os mesmos pudessem ser melhor compreendidos por parte destes alunos.

1.4. Definições Operacionais

Adolescente – Refere-se a rapazes e raparigas jovens entre os 10 e 19 anos de idade (WHO, 2010).

Atividade Física – Qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos e que resulta num aumento substancial de gasto de energia, em comparação com o gasto energético em repouso (Caspersen, Powell, & Christenson, 1985).

Aptidão Física – Capacidade do indivíduo em realizar atividades diárias sem fadiga excessiva e com o menor esforço possível, tendo energia suficiente armazenada para a realização de atividades de lazer (Caspersen et al., 1985).

Aptidão Aeróbia – Componente mais valorizada da aptidão física relacionada à saúde, refletindo a capacidade global dos sistemas cardiovascular, respiratório e muscular para captar, transportar e utilizar oxigénio durante o exercício e a atividade física, bem como a

(27)

capacidade de realizar exercícios prolongados fatigantes (NES, 2002; Ortega et al., 2008; Ruiz et al., 2006a; Ruiz et al., 2008).

Aptidão Muscular – É a capacidade de desenvolver o sistema músculo-esquelético, em relação à força, resistência e flexibilidade dos nossos músculos (NES, 2002).

Atividade Física Escolar – Dimensão da atividade física habitual que abrange todas as atividades físicas realizadas diariamente pelo individuo no ambiente escolar (Guedes, Lopes, Guedes, & Stanganelli, 2006).

Atividade Física de Lazer – Dimensão da atividade física habitual que pretende obter informações sobre as atividades desenvolvidas nos tempos livres e a maneira de deslocamento do indivíduo (Guedes et al., 2006).

Atividade Física Desportiva – Dimensão da atividade física habitual que pretende reunir indicações relativamente às atividades físicas desportivas, a práticas de lazer ativas e a programas de exercício físico (Guedes et al., 2006).

Índice de Massa Corporal – Parâmetro antropométrico obtido pela divisão do peso (kg) pelo quadrado da altura, expresso em metros (Eisenmann, 2007; Pratesi, Paternostro, Tani, Sassoli, & Cappellini, 2012).

Perímetro da Cintura – Medida antropométrica muito correlacionada com a adiposidade intra-abdominal (Rodriguez et al, 2004).

Composição Corporal – Refere-se aos componentes que constituem a massa corporal, sendo eles os músculos, ossos, gordura, órgãos, pele e tecido nervoso (Going, Lohman & Falls in Welk & Meredith, 2008)

Qualidade de Vida – Grau de bem-estar sentido por um indivíduo ou por um grupo de sujeitos (Ruiz et al., 2009).

(28)

Qualidade de vida relacionada à saúde – Estado físico e psicológico que orienta a relação do indivíduo com a sociedade e a forma de como o mesmo realiza as várias tarefas do dia-a-dia (Gaspar & Matos, 2008; Gaspar, Matos, Ribeiro, & Leal, 2005).

Obesidade – Acumulação excessiva de adiposidade (Morimoto et al., 2007b).

Bem-estar físico – Dimensão da qualidade de vida relacionada à saúde que avalia o nível de prática de atividade física, energia e resistência da criança/adolescente, assim como a perceção sobre o seu estado de saúde (Gaspar & Matos, 2008).

Bem-estar psicológico – Dimensão da qualidade de vida relacionada à saúde que examina as emoções positivas, a satisfação com a vida, bem como os sentimentos de tristeza e solidão (Gaspar & Matos, 2008).

Autonomia e relação com os pais – Dimensão da qualidade de vida relacionada à saúde que avalia a qualidade da interação da criança/adolescente com os seus pais ou cuidadores, bem como a forma como esta se sente amada e apoiada pela família (Gaspar & Matos, 2008).

Suporte social/grupo de pares – Dimensão da qualidade de vida relacionada à saúde que considera as relações sociais e os amigos, avaliando a atributo das interações entre a criança/adolescente e os demais e o apoio social entendido (Gaspar & Matos, 2008).

Ambiente escolar – Dimensão da qualidade de vida relacionada à saúde que examina a perceção que a criança/adolescente tem das suas capacidades cognitivas, de aprendizagem e concentração, bem como dos sentimentos relativos à escola e à relação com os professores (Gaspar & Matos, 2008).

