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Da extinção à restauração do concelho de Aljezur nos finais do séc. XIX

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M-ftibnn

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DA EXTINÇÃO À RESTAURAÇÃO

DO CONCELHO DE ALJEZUR

NOS FINAIS DO SÉC. XIX

Po r Jo s é Ca r l o s Vi l h e n a Me s q u i t a'

A inserção geográfica do A lgarve no extrem o sul do territó rio nacio­ nal, m oldou a m entalidade e su av izo u as diferenças sociais entre os seus habitantes, m enoscabadas pelo cosm opolitism o em ergente do tra to m er­ cantil. A pesar das suas privilegiadas condições n atu ra is viabilizarem u m p ro m issor desenvolvim ento económico, estribado n a extracção pesquei­ ra, n as prim ícias agrícolas e no com ércio internacional, não d isp u n h a p o rém de recursos h u m a n o s e m u ito m enos de líderes carism áticos n a esfera do poder político que lhe perm itissem emancipar-se da sua inexorável condição periférica de reino integrado.

O A lgarve sem pre foi encarado pelo poder central com o u m a região perdida nos antípodas do extrem o sul - derradeira nesga da cristandade n a úbere fro n teira m editerrânica e u m fantasioso prelúdio da inóspita imensidão africana - que servia de tam p ão ao quadrilátero nacional. Desde a su a integração no territó rio nacional que tem sido u m a te rra de op o r­ tunidades perdidas, p o rq u e de u m a v a sta e am p la p o rta se tra ta v a no o rd enam en to geográfico da civilização europeia.

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Ig n o rar a su a im p o rtân cia geostratégica seria descurar a su a defesa e perdê-lo seria ab rir as p o rtas à anexação ibérica. Por isso se c u m u la ra m os seus povoadores de privilégios foraleiros, dando-lhes até a dignidade de se fazerem representar nos prim eiros bancos das Cortes. Em reconheci­ m en to da sua identidade patriótica, sem pre os algarvios se esforçaram p a ra perm anecerem no seio da nação. Nos m o m en to s cruciais tiv eram a especial acuidade de se baterem ao lado dos partidos que defendiam os suprem os interesses da nação. Foi assim n a crise de 1383, nas g u erras da Restauração, nas invasões napoleónicas, nas lu ta s liberais e até n a im ­ plantação da república. N unca os algarvios deixaram que se pusesse em causa o seu patriotism o, nem invocaram o u alim en taram q u alq u er pre­ tensão separatista.

A participação do povo algarvio nos principais conflitos políticos em que a nação esteve envolvida, deu-lhe não só a particularidade de granje­ a r prestígio entre os seus com patriotas como, principalm ente, de lhe o u ­ to rg a r a dignidade de portugueses. E foi esse orgulho, associado ao seu apreço pela liberdade individual, que lhe deu alento e p ro tag o n ism o no contexto político-m ilitar da prim eira m etade do século XIX. O relaciona­ m ento m ercantil com os em presários britânicos, as tentaculares influên­ cias maçónicas e as várias praças de guerra sedeadas no Algarve, colocaram este pequeno e esquecido reino em sinto n ia com os tu m u lto s sociais e pronunciam entos militares que despontaram n a redentora cidade do Porto. Tornou-se sui generis essa participação do Algarve ao lado da cidade Invic­ ta em todo o século XIX. Esse relacionam ento m anteve-se perm anente, im itando-lhe as atitudes e decisões. A ssim aconteceu, p o r exem plo em 1828, quando acorreu a secundar a «Belfastada»; em 1833 quando rece­ beu as tropas do Duque da Terceira como libertadoras; o u em 1847, quando em plena guerra-civil da Patuleia erigiu u m a J u n ta G overnativa em con­ sonância com a su a congénere do Porto.

M as, ta n to o u m ais decisivo do que tu d o isso terá sido o facto de o Algarve se haver transform ado, d u ran te esta conturbada prim eira m eta­

de do século, n u m eixo de penetração m ilitar p ara atacar p o r via terrestre a capital do reino. O seu posicionam ento geostratégico tornou-se, assim,

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incontestável. Recrudesceu de im portância e de interesse no contexto p o - lítico-económ ico do país. D oravante seria encarado com o u m espaço de crucial am bivalência, quer n as relações comerciais m editerrânicas, quer n a defesa m ilitar territorial. E terá sido nessa duplicidade de valores, sen­ tim entos e orientações políticas, que o A lgarve terá adquirido a sua iden­ tidade, consciência e notoriedade. No contexto nacional era, en q u an to região periférica, a m ais m arg in al e excluída, devido às dificuldades de com unicação que praticam ente só se podiam efectuar po r via m arítim a. Por força do seu isolam ento terrestre, v iram -se os algarvios n a co n tin ­ gência de desenvolverem especiais aptidões p ara a pesca e navegação m er­ cante, sendo disso resu ltan te n ão só a su a riqueza com o tam b ém a sua identidade sociocultural.

