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A RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL DA ORGANIZAÇÃO E AS SUAS IMPLICAÇÕES CONTABILÍSTICAS E FISCAIS

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, em especial aos meus pais, pois sem eles não seria nada e aos meus queridos irmãos, como prova de amor e carinho.

(2)

AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos às pessoas e instituições que contribuíram para a realização deste trabalho, nomeadamente:

 Os meus familiares pelo apoio que concedem-me diariamente;

 A Shell Cabo Verde, SARL, em nome dos senhores Marco Morazzo e Hermes Ramos;

 O Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresarias, pólo de São Vicente, em nome dos docentes que auxiliaram-nos durante o período de formação, aos funcionários que estão sempre dispostos a cooperar e especialmente ao docente Anselmo Fonseca pelo apoio e orientação deste trabalho;

 A todos os demais que directa, ou indirectamente, me apoiaram, o mais profundo reconhecimento e expressão da minha dívida de gratidão.

(3)

Uma pessoa não é a terra, nem a água, nem tão pouco o vento ou o espaço. Também ela não é a sua própria consciência, muito menos um conjunto de consciências. Mas, sem estes atributos, o que é o individuo?”

(4)

ÍNDICE

Pag. RESUMO ANALÍTICO XII

INTRODUÇÃO 13

1. A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA ORGANIZAÇÃO 15

1.1. Noção e âmbito da responsabilidade social 15

1.2. Evolução histórica da responsabilidade social 17

1.3. Níveis interno e externo da responsabilidade social na organização 18

1.4. Diferentes visões de responsabilidade social 21

1.5 Marketing social nas organizações 22

2. A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DA ORGANIZAÇÃO 24

2.1 Âmbito da responsabilidade ambiental 24

2.2 Evolução histórica da responsabilidade ambiental 25

2.3 Níveis interno e externo da responsabilidade ambiental na organização 26

2.4 A continuidade da organização e o desenvolvimento sustentável 28

2.4.1 A continuidade da organização 28

2.4.2 O desenvolvimento sustentável 29

3. A CONTABILIDADE SOCIAL E A CONTABILIDADE AMBIENTAL 30

3.1 Ramificações da contabilidade social 31

3.1.1 Contabilidade ambiental 31

3.1.2 Contabilidade de recursos humanos 32

3.1.3 Informação de carácter ético 33

3.2 O conceito de balanço social 33

4. IMPLICAÇÕES CONTABILÍSTICAS E FISCAIS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL 36

4.1 Implicações contabilísticas da responsabilidade social e da responsabilidade ambiental 36

4.1.1 Implicações contabilísticas da responsabilidade social 36

4.1.2 Implicações contabilísticas da responsabilidade ambiental 38 4.2 Implicações fiscais da responsabilidade social e da responsabilidade

(5)

Ambiental 42

4.2.1 Implicações fiscais da responsabilidade social 42

4.2.2 Implicações fiscais da responsabilidade ambiental 44

5. ESTUDO DE CASO: RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL NUMA EMPRESA CABOVERDIANA 46

5.1 Breve caracterização da empresa 46

5.2 Analise social e ambiental dos documentos de prestação de contas 47

5.2.1 Estrutura dos relatórios de gestão e contas dos últimos três anos 47

5.2.2 Referência a matérias sociais e ambientais 49

5.2.3 O balanço social da empresa 52

5.2.4 Activos e passivos de natureza social e ambiental 54

5.2.5 Rendimentos e gastos sociais e ambientais 55

5.2.6 Práticas de mecenato 57

5.2.7 Aplicação do principio da continuidade 57

5.3 Implicações fiscais da responsabilidade social e ambiental 58

5.3.1 Reduções de matéria colectável e colecta de imposto sobre rendimentos 58

5.3.2 Outras implicações fiscais 59

CONCLUSÃO 63

(6)

LISTA DE ABREVIATURAS

Pag. C

CMMAD – Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento………..29 CVE – Escudo de Cabo Verde………...46

E

ELI – English Language Institute………...….…….50 EUA – Estados Unidos da América………. ………...…33

I

INPS – Instituto Nacional de Previdência Social………. ...….53 ISCEE – Instituto superior de Ciências Económicas e Empresariais………50 ISO – International Organization for Standardization / Organização Internacional de

Padronização………..26 IUR – Imposto Único sobre o Rendimento………...44 IUR/PC – Imposto Único sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas………...43 IUR/PS – Imposto Único sobre o Rendimento das Pessoas Singulares………….…...43

P

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente……….29 PNC – Plano Nacional de Contabilidade………...54

S

SARL – Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada………...46 SIDA – Síndrome de Imune Deficiência Adquirida………..……50 SNCRF – Sistema de Normalização Contabilística e de Relato Financeiro…………..54

T

(7)

W

(8)

LISTA DE QUADROS

Pag.

Quadro 1 – Diferentes Visões de Responsabilidade Social.………... 21

Quadro 2 – Definições e Opiniões de Contabilidade Social mais relevantes segundo alguns Organismos e Autores………..30

Quadro 3 – Principais Benefícios e Beneficiários do Balanço Social……….….. 35

Quadro 4 – Evolução do Pessoal da Shell no Triénio 2005/2007………. 53

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LISTA DE ANEXOS

Pag. Anexo 1 – Artigo 41º do Regulamento do Imposto Único sobre o Rendimento IUR

e Legislação Subsidiária……….. 68 Anexo 2 – Lei do Mecenato……… 69

(10)

RESUMO ANALÍTICO

O presente trabalho tem por objectivo demonstrar como é importante promover políticas de responsabilidade social e ambiental, expondo e descrevendo as implicações contabilísticas e fiscais das mesmas.

Neste sentido, é apresentado o conceito, uma breve caracterização histórica e os níveis de responsabilidade social e ambiental na organização. É feita uma pequena alusão a contabilidade social, destacando as suas ramificações, e ao balanço social. Ao longo do trabalho são realçadas as implicações contabilísticas e fiscais da responsabilidade social e ambiental, salientando as modificações nas rubricas das demonstrações financeiras e as vantagens que se têm ao nível fiscal, derivadas das doações que se fazem.

O estudo de caso apresentado aborda as práticas de responsabilidade social e ambiental numa companhia petrolífera, com sede local em Mindelo, Cabo Verde.

Neste estudo optamos por fazer uma análise dos documentos disponibilizados pela entidade de forma a constatar o que vem sendo feito em relação a acções de cariz social e de protecção do meio ambiente, realçando as rubricas que são afectadas derivado dos programas implementados e a possível redução dos encargos fiscais provenientes de práticas de responsabilidade e ambiental.

A metodologia seguida durante a elaboração do trabalho baseia-se em revisões bibliográficas acerca do tema em causa e estudo de caso.

(11)

INTRODUÇÃO

As responsabilidades social e ambiental, demonstradas através da elaboração de programas de cariz social e de protecção do meio ambiente, fazem parte, com maior frequência, das preocupações dos administradores das empresas nacionais, da sociedade em geral e do Governo. Apesar de fazerem parte das preocupações dos administradores das empresas nacionais, não estão sendo encaradas de forma aberta pela maior parte, salvo algumas excepções.

No presente trabalho propõe-se fazer um levantamento teórico de aspectos ligados as responsabilidades social e ambiental, importantes para a compreensão do tema em causa e uma análise prática de forma a clarificar os diversos benefícios que as práticas de responsabilidade, tanto ao nível social, como ambiental podem trazer para as organizações.