1.5. Lacunas na Literatura e Significado do Estudo

Pretendemos com esta dissertação de mestrado contribuir para a consecução de material científico de alguma particularidade, já que se trata de uma temática pouco estudada na população pediátrica portuguesa entre os 10 e os 12 anos (Gaspar & Matos, 2008). De salientar também que um importante número de estudos sobre a QVRS dos adolescentes se

(29)

reportam à presença de determinadas patologias (Byström, Hollén, Fälth-Magnusson, & Johansson, 2012; Garwood et al., 2012; Lundberg, Lindh, Eriksson, Petersen, & Eurenius, 2012; Molina et al., 2012; Vetter, Bridgewater, & McGwin Jr, 2012).

Por último, salientamos o número restrito de estudos que examinam a influência das componentes da aptidão física e da AFH na variação dos vários itens da QV em adolescentes através do questionário Kidscreen-27, centrando-se a sua maioria na relação do índice de massa corporal (IMC) com a QV destes (De Beer et al., 2007; Ottova et al., 2012; Riazi et al., 2010; Schwimmer et al., 2003; Swallen et al., 2005).

1.6. Hipóteses

Tendo como linha orientadora os objetivos anteriormente descritos, as hipóteses examinadas no nosso estudo foram as seguintes:

H1 – Não existem diferenças significativas na perceção da qualidade de vida entre filhos e pais/cuidadores, para as distintas dimensões desta (bem-estar físico, bem-estar psicológico, relacionamento com os pais, suporte social/grupo de pares e ambiente escolar).

H2 – A atividade física e as componentes da aptidão física relacionadas à saúde não influenciam significativamente a relação com os pais em ambos os géneros.

H3 – A atividade física habitual e o índice de massa corporal não influenciam significativamente a dimensão suporte social e a dimensão bem-estar físico em ambos os géneros.

H4 – A aptidão aeróbia e muscular não afetam a variação das dimensões ambiente escolar e bem-estar psicológico em raparigas e rapazes.

(30)
(31)

2.1. Introdução

A infância e a adolescência são períodos em que ocorrem acentuadas mudanças a nível físico, fisiológico, psicológico e social com grandes repercussões na QV de crianças e adolescentes (Frisén, 2007), mesmo numa idade mais avançada (Ortega et al., 2008). Diversos estudos indicam que a prática de AF regular e o consequente aumento da aptidão física estão relacionados a uma menor mortalidade e a uma melhor QVRS na vida adulta (Fernandes et al., 2011). Durante esta fase da vida, a realização de AF regular diminui em relação à fase anterior (infância) e como a AF influencia a QVRS, esta diminui também (Frisén, 2007; Ravens-Sieberer et al., 2007).

O texto que a seguir é apresentado foi elaborado com base nas hipóteses de estudo definidas para a pesquisa e assenta fundamentalmente em artigos científicos da área. Nele é realizado um enquadramento teórico sobre as distintas componentes da aptidão física relacionadas à saúde (aptidão muscular, aptidão aeróbia e composição corporal), QV, AFH, sendo apresentadas também algumas das recomendações de AF para a população adolescente dos 10-12 anos.

2.2. Conceito de aptidão física

A aptidão física é definida pela capacidade do indivíduo em realizar atividades diárias sem fadiga excessiva e com o menor esforço possível. Ela reflete um conjunto de atributos que o indivíduo possui e desenvolve, relacionados nomeadamente com a sua capacidade de realizar AF (Caspersen et al., 1985; Martínez-Viszcaíno & Sánchez-López, 2008).

O desenvolvimento de programas de AF orientados para a melhoria das várias componentes da aptidão física relacionada à saúde em adolescentes revela-se de extrema importância na promoção da saúde e de estilos de vida mais ativos (Ardoy et al., 2011; Verloigne et al., 2012).

A aptidão física está interligada a quase todos os sistemas do corpo (Figura 2.1), entre eles o músculo-esquelético, o cardiovascular e o endócrino (Castillo, Ortega, & Ruiz, 2005; Martínez-Viszcaíno & Sánchez-López, 2008; Ortega et al., 2008) e é influenciada por fatores genéticos e ambientais (Freedson, Kirk, & Heath, 2000; Martínez-Viszcaíno &

(32)

Sánchez-López, 2008; Ortega et al., 2008), entre os quais se incluem a AF (Pangrazi & Corbin, 2008 in Welk & Meredith, 2008; Ruiz et al., 2009).

Figura 2.1 – Fatores que influenciam a aptidão física (Adaptado de Pangrazi & Corbin, 2008 in Welk &

Meredith, 2008).