U m dos principais problem as socioeconóm icos de que enferm a o A lgarve é resultan te da excessiva litoralização n a costa sul dos seus re­ cursos h u m an o s e m ateriais, o que suscitou u m progressivo afastam ento cu ltu ral das gentes do interior e u m a vectorialização do sector m ercantil nos principais centros u rb an o s. Daí que a dicotom ia entre o litoral e o interior, tão c o m u m no territó rio nacional, tivesse no A lgarve u m a ex­ pressão m ais agudizada p o r se encontrar assente n u m processo histórico de desenvolvim ento geodemográfico. Isto é, a sua economia desenvolveu- se da faixa litoral sul p ara o interior próxim o, fo rm an d o u m hinterland económico relativam ente frágil e inexpressivo, quan d o com parado com o u tra s regiões do litoral norte. A falta de grandes bacias hidrográficas ou de estuários com acentuadas proporções, im pediu que aq u i despontasse u m a burguesia em preendedora e cosm opolita, de diferenciadas culturas, distintos credos e de diversas ideologias.

No A lgarve existiram até m eados deste século três zonas geográficas de polarização socioeconómica que não correspondem , necessariamente, às tradicionais divisões orográficas da região - litoral, barrocal e serra. A essas zonas ligam -se processos históricos bem definidos no tem po, for­ m an d o u m a espécie de com plexo geográfico dem o-socioeconóm ico. As­ sim, à prim eira zona corresponde o período dos Descobrimentos, durante o qual ju lg a m o s que a costa vicentina teve a su a época áurea, que se

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extinguiu p o r vo lta do século XVI. A m u d an ça do bispado p ara Faro e o p ro tag o n ism o de Tavira no socorro às praças do N orte de África, terão contribuído p ara a desactivação do A lgarve Ocidental, perm anecendo apenas a praça de Lagos, en q u an to sede dos governadores-gerais, com o núcleo de "resistência". Todavia, o m egassism o de 1755 a rra so u a cidade, deixando-a privada do seu p o rto e dos elem entares meios de abasteci­ m ento, tra n sfo rm a n d o aquela histórica urbe n u m te stem u n h o de deca­ dência. O segundo período corresponde à centralização do poder político, que o u to rg o u à cidade de Faro o papel de capital ad m in istrativ a do reino, desviando p a ra a zona C entral o p rotagonism o, que antes pertencera ao pólo barlaventino. O terceiro e ú ltim o período estão relacionados com o desenvolvim ento industrial e as relações económicas m editerrânicas, que desviaram para a zona sotaventina as principais unidades fabris de tra n s­ form ação do pescado. Desde os m eados do século passado até aos anos cinquenta assistiu-se ao crescim ento das in d ú strias conserveiras que se estenderam até Portim ão. Todo esse increm ento se ficou a dever não só à riqueza dos recursos naturais, com o ainda ao investim ento nos seus m ei­ os de exploração e, sobretudo, à reconstrução e reequipam ento das estru ­ tu ra s po rtu árias. A decadência desses recursos e desactivação dessas indústrias suscitou u m novo período, desde os anos sessenta até ao decli­ n a r do século, relacionado com o sector dos serviços e do tu rism o

Por conseguinte, digam os que a p a rtir da centralização do Estado e da desaceleração do processo histórico dos D escobrim entos se assiste no A lg a rv e a u m le n to m a s irre v e rs ív e l a d o rm e c im e n to d as s u a s potencialidades au tó cto n es, acen tu ad o pelo asso ream en to dos seus es­ tu á rio s fluviais e pela consequente decadência dos seus p o rto s m a ríti­ mos. A insuficiente e insegura rede de estradas terrestres con trib u iu p ara o cavar do fosso que separava o lito ral do interior. D igam os que até ao aparecim ento do c am in h o -d e-ferro o A lgarve dependeu quase em ex­ clusivo das com unicações m arítim as, servindo-se da estrada fluvial do G uadiana com o intercâm bio da lin h a do com boio que se quedava em Beja. P raticam ente foi só no no sso século, em 1906, que o A lgarve viu concluir a su a ligação ferroviária, entre Portim ão e Vila Real de St.°

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A ntónio. O que, m ais u m a vez apenas beneficiava a faixa litoral, dei­ xando os m ais prósperos concelhos do interior, com o Loulé, desprovidos do recu rso a esses m eios de escoam ento das su as produções agrícolas e até industriais.

