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Rendimentos da cultura do trigo e sua relação com a altura pluviométrica, caso da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira

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Kecebido em 18 de Julho de 1980

Rendimentos da cultura

relação com a altura

caso da Lezíria

de Vila Franca

do trigo e sua

pluviométrica,

Grande

de Xira

Por

PEDRO LYNCE DE FARIA ANTÔNIO LOPES ALEIXO PEDRO AGUIAR PINTO

Professor Extraordinário, Assistente e Assistente estagiário do Instituto Superior de Agronomia.

RESUMO

O trabalho agora apresentado visa encontrar uma relação entre a altura

pluviométrica e o rendimento da cultura do trigo na Lezíria Grande em Vila Franca de Xira, relação essa que é expressa por intermédio da determinação do equivalente pluviométrico de excesso de água, referente ao período de Novembro a Fevereiro.

Por falta de dados, o método citado foi aplicado aos concelhos de Vila Franca de Xira e da Azambuja, pretendendo-se concluir por semelhança entre as zonas consideradas.

Através da determinação do equivalente pluviométrico, verifica-se que as boas produções correspondem a quedas pluviométricas inferiores a 280 mm, en­ quanto que para quedas superiores nos aparecem geralmente más produções, o que corresponde a 62 % dos casos.

Por fim, estudou-se a possibilidade de efectuar a sementeira do trigo em Novembro, considerando as hipóteses da existência de 5, 10 e 15 dias seguidos sem chuva ou com uma altura pluviométrica inferior a 1,0 mm, constatando-se que as probabilidades são 89, 46 e 13 %, respectivamente.

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254 ANAIS DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

1. INTRODUÇÃO

A elaboração deste trabalho deve-se a uma consulta feita à Secção de Culturas Arvenses do Instituto Superior de Agronomia pelo grupo de trabalho que estuda a recuperação e o aproveitamento cultural da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira no ano de 1978, tendo-se realizado a sua revisão já em 1980.

O trabalho consiste numa tentativa para relacionar os níveis de rendimento da cultura de trigo com as condições climáticas da Lezíria Grande.

2. RELAÇÃO ENTRE O CLIMA E O RENDIMENTO DA CULTURA DO TRIGO

2.1. Metodologia e sua justificação

Para avaliarmos o rendimento de trigo, numa determinada área, vários caminhos podemos seguir:

— Por intermédio de experimentação levada a cabo na zona con­ siderada;

— Recorrendo a inquéritos realizados junto dos agricultores que trabalham a área;

— A partir de dados estatísticos já existentes.

Não há dúvida que o grau de precisão decresce em função da ordem indicada, mas não temos outra possibilidade que não seja o recurso às Estatísticas Agrícolas, uma vez que os dados existentes em relação aos outros caminhos apontados são por demais insuficientes.

Ao método agora eleito, vários inconvenientes se podem ainda apontar, entre os quais salientamos:

— Valores cujo crédito é duvidoso, o que nos leva a crer que as produções reais são superiores às apresentadas;

— Falta de dados próprios para a área a estudar, o que nos vai obrigar a fazer a análise de determinadas zonas que apresentam seme­ lhanças e concluir por analogia.

Apesar dos erros que eventualmente poderão enfermar as Esta­ tísticas Agrícolas, julgamos que a sua variação relativa ao longo dos anos é paralela à dos rendimentos efectivos.

Limitados à solução de trabalhar estatisticamente os dados a que nos referimos anteriormente, tentámos definir uma interdepen­

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RENDIMENTOS DA CULTURA DO TRIGO 255

dência, que provavelmente existe entre o factor climático mais impor­ tante e o rendimento de trigo, uma vez que as características do solo se consideram constantes. Outro factor existe contudo e que deve igualmente ser levado em conta: a evolução da tecnologia empregue, problema superado através da obtenção dos rendimentos de trigo, que designamos por rendimentos corrigidos.

Quanto ao clima e tendo em conta as nossas condições ambientais, não restam dúvidas de que o factor de maior importância é a preci-' pitação. Existem outros que têm também influência, nomeadamente a temperatura e a geada, mas não com o peso do anterior e, caso os considerássemos, iríamos complicar demasiado os cálculos, correndo sérios riscos de não chegarmos a qualquer conclusão.

