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Cidades inteligentes

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

SERGIO MELMAN

CIDADES INTELIGENTES

RIO DE JANEIRO

2018

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SERGIO MELMAN

CIDADES INTELIGENTES

Trabalho de Conclusão de Curso subme-tido ao Curso de Tecnologia em Siste-mas de Computação da Universidade Federal Fluminense como requisito par-cial para obtenção do título de Tecnólo-go em Sistemas de Computação.

Orientadora:

Profª. Simone de Lima Martins, Dr.

NITERÓI

2018

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Bibliotecária responsável: Fabiana Menezes Santos da Silva - CRB7/5274

Escola de Engenharia, Niterói, 2018.

1. Cidades Inteligentes. 2. Desenvolvimento Sustentável. 3. Tecnologia. 4. Qualidade de Vida. 5. Produção intelectual. I. Título II. Martins,Simone de Lima, orientador. III. Seixas, Flávio, coorientador. IV. Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia. Departamento de Ciência da Computação.

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-SERGIO MELMAN

CIDADES INTELIGENTES

Trabalho de Conclusão de Curso subme-tido ao Curso de Tecnologia em Siste-mas de Computação da Universidade Federal Fluminense como requisito par-cial para obtenção do título de Tecnólo-go em Sistemas de Computação.

Niterói, ___ de _______________ de 2018. Banca Examinadora:

_________________________________________ Profa. Simone de Lima Martins, Dr. – Orientadora

UFF – Universidade Federal Fluminense

_________________________________________ Prof. Flávio Seixas, Dr. – Avaliador

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Dedico este trabalho aos meus estimados fi-lhos, Caio e Lucas.

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AGRADECIMENTOS

A minha Orientadora Simone de Lima Martins pelo estímulo e atenção que me concedeu durante o curso.

Aos Colegas de curso pelo incentivo e troca de experiências.

A todos os meus familiares e amigos pelo a-poio e colaboração.

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RESUMO

Cada cidade com suas características de localização, tamanho, popula-ção, políticas e economia, terá certo ciclo de evolução. A mudança na vida urbana altera a demanda por recursos, tais como água, alimentos e energia. A preservação do meio-ambiente é vital para alimentar a crescente população urbana. A gestão da urbanização exerce grande influência na eficiência e sustentabilidade dos recursos mundiais, afetando diretamente a qualidade de vida das pessoas. À medida que as cidades crescem, temos cada vez maior quantidade de dados a serem analisados para que a administração seja eficiente. Uma cidade inteligente é aquela que utiliza as ferramentas tecnológicas modernas no auxílio à tomada de decisões estratégicas para que se consiga aperfeiçoar a relação do crescimento com a qualidade de vida da sua população. Portanto, cada cidade sendo tratada como um sistema, com es-ses objetivos, com essa responsabilidade, contribuirá para a qualidade do sistema global. Este trabalho visa, principalmente, mostrar um pouco da evolução e do pen-samento do planejamento de algumas cidades. Mostrar algumas soluções interes-santes, a utilização da tecnologia como ferramenta de coleta e processamento de dados para uma cidade inteligente. E também, certas práticas que devem ser evita-das por violar o que deve ser sempre a prioridade, a qualidade de vida da popula-ção.

Palavras-chaves: cidade inteligente, tecnologia, qualidade de vida, desenvol-vimento sustentável.

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ABSTRACT

Each city with its characteristics like location, size, population, politics and economy, will have a certain cycle of evolution. The change in urban life alters the demand for resources such as water, food and energy. The preservation of the environment is vital to feed the growing urban population. Urbanization management exerts a great influence on the efficiency and sustainability of the world's resources, directly affect-ing people's quality of life. As cities grow we have more and more data to be ana-lyzed in order for management to be efficient. An intelligent city is one that uses modern technological tools to aid strategic decision-making so that the relationship between growth and the quality of life of its population can be improved. Therefore, each city being treated as a system, with these objectives, with that responsibility, will contribute to the quality of the global system. This work aims, mainly, to show a little of the evolution and the planning thinking of some cities. Show some interesting solu-tions, the use of technology as a tool for collecting and processing data for a smart city. And also, certain practices that must be avoided for violating what should always be the priority, the quality of life of the population.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Cidade Inteligente, alguns termos para estudo e planejamento. ... 14 Figura 4: Centro de Operações Rio de Janeiro ... 34

LISTA DE TABELAS

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IA – Inteligência Artificial

GIS – Geographic Information System GEE – Gases de Efeito Estufa

ERP – Enterprise Resource Plannig

TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação BRT – Bus Rapid Transit

MMT – Modelo de Maturidade Tecnológica

IDIOMA ESTRANGEIRO

Smart city – Cidade Inteligente

Machine learning – Aprendizado de máquinas Deep learning – Aprendizado profundo

Cognitive computing – Computação cognitiva Smart-grids – Redes inteligentes

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 VISÃO SISTÊMICA DO ESPAÇO URBANO ... 15

2.1 DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL ... 17

2.2 ASCIDADESNOSÉCULOXXI ... 18

2.3 CONECTIVIDADEEACAPACIDADECOMPETITIVA ... 19

2.4 NÍVEISDOMODELODEMATURIDADETECNOLÓGICA ... 19

3 EXEMPLOS DE SISTEMAS ATUAIS ... 22

3.1 TRANSPORTESEMOBILIDADE ... 22 3.2 ENERGIA ... 25 3.3 MEIOAMBIENTE ... 28 4 TECNOLOGIAS ... 29 4.1 TECNOLOGIADIGITAL ... 29 4.2 REDESINTELIGENTES ... 31

4.3 BIGDATA-BANCOSDEDADOS ... 32

4.4 SISTEMASESTADUAISECONTROLEINFORMACIONAL ... 32

4.5 CENTRODEOPERAÇÕESDAPREFEITURADORIO ... 34

5 MACHINE LEARNING E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ... 35

6 CONCLUSÕES ... 37

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1

INTRODUÇÃO

Porque cidades inteligentes? O que é uma cidade inteligente? Como tor-nar uma cidade inteligente?

Esta é uma definição simples de cidade inteligente: Cidade inteligente é aquela que utiliza as ferramentas tecnológicas modernas no auxílio à tomada de de-cisões estratégicas, de modo que se consiga aperfeiçoar a relação do crescimento com a qualidade de vida da sua população.