A escolha do tema prende-se com o facto de, em Cabo Verde, as empresas ainda se encontrarem afastadas de políticas de cariz social e de protecção do meio ambiente, facto sem dúvida prejudicial para a gestão competitiva que se espera das mesmas. Pretendemos com essa escolha alertar os responsáveis das empresas sedeadas no território para essa questão importante.

O objectivo geral deste trabalho é essencialmente destacar como é importante implementar e seguir políticas de responsabilidade social e ambiental nas entidades e as suas implicações tanto aos níveis contabilístico e fiscal. De forma específica, queremos mostrar de que forma a manutenção de politicas de responsabilidade social e ambiental podem ser vantajosas para as empresas, para a sociedade e para o meio ambiente. O presente trabalho reveste-se de interesse para a comunidade académica, pois trata-se de um conjunto de informações teóricas e de mais um exemplo prático para uso futuro, comprovando que cada vez mais é necessário implementar e seguir políticas de responsabilidade social e ambiental.

A metodologia a ser seguida durante a elaboração do trabalho baseia-se em revisões bibliográficas de diversa ordem e estudo de caso. Essas revisões irão recair sobre revistas, livros, dissertações, jornais e informações retiradas de diversos websites. O estudo de caso recairá sobre uma filial nacional de uma companhia transnacional, do

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ramo petrolífero, realçando políticas de responsabilidade social e ambiental seguidas pela mesma e as suas implicações contabilísticas e fiscais.

(13)

1. A RESPONSABILIDADE SOCIAL NA ORGANIZAÇÃO

1.1. Noções e âmbito da responsabilidade social

As organizações que actuam no mercado têm uma influência elevada sobre os seus colaboradores internos e sobre a sociedade em geral. Tendo influência sobre eles, devem cooperar com os mesmos com o objectivo de consolidar a relação existente. Essa cooperação é denominada responsabilidade social.

A colaboração das empresas está cada vez mais a ser estimulada pela administração pública, pelos stakeholders e por estudiosos do tema, que aconselham a entidade a focalizar as suas ideias principalmente em áreas como a saúde, a educação, o desporto, a cultura, o meio ambiente, a economia, os transportes, a habitação, as actividades locais e as do Governo, preservação e manutenção de bens públicos e religiosos. Essas acções possibilitam a criação de programas ou projectos de cariz social, trazendo benefício mútuo para a empresa e para as outras partes abrangidas, melhorando-lhes a qualidade de vida e também conseguindo uma boa imagem para a instituição.

A responsabilidade social surge de um compromisso da organização com a sociedade, em que sua participação vai mais além do que apenas gerar empregos, impostos e lucros. As empresas devem ver a responsabilidade social não como uma opção, mas sim como uma questão de visão, de estratégia e, por vezes, de sobrevivência. Mas o grande problema é estarem dispostas a encarar os desafios que se colocam rumo a uma entidade realmente preocupada com o bem-estar social. Um dos desafios que se coloca às empresas é o operacional, que implica o dispêndio de elevados montantes para pôr os programas em prática.

Cada vez mais nota-se que a responsabilidade social não significa a mesma coisa para todos. Para alguns representa a ideia de obrigação legal, para outros um comportamento ético, enquanto que outros acreditam no sentido de “socialmente consciente”. Ela vem sendo um trunfo para as organizações que são certificadas com o título “socialmente responsável”, pois quando a certificação se converte em informação para o consumidor, ele irá valorizar os produtos dessas entidades de forma distinta de outros produtos de igual aparência.

(14)

Seguidamente, apresentamos diversos conceitos de responsabilidade social, com o objectivo de reter as ideias chave do tema.

 A World Council for Sustainable Development (WCSD) define responsabilidade social como sendo “a decisão da empresa de contribuir para o desenvolvimento

sustentável, trabalhando com seus empregados, suas famílias e a comunidade local, assim como com a sociedade em seu conjunto, para melhorar a sua qualidade de vida. “1

 Alguns sociólogos assumem que a responsabilidade social pode ser definida como ” a forma de retribuir a alguém, por algo alcançado ou permitido,

modificando hábitos e costumes ou perfil do sujeito ou local que recebe o impacto.”2

“ É a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte da empresa nas suas operações e na sua interacção com todas as partes interessadas. “3

 “Trata-se de contribuir, de forma positiva, para a sociedade e de gerir os

impactos ambientais da empresa, o que poderá proporcionar vantagens directas para o negócio e assegurar a competitividade a longo prazo. “4

 “É o conjunto amplo de acções que beneficiam a sociedade e as instituições que

recebem o auxilio das empresas, levando em consideração a economia, a educação, o meio ambiente, a saúde, o transporte, a habitação, as actividades locais e as do Governo.”5

Conforme se pode comprovar, qualquer que seja o conceito acima referido, a ideia chave é a que a responsabilidade social é um conjunto de acções desenvolvidas por parte das empresas, de forma voluntária, com a intenção de melhorar o bem-estar da população em geral e diminuir os impactos negativos provocados pelas mesmas no meio e na comunidade.

1 Conceito retirado do website www.iapmei.pt/iapmei (consulta de 15 de Janeiro de 2009) 2

Conceito retirado do website www.ambientegobal.com.br (consulta de 20 de Fevereiro de 2009) 3 Informações retiradas do website www.ambientegobal.com.br (consulta de 20 de Fevereiro de 2009) 4 Informações retiradas do website www.iapmei.pt/iapmei (consulta de 15 de Janeiro de 2009)

(15)

A responsabilidade social que existe actualmente, nem sempre foi assim. Ela conta com uma história relativamente longa como vem descrito no ponto seguinte.

1.2. Evolução histórica da responsabilidade social 6

As primeiras discussões acerca do tema responsabilidade social das empresas datam de 1919 com o julgamento na justiça americana do caso de Henry Ford, presidente e accionista maioritário da Ford Motor Company, e o grupo de accionistas liderado por John e Horace Dodge (que posteriormente constituíram a empresa de automóveis Dodge), que contestavam as ideias de Ford.

No ano de 1916, Henry Ford não distribuiu todos os dividendos aos accionistas, alegando a realização de objectos sociais e investiu no aumento de salários dos trabalhadores, no aumento da capacidade de produção e no fundo de reserva para diminuição esperada de receitas devido à redução dos preços dos automóveis. O Tribunal Supremo decidiu a favor de John e Horace Dodge, entendendo que as empresas existem para o benefício dos seus accionistas e que os gestores devem garantir o lucro, não podendo usá-lo para outros fins, neste caso, para fins sociais.

O conceito de que a empresa deveria existir somente para o benefício dos accionistas começou a receber duras críticas durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1953, outro facto trouxe a público a discussão sobre a inserção da empresa na sociedade e suas responsabilidades: o caso A P. Smith Manufacturing Company versus seus accionistas, que contestavam a doação de recursos financeiros à Universidade de Princeton.

Nos anos 60 do Século XX, autores europeus destacavam-se, discutindo problemas sociais e suas possíveis soluções e nos Estados Unidos as empresas já preocupavam-se com a questão ambiental e em divulgar suas actividades no campo social.

É a partir da década de 70 do citado século que a responsabilidade social ganha maior destaque e as empresas começam a preocupar-se com o como e quando deveriam responder por suas obrigações sociais. Nessa época, a demonstração para a sociedade das acções empresariais tornou-se extremamente importante.

