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Acidentabilidade de trabalhadores da indústria de alimentos: ocorrência por ano e região

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DIEGO MÁRLON FERRO

ACIDENTABILIDADE DE TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS: OCORRÊNCIA POR ANO E REGIÃO

Florianópolis/SC 2019

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DIEGO MÁRLON FERRO

ACIDENTABILIDADE DE TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS: OCORRÊNCIA POR ANO E REGIÃO

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Engenharia de Segurança no Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Magajewski.

Florianópolis/SC 2019

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DIEGO MÁRLON FERRO

ACIDENTABILIDADE DE TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS: OCORRÊNCIA POR ANO E REGIÃO

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança no Trabalho e aprovada em sua forma final pelo Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 25 de março de 2019.

______________________________________________________ Professor e orientador Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic

Universidade...

______________________________________________________ Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic

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A lição número um, eu aprendi com meu pai, quem não sabe para onde vai, não vai à lugar algum. Obrigado pelo constante exemplo PAI.

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AGRADECIMENTOS

Primeiro a Deus!

Minha família, pelo apoio incondicional, me ensinaram o valor da vida, os valores relevantes e principalmente a nunca desistir. Obrigado meu pai Jolcemar, minha mãe Lisabete e meu

irmão Pedro Augusto, o futuro lhe reserva o melhor. A Camila, por ser o presente maior que já tive.

A Universidade do Sul de Santa Catarina, pela oportunidade de crescimento.

Ao meu orientador, Professor Dr. Flávio Ricardo Liberali Magajewski, pela atenção e auxílio na realização deste trabalho.

Aos meus amigos e parentes, por entenderem a minha ausência neste período. E por fim todas as pessoas que de alguma maneira contribuíram para a concretização desse

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“Esforço vence o talento, quanto o talento não se esforça” (Autor Desconhecido).

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RESUMO

A participação da indústria de transformação no produto interno bruto (PIB), mais especificamente do setor agroindustrial brasileiro, responde por umas das maiores movimentações econômicas, com crescimento de cerca de 3% para o ano de 2018. Esse crescimento é indicativo de crescimento e geração de postos de trabalho, os quais trazem consigo as preocupações quanto à manutenção da qualidade dos produtos gerados, bem como do bem estar dos trabalhadores envolvidos nessa cadeia produtiva. Para tanto, uma análise com enfoque nos setores de maior representatividade da indústria de alimentos, através dos códigos de classificação de atividade econômica (CNAE), pode apresentar os riscos biológicos, ergonômicos, de queimaduras, de incêndio, de choques, de cortes, dentre outras tantas e variadas formas pelas quais um trabalhador pode sofrer um acidente no ambiente laboral da indústria de alimentos. Desta forma, mensurar e elucidar os dados correspondentes ao setor em questão, representa ser uma ferramenta de suma importância na adoção de medidas preventivas à integridade física e mental do trabalhador. Nesse quesito, o estudo demonstra que a implantação da Norma Regulamentadora (NR-36), foi importante para a redução das taxas de acidentalidade, com foco em frigoríficos, setor de maior incidência de acidentes de trabalhado.

Palavras-chave: Acidentalidade. Indústria de alimentos. Classificação econômica. Taxas de incidência.

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ABSTRACT

The participation of the manufacturing industry in gross domestic product (PIB), more specifically in the Brazilian agroindustrial sector, accounts for one of the largest economic movements, with growth of around 3% for the year 2018. This growth is indicative of growth and generation of jobs, which bring with them the concerns about maintaining the quality of the products generated, as well as the welfare of the workers involved in this productive chain. Therefore, an analysis with a focus on the most representative sectors of the food industry, through the CNAE, can present the biological, ergonomic, burn so many and varied ways in which a worker may suffer an accident in the food industry's work environment. In this way, measuring and elucidating the data corresponding to the sector in question, represents a tool of paramount importance in the adoption of preventive measures to the physical and mental integrity of the worker. In this regard, the study shows that the implementation of the Norma Regulamentadora (NR-36) was important for reducing accident rates, focusing on slaughterhouses, a sector with a higher incidence of work-related accidents.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Contribuintes empregados por estado federativo ... 27 Figura 2 – Número de acidentes de trabalho por CNAE entre os anos de 2009 e 2016 ... 29 Figura 3 – Taxa de Mortalidade pelo total de trabalhadores ... 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Acidentalidade nos cinco primeiros países em número populacional ... 23

Tabela 2 – Número de vínculos empregatícios no Brasil entre 2009 e 2016 ... 26

Tabela 3 – Principais atividades econômicas das indústrias de alimentos no Brasil ... 28

Tabela 4 – Número de acidentes de trabalho por região* ... 31

Tabela 5 – Número de acidentes na indústria de alimentos no ano de 2015 para os principais estados industrializados ... 32

Tabela 6 - Taxas de acidentalidade nas indústria de alimentos por ano ... 33

Tabela 7 – Taxa de incidência de acidentes pelo total de trabalhadores por CNAE ... 34

Tabela 8 - Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes (T2) ... 35

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LISTA DE SIGLAS

ABIA - Associação Brasileira das Indústria de Alimentação AEAT - Anuários Estatísticos de Acidentes do Trabalho AEPS - Anuários Estatísticos da Previdência Social CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho

CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária

CNAE - Classificação Nacional de Atividade Econômica

FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura - Do Inglês (Food and Agriculture Organization of the United Nations)

ICEPA - Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina INSS - Instituto Nacional do Seguro Social

MET – Ministério do trabalho NR - Norma Regulamentadora

OIT - Organização Internacional do Trabalho PIB - Produto Interno Bruto

RAIS - Relação Anual de Informações Sociais SST - Segurança e Saúde do Trabalho

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 12 2 OBJETIVOS ... 14 2.1 OBJETIVO GERAL ... 14 2.1.1 Objetivos Específicos... 14 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 15 3.1 INDÚSTRIA DE ALIMENTOS ... 15

3.1.1 Histórico da industrialização de alimentos ... 15

3.1.2 Importância socioeconômica da indústria de alimentos ... 16

3.1.3 Santa Catarina ... 17

3.2 ACIDENTE DE TRABALHO ... 19

3.2.1 Tipos de acidente de trabalho ... 20

3.2.2 NR-36 ... 21

3.2.3 Acidentalidade no mundo ... 22

4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ... 24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 26

5.1 ACIDENTES DE TRABALHO NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS ... 27

5.2 ACIDENTALIDADE NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS POR ANO E REGIÃO 30 5.2.1 Taxas de acidentalidade na indústria de alimentos ... 33

6 CONCLUSÃO ... 40

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1 INTRODUÇÃO

O setor agroindustrial brasileiro, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA (2018), responde por uma grande parcela da movimentação do PIB nacional, com expectativa de crescer 3,17% até o final de 2018, com base em dados obtidos no primeiro trimestre do mesmo ano. Importante se avaliar que, esse crescimento é reflexo do aumento da demanda mundial por alimentos, em função do aumento da população e abertura de novos mercados.

A evolução em volume apresentada pelo agronegócio como um todo, indica também o crescimento em exportação e emprego. Associado a isto estão questões de qualidade, no que diz respeito à produto, mas também à manutenção das condições de trabalho e qualidade de vida do trabalhador, peça fundamental nessa cadeia produtiva.

O ambiente de trabalho em uma indústria de alimentos pode apresentar riscos biológicos, ergonômicos, de queimaduras, de incêndio, de choques, de cortes, dentre outras tantas e variadas formas pelas quais um trabalhador pode sofrer um acidente no ambiente laboral. Desta forma, é de suma importância a adoção de um conjunto de medidas a serem seguidas para a prevenção ou minimização dos acidentes de trabalho. Neste quesito ao trabalho de segurança visa garantir a integridade do trabalhador, destacando a necessidade de se ter ferramentas e informações que auxiliem na execução deste trabalho.

A importância desse assunto se justifica quando observados os dados referentes ao número de mortes e acidentes de trabalho registrados em todo o território nacional, no segmento industrial, principalmente na indústria de transformação, com cerca de 32 % do total de registros, dentre os quais 7,7 % relativos à indústria de produtos alimentícios e bebidas (GUEDES, 2014).

Os elevados números de acidentes nas indústrias alimentícias, podem ser resultados de um setor que vem trabalhando de forma intensa nos últimos anos a fim de atender a ascensão de vendas no país e de embarques de produtos para o restante do mundo. O bom desempenho do setor por vezes gera pressão no chão de fábrica, por uma produtividade cada vez maior, o que pode se tornar prejudicial ao trabalhador, por falta de atenção e estresse de sobrecarga, estar mais suscetível à acidentes.

Os números que engrandecem positivamente o setor também refletem um cenário bastante preocupante. Tendo em vista a relevância deste assunto, uma ferramenta ganha destaque para a realização deste estudo. No âmbito de quantificar estas ocorrências, o que torna possível a orientação de recursos, e não apenas financeiros, mas também de atenção

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com ambiente laboral, é que se insere a utilização da plataforma da previdência social brasileira. O advento tecnológico tornou possível que dados referentes aos trabalhadores fossem disponibilizados em plataforma online, aqui são instrumentos de estudo, de modo à auxiliar na compreensão dos maiores fatores de acidentalidade e dessa forma possibilitar esforços mais direcionados no foco destas ocorrências. Uma vez que resultados como este sejam disponibilizados, pode-se considerar como um instrumento que associado a práticas de segurança, treinamentos e monitoramento, torne ainda maior a qualidade no ambiente laboral, beneficiando toda cadeia produtiva e o estado como um todo.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a evolução dos acidentes de trabalho relacionados à Atividade Industrial Brasileira da Produção de Alimentos, no período que compreende os anos de 2009 e 2015.

2.1.1 Objetivos Específicos

 Analisar a tendência temporal dos acidentes de trabalho relacionados com a classe do CNAE que representa as atividades da Indústria de Alimentos.

 Analisar os acidentes de trabalho em função do motivo e situação.  Determinar as taxas de incidência e mortalidade no período estudado.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A indústria nacional de transformação de alimentos apresenta grande diversidade de postos de trabalho e para alguns setores a necessidade de um número expressivo de trabalhadores em uma mesma função, com atividades repetitivas e longas jornadas de trabalho.