Segue um resumido histórico do paralelo da evolução das cidades e da tecnologia. Até chegar ao atual conceito e a necessidade das cidades inteligentes, utilizando as facilidades proporcionadas pelas ferramentas tecnológicas.

Na primeira metade do século XX, o planejamento das cidades seguia a industrialização. Era um planejamento centralizado, favorecendo o abastecimento e distribuição industrial, quase sem dar importância para extração de recursos locais, poluição de rios e geração de resíduos. Com o tempo, as consequências da poluição do ar e dos rios foram sentidas na saúde dos moradores. O planejamento, então, evoluiu para estratégias territoriais de participação das cidades no mercado mundial, com a criação de empresas multinacionais. Na segunda metade do século XX, a tecnologia dá um salto, principalmente no setor de comunicações, com o lançamento de satélites na órbita terrestre. O desenvolvimento da tecnologia de computação e da Internet acelerou a pesquisa em várias áreas da ciência, e, consequentemente, das economias de diversos países. Seguindo-se diversos movimentos de mudança mundial, surge a chamada globalização.

Nessa época, o modelo ideal de cidade global girava em torno de caracte-rísticas comuns que as grandes metrópoles do mercado mundial possuíam. A cidade teria que concentrar sedes de empresas multinacionais, empresas de tecnologia de informação e um setor de serviço qualificado e especializado, além de oferecer a-cesso às novas tecnologias de comunicação, dentre outras características.

O planejamento das cidades evoluiu a partir da alteração das formas pro-dutivas e da economia, modificando a maneira de pensar o espaço urbano. O au-mento considerável e desordenado da atividade global deu origem à destruição da camada de ozônio e ao aquecimento global. Surgiu o conceito de sustentabilidade,

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Hoje, tem-se um enfoque na cidade criativa, sustentável, que utiliza tecno-logia em seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos: a cidade inteligente (FGV PROJETOS, 2015). A transformação digital vai trazer cada vez mais automação. Inteligências artificiais através de sensores controlarão com efici-ência todos os setores de uma cidade, mas sempre a serviço do administrador, o ser humano. Cidades inteligentes passaram a ser uma necessidade estratégica de pla-nejamento da qualidade de vida de uma população, gestão inteligente de recursos e preservação do meio ambiente. Para que isso aconteça, a população deve participar ativamente. Os serviços de redes de comunicação devem ser sempre aprimorados no sentido do ganho em agilidade e confiabilidade. Métricas devem ser utilizadas para apurar a eficiência do sistema de controle da cidade. Um exemplo de métrica do processo é o grau de maturidade tecnológica de uma cidade, que será mostrado nesse trabalho. (Kiev Gama, 2012)

A Figura 1 apresenta alguns assuntos que a administração da cidade deve estudar e planejar para que ela obtenha a denominação de cidade inteligente. A foto, no centro, é um painel de energia solar, uma energia renovável, limpa, porque não polui o meio ambiente. O conceito de cidade inteligente envolve um número conside-rável de termos, que juntos representam o que o sistema deve conter.

O objetivo desse trabalho é mostrar uma visão sistêmica do espaço urba-no. O capítulo 2 apresenta o conceito de desenvolvimento sustentável como base para o planejamento de uma cidade. Através da definição europeia para cidade inte-ligente, mostrar que os recursos tecnológicos têm que dar resposta às necessidades sociais e econômicas da sociedade, a importância da conectividade na cidade. O aumento da interação entre as pessoas, causada pelos serviços de informação e comunicação. E apresentar um exemplo de métrica de maturidade tecnológica, com critérios para determinar níveis de desenvolvimento tecnológico das cidades.

No capítulo 3 seguem exemplos atuais dos domínios mais importantes pa-ra um sistema de uma cidade inteligente: Tpa-ransporte e Mobilidade, Energia, Meio Ambiente.

No capítulo 4 falamos das tecnologias, as ferramentas para obter as me-lhores soluções de crescimento com sustentabilidade. As redes inteligentes que são

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fundamentais para a integração dos sistemas de uma cidade em geral. Big Data pa-ra extpa-rair as informações mais importantes de um enorme volume de dados gepa-rado por uma cidade. Como os governos contemporâneos utilizam a informação e as tec-nologias de informação e comunicação, e apresenta-se o Centro de Operações da Cidade do Rio de Janeiro.

O Capítulo 5 apresenta as técnicas de Machine Learning e Inteligência Ar-tificial que levarão à otimização dos sistemas.

No Capítulo 6 são apresentadas algumas Conclusões sobre o estudo rea-lizado.

Figura 1: Cidade Inteligente, alguns termos para estudo e planejamento. Adaptação, (FGVProjetos, 2015)

(15)

A visão moderna da cidade, do seu espaço urbano, considera todos os fa-tores envolvidos na sua dinâmica de funcionamento, emprega sua capacidade criati-va e faz uso da tecnologia em seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos.

A seguir, temos uma lista de alguns fatores que podem influenciar, positi-vamente ou negatipositi-vamente, no crescimento das cidades:

o Localização – ex.: nos transportes, na proximidade de recursos. o Atratividade – ex.: empregos, comércio.

o Clima – ex.: temperaturas, chuvas.

o Geografia – ex.: relevo montanhoso, proximidade do mar, rios.

o Ambiente – ex.: poluição do ar, da água, desmatamento, queimadas. o Infraestrutura – ex.: saneamento básico, transportes.

o Social – ex.: saúde, educação, segurança.

o Energia – ex.: para as indústrias, para as habitações.

O progresso depende do fator energia. Sem energia a cidade pode parar. Por outro lado, sabemos, por exemplo, que a queima de combustíveis fósseis destrói a natureza, assim como o uso de outras fontes podem ser nocivas ao ser humano, como a energia nuclear. Portanto, o conhecimento também evoluiu no sentido de saber o que evitar. É necessário conservar o meio ambiente. O planejamento das cidades não pode visar apenas aspectos econômicos ou limitar-se a alguns fatores, e sim, ter uma visão holística do espaço urbano.

No mundo existem diversos modelos de urbanização, pois cada cidade tem características diferentes umas das outras. Não existe um modelo ideal, ou úni-co para todos os lugares. Principalmente, o tamanho e quantidade de habitantes de-terminam a necessidade dos serviços, como fornecimento de água, energia, ar puro e coleta de lixo. A urbanização vai se desenvolver de formas diferentes, dependendo das condições iniciais existente, das características socioculturais, da geografia, dos recursos financeiros e dos fatores políticos de planejar e gerir o crescimento. Mas, apesar das diferenças entre as cidades, existem boas práticas relativas ao desen-volvimento urbano e sobre como gerenciá-lo.

