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Importação de carros de luxo através da empresa First S.A.

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA NATHALIA DALÇOQUIO DA SILVA

IMPORTAÇÃO DE CARROS DE LUXO ATRAVÉS DA EMPRESA FIRST S.A.

Florianópolis 2013

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NATHALIA DALÇOQUIO DA SILVA

IMPORTAÇÃO DE CARROS DE LUXO ATRAVÉS DA EMPRESA FIRST S.A.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel.

Orientador temático: Jurema Pacheco Marques, Msc.

Florianópolis 2013

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AGRADECIMENTOS

Através do Trabalho de Conclusão de Curso, encerra-se uma longa fase e um longo período de estudos. Foi um ano de leitura, pesquisas, coletas de dados e esforço incansável para a realização do último trabalho da universidade, representando uma nova etapa em nossas vidas.

Agradeço primeiramente aos meus pais, que sempre me apoiaram e não mediram esforços para me proporcionar um estudo de qualidade e oportunidades na vida. Espero poder retribuir estes esforços com meu sucesso profissional nesta nova etapa que inicia-se. À minha mãe, meu maior exemplo, o meu maior agradecimento, do fundo do meu coração.

Gostaria de agradecer minha irmã, minha companheira de todos os dias que sempre me ajudou quando precisava e que teve paciência para lidar com meus altos e baixos. Agradeço também meu namorado que fez com que este último ano de estudos se tornasse mais tranquilo e por estar sempre ao meu lado, me incentivando, apoiando e acalmando.

À todas minhas amigas, principalmente àquelas que fiz durante os anos de universidade e que passaram por momentos difíceis neste último ano como eu. Agradeço à empresa First S.A. por disponibilizar os dados para a realização do trabalho e à todos os meus colegas de estágio da Premium Distribuidora, dos quais vou sentir saudades.

Por fim, agradeço o empenho e a disponibilidade das minhas duas orientadoras. No primeiro semestre, a professora Terezinha Damian e no segundo semestre, a professora e orientadora Jurema Pacheco Marques, por me acompanharem e ajudarem ao longo do ano.

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RESUMO

O presente trabalho buscou apresentar como funciona a sistemática das importações de carros de luxo realizadas pelas empresa First S.A.. A empresa realiza este tipo de importação desde o ano de 2010 e foi apresentado o volume de carros importados pela mesma nos últimos quatro anos. Caracterizou-se luxo e o mercado de luxo e também conceituou-se importação e pode ser percebido a importância do comércio internacional entre países nos dias de hoje, por vivermos em um mundo globalizado em que nenhum país consegue viver isoladamente mantendo sua economia em alta. É descrita também, no trabalho, a sistemática das importações em geral no Brasil. A First S.A. faz parte de um grupo de empresas especializado em comércio internacional, o First Group. Para desenvolver o trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica, documental e de campo onde foram realizadas entrevistas informais com gestores da empresa, propiciando informações essenciais, a fim de entender a sistemática das importações por eles realizadas. Através do estudo, pode-se perceber que o volume das informações de carros de luxo da empresa caiu muito em relação a anos anteriores, principalmente pelo aumento dos impostos incidentes nesta operação e também pelos benefícios cedidos pelo governo Brasileiro aos fabricantes de carros para virem se instalar no Brasil, gerando um declínio na importação dos mesmos.

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ABSTRACT

The present paper attemped to present how does the systematic of the luxury cars imported by the company First S.A. works. The company perform this type of import since 2010 and was presented the amount of cars imported in the last four years. Were characterised luxe and the luxury market and was also characterised import. It can be perceived the importance of the international commerce between the countries nowadays, specially because we live in a globalized world in which no country can live isolated maintaining your economy. Is has also been described in the work, the general systematic of the brazilian’s imports. The First S.A. is part of a group of companies in international trade, thr First Group. To develop the paper, were used the literature and documental research and was made informal interviews with company managers, providing essential information in order to understand the systematic of imports made by them. Through the study, it could be noticed that the amount of luxury cars imported by the company decreased a lot compared to previous years, specially by the increase of the taxes in these operations and also in purpose of the Brazilian government benefits granted for the cars manufactures to come settle your industries in Brazil

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ... 10

1.2 OBJETIVOS ... 10 1.2.1 Objetivo geral ... 11 1.2.2 Objetivos específicos ... 11 1.3 JUSTIFICATIVA ... 11 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 12 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 15

2.1 MERCADO DE LUXO: CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS BÁSICOS ... 15

2.1.1 Luxo ... 15

2.1.2 Bens de luxo ... 16

2.1.3 Mercados e setores de luxo ... 17

2.1.4 Consumidor e comportamento de luxo ... 17

2.1.5 Marca de luxo ... 18

2.1.6 Marketing de luxo ... 20

2.2 IMPORTAÇÃO ... 22

2.2.1 Conceito ... 22

2.2.2 Razões para importar ... 22

2.2.3 Formas de importação ... 23

2.2.4 Sistemática das importações no Brasil ... 25

2.2.4.1 Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX ... 25

2.2.4.2 Classificação fiscal ... 27

2.2.4.3 Tratamento administrativo e tributário ... 29

2.2.4.4 Logística internacional e Incoterms 2010 ... 32

2.2.4.5 Modalidade de pagamentos na importação ... 36

2.2.4.6 Despacho aduaneiro ... 39

3 IMPORTAÇÃO DE CARROS DE LUXO REALIZADAS PELA EMPRESA FIRST S.A. DO FIRST GROUP ... 42

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO FIRST GROUP ... 42

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3.2.1 Sistemática da importação de carros de luxo ... 45

3.2.2 Volume das importações de carro de luxo realizadas pela empresa FIRST S.A. ... 51

3.3 PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA AS IMPORTACOES DE CARROS DE LUXO NO BRASIL ... 54

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 57

REFERÊNCIAS ... 59

ANEXOS ... 62

ANEXO A – Modelo Pro-forma Invoice ... 63

ANEXO B – Licença para uso da Configuração de Veículo ou Motor - LCVM ... 64

ANEXO C – CAT ... 65

ANEXO D – Licenciamento de Importação (Página 1 de 2) ... 66

ANEXO D – Licenciamento de Importação (Página 2 de 2) ... 67

ANEXO E – Fatura Comercial ... 68

ANEXO F – Packing List ... 69

ANEXO G – Conhecimento de Carga ... 70

ANEXO H – Declaração de Importação (Página 1 de 5) ... 71

ANEXO H – Declaração de Importação (Página 5 de 5) ... 72

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o número de consumidores do mercado de luxo é significativamente grande e vem aumentando, fazendo com que, principalmente as marcas de luxo internacionais abram os olhos para o mercado brasileiro. Com isso, a importação de bens de luxo vem sendo uma prática bastante utilizada e visada por empresas deste setor. “A prática do comércio internacional é essencial para todos os países, sejam eles desenvolvidos ou não, pois tal prática contribui com as atividades de circulação de capitais e com o desenvolvimento econômico.” (BORTOTO, 2010, p. 214).

Os bens de luxo atingem principalmente a classe mais alta da sociedade, possuem “uma forte identidade, ou seja, uma marca reconhecida como grife, que se reconhece de imediato por seus atributos visuais (estilo e design)” (GALHANONE, 2005, p. 6), tem uma tradição por trás de sua confecção, uma história através do seu fabricante e agregam um alto valor econômico por ser um produto exclusivo. Segundo Carozzi (2004), o setor de luxo é composto por 35 subsetores, estando dentro destes, o subsetor de automóveis de luxo.

Este trabalho deseja analisar, descrever, e fazer um estudo de caso das importações de carros de luxo realizadas pela empresa FIRST S.A., pertencente ao FIRST GROUP. O FIRST GROUP, criado em 1999, é um grupo de empresas com foco no comércio internacional que desde sua criação vem crescendo em tamanho, serviços e know-how, com parcerias dentro e fora do país.