Analisar e fazer tratamento estatístico dos dados de acidentes de trabalho que estão relacionados na base de dados da previdência social, para o setor da indústria de alimentos pode auxiliar o país a melhorar alguns índices preocupantes. Segundo a FAO (2017), o Brasil é apontado como o maior exportador de produtos alimentícios do mundo, setor que corresponde por grande parte da economia nacional. No entanto, este mesmo setor apresenta um dos mais altos índices de acidentes do trabalho (PROTEÇÃO, 2013).

Tendo em vista a ampla massa de trabalhadores neste ramo de trabalho, torna-se inerente a preocupação no que diz respeito a incidência de acidentes de trabalho em indústrias de alimentos. Dessa forma, confrontar dados históricos com os atuais, e as exposições aos riscos envolvidos, são iniciativas de prevenção em virtude da mensuração dos pontos críticos apontados, auxiliem no controle e prevenção em benefício do trabalhador.

3.1 INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

3.1.1 Histórico da industrialização de alimentos

A indústria de alimentos, com a variedade de produtos e diferentes formas de consumo das quais dispomos atualmente, tem relação direta com a evolução da sociedade e necessidades que se apresentaram com o passar do tempo. Neste cenário, a crescente demanda por alimentos, impulsionou o desenvolvimento de toda cadeia produtiva, com criação de áreas de conhecimento que possibilitassem aporte necessário ao crescimento deste mercado.

Quando se fala em indústria de alimentos, faz-se menção aos postos de trabalho em que ocorra a aplicação de técnicas e métodos de preparo, processamento, controle, armazenamento, distribuição e utilização de alimentos. Todos estes setores visam conduzir as atividades prezando pelo aperfeiçoamento dos processos, de modo a garantir a manutenção do padrão de qualidade destes.

O que se entende hoje como processamento de alimentos, é evolução que remonta de épocas rudimentares. Tenha sido por necessidade, quando o homem buscou manter reservas

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alimentares para sua sobrevivência, ou mesmo por acaso, quando em função da exposição permitida aos produtos, esses adotaram características que se tornaram vantajosas. Isso mesmo antes de adquirir o controle da agricultura e da criação de animais para consumo.

A transformação da sociedade, primordialmente vinculada a subsistência agrária para uma nova realidade, concentrando-se em centros populacionais, dá início a aplicação de técnicas até hoje empregadas na manipulação de alimentos. Os principais métodos desenvolvidos surgiram em função do distanciamento entre concentração de consumo e local de produção, inferindo a necessidade de preservação de qualidade dos produtos.

Nesse contexto, o advento tecnológico tem reflexo direto na indústria de alimentos. A criação de técnicas que permitisse maior produção, com produtos que pudessem ser enviados para locais distantes de consumo, fizeram com esse setor crescesse e para tanto o número de postos de trabalhos deveria acompanhar essa evolução. Dessa forma, a cadeia produtiva de alimentos, indústria de processamento e manufatura tem se tornado um setor de grande importância social e econômica.

3.1.2 Importância socioeconômica da indústria de alimentos

Investimentos em setores de educação, ciência e tecnologia fizeram com diferentes nações adquirissem a capacidade de inovar e se atualizar tecnologicamente, o que com o passar do tempo, tem se demonstrado uma vantagem competitiva diante dos outros países. Nesse aspecto, o Brasil vem se mostrando competitivo. Considerado um celeiro mundial, dispõe de várias matérias-primas agropecuárias, não alcançando, entretanto, o mesmo desempenho nos manufaturados derivados delas, como no caso dos alimentos processados.

O Brasil não garantirá a supremacia alimentar, apesar de todo potencial que possui, se não processar seus produtos e apenas fornecer ao mercado commodities. Um exemplo característico deste fato é representado por um dos setores agrícolas de maior expressão do País: setor de soja. Na década de 2000, o Brasil exportou, em valores monetários, cerca de 5 vezes mais soja em grão do que óleo de soja, que é um dos produtos originados da industrialização deste grão (FAO, 2012). Elucida-se assim uma oportunidade que se torna acentuada pela tendência de crescimento demográfico mundial, a melhoria de renda nos países emergentes, o processo de urbanização e o consequente crescimento da demanda por alimentos possibilita ao Brasil se posicionar como principal fornecedor global de alimentos.

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As indústrias de alimentos, além de gerar maior valor agregado aos produtos e dessa forma, contribuir com a maior arrecadação e abertura de novos mercados, também têm grande importância socioeconômica interna. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), a agricultura e o agronegócio no Brasil contribuíram com 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2017, a maior participação em 13 anos.

A ampliação dos setores de agro industrialização, buscando aprimoramento e maior beneficiamento da produção, pode entre outros fatores contribuir para a geração de empregos. Uma vertente já existente é a produção realizada pelos agricultores familiares, que constitui em uma importante alternativa de geração de emprego e renda no meio rural. Sendo uma alternativa econômica para a fixação populacional no campo e para a construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável na cadeia agrícola. A produção do campo tem suma importância para toda cadeia da produção de alimentos, por ser o ponto de partida para a obtenção de produtos de qualidade.