Ainda no que se refere à precipitação o caso é mais complicado do que se deixa antever, uma vez que existem dois períodos críticos em relação à produção final de trigo: quantidade caída de Novembro a Fevereiro e em Abril e Maio.

Para a maior parte das áreas onde se cultiva habitualmente o trigo em Portugal Continental, cremos que a chuva caída em Abril e Maio é a mais importante. No presente caso inclinamo-nos, porém a indicar como período decisivo aquele que apontámos primeiramente, atendendo às deficientes condições de drenagem apresentadas pela maioria dos solos da lezíria, e à existência dum lençol freático a um nível que permite satisfazer algumas das necessidades das plantas.

Quanto aos rendimentos de trigo, vamos obtê-los a partir das Estatísticas Agrícolas.

O problema não está contudo resolvido na íntegra, pela falta de dados referentes ao binómio Precipitação/Rendimento do trigo para a Lezíria de Vila Franca de Xira, num período de anos relativamente grande.

De acordo com as regras enunciadas anteriormente, como estação meteorológica escolhemos Salvaterra de Magos pelas afinidades cli­ máticas que apresenta em relação à zona considerada, enquanto os dados para os rendimentos de trigo pertencem aos concelhos de Vila Franca de Xira e da Azambuja (1950-75). Se se compreende facilmente a inclusão de Vila Franca porque a maior parte da lezíria pertence a este concelho, já poderão restar dúvidas quanto ao critério utilizado para considerar o concelho da Azambuja. Tal justitfica-se porém, se admitirmos que se tratam de solos com algumas afinidades e que poderão ser apontados como uma tendência, a curto prazo, para os actuais solos da lezíria, passada a primeira fase de recuperação.

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256 ANAIS DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

A partir deste momento, podemos dispor então do binómio atrás citado respeitante a um número de anos minimamente aceitável e entre os quais vamos tentar obter uma correlação.

Assim, começamos por aplicar aos valores encontrados a definição de equivalente pluviométrico, segundo AZZI (1954):

«Por equivalente pluviométrico duma planta entende-se os milí­ metros de chuva que separam as situações normais das situações anormais, por excesso ou por defeito».

Ora, para determinação rigorosa deste parâmetro, torna-se neces­ sário dispormos de rendimentos de trigo de maior número de anos, que nos permitam a obtenção de dois grupos distintos, assim carac- terizados.

— De boas produções, quando nenhum factor agir de maneira decisiva sobre o rendimento no sentido negativo;

— De más produções, atribuíveis ao factor de que se prentende determinar o equivalente, quer actuando por defeito quer por excesso.

A separação em dois grupos de produções visa excluir situações intermédias que, em princípio, iriam complicar o problema, sem con­ tudo aumentarem a exactidão do resultado.

Surgiram-nos aqui algumas dificuldades, pelo facto da existência de valores referentes a clima/rendimentos ser limitada a um período relativamente curto, de modo a garantir-nos, à partida, uma aplicação rigorosa do método em causa. Por este facto, não podemos separar nitidamente as boas das más produções, uma vez que, procedendo assim, iríamos limitar ainda mais os dados de que dispúnhamos para trabalhar.

Para superar esta dificuldade, adoptámos um critério que con­ siste em:

— Proceder a uma correcção dos rendimentos reais, actualizan- do-os em função do acréscimo de rendimento que seria de prever devido à melhoria das técnicas culturais (através do traçado da recta de tendência);

—'Dividir os rendimentos em bons ou maus, consoante fossem superiores à média aritmética dos rendimentos já corrigidos.

Paralelamente, reunimos os dados das precipitações referentes aos meses de Novembro a Fevereiro, do máximo de anos coincidentes com aqueles em que há dados sobre os rendimentos.