O FIRST GROUP é composto por seis empresas: (1) FIRST S.A., que atua no ramo de importação e exportação; (2) Premium Distribuidora Ltda. , distribuidora de alimentos e bebidas importados; (3) FIRSTLOG, serviços de armazenagem e logística; (4) TIGUANA, e-commerce; (5) FIRST YATCH, importação e distribuição de embarcações e (6) SELECT IMPORT, especializada no mercado de luxo. (FIRST GROUP, 2013).

O primeiro capítulo deste trabalho se desenvolve com a seguinte temática: a exposição do tema e do problema, os objetivos do trabalho, objetivo geral e específicos, a justificativa do trabalho, os procedimentos metodológicos utilizados para a coleta dos dados e alcançar os objetivos e por fim a estrutura do trabalho.

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1.1 EXPOSIÇAO DO TEMA E DO PROBLEMA

O presente estudo tem como tema de pesquisa a sistemática de importação de carros de luxo, através da empresa FIRST S.A.. O tema prioriza as características envolvidas para que se possa importar carros direcionados ao mercado de luxo.

A palavra “luxo” vem do Latim luxus e segundo o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2005) significa:

1. Modo de vida caracterizado por grandes despesas supérfluas e pelo gosto da ostentação e do prazer; fausto, ostentação, magnificência 2. Caráter do que é custoso e suntuoso

3. Bem ou prazer custoso e supérfluo; superfluidade, luxaria.

Os autores até hoje não conseguiram definir um conceito exato de luxo, existem várias definições, e pensando mais especificamente nas questões econômicas, o luxo refere-se a “um produto melhor, superior, mais duradouro, mais bem acabado, mais bonito...”. (SCHWERINER, 2005).

Além disso, o luxo relaciona-se com o que é raro, exclusivo, restrito e, consequentemente, de custo mais elevado. Podemos resumir que o luxo é sempre caro e raro. Se for acessível à maioria das pessoas, deixa de ser luxo. Decorre daí outra dimensão importante do termo: a diferenciação, ou melhor, sua simbologia das distinções de classe social. Luxo é tudo o que sinaliza privilégio, elite, nobreza, prestígio, aristocracia, riqueza, estilo.” (GALHANONE, 2005, p.2).

A importação conceitua-se como a entrada de bens e serviços em território brasileiro, oriundos do exterior e é um dos mecanismos do comércio internacional, visando sempre a integração dos países e a troca de bens entre eles.

Todas as ideias aqui expostas conduzem a pergunta central deste trabalho, que direciona e aprofunda o desenvolvimento do próprio, sendo ela: Qual a

sistemática das importações de carros de luxo realizadas pelas empresas do

FIRST GROUP ?

1.2 OBJETIVOS

A seguir a autora definirá quais são os objetivos do presente estudo, sendo estes imprescindíveis para a realização do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Os objetivos serão apresentados em forma de Objetivos Gerais e Objetivos Específicos.

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1.2.1 Objetivo geral

O presente estudo tem como objetivo geral descrever a sistemática das importações de carros de luxo realizadas pela empresa FIRST S.A..

1.2.2 Objetivos específicos

a) Levantar os principais conceitos e características dos termos relacionados ao mercado de luxo;

b) Descrever a sistemática das importações no Brasil; c) Caracterizar o FIRST GROUP;

d) Apresentar as etapas para a importação de carros de luxo realizadas pela FIRST S.A. e o volume das mesmas.

1.3 JUSTIFICATIVA

Este trabalho justifica-se pela importância de se estudar o mercado de luxo e as importações voltadas a este setor. Com a abertura de mercado nos anos 90, o Brasil passou a importar muito mais e com o poder aquisitivo dos brasileiros aumentando, o número de consumidores de luxo também teve um crescimento significativo para a economia brasileira.

O trabalho justifica-se pelo fato de a autora considerar o mercado de luxo atraente e possuir curiosidade em analisar e conceituar os consumidores de luxo e quais são os subsetores deste grande mercado. A escolha de analisar as importações, especificamente de carros de luxo, tem a finalidade de proporcionar a autora um conhecimento com mais propriedade sobre o mercado, pois possui pouco conhecimento do mesmo.

A empresa FIRST S.A. é uma das empresas do FIRST GROUP, o qual é um dos maiores grupos de comércio internacional do sul do Brasil. A autora possui um relacionamento profissional com a empresa, e o interesse em estudar e analisar as importações de carros de luxo de uma das empresas do grupo é uma fonte de conhecimento muito útil para a mesma, pretendendo criar maiores vínculos com a

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empresa. A autora trabalha com importação e apresenta interesse em entender como funciona a sistemática das importações no Brasil.

Para o meio acadêmico, por não possuir muitas fontes sobre o mercado de luxo, e especificamente sobre importação de carros de luxo, este trabalho pretende fornecer mais informações sobre uma empresa que trabalha com importações de luxo, entendendo e analisando as características das importações do setor de luxo para compreender como são os mecanismos de uma importação.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos de uma pesquisa explicam detalhadamente as atividades que serão desenvolvidas para a realização da pesquisa e a elaboração do relatório dos resultados. Nesse sentido, destacam o método utilizado, o tipo de pesquisa, o tipo de dados que serão coletados e a forma de análise e apresentação dos resultados.

Nesse caso, este trabalho utilizará o método indutivo que, segundo Mezzaroba e Monteiro (2007, p.63) “permite que possamos analisar nosso objetivo para tirarmos conclusão gerais ou universais”.

Quanto ao nível, esta pesquisa será exploratória e descritiva. Será exploratória porque a revisão bibliográfica se baseará em livros, jornais, revistas e artigos da internet. Será descritiva porque envolverá a descrição das características das importações de carros de luxo realizadas pela empresa FIRST S.A., integrante do FIRST GROUP, lembrando que “a pesquisa descritiva não propõe soluções, apenas descreve os fenômenos tal como são vistos pelo pesquisador, o que não significa que serão interpretados”. (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2007, p.116).

Quanto à abordagem, esta pesquisa será qualitativa.

Qualidade é uma propriedade de ideias, coisas e pessoas que permitem que sejam diferenciadas entre si de acordo com suas naturezas. A pesquisa qualitativa não vai medir seus dados, mas, antes, procurar identificar suas naturezas. (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2007, p.110).

Este trabalho é um estudo de caso das importações de carros de luxo de uma empresa predeterminada, a FIRST S.A..

No estudo de caso, o objeto sofre um recorte metodológico radical, de maneira que o pesquisador assume o compromisso de promover sua análise, de forma profunda, exaustiva e extensa, o que equivale a dizer que

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deverá examinar seu objeto sempre levando em consideração os fatores que acaba, influenciando direta ou indiretamente sua natureza e desenvolvimento. (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2007, p.122).

Quanto aos procedimentos, este trabalho utilizará a pesquisa bibliográfica, pois o mesmo se baseará em fontes de dados secundários, encontrados em jornais, revistas e Internet, como também, a pesquisa documental e pesquisa de campo, através de entrevistas informais com gestores da empresa. “A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, etc.” (SEVERINO, 2007, p.122).

Os dados deste projeto serão secundários e primários. Os dados secundários são aqueles que servirão para fundamentar a revisão bibliográfica, esclarecendo os assuntos pertinentes ao tema. Estes dados serão coletados através de pesquisa bibliográfica. Já os dados primários serão aqueles coletados na empresa.

A pesquisa documental e a entrevista serão utilizadas para a coleta de dados sobre a empresa em estudo e seus produtos. A entrevista é, segundo Severino (2007, p.124) “a técnica de coleta de informações sobre um determinado assunto, diretamente solicitadas aos sujeitos pesquisados. Trata-se, portanto, de uma interação entre pesquisador e pesquisado.” As entrevistas informais são as menos estruturadas possíveis e são como uma simples conversação mas com o objetivo de coleta de dados. (GIL, 1999).