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Pesquisas encomendadas pela Shell foram realizadas, levando em consi-deração a evolução das cidades, de acordo com suas características e seu consumo de energia. Uma dessas pesquisas, para um cenário de prosperidade crescente, concluiu que, as cidades compactas, densamente povoadas e bem planejadas, com infraestrutura e serviços integrados eficazes, são mais eficientes em termos de re-cursos. Isso porque as distâncias diminuem e fica mais fácil compartilhar e colabo-rar, entre empresas e pessoas, nas cidades mais compactas. Mas, a proporção do consumo mundial de energia nas cidades aumentará de 66%, em 2010, para cerca de 80% até 2040. (SHELL BRASIL, 2014)

O consumo de energia nas cidades é proporcional ao seu crescimento. À medida que a cidade se desenvolve, aumenta a demanda por energia. A maior parte do consumo de energia nas cidades concentra-se nos edifícios, nos meios de trans-porte, nas indústrias e na agricultura. O uso dessa energia causa nas cidades o efei-to de ilha de calor urbano, fenômeno pelo qual a cidade aquece mais do que as á-reas rurais ao seu redor. A atividade nas cidades gera um calor residual pelo con-sumo de energia. Portanto, forma-se um ciclo de geração e concon-sumo de energia que gera calor residual cada vez maior. Assim, o uso de energias alternativas, de fontes renováveis e o controle da eficiência da energia consumida nas cidades são funda-mentais para a sobrevivência. Esse controle depende do conhecimento de todos os fatores ambientais e características da cidade, tornando-se cada vez mais complexo.

As tecnologias modernas auxiliam na coleta e armazenamento de dados sobre todos os processos que movimentam as cidades. Fazendo o monitoramento desses processos, por exemplo, de abastecimento de água, transportes, condições climáticas, através de câmeras, sensores, informações passadas pela população com utilização da rede móvel. Esses dados alimentam um sistema computacional, que busca soluções rápidas, eficientes, com a finalidade de aperfeiçoar a cidade como um todo, auxiliando seus governantes.

A seguir, mostraremos que o urbanismo planejado é uma solução básica para obtenção do desenvolvimento sustentável. Apresentaremos a definição da uni-ão europeia para cidades inteligentes, a utilizaçuni-ão da tecnologia como ferramenta para equilibrar o sistema global, com valorização crescente das pessoas. A capaci-dade da cicapaci-dade em educar e capacitar pessoas é estratégico para obter vantagem competitiva. Apresentar um modelo de maturidade tecnológica para cidades

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inteli-2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A cidade torna-se inteligente quando, obtém e coloca em prática soluções para aprimorar seu desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da popula-ção.

O aquecimento global é um fato conhecido, causado principalmente pela emissão de gases de efeito estufa (GEE), que destroem a camada de ozônio. Po-dendo causar catástrofes, como elevação do nível do mar, inundação de cidades litorâneas, extinção de espécies, inclusive, claro, a espécie humana. Desenvolvimen-to sustentável significa desenvolver sem destruir. O homem deve evitar o desperdí-cio de recursos naturais, fazendo reposição para garantir o seu constante suprimen-to. Os recursos atuais podem ser mais bem utilizados, com eficiência energética e redução de desperdício. A cidade inteligente tem como objetivo promover o desen-volvimento sustentável.

Soluções inteligentes para as cidades partem de uma análise das condi-ções atuais e de um planejamento integrado do ambiente sustentável, com a partici-pação da sociedade inteligente, utilizando a tecnologia e inovação.

O urbanismo planejado é parte da solução. A cidade inteligente, através de seu governo, deve pensar no desenvolvimento aproveitando com eficiência seus recursos, de acordo com sua capacidade econômica, tendo por objetivo a qualidade de vida da sociedade. Esse processo leva ao aumento da atratividade de uma cida-de. Portanto, maiores densidades populacionais urbanas estão diretamente ligadas ao maior desenvolvimento de inovação urbana. (FGV PROJETOS, 2015)

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2.2 AS CIDADES NO SÉCULO XXI

O conceito de cidade inteligente, smart city, engloba em sua definição a in-teração das pessoas, a qualidade de vida e a construção conjunta da cidade. Mas, a diversidade de culturas é grande. Segundo a união europeia o conceito de smart

cities, ou cidades inteligentes, pode ser assim resumido:

São sistemas de pessoas que interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento sustentável econômico, garantindo resiliência (entendida como a capacidade que uma popula-ção apresenta de conseguir adaptar–se às inovações e adversidades) e melhoria na qualidade de vida. Esses fluxos e interações se tornam inteligentes ao fazer uso es-tratégico de infraestrutura e serviços de informação e comunicação em um processo de transparência de planejamento e gestão urbana que dê resposta às necessida-des sociais e econômicas da sociedade. (FGV PROJETOS, 2015)

O termo “sistema de pessoas”, logo no início, coloca as pessoas como prioridade. Deve haver um equilíbrio entre os desenvolvimentos sustentáveis. De um lado o desenvolvimento econômico, do outro o desenvolvimento das pessoas. O que adianta uma cidade inteligente com uma população que não está inteligente por falta de oportunidade? Por exemplo, se a educação não está bem e a saúde também não. No caso europeu, termina sugerindo um equilíbrio entre as necessidades soci-ais e econômicas da sociedade.

A verdade é que os fatos, os noticiários, mostram um grande desequilíbrio global. A solução pode ser a utilização da tecnologia como ferramenta para equili-brar o sistema global, com valorização crescente das pessoas, comunicação e inte-ração, troca de informações entre cidades, entre países.

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A conectividade trouxe a facilidade de interação entre as cidades do mun-do. Ela favorece a troca de conhecimentos e o desenvolvimento do comércio regio-nal, nacional e internacional. Consequentemente, causou o aumento da competição comercial. Fazendo com que a inovação seja uma vantagem competitiva importante. A capacidade competitiva de uma cidade depende da produção de inovação, da criatividade de talentos, do estimulo do empreendedorismo, da própria capacidade de gerenciar, atrair e reter talentos.