Segundo dados da Associação Brasileira das Indústria de Alimentação – ABIA (2019), no segmento da indústria de transformação do país, a indústria de alimentos corresponde a cerca de 1,6 milhões de empregos diretos. Isso representa, US$ 33,4 bilhões dos US$ 67 bilhões da balança comercial do Brasil, atribuídos aos alimentos processados. Deste montante, o mercado interno corresponde a 80,7% do faturamento do setor, e as exportações, 19,3%, de acordo com o Relatório Anual da ABIA (ABIA, 2017).

Apesar da situação enfrentada pela economia brasileira nos últimos anos, especialmente na indústria de alimentos, considerando-se os grupos de Classificação Nacional de Atividade Econômica - CNAE para o setor de transformação, no período de 2006 a 2015, houve uma alta consistente no número de empregos em todo o período, em praticamente todas regiões do país.

A indústria de alimentos, considerando-se todos os seus grupos e classes da CNAE, constitui o setor da indústria de transformação brasileira de maior importância em termos de geração de empregos, englobando 21,3% de todos os empregos formais da indústria de transformação para o ano de 2015 (VIANA, 2016).

3.1.3 Santa Catarina

Santa Catarina é o estado brasileiro que construiu ao longo dos anos uma reputação mundial, sinônimo de qualidade e competitividade. Exemplo disso é o reconhecimento de

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único estado da nação livre da febre aftosa sem vacinação, constituindo um cenário favorável à abertura aos exigentes mercados externos. Desta forma, um dos mais expressivos e conhecidos setores da indústria de transformação do estado, é a indústria de alimentos e uma vertente considerável trata-se do processamento de produtos cárneos e lácteos.

As agroindústrias no estado inserem-se nas discussões mais recentes do sistema agroalimentar e da agregação de valor aos produtos agropecuários. No entanto, o setor tem nesse modelo de mercado um longo histórico, como sede de várias indústrias de âmbito mundial, prezando pela qualidade de seus produtos, tendo como base a agricultura familiar. Nesse quesito, o oeste catarinense ganha destaque, pela concentração em número de empresas de transformação e beneficiamento de produtos alimentícios, bem como pelos colaboradores desta cadeia industrial, ligados de maneira direta ou indireta ao sistema produtivo.

O desenvolvimento das unidades agroindustriais em Santa Catarina, é baseada na instalação em locais em que há agricultura, geralmente familiar, consolidada há algum tempo, e se utilizam de recursos locais, tecnologias apropriadas ao ecossistema local (GAZOLLA, M.; PELEGRINI, 2011). Reflexo deste processo é a acentuada concentração de unidades de processamento, principalmente de derivados cárneos no oeste do estado, onde políticas de incentivo público e privado fizeram com a região se desenvolve. Nesse sentido, Santa Catarina contribui de maneira significativa para a economia nacional, exemplo disso é a análise da produção de embutidos cárneos, sendo que a região sul brasileira responde por 97,9 % dos estabelecimentos que produzem embutidos no Brasil, e dados da revista Exame apontam que Santa Catarina é o estado com maior número de representantes na lista das maiores empresas da região Sul (IPEA, 2013).

É nessa direção que, em diferentes momentos, o Estado catarinense exerceu papel preponderante para o desenvolvimento regional, mas sempre atendendo à determinada parcela de beneficiados. No caso do Oeste de Santa Catarina, isso ocorreu com a concessão de áreas para empresas de colonização no início da ocupação regional, na implantação de políticas de fortalecimento da base produtiva ou na implantação de infraestrutura como suporte para o setor agroindustrial em diversos municípios (PERTILE, 2011).

Concomitantemente à expansão agroindustrial em Santa Catarina, tem-se o surgimento de novos postos de trabalho, fazendo com o cresça o emprego não apenas agrícola, mas que atendam com a urbanização, a evolução do mercado na direção do consumo em massa. Esse processo que ocorre dentro do modelo de desenvolvimento brasileiro fez aumentar a procura por produtos processados, ampliando as oportunidades de mercado para o setor agropecuário (ICEPA, 2012).

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Portanto, a junção dos interesses públicos e privados (do Estado em desenvolver o setor industrial na região e o dos agroindustriais em beneficiar-se dos recursos por ele disponibilizados) foi condição essencial para a consolidação das agroindústrias no Oeste do estado de Santa Catarina, tornando-se uma região especializada na produção agroindustrial de carnes para atender principalmente ao mercado externo (PERTILE, 2011).

3.2 ACIDENTE DE TRABALHO

O processo de valorização e reconhecimento do desenvolvimento industrial pode ser longo e tortuoso. Faz parte do crescimento industrial a participação efetiva dos colaboradores, em todos níveis no quadro de funções. Nesse sentido a manutenção das boas condições de trabalho se faz necessária, de modo a garantir o pleno desenvolvimento das atividades em prol da continuidade operacional, mas também quanto à saúde física e mental das pessoas envolvidas nesse processo.

Acidentes, que por definição, são eventos inesperados ou indesejáveis, podem vir a acontecer no ambiente de trabalho e assim causam danos pessoais ou materiais. Dessa forma, configura-se como um dos principais desafios relacionados aos postos de trabalho e de relevância nos setores de economia.