Quanto ao universo de pesquisa, pode-se dizer que este projeto se limitará a estudar as características das importações de carros de luxo realizadas pela empresa FIRST S.A.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

A presente pesquisa encontra-se organizada em quatro capítulos, cada um deles possuindo subdivisões.

No primeiro capítulo é exposta a introdução do trabalho, seu tema e limitações, o objetivo geral e os objetivos específicos a serem seguidos e a justificativa para a realização do mesmo. Também consta no primeiro capítulo os procedimentos metodológicos seguidos.

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No segundo capítulo é apresentada a fundamentação teórica do trabalho, capítulo este muito importante para a compreensão e embasamento do trabalho. São conceituados luxo e importação. No primeiro grande tema do trabalho, luxo, é exposto seu conceito e caracterizado seus bens, seu mercado, setores, consumidores e como é realizado o marketing voltado ao luxo. Em seguida, faz-se uma caracterização de importação, suas razões, e é descrita a sistemática da importação no Brasil.

No terceiro capítulo tem-se a apresentação e contextualização do FIRST GROUP, a partir de informações coletadas na empresa. Por fim é exposto como funciona a sistemática da empresa FIRST S.A. na importação de carros de luxo, qual o volume das importações da empresa que acontecem desde o ano de 2010 e quais são as perspectivas e desafios para este tipo de importação no Brasil.

Ao fim do trabalho são apresentadas as considerações finais com algumas sugestões e observações. Após, são informadas as referências bibliográficas e anexos da pesquisa.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capitulo será apresentada a fundamentação teórica do presente trabalho. O objetivo é caracterizar luxo e importação, com o intuito de facilitar o entendimento e esclarecer o que é luxo, suas características e conceitos básicos como bens de luxo, mercado e setores de luxo, marca e marketing de luxo. Será abordado também o conceito de importação e descrita a sistemática das operações de importação no Brasil.

2.1 MERCADO DE LUXO: CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS BÁSICOS

A seguir será conceituado o mercado de luxo, suas características e conceitos básicos, a fim de propiciar um maior entendimento deste mercado que possui características próprias e exclusivas.

2.1.1 Luxo

O termo “luxo” é utilizado com frequência para fazer referência a determinados produtos, serviços e estilos de vida que são considerados “caros” e “exclusivos” e que por serem exclusivos são usufruídos apenas por uma parte muito pequena da sociedade. Apesar de serem realmente usufruídos por poucos, estes produtos e serviços são desejo de grande parte da população. O conceito “luxo” é abordado de forma abrangente e imprecisa, pois envolve uma série de variáveis subjetivas que partem da experiência dos consumidores e da forma como estes reagem diante de diferentes estímulos sociais. (MATTA, 2010).

A interpretação de luxo defendida por autores como Lipovetsky Roux, apresenta a palavra como originária do latim “luxus”, expressão oriunda do vocabulário agrícola que significava “o fato de crescer em excesso”, o que, passando por modificações ao longo do tempo, assume o significado de “excesso em geral” até, a partir do século XVII, chegar ao termo “luxo” como hoje o conhecemos e empregamos. (LIPOVETSKY; ROUX, 2003 apud MATTA, 2010, p.15).

O conceito de luxo vem de antes dos processos industriais, ele tem ligação a um conceito religioso e cósmico estabelecendo outra dimensão de realidade. “Em todas as épocas, o uso de objetos de luxo se verifica, principalmente, para marcar a fronteira entre uma classe social favorecida e o resto da população”

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(GALHANONE, 2005, p. 2), criando assim uma importante dimensão do termo luxo: a diferenciação e as distinções de classe social. Luxo sinaliza privilégio, elite, nobreza, prestígio, aristocracia, riqueza e estilo. (GALHANONE, 2005).

2.1.2 Bens de luxo

Segundo Galhanone (2005), bens de luxo são produtos e serviços que exercem um comportamento particular sob o mercado, são componentes tangíveis como roupas, carros, construções ou serviços e bens intangíveis que envolvem ideais e comportamentos esperados de um grupo. Se for pensado material e esteticamente, os bens de luxo são sinônimos de produtos confeccionados de maneira altamente sofisticada, com qualidade superior devido ao seu processo de fabricação, o que os lhe confere grande qualidade, durabilidade e beleza. São produtos caros, esteticamente bem elaborados para uma clientela especial que na maioria das vezes está atrás do produto ou serviço por causa da marca, sendo esta muito valiosa, reconhecida no mundo todo. Constituem produtos com uma ligação com o passado, uma tradição, uma história, o verdadeiro luxo é imortal.

Os bens de luxo estiveram na origem não apenas dos objetos de prestígio, mas também das maneiras de estabelecer um contrato com os espíritos e os deuses, dos talismãs, dos seres espirituais, das oferendas e dos objetos de culto supostamente benéficos tanto aos vivos como os mortos. (LIPOVETSKY, 2003, p. 11).

Quanto à função, segundo Matta (2010), os bens de luxo não são considerados essenciais para a sobrevivência do indivíduo, podendo ser caracterizados então, como supérfluos. Os produtos de luxo possuem sim utilidade, mas podem ser, em alguns casos, facilmente substituídos por outros com preços mais acessíveis e com funções similares encontrados no mercado, mas claro que temos que levar em conta qual o pensamento do consumidor de luxo e para qual utilidade que ele destinará o seu bem.

Um objeto de luxo agrega todos os qualificativos da “perfeição”, em todos os níveis da sua existência, da sua fabricação até a de seu itinerário, sua logística para ser entregue ao consumidor: concepção, realização, acondicionamento, preço, distribuição, comunicação. (ALLÉRÈS, 2006).

O objeto de luxo é um dos paradoxos das sociedades de consumo: sublime, inacessível e, no entanto, objeto de todos os desejos, de todas as fantasias;

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supérfluo, até inútil e, todavia, um dos triunfos elevados da elevação do padrão de vida; totalmente indispensável, vital e todavia, abandonado, de acordo com os fenômenos da moda, desejado, sonhado, rejeitado, esquecido, cada objeto de luxo tem um ciclo de vida pessoal e muito difícil de se antecipar. (ALLÉRÈS, 2006, p.60).

Pode-se agrupar e separar os bens pelos benefícios por eles proporcionados: “produtos para embelezamento pessoal, que atuam diretamente sobre a auto-imagem da pessoa; produtos de ambientação e conforto; produtos de lazer mais voltados para a experiência e o prazer do seu uso e consumo”. (GALHANONE, 2005, p. 6-7).

2.1.3 Mercado e setores de luxo

O mercado de luxo, não mais limitado aos reis e elites, tornou-se um mercado importante em termos globais que movimenta cifras consideráveis de dinheiro e se configura como uma fonte rica da atividade econômica. É um mercado que gera empregos e renda, desde a manufatura até o comércio. As marcas exigem um forte trabalho de posicionamento, de uso criativo do marketing e renovação contínua para ser manterem vivas no mercado mas sem contradizer a essência da marca. (GALHANONE, 2005).

O universo do luxo contempla um conjunto de diversos e diferentes setores industriais, todos eles possuindo apenas em comum pertencerem a marcas importantes e reconhecidamente prestigiosas, na maioria das vezes sendo muito antigas e mundialmente conhecidas.

O setor de luxo compreende 35 sub-setores, como destaca Carozzi (2004), p. 4: acess rios de moda, artigos de papelaria, autom veis, aviões particulares, bagagem artigos de couro, calçados, champagne, cosmética, cristais, cuidados corporais, distribuição alimentar, edição, foto, horicultura, hotelaria, iates, impressão, instrumentos de m sica, luminárias, mobiliário, ourivesaria, outros têxteis da casa, perfumaria, porcelana e faiançavestuário, relojoaria, restauração, som e vídeo, tabacaria, têxteis de mobiliário, vinhos.

2.1.4 Consumidor e comportamento de luxo

O consumidor de luxo não é explícito sobre os motivos que resultam e justifiquem as despesas não compreendidas e aceitas por muitas pessoas.