N ão restam pois dúvidas de que o Algarve, à im agem do país se apre­ sentava repartido entre dois perfis: o litoral desenvolvido e próspero, e o in terio r adorm ecido e ronceiro. As assim etrias fo ram -se acen tu an d o ao longo dos tem pos a p a rtir do m o m e n to em que se d e sc u ra ra m as liga­ ções terrestres, se desactivaram as vias fluviais o u decaíram as c o m u n i­ cações m arítim as. O resultado foi p o r dem ais evidente. As com unidades h u m a n a s não desapareceram , é certo, p o rém as distâncias que fisica­ m en te sep a ra v am o lito ral do in te rio r fiz e ra m -n a s estio lar n u m a p ro stra n te m o n o to n ia , p riv a n d o -a s do estím u lo n a tu ra l da fo rm ação dos m ercados. Sem co n tacto n em m obilidade h u m a n a n ão h á econo­ m ia que se preze. E essa estagnação re su lta v a em ab so lu to da falta de com unicações e de m eios de tran sp o rte, fiáveis e seguros. E nquanto nas cidades e vilas do lito ral se m a n tiv e ra m os p o rto s abertos ao com ércio externo, verificou-se u m acentuado crescim ento dem ográfico e u m alas­ tra m e n to da su a m a lh a u rb a n a . M as q u an d o essas condições ficaram am eaçadas de asso ream en to , com o foi o caso de Tavira, o u d estru íd as p o r razões anó m alas, com o foi o caso do te rra m o to de 1755 que a r r u ­ in o u o po rto de Lagos, depressa sobrevieram a essas populações os anos da decadência económ ica e o espectro da recessão c u ltu ra l. A pesar de nos exem plos citados essa situação ter sido p au latin am en te u ltra p a ssa ­ da p o r força das m edidas c o n ju n tu ra is de recuperação económ ica, o certo é que nas vilas e cidades do in te rio r cada vez m ais se a c e n tu a ra m as distâncias pela desarticulação e insuficiência das vias de c o m u n ica­ ção terrestre, quase sem pre sem a larg u eza necessária à circulação de veículos pesados. Não esqueçam os que até ao dealbar do nosso século as estradas no A lgarve r u ra l o u interio rizad o eram , n a m aio r p a rte dos casos, sim ples carreiros que n ão serv iam tão pouco p a ra a circulação das diligências. Daí que o in te rio r serren h o fosse cada vez m ais pobre, com fortes tendências p a ra o erm am en to .

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N esta conform idade, o século XIX - m arcado pelas lu tas políticas que opuseram liberais a absolutistas, ensanguentado po r duas guerras-civis e m u ita instabilidade governativa - ficou assinalado n a nossa História como u m período de oportunidades adiadas, quando com parado com a prospe­ ridade económ ica e o progresso técnico dos países do eixo europeu. O centralism o absolutista deu lu g a r ao estadism o centralista, operando-se m udanças pouco significativas no ronceirism o do Portugal interiorizado, a que certos snobes da capital p a ssa ram a designar p o r saloiísm o ou provincianism o. O u seja, o a traso cu ltu ral, de que o poder central era o único responsável, passava a ter nom e. Na realidade pouca coisa m udou. A pesar da prosperidade da década de setenta, suscitada pela construção da rede ferroviária du ran te o período do Fontism o, pouco se fez pela p ro ­ víncia. No A lgarve não se verificaram grandes investim entos, bem pelo contrário, d u ran te as crises económicas que se sucederam ao Fontism o e suscitaram o desemprego das m assas produtivas, houve indícios de fom e quase generalizada, que foi atenuada com o recurso a p ro g ram as de ocu­ pação laborai dos quais re su lto u a co n stru ção de u m a linha de com boio fictícia, cujos railes eram de m adeira.

N esta difícil gestão das desigualdades socioeconóm icas e das n o tó rias assim etrias regionais acentuava-se a falta de u m processo de industriali­ zação nas localidades afastadas dos centros político-adm inistrativos do litoral. M as sem estrada não havia In d ú stria nem sequer Comércio, ape­ sar do a tu ra d o processo de an im ação do m ercado in te rn o atrav és da criação de n o vas feiras. A pesar da criação da Sociedade A grícola, em 1850, e de u m Banco Rural n a década de setenta, to d a a a g ric u ltu ra do in terio r alg arv io estava condenada ao fracasso p o r falta de estradas que proporcionassem a a b e rtu ra de u m m ercado pelo m enos à escala regional. São disso exem plo os concelhos de A lcoutim , M onchique, Sil­ ves, A ljezur e até Loulé, pois que as freguesias do b arro cal e serra n ão tin h a m meios de com unicação que lhes p erm itissem escoar as suas p ro ­ duções. Portanto, n ão re sta m dúvidas que o crescim ento económ ico algarvio se processava a duas velocidades diferentes, con fo rm e a situ a ­ ção geográfica dos concelhos.

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O exemplo de Aljezur

No caso de Aljezur, que ag o ra nos interessa analisar, é precisam ente a falta de estradas de ligação ao litoral que está no cerne do seu enquistado desenvolvim ento económico. M uito em bora os seus habitantes tivessem plena consciência dos prejuízos causados pela falta de com unicações com os concelhos limítrofes, nom eadam ente com Lagos, o certo é que o poder central n u n ca deu a m ín im a im p o rtân cia à solução do problem a. E com o decorrer dos tem pos foram -se acentuando as carências socioeconómicas do concelho, devido ao assoream ento do rio que servia de estrada fluvial p a ra a com unicação com a vila, à decadência e ru ín a do seu p o rto m a rí­ tim o 1 e às consequentes insuficiências daí resultantes no intercâm bio c u ltu ral das suas gentes. Repare-se que a p a rtir do início do séc. XVI, que m arca o term in u s do processo histórico dos Descobrim entos, já a zona vicentina apresentava claros sinais de decadência. O pólo de atracção eco­ nóm ico -ad m in istrativ a no contexto regional desviara-se p a ra a zona centro. A costa vicentina, de Lagos ao P rom ontório subindo até à foz do rio de Aljezur, tin h a passado à história. A realidade to rn a ra -se o u tra , ti­ n h a a ver com as «pescarias ricas» e o comércio com o N orte de África. A costa atlântica to rn a ra -se n u m a ro ta de passagem p a ra Lisboa. E do A lgarve até à capital não havia po rto s com interesse comercial que ju s ti­ ficassem u m a escala interm édia, à excepção de Setúbal. Se assim não fosse o p o rto de Aljezur n u n c a teria sido desactivado.