De acordo com dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho OIT (2015), 6300 pessoas morrem todos os dias como resultado de acidentes de trabalho ou doenças relacionadas com o trabalho - mais de 2,3 milhões de mortes por ano. Anualmente, ocorrem 317 milhões de acidentes, a maioria dos quais ocasiona ausências prolongadas. Sendo que esses eventos não acontecem necessariamente em países em desenvolvimento, mas também já desenvolvidos, expondo a necessidade de ações concretas para minimizar e/ou cessar esses eventos (HÄMÄLÄINEN; TAKALA; SAARELA, 2006).

Em termos econômicos os acidentes de trabalho são responsáveis por significativo aumento nos custos das empresas. O trabalhador durante a licença médica gera um custo que aumenta proporcionalmente aos dias de afastamento, e o trabalhador pode ser substituído por um funcionário temporário, supondo que um esteja disponível, que também deve ser pago (BUTLER; BALDWIN; JOHNSON, 2006). Asfaw et al. (2013) constataram que um aumento nos lucros de 10% foi relacionado a uma redução de 1,1% nos acidentes com o tempo de folga relatado na indústria de mineração dos Estados Unidos.

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Os acidentes de trabalho não apenas representam custos as empresas, mas também ao sistema de saúde social, sendo por muitas vezes o responsável pela recuperação dos acidentados. Nesse sentido, mudanças na metodologia de caracterização de acidentes de trabalho na concessão de benefícios previdenciários a partir de abril de 2007, passaram a ser caracterizados como acidentes do trabalho, aqueles eventos que tiveram Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT registrada no INSS e aqueles que, embora não tenham sido objeto de CAT, deram origem a benefício por incapacidade de natureza acidentária. As informações aqui apresentadas são do Sistema de Comunicação de Acidentes do Trabalho, com base nas Comunicações de Acidentes do Trabalho – CAT registradas nas Agências da Previdência Social ou pela Internet, bem como do Sistema Único de Benefícios – SUB, utilizado pelo INSS (AEPS, 2017).

Além dos problemas econômicos decorrentes da acidentalidade, é fundamental assegurar uma alta disponibilidade das barreiras de segurança, bem como uma alta confiabilidade de seus componentes, a fim de manter os riscos abaixo dos limites aceitáveis. A avaliação da disponibilidade de barreiras de segurança e a análise de confiabilidade são questões importantes a serem levadas em conta em uma instalação, dessa forma, tipificar os riscos e tipos de acidentes, auxilia o processo de manutenção do ambiente laboral seguro e representa facilidade nos tratamentos econômicos que o evento irá gerar (SOBRAL; GUEDES SOARES, 2019).

3.2.1 Tipos de acidente de trabalho

Perante a legislação vigente, a Lei nº 8.213/1991 que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, entende-se como acidente de trabalho aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Portanto acidentes são considerados:

I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.

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Ainda podem ser divididos em:

 Acidente típico: é o que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (ROSSAL e RUBIN, 2013);

 Acidentes de trajeto: são os acidentes ocorridos no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa; importante salientar que não se caracterizará o acidente do trabalho se, por interesse pessoal, o empregado tiver interrompido ou alterado o percurso, vez que estará rompido o nexo causal entre o acidente e o trajeto do trabalho (BARBOSA e GUIMARÃES, 2014).

 Acidentes Atípicos: chamadas mesopatias ou moléstias profissionais atípicas, são entendidas como as adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente (BARBOSA e GUIMARÃES, 2014).

3.2.2 NR-36

O Brasil tem avançado nas últimas décadas no quesito “prevenção de acidentes do trabalho”. Segundo registros do INSS, na década de 1970, o Brasil chegou a registrar 1,7 milhão acidentes/ano, o que representou cerca de 40% dos trabalhadores formais com acidentes num único ano. Em 2013, pouco mais de 717 mil ocorrências foram registradas, sendo esse montante o equivalente a 1,5% do total da força de trabalho formalizada.

As indústrias de transformação de alimentos, um dos principais setores econômicos do país, com atuação em diferentes mercados e processos fabris, constituem um dos ramos mais perigosos, tendo em vista a frequência de acidentes ocupacionais (NENONEN, 2011).

Não há como negar que a abertura da economia brasileira promovida na década de 1990 obrigou diversas empresas do País, inclusive as do segmento frigorífico, a se tornarem mais profissionais e competitivas. A implementação natural de grandes escalas de produção, fomentaram o aumento dos conflitos da relação trabalho-capital, fato que estimulou a adoção de melhorias nas condições de trabalho nessa atividade. A principal delas, fruto do diálogo

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entre governo, empregadores e trabalhadores foi a Norma Regulamentadora nº 36 (NR 36) do Ministério do Trabalho e Emprego.

A NR-36 publicada no Diário Oficial da União a Portaria nº 555, de 18 de abril de 2013 (Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados) foi criada com o objetivo de controlar fatores ambientais de risco existentes na operação de abate e processamento de carne. Previamente à construção da NR, muitas empresas já haviam promovido melhorias significativas em seus ambientes de trabalho.