6 Adaptado da dissertação Contabilidade Ambiental – Relatório para um futuro sustentável, responsável e

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O primeiro país do mundo a ter uma lei que obriga as empresas que tenham mais de 300 funcionários a elaborar e publicar o Balanço Social foi a França. O objectivo principal do balanço social é informar os colaboradores internos e a sociedade em geral acerca do clima social na empresa e aquilo que vem fazendo, ligado a área social.

Na década de 90, aumentou a discussão sobre os temas ligados à ética e a moral nas empresas, o que contribuiu de modo significativo para o fortalecimento e implementação da responsabilidade social.

1.3. Níveis interno e externo da responsabilidade social na organização

É relevante perceber que as políticas de responsabilidade social das empresas podem ser implementadas a dois níveis: interno (responsabilidade social interna) e externo (responsabilidade social externa).

1.3.1. Nível interno da responsabilidade social na organização

As políticas de responsabilidade social interna da organização devem ser equilibradas de forma a responder aos interesses de três grupos de utentes, que estão interrelacionados: os clientes, os trabalhadores e os accionistas e que por sua vez, podem influenciar os resultados da mesma entidade.

1.3.1.1. Responsabilidades para com os clientes

A questão da responsabilidade social perante os clientes está bem definida num aspecto, por exemplo, nas normas legais específicas que definem a segurança do produto e mantém-se bastante fluida noutro, por exemplo nas expectativas gerais quanto à relação qualidade-preço. Muitas empresas optam por assumir as suas responsabilidades para com os clientes, respondendo prontamente às reclamações, fornecendo informação completa e exacta sobre o produto, implementado campanhas de publicidade absolutamente verdadeiras quanto ao desempenho do produto e assumindo um papel activo no desenvolvimento de produtos que respondam às preocupações sociais dos clientes.

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1.3.1.2. Responsabilidades para com os trabalhadores

A gestão pode limitar-se a assumir o mínimo de responsabilidades para com os trabalhadores, respeitando apenas as obrigações legais relativas à relação empregado-empregador. Estas leis abordam questões relativas a condições físicas de trabalho (particularmente, as questões de segurança, higiene e saúde), fixação de salários e horários de trabalho, relação com os sindicatos, e outras análogas. O objectivo dessas leis é induzir a gestão a criar locais de trabalho seguros e produtivos, nos quais os direitos civis básicos dos trabalhadores não sejam postos em causa. Para além destas responsabilidades mínimas, a prática empresarial moderna de benefícios complementares (fundos de reforma, seguros de saúde, de hospitalização e contra acidentes) alargou o leque das actividades socialmente obrigatórias.

Uma empresa pode ainda assumir outras actividades socialmente responsáveis, como proporcionar formação abrangente aos trabalhadores, progressão na carreira e aconselhamento, ou criar programas de assistência, nomeadamente ajuda aos que tenham problemas ligados ao álcool e as drogas. Também pode fomentar um melhor equilíbrio entre trabalho, família e lazer, ampliar as perspectivas profissionais para as mulheres, promover a participação nos lucros, permitir que os trabalhadores actuem em algumas decisões da empresa e promover o respeito ao trabalho e a não discriminação de trabalhadores do sexo feminino ou de indivíduos provenientes de minorias étnicas, até apoio em relação àqueles que serão, eventualmente, demitidos.

1.3.1.3. Responsabilidades para com os accionistas

Os gestores têm, perante os accionistas, a responsabilidade de revelar totalmente e com exactidão, a utilização dos recursos da empresa e os resultados dessa utilização.

Muitas pessoas argumentam que a primeira responsabilidade da gestão é para com os accionistas. Essas pessoas defendem que qualquer acção da gestão que vá para além do comportamento socialmente obrigatório de benefício de outro grupo que não os accionistas constitui uma violação da responsabilidade da gestão e, portanto, da responsabilidade social.

Há provas de que empresas que, activamente, assumem comportamentos sociais são mais rentáveis do que as que não o fazem.

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Os beneficiários internos das acções da empresa constituem o centro de muitos dos comportamentos socialmente obrigatórios. É na sua relação com os clientes, trabalhadores e accionistas que os gestores estão mais sujeitos a ser socialmente responsáveis.

1.3.2. Nível externo da responsabilidade social na organização

As empresas são entidades altamente modificadoras do contexto socioeconómico, já que interferem directamente na realidade da sociedade, onde estão inseridas.

A responsabilidade social externa da entidade está ligada às consequências das suas acções de carácter social sobre aqueles que beneficiam das mesmas, podendo esses beneficiários ser específicos ou gerais.

1.3.2.1 Beneficiários externos específicos

As sociedades modernas são constituídas por diversos grupos de interesses, que trabalham para melhorar o bem-estar dos seus membros. Estes grupos representam, sobretudo, conjuntos bem definidos de pessoas que procuram satisfazer pretensões históricas: minorias e grupos étnicos, mulheres, deficientes e idosos. Os referidos grupos prosseguem os seus interesses levando a opinião política e publica a influenciar as acções da empresa. Alguns conseguem ver aplicadas leis que obrigam as empresas a apoiar os seus esforços. As empresas podem ser julgadas social e legalmente irresponsáveis, se violarem essas leis.

A principal ideia destes grupos é que eles foram discriminados no passado e que as empresas desempenharam um papel importante nessa discriminação. Portanto, uma grande parte da responsabilidade deve ser assumida pelas empresas, no sentido de eliminar os vestígios de discriminação histórica e de criar um novo ambiente de igualdade de acesso às oportunidades de emprego e à evolução económica.

1.3.2.2 Beneficiários externos gerais

Os programas que implicam beneficiários externos gerais podem ser considerados socialmente responsáveis, na medida em que revelam os esforços da empresa para

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resolver ou prevenir problemas sociais genéricos. As empresas têm desenvolvido esforços para apoiar áreas como a educação, as artes, o desporto e a saúde pública, através de donativos e voluntariado. Outras têm contribuído para causas filantrópicas (benéficas), visando melhorar a qualidade de vida da comunidade.

As empresas que seguem políticas de responsabilidade social em relação à comunidade, tornam-se importantes postos de trabalho e em muitos dos casos, são também responsáveis pelos níveis de salário e renda e pelo recolhimento de impostos.

Os consumidores atribuem um valor importante aos produtos e serviços de empresas que apoiam uma determinada causa social, pois sabem que, ao consumi-los, estarão também contribuindo para tornar o mundo melhor.

1.4 Diferentes visões de responsabilidade social

A responsabilidade social pode ser vista de diversas formas dentro da organização. Segundo Kraemer (2004), a melhor forma de analisar o conceito de responsabilidade social de uma entidade é identificando as diferentes visões existentes.

Quadro 1

Diferentes visões de responsabilidade social

VISÃO CARACTERÍSTICAS Atitude e comportamento empresarial

ético e responsável

É dever e compromisso da organização assumir uma postura transparente, responsável e ética em suas relações com os seus diversos públicos (governo, clientes, fornecedores, comunidade, financiadores, investidores, accionistas, etc.)

Postura estratégica empresarial A procura da responsabilidade social é vista como uma acção social estratégica que gera retorno positivo aos negócios, ou seja, os resultados são medidos através das vendas, quota de mercado, etc.

Exercício de consciência ecológica A responsabilidade social é vista como responsabilidade ambiental. A empresa investe em programas de educação e preservação do meio ambiente e,

consequentemente, torna-se uma difusora de valores e práticas ambientais.