De acordo com Caspersen et al. (1985), a aptidão física pode ser expressa de acordo com duas perspetivas diferenciadas, podendo ser relacionada à saúde ou ao rendimento desportivo. No que diz respeito à aptidão física relacionada ao rendimento desportivo, ela é relatada com diversas capacidades implicadas em atividades desportivas, tais como a força, a resistência, a velocidade, a agilidade, entre outras (Lopes et al., 2004; Ruiz et al., 2009). As componentes da aptidão física relacionada à saúde incluem a aptidão aeróbia, a aptidão muscular (força e resistência muscular, flexibilidade) e a composição corporal (Caspersen et al., 1985).

2.2.1. Aptidão muscular

Melhorias na aptidão muscular têm um efeito benéfico na saúde dos ossos nos indivíduos, sendo que é por isso recomendável iniciar a atividade desportiva antes da puberdade e manter a atividade durante o desenvolvimento da mesma, a fim de serem obtidos níveis adequados de flexibilidade, força e resistência muscular, com implicações favoráveis na massa óssea (Ortega et al., 2008) e na prevenção da osteoporose numa idade avançada (WHO, 2007). Níveis apropriados de flexibilidade contribuem para minorar um risco de lesão

(33)

e previnem o aparecimento da dor após a realização das atividades desportivas. Com isto, as crianças e os adolescentes devem ser instruídos sobre os benefícios que a força, a resistência e a flexibilidade musculares possuem, prevenindo o desenvolvimento de várias desordens músculo-esqueléticas (Aryana, Li, & Bommer, 2012; NES, 2002).

A aptidão muscular está associada a fatores de risco para doenças cardiovasculares, nos jovens, ou seja, elevados níveis de força muscular contribuem para um sistema cardiovascular mais saudável (Ortega et al., 2008).

2.2.1.1. Conceito de aptidão muscular

Ortega et al. (2008) definem a aptidão muscular como a capacidade de realizar um trabalho vencendo uma determinada resistência. A aptidão muscular requer um funcionamentoequilibrado e saudável do sistema músculo-esquelético, sendo o mesmo capaz de gerar força para resistir a contrações repetidas ao longo do tempo, de manter uma contração máxima voluntária por um período prolongado de tempo (medido como resistência muscular) ou de realizar uma contração dinâmica máxima de um único músculo ou grupo muscular num curto espaço de tempo, medido como força explosiva (Ruiz et al., 2006a; Ruiz et al., 2009).

Com isto, as principais componentes da aptidão muscular relacionados à saúde são a força muscular (máxima isométrica, máxima dinâmica e força explosiva), a resistência muscular e a flexibilidade (NES, 2002).

2.2.1.2. Força e resistência muscular

Como referimos anteriormente, a força muscular divide-se em força máxima isométrica, força máxima dinâmica e força explosiva. Assim, a força máxima isométrica é definida como sendo a força exercida contra uma resistência externa, sem qualquer alteração do comprimento do músculo (Malina et al., 2004). Em contraste, a força máxima dinâmica é a força concebida por contrações repetitivas do músculo, sendo a força explosiva definida pela habilidade dos músculos em exercerem a força máxima num curto período de tempo (Malina et al., 2004). Durante a adolescência, a força muscular é influenciada pelo género, pelas

(34)

componentes da massa corporal e pelo estado maturacional do indivíduo (Moliner-Urdiales et al., 2010).

Já a resistência muscular é a capacidade de um grupo muscular executar contrações repetidas ou manter uma contração máxima voluntária, por um período prolongado de tempo (Malina et al., 2004; Ruiz et al., 2006a).

2.2.1.3. Flexibilidade

A flexibilidade traduz-se na capacidade de movimento em uma ou mais articulações, sendo específica em função da articulação considerada e do tipo de ação realizada sobre a mesma. Esta componente da aptidão física relacionada à saúde pode ser classificada de ativa, quando a amplitude máxima do movimento é alcançada pela contração dos músculos agonistas e o alongamento dos antagonistas e; de passiva, quando essa mesma amplitude máxima utiliza forças externas como o peso do corpo, a ajuda de um assistente ou o uso de determinado tipo de equipamentos (Malina et al., 2004). O seu desenvolvimento depende de fatores vários ente os quais se enquadram o género, a idade, a temperatura, a massa muscular, a estrutura anatómica da articulação e a massa muscular (Malina et al., 2004).