Ainda assim, a busca incessante para nos tornarmos uma referência mundial em prevenção de acidentes do trabalho ainda é longa. No entanto, a integração de políticas, conciliando atitudes e comportamentos de todos envolvidos nos processos trabalhistas e o uso de ferramentas que tornem facilitada a compreensão dos riscos e manutenção da segurança do trabalhador, devem ser implementadas em prol dos aspectos econômicos e da melhor qualidade de vida.

3.2.3 Acidentalidade no mundo

A aplicação de processos de trabalho que priorizem a saúde e segurança dos trabalhadores é fundamental na obtenção de resultados positivos quanto a prevenção de acidentes. Para tanto ter conhecimento na área de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), envolve não apenas os conceitos de prevenção, mas saber atuar nas frentes que mais ocasionam tais eventos.

Proporcionar à trabalhadores um ambiente saudável e com menos riscos, representa uma melhoria na produtividade e na reputação da empresa, sem mencionar a redução dos gastos que seriam destinados a arcar com indenizações, medicamentos, multas e demais despesas relacionadas ao prejuízo da saúde do trabalhador.

Dessa forma, ter acesso à informações referentes a SST pode servir de alerta e motivação para a adoção de medidas prevencionistas. A OIT é a responsável por disponibilizar dados da acidentalidade no mundo. Em sua última edição, mas de 200 países estão relacionados, permitindo mensurar por país, informações sobre acidentes e mortes, além do número de trabalhadores e o PIB.

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Os dados de acidentes do trabalho mais atuais enviados pelo governo brasileiro são do ano 2000, motivo pelo qual, captamos os dados acidentários divulgados pela Previdência Social por meio dos Anuários Estatísticos da Previdência Social (AEPS 2015) juntamente com os dados da RAIS/MTE, incluindo assim, os números de acidentes do Brasil no ranking da OIT.

Com base nas informações da OIT foi possível a construção de uma tabela, que relaciona números alusivos à quantidade de trabalhadores, população em geral, PIB per capita, acidentes de trabalho, acidentes a cada 100 mil trabalhadores, mortes, mortes a cada 100 mil trabalhadores e mortes a cada 10 mil acidentes para cada um dos países. Ainda, em cada uma das informações, a posição (P) que o país ocupa em nível mundial, para auxiliar no comparativo das informações. Dentre os países com maior população de trabalhadores, em ordem decrescente, estão: China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil. A Tabela 1, relaciona essas informações.

Tabela 1 – Acidentalidade nos cinco primeiros países em número populacional

País Nº trabalhadores Acidentes Acidentes/100 mil trab Mortes/ 100 mil trab China 770.318.000 NI NI NI Índia 484.153.500 NI NI 0,44 Estados Unidos 153.348.100 1.149.270 749,5 3,14 Indonésia 118.148.300 86.693 73,4 1,66 Brasil 48.060.807 612.632 1.274,7 5,21

Além desses dados, o Anuário Brasileiro de proteção (2017), reporta também que em relação ao número de mortes por acidente de trabalho, vê-se que o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Tailândia e China. Nos acidentes de trabalho, o país é o quinto colocado atrás da Colômbia, França, Alemanha e Estados Unidos. O fato da lista indicar alguns países mais desenvolvidos nas primeiras posições surpreende e não necessariamente quer dizer que as condições de trabalho sejam precárias nestes países. Uma hipótese é que os dados seriam melhor apurados e mais fidedignos do que em outros países menos desenvolvidos.

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4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O desenvolvimento desta pesquisa é aplicado ao setor de manufatura de alimentos. Neste ambiente, as práticas prevencionistas visam a segurança do trabalhador de forma constante, para tanto a disponibilização de ferramentas para ações focadas, agregam e podem auxiliar o processo de melhoria.

Portanto, do ponto de vista dos objetivos, a análise caracteriza-se como observacional, exploratória e descritiva dos dados referentes ao setor da indústria de alimentos no Brasil e proporcionam informações para o tratamento estatísticos da acidentalidade, contribuindo para a realização deste estudo. Dessa forma, os procedimentos adotados e que contribuem neste processo de desenvolvimento são as análises experimentais, que confrontadas com o já descrito em referências bibliográficas, tornam possível a produção documental de informações ao setor específico de importância para a economia nacional.

A abordagem quantitativa dos dados inseridos no sistema da Previdência Social, torna possível a análise aplicada ao setor da Indústria de Alimentos, no que se refere à acidentalidade no período delimitado. Mediante tais informações descrever, registrar, analisar e interpretar os fenômenos ou situações de interesse com ênfase quantitativa, podem também ser considerados parâmetros de análise qualitativa no âmbito maior da engenharia de segurança do trabalho.

Compõem também a análise quantitativa de acidentalidade os Anuários Estatísticos da Previdência Social (AEPS) e os Anuários Estatísticos de Acidentes do Trabalho (AEAT) formam dispositivos de tabulação, disponíveis de forma gratuita pela própria Previdência Social. A obtenção dos dados é direcionada à avaliação nacional, bem como foco no estado de Santa Catarina.