Mais uma vez, fica claro que as pessoas são prioridade. A capacidade da cidade em educar e capacitar pessoas é estratégico para obter vantagem competiti-va. Para que essa vantagem seja alcançada, a gestão deve desenvolver uma infra-estrutura integrando os diversos sistemas, com esse objetivo prioritário.

2.4 NÍVEIS DO MODELO DE MATURIDADE TECNOLÓGICA

Esses níveis representam as fases da implantação e de desenvolvimento de uma cidade inteligente, encontrados no trabalho “Em Direção a um Modelo de Maturidade Tecnológica para Cidades Inteligentes” (Kiev Gama, 2012). O modelo é uma forma de medir e integrar os domínios, gradativamente, utilizando as soluções tecnológicas.

O trabalho visa apresentar um modelo de maturidade tecnológica para ci-dades inteligentes baseado em domínios diversos, que são interessantes para as cidades tornarem-se mais automatizadas, gradativamente. Cada domínio é avaliado sob três fatores e um conjunto de critérios para avaliar qual nível de maturidade a cidade possui naquele momento. (Kiev Gama, 2012)

Sobre os domínios, podem ser diversos, por exemplo, segundo um mode-lo europeu (Vienna University of Technomode-logy, Centre of Regional Science, 2007), o conceito de smart cities envolve seis domínios: Economia, Mobilidade, Governança, Meio-ambiente, Qualidade de vida e Capital Humano.

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Os níveis são os seguintes:

o Nível 0. Caótico: neste nível as cidades não possuem as tecnologias.

o Nível 1. Inicial: Fase de planejamento e modelagem de sistemas de informa-ções de determinado domínio, identificação de sistemas existentes a serem integrados, alguma automação na captura de dados.

o Nível 2. Gerenciado: Dados coletados e acessíveis através de sistemas de in-formação. Ex.: dados de tráfego, de consumo de energia, de abastecimento de água.

o Nível 3. Integrado: Cidade inteligente com sistemas utilizando o modelo de computação em nuvem, estando integrados e disponíveis na forma de servi-ços tanto para cidadãos como para aplicações de terceiros. O cidadão tem participação ativa, sendo alimentador de dados. O governo deve ser um facili-tador e fomenfacili-tador de um ecossistema de serviços.

o Nível 4. Otimizado: Cidade eficiente, buscando inovação e pioneirismo nas soluções tecnológicas. Sistemas de apoio à tomada de decisões para auxiliar nas decisões estratégicas das cidades. Uso de informações para sistemas de previsão de eventos.

A Tabela 1 apresenta o exemplo de matriz de maturidade tecnológica da-do pelos autores (Kiev Gama, 2012). Os critérios são baseada-dos nos fatores: gente (G), negócios (N) e tecnologia (T). Gente (engloba governo e cidadãos) é fator ne-cessário, pois é o engajamento de pessoas que tornará efetivo o uso das soluções de TICs. O fator Negócios refere-se a gerar um modelo econômico sustentável acer-ca do uso da infraestrutura e serviços de TICs no contexto de cidades inteligentes. O fator Tecnologia está ligado à adequação de TICs aos cenários e necessidades das cidades. Cada fator deverá conter uma lista determinada de critérios (metas) que precisam ser alcançados para cumprir com os requisitos de cada nível do MMT (lista com (1..n) critérios).

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Go v e rn a n-ça S a ú d e E n e rg ia Tr a n s p o rt E d u c a ç ã o Á g u a ... 1 (Inicial) Critérios G(1..n) Critérios N(1..n) Critérios T(1..n) 2 (Gerenciado) Critérios G(1..n) Critérios N(1..n) Critérios T(1..n) 3 (Integrado) Critérios G(1..n) Critérios N(1..n) Critérios T(1..n) 4 (Otimizado) Critérios G(1..n) Critérios N(1..n) Critérios T(1..n)

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3

EXEMPLOS DE SISTEMAS ATUAIS

3.1 TRANSPORTES E MOBILIDADE

Neste capítulo apresentam-se algumas soluções inovadoras em cidades pelo mundo.

O sistema inteiro da cidade de Amsterdã é aberto para os pedestres e motoristas, que monitoram opções de locomoção por meio de seus smartphones; em Barcelona, um mapa digital apresenta a localização exata dos trens, táxis, metrôs e ônibus. (FGV PROJETOS, 2015)

Estocolmo trata mobilidade, energia e consumo de recursos naturais de forma sistêmica: governo e iniciativa privada lançam apartamentos próximos ao cen-tro projetados para serem sustentáveis, produzindo, a partir de placas solares, a e-nergia utilizada pelos moradores, captando água da chuva e coletando resíduos por um sistema de tubulação que os encaminha para reciclagem ou produção de com-bustível. 1 Curitiba é considerada uma das 10 cidades “mais inteligentes do mundo” (WEISS et al., 2013, p. 10). Os investimentos que vêm sendo realizados desde a década de 1980 em mobilidade urbana já são replicados em outras cidades do mun-do, como o sistema intermodal de transporte 2 em torno do Bus Rapid Transit (BRT), que inspirou o TransMilenio em Bogotá, e iniciativas em cerca de 80 outros países.

1

- Fonte: Página 22, Edição 52, 2011. “Inteligência à venda”. Por Fábio Rodrigues. Disponível em: http://www.pagina22.com.br/index. php/2011/05/inteligencia-a-venda/. Acesso em 29/11/2013.

2

- O sistema conta com ciclovias que conectam os bairros às estações e centros de bicicletas e com ônibus que trafegam pelas ruas menores transportando os passageiros até as estações do ônibus BRT. O mesmo foi implantado em outras cidades, como Guangzhou, na China, Londres e Paris. Fon-te: Mobilize. Mobilidade Urbana Sustentável, 2013. “A solução para mobilidade urbana? Ônibus, diz Peñalosa.” Por Amanda Previdelli. Disponível em: http://www.mobilize.org.br/noticias/4894/a-solucao-para-mobilidade-urbana-onibus-diz-penalosa. html. Acesso em 29/11/2013.

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dos equipamentos públicos, como os da rede pública de saúde e a frota municipal de ônibus. A promoção do acesso à Internet em áreas públicas permite a inclusão dos cidadãos nesses sistemas de informação, estabelecendo uma nova via para a transparência e participação na gestão pública.