2.2.1.4. Evolução da massa muscular, da força muscular e da flexibilidade em adolescentes

A massa muscular evidencia um desenvolvimento linear com idade em ambos os géneros, refletindo particularmente a hipertrofia das fibras musculares existentes e menos o aumento do seu número (hiperplasia), estando a primeira acomunada ao incremento das milofilamentos e das miofibrilas (Wilmore & Costill, 2004). De acordo com Fragoso & Vieira (2006), entre os 5 e os 16 anos o número de células musculares aumenta cerca de 14 vezes nos rapazes e apenas 10 vezes nas raparigas. O aumento do comprimento do músculo resulta da ampliação dos sarcómeros existentes (cada sarcómero é constituído por um complexo de proteínas, nomeadamente a actina e a miosina, alinhados em série para formar a miofibrila) e do aparecimento de sarcómeros adicionais (Wilmore & Costill, 2004).

(35)

Nos adolescentes entre os 10 e os 12 anos, a diferença de massa muscular entre rapazes e raparigas é limitada, diferenciando-se de forma destacada aos 13/14 anos, devido ao acentuado aumento da testosterona no género masculino (Malina et al., 2004).

Os picos de massa muscular nas raparigas são atingidos entre os 16-20 anos e nos rapazes entre os 18 e os 25 anos, podendo destacar-se com a dieta e o exercício físico (Wilmore & Costill, 2004).

No que se refere à força e à resistência abdominal, as diferenças são negligenciáveis entre os dois géneros entre os 10 e os 12 anos de idade. De acordo com Malina et al. (2004), a força e resistência abdominal aumenta linearmente com a idade dos 6 aos 13 anos, evidenciando, depois disso, uma aceleração nos rapazes, fruto do aumento dos níveis de testosterona. Em relação ao género feminino, o incremento da força e da resistência abdominal ocorre até cerca dos 14 anos de idade, tendo depois disso tendência para se manter (Malina et al., 2004).

No que se reporta ao desenvolvimento da flexibilidade, o presente estudo abordou a aplicação do teste “senta e alcança” em adolescentes entre os 10 e os 12 anos. O referido teste mede os níveis de flexibilidade dos músculos posteriores da coxa, da região inferior das costas e da anca, revelando o género feminino em todas as idade melhores níveis de desempenho em relação ao masculino, as quais se destacam na adolescência devido ao salto de crescimento e ao processo de maturação sexual (Malina et al., 2004). Neste contexto, as raparigas tendem a apresentar níveis de desempenho estáveis deste teste entre os 5 e os 11 anos e depois aumentam-no de forma marcada até aos 15 anos, sem grandes melhorias subsequentes. Em relação aos rapazes, a flexibilidade inferior diminui dos 5 aos 12 anos de idade e depois aumenta até aos 18 anos (Malina et al., 2004).

Tal como referimos anteriormente, este quadro de evolução do desempenho em ambos os géneros está intimamente associado com o salto de crescimento e a maturação sexual. Na fase pré-pubertária, que se estende do final da 2ª infância (compreende o período entre os 3 e os 7 anos de idade) até ser atingida a velocidade máxima de crescimento em altura – período com a duração máxima de 2 anos – o indivíduo vai elevar em cerca de 7 a 14 centímetros (cm) a sua estatura, adquirindo neste período cerca de 20% da estatura adulta. Esse crescimento vai refletir-se num aumento desproporcionado dos membros em relação ao tronco, com um incremento mais vincado para a dimensão dos primeiros, afetando o seu desempenho motor (nomeadamente no teste “senta e alcança”) e obrigando a grande modificações do esquema corporal em curto espaço de tempo (Fragoso & Vieira, 2006). Embora este fenómeno ocorra sempre, a sua intensidade, duração e período de instalação

(36)

varia de criança para criança, acontecendo habitualmente entre os 9 e os 13 anos (Fragoso & Vieira, 2006). Neste contexto, os membros superiores e inferiores vão apresentar-se mais longos e o tronco mais curto e estreito, o que associado à carência de musculatura de suporte (particularmente na região anterior) e ao abaixamento dos ombros (aumento do comprimento dos membros inferiores) vai gerar limitações funcionais, traduzidas na diminuição da amplitude respiratória, cansaço fácil, desvios posturais, entre outros (Fragoso & Vieira, 2006).