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Compreender as atitudes que afetam seu comportamento de compra e o que os leva a preferir determinadas marcas é algo que exige muita pesquisa, contínua e complexa, tornando-se um desafio. (CAROZZI, 2004).

“Através dos atributos emocionais, as pessoas deixam de comprar um produto para comprar um comportamento ou uma emoção” (GALHANONE, 2005, p.7). Emoções à parte, o consumidor de marcas de luxo são pessoas viajadas e bem informadas sendo assim consideradas “cidadãs do mundo”. (CAROZZI, 2005).

A valorização pessoal do dia-a-dia, a diferenciação ou inclusão em uma classe social e a necessidade de quebra da rotina são, entre outros um dos principais motivos que levam os consumidores de luxo a agir desta forma e gastar como gastam. Os valores gastos, muitas vezes exorbitantes servem para satisfazer sua auto-estima. Allér s (2006) divide o mercado de luxo em três níveis de consumidores : (1) pessoas pertencentes classe mais alta de consumo, como as de famílias tradicionais, aristocráticas, que buscam no luxo a superioridade em relação às outras classes sociais; (2) pessoas de alto poder aquisitivo e bastante consumistas, chamados “novos ricos” que buscam no luxo o mesmo status e sofisticação daqueles pertencentes primeira camada e (3) pessoas da classe média que seguem as tendências ditadas pelas grifes de luxo e buscam copiar as classes de maior poder aquisitivo e os formadores de opinião, como celebridades e pessoas socialmente conhecidas.

Em relação à classe mais alta da sociedade, é arriscado supor que qualquer pessoa que faça parte dela seja colocada no mesmo segmento de mercado ou caracterizada como consumidora de luxo pois a definição de classe social envolve mais que simplesmente a renda absoluta. Aspectos como o estilo de vida que cada um leva, seus interesses e prioridades de consumo são afetados significativamente por fatores como: origem do seu dinheiro, há quando tempo o possuem, como tornaram-se ricos, entre outros. (GALHANONE, 2005).

2.1.5 Marca de luxo

Os consumidores de luxo apegam-se às marcas porque elas oferecerem uma segurança quanto à qualidade do que está sendo comprado. Tanto do ponto de vista dos consumidores quanto das empresas, a marca é um sinal de continuidade em um mundo que vive uma constante mutação. (GALHANONE, 2005).

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Marca é uma palavra ou símbolo (ou a combinação dos dois), de propriedade e utilização protegidas, através da qual, com cuidadosa administração, comunicação inteligente e largo uso, traz-se mente do consumidor um conjunto atrativo e específico de valores e atributos tangíveis e intangíveis. Uma marca não é um simples nome, logotipo ou slogan publicitário aplicado a um produto ou serviço. Marca é gestalt (soma de percepções) para um produto ou serviço, seu grafismo e sua mensagem com valores implícitos. (GEARGEOURA, 1997 apud GALHANONE, 2005, p.7).

A marca de luxo é considerada um ativo básico da empresa, que deve se esforçar para ser global e é um recurso estratégico fundamental para o sucesso e a diferenciação no mercado. As marcas de luxo se baseiam em produtos de alto desempenho e preço elevado. Por possuírem preços não competitivos, as empresas proprietárias de marcas de luxo se concentram em outros fatores para dar identidade própria ao seus produtos. Esses fatores são o design, o estilo, a origem e a tradição da marca, a imagem do usuário visado e também fatores ligados a personalidade da marca que na maioria das vezes está relacionada e permeada pela personalidade do seu criador ou criadora original (CAROZZI, 2005). Segundo Galhanone (2005, p.8), as principais funções de uma marca de luxo são: “sinalizar valor, criar e firmar uma imagem, garantir uma origem e qualidade. Em um nível mais alto, a sua função prioritária é de diferenciação.”

O consumidor precisa ter uma ideia clara do que a marca faz e representa e é importante manter a fama de exclusividade. As marcas de luxo possuem um forte lado emocional ao ponto de serem consideradas “marcas emocionais” pois são capazes de influenciar seus clientes, fazer com que ele não se atente ao preço e sim nas sensações proporcionadas por aquele produto ou serviço de luxo, nos valores emocionais e no valor agregado. O lado emocional das marcas de luxo contribuem para o aumento da margem de lucro dessas empresas. As “marcas emocionais” podem orientar toda a estratégia da empresa, o posicionamento, suas criações e controles. (GALHANONE, 2005).

O ponto principal é criar uma identidade de marca para transforma-la em luxo e isso é um trabalho que exige forte diferenciação construída por anos e anos de ações consistentes buscando sempre uma imagem imaculada ligada a valores como conquista, distinção social e poder. (CAROZZI, 2005).

Com a globalização, as marcas de luxo passaram a padronizar a comunicação da identidade das suas marcas para todos os mercados. Uma marca de luxo sempre está associada a um local, continental ou nacional (Europa ou Paris,

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por exemplo). Esse fator faz com que o luxo seja ainda mais universal, influenciando e diferenciando-se de acordo com cada cultura. A universalidade de uma marca de luxo é intrínseca à sua identidade. (CAROZZI, 2005).

2.1.6 Marketing de luxo

Segundo Strehlau (2008), a manutenção de uma marca de luxo e sua criação é muito difícil. O consumir muda, os hábitos mudam, e é para isso que serve o marketing de luxo, manter uma marca em um patamar alto, diferenciando-se das outras.

É certo que todo objeto ou produto de grande qualidade, destinado a satisfazer uma necessidade racional ou um desejo irracional, e que pertença ao universo de luxo mais gratificante, alcança vitavelmente o reconhecimento de um grupo restrito, depois de uma notoriedade relativa e, afinal, perdura, se seus critérios forem inigualáveis. Ao contrário, um produto ou um objeto menos excepcional, ou mais modesto, precisa de uma construção coerente de conjuntos dos seus critérios, antes de ser levado para um mercado competitivo, de neste se destacar e, em seguida, permanecer. Tanto em função da abundância dos mercados e da saturação relativa de certas ofertas, quanto em função da instabilidade e infidelidade dos compradores potenciais, a introdução e, depois, o destaque de um produto ou objeto de alto nível, no ambiente que hoje nos cerca, precisam de uma estratégia de marketing muito sutil, muito elaborada e incessantemente ajustável. (ALLÉRÈS, 2006, p.160).

O marketing de luxo pode ser dividido em três métodos: (1) luxo inacessível e marketing prospectivo; (2) luxo intermediário e marketing elaborado; e (3) luxo acessível e marketing retrospectivo-prospectivo.

O mercado de luxo inacessível são as peças únicas ou em um número muito limitado, é composto por empresas antigas, prestigiosas, com notoriedade internacional e possuindo grandes barreiras de entrada nos mercados. É um mercado que conta com uma qualidade desigual de seus produtos e objetos, sendo estes fabricados artesanal e tradicionalmente. Este marketing parcial e prospectivo é baseado nas relações exteriores de dimensão internacional junto a profissionais e à imprensa; cultiva-se diante dos consumidores, para manter a diferenciação mediante a aquisição de objetos raros, originais e inacessíveis. São marcas ou casas muito prestigiosas que utilizam esse tipo de marketing e constroem sua estratégia de mercado em torno dessa estratégia prospectiva, valorizando sempre a origem da empresa, a estrutura do seu fundador e a fama das suas criações mais seletivas. (ALLÉRÈS, 2006).

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Já o luxo intermediário e marketing elaborado, é composto por produtos que são semi-industrializados, racionalizados. São produtos de excelente qualidade, mas menos perfeitos, produtos de difusão ampla mas muito controlada, preços mais acessíveis e uma comunicação mais seletiva. Esse luxo se dirige a uma classe alta da sociedade que ainda busca a distância social em relação às classes médias ascendentes, diferenciando-se ao adquirir produtos e objetos de alto nível, de marcas antigas bastante seletivas ou de novos criadores proeminentes. É uma classe mais aberta a uma informação suficiente sobre as marcas, selecionando bem os objetos e produtos que consomem. A estratégia de marketing é elaborada em torno de uma política de relações públicas muito seletiva, procurando o mesmo tempo desenvolver a imagem da marca e corroborar a raridade relativa de seus produtos. É eficaz e favorece a fidelidade da sua clientela de compradores, o marketing elaborado valoriza os produtos de alta qualidade, distribuindo em circuitos seletivos e deve seu sucesso muitas vezes às suas estratégias prospectivas. (ALLÉRÈS, 2006).