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Estratégia de valorização de produtos/serviços

O objectivo não é apenas comprovar a qualidade dos produtos/serviços da empresa, mas também proporciona-lhes o estatuto de “socialmente correctos”. Estratégia social de desenvolvimento da

comunidade

A responsabilidade social é vista como uma estratégia para o desenvolvimento social da comunidade. Dessa forma, a organização passa a assumir papel de agente do

desenvolvimento local, conjuntamente com outras entidades comunitárias e o próprio governo

Promotora da cidadania individual e colectiva

A empresa, mediante suas acções, ajuda seus trabalhadores a se a tornarem verdadeiros cidadãos e contribui para a promoção da cidadania na sociedade. Estratégia de marketing institucional O foco está na melhoria da imagem

institucional da empresa. São os ganhos institucionais da condição de empresa que contribui para problemas sociais que justificam os investimentos em acções sociais encetadas7 pela empresa.

Fonte: Kraemer, Elizabeth, (2004) – (A Contabilidade Social medindo a Responsabilidade Social); (São Paulo), adaptado

1.5 Marketing social nas organizações8

O marketing social pode ser definido como sendo a modalidade de acção institucional que tem como objectivo principal atenuar ou eliminar os problemas sociais, as carências da sociedade relacionadas principalmente com as questões de higiene e saúde pública, de trabalho, educação, habitação, transportes e nutrição. Ou seja, o marketing social pode ser visto como o exercício da responsabilidade social por parte da empresa.

O marketing social também tem como objectivo transformar a maneira pela qual um determinado grupo (neste caso uma empresa) percebe uma questão social e promove mudanças comportamentais, visando melhorar a qualidade de vida de um segmento populacional.

O marketing social apropria-se de conhecimentos e técnicas, adaptando-se à promoção do bem-estar social e trabalha com objectivos claramente definidos, metas mensuráveis, pesquisas e avaliações quantitativas e qualitativas, além do desenvolvimento de

7 Iniciadas, começadas, principiadas.

8 Informações encontradas na dissertação “Gestão ambiental e a responsabilidade social”, de Denise

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tecnologias sociais para segmentos específicos. Busca transmitir as inovações sociais que pretende introduzir, implementa estratégias, cria, planeia e executa campanhas de comunicação para satisfazer necessidades que não estão sendo atendidas, estabelecendo novos modelos sociais.

As empresas que têm a intenção de aumentar a sua quota de mercado, aumentar as suas vendas e, por conseguinte, os seus lucros devem mudar a filosofia da organização, apostando no social, sendo que o mercado está em constante mudança e os consumidores estão ficando cada vez mais exigentes em relação ao exercício social das organizações. Contudo, actuar na sociedade não faz com que a empresa torne-se socialmente responsável. As empresas devem preocupar-se tanto com a sociedade em geral, como com os colaboradores organizacionais.

(22)

2. A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA ORGANIZAÇÃO

2.1. Âmbito da responsabilidade ambiental9

Antigamente o sistema industrial de produção, caracterizava-se por uma mentalidade de uso, desperdício e reposição de recursos. As empresas não direccionavam a sua produção para o consumo e para a procura, isto é, um produto era colocado no mercado não segundo a vontade do consumidor, mas sim segundo a óptica de mercado da empresa. Esta política era reveladora de uma diminuta preocupação ambiental das empresas e o meio ambiente era apenas um local onde se extraia matérias para a produção e se descartava os resíduos provenientes desta mesma fase, ou seja, as empresas não tinham a preocupação com o ambiente e não seguiam políticas de responsabilidade ambiental. Com o passar do tempo, ficou claro que os recursos naturais eram esgotáveis e, portanto, finitos se mal utilizados. A acumulação destes factores ao longo de várias décadas, implicou uma progressiva destruição e poluição do meio ambiente ao nível planetário.

Perante a conjuntura actual, verifica-se uma preocupação mais intensa em relação às questões ambientais por parte dos consumidores e uma maior responsabilidade ambiental por parte das empresas. Cada vez mais as empresas estão responsabilizando-se pela protecção do ambiente, pois sabem que as questões ambientais são um factor essencial nas suas políticas de gestão. Desta forma, surge um "novo modelo do consumo" onde o consumismo, o desperdício e a destruição são substituídos pela cooperação, pela ampliação dos direitos, por uma exigência de melhor qualidade de vida e de um consumo responsável e sadio.

Também se verificam progressos na área ambiental em relação aos instrumentos técnicos, políticos e legais, principais atributos utilizados para a construção de uma política de protecção do meio ambiente ao nível mundial. Os responsáveis a este nível cada vez assumem que as reservas naturais são finitas e que as soluções ocorrem através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente.

A gestão de qualidade da empresa passa cada vez mais pela obrigatoriedade de que sejam implantados sistemas organizacionais e de produção que valorizem os bens naturais, as fontes de matérias-primas, as potencialidades do quadro humano criativo, as

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comunidades locais e deve iniciar o novo ciclo, onde a cultura do descartável e do desperdício sejam coisas do passado. Actividades de reciclagem, incentivo à diminuição do consumo, controlo de resíduos, capacitação permanente dos quadros profissionais em diferentes níveis e escalas de conhecimento, fomento ao trabalho em equipa e às acções criativas são desafios neste novo cenário. O retorno do investimento antes visto simplesmente como lucro e causa de enriquecimento dos accionistas, passou a ser uma grande fonte de contribuição para a criação de um mundo sustentável.

A responsabilidade ambiental é decorrente da responsabilidade social, pois preocupando-se com as pessoas, ou seja, com a parte social, a empresa terá de se preocupar com o meio ambiente. Visto que a maior parte das definições recolhidas durante as nossas pesquisas relacionadas com a responsabilidade social integram a questão ambiental, achamos que não é necessário redizer tais ideias, pelo que optamos somente por definir responsabilidade social, de modo a não sermos repetitivos.

2.2. Evolução histórica da responsabilidade ambiental10

Os impactos ambientais vêm afectando o nosso planeta há milhões de anos, mas foi já no século XX que o homem consciencializou-se da problemática ambiental e as empresas começaram a ter preocupações com o ambiente. Antes disso, as empresas preocupavam-se somente com o mercado e com a procura do lucro.

Na década de 60 do século passado desperta a preocupação com o problema ambiental e surgem os primeiros grupos ambientalistas. Nesta mesma década estudiosos concluíram que os resíduos dispostos de forma incorrecta poderiam entrar na cadeia alimentar e provocar danos à saúde do homem e dos demais seres vivos. Nos sectores económico e financeiro, as ideias da maximização do lucro deram lugar a objectivos simultâneos de procura do lucro máximo e de responsabilidade humana e social, onde a de carácter ambiental tinha um peso elevado.

A década de 70 é marcada pela crise do petróleo. Surge uma preocupação com a racionalização do uso da energia e a busca de combustíveis mais limpos e puros, levando a regulamentação de novas leis ambientais. Nessa mesma década surge um

10 Adaptado do artigo “Contabilidade Ambiental – A sua revelação no relato financeiro”, Outubro de

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conceito ligado à protecção do meio ambiente. Este conceito é denominado desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável é definido no Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), elaborado pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento, como "aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades".

A década de 80 é marcada pela globalização das preocupações com a conservação do meio ambiente. Surgem empresas especializadas na elaboração de estudos de impacto ambiental, analisando o ciclo de vida dos produtos, a fim de avaliar o efeito contaminador induzido pela produção de um determinado produto em cada uma das fases da sua vida.