Em Porto Alegre, o fluxo de veículos é monitorado por dispositivos insta-lados no chão das vias públicas, que determinam o funcionamento dos “semáforos inteligentes”. 3

O tempo de circulação foi reduzido em até 30%, e as emissões de gases poluentes caíram 18%. Para além da mobilidade, os cidadãos participam da gestão dos ativos públicos por um sistema integrado, que recebe alerta de falhas enviados pelos usuários e os encaminha à agência pública responsável pelo serviço, como iluminação, manutenção das vias públicas, praças e jardins, saúde e seguran-ça.

O setor de transportes brasileiro se caracteriza por ser rodoviário e indivi-dual, com índices elevados de emissão de GEE por tonelada de carga e por passa-geiro, se comparados a outros países, mesmo aqueles em desenvolvimento. Repre-sentado majoritariamente por automóvel particular e ônibus, 4 o transporte urbano de passageiros foi responsável por 48% das emissões GEE do setor em 2010, e o transporte urbano de cargas responde por mais 5% (FGV, 2010).

Os congestionamentos, problema de mobilidade que assola os cidadãos nas grandes cidades, resultam em horas improdutivas, desperdício energético e pro-

3

- Sistema de Controle de Trânsito Adaptativo em Tempo Real. 4

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blemas de saúde pública, afetando o desempenho das empresas 5 e da economia do país. O problema é acirrado pelo crescimento desordenado dos centros urbanos e aumento dos veículos particulares nas ruas, derivado da combinação entre aumen-to da renda média da população, incentivos à indústria auaumen-tomobilística e falta de op-ções eficientes de transporte público. As respostas passam pelo melhor planejamen-to urbano e gestão do fluxo de veículos, reduzindo distâncias médias percorridas e tempo médio de deslocamento.

Além da melhora da qualidade do serviço e da redução do tempo de traje-to, é preciso, para que aconteça a migração do transporte particular para o público, promover acesso a informações sobre horários, linhas e trajetos. O grupo de ferra-mentas de TIC denominadas smart logistics se prestam justamente a isso.

Soluções se aplicam também aos veículos particulares: a Eco Driving ofe-rece informações aos motoristas sobre o consumo de combustível e a forma como estão dirigindo; a Real Time Traffic Alerts atualiza motoristas sobre o tráfego para que evitem congestionamentos; a Carpooling organiza caronas; e os sistemas de otimização de redes de logística permitem a coordenação de caminhões, evitando o deslocamento de veículos com espaço ocioso.

Um novo mercado pautado pela demanda por serviços de bus/car

infor-mation system e de desenvolvimento de softwares e apps 6 voltados ao setor. A ve-locidade com que esse processo evoluirá nos próximos anos depende de incentivos, políticas públicas e ambientes regulatórios favoráveis. Do lado das empresas, um passo importante é a articulação das iniciativas intra e intersetorialmente, para que seus planos de mobilidade, por exemplo, tenham impacto regional.

5

- O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) evidencia em suas pesquisas que os prejuí-zos dos congestionamentos envolvem a queda da capacidade produtiva, tanto pelo consumo do tem-po de trabalho quanto como consequência da piora da qualidade de vida. Fonte: Página 22, 2013. “Mobilidade é um bom negócio”. Por Carol Nunes. Disponível em: http://www.pagina22.com.br/index. php/2013/10/mobilidade-tambem-e-bom-negocio/. Acesso em 29/11/2013.

6

- Abreviatura de aplicativos, programas que podem ser baixados da internet e instalados em deter-minados equipamentos eletrônicos.

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Uma iniciativa focada na produção, gestão e consumo eficientes de ener-gia acontece na cidade de Búzios desde 2011 (FGV PROJETOS, 2015). A Ampla, concessionária de energia, junto ao governo local, instalou medidores digitais nas residências e empresas, permitindo que os estabelecimentos produtores de energia lancem na rede pública o excedente produzido. A iniciativa funcionou como incentivo para a instalação de equipamentos para a produção de energia, principalmente so-lar, nas casas, hotéis e pousadas. Ainda, óleo de cozinha usado e lixo reciclável são trocados por desconto na conta de luz, e chuveiros a energia solar foram instalados nas praias da região. As iniciativas que compõem o projeto foram elaboradas a partir de pesquisa com moradores, veranistas e associações de classe sobre suas neces-sidades e demandas na relação com a cidade.

Produção, distribuição e consumo de eletricidade nas grandes cidades são repensados a partir de soluções que promovem descentralização, monitoramen-to e eficiência, e demandam novos modelos de planejamenmonitoramen-to e gestão do sistema elétrico. Aplicam-se tanto à redução de perdas e consumo, quanto à promoção das fontes alternativas renováveis e melhoria no serviço ao oferecerem informação para ação preventiva a problemas no fornecimento. (FGV PROJETOS, 2015)

O relatório Smart 2020 (2008) prevê que a eficiência energética, promo-vida por ferramentas de TIC, resultará em economia de cerca de US$ 946,5 bilhões no mundo em 2020. Potencial para isso se encontra na revisão de processos indus-triais e planejamento e utilização de edifícios, 1 com ganhos econômicos e ambien-tais diretos: o custo médio do megawatt conservado por projetos de eficiência ener-gética na indústria vem sendo inferior ao custo marginal de expansão previsto no Plano Decenal de Energia (FGV, 2011), e a redução da pressão sobre a oferta de eletricidade evita a expansão da matriz, postergando grandes investimentos em in-fraestrutura de geração de eletricidade e em exploração de combustíveis fósseis.

1

- O potencial técnico de redução no consumo de energia até 2030 é de 20% no setor industrial, 13% no público e de comércio e 7% no residencial (FGV, 2010).

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Na produção industrial, a digitalização é uma importante inovação trazida pela TIC, substituindo produtos e processos físicos por virtuais. O resultado é a re-dução do uso de energia e da geração de poluentes e resíduos. Compartilhamento de infraestruturas e codesenvolvimento de ferramentas de TIC entre organizações também são opções para viabilizar operações com menor custo e uso de energia elétrica. Alexander Osterwalder descreve em seu livro cinco padrões diferentes. En-tre eles, Empresas Desagregadas (unbundling), Unbundling é um padrão que nasce da compreensão de que uma empresa pode possuir três focos: relacionamento com clientes, inovação de produtos e infraestrutura. Em grandes empresas, os três po-dem coexistir, formando um modelo complexo que necessita de grandes recursos para funcionar corretamente. (Moisés, 2014)

Exemplo disso é a infraestrutura de acesso e backhaul para rede LTE (4G) compartilhada entre as operadoras TIM e Oi no projeto RAN Sharing, com obje-tivo de garantir cobertura 4G em todo o território nacional. A iniciativa evita duplici-dade de elementos de rede tais como antenas, cabos, estação radio base, banco de baterias e ar condicionado, implicando menor consumo de energia e reduzindo a poluição visual nas cidades, gerada por esses equipamentos. Além disso, otimiza o trabalho das equipes de manutenção, reduzindo seu deslocamento total.