Na fase pubertária, que se estende desde o momento em que o adolescente atinge a velocidade máxima de crescimento em altura até ao instante em que o mesmo passa a ser inferior ou igual a 0,5 cm por ano, os aumentos estatuais passam a estar mais influenciados pelo aumento do tronco, particularmente dos corpos vertebrais, e menos do aumento do comprimento dos membros inferiores, atingindo estes últimos o seu pico de velocidade de crescimento cerca de 7 meses a 1 ano antes do tronco (Fragoso & Vieira, 2006).

Podemos assim afirmar que o aumento da massa corporal nos adolescentes masculinos resulta fundamentalmente em ganhos em estatura e no aumento da massa muscular, mantendo-se a quantidade de tecido adiposo relativamente estável. Nas raparigas, o salto de crescimento da altura e o aumento da massa muscular são menos pronunciados que os manifestados pelos rapazes, ocorrendo um aumento mais saliente da massa gorda durante todo o período da adolescência (Fragoso & Vieira, 2006).

2.2.1.5. Vantagens e limitações associadas à aplicação dos Testes do Fitnessgram para avaliação da aptidão muscular

Não constituído métodos de referência para a avaliação da flexibilidade inferior e da força e resistência abdominal, os testes de aptidão muscular selecionados para este trabalho são amplamente aceites e estão validados (Anderson et al., 1997 citado por Plowman, 2008 in Welk & Meredith, 2008; Figueiredo et al., 2011; Patterson et al., 1996 citado por Plowman, 2008 in Welk & Meredith, 2008).

O teste “senta e alcança” é o teste de terreno mais utilizado para avaliar a flexibilidade inferior (Freedson et al., 2000), permitindo a medição de cada um dos membros inferiores de forma isolada. Em relação ao teste de abdominais, os seus critérios de execução (pernas fletidas, ângulo de execução do movimento do tronco) limitam a participação dos músculos flexores da anca (nomeadamente do psoas ilíaco), minimizando a possibilidade de ocorrência de anteversão da bacia e reforçando a ação dos abdominais, particularmente do reto anterior

(37)

do abdómen (Pezarat-Correia, Pascoal, Cabri, Silva, & Espanha, 2006). A realização do movimento de subida e de descida do tronco, respeitando uma determinada cadência, concede ao executante uma maior concentração na realização deste teste e a sua aplicação a pares poderá constituir também um foco motivacional relevante (Ruiz et al., 2006a).

2.2.2. Aptidão aeróbia

São diversos os fatores que estão envolvidos no declínio da aptidão aeróbia entre os jovens, dos quais podemos destacar o aumento da massa corporal, a diminuição da AF e o aumento de comportamentos sedentários, como por exemplo o uso desmesurado do computador e de jogos de vídeo (Sandercock et al., 2010 citado por Aggio, Ogunleye, Voss, & Sandercock, 2012).

O consumo máximo de oxigénio (VO2max) é uma componente essencial da bateria de testes de aptidão física (Mahar, Guerieri, Hanna, & Kemble, 2011; NES, 2002), refletindo-se em inúmeros benefícios para a saúde (Mesa et al., 2006; Ortega et al., 2008; Ruiz et al., 2009; Ullrich-French, Power, Daratha, Bindler, & Steele, 2010). Destaca-se assim a necessidade de aumentar a aptidão aeróbia em crianças e adolescentes para minimizar a prevalência de fatores de risco cardiovascular nesta população (Martins et al., 2010).

As crianças e adolescentes fisicamente ativos apresentam níveis mais elevados de aptidão aeróbia, uma melhor condição óssea e muscular, níveis de adiposidade total e central mais recomendável e uma melhor autoestima, assinalando também a presença de menores níveis de stresse e de pressão arterial sistólica e diastólica (Hallal et al., 2006).

2.2.2.1. Conceito de aptidão aeróbia

Aptidão aeróbia, aptidão cardiorrespiratória, aptidão cardiovascular, resistência cardiorrespiratória, condicionamento aeróbio, capacidade aeróbia, potência aeróbia e potência aeróbia máxima referem-se ao mesmo conceito e são usados, frequentemente, como sinónimos na literatura (Ortega et al., 2008; Ruiz et al., 2006a; Ruiz et al., 2008), sendo o termo aptidão aeróbia utilizado ao longo deste trabalho.

A aptidão aeróbia reflete a capacidade global dos sistemas cardiovascular, respiratório e muscular para captar, transportar e utilizar oxigénio durante o exercício e a AF, bem como a

(38)

capacidade de realizar exercícios prolongados fatigantes (NES, 2002; Ortega et al., 2008; Ruiz et al., 2006a; Ruiz et al., 2008). Também é importante salientar que a aptidão aeróbia não é sinónimo de AFH, pois ela é determinada por fatores genéticos e fisiológicos (Eisenmann, 2007). Assim, a aptidão aeróbia tem sido considerada como uma medida direta do estado fisiológico da pessoa (Ortega et al., 2008; Ruiz et al., 2006a; Ruiz et al., 2008).