Na década de 90 ganha importância a qualidade ambiental. Em 1992 tem lugar a conferência do Rio de Janeiro, onde a noção de Desenvolvimento Sustentável se estruturou. Nessa mesma conferência é adoptada a convenção sobre as alterações climáticas e de conservação da biodiversidade que constituem duas novas convenções de Direito Internacional. Os conceitos de certificação ambiental, actuação e gestão responsável assumem grande importância.

Em 1997 é assinado, no Japão, o protocolo de Quioto que vem estabelecer mecanismos para o comércio de emissões de gases, desenvolvimento limpo, permitindo aos países desenvolvidos baixar os custos da redução das emissões poluentes. Nesse protocolo é fixado, como meta, a redução até 2012 de 5% das emissões de gases responsáveis pelo efeito de estufa.

Surgem ainda nessa década as Normas ISO14000 que vêm sensibilizar as organizações para a questão ambiental. De notar a importância que assumem os chamados impostos ecológicos, traduzindo a preocupação dos governos com a problemática ambiental.

2.3. Níveis interno e externo da responsabilidade ambiental na organização

É importante salientar que a responsabilidade ambiental das empresas pode ter duas perspectivas: interna (responsabilidade ambiental interna) e externa (responsabilidade ambiental externa).

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Nas práticas de responsabilidade ambiental, numa perspectiva interna, a empresa responsável pode implementar formas de actuação capazes de minimizar o consumo de recursos não renováveis, maximizar a utilização das matérias-primas utilizadas no processo produtivo de forma a evitar o desperdício dos recursos naturais, bem como promover a reciclagem e o uso alternativo dos refugos11 do material utilizado no processo produtivo, ou dos excedentes da produção. Também pode promover a redução do uso de água e energia eléctrica e ou a procura de matérias-primas e formas alternativas para a produção.

Essas iniciativas, além de preservar o meio ambiente e os recursos naturais, proporcionam vantagens financeiras, ainda que a longo prazo, na medida em que diminui os custos de produção. Assim, a empresa responsável é também aquela que implementa acções e promove a participação dos seus colaboradores internos, através da consciencialização.

2.3.2. Nível externo da responsabilidade ambiental na organização

A empresa responsável, além de promover práticas de responsabilidade ambiental internamente, pode, através dos seus gestores, promover projectos de cariz ambiental de forma externa, de modo a afectar positivamente o meio ambiente e efectuar mudanças significativas no mesmo. Deve desenvolver programas ou projectos ligados profundamente a questão da protecção ambiental, adoptando políticas que devem ser seguidas.

Como exemplo de políticas de protecção ambiental seguidas pela empresa tem-se a diminuição da emissão de gases poluentes para a atmosfera, diminuição do efeito de estufa, o não envio de materiais poluentes para os rios e mares, diminuição do número de árvores que são derrubadas e aumento da plantação de árvores no lugar das retiradas para a industria, a colocação de filtros nas chaminés das fabricas, a utilização de painéis solares, a não poluição dos lençóis freáticos, a utilização de equipamentos tecnologicamente “amigos da natureza”, a diminuição da poluição da água, do ar e sonora, ou destruição de lixo e de resíduos radioactivos. Seguindo essas políticas, a

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empresa está garantindo tanto a sua continuidade, como o bem-estar de aqueles que a rodeiam.

2.4. A continuidade da organização e o desenvolvimento sustentável

2.4.1. A continuidade da organização

As demonstrações financeiras de qualquer organização são elaboradas com o pressuposto de que a entidade é uma instituição em continuidade e que continuará a funcionar num futuro próximo. Não preocupando-se com as questões sociais e com a protecção do ambiente, como é que uma entidade pode continuar a funcionar no futuro? A existência e a continuidade das entidades dependem essencialmente do meio ambiente e dos seus recursos, pois a maior parte das matérias-primas utilizadas na produção dos bens e na prestação de serviços são retiradas do mesmo. Também os seus clientes, fornecedores, investidores, financiadores, os seus trabalhadores, a comunidade, ou seja, a sociedade em geral vive neste mesmo meio.

A longo prazo, não havendo preocupação por parte das empresas e se o interesse dos accionistas não se dividir com os problemas da comunidade e do ambiente, o meio que nos rodeia corre o risco de desaparecer, tal como a humanidade e por conseguinte as próprias empresas. Por esta razão, devem idealizar políticas ligadas a protecção do ambiente e da sociedade e devem colocar essas mesmas políticas em prática. Empresas que são social e ambientalmente responsáveis geram valor para quem está próximo das mesmas e acima de tudo, conquistam melhores resultados.

O princípio da continuidade, que é também um pressuposto subjacente segundo a estrutura conceptual do novo normativo contabilístico, tem uma ligação estreita com as questões de ordem social e ambiental e como é claro com a continuidade das actividades da empresa, uma vez que uma organização que pretende prosseguir com as suas acções terá que criar condições capazes de garantir o bem-estar das pessoas que estão ligadas a sua actividade e de proteger o local onde subtrai as matérias-primas indispensáveis para o prosseguimento do seu negócio.

Não se consegue dar continuidade a uma entidade para que possa prosseguir com as suas actividades, sem matérias-primas e pessoas.

(27)

2.4.2. Desenvolvimento sustentável12

A pobreza que vem cada vez mais fustigando o planeta, o aumento exagerado da população de uma forma desordenada, a má distribuição das riquezas que são geradas, o desperdício dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente são problemas que vêm afectando o mundo globalizado onde vivemos desde o tempo dos nossos antepassados e necessitam de soluções com uma certa rapidez. Diante desses acontecimentos e procurando solucioná-los, surgiu a ideia de desenvolvimento sustentável, com o objectivo de conciliar o desenvolvimento económico, com a preservação do ambiente e o fim da pobreza mundial.

A ideia deriva inicialmente do relatório intitulado “Os Limites do Crescimento” e, posteriormente, do conceito de eco desenvolvimento, durante a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Estocolmo, 1972), a qual deu origem ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Em 1987, a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) das Nações Unidas, presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, adoptou o conceito de Desenvolvimento Sustentável em seu relatório Our

Common Future13, também conhecido como Relatório Brundtland. Este conceito

defende que a opção actual por um determinado nível de produção terá influência na produção futura, pois pode-se estar a consumir recursos não renováveis, criar poluição irreversível ou mesmo criar poluentes com vidas longas que irão afectar as gerações futuras.

O conceito foi definitivamente incorporado como um princípio, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra de 1992 – Eco-92, no Rio de Janeiro, consolidando-se a noção de desenvolvimento sustentável em que é imperativo desenvolver-se, mas sem destruir o meio ambiente, para que as gerações futuras tenham oportunidade de existir e viver bem, de acordo com as suas necessidades.

12 Informações retiradas do website www.ambiente global.com.br (consulta de 20 de Fevereiro de 2009) e

da monografia “Contabilidade e gestão ambiental”, Maio 2007 de Zelinda Soares

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3. A CONTABILIDADE SOCIAL E A CONTABILIDADE AMBIENTAL

Há vários tipos de informações contabilísticas e algumas são de tal maneira específicas que a forma de classificar nem sempre tem sido a melhor. Temos por exemplo, a Contabilidade Social que não tem um conceito próprio. Uma vez que a contabilidade social não possui um conceito próprio, pretendemos com o quadro seguinte expor definições e opiniões de alguns organismos e autores acerca do tema em causa.

Quadro 2

Definições e opiniões de contabilidade social mais relevante segundo alguns organismos ou autores

Autor/Organismo Definição

American Accounting Association

Ciência que mede e interpreta as actividades e fenómenos que são de natureza económica e social essencialmente.