Sob a perspectiva da geração, distribuição e consumo de energia elétri-ca, smart grids são ferramentas revolucionárias ao fazerem uso da tecnologia da informação no sistema elétrico para ampliar a geração distribuída em diversos paí-ses do mundo. Essa tecnologia apresenta três principais benefícios: redução do consumo de energia por parte da empresa concessionária nas operações, para for-necer um serviço com qualidade igual, ou melhor, redução de falhas no sistema de fornecimento e integração de ponta a ponta, do gerador ao consumidor.

A seguir serão descritos projetos que estão em andamento no Brasil. Em 2010, a AES Eletropaulo anunciou uma iniciativa que envolve 2 mil medidores ele-trônicos monitorando o consumo de energia no bairro Ipiranga, em São Paulo, e provendo informações para a distribuidora sobre falhas no fornecimento. A EDP Bra-sil criou, em 2011, em parceria com a Secretaria de Energia de São Paulo e a prefei-tura de Aparecida do Norte, projeto piloto contemplando diversas ações de eficiên-cia, como substituição da iluminação pública comum pela tecnologia LED e

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substitui-A maior inovação proporcionada pela aplicação da tecnologia, em todos os casos, é a transformação da relação entre empresas de energia e cidadão. Intera-tividade entre os atores, maior transparência, pela comunicação constante entre consumidores e concessionárias, e empoderamento dos envolvidos para a tomada de decisões que impactam em suas contas de eletricidade e no meio ambiente é o que faz desses sistemas as “redes de energia elétrica do futuro”. 2

2- Fonte: Página 22, edição 52, 2011. Estalo: uma nova ideia por mês. “Energia Interativa”. Por Manu-ela Azenha. Disponível em: http://www.pagina22.com.br/index.php/2011/05/estalo-uma-nova-ideia-por-mes-2. Acesso em 30/11/2013.

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3.3 MEIO AMBIENTE

Em um bairro de Milwaukee, no estado americano de Wisconsin, sem mercados e repleto de restaurantes fast food, prospera um sítio que, com pouco mais de um hectare, produz anualmente 450 toneladas de alimentos orgânicos. São 50 funcionários e um grande número de voluntários e aprendizes envolvidos na pro-dução, e são oferecidas oficinas para interessados em replicar o projeto em outras partes do país.

Na Inglaterra, em Tomodmorden, hortas comunitárias se espalharam pela cidade, com aproveitamento até mesmo do canteiro do cemitério. Praticamente toda a comunidade participa da atividade no plantio, colheita e preparo dos alimentos, de acordo com diferentes aptidões.

Além de segurança alimentar e impacto positivo na renda familiar, 3 bons resultados econômicos estenderam-se para a cidade como um todo, atraindo de tu-ristas interessados em conhecer o processo em curso. A agricultura adentrou tam-bém a sala de aula, com envolvimento dos estudantes no plantio e debates relacio-nados ao tema nas aulas.

No Brasil, organizações da sociedade civil assumem a missão de propa-gar os benefícios da agricultura urbana. É o caso da Rede de Intercâmbio de Tecno-logias Alternativas, que, desde 1995, dedica-se, em Belo Horizonte, ao desenvolvi-mento da produção agrícola em espaços reduzidos na cidade e no entorno. Os pro-jetos se estendem a outros municípios mineiros, como Betim, Nova Lima e Ribeirão das Neves, e cultivam terrenos particulares e públicos.

A reunião dos casos, das inovações, das melhores soluções, que foram citados anteriormente, leva a eficiência nos transportes, no fornecimento de energia, na produção de alimentos, na preservação do meio ambiente, são contribuições va-liosas que devem ter uma divulgação ampla e guardada num banco de dados, para consultas de novas cidades.

3

- Um casal habitante de São Francisco, que possui cerca de 50 jardins comunitários em torno dos quais projetos comunitários mais amplos se desenvolvem, contabilizou economia de dois mil dólares em um ano a partir da horta que mantém no quintal. A Associação Americana de Jardinagem estima que 50 dólares gastos em sementes possam render anualmente outros 1.250.

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4.1 TECNOLOGIA DIGITAL

A revolução digital está relacionada à evolução do conhecimento, de dis-por de uma quantidade de dados e de agir em conformidade, analisando esses da-dos, para obter as melhores soluções de crescimento com sustentabilidade. A nova sociedade do conhecimento requer um acesso fácil à informação e ao saber. A “nu-vem”, a capacidade de gerenciar de forma inteligente enormes quantidades de da-dos (Big Data), a conectividade móvel e as redes sociais são exemplos de tecnologi-as que levam alguns especialisttecnologi-as a afirmar que estamos no início da quarta revolu-ção tecnológica, com consequências bem maiores que o das três revoluções anterio-res (os primeiros computadoanterio-res empanterio-resariais, o computador pessoal e a Internet).

Nesse sentido, as tecnologias facilitam a gestão dos serviços e da infraes-trutura urbana, o compartilhamento de informações, a tomada de decisão por parte de gestores e cidadãos e a prevenção ou rápida resposta a problemas, como even-tos climáticos extremos. Assim, tecnologias digitais de informação e comunicação podem ser aplicadas para potencializar a interação e soluções criativas.

Cidade inteligente consiste em uma proposta de aplicar o potencial das TIC para melhoria da qualidade de vida da população, respeitando os limites ambi-entais (WEISS et al., 2013).

Apenas com relação às mudanças do clima, a tecnologia poderá oferecer uma redução de 7,8 GtC02 de emissões globais, em 2020, o que representa 15% das emissões totais previstas para esse ano (Smart 2020, 2008). No Brasil, esti-mam-se 27% de redução das emissões nacionais de GEE projetadas para 2020 (ICT Sustainability Index, 2010). 1

1

- Relatório divulgado pela Computer World em 2010, disponível em: http://computerworld.uol.com.br/gestao/2010/04/12/uso-da-tipode-reduzir-em-27-emissoes-de-co2-do-brasil/. Acesso em 29/11/2013.

