• Nenhum resultado encontrado

Multiparentalidade: a possibilidade jurídica do reconhecimento simultâneo da paternidade socioafetiva e biológica e seus efeitos/ Multi-parentality: the legal possibility of the simultaneous recognition of socioaffective and biological paternity and its

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Multiparentalidade: a possibilidade jurídica do reconhecimento simultâneo da paternidade socioafetiva e biológica e seus efeitos/ Multi-parentality: the legal possibility of the simultaneous recognition of socioaffective and biological paternity and its "

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17241-17247, oct. 2019 ISSN 2525-8761

Multiparentalidade: a possibilidade jurídica do reconhecimento

simultâneo da paternidade socioafetiva e biológica e seus efeitos

Multi-parentality: the legal possibility of the simultaneous recognition of

socioaffective and biological paternity and its effects

DOI:10.34117/bjdv5n10-006

Recebimento dos originais: 10/09/2019 Aceitação para publicação: 01/10/2019

Márcia Lorenna Rodrigues Barbosa

Graduada pelo centro Universitário Santo Agostinho. Advogada. Pós-graduanda em Direito de Familia e Sucessões pela Escola superior da advocacia-ESA da OAB/PI

Endereço: Rua Fenelon Rocha, Lourival Parente, Teresina-PI, Brasil Email:lorennabarbosa1@hotmail.com

Bárbara Cândi Sobral Araújo,

Graduada pelo centro Universitário Santo Agostinho. Advogada.

Pós- graduanda em Direito Público e privado na Universidade Federal do Piauí e Escola Superior da magistratura do Estado do Piauí.

Endereço: Rua Marechal Dutra, 5670, Lourival Parente, Teresina-PI, Brasil. E-mail: barbaracandiadv@gmail.com

Carla Dias Coelho

Graduada pelo centro Universitário Santo Agostinho.

Pós-graduanda em Direito do trabalho e previdenciário pela Escola do Legislativo do Piauí – ALEPI

Endereço: Avenida Barão de Gurgueia, 3601, Teresina-PI, Brasil Email: carlacoelho672@gmail.com

João Marcos de Araújo Rocha,

Graduado em direito pelo centro Universitário Santo Agostinho. Endereço: Avenida Palestina, 495, São Marcos, Timon-MA, Brasil

Email: joaomarkos993@gmail.com

Lucas Iago Leal Sepúlveda

Graduado pelo centro Universitário Santo Agostinho. Advogado

Pós-graduando em Direito Civil e processual Civil pela Faculdade Diferenciada Integral-FACID/WYDEN.

Endereço: Rua sete de setembro, 2654, Vermelha, Teresina-PI , Brasil E-mail: Lucasiago@hotmail.com

Marta Fernandes Santiago

Graduada pelo centro Universitário Santo Agostinho. Advogada

Pós-graduanda em Direito do trabalho e previdenciário pela Escola do Legislativo do Piauí – ALEPI

(2)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17241-17247, oct. 2019 ISSN 2525-8761

Endereço: Rua Nova Glória,4087, Loteamento Novo Bela Vista, Teresina-PI , Brasil E-mail: martasantiago240@gmail.com

RESUMO

Trata-se de um artigo científico que retrata a questão da multiparentalidade como uma realidade no direito brasileiro, e como tal, possui efeitos jurídicos tanto para os pais quanto para os filhos. Valeu-se do entendimento de especialistas no tema para fundamentar a possibilidade do reconhecimento desse instituto, bem como a ampliação do conceito de família que é trazido pelo texto constitucional e que se coaduna com a realidade dos lares brasileiros. Após a realização da pesquisa bibliográfica, conclui-se pela possibilidade jurídica do reconhecimento simultâneo da paternidade socioafetiva e biológica. Nesse sentido, o filho passa a adquirir direitos sucessórios e deveres com relação a ambos os pais, temática que resultou no Provimento nº 3 do CNJ e que será apresentada no decorrer deste artigo.

Palavras-chave: filiação, sucessão, família ABSTRACT

It is a scientific article that portrays the issue of multiparenting as a reality in Brazilian law, and as such, has legal effects for both parents and children. It was based on the understanding of experts in the subject to support the possibility of recognition of this institute, as well as the expansion of the concept of family that is brought by the constitutional text and that is in line with the reality of Brazilian homes. After the bibliographical research, it is concluded by the legal possibility of the simultaneous recognition of the socio-affective and biological paternity. In this sense, the child acquires inheritance rights and duties with respect to both parents, a theme that resulted in CNJ Provision No. 3 and will be presented throughout this article.

Keywords : sonship, succession, family

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo versa sobre a multiparentalidade como uma nova realidade no direito brasileiro, mas que não é novidade na dinâmica das famílias no país. Diante disso, apresenta-se o conceito dessa nova forma de repreapresenta-sentação social da família, suas características, previsão legal e os efeitos advindos dela.