A verdade, n u a e crua, é que a vila de Aljezur, no contexto económico algarvio, de pouco valia. M uito em bora se situasse na orla costeira o cer­ to é que não fazia parte do hinterland de Lagos, devido à falta de co m u n i­ cações, quer terrestres quer m arítim as. Não esqueçamos que para chegar à costa sul os barcos aljezurenses teriam que dobrar o cabo de Sagres, cujo regime de "nortada" que soprava du ran te quase todo o ano não faci­ litava a tarefa às frágeis embarcações da época. Por isso, Aljezur pertencia ao Algarve interior, pobre e esquecido. Aliás já o próprio D. Dinis, que lhe havia dado foral em 12-11-1280, se apercebera da sua parca im portância económica no contexto regional, pois que a escam bou, isto é trocou-a,

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ju n ta m e n te com o u tra s terras, em 1298, pela vila de A lm ada, que per­ tencia à O rdem de Santiago. Não o b stan te a antiguidade e interesse histórico daquela vila algarvia, isto indicia u m claro depreciam ento do poder central que, infelizm ente, se repetiria ao longo dos séculos e só não se verifica hoje devido ã profissionalização dos funcionários públicos e às compensações financeiras dos cargos políticos.

A pesar de D. M anuel I, aq u an d o da o u to rg a do "Foral Novo" datado de 2 0 -8 -1 5 0 4 , ter atribuído a A ljezur o epíteto de Honrada, o certo é que nela não se reconhece a existência de fam ílias nobres, n em de significati­ vos eventos que justificassem a sensatez de ta l qualificativo. Em todo o caso, cham ou-se-lhe Nobre e H onrada, o que deve ser m otivo de orgulho p ara todos os aljezurenses. A essa época re m o n ta seguram ente a fu n d a ­ ção da Misericórdia, que apesar de hum ilde erigiu tem plo e hospital, sen­ do hoje considerada com o u m a das m ais antigas do Algarve.

M as sejam quais forem os arg u m en to s que usem os p ara d o u ra r a ve- tu stez deste b urgo, n ão podem os escam otear o facto de n u n c a ter sido grande, rico ou próspero. A principal razão da letargia económica em que se encontrava m erg u lh ad o o concelho de A ljezur era a inexistência de vias de com unicação que ligassem aquela vila à costa sul, principalm ente a Lagos e Portim ão, que eram os centros u rb an o s de m aio r desenvolvi­ m en to n a zona barlaventina. Sem a a b e rtu ra dessa estrada o concelho estaria condenado a u m a espécie de ostracism o económico e sociocultural. A C âm ara tin h a plena consciência do problem a e insistia com o poder central n a sua resolução. Por isso, aproveitando em 1828 o ensejo de feli­ citar D. Miguel pelo seu regresso ao Reino solicitou-lhe que usando da sua real protecção lhes m andasse co n stru ir as estradas p ara Lagos e Portimão. Nesse ofício afirm av a que o cu sto da obra n ão iria além de u m conto de reis «que he moderada despeza comparada com o grande beneficio que rezulta de ser o unico tranzito por onde se podem conduzir Artelharias e carruagens quando persizão circular desta parte para todo o Algarve». Cansados de tan tas petições e despesas em aparatos burocráticos de que não o btinham solução, lav raram o seguinte desabafo: «Corte V.A.R. o pescoso á serpente demoradora que tem engulido os Santos Papeisjá informados com tanto di­

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nheiro inutilmente gasto só em aparatos».2 Trata-se de u m a fo rm a de ex­ pressão m u ito pró p ria da gente simples, m as que serve p a ra ilu stra r a triste realidade em que se achava aquele laborioso povo.

A econom ia do concelho era fu n d am en talm en te ag rária e os contac­ tos externos dem asiado inconstantes p a ra se poder a sseg u rar u m a acti­ vidade m ercantil. A produção cerealífera, a que se ju n ta v a m legum inosas e alg u m vinho, não eram suficientes, em quantidade e qualidade, p a ra suscitar a atenção do m ercado. Basta dizer que aq u an d o do inquérito pom balino de 1758 foi claram ente afirm ado que não tin h a feira nem correio.3 No en tan to , p o r Portaria Régia de 1 7 -3 -1 8 2 8 foi o u to rg a d a a A ljezur u m a Feira Franca nos dias 25 e 26 de Setem bro de cada ano, n a qual as m ercadorias de m aio r transacção parecem ter sido as fazendas, os cereais e gados.4 Vê-se, assim, que antes do séc. XIX Aljezur não dispu­ n h a de meios que ju stificassem a realização de u m a feira, o que parece d em o n strar a existência de u m a econom ia deficitária e praticam en te de subsistência.