O VO2máx é usualmente considerado na avaliação da aptidão aeróbia (Dencker & Andersen, 2011; Hassink, Zapalla, Falini, & Datto, 2008; Ruiz et al., 2008), podendo ser definido pela capacidade máxima de um organismo em captar, entregar e utilizar o oxigénio para produzir energia através do metabolismo aeróbio (Eisenmann, 2007; Plowman, 2008 in Welk & Meredith, 2008). Essa capacidade máxima depende da habilidade dos pulmões em trocar o oxigénio para os vasos capilares do pulmão, da capacidade do sistema cardiovascular em transportar o oxigénio para os músculos e da aptidão destes para utilizar esse mesmo oxigénio (Plowman, 2008 in Welk & Meredith, 2008).

O VO2máx pode ser avaliado usando testes máximos ou submáximos e recorrendo a métodos diretos ou indiretos (Moreira et al., 2011; Ortega et al., 2008).

A AF e a aptidão aeróbia estão intimamente relacionados, sendo esta última influenciada pelos padrões de AF nas últimas semanas ou meses (Mesa et al., 2006). Também existem fortes evidências que os níveis de aptidão aeróbia estão associados com a adiposidade total e abdominal (Ortega et al., 2008).

2.2.2.2. Evolução da aptidão aeróbia nos adolescentes

A aptidão aeróbia está relacionada com a idade, o sexo, o tamanho corporal e o estado maturacional, bem como a fatores estruturais, fisiológicos e bioquímicos associados à produção de energia aeróbia (Malina et al., 2004). As diferenças nas características fisiológicas e nos fatores de desenvolvimento físico durante o período da adolescência podem ser relacionadas ao género. A diferença, no início da puberdade, de características comportamentais e de fatores de risco ambientais entre os rapazes e as raparigas, também podem ter uma influência relevante na associação entre a aptidão aeróbia e a obesidade infantil (He et al., 2011).

O valor absoluto do VO2max é, em média, maior nos rapazes do que nas raparigas, em todas as idades, sendo o acréscimo do VO2max influenciado pelo aumento do tamanho corporal. A redução da aptidão aeróbia nas raparigas é devido a um aumento da gordura

(39)

corporal e à diminuição da MIG (Pangrazi & Corbin, 2008 in Welk & Meredith, 2008). O VO2max (mililitros/quilograma/minuto) sofre pequena alteração nos rapazes entre os 6 e os 25 anos de idade. Em relação às raparigas, o VO2máx relativo não experiencia grandes modificações entre os 6 e os 13 anos, mas a partir daí padece de um declínio gradual (Malina et al., 2004; Willmore & Costil, 2004).

Relativamente aos resultados dos rapazes no teste do vaivém, isto é o número de percursos que eles conseguem completar, eles tendem a melhorar os mesmos com a idade (10-12 anos) o mesmo acontecendo com as raparigas, devido a um aumento na economia da corrida (NES, 2002).

2.2.2.3. Vantagens e limitações associadas à aplicação do Teste do Vaivém

O teste de vaivém é um dos testes mais comuns para avaliar a aptidão aeróbia entre crianças e adolescentes (Castro-Piñero et al., 2010), sendo uma medida útil para determinar a capacidade cardiorrespiratória do indivíduo (Mathonet, 1992 citado por He et al., 2011). No entanto, como este teste constitui um método indireto, pode estar sempre presente algum erro associado à sua aplicação (Moreira et al., 2011).

O teste do vaivém é uma alternativa válida, divertida e atraente ao habitual teste de corrida continua - a corrida de 1 milha (NES, 2002) - fornecendo confiabilidade e características semelhantes de validade e podendo ser realizado dentro de um espaço relativamente limitado (como por exemplo, um pavilhão). Os moldes de aplicação do teste conferem um ambiente motivante para a sua realização (Freedson et al., 2000) e a confrontação do desempenho do executante com os valores de referência é marcante na definição de programas de exercício e na promoção de uma prática física regular no adolescente (Mathonet, 1992 citado por He et al., 2011; Ruiz et al., 2006a).