Passámos em seguida à representação gráfica dos valores assim obtidos. Num sistema de eixos ortogonais, colocámos, em ordenadas, as alturas de precipitação, em milímetros; em abcissas, os anos

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RENDIMENTOS DA CULTURA DO TRIGO 259 QUADRO I

Rendimentos corrigidos de trigo referentes ao Concelho de Vila Franca de Xira (1950-70)

ANOS Rendimento real (kg/ha) Rendimento corrigido (kg/ha)

1950 1179 1729 1951 667 1 192 1952 670 1176 1953 667 1 151 1954 659 1 121 1955 442 822 1956 599 1017 1957 1059 1455 1958 1 163 1637 1959 650 1002 1960 560 890 1961 608 916 1962 453 739 1963 522 786 1964 335 577 1965 570 790 1966 344 542 1967 420 596 1968 394 548 1969 812 944 1970 583 693 1971 1078 1166 1972 1775 1841 1973 1415 1459 1974 1 494 1516 1975 1679 1 679 Médias 800 1075

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260 ANAIS DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

QUADRO II

Rendimentos corrigidos de trigo referentes ao Concelho da Azambuja (1950-T5)

ANOS Rendimento real

(kg/ha) Rendimento corrigido (kg/ha)

1950 1 282 2 382 1951 569 1 625 1952 402 1 417 1953 783 1 751 1954 953 1 877 1955 713 1 595 1956 608 1444 1957 855 1 647 1958 1 029 1 777 1959 883 1 587 1960 480 1 140 1961 605 1 221 1962 726 1 298 1963 1 162 1 690 1964 842 1 326 1965 1 521 1961 1966 704 1100 1967 1 514 1 866 1968 1227 1535 1969 731 995 1970 675 895 1971 993 1 169 1972 2 343 2 475 1973 1 571 1659 1974 1 856 1900 Médias 1 058 1608

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RENDIMENTOS DA CULTURA DO TRIGO 261 QUADRO III

Precipitação, em milímetros, no período de Novembro a Fevereiro na Estação Meteorológica de Salvaterra de Magos (19^9-50 a 1969-70)

ANOS NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO FEVEREIRO

1949/50 116,6 79,9 37,1 54,7 1950/51 14,8 92,7 83,8 79,8 1951/52 131,1 46,9 75,2 24,1 1952/53 87,5 61,2 29,2 63,4 1953/54 75,7 159,7 25,1 10,6 1954/55 65,8 23,7 171,2 144,6 1955/56 157,7 166,3 137,2 26,5 1956/57 30,1 68,0 19,7 65,4 1957/58 76,2 50,1 87,2 41,7 1958/59 17,1 163,8 114,5 39,2 1959/60 124,2 63,2 25,8 61,6 1960/61 51,5 39,3 36,3 17,1 1961/62 1,772 62,3 142,5 30,8 1962/63 64,9 37,1 187,9 116,3 1963/64 150,3 187,1 40,1 143,8 1964/65 28,8 21,3 68,9 75,1 1965/66 93,6 65,5 55,6 1966/67 35,7 16,6 69,9 74,3 1967/68 110,3 12,3 0,7 179,3 1968/69 185,6 91,2 122,1 147,6 1969/70 95,8 41,6

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262 ANAIS DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA QUADRO IV

Precipitação, em milímetros, no período de Abril a Maio na Estação Meteorológica de Salvaterra de Magos (1950 a 1970)

ANOS ABRIL MAIO

1950 17,8 104,2 1951 54,5 46,7 1952 41,1 49,2 1953 112,2 8,0 1954 44,0 3,8 1955 11,6 29,5 1956 80,8 31,7 1957 48,0 46,4 1958 14,9 8,0 1959 46,9 74,1 1960 36,0 54,7 1961 50,6 38,1 1962 61,3 14,7 1963 100,9 43,1 1964 28,9 21,1 1965 10,7 12,0 1966 130,2 4,2 1967 46,2 47,1 1968 58,5 40,0 1969 29,4 74,5 1970 10,5 59,7

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RENDIMENTOS DA CULTURA DO TRIGO 263

considerados e, nos pontos assim definidos, uma pequena bola a cheio asinalando um rendimento superior à média ou uma cruz represen­ tando um rendimento inferior à média.

O quadro signalético assim obtido tem três zonas distintas: — Zona inferior, em que apenas existem situações positivas; — Zona superior, em que apenas há situações negativas;

— Zona intermédia, em que as situações positivas ou negativas, aparecem misturadas entre si e pouco claras.