Por o u tro lado, a su a costa m arítim a, ainda que rica e ab u n d an te em espécies de qualidade piscícola, não m o tiv av a o desenvolvim ento da in ­ dústria pesqueira. A falta de salinas, de onde se extraísse o sal necessário à conservação e exportação do pescado, impossibilitava a m anutenção dessa indústria, razão pela qual n u n c a se fu n d aria u m C om prom isso M aríti­ m o. Esse era, aliás, o prim eiro sintom a de unidade e afirm ação das co m u ­ nidades m arítim as. Por isso, causa u m a certa e stran h eza que n u m concelho litoralizado com o é o de Aljezur, com cerca de 4 0 Km de costa, n u n ca tivesse despontado u m a forte com unidade piscatória. O que exis­ tiam eram pequenas "praias", o u seja, dim inutos aglom erados de pesca­ dores. Fora dessa econom ia tu d o era episódico.

A escassez populacional é disso u m forte indício. Repare-se que em 1732 Aljezur so m av a 833 habitantes, em 1756 crescia p a ra 934, em 1788 atingia 1375, m as em 1802 baixa p a ra 1287, em 1828 sobe p a ra 1735, atingindo aq u i o seu pico dem ográfico, sendo talvez p o r isso que nessa d ata se realizou a sua Feira Franca; em 1835 baixou p a ra 1644, em 1836 caiu p ara 1233 (certam ente devido aos devastadores efeitos do su rto

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epi-démico da cólera-m orbo) e em 1837 subiu p a ra 1591. M as o que im por­ ta aqui reter é a com paração dem ográfica com o u tra s sedes de concelho. Assim, verificamos que abaixo de Aljezur se situava apenas Vila do Bispo, cuja população nas datas acim a referidas, v a rio u entre os 536 e os 856 habitantes. Em m ais n e n h u m a sede de concelho se conhecem índices populacionais tão baixos. Nem sequer em A lcoutim que oscilou entre os 1018 habitantes em 1732 e os 3182 em 1 8 3 7 .5 E este seria talvez o con­ celho m ais com parável com Aljezur, visto considerar-se do interior e situ ­ ar-se no extrem o oriental da província, a u m a latitude ligeiram ente superior. Em todo o caso, se to m a rm o s em consideração a variação da população, entre 1 7 5 8 e l 9 1 1 , verem os que em term o s de crescim ento dem ográfico a vila de A ljezur é a 2 4 .a localidade do A lgarve, visto que entre essas datas o índice cresce em 1854 habitantes, o que é b astan te significativo.6 A ctualm ente a população da vila tem a u m en tad o de u m a fo rm a b astan te acentuada, sendo disso exem plo a fo rm a com o a m alh a u rb a n a se tem desenvolvido p a ra o lado oriental da vila, seguindo as di­ rectrizes do Bispo D. Francisco Gomes do Avelar que em 1 0 -9 -1 8 0 9 ali con sag ro u a N.a S.a de Alva a no v a Igreja M atriz. Nessa a ltu ra , aquele ilustre prelado ju lg o u que estaria a criar u m a «Aldeia Nova», m as esse desiderato só viria a co n su m ar-se nos nossos dias, tran sco rrid o m ais de u m século após a sagração do tem plo. Provou-se que sendo u m h om em de vistas largas era certam ente u m espírito b astan te esclarecido e inova­ dor p a ra o seu tem po, n ão havendo n a prelazia alg arv ia q u em se lhe possa com parar.

A extinção do Concelho

Desde a form ação da nacionalidade que a base da adm inistração p ú ­ blica incide no concelho, cujas origens re m o n ta m ao im pério visigótico onde o consilium o u o conventus publicus vicinomm, fu n cio n av am com o assembleias dos chefes de fam ília e dos religiosos, cuja in stru ção ajudava a construir com m elhor discernim ento a vontade geral. As cartas de foral,

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que m ais tarde os m onarcas irão atrib u ir aos seus povoadores, serão u m a fo rm a de arrecadação de im postos e de controlo po lítico-adm inistrativo da nação. A organização do Estado-N ação teve pois a su a origem na conglom eração dos concelhos que, po r razões geosocioeconómicas e afi­ nidades culturais, se c o n stitu íra m em unidades, m ais o u m enos artifici­ ais, a que se resolveu ch am ar reinos, comarcas, províncias e distritos. Em qu alq u er u m a dessas concepções político-adm inistrativas foi sem pre o concelho, na sua ancestral acepção m unicipalista, que deu o cerne às di­ versas realidades vigentes, desde a Idade Média até aos nossos dias.

A ssim , o antig o reino do A lgarve, subm etido ao Islão no século VIII p o r tribos berberes, unificado pelos A lm orávidas e alargado ao Sul da H ispânia pelos A lm óadas, sofreu apenas duas alterações adm inistrativas dignas de m o n ta. A prim eira foi a sua definitiva integração, em 1250, no territó rio nacional; a segunda ocorreu em 1836 com a Reform a A dm i­ nistrativ a levada a cabo po r Passos M anuel, da qual resultou a tra n sfo r­ m ação do Reino do Algarve em simples distrito de Faro. Assistiu-se, nessa altu ra, à m ais p ro fu n d a e controversa rem odelação da e stru tu ra ad m i­ nistrativ a da nação.