Seidler e Seidler

Modificação e aplicação de práticas, técnicas e disciplinas da contabilidade convencional à análises e solução dos problemas de natureza social.

Ramanathan

Processo de selecção de variáveis de acordo com os comportamentos sociais observados na empresa e sua evolução.

Gray, Owen e Maunders

A contabilidade social pode ter dois sentidos:

a) Custos e benefícios do impacto de comportamento da empresa; b) Apresentação periódica de informações sociais da entidade. Fonte: Rego, Arménio. (2006) – (Gestão Ética e Socialmente Responsável); (Lisboa, Editora RH), adaptado

A contabilidade social também pode ser definida como publicação de carácter voluntário de informação qualitativa e quantitativa, económica e não económica relativa à actividade da empresa, incluindo informações sobre os trabalhadores e avaliação dos recursos humanos.

A informação contabilística relacionada com a responsabilidade social é importante perante a sociedade e para que a contabilidade social conquiste sua efectivação e que tenha resultados, é preciso que a organização escolha uma gestão participativa, envolvente e comprometida com todas as camadas que formam o sistema social e organizacional.

(29)

Actualmente, no mundo globalizado em que vivemos, existe a necessidade de se informar e de se ser informado acerca da evolução das empresas. Longe vai o tempo em que as empresas apenas tinham que produzir informações económicas, financeiras e outras para o consumo interno.

As empresas, cada vez mais, devem procurar transmitir essas informações a um leque maior de interessados e exporem a verdadeira situação.

3.1. Ramificações da Contabilidade Social

Segundo Kraemer, no seu relatório “A contabilidade social medindo a responsabilidade social”, a contabilidade social pode ser ramificada em contabilidade ambiental, contabilidade dos recursos humanos e informação de carácter ético.

3.1.1. Contabilidade ambiental

É uma das ramificações da contabilidade social de maior relevância na actualidade. A contabilidade ambiental pode ser definida como sendo o estudo e registo do património ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) de determinadas organizações e respectivas implicações que são expressas monetariamente.

São objectivos da contabilidade ambiental:

(i) Saber se a empresa cumpre ou não com a legislação ambiental vigente; (ii) Ajudar a direcção no processo de tomada de decisões e na fixação de uma

política e objectivos de gestão ambiental;

(iii) No caso de empresas com uma política ambiental estabelecida, conhecer se têm cumprido com os objectivos ambientais fixados;

(iv) Identificar oportunidades para uma melhor gestão dos aspectos ambientais; (v) Obter informação específica para fazer frente à solicitação dos stakeholders.

São obstáculos a implementação da contabilidade ambiental: (i) Conceito de custo ambiental não definido claramente; (ii) Passivo ambiental de cálculo difícil;

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(iii) Problema na determinação de obrigações futuras por custos passados; (iv) Tratamento de activos de vida longa ainda não uniforme.

As inovações da contabilidade ambiental estão associadas a pelo menos três temas: (i) A definição do custo ambiental;

(ii) A forma de mensuração do passivo ambiental, com destaque para o decorrente de activos de vida longa;

(iii) A utilização intensiva de notas explicativas abrangentes e o uso de indicadores de desempenho ambiental, padronizados no processo de fornecimento de informações ao público.

Segundo Palma (1998), a contabilidade ambiental não vai resolver os problemas ambientais, mas face à sua capacidade de fornecer informações, pode alertar os vários interessados no tema para a gravidade do problema, ajudando, desta forma, na procura de soluções.

Existem três motivos básicos para a empresa adoptar uma contabilidade ambiental: (i) Gestão interna – Está relacionada com uma gestão ambiental activa e seu controlo. (ii) Exigências legais – A crescente exigência legal e normativa pode obrigar os directores a controlar mais seus riscos ambientais, sob pena de se sujeitarem ao pagamento de multas e outras penalizações.

(iii) Pressão dos stakeholders – A empresa está submetida cada vez mais a pressões internas e externas. Essas pressões podem ser dos empregados, accionistas, administração pública, clientes, bancos, investidores, organizações ecológicas, seguradoras e comunidade local.

3.1.2. Contabilidade dos recursos humanos

O conceito de contabilidade de recursos humanos pode ser examinado em duas dimensões: (i) o investimento em recursos humanos e; (ii) o valor de recursos humanos. As despesas com a formação, aumento e actualização dos conhecimentos dos recursos humanos é um investimento em recursos humanos. Tal investimento traz resultados lucrativos como uma produtividade mais elevada e uma renda também mais elevada à

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organização. O rendimento que o investimento nos recursos humanos gera será considerado como a base de valor do recurso humano.

Este ramo da contabilidade ressurge na actualidade devido às novas propostas empregadas pela responsabilidade social das empresas.

3.1.3. Informação de carácter ético

A responsabilidade social e a ética caminham lado a lado. É a partir da moral e dos valores éticos daqueles que conduzem uma empresa que parte a prática da sua responsabilidade social.

Ao preparar os relatórios contabilísticos que incluem informações ligadas a responsabilidade social, os responsáveis devem ser os mais éticos possíveis, de forma a passar aos stakeholders a verdadeira posição da entidade perante esta realidade. A ética passa a ser uma pressão colectiva e espera-se que trabalhe pelo bem-estar colectivo. Os consumidores actuais já podem avaliar se uma entidade é boa ou má tendo por base a responsabilidade social. Este julgamento tem em conta a forma como são tratados os funcionários e a ética nos negócios.

3.2. O conceito de balanço social

Breves considerações sobre o balanço social14

Na década de 60, nos EUA e na Europa, a renúncia da população à guerra do Vietname deu início a um movimento contra à aquisição de produtos e acções de algumas empresas ligadas ao conflito. A sociedade exigia uma nova posição ética e diversas empresas passaram a prestar contas de suas acções e objectivos sociais. A elaboração e divulgação anual de relatórios com informações de carácter social resultaram no que hoje se chama de balanço social.

O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de informações sobre os projectos, benefícios e acções sociais dirigidas aos empregados, investidores, accionistas e à comunidade.

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No balanço social, a empresa apresenta o que faz por aqueles que a ela estão directamente ligados e pela comunidade, dando transparência às actividades, através das quais busca melhorar a qualidade de vida de todos. O balanço social é, nas empresas privadas, simultaneamente um meio de informação, um utensílio de negociação ou de concertação e um instrumento de planeamento e gestão nas áreas sociais e de recursos humanos.

Foi possível observar, com o decurso dos anos, que o balanço social tem fornecido um conjunto de informações essenciais sobre a situação social da empresa, pondo em evidência pontos fortes e fracos da gestão social dos recursos humanos, o grau de eficiência dos investimentos sociais e os programas ou projectos de acção que visam a realização pessoal, a identificação com a empresa e a melhoria de vida dos trabalhadores e da sociedade em geral.

Razões para elaborar um balanço social 15

O balanço social é considerado de vital importância às organizações pelas razões a seguir apontadas.

(i) Porque agrega valor a empresa: o balanço social traz um diferencial para a imagem da empresa que vem sendo cada vez mais valorizado por investidores e consumidores.

(ii) Porque é um moderno instrumento de gestão: o balanço social é uma ferramenta considerável para a empresa gerir, medir e divulgar o exercício da responsabilidade social em seus negócios.

(iii) Porque é um instrumento de avaliação: os analistas de mercado, investidores e órgãos de financiamento já incluem o balanço social na lista dos documentos necessários para conhecer e avaliar os riscos e as projecções de uma empresa.