Esta zona intermédia é, em princípio, originada por situações particularmente favoráveis ou desfavoráveis, atribuíveis a outros factores do meio que influem igualmente sobre o rendimento. Efectiva- mente, o complexo do meio pode agir no sentido da compensação do excesso de chuva, embora de forma muito reduzida e pouco frequente ou, pelo contrário, contrariar a acção favorável dum inverno seco.

Na zona intermédia, em que as situações negativas e positivas se misturam, traçando uma linha horizontal que separa acima e baixo dela um número de casos assimétricos, vamos obter sobre o eixo das ordenadas um valor correspondente ao equivalente pluviométrico.

2.2. Determinação do equivalente pluviométrico de excesso e de

déficit de água

Com os dados dos rendimentos corrigidos de trigo nos concelhos de Vila Franca de Xira e de Azambuja e os dados de pluviometria pertencentes à Estação Meteorológica de Salvaterra de Magos, elabo­ ramos dois quadros signaléticos (Gráficos 3 e 4) que nos vão per­ mitir determinar o equivalente pluviométrico de excesso de água.

Pelos quadros agora traçados, observam-se claramente as três zonas já atrás indicadas. Devemos notar que, tanto num caso como noutro, a zona intermédia parece-nos maior do que efectivamente seria de prever, o que julgamos poder-se explicar pela escassez de dados de que dispomos e que nos impediu de considerar apenas as situações nitidamente boas e más. Com efeito, quanto mais nítida for a acção negativa ou positiva de determinado factor a estudar, menor deve ser a zona intermédia, pois menos marcada será a influên­ cia contrária de outros factores.

Para os casos considerados, o valor do equivalente pluviométrico para a Azambuja é de 284 mm, enquanto que para Vila Franca de Xira é de 274 mm. Tomamos, para facilidade de cálculos posteriores,

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266 ANAIS DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

o valor intermédio de 280 mm. Isto significa que uma queda pluvio- métrica de cerca de 280 mm, para as actuais condições da lezíria, separa as boas produções (abaixo) das más produções (acima).

Com objectivo idêntico, procuramos estabelecer o equivalente pluviométrico do déficit de água no período que vai de Abril a Maio, durante o qual se enquadra a fase do espigamento, procedendo de maneira análoga à descrita anteriormente (Gráficos 5 e 6).

Como podemos observar nos quadros signaléticos os bons e os maus rendimentos misturam-se, não se notando quaisquer diferen­ ciações, como seriam de esperar, se porventura a queda pluviométrica, no período considerado, fosse determinante sobre o rendimento para o caso presente.

Cm consequência, não foi pois possível traçar o equivalente plu­ viométrico do déficit de água.

Tendo por partida o valor do equivalente pluviométrico para excesso de água — 280 mm — vamos determinar a probabilidade de ocorrência de precipitação em quantidades tais que exerçam influên­ cia negativa sobre o rendimento. Sabendo que a média de precipitação no mesmo período é de 316,5 mm, a que corresponde o desvio padrão de 116,6 mm, a probabilidade do rendimento ser afectado por acção da precipitação excessiva no período de Novembro a Fevereiro é de 62%.

Como conclusão, podemos afirmar que a precipitação ocorrida no período invernal, para este caso, é determinante da produção final. O valor encontrado para o correspondente equivalente pluviométrico, quer para Vila Franca quer para a Azambuja, ronda os 280 mm, o que nos parece permitir dizer que esta quantidade de precipitação, caída no período considerado, separa as boas das más produções.

Assim, abaixo deste valor encontramos provavelmente boas pro­ duções, enquanto acima se passa precisamente o contrário. Isto não quer contudo significar que abaixo dos 280 mm não haja nunca más produções. De facto a quantidade de precipitação que ocorre de Novembro a Fevereiro não é a única determinante, podendo até certo ponto ser compensada ou contrariada pela acção de outros factores. Encontramos, parém, claramente demarcada a dominância da preci­ pitação invernal sobre a caída durante os meses de Abril e Maio, embora em sentidos inversos. Para ilustrar excepções, indicamos, a título de exemplo, o que se passou no ano de 1961 com os rendimentos

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RENDIMENTOS DA CULTURA DO TRIGO 267

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150

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Gráfico 5 — Quadro signalético referente a V. F. de Xira, de Abril a Maio • —Boas produções

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268 ANAIS DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

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Gráfico 6 — Quadro signalético referente à Azambuja, no período de Abril a Maio • — Boas produções

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RENDIMENTOS DA CULTURA DO TRIGO 269

obtidos para Vila Franca e Azambuja, em que terá certamente existido outro factor nosso desconhecido, que tenha agido de forma mais determinante.