Tais efeitos estão embasados nos direitos da personalidade, que são inerentes à condição humana e por isso não deve haver óbice legal para o exercício e o reconhecimento deles.

O principal objetivo desse artigo é enumerar os efeitos da multiparentalidade fundamentando o seu pleno reconhecimento. Para isso realizou-se uma pesquisa bibliográfica

(3)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17241-17247, oct. 2019 ISSN 2525-8761

baseada em livros, jurisprudência, artigos da internet e na legislação vigente. Autores como Moacir César Pena Jr., Maria Berenice Dias, Carlos Roberto Gonçalves, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho são alguns dos doutrinadores que partilham da tese de que a multiparentalidade deve ser aceita com todos os efeitos que dela advém.

Não se pretende com o sucinto trabalho explorar todo o conteúdo relativo ao tema, mas espera-se apresentar fundamentos legais, jurisprudenciais e doutrinários que sirvam de base para embasar futuras que queiram se debruçar sobre esse tema tão atual e relevante.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O direito de família passou por significativas transformações ao longo dos anos, em razão das mudanças nas relações sociais, com o fim de atender às demandas sociais.

Diante da ampliação do conceito de família e a valorização do afeto surgiram novos modelos de entidade familiar, pautados na dignidade da pessoa humana, na igualdade e na solidariedade.

A Constituição Federal de 1988 inseriu no ordenamento jurídico valores e princípios fundamentais, dentre eles a dignidade da pessoa humana, a igualdade entre os filhos, havidos ou não na vigência do casamento, a solidariedade e a afetividade, que amparam as mais diversas conjunturas familiares. Deste modo, surgiu a família contemporânea, rompendo a concepção tradicional de família que vigia anteriormente.

A filiação já não se define apenas pelo vinculo genético, pelo contrário, a afetividade tornou-se elemento significativo na caracterização da família contemporânea. Ademais, não se admite qualquer distinção entre filhos legítimos, adotivos ou adulterinos.

Para Maria Berenice Dias “a afetividade é o princípio que fundamenta o Direito de Família na estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão de vida, com primazia em face de considerações de caráter patrimonial ou biológico” (DIAS, 2015, p. 52).

Para Maria Helena Diniz a afetividade é o “corolário do respeito da dignidade da pessoa humana, como norteador das relações familiares e da solidariedade familiar” (DINIZ, 2012, p.38).

O Supremo Tribunal Federal brasileiro no julgamento da repercussão geral sobre a paternidade socioafetiva acabou por firmar a seguinte tese: “a paternidade socioafetiva declarada ou não em registro, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante, baseada na origem biológica, com efeitos jurídicos próprios”.

(4)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17241-17247, oct. 2019 ISSN 2525-8761

A decisão da suprema corte jurídica equipara as modalidades de vínculos. A manifestação do Ministro relator, Luiz Fux, não deixa dúvidas quanto a essa igualação: “Se o conceito de família não pode ser reduzido a modelos padronizados, nem é lícita a hierarquização entre as diversas formas de filiação, afigura-se necessário contemplar sob o âmbito jurídico todas as formas pelas quais a parentalidade pode se manifestar, a saber: (i) pela presunção decorrente do casamento ou outras hipóteses legais (como a fecundação artificial homóloga ou a inseminação artificial heteróloga – art. 1597, III a V do Código Civil de 2002); (ii) pela descendência biológica; (iii) pela afetividade. (trecho do voto do Min. Relator Luiz Fux, ao julgar o RE 898060/SC, p.14).

Noutra quadra, afirma o Ministro do STF: “Da mesma forma, nos tempos atuais, descabe pretender decidir entre a filiação afetiva e a filiação biológica quando o melhor interesse do descendente é o reconhecimento jurídico de ambos os vínculos.(...) Por isso, é de rigor o reconhecimento da dupla parentalidade. (trecho do voto do Min. Relator Luiz Fux, ao julgar RE 898060/SC, p. 17-19).

Dessa forma, a Repercussão Geral 622 do STF finalmente afasta as controvérsias existentes sobre o tema da multiparentalidade, valorizando ainda mais a instituição da família e corroborando que seus efeitos devem ser ampliados por ser medida de alcance da justiça e da proporcionalidade.

3 CONCLUSÕES

O reconhecimento da multiparentalidade é simplesmente a união do vínculo de filiação biológica com a socioafetiva, que deixou de ser apenas uma realidade social para se tornar um direito e uma obrigação constitucionalmente previstos. Os princípios da dignidade da pessoa humana, da solidariedade familiar, da afetividade e de tantos outros citados no presente artigo científico fundamentam a filiação pluriparental, também conhecida como multiparental.

A posse de estado de filho com relação a um pai ou uma mãe não exclui que outro seja também considerado genitor, nesses casos, não há exclusão do vínculo anterior, mas mera inclusão de outro, que coexistem obedecendo à trajetória e o direito de todo ser humano de conhecer a sua própria história, justificativa pela qual se deve manter incólume as duas maternidades/paternidades, não havendo qualquer conflito.