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O maior potencial de abatimento nas cidades está contido nas soluções de transpor-te, logística e eletricidade. 2

A TI sustenta operações de empresas, une elos distantes de cadeia de fornecimento e cada vez mais liga empresas aos clientes. Na logística, existem al-guns tipos de sistemas mais utilizados para realizar estes elos, controlar as opera-ções e oferecer melhores níveis de serviço para os clientes. Exemplo de um desses sistemas é o WMS (Warehouse Management System). Na tradução para o portu-guês, a expressão do significado de WMS é (Sistema de Gerenciamento de Arma-zéns). O WMS é o maior e principal sistema de manutenção dentro de um sistema de logística empresarial, responsável principalmente pelos processos de:

 Armazenagem;  Recebimento de cargas;  Estocagem de produtos;  Controle de entregas;  Separação;  Expedição;  Transferência;  Inventário.

O WMS tem como objetivos: a redução de custos, aumento do nível de serviço oferecido aos clientes, melhoria do processo de distribuição (Tecnologia da informação na Logística, 2017).

2

- Na Índia, soluções para a gestão inteligente da energia elétrica pode trazer uma redução de 30% na perda de energia elétrica (The Climate Group and GeSI, 2008). No Brasil os edifícios localizados nos centros urbanos são responsáveis por 47% do consumo de energia elétrica do País (WELKER, 2013).

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Em pouco tempo as cidades inteligentes atuarão como um sistema de re-des inteligentes conectadas.

As smart-grids (redes inteligentes) são fundamentais para o sistema de gestão de recursos e para a integração dos sistemas de uma cidade em geral. Essas redes inteligentes são capazes de identificar possíveis falhas e corrigir automatica-mente, ou remotaautomatica-mente, muitas vezes prevenindo catástrofes. A tecnologia está di-versificando sensores, câmeras, dispositivos de coleta e transmissão de dados por estas redes inteligentes. A internet das coisas, IoT (Internet of Things), vai aprimorar a eficiência de vários dispositivos eletrônicos.

As redes formam a base para a implantação e integração de diversos sis-temas, para soluções de gestão de sistemas corporativos. Soluções integradas, co-mo a conta para cobrança, plataformas de gestão (ERP) e a tecnologia de informa-ção geográfica GIS.

No caso do fornecimento de energia, a eficácia da implementação está di-retamente ligada à expertise do integrador e aos sistemas utilizados, o que requer estudo por parte dos distribuidores de eletricidade. São essas redes que identificam falhas instantaneamente, disponibilizam informações sobre os motivos e a previsão de retorno da energia e as corrigem. Algumas vezes a correção pode ser feita remo-tamente. (Souza, 2017)

O cenário brasileiro de energia hidráulica, que é um fator favorável ao pa-ís por ser uma fonte de energia natural, por outro lado, sofre com falta de chuvas, exigindo um controle constante para substituição por outras formas de energia, ge-ralmente, mais caras e poluidoras. A tecnologia monitorando as redes de distribuição de energia tem a responsabilidade de informar com rapidez, para que as cidades não parem suas atividades e tenham prejuízos. A comunicação e integração entre os sistemas evitam desperdícios e contribui para um bom planejamento de abasteci-mento de recursos para as cidades.

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4.3 BIG DATA - BANCOS DE DADOS

A tecnologia do big data, em resumo, é extrair as informações mais impor-tantes de um enorme volume de dados. A análise dos dados sobre uma cidade é pelo menos o ponto de partida para o planejamento urbano. Esses dados são gera-dos pelos diversos setores da cidade e precisa ser corretamente processado e verifi-cado para colaborar na proposição de soluções. Os processos dinâmicos de renova-ção, crescimento, mobilidade, etc., devem ser bem documentados em banco de da-dos. E a análise profunda desses dados deve ser feita no sentido de se encontrar as melhores soluções.

Analytics, a análise aplicada a um enorme volume de dados, (big data) é o processo para descobrir padrões escondidos, correlações desconheci-das e outras informações úteis que podem ser utilizadesconheci-das para a melhor tomada de decisão. Na área de negócios está sendo muito utilizado por cientistas de dados pa-ra obter informações, por exemplo, sobre as preferências dos consumidores.

Com novos avanços na tecnologia de computação, não há necessidade de evitar abordar até os mais complexos e desafiadores problemas empresariais. Para o processamento mais simples e rápido apenas de dados relevantes, você po-de usar high performance analytics. O uso po-de mineração po-de dados po-de alto po- desempe-nho, análise preditiva, mineração de texto, previsão e otimização em big data permi-te que uma cidade seja levada à inovação e tome as melhores decisões possíveis. (www.sas.com)

4.4 SISTEMAS ESTADUAIS E CONTROLE INFORMACIONAL

As tecnologias atuais proporcionam para os espaços urbanos uma evolu-ção para a qualidade de vida e para os serviços prestados aos cidadãos. Elas tam-bém se tornaram uma importante fonte de subsídios para a tomada de decisão em políticas públicas, que caracteriza um dos objetivos da atividade de inteligência

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esta-fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a ação governamental e a segurança da sociedade e do estado, conforme redação do artigo 2º, do decreto nº 4.376/2002, que dispõe sobre a organização e funcionamen-to do sistema brasileiro de inteligência. De Ávila e Kerr Pinheiro (2014) destacam que a capacidade do estado em controlar as informações, tem se tornado um ele-mento crucial para a articulação do poder contemporâneo, tanto em relação a outros estados e organizações internacionais, quanto no relacionamento com seus próprios cidadãos. Ele passa a criar, usar, manipular e disseminar informações que estrutu-ram a vida dos atores sociais, em uma relação de assimetria informacional, influen-ciando valores, pensamentos e ideologias. Os governos contemporâneos dos países centrais utilizam a informação e as tecnologias de informação e comunicação de uma nova maneira e tais práticas irão mudar a natureza do poder e do seu exercício por meio das políticas de informação (Braman, 2006). Esse modelo de cidades inte-ligentes, na medida em que o acesso a uma infraestrutura de rede interligada, um valioso instrumento de captura massiva de informações, que amplia o potencial de utilização das tecnologias digitais, da mesma forma ele também torna vulneráveis as informações que trafegam sob seu domínio.” (Garcia, 2016)