A população estudada foi o grupo de trabalhadores contribuintes da Previdência Social – INSS, empregados em algum tipo de atividade econômica relacionada com a industrialização de alimentos no Brasil e em Santa Catarina, e que sofreram algum tipo de acidente ou doença ocupacional entre 2009 e 2016.

Após a obtenção dos dados e sua tabulação no formato de interesse, foi realizada o tratamento estatístico e a compilação em tabelas e gráficos comparativos de modo a ilustrar as diferentes características analisadas. Foram calculadas as taxas de incidência geral dos acidentes de trabalho ocorridos em Santa Catarina e no Brasil, taxa de incidências de acidentes típicos e taxa de mortalidade dadas pelas equações:

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Taxa de incidência de Acidentes pelo Total de Trabalhadores: 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠∗ 100

Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑎 𝐼𝑛𝑑ú𝑠𝑡𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 ∗ 100

Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de Trabalhadores:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑇í𝑝𝑖𝑐𝑜𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ 100 Taxa de Mortalidade pelo Total de Trabalhadores:

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A produção commodities por meio da atividade agrícola é um dos principais influenciadores do PIB nacional brasileiro. No entanto, outros setores como a indústria de transformação, também possuem importância para o desenvolvimento do país, dentre eles está a fabricação de produtos alimentícios. Conforme Tabela 2, com dados até o ano de 2016 o país teve crescente geração de postos de trabalho ao longo dos anos. A exceção, dada pela crise econômica em 2016, fez com que o número de trabalhadores diminuísse.

Tabela 2 – Número de vínculos empregatícios no Brasil entre 2009 e 2016

Ano Quantidade 2009 45.193.098 2010 48.649.216 2011 51.681.597 2012 53.912.656 2013 55.687.889 2014 56.625.128 2015 54.656.148 2016 51.378.905 Fonte: AEPS (2016)

Os dados acima demonstram o crescimento da população vinculada à postos de trabalho, com progressão média de 3 a 4 % ao ano. No entanto, a distribuição de empregos não é homogênea no território nacional, em virtude das regiões mais desenvolvidas e de maior concentração de indústrias.

O crescimento da população e o intenso fluxo migratório rural-urbano (causado pelo descaso com a questão agrária) criaram um excedente estrutural de mão de obra (OLIVEIRA; PRONI, 2016). Este fato corrobora com para a formação dos grandes centros populacionais, impulsionando a instalação de empresas, visto o baixo custo de mão-de-obra. A Figura 1 apresenta as concentrações de trabalhadores empregados nos diferentes estados da federação.

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Figura 1 – Contribuintes empregados por estado federativo

Fonte: AEPS (2016)

No que se refere aos acidentes de trabalho, os dados apresentados demonstram a importância das ações de SST. A maior parte do trabalho em acidentes de trabalho ainda lida com estatísticas de acidentes e grandes conjuntos de dados, para os quais esquemas de classificação e procedimentos de registro oficiais são uma questão chave (JACINTO; ASPINWALL, 2004). Portanto, quantificar e tratar os dados existentes, permite maior compreensão do cenário atual e assim, transmitir as informações necessárias para que ações sejam tomadas e uma melhor qualidade trabalhista seja empregada.

5.1 ACIDENTES DE TRABALHO NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS

A indústria de alimentos no Brasil teve um crescimento no faturamento da ordem de 2,08%, alcançando R$ 656 bilhões, somadas as exportações e as vendas para o mercado interno, o que representa 9,6% do PIB. A indústria de alimentos gerou 13 mil novos postos de trabalho em 2018. O total de investimentos em ativos e fusões e aquisições alcançou R$ 21,4 bilhões, registrando um aumento de 13,4%, contra R$ 18,9 bilhões registrados em 2017 (ABIA, 2019a).

A concentração industrial, mediante fusões, absorções e incorporações de empresas menores pode ser representativa aos diversos sub-ramos de alimentos. Dessa forma, os

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principais códigos CNAE, foram relacionados para o estudo em questão. Conforme Tabela 3, é possível observar a ampla variedades de ramos que compõe o setor de transformação de alimentos.

Tabela 3 – Principais atividades econômicas das indústrias de alimentos no Brasil

Nº CNAE Descrição

1111-9 Fabricação de aguardente e outros 1112-7 Fabricação de vinho

1113-5 Fabricação de malte, cerveja e chopes 1122-4 Fabricação de refrigerantes e outras 1011-1/01 Frigorífico - Abate de bovinos 1012-1/01 Frigorífico - Abate de aves 1012-1/03 Frigorífico - Abate de suínos 1051-1 Preparação de Leite

1052-0 Fabricação de Laticínios

1091-1 Fabricação de produtos de panificação 1091-5 Fabricação de massas alimentícias 1092-9 Fabricação de biscoitos e bolachas

1093-7 Fabricação de produtos derivados do cacau, de chocolates e confeitos 1095-3 Fabricação de especiarias, molhos, temperos e condimentos

1096-1 Fabricação de alimentos e pratos prontos 1096-1/00 Fabricação de alimentos e pratos prontos

1099-6 Fabricação de produtos alimentícios não especificados anteriormente Fonte: AEPS (2016)

O valor adicionado da indústria de transformação em 2015 era de R$ 606,3 bilhões. Os setores com maior participação neste valor, e consequentemente no PIB, em 2015 são: produtos alimentícios (18,6% do valor adicionado da Indústria de Transformação); produtos químicos (9,3%); coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (8,1%); veículos automotores (6,2%) e metalurgia (6,2%) (DEPECON, 2017).