Podemos ainda analisar as características das zonas intermédias para os casos considerados (Gráficos 3 e 4):

— No concelho de Azambuja, a zona intermédia tem uma posição superior à do concelho de V. F. de Xira, o que se pode explicar pelas características mais favoráveis dos solos que constituem a área daquele concelho, assegurando uma melhor drenagem e, por conse­ guinte, condições mais propícias para o desenvolvimento do sistema radical.

— No concelho da Azambuja, a zona intermédia tem uma ampli­ tude superior à da zona intermédia do concelho de V. F. de Xira, o que é justificado pelo carácter mais determinante do excesso de água sobre os rendimentos no concelho de Vila Franca de Xira, para o que contribuem as piores características físicas dos solos que cons­ tituem a área.

Com efeito, a dimensão da zona intermédia está relacionada com a «dominância do factor observado». Quanto mais decisiva sobre o rendimento for a acção deste, menores possibilidades existem de com­ pensação do efeito correspondente por acção de outros factores, apa­ recendo assim um menor número de casos misturados e, por conse­ guinte, uma zona intermédia mais estreita.

3. PROBABILIDADES DE REALIZAÇÃO DA SEMENTEIRA EM NOVEMBRO

A viabilidade de realização da sementeira está intimamente ligada com a quantidade de chuva caída, especialmente o modo como se faz a sua repartição e com a drenagem do respectivo solo. O conheci­ mento de tais parâmetros vai influir de modo decisivo na determinação do intervalo de tempo que deverá estar comprendido entre a última queda pluviométrica e a possível entrada de máquinas agrícolas no terreno, determinação esta que deverá ter por base ensaios de campo.

Assim, na falta de dados, vamos considerar três hipóteses pos­ síveis, cuja opção será determinada de acordo com as características do solo:

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270 ANAIS DO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

I — 5 dias consecutivos sem chuva ou com chuva caída em quan­ tidade inferior a 1,0 mm; 0)

II —10 dias consecutivos sem chuva ou com chuva caída em quantidade inferior a 1,0 mm; 0)

III —15 dias consecutivos sem chuva ou com chuva caída em quantidade inferior a 1,0 mm, 0)

tendo-se verificado que as probabilidades para cada um dos casos anteriormente considerados, tomados que foram os dados pluviomé- tricos da Lezíria no período compreendido entre 1950 e 1975, são de 89, 46 e 13%, respectivamente.

Efectivamente, estamos em crer que grande parte da área que constitui a Lezíria de Vila Franca de Xira, poderá englobar-se na segunda hipótese considerada anteriormente.

4. NOTA FINAL

Chegados ao final do trabalho, a dificuldade em encontrar dados experimentais obtidos na área em estudo referentes a vários anos, limitam por si só as conclusões atingidas, ainda que nos possam servir a título de orientação.

BIBLIOGRAFIA

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Tintner, G. (1969)—Mathématiques et statistiques pour les économistes. Edi- tions Dunod. Paris.

(’) Apenas incluímos como dias com chuva inferior a 1 mm aqueles que seguem um período sem chuva, desprezando aqueles que o precedem.

Por outro lado, são considerados aditivos, os períodos de duração igual ou superior aos estipulados, partindo do princípio que os períodos de duração inferior não são efectivos no sentido de possibilidade de sementeira.

Imagem

Gráfico 1 — Rendimentos do trigo, referentes ao Concelho de V. F. de Xira
Gráfico 2 —• Rendimentos do trigo, referentes ao Concelho da Azambuja
Gráfico 5 — Quadro signalético referente a V. F. de Xira, de Abril a Maio
Gráfico 6 — Quadro signalético referente à Azambuja, no período de Abril a Maio

Referências

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