O terceiro método de marketing de luxo utilizado é o luxo acessível e marketing retrospectivo-prospectivo. São produtos industrializados, que com o aparecimento de outras marcas, multiplicando a concorrência entre as oportunidades de escolha oferecidas aos comprares, facilitam a fabricação em série, com custos menores mas com a qualidade muito elevada. São produtos menos raros, menos originais. É dirigida a uma classe social menos bem-provida, e por isso os preços desses produtos são extremamente estudados para serem um imperativo quase perfeito de qualidade-preço. O aumento de preço pode levar a perda e o abandono de grande parte da clientela, sendo esta muito influenciada pela comunicação explosiva de um mercado ultracompetitivo e menos informada sobre as especificidades do mundo de luxo.

A parte mais difícil dessa estratégia de marketing é se destacar no meio de um mercado com tantas opções. Esse marketing global é baseado em uma análise refinada de cada um dos critérios de elaboração do conceito final e deve possuir uma coerência perfeita entre todas as fases de construção desse conceito, da fase retrospectiva produção) até a fase prospectiva (reflexão-comunicação).

Dessa forma, se o mercado de luxo inacessível possui a sua própria estratégia de marketing (política de relações exteriores), e se o mercado do luxo

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intermediário existe em função de uma estratégia de marketing bem específica (relações públicas), o mercado de luxo acessível precisa de uma estratégia de marketing mais completa e elaborada. Quanto mais diversificado o mercado de luxo acessível, maior a concorrência, necessitando de uma excelente segmentação do mercado, com políticas de marketing misto eficaz, englobando: política de produto; política de preço; política de distribuição e política de comunicação (ALLÉRÈS, 2006).

2.2 IMPORTAÇÃO

O comércio exterior caracteriza-se pela troca de bens e serviços por fronteiras internacionais ou territórios. Essa atividade é crucial no desenvolvimento da história da humanidade, mas sua importância econômica, social e política tornou-se mais evidente nos últimos séculos. O avanço da indústria, dos transportes, a globalização e o surgimento das corporações multinacionais tiveram grande impacto no incremento desse comércio. A importação é um dos mecanismos do comércio exterior e a seguir será conceituada e descrita sua sistemática no Brasil.

2.2.1 Conceito

“Importar é adquirir em outro país, ou trocar com este, mercadorias de seu interesse, que sejam úteis à sua população e seu desenvolvimento, isto é, a entrada de bens produzidos no exterior”. (KEEDI, 2007, p.17). A importação pode ser de bens como a transferência de mercadorias entre os países e de serviços como compra de assessoria, consultoria, conhecimentos, transportes, turismo entre outras (KEEDI, 2007).

2.2.2 Razões para importar

Nos dias de hoje, não é possível que um país consiga desenvolver-se isoladamente. Nenhum país, por mais que tente, consegue ser autossuficiente, seja pela limitação de seus recursos naturais ou pela capacidade produtiva da mão de obra e a diferenciação no desenvolvimento tecnológico. A troca entre países ocorre

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para garantir divisas, adquirir bens e serviços, os quais não se tem ou se produz pouco e mal e também por conta da integração dos países. (BORTOTO et al., 2010). A importância dos relacionamentos transcende os motivos materiais, podendo estar relacionada a motivos comercias em que a compra e venda de mercadorias podem fazer parte de um conjunto mais abrangente de contatos e ações entre os países. A importância política também é relevante nas transações comerciais, podendo determinar o volume de negócios entre os países. (KEEDI, 2007, p.19).

As razões da importação, entre outras, são a diversificação de mercados, deixando assim de atuar apenas no mercado interno nas suas compras e abrangendo o leque de fornecedores, reduzindo riscos de crise no mercado como por exemplo aumento de preços e política governamental. Diversificar o mercado não significa apenas diluir seus riscos e ter mais fornecedores mas um aumento na quantidade de produtos que serão oferecidos. Com maior concorrência é menor o risco de preços altos principalmente em um mundo globalizado. (KEEDI, 2007).

O aumento da competição interna é uma das marcas da importação e junto com a tecnologia, podem ser considerados motivos importantes para a realização de operações de importação. Produtos importados poderão apresentar outra tecnologia, melhor qualidade, além de oferecer mais opções de marcas, muitas delas conhecidas mundialmente.

2.2.3. Formas de importação

A importação de bens pode ser feita de maneira direta e indireta, definitiva ou temporária, dependendo da conveniência, possibilidade e outros fatores do processo.

A importação direta ou própria, acontece quando a importação é própria ou seja, quando o adquirente da mercadoria promove a entrada da mesma no país. Sendo assim, segundo Bizelli (2006, p.17), “o adquirente é o próprio importador e responde diretamente pelos procedimentos da importação de ordem comercial, administrativa, cambial e tributária.”

Já na importação indireta, ou terceirizada, pode-se dividir em dois casos, as importações por conta e ordem de terceiros e importação por encomenda. A primeira caracteriza-se pela contratação de outra empresa pelo adquirente da mercadoria, para promover a entrada da mercadoria no país. (KEEDI, 2007).

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“O controle aduaneiro relativo atuação de pessoa jurídica importadora que opere por conta e ordem de terceiros é exercido conforme o estabelecido na Instrução Normativa SRF nº 225 02”. (BRASIL, 2013e).

Já a importação por encomenda é aquela em que uma pessoa jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro da mercadoria importada e revende à empresa encomendante, firmado contrato anteriormente entre as partes. É estabelecido na Instrução Normativa SRF n° 634/06 o controle aduaneiro relativo à pessoa jurídica importadora que atue por encomenda. (BRASIL, 2013e). É ilustrado na Figura 1 os canais de aquisição de uma importação.

Figura 1 – Canais de aquisição

Fonte: BIZELLI, 2006, p.17

A Figura 1 ilustra as formas de importação, como a importação própria e direta, e a importação indireta que pode ser dividida em duas formar, a importação por conta e ordem e a importação por encomenda.

Verifica-se [...] que os controles governamentais se aplicam a qualquer uma das alternativas apresentadas, pois mesmo nas operações terceirizadas tanto o adquirente como o “encomendante” assumem responsabilidades de ordem tributária. Ressalte-se ainda que, nas operações por conta e ordem de terceiros, além das responsabilidades de natureza comercial, as obrigações cambiais são das duas empresas envolvidas (importador e adquirente); diferentemente ocorre no caso da importação por encomenda, pois tanto a obrigação comercial como a operação cambial são de responsabilidades exclusiva do importador. (BIZELLI, 2006, p. 18).

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A importação de maneira definitiva é quando a mercadoria é incorporada ao ativo do país importador, passando a ser uma mercadoria nacional para todos os efeitos legais, após o seu desembaraço aduaneiro e sua nacionalização. Já na importação temporária a mercadoria entra no país por um determinado tempo para apenas realizar a operação a qual foi enviada como para participação de feiras, exposições, competições ou outros motivos que justifiquem o seu recebimento do exterior rendo retornada posteriormente. (KEEDI, 2007).

2.2.4 Sistemática das Importações no Brasil

A seguir será descrita como funciona a sistemática das importações em geral no Brasil, a fim de compreender melhor como funciona cada etapa dessas operações.