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4.5 CENTRO DE OPERAÇÕES DA PREFEITURA DO RIO

Figura 2: Centro de Operações Rio de Janeiro

A IBM instalou computadores e câmeras pelas ruas do Rio que enviam imagens em tempo real para o Centro de Operações do Rio, mapas com informa-ções sobre a rede elétrica e máquinas para previsões meteorológicas. O local - o Centro de Operações Rio - junta os conceitos da IBM para o desenvolvimento de uma cidade inteligente. (Digital, 2011)

O Centro de Operações (COR) monitora a Cidade do Rio de Janeiro e in-tegra órgãos e concessionárias, com o objetivo de minimizar o impacto de ocorrên-cias e grandes eventos na rotina da população. Os monitores (Figura 2) mostram imagens enviadas por uma rede de câmeras espalhadas pela cidade, para controle do transito, dos sinais de transito. Sensores captam dados sobre condições climáti-cas, dados sobre as praias, condições do mar, sobre segurança pública, sobre ener-gia e muitos outros dados para controle da cidade do Rio de Janeiro.

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A automação já utilizada em algumas áreas do conhecimento produz res-postas mais rápidas de desenvolvimento. Com isso, nessa área surgiram alguns termos e conceitos a seguir:

 Inteligência Artificial – AI (artificial intelligence) é usada para descrever “diver-sos métodos, algoritmos e técnicas que tornam um software inteligente no sentido humano da palavra”, define Lynne Parker, diretora da divisão de sis-temas de informação da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Machine Learning – a diretora da divisão de sistemas considera o significado do termo aprendizado de máquina (Machine Learning), igual a inteligência ar-tificial. “Algumas pessoas talvez vejam distinções, mas não há uma visão uni-versal sobre a diferença de significados entre esses dois termos”, pondera Lynne. Há quem sugira que se trata apenas de uma distinção regional por trás das origens dos conceitos. Aprendizado de máquinas também se refere a uma vasta gama de algoritmos e metodologias que permitem que softwares melhorem seu desempenho à medida que obtém mais dados. Aqui, incluem-se redes neurais e deep learning.

“Fundamentalmente, todo o aprendizado de máquinas é sobre o reconhe-cimento de tendências a partir de dados ou reconhereconhe-cimento de categorias que trazem a possibilidade de trazer previsões”, defende Lynne. Algumas téc-nicas de machine learning incluem redes neurais, árvores de decisões, hipó-teses bayesianas, mapas auto-organizáveis, instâncias de aprendizado, mo-delos de Markov e “dezenas de outras ferramentas de regressão”, acrescenta a especialista.

 Redes neurais – é um tipo de aprendizado de máquinas enquanto que deep

learning se refere a algo específico. Também conhecidas como redes neurais

“artificiais” – é um tipo de aprendizado de máquinas que se assemelha a for-ma como neurônios trabalham em nossos cérebros. “De fato, é algo muito pa-recido”, enfatiza Lynne.

Existem muitos tipos de redes neurais, mas, em geral, elas consistem de um sistema de nós que interconecta diversas ramificações. Tipicamente, as

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redes neurais aprendem a partir da atualização e ampliação desses laços e interconexões. Já deep learning, às vezes chamado de "deep neural network", considera um amplo sistema onde esses neurônios se organizam em diversas camadas “ocultas” abaixo de uma superfície de rede neural. “A ideia desse aprendizado profundo não é nova, mas vem se popularizando recentemente porque agora temos muito mais dados e processadores mais rápidos capazes de encontrar, com sucesso, o resultado de problemas complexos”, comenta Lynne.

Computação cognitiva (Cognitive computing) – essencialmente, o termo se re-fere a “computação focada na racionalização e compreensão de alto nível, de maneira análoga a cognição humana – ou, ao menos, inspirada por ela”, defi-ne a especialista.

Com esses avanços na tecnologia de aprendizado de máquina teremos, pela rapidez de resposta, uma grande quantidade de soluções testadas e aprovadas para os domínios dos problemas da cidade inteligente, que serão padronizadas para problemas já conhecidos. O conhecimento de padrões certamente vai trazer um e-norme ganho em agilidade no desenvolvimento de cidades brasileiras.

No Rio de Janeiro será criado um laboratório focado no estudo de cidades inteligentes. O espaço servirá para a realização de pesquisas, certificações e testes de tecnologias criadas para as smart cities.

Dentro do laboratório haverá também uma mini cidade para simulações em ambiente controlado, visando a observação e elaboração de critérios técnicos, padrões e procedimentos de conformidade que possam facilitar a aplicabilidade des-tas inovações nas cidades. (Baratto, 2017)

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Certamente, a maioria das cidades brasileiras não contarão com todo o montante de recursos necessários para a implementação das principais soluções, em curtos e médios prazos, que são aqueles períodos, por exemplo, para os quais uma gestão foi eleita. Sem planejamento no longo prazo e de maneira técnica, não será possível propor soluções inteligentes e consistentes para as cidades brasileiras. A cidade inteligente deve trabalhar para ser cada vez mais eficiente. Esse trabalho deve ser continuo sempre visando trazer benefícios para os habitantes. O trabalho de educar, capacitar e atrair recursos humanos para a cidade deve ter prioridade quanto a soluções de curto e médio prazo. Desse modo, aumentando o nível de ma-turidade tecnológica gradativamente. A tecnologia representa uma ótima ferramenta, um apoio na tomada de decisões e previsões de eventos, mas para que a cidade torne-se realmente inteligente a participação de toda a população é fundamental. Principalmente, na defesa dos seus direitos, a cidade deve adquirir outros níveis de maturidade, política por exemplo. Certamente, o Brasil assim como outros países se beneficiarão com o compartilhamento de informações, por parte de outros países com mais recursos disponíveis, pioneiros na implementação de soluções para cida-des inteligentes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(s.d.). Fonte: www.sas.com: https://www.sas.com/pt_br/insights/analytics/big-data-analytics.html

Baratto, R. (20 de maio de 2017). Fonte: ArchDaily:

https://www.archdaily.com.br/br/871556/rio-de-janeiro-tera-primeiro-laboratorio-brasileiro-de-cidades-inteligentes

Da Redação, c. I. (2016 de 06 de 01). Qual é a diferença entre IA, Machine Learning,

Deep Learning e computação cognitiva? Acesso em 24 de 11 de 2017, disponível

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