2.2.3. Composição corporal

Embora a prevalência de excesso de peso e da obesidade varie consoante a etnia e o género, vários estudos demonstram níveis alarmantes de obesidade entre crianças e adolescentes (Ostojic, Stojanovic, Stojanovic, Maric, & Njaradi, 2011).

(40)

Um IMC dentro dos valores de referência, na infância e na adolescência, está associado a um sistema cardiovascular saudável na vida adulta e, por conseguinte, a um menor risco de morbilidade (Goran, Fields, Hunter, Herd, & Weinsier, 2000; Ruiz et al., 2009) e de doenças cardiovasculares (Messiah, Arheart, Lipshultz, & Miller, 2008). Por outro lado, um perímetro da cintura (PC) dentro dos valores normais está associado com uma redução de diversos riscos para a saúde nos adolescentes (Martins et al., 2010), como por exemplo o risco de sofrer de diabetes mellitus do tipo II (National Institutes of Health, 1998 citado por Fernández, Redden, Pietrobelli, & Allison, 2004), de síndrome metabólica (Aeberli, Gut-Knabenhans, Kusche-Ammann, Molinari, & Zimmermann, 2011; Browning, Hsieh, & Ashwell, 2010) e de doenças cardiovasculares (Krebs et al., 2007; Messiah et al., 2008; Ruiz et al., 2009).

A QVRS é habitualmente associada de forma inversa com o IMC, estando os maiores níveis de adiposidade no adolescente associados a uma menor QV do mesmo (De Beer et al., 2007).

A composição corporal refere-se à proporção existente entre os distintos compartimentos corporais, isto é músculos, ossos, gordura, entre outros (Brandão, 2010; Gonçalves & Mourão, 2007). A sua avaliação em crianças e adolescentes encerra um número muito acentuado de métodos, classificados de indiretos, duplamente indiretos e diretos (Sant’Anna, Priore, & Franceschini, 2009). O método direto é o mais rigoroso na avaliação da composição corporal, resultando da dissecação de cadáveres. Os métodos indiretos incluem a pesagem hidrostática, a ressonância magnética e a densitometria radiológica de dupla energia, implicando custos mais elevados e técnicas de operacionalização com uma complexidade superior. Por fim, os métodos duplamente indiretos reúnem um custo operacional mais baixo e são vulgarmente conhecidos como métodos de campo. Incluem a bioimpedânica, as pregas adiposas, os perímetros corporais, entre outros, e são habitualmente validados, considerando como referência os métodos indiretos (Brandão, 2010; Gonçalves & Mourão, 2007; Leite, 2004).

2.2.3.1. Índice de massa corporal

O IMC é um parâmetro antropométrico facilmente obtido através da divisão do peso (quilogramas, kg) pelo quadrado da altura (metros, m), constituindo um indicador dos níveis de adiposidade total do indivíduo (Sardinha et al., 2012). Os procedimentos de avaliação

(41)

incluem, para a altura, a manutenção da posição antropométrica (incluindo o posicionamento da cabeça no plano de Frankfurt) e o registo do valor no final da inspiração profunda. Em relação ao peso, o mesmo deverá ser medido com a menor quantidade de roupa possível e descalço, estando o peso do corpo igualmente distribuído pelos dois pés (Heyward & Wagner, 2004).

2.2.3.2. Perímetro da cintura

O PC é um bom indicador antropométrico para diagnosticar a obesidade abdominal em diferentes grupos etários, incluindo as crianças e os adolescentes (Klünder-Klünder & Flores-Huerta, 2011).

A obesidade abdominal (tipo “maçã ou andróide) representa maior risco de desenvolvimento de diabetes mellitus e de doenças cardiovasculares, em comparação com a obesidade ginóide, também designada tipo “pera” (Ibrahim, 2010).

O aumento do PC está positivamente associado com a adiposidade abdominal, constituindo um dos critérios para a definição de síndrome metabólica (Aeberli et al., 2011; Browning et al., 2010). Trata-se de uma medida antropométrica útil em crianças e adolescentes (Fernández et al., 2004), facultando-nos a compreensão da relação entre a AF e adiposidade intra-abdominal (Klein-Platat et al., 2005). Constituindo uma medida válida e simples de ser aplicada no terreno, ela é combinada frequentemente com a altura já que para crianças e adolescentes com o mesmo valor de PC, a presença de uma estatura mais reduzida representa um maior comprometimento para a saúde (Klünder-Klünder & Flores-Huerta, 2011).