2.2.4.1 SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior

O licenciamento das exportações e importações brasileiras, até dezembro de 1996, era realizado por formulários próprios para este fim, mas estes procedimentos eram altamente burocráticos e envolviam diversas vias para um mesmo documento. Com a necessidade e objetivo de oferecer melhores condições para a realização destes procedimentos, o governo federal decidiu implantar o Sistema Integrado de Comércio Exterior, o SISCOMEX, sendo este um mecanismo totalmente informatizado o qual registra, acompanha e controla as operações de comércio exterior no Brasil. No SISCOMEX, todos os aspectos comerciais, cambiais e fiscais das transações de comércio exterior são contemplados em um único fluxo. (FARO; FARO, 2010).

O SISCOMEX possui o Modulo Exportação e o M dulo Importação. “O módulo Exportação do Siscomex foi desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e lançado em 1993. O módulo Importação, desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), foi lançado em 1997.” (BRASIL, 2013a).

O sistema ampliou a capacidade de atendimento aos interessados, uma vez que pode ser acessado eletronicamente por intermédio de qualquer terminal que esteja a ele conectado. Além disso, viabilizou a crítica automática da grande maioria dos dados e informações nele inseridas e, em razão disso, passou a imprimir maior rapidez ao atendimento das demandas formuladas pelos seus usuários, deixando de ser necessária a existência de um “balcão

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físico” para essa finalidade. Entre outras vantagens que podem ser apontadas como produto dessa iniciativa, podemos mencionar o fato de que o seu advento contribuiu para agilizar a obtenção e tratamento dos dados estatísticos, oferecendo informações gerenciais tempestivas que possam subsidiar adequadamente a atuação governamental, na resposta aos estímulos formulados pelas relações internacionais de comércio. Observaram-se, ainda, a simplificação e o estabelecimento de um padrão nos procedimentos operacionais vinculados à compra e à venda externa, iniciativa que, combinada com a diminuição representativa do número de documentos manuseados, contribuiu sobremaneira para que fossem reduzidos os custos e despesas administrativas. (FARO; FARO, 2010, p.45).

As entidades intervenientes no SISCOMEX, controladoras dos interesses específicos na importação, são: na estrutura administrativa do governo federal, a Secretaria de Comércio Exterior que está vinculadas (SECEX) ao Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e no Ministério da Fazenda (MF), a Secretaria da Receita Federal (SRF) e o Banco Central do Brasil (BCB). Estes são os órgãos gestores do SISCOMEX, cada qual com a sua competência e finalidade. (BIZELLI, 2006).

Participam ainda como órgãos anuentes do SISCOMEX, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Ministério da Defesa, o Ministério da Agricultura e Abastecimento, o Ministério da Saúde, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), e outros para casos de operações específicas. (DIAS; RODRIGUES, 2010).

Todos os importadores ou agentes credenciados possuem à sua disposição um software Siscomex – Perfil Importador, com interface gráfica, para a formulação dos documentos eletrônicos de importação. (BIZELLI, 2006).

O SISCOMEX permite que sejam efetuados:

a) Formulação, registro, diagnóstico, consulta, extrato e cancelamento de LI – Licenciamento de Importação. b) Elaboração, análise, registro, diagnóstico, extrato e consulta da DI – Declaração de Importação, bem como sua retificação e respectivo extrato. c) Acompanhamento do Despacho e do débito automático dos tributos federais. d) Elaboração, registro e consulta da DVA – Declaração de Valor Aduaneiro. e) Registro de ICMS – Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (pagamento ou exoneração). f) Emissão de CI – Comprovante de Importação. g) ROF – Registro de Operações Financeiras. (BIZELLI, 2006, p. 18-19).

Os procedimentos para a habilitação de pessoa física ou jurídica no SISCOMEX são denominados como o registro no ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (RADAR). As operações

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de importação poderão ser efetuadas por pessoas jurídicas e pessoas físicas, sendo que a pessoa física só poderá importar mercadoria para uso próprio e em quantidade que não revele destinação comercial. Tanto a pessoa jurídica quanto a física deverão estar inscritas no Registro de Exportadores e Importadores (REI). (BIZELLI, 2006).

A Instrução Normativa que estabelece os procedimentos para a habilitação de importadores no Siscomex é a IN RFB nº 1.288, de 31 de agosto de 2012. Nela estão dispostos os procedimentos para a habilitação de pessoa física responsável por pessoa jurídica importadora ou pessoa física importadora.

Poderá ser credenciado a operar o Siscomex como representante de pessoa física ou jurídica, no exercício das atividades relacionadas com o despacho aduaneiro: I - despachante aduaneiro; II - dirigente ou empregado da pessoa jurídica representada; III - empregado de empresa coligada ou controlada da pessoa jurídica representada; e IV - funcionário ou servidor especificamente designado, nos casos de órgão da administração pública direta, autarquia e fundação pública, órgão público autônomo, organismo internacional e outras instituições extraterritoriais. (BRASIL, 2012).

A habilitação no Siscomex, tanto de pessoa jurídica importadora quanto de pessoa física é válida por 18 meses.

2.2.4.2 Classificação Fiscal das Mercadorias

Na importação, a Classificação Fiscal das Mercadorias consiste em determinar os tributos envolvidos e possui como base a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

Os países do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) adotaram um sistema de classificação fiscal de mercadorias para ser utilizado especificamente para orientar as relações de comércio intrabloco, envolvendo os Estados-partes, possuindo como ideia central a busca por vantagens e benefícios mútuos, com a eliminação paulatina de direitos alfandegários e de restrições não tarifárias. Com a implementação dessa sistemática de classificação fiscal, os países do MERCOSUL tinham como objetivo acelerar a integração econômica da região. Foi estabelecida então, em 1995, a Nomenclatura Comum do Mercosul, entrando em vigor em janeiro de 1996. (FARO; FARO, 2010).

A NCM de uma mercadoria a ser importada é composta por oito dígitos, sendo os seis primeiros formados pelo Sistema Harmonizado (SH), enquanto o

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sétimo e o oitavo dígitos correspondem a desdobramentos específicos atribuídos no âmbito do Mercosul. (SOUSA, 2010).

O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH), é um método internacional de classificação de mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições. Este Sistema foi criado para promover o desenvolvimento do comércio internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Além disso, o SH facilita as negociações comerciais internacionais, a elaboração das tarifas de fretes e das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias e de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio internacional. A composição dos códigos do SH, formado por seis dígitos, permite que sejam atendidas as especificidades dos produtos, tais como origem, matéria constitutiva e aplicação, em um ordenamento numérico lógico, crescente e de acordo com o nível de sofisticação das mercadorias (BRASIL, 2013b).

A sistemática de classificação dos códigos na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) obedece à seguinte estrutura, conforme a Figura 1:

Figura 1: Estrutura da NCM

Fonte: BRASIL, 2013b.

A NCM determina, por meio da nomenclatura em vigor, o valor da alíquota a ser aplicada nas importações brasileiras, condensada na Tarifa Externa Comum (TEC). (SOUSA, 2010).

Segundo Faro e Faro (2010), a Tarifa Externa Comum é observada pelas nações do bloco nas importação oriundas de players não integrados ao MERCOSUL, sujeitando tais operações às mesmas alíquotas de imposto de importação. Com a sua aplicação, é assegurada a competitividade entre os estados-parte.

O importador deve determinar por si mesmo, ou através de um profissional por ele contratado, a classificação fiscal da mercadoria, o que requer

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que esteja familiarizado com o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadoria e as Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado, através de pesquisa efetuada na TEC ou TIPI , nas notas explicativas do Sistema Harmonizado e em ementas de Pareceres e Soluções de Consulta publicadas no D.O.U.. (BRASIL, 2013c).

2.2.4.3 Tratamento Administrativo e Tributário

Após definir a NCM do produto a ser importado, o importador deve definir as normas de tramitação administrativa da operação e cada NCM possui um tratamento diferente. O sistema administrativo das importações brasileiras compreende as seguintes modalidades: importações permitidas, suspensas e as importações proibidas. (BIZELLI, 2006).