Com efeito, o antigo ordenam ento adm inistrativo tornara-se no decur­ so dos tem pos n u m a imbricada confusão de concelhos, vilas coutos e h o n ­ ras a que ninguém ousava pô r cobro. Era u m a herança da História que só u m a revolução das m entalidades, com o aquela que resultaria da vitória liberal em 1834, poderia legitim am ente alterar. E esse foi u m princípio de h o n ra e u m com prom isso político de que dependeria a própria sobrevivên­ cia do regime. Teorizada p o r José Henriques Nogueira, esboçado por M ouzinho da Silveira m as levada à prática po r M anuel da Silva Passos, a Reforma A dm inistrativa exarada no decreto de 6-11-1836 exterm inou os coutos da Igreja, as vilas e honras da Nobreza e reduziu a m enos de m etade os concelhos então existentes. Não vam os perder tem po a dissecar o assu n ­ to. Já o fizemos, com desusado porm enor, n u m trabalho de apurado rigor científico.7 Em todo o caso, para se fazer u m a ideia do seu profundo alcan­ ce, b astará dizer que dos 816 concelhos então existentes apenas se m a n ti­ veram 351, dos quais o Algarve foi u m a pseudo-vítim a.

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Na verdade, dos 17 concelhos que o A lgarve possuía apenas se lhe ex­ tin g u iram q u atro , a saber: Alvor, Sagres, A ljezur e C astro M arim . Das suas 68 freguesias reduziram -se-lhe duas: N.a S.a do Verde, em Monchique, e S. João da Venda, em Faro, a qual se restabeleceria em 1842 no concelho de Loulé. Portanto, nada de especial. Apenas o caso dos concelhos era m ais grave, já que C astro M arim n ão aceitou a decisão de ser extinto e m u ito m enos de ser integrado no de Vila Real de Santo A ntónio, m unicípio m ais pequeno e mais recente do que o da antiga sede da Ordem de Cristo. Q uanto aos ou tro s nada a obstar. Tanto Alvor com o Sagres estavam praticam en­ te extintos desde o fim do pom balism o. Os p arâm etro s utilizados p a ra a sua ab-rogação incidiam n a escassez populacional, nas dificuldades de comunicações terrestres e n a constituição "unicelular" do tecido concelhio. A celeum a suscitada pelos habitantes de C astro M arim foi tão acesa que a J u n ta Geral do D istrito de Faro aconselhou o governo central a revogar a decisão inicial.8

Os casos de Sagres e A ljezur não ofereceram grande polém ica visto serem pobres, reduzidos em população e não disporem de gente instruída p ara o exercício dos cargos m unicipais, razão pela qual fo ram anexados aos de Vila do Bispo e M onchique, respectivam ente. E, de facto, quando o oficial inglês George L andm ann, v isitou o A lgarve d u ra n te a G uerra Pe­ ninsular, a vila de Aljezur pareceu-lhe pobre e pouco populosa, cujo casario desprovido da alv u ra da cal se apresentava aos olhos do v isitan te com u m aspecto desolador.9

C uriosam ente com Aljezur passou-se algo inusitado, pois que estando previsto fundir-se no concelho de Lagos acabaria p o r ser anexado a Monchique, o que causava grandes tran sto rn o s aos seus m oradores. Esse desnorte foi aproveitado pelos aljezurenses p ara lavrarem u m a petição de p ro testo n a qual se queixavam da m á contagem dos fogos n a vila (que era de 552 e não de 468) e a perda de grande parte da freguesia de Bordeira, que serviu para g aran tir à de Vila do Bispo os índices estatísticos de sobre­ vivência com o concelho, que eram geralm ente inferiores a A ljezur.10 Considerando os tra n sto rn o s que as cinco léguas de travessia da serra de M onchique causavam aos aljezurenses p ara irem tra ta r das suas obriga­

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ções fiscais e cam arárias, decidiu a Com issão de Estatística [a q u em fora entregue a revisão da Reforma A dm inistrativa] restabelecer o concelho de Aljezur, devolvendo-lhe «as freguezias que fo rm av ão o territó rio do seu antigo m unicipio».11 O decreto de 2 7 -9 -1 8 3 7 aceitava a a u to n o m ia concelhia de A ljezur e reintegrava-lhe a freguesia de Odeceixe, term in an ­ do assim a prim eira ten tativ a fru stra d a de extinção deste concelho.

O problem a da refo rm a ad m in istrativ a n u n c a foi pacífico e, de certo modo, agudizou-se com a publicação do Código, u m a espécie de bandeira do novo regime liberal. Se no Código A dm inistrativo de Passos M anuel, de 1836, os concelhos, com o vim os, fo ram reduzidos p a ra 351, no Código de Costa Cabral, de 1842, cresceram p a ra 381; m as com Rodrigues Sampaio, em 1878, reduziram -se p a ra 290, em 1880 Luciano de C astro não mexeu nos m unicípios e com João Franco, em 1895, apenas se acres­ centou u m concelho. Com o se co n stata pela análise dos diversos códigos adm inistrativos, não foi o A lgarve objecto de grandes m udanças, pois que desde 1836 se m anteve nos 15 concelhos e cerca de 70 freguesias. Porém, n ão podem os deixar de a firm a r que os concelhos algarvios que m ais sofreram com as bolandas da reform a ad m in istrativ a fo ram Cas­ tro M arim , Vila do Bispo e Aljezur. A su a justificação era sem pre a m es­ ma: escassez populacional, isolam ento geográfico e falta de letrados para a execução do poder autárquico.