(iv) Porque é um elemento inovador e transformador: realizar e publicar o balanço social anualmente é mudar a antiga visão, indiferente à satisfação e ao bem-estar dos funcionários e clientes, por uma visão moderna em que os

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objectivos da empresa incorporam as práticas de responsabilidade social e ambiental.

Principais benefícios e beneficiários do balanço social16

O balanço social auxilia a todos os conjuntos que interagem com a entidade. O Quadro 3 dá-nos uma súmula dos principais benefícios e beneficiários do balanço social de uma entidade.

Quadro 3

Principais benefícios e beneficiários do balanço social BENEFICIÁRIOS BENEFÍCIOS

Gestores

Disponibiliza informações úteis à tomada de decisões relativas aos projectos sociais e ambientais que a empresa desenvolve.

Trabalhadores

Estimula a participação nas acções e projectos sociais, gerando um grau mais elevado de comunicação interna e integração nas relações entre gestores e o corpo funcional.

Fornecedores e Investidores

Informa como a empresa encara suas responsabilidades sociais e ambientais, o que é indicador favorável da forma como é administrada. Consumidores

Evidencia a postura dos gestores e a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho que a empresa escolheu para construir sua marca.

Estado Ajuda na identificação e na formulação de políticas públicas.

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4. IMPLICAÇÕES CONTABILÍSTICAS E FISCAIS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Como é claro, a responsabilidade social e a responsabilidade ambiental têm implicações tanto no campo contabilístico, como no campo fiscal.

4.1. Implicações contabilísticas da responsabilidade social e da responsabilidade ambiental

Vem aumentando o número de empresas que estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um bom desempenho a nível social e ambiental e isto acaba por afectar a contabilidade das entidades.

4.1.1. Implicações contabilísticas da responsabilidade social

Embora o social não possa ser contabilizado em termos de valorização própria ou efeito directo, os reflexos de um bom clima entre a organização e os seus colaboradores e a sociedade em geral, por exemplo, melhoram os resultados através de acréscimos de produtividade e favorecem a conservação de bens patrimoniais, uma vez que a consciência para proteger o que é da empresa por parte dos colaboradores é maior. A quantificação desses ganhos de produtividade não aparece nos balanços tradicionais. Contabilisticamente, a responsabilidade social pode ser conferida através da variação de diversas contas, por exemplo, as contas “activos fixos tangíveis” e “depreciações acumuladas” no caso da empresa possuir algum edifício ou construção ligado a programas de cariz social e as contas de classe 6 (Gastos), donativos e gastos de acção social.

De acordo com Chiavenato (2006), as “contas sociais” podem ser classificadas em quatro categorias:

1) Contas sociais reduzidas a análises em termos de custos sociais relacionadas com os principais parceiros sociais da organização como:

a) Pessoas: investimentos e/ou despesas anuais correntes referentes a melhoria das condições de trabalho ou de higiene e segurança e formação

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do pessoal, melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e de suas famílias (como creches, campos de férias, assistência médica).

b) Clientes: investimentos (como pesquisa, controlo de qualidade, melhorias no produto ou serviço) que visam o melhor atendimento ou a protecção do consumidor.

c) Comunidade: despesas quanto ao ambiente físico, antipoluição, melhorias urbanas, obras de interesse colectivo, etc.

2) Contas sociais em que as acções com fins sociais são avaliadas simultaneamente em termos de custos expressos monetariamente e em termos de impacto não monetário desses custos. Trata-se de um melhoramento do ponto 1), em que o produto social é conhecido, mas não é expresso monetariamente de forma precisa. Além de um benefício financeiro definido, inclui-se um benefício social não expresso em unidades monetárias, mas em melhores condições de trabalho, acréscimo da educação ou cultura, menor poluição, etc.

3) Contas sociais em que os custos sociais e produtos sociais são expressos monetariamente para se determinar um resultado social líquido por tipo de parceiro e por soma algébrica um resultado global. O exemplo característico é o balanço social em que todas as grandezas são expressas em dinheiro e em que os princípios da “partida dobrada” são respeitados, havendo uma conta para cada um dos parceiros da entidade: empregados, accionistas, clientes, fornecedores, etc. Em cada conta de um parceiro é calculado um resultado social líquido (beneficio social ou perda social). A soma algébrica desses resultados sociais permite avaliar a contribuição social da organização, que pode ser positiva ou negativa, a sociedade.

4) Contas sociais que demonstram como no curso do tempo evolui a parte da riqueza criada pela organização e distribuída pelos diversos parceiros sociais. Este modelo parte da ideia de justiça social acompanhada de um conceito de política social: evidencia o facto de que a economia liberal é apta a proporcionar o bem-estar material de todos os parceiros sociais para mostrar como os ganhos de produtividade são repartidos entre os diferentes parceiros sociais. Na forma mais elementar, este tipo de contabilidade apresenta anualmente um quadro de

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repartição ou de sobreposição do valor acrescentado entre diversos parceiros sociais, considerando dois períodos sucessivos de tempo para demonstrar:

a) Se a produtividade global da organização melhorou de um período para o outro e em que proporção;

b) Se houve algum acréscimo de produtividade e como esse benefício foi proporcionado e distribuído para cada um dos parceiros sociais.

4.1.2. Implicações contabilísticas da responsabilidade ambiental

A directriz contabilística nº 29 da Comissão de Normalização Contabilística portuguesa, denominada Matérias Ambientais, adopta a recomendação da Comissão Europeia de 30 de Maio de 2001 respeitante ao reconhecimento, mensuração e divulgação das matérias ambientais nas contas anuais e no relatório de gestão das sociedades, publicada no Jornal Oficial das Comunidades Europeias de 13 de Junho de 2001. Esta directriz diz respeito, em primeiro lugar, aos critérios para o reconhecimento, mensuração e divulgação relativos aos dispêndios de carácter ambiental, aos passivos e aos activos com eles relacionados resultantes de transacções e acontecimentos que afectem, ou sejam susceptíveis de afectar, a posição financeira e os resultados da entidade relatada. Em segundo lugar, identifica o tipo de informação ambiental que é apropriado divulgar, relativamente à atitude da entidade face às matérias ambientais e ao comportamento ambiental da entidade, na medida que possam ter consequências para a posição financeira.

Segundo a directriz, os problemas ambientais se posicionam na primeira linha das preocupações à escala mundial.

A directriz, integrando-se na problemática global do ambiente, estabelece um conjunto de preceitos contabilísticos respeitantes a matérias ambientais:

 Acontecimento que cria obrigações: É um acontecimento que cria uma obrigação legal ou construtiva, que faça com que a entidade não tenha nenhuma alteração realista senão liquidar essa obrigação.

 Obrigação legal: É uma obrigação que deriva de: a) um contrato; b) legislação; ou c) outras obrigações da lei.

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 Obrigação construtiva: É uma obrigação que deriva de acções de uma entidade em que: a) por um modelo estabelecido de práticas passadas, de políticas publicitadas ou de partes que aceitará certas responsabilidades; e b) em consequência, a entidade tenha criado uma expectativa válida nessas outras partes de que cumprirá essas responsabilidades.

 Passivo: É uma obrigação presente da entidade, proveniente de acontecimentos passados de cuja liquidação se espera que resulte uma saída de recursos da entidade, incorporando benefícios económicos.

 Passivo ambiental: É a obrigação da empresa decorrente de deveres ou responsabilidades de preservação, recuperação ou protecção ambientais.