As importações permitidas são aquelas operações que de uma forma geral podem ser realizadas, dispensadas ou sujeitas a Licenciamento de Importação (LI). As importações suspensas são as operações que estão temporariamente suspensas por decisão governamental, e as importações proibidas correspondem aquelas que por determinação legal, terminantemente não podem ser realizadas, proibidas por país ou por mercadoria. (FARO; FARO, 2010).

O sistema administrativo das importações brasileiras permitidas possuem três modalidades, sendo elas: (a) importações dispensadas de Licenciamento; (b) importações sujeitas a Licenciamento Automático; e (c) importações sujeitas a Licenciamento Não-Automático. Cada Licença de Importação só poderá ser utilizada para um embarque e para um destino. (VASQUEZ, 2012).

Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores tão-somente providenciar o registro da Declaração de Importação (DI) no Siscomex, com o objetivo de dar início aos procedimentos de Despacho Aduaneiro junto à unidade local da Secretaria da Receita Federal (SRF). No parágrafo único do art. 7°, Seção I, da Portaria n° 35 da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), estão relacionadas as importações dispensadas de licenciamento: I- sob os regimes de entrepostos aduaneiro e industrial; II- sob o regime de admissão temporária, inclusive de vens amparados pelo Regime Aduaneiro Especial de Exportação e Importação de Bens Destinados às Atividades de Pesquisa e da Lavra de Jazidas de Petróleo e de Gás Natural (Repetro); III- sob os regimes aduaneiros especiais nas modalidades de loja franca, depósito

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afiançado, depósito franco e depósito especial alfandegado; IV- de partes, peças e demais componentes aeronáuticos voltados à manutenção de aeronaves, novos ou recondicionados, de interesse de empresas autorizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Cotac); V- com redução da alíquota de imposto de importação decorrente da aplicação de “ex-tarifário” [Resolução n°8, de 23-3-2001, da Câmera de Comércio Exterior (Camex)]; VI- mercadorias industrializadas, destinadas a consumo no recinto de congressos, feiras e exposições internacionais e eventos assemelhados, observado o contido no art. 70 da Lei n°8.383, de 30-12-1991; VII- peças e acessórios, abrangidos por contrato de garantia; VIII- doações, exceto de bens usados; IX- filmes cinematográficos; X- retorno de material remetido ao exterior para fins de testes, exames e/ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica; XI- amostras; XII- arrendamento mercantil (leasing), arrendamento simples, aluguel ou fretamento; XIII- investimento de capital estrangeiro; XIV produtos e situações que não estejam sujeitos a licenciamento automático e não automático. (VAZQUEZ, 2012, p. 71-72).

Quando na tabela Tratamento Administrativo do Siscomex aparece como finalidade “analisar”, significa que as mercadorias e ou operações estão sujeitas ao Licenciamento de Importação (LI), Automático ou não-Automático. (BIZELLI, 2006).

Para as importações de Licenciamento Automático, o LI deverá ser obtido de forma automática após a chegada da mercadoria no país. As informações comerciais, financeiras, cambiais e fiscais deverão ser prestadas no Siscomex em conjunto com os dados que são exigidos para a formulação da Declaração de Importação (DI), para fins de despacho aduaneiro da mercadoria. Nas importações sujeitas ao Licenciamento não-automático, o importador, diretamente ou por intermédio de agentes credenciados, deverá ceder as informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal, previamente ao embarque da mercadoria no exterior ou antes do despacho aduaneiro, dependendo do caso. Quando se tratar de mercadoria ou operação de importação que pelas suas características peculiares estejam sujeitas a controles especiais do órgão licenciador (Secex) ou dos demais órgãos federais que atuam como anuentes, a importação estará sujeita a Licenciamento não-automático antes do seu embarque no exterior, possuindo então a necessidade de deferimento do LI para autorização do embarque na origem. (BARBOSA; BIZELLI, 2002).

O tratamento tributário das importações são os impostos que incidem nas mercadorias que entram no território nacional. Em uma importação de bens estrangeiros ocorre o fato gerador do Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pis/Pasep Importação), Contribuição para o Financiamento para a Seguridade Social (Cofins Importação) e o Imposto

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sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal de Comunicação (ICMS).

O II é um tributo de competência federal cuja arrecadação destina-se a compor o patrimônio da União e tem como fato gerador a entrada de mercadoria ou bens estrangeiros no território aduaneiro na data de registro da DI no Siscomex. A base de cálculo do II, quando a alíquota for ad valoren1 é o valor aduaneiro da

mercadoria. O valor aduaneiro é o valor da fatura comercial; mais o custo de transporte até o porto ou aeroporto de descarga (valor do frete internacional); mais o valor do seguro internacional; mais as despesas de carga, descarga e manuseio. A fórmula para a obtenção do valor a ser pago de II é o Valor Aduaneiro multiplicado pela Alíquota do II constante na TEC para a referida NCM. (ASHIKAGA, 2010).

O IPI possui como fato gerador o desembaraço aduaneiro da mercadoria importada. O IPI pode ser cobrado como um valor fixo em reais para certa quantidade de mercadorias importadas e não um pagamento relacionada com o valor dos bens importados. A base de cálculo do IPI é o valor aduaneiro mais o valor do II. Pode ocorrer a suspensão do IPI á regimes aduaneiros especiais e em outros casos previstos na legislação do IPI e também a isenção sob alguns produtos, de acordo com a sua natureza.

O valor do IPI é o resultado da multiplicação da base de cálculo do IPI (valor aduaneiro + II) pela alíquota constante na Tipi (Decreto n°6.006/06) para o referido produto, devidamente classificada na NCM/SH, ou, no caso de alíquotas específicas (valores fixos em reais), o IPI será obtido com a aplicação desses valores sobre a quantidade de produto industrializado importado. (ASHIKAGA, 2010, p. 40).

O próximo imposto que incide nas importações é o Pis/Pasep Importação, imposto que também possui como fato gerador a entrada de mercadorias oriundas do exterior em território brasileiro. A Instrução Normativa SRF nº 1.401 de 09/10/2013 dispõe sobre o cálculo do Pis/Pasep Importação. A base de cálculo é o valor aduaneiro e o cálculo para a obtenção do Pis/Pasep é a multiplicação do valor aduaneiro pela alíquota do Pis.

O cálculo do Cofins Importação também é estabelecido pela IN SRF nº 1.401 de 09/10/2013 e possui como fato gerador a entrada de mercadoria estrangeira em território nacional. Pode ocorrer a não incidência do imposto em

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alguns casos específicos como produtos constantes de erro manifesto, destinados a pena de perdimento ou devolvidos ao exterior. O cálculo do Cofins é a multiplicação do valor aduaneiro pela alíquota do Cofins.

O ICMS é um tributo estadual, incidente sobre operação de circulação de mercadorias e prestação de serviços. Seu surgimento veio com o advento da Constituição Federal de 1988 e engloba vários outros impostos. O fato gerador do ICMS é o desembaraço aduaneiro da mercadoria e sua base de cálculo é a seguinte: valor aduaneiro + II + IPI + taxa da DI + ICMS dividido pelo coeficiente (1 – a porcentagem do ICMS no estado). O cálculo do ICMS a recolher possui o próprio valor percentual do ICMS, por isso é citado o cálculo por dentro. A fórmula do ICMS é a seguinte: Valor aduaneiro + II + IPI + taxa da DI + Pis + Cofins, primeiro dividido pelo coeficiente e depois multiplicado pela percentagem do ICMS. (ASHIKAGA, 2010).

2.2.4.4 Logística Internacional e Incoterms 2010

A logística internacional vem se destacando nas discussões acerca da evolução do comércio exterior, principalmente em um contexto de globalização e a crescente aproximação das nações. A logística ocupa um papel relevante no processo de compra e venda externa e possui uma importante representatividade no contexto econômico. A palavra “logística”, é a tradução de logistique, do francês, esta originária do termo grego logos que significa a arte de calcular. (FARO; FARO, 2010).