Existem duas componentes da gordura abdominal: a gordura subcutânea e a intra-abdominal, também designada de visceral (Burton, 2010; Ibrahim, 2010), sendo esta última mais prejudicial à saúde do adolescente, quando presente em excesso.

2.2.3.3. Evolução do índice de massa corporal e do perímetro da cintura em adolescentes

O crescimento e a maturação dos indivíduos são caracterizados por alterações acentuadas na composição corporal (Bell, 1997), sendo que a variação individual na composição corporal

(42)

(gordura, músculos, ossos, etc) nos rapazes é mais marcada nas raparigas (Morimoto et al., 2007b).

No que diz respeito ao PC, os rapazes possuem um PC superior ao das raparigas, e este aumenta com a idade (Fernández et al., 2004; Sardinha et al., 2012), por exemplo, um adolescente com 10 anos de idade possui normalmente um PC inferior a um adolescente de 15 anos de idade.

As raparigas são geralmente conhecidas por possuírem mais MG do que os rapazes (Park, Park, Kim, Kim, & Chung, 2011), estando a mesma distribuída fundamentalmente na região glúteo-femoral (Ibrahim, 2010).

O padrão normal de IMC é para diminuir a partir dos 2 anos de idade até aos 5 ou 6 anos de idade, atingido o seu valor mais baixo entre os 4 e os 7 anos, e em seguida, começa a aumentar consoante aumenta a idade (Krebs et al., 2007).

Existe uma relação linear significativa entre os valores de IMC e os de PC, isto é, um aumento nos valores de IMC faz com que aumentem também os valores do PC (Morimoto et al., 2007a).

O aumento da força muscular desde a infância até à adolescência está negativamente associada com mudanças na composição corporal. Estas conclusões têm implicações importantes na promoção da saúde e na implementação de estratégias de profissionais de saúde para promover a AF (Ruiz et al., 2009).

Relativamente à aptidão aeróbia (VO2máx), esta é um fator que influencia os valores de IMC e de gordura abdominal nos indivíduos (Ara, Moreno, Leiva, Gutin, & Casajús, 2007), evidenciando uma relação inversa com estas variáveis (He et al., 2011; Mota, Flores, Flores, Ribeiro, & Santos, 2006; Ostojic et al., 2011; Ullrich-French et al., 2010).

Uma vez que a aptidão aeróbia é influenciada pelo peso corporal, os indivíduos com excesso de peso ou obesos necessitam de executar um esforço mais elevado do que um individuo com peso normal, na realização de atividades físicas propostas. Devido a este facto, os indivíduos com obesidade têm menor probabilidade de participar em atividades físicas que exijam um aumento do movimento da massa corporal (Goran et al., 2000), visto que sentem-se mais cansados devido ao esforço extra realizado. Além disso, os rapazes com baixa aptidão aeróbia têm maior risco em permanecer obesos e em agravar os níveis de adiposidade existentes (He et al., 2011).

Imagem

Figura 2.1 – Fatores que influenciam a aptidão física (Adaptado de Pangrazi & Corbin, 2008 in Welk &
Figura 2.2 – Composição dos itens e dimensões das versões 52 e 27 do questionário Kidscreen (Berra et al.,  2009); *conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetidos, que uma pessoa revela em relação a
Figura 2.3 – Recomendações do tipo de atividade física para as crianças e adolescentes (Moreno et al., 2012)
Figura 3.1 – Número de elementos do total da amostra por idade e em função do género

Referências

Documentos relacionados

Portanto, mesmo percebendo a presença da música em diferentes situações no ambiente de educação infantil, percebe-se que as atividades relacionadas ao fazer musical ainda são

São eles, Alexandrino Garcia (futuro empreendedor do Grupo Algar – nome dado em sua homenagem) com sete anos, Palmira com cinco anos, Georgina com três e José Maria com três meses.

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

responsabilizam por todo e qualquer dano ou conseqüência causada pelo uso ou manuseio do produto que não esteja de acordo com as informações desta ficha e as instruções de

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete

segunda guerra, que ficou marcada pela exigência de um posicionamento político e social diante de dois contextos: a permanência de regimes totalitários, no mundo, e o

Para verificar a existência de associação entre as variáveis de interesse (tipo de IAM, tipo de serviço de saúde procurado no primeiro atendimento, número de serviços percorridos

dois gestores, pelo fato deles serem os mais indicados para avaliarem administrativamente a articulação entre o ensino médio e a educação profissional, bem como a estruturação