A multiparentalidade nada mais é que a designação do que a sociedade já reconhece há muito tempo e que agora ganhou a sua devida tutela legal e tratamento jurisprudencial e

(5)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17241-17247, oct. 2019 ISSN 2525-8761

doutrinário. Ela tem base no princípio constitucional da igualdade entre os filhos que permite a conciliação entre a convivência desses com o pai biológico e o socioafetivo.

Trata-se de uma adequação dos fatos e da realidade de milhares de famílias brasileiras à norma que deve se amoldar à dinâmica e à evolução da sociedade. O século XXI rompeu com o conceito de família adotado outrora, trazendo uma evolução legislativa que descarta a limitação meramente religiosa onde família era apenas aquela com formato patriarcal e baseada no casamento.

No dia 22 de novembro do corrente ano foi dado um importante passo no reconhecimento da multiparentalidade, pois o STF através da Repercussão Geral 22 decidiu que “a paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante, baseada na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios”.

Esse é considerado um grande avanço, visto que o reconhecimento de dois genitores, entre biológicos e socioafetivos, vinha encontrando reserva e obstaculizando uma forma de representação social da família que já existe há bastante tempo.

A partir de agora, fica plenamente estabelecido que o filho exposto à multiparentalidade tenha direitos com ambos os pais, assim como o filho tem deveres com todos eles. Os efeitos da multiparentalidade foram reconhecidos para garantir que o filho concorra com todos os herdeiros ou sucessores tanto do pai biológico quanto do socioafetivo, da mesma forma que tem o dever de amparar ambos os pais em caso de necessidade.

REFERÊNCIAS

BARROS, Sérgio Resende de. A ideologia do afeto. Revista Brasileira de Direito de Família. Porto Alegre:IBDFAM/Síntese, n. 14, p.5-10, jul.-set. 202.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

(6)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17241-17247, oct. 2019 ISSN 2525-8761

_________. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. Acesso em 05 out. 2017.

_________. Supremo Tribunal Federal: Repercussão geral 622 – prevalência da paternidade socioafetiva em detrimento da paternidade biológica. Disponível em:http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciarepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incid ente=4803092&numeroProcesso=898060&classeProcesso=RE&numeroTema=622#. Acesso em: 21 nov. 2017.

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo. Novo curso de direito civil: direito de família – As famílias em perspectiva constitucional. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. Vol.1, 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

GROSSMAN, Cecília; ALCORTA, Irene Martinez. Famílias ensambladas. Buenos Aires: Editorial Universidad, 2000.

LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

(7)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17241-17247, oct. 2019 ISSN 2525-8761

LOBO, Paulo. Socioafetividade. Revista IBDFAM – Família e Sucessões. nº. 5, Belo Horizonte: 2014.

MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tratado de Direito Privado. 2 ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1956. v.7.

MORAIS, Stephanie Ramos. Multiparentalidade e seus efeitos no âmbito do direito de família. Rio de Janeiro, 2016. Universidade Católica do Rio Janeiro – PUC-Rio. Monografia. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/27908/27908.PDF. Acesso em: 20 nov. 2017.

PENA JUNIOR, Moacir César. Curso avançado de direito das famílias. Teresina: Edição do autor, 2017.

PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Parentalidade Socioafetiva. Revista IBDFAM – Família e Sucessões. nº 9, Belo Horizonte : 2015.

RUZYK, Carlos Eduardo Pianovski. Famílias simultâneas: da unidade codificada á pluralidade constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.

WELTER, Belmiro Pedro. Teoria tridimensional ao Direito de Família. 5º ed. Extraído de FARIAS, Cristiano Chaves de, ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil – Famílias. Salvador: JusPODIVM, 2013.

Referências

Documentos relacionados

Dentre as diversas ações do projeto, a Formação Cidadania e Dirietos Humanos é uma das estratégias adotadas para fortalecer e capacitar cerca de 30 profissionais que fazem parte

Visto que o desenvolvimento de produtos pode ser compreendido como um processo de conversão de informação [1], metodologias de coleta e transformação das

Quanto à natureza dessas com- plicações, os artigos destacam os partos prematuros e iatrogênicos como mais prevalen- te nas gestantes mais velhas, intercorrências como a

Neste volume vamos aborda o conceito de norma de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas, a diferença entre reforma e manutenção, o que são o Registro e a

Considerando-se as limitações de um estudo in vitro, pode-se concluir que a maior força de união entre resina acrílica ativada quimicamente e silicone facial MDX 4-4210 foi obtida

The aim of this double blind, randomized, controlled clinical trial, was to evaluate the clinical outcomes after the treatment of gingival recession with the coronally

Algumas investigações têm demonstrado que é benéfico haver uma diferença etária entre o mentor e mentorando, devendo a diferença ser de pelo menos 2 anos – Cross Age

A partir dos delineamentos feitos no capítulo anterior, optou-se por conduzir o presente estudo comparando-se a quantidade de pena imposta a condenados