Aplicada a negócios, pode ser entendida como o processo do fluxo comercial que envolve, de forma integrada, produção, armazenagem, transporte e distribuição de mercadorias, desde a origem até o destino final. A maneira com a qual é conduzida pode representar um diferencial na disputa entre concorrentes, resultando em sucesso ou em fracasso, quanto ao atendimento satisfatório do segmento consumidor. Nesse sentido, uma das etapas que compõem esse processo integrado, o transporte, com todas as suas características e propriedades merece ser evidenciado de forma particular. (FARO; FARO, 2010, p. 54)

O importador deve decidir o meio de transporte ideal para a sua operação com base na necessidade, natureza e prazos estabelecidos, observando assim a rapidez, segurança e custo. O transporte deve suprir as necessidades tanto do importador quanto do exportador, combinando fatores importantes como: pontos de

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embarque e desembarque mais propícios, custos de transporte, frete internacional, características da carga (peso, volume, formato, dimensão, periculosidade e refrigeração), disponibilidade entre outros pontos importantes. (DIAS; RODRIGUES, 2010).

O transporte internacional apresenta maior complexidade em função das distâncias, que usualmente são maiores, mas principalmente devido ao fato de que a origem e o destino da mercadoria encontram-se em países diferentes, sujeitos à legislações distintas, assim como a mercadoria deve passar por dois controles aduaneiros, o do país exportador e o do país do importador. (WERNECK, 2010, p. 45)

Os meios de transporte podem ser classificados quanto à modalidade e divididos em três: terrestre, aquaviário e aéreo, observando as ramificações de cada modal. O modal terrestre subdivide-se em rodoviário, ferroviário e dutoviário e modal aquaviário subdivide-se em marítimo, fluvial e lacustre.

O transporte rodoviário, feito por caminhões e outros veículos menores é o mais flexível e ideal para curtas e médias distâncias, aplicando à logística procedimentos relativamente simples em relação ao manuseio das mercadorias, exigindo pouco esforço nas operações de carga e descarga, podendo levar praticamente a mercadoria de porta a porta. Já o transporte ferroviário normalmente é utilizado em países fronteiriços, mas por ficar restrito a um único caminho, não é tão ágil quando o transporte rodoviário e no Brasil para os países latino-americanos, a sua utilização ainda é pequena. Outra subdivisão do modal terrestre é o transporte dutoviário que trata-se de um modal destinado ao transporte de produtos no estado líquido e gasoso, e alguns tipos de minérios. É realizado por intermédio de sistemas de tubulação que cobrem longas extensões de terra. Os sistemas dutoviários se subdividem em oleodutos, gasodutos e minerodutos, destinados ao transporte de petróleo e seus derivados, gás natural, e minérios, respectivamente.

O transporte marítimo é o responsável pela maioria das movimentações de carga vinculadas às transações de compra e venda do comércio exterior. Apresenta a maior capacidade de carregamento de carga junto com o custo relativamente baixo do frete e possibilita a realização de viagens intercontinentais. É realizado por meio de embarcações, nos mares e oceanos, em viagens de cabotagem ou de longo curso. (FARO; FARO, 2010). Segundo Werneck (2010), o Brasil é beneficiado por possuir uma grande costa marítima a qual facilmente nos

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liga ao continente Europeu, Áfricano, à América do Norte e aos vizinhos como Argentina, Uruguai e Venezuela.

O transporte fluvial ou lacustre é aquele realizado, respectivamente, nos rios e lagos que compõem as hidrovias interiores, utilizando como embarcações as balsas, barcaças e chatas. “No Brasil, ainda não despertamos para sua exploração plena, iniciativa que necessariamente depende de investimentos constantes em infraestrutura, inclusive de forma a possibilitar a sua interligação com outros modais.” (FARO; FARO, 2010, p. 57).

Ainda pode ser citado o transporte aéreo, que é considerado o mais caro mas tem a seu favor os quesitos rapidez e segurança, quesitos estes que podem ser vitais em certas situações do comércio exterior. É utilizado para operações de volumes pequenos e que possuam urgência na entrega, sendo extremamente competitivo neste sentido quando comparado aos demais modais, qualquer que seja a distância a ser considerada.

Ao definir o modal a ser utilizado na operação, o importador junto ao exportador devem definir o International Commercial Terms (Incoterms) a ser utilizado. Os Incoterms descrevem as tarefas, custos e riscos envolvidos nas relações entre comprador e vendedor, ao firmar o contrato de compra e venda.

As partes intervenientes nesses contratos frequentemente desconhecem as diferenças existentes entre as praxes comerciais de seus respectivos países. No comércio internacional, essa falta de uniformidade é constante fonte de atritos, provocando desentendimentos, questões e sentenças judiciais, com todo o desperdício de tempo e dinheiro que acarretam. Com o propósito de colocar à disposição dos comerciantes, negociantes e traders um meio de superar as mais graves causas de atrito, na realidade os mais comuns, a Câmara de Comércio Internacional publicou, em 1936, a série de normas para interpretação dos referidos termos, conhecida pelo nome de

Incoterms 1936. (VAZQUEZ, 2012, p. 29-30)

A Câmara de Comércio Internacional (CCI), com sede em Paris, alterou e incluiu emendas nos Incoterms diversas vezes, e o que está em vigor atualmente é o Incoterms 2010, substituindo os Incoterms 2000. As regras dos Incoterms são explicadas nas siglas formadas por três letras maiúsculas, as quais refletem as práticas comerciais dos contratos de venda de mercadorias. (VAZQUEZ, 2012).

Os Incoterms 2010 estão agrupados em quatro categorias, E, F, C e D, os quais tratam da entrega da mercadoria e transferência de riscos, conforme Vazquez (2012). Nos Incoterms 2010, deixam de existir os Termos DAF, DEQ, DES e DDU e

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foram incorporados os termos DAT (Deliver at Terminal) e DAP (Deliver at Place). Os Incoterms 2010 podem ser separados pela modalidade de transporte, primeiramente às mercadorias que são transportadas independentemente de via de transporte ou em mais de uma modalidade de transporte, incluindo os termos: EXW, FCA, CIP, CPT, DAP, DAT e DDP. Sendo assim, os termos FOB, FAS, CIF e CFR serão agrupados na segunda regra, termos cujo o transporte é aquaviário e que o ponto de entrega e o local em que o comprador assume a mercadoria, ambos são portos (Ver Quadro 1). (ICCWBO, 2013).

Quadro 1 - Incoterms 2010.

GRUPO INCOTERMS DESCRIÇÃO

E de Ex (PARTIDA – Mínima obrigação para o exportador) EXW – Ex Works* Mercadoria entregue ao comprador no estabelecimento do vendedor. F de Free (TRANSPORTE

PRINCIPAL NÃO PAGO PELO EXPORTADOR)

FCA – Free Carrier*

FAS – Free Alongside Ship FOB – Free on Board

Mercadoria entregue a um transportador internacional indicado pelo comprador. C de Cost ou Carriage (TRANSPORTE PRINCIPAL PAGO PELO EXPORTADOR)

CFR – Cost and Freight CIF – Cost, Insurance and

Freight

CPT – Carriage Paid To* CIP – Carriage and

Insurance Paid to*

O vendedor contrata o transporte, sem

35ssumer riscos por perdas ou danos às mercadorias ou custos adicionais decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho. D de Delivery (CHEGADA – Máxima obrigação para o exportador) DAT – Delivered at Terminal*

DAP – Delivered at Place* DDP – Delivered Duty Paid*

O vendedor se

responsabiliza por todos os custos e riscos para colocar a mercadoria no local de destino.

(*) Incoterms que utilizam todas as modalidades de transporte. Fonte: TRADEX BRAZIL, adaptado pelo autor, 2013.

Conforme afirma Vazquez, (2012, p.35) “os Incoterms 2010 não dispõem sobre o pagamento ou a modalidade de pagamento que governa o contrato de

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