No início da década de cinquenta no século passado su rg iu a tão espe­ rada estabilidade política, através de u m m ovim en to liderado pelo velho general Saldanha, e que a História registaria com o o período da "Regene­ ração". Em todo o caso quem nessa a ltu ra surgiria n a ribalta da política com o sendo o verdadeiro ro sto da reconstrução económica, foi o Eng.° Fontes Pereira de Melo. A su a estratégia política incidiu n u m plano de ordenam ento das vias de com unicação terrestre, estradas e cam inho-de- ferro, de form a a potenciar os recursos agrários, desenvolver os mercados regionais e interligar as populações do interior com o litoral. Para isso teve de recorrer a u m v asto plano de obras públicas e de fom ento ag ro - industrial, p ara cuja concretização teve de recorrer aos em préstim os ex­ ternos. Em certa medida pode dizer-se que a política do g overno foi bem

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sucedida. O sistema, que n a im prensa se denom inaria por «Fontismo», foi tam bém nos tablóides da época vulgarizado sob a designação de «m elho­ ra m e n to s m a te ria is» . O o b jectivo ú ltim o era d im in u ir o a tr a s o "civilizacional" do nosso país em relação à E uropa central.

M as se p a ra o n o rte vinhateiro essa política foi benéfica, já o m esm o não se pode dizer em relação ao Algarve, onde os m elhoram entos incidiram fu n d am en talm en te n a a b e rtu ra de novos troços com as principais cida­ des do litoral, assim com o no alarg am en to e re e stru tu ra çã o da estrada longitudinal que ainda hoje serve esta província. Todavia, foi nessa a ltu ra que su rg iram as cliques políticas e o clientelismo partidário, que opôs in­ teresses privados a benefícios gerais. As lutas eleitorais e a corrupção p o ­ lítica to rn a ra m -se n u m a prática corrente. Ju lg am o s que terá sido neste jogo de interesses eleitorais que se terá publicado o decreto de 24-10-1855, mercê do qual se ex tin g u iram os concelhos de A ljezur e de Vila do Bispo, integrando-os no de Lagos. Foi u m ano m em orável, po r assinalar a subi­ da ao tro n o do rei de D. Pedro V M as en q u an to o país rejubilava com o novo m onarca, o povo do pacato concelho de A ljezur lam en tav a a sua extinção.

Com efeito, a publicação da lei eleitoral de 3 0 -9 -1 8 5 2 definiu as re­ gras de participação dos cidadãos e a constituição de círculos eleitorais com base no n ú m e ro de fogos, podendo estes eleger u m deputado por cada 6500 fogos, bastando-lhe, porém , 43 3 2 p a ra eleger o prim eiro da lista de sete candidatos a que tin h a direito. M as com o decorrer da prática política e os interesses do governo fizeram -se várias alterações à lei, espe­ cialmente no que concerne ao núm ero e divisão dos círculos eleitorais e ao n ú m ero de deputados a eleger po r cada u m deles. Ora, em 1855, a situ a­ ção dem o-económ ica de A ljezur e Vila do Bispo ju stificav a a su a anexa­ ção ao concelho de Lagos, onde o Visconde de Bivar e o partido regenerador tin h a m forte influência política. Essa operação de cosm ética eleitoral ser­ v iu p ara c o n stru ir em 1859 o círculo eleitoral n.° 152 que beneficiaria o governo do D uque da Terceira.

Foi por razões em tu d o m u ito sem elhantes a estas, o u seja, de interesse eleitoral que o decreto de 10-9-1861 fez A ljezur re to rn a r à su a condição

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de concelho, recebendo de Vila do Bispo a freguesia da Bordeira e m a n te n ­ do Odeceixe. Porém, não se alteraria a su a situação de quase isolam ento em relação aos grandes centros urbanos, nem m elhoraria a frágil econo­ m ia ru ra l o u o escasso crescim ento dem ográfico. A situação v o lto u a repetir-se com a p rom ulgação do novo Código A d m inistrativo de João Franco, que usan d o os acostum ados arg u m en to s dem o-económ icos deu azo a que o governo publicasse em 1 4 -8-1895, o decreto que extinguiria novam ente os três m ais pequenos concelhos do A lgarve (Vila do Bispo, Aljezur e C astro M arim ). E o decreto eleitoral de 2 8 -3 -1 8 9 5 da a u to ria do governo de Hintze Ribeiro, reflectia m ais u m a vez o desrespeito pelo sufrágio e pela representatividade das populações, pois que tran sfo rm av a a anterior centena de círculos eleitorais em apenas vinte e d uas circuns­ crições, das quais o A lgarve era a últim a. Com o reacção a esta atitu d e - que aliás se viria a repetir em 1901 com u m a lei eleitoral m u ito sem e­ lhante que a im prensa cognom inaria de «ignóbil porcaria» - o Partido Progressista e a oposição republicana recusaram -se a ir às u rn a s deixan­ do que os regeneradores alcançassem u m a retu m b an te vitória. A C âm a­ ra dos Deputados, exclusivam ente dos regeneradores, foi chacoteada com o epíteto de «Solar das Barrigas» resistindo pouco m ais de u m an o aos ataq u es da im p ren sa. A lei de 2 1 -5 -1 8 9 6 re in tro d u z iu os círculos uninom inais e com eles se reapreciariam as queixas dos extintos conce­ lhos. Coube ao Dr. José Luciano de Castro, chefe do governo progressista, através do decreto de 13 de Janeiro de 1898, re s ta u ra r o concelho de Aljezur. Fez-se ju stiça, e m ais u m a vez, qual Fénix renascida, a vila de Aljezur retom aria os seus honrosos pergam inhos m unicipalistas.