 Activos: É um recurso controlado pela empresa como resultado de acontecimentos passados e do qual se espera que fluam para empresa benefícios económicos futuros.

 Activos ambientais: Incluem todos os recursos que visam preservar, proteger ou recuperar o meio natural, podendo-se falar de activo tangível adquirido ou construído para reduzir, eliminar ou recuperar resíduos poluentes, de investimentos em investigação e desenvolvimento de tecnologia, de novos produtos, de matérias verdes, etc.

 Dispêndios de carácter ambiental: incluem os custos das medidas tomadas por uma entidade, ou em seu nome, por outra entidade, para evitar, reduzir, ou reparar danos de carácter ambiental decorrentes das suas actividades.

Reconhecimento de activos de carácter ambiental

Há dificuldades na identificação dos activos ambientais, porque muitas vezes estes bens para além de servirem para a preservação do meio ambiente, são também de produção, ou seja, são activos operacionais, motivo este que os leva a sofrer desgaste rápido em função da produção.

Segundo a directriz contabilística nº29, ponto 30, só serão considerados activos ambientais os que se destinarem a servir, de forma durável, a actividade da empresa e se estiver satisfeita uma das condições seguintes: se os custos relacionarem-se com benefícios económicos que a entidade venha a usufruir e que permitam melhorar a vida

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dos outros activos detidos pela empresa ou se os custos permitirem reduzir ou evitar uma contaminação ambiental susceptível de ocorrer em resultado de futuras actividades. Reconhecimento de passivos de carácter ambiental17

Reconhece-se um passivo de carácter ambiental quando seja provável que uma saída de recursos incorporando benefícios económicos resulte da liquidação de uma obrigação presente de carácter ambiental, que tenha surgido em consequência de acontecimentos passados e se a quantia puder ser mensurada de forma fiável.

A natureza desta obrigação deve ser claramente definida e pode ser de dois tipos: a) Legal ou contratual, se a entidade tiver uma obrigação legal ou contratual de evitar, reduzir ou reparar danos ambientais; ou

b) Construtiva, se resultar da própria actuação da entidade, quando esta se tiver comprometido a evitar, reduzir ou reparar danos ambientais e não puder deixar de o fazer em virtude de, em consequência de declarações públicas sobre a sua estratégia ou as suas intenções, ou de um padrão de comportamento por ela estabelecido no passado, a entidade tiver dado a entender a terceiros que aceita a responsabilidade de evitar, reduzir ou reparar danos ambientais.

Mensuração dos passivos ambientais18

Segundo a directriz contabilística nº 29, o passivo é reconhecido quando for possível uma estimativa dos dispêndios para liquidar a obrigação. Ao proceder à estimativa para um passivo ambiental deve ter-se em conta que se existirem várias quantias estimadas para um mesmo passivo, deve escolher-se a melhor para liquidar a obrigação presente à data do balanço, considerando a conjuntura económica, a evolução futura da técnica e da legislação.

Apresentação e divulgação de informação ambiental19

É necessário divulgar informação ambiental, uma vez que todos querem saber quem polui e quem não o faz, o que atribui a este tipo de informação um carácter moral que é

17

Directriz contabilística nº29 capítulo V, ponto 16

18 Directriz contabilística nº29 capítulo VI, pontos 39 e 40 19 Directriz contabilística nº29 capítulo VI, pontos 52 e 53

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legitimado por uma necessidade de justiça. Até algumas décadas atrás, em todo o mundo, não mais de uma dezena de empresas tinham publicado relatórios ambientais. Actualmente há um maior número de empresas a fazê-lo.

A divulgação das informações ambientais é algo que não é obrigatório e não acontece por razões altruístas, mas sim porque traz benefícios para a empresa. Como exemplos de benefícios tem-se a melhoria da imagem pública, liberdade de acção para a empresa, que as outras não têm e por vezes, inexistência de multas por incumprimento.

A directriz contabilística nº 29 estabelece que matérias ambientais devem ser objecto de divulgação desde que sejam materialmente relevantes para a avaliação do desempenho financeiro ou posição financeira da empresa.

No relatório de gestão das empresas, deverá descrever-se todas as matérias relevantes e fazer-se uma análise objectiva da evolução das suas actividades, no que respeita a questão ambiental, comparando essas informações com resultados obtidos em anos anteriores nesta mesma área. Também no relatório de gestão deve constar informações acerca da existência de um relatório ambiental. O relatório ambiental é um instrumento que contém informações da situação e desempenho das empresas e é preparado e emitido pelo órgão de gestão para utilização interna e externa. A preparação de um relatório de ambiental exige alguns requisitos: um sistema de gestão ambiental implantado e operativo, uma política ambiental bem definida, um conjunto de objectivos a atingir, uma contabilidade de controlo de gestão que dê alguma ênfase à informação ambiental necessária e que permita quantificar a informação disponível e uma estrutura organizacional responsável que coordene todo o processo que leva a preparação do relatório de gestão.

Segundo a directriz, as informações sobre matéria ambiental devem ser divulgadas no anexo ao balanço e demonstrações de resultados. As informações de carácter ambiental podem ser divulgadas em documentos próprios independentes das demonstrações financeiras. Entre esses documentos destaca-se o eco-balanço ou balanço ecológico global, que é um balanço quantitativo dos fluxos de matéria e energia de um dado sistema, que visa medir o impacto sobre o meio ambiente provocado pelo referido sistema.

Contabilisticamente a responsabilidade ambiental pode ser conferida através da variação de diversas contas, por exemplo, as contas “activos fixos tangíveis” e “depreciações

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acumuladas” no caso da empresa possuir algum equipamento para evitar, reduzir ou anular danos no meio ambiente e a conta de classe 6 (Gastos), donativos.

4.2. Implicações fiscais da responsabilidade social e da responsabilidade ambiental

Tal como a preocupação em atingir e demonstrar um bom desempenho a nível social e ambiental afecta a contabilidade das entidades, ela também pode afectar a área fiscal das mesmas.

4.2.1. Implicações fiscais da responsabilidade social20

As implicações fiscais da responsabilidade social podem ser de diversa natureza. Para simplificar, vamos debruçar sobre uma das mais importantes que é o mecenato. De acordo com Monteiro (2006), o mecenato é a prática de atribuição de donativos ou liberalidades em dinheiro ou em espécie às entidades beneficiárias, cuja actividade consista predominantemente na realização de iniciativas na área social, cultural, ambiental, científica ou tecnológica, desportiva e educacional, sem concessão de contrapartidas de carácter pecuniário ou comercial por parte destas.

Em Cabo Verde, o mecenato começou a ganhar corpo ainda nos anos 90 do século passado, com a aprovação da legislação aplicável. De acordo com a nossa pesquisa, os principais diplomas publicados são os seguintes:

(i) Lei nº 108/IV/99, de 2 de Agosto, primeira lei sobre o regime de incentivos ao mecenato;

(ii) Lei nº 45/IV/2004, de 12 de Junho, que estabelece o novo regime de mecenato; (iii) Regulamentação do mecenato respeitante a cultura e ao desporto;

(iv) Portaria nº 39/2005, que estabelece o registo dos mecenas.

A lei do mecenato visa o fomento, a protecção, o conhecimento e o desenvolvimento dos seguintes sectores: social, cultural, desportivo, educacional, ambiental, juvenil, científico, tecnológico, saúde e sociedade de informação.

20 Informações divulgadas no seminário “Regime Jurídico do Mecenato e os Benefícios Fiscais”,

Referências

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