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NOTAS

1 Parece admissível a existência de u m porto m arítim o em Aljezur, pois que em 1684 n u m inventário da propriedade fundiária do concelho consta que ali teria existido «hum lizeirão de terra sito no com bro do rio ou esteiro, onde antigam ente era desem barcadouro».

Cf. João Baptista da Silva Lopes, Corografia ou memória economica, estadistica, e topografica

do Reino do Algarve, Lisboa, Academia das Ciências, 1841, p. 203.

2 A rquivo Nacional da Torre do Tombo, M inistério do Reino, A utos de Felicitação, A clam a­ ções, Ju ram en to s e outros, maço 9, I série, doc. n.° 106, datado de 16-3-1826, assinado pelo presidente da edilidade, M anoel M arreiros, e firm ado de c ru z p o r todos os vereadores, visto serem an alfab eto s, o que d e m o n s tra o a tr a s o c u ltu ra l dos aljezurenses, em la rg a m edida re su ltan te da m arg in alização económ ica daquele concelho.

2 Este inquérito de 1758, tam bém designado por «Memórias Paroquiais», encontra-se depo­ sitado no A rquivo N acional da Torre do Tombo e c o n stitu i o cham ado Dicionário Geográfico, organizado pelo Padre Luiz Cardoso, que n unca se chegou a editar. As «M emórias Paroquiais» relativas ao concelho de Aljezur foram publicadas na revista Espaço Cultural, n.° 5 de Dezembro de 1990, pp. 29-46.

4 A rquivo Histórico do Ministério das Obras Públicas, Direcção Geral de Comércio, A gricul­ tu ra e m anufacturas, Repartição e Comércio, 3S-2, «Rellaçam das Feiras Francas do D istricto de Faro», 1851.

5 Os índices populacionais aq u i utilizados foram extraídos de João Baptista Lopes, op, cit., «Mappa n.°2, com parativo da População do Algarve desde 1732 até 1837».

6 Cf. Francisco Luiz Pereira de Sousa, O Megasismo de 1.° de Novembro de 1755 em Portugal,

Distrito de Faro, Lisboa, 1915, estam pa V «Variação da População, m aior de 7 anos, de 1758 a

1911 no Algarve».

7 José Carlos Vilhena M esquita, O Algarve no processo histórico do liberalismo português, 2 vols., Faro, Universidade do A lgarve, 1997.

8 O Conselho Geral do D istrito de Faro p ara evitar ódios e desacatos com os habitantes de Vila Real de St.° A ntónio, e atendendo «à preponderancia que a m aior população de C astrom arim tem sobre a de Vila Real, entende que se conservem as cousas no anterior estado, restituindo a C astrom arim os seus antigos fóros».

A rquivo H istórico Parlam entar, secção I—II, caixa 450, doc. n.° 210, ofício n.° 78 da A dm inistração Geral do D istrito de Faro, datado de 2 4 -2 -1 8 3 7 .

9 «Aljezur é tão m iseravelm ente pobre que não merece m ais do que u m a referência m u ito breve. A vila parece co n sistir u n icam en te n u m a ru a m u ito íngrem e, m u ito irre g u la rm e n te co n stru íd a e m u ito m al pavim entada. As casas com poucas excepções, têm apenas o a n d a r térreo que, na m aioria dos casos nem m esm o é pavim entado. O seu exterior é extrem am ente triste porque são construídas com pedras de cor escura e m u itas delas sem argam assa, visto que a cal é aqui artigo m u ito raro. Os habitantes, n u m to tal de cerca de cem famílias, parecem ser da m ais hum ilde condição.»

George Landm ann, Historical, M ilitary and Picturesque Observations on Portugal, 2 vols., Londres, 1818, pp. 136-143, traduzidas e publicadas em Espaço Cultural, n.° 6, Dezembro de 1991, p. 23.

10 A.H.P. secção I-II, caixa 206, doc. n.° 91, Petição-A baixo A ssinado dos m oradores de Aljezur, s/d.

11 A.H.P. secção I—II, caixa 450, doc. n.° 205, 1 7 ° D istrito, Faro, reorganização do concelho de Aljezur, acta da Comissão de Estatística, datada de 1-7-1837.

Referências

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