Correspondendo a cerca de 112,8 milhões de reais do setor da indústria de transformação, as análises para melhoria contínua das condições de trabalho, tem reflexo direto na economia do país. A Figura 2 apresenta os dados referentes ao período de 2009 e 2016 em número de acidentes de trabalho para setores da indústria de alimentos nacional.

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29 Figura 2 – Número de acidentes de trabalho por CNAE entre os anos de 2009 e 2016

Fonte: AEPS (2016)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

N

úm

er

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de

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ci

de

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es

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or

C

N

A

E

Aguardente e outros Vinho

Malte, cerveja e chopes Refrigerantes e outras

Abate de reses Abate de suínos e aves

Preparação de Leite Laticínios

Produtos de panificação Biscoitos e bolachas

Produtos derivados do cacau Especiarias, molhos, temperos e condimentos

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Com base na análise dos dados (Figura 2), é possível observar que o setor correspondente à cadeia de frigoríficos de abate de suínos e aves, apresentou a maior redução no número de acidentes de trabalho no período estudado. Ainda assim o setor é responsável pelos maios índices de acidentalidade, quando comparado aos demais setores relacionados.

No Brasil, as indústrias de abate e processamento de aves ou matadouros-frigoríficos são os estabelecimentos dotados de instalações completas e equipamentos adequados para o abate, manipulação, elaboração, preparo e conservação das espécies de açougue sob variadas formas, com aproveitamento completo, racional e perfeito, de subprodutos não comestíveis, possuindo instalações de frio industrial (BRASIL, 1952). Entre os vários elos que formam a cadeia produtiva interessa ao presente estudo especificamente a etapa de abate de aves ou abatedouro que é o quinto elo da cadeia produtiva, responsável pelo surgimento do produto final: o frango resfriado, congelado, inteiro e em pedaços/cortes.

Com a força da cadeia produtiva de carnes, o Brasil alcança grande importância como provedor do mercado mundial, sendo responsável por significativa parcela da produção mundial de carne bovina. Nesse contexto, ganha destaque a cadeia de suínos e frangos, são atividades econômicas fundamentais para o desenvolvimento econômico do Brasil e de forma mais efetiva para o desenvolvimento das regiões onde estão inseridas.

5.2 ACIDENTALIDADE NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS POR ANO E REGIÃO

Segundo dados da RAIS (2015) do Ministério do Trabalho e Emprego, no ano de publicação, entre os setores da indústria de transformação, aquele que mais empregava era o de alimentos (21,3% dos empregados formais na indústria de transformação), seguido pelo de confecções de artigos do vestuário e acessórios (8,6%) e, em terceiro lugar, o setor de produtos de metal (6,3%).

Ainda ao analisarmos os principais centros industriais do país, tem-se que em São Paulo, os setores que se destacaram em 2015 em relação à população ocupada na indústria de transformação do Estado foram: alimentos, com 15,9% do emprego formal na indústria de transformação do Estado; veículos automotores, carroceria e autopeças, com 9,7%; produtos de borracha e material plástico e produtos de metal, com 7,6% cada. Em Minas Gerais, o setor que mais empregava era o de alimentos (22,3%), seguido por confecções de artigos do

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vestuário e acessórios (9,3%) e metalurgia (7,8%). Já no Rio Grande do Sul, o setor que mais empregava era o de alimentos (19,2%), seguido pelo de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (16,7%) e, em terceiro lugar, pelo de máquinas e equipamentos e produtos de metal (8,8% cada). No Paraná, o setor que mais empregava era o de alimentos (29,5%), seguido pelo de confecções de artigos do vestuário e acessórios (9,3%) e pelo de móveis (5,9%). Em Santa Catarina, o setor que mais empregava era o de alimentos (17,1%), seguido pelo de confecção de artigos do vestuário e acessórios (17,0%) e, em terceiro lugar, pelo de produtos têxteis (8,6%).

Mediante o exposto, é possível inferir que a concentração de indústrias de transformação de alimentos é mais pronunciada na região sul do Brasil. Ao analisarmos esses dados, observa-se que na região sul, tem-se a atividade do setor alimentício como uma das principais atividades industriais, sendo base da economia de diversos municípios, por vezes por serem estas as cidades sede de algumas das grandes empresas do setor.

A Tabela 4 apresenta o número de acidentes de trabalho por região dentro do período de 2009 e 2016. Observa-se a maior incidência de eventos para as regiões sudeste e sul do país, corroborando com os dados anteriores, quanto à maior concentração de unidades fabris nessas localidades.

Tabela 4 – Número de acidentes de trabalho por região*

Região 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total Centro-Oeste 51.3 47.7 48.3 49.5 51.7 50.9 45.5 44.1 395.3 Norte 31.1 29.7 31.7 32.2 31.8 31.8 28.2 24.9 241.4 Nordeste 92.1 91.2 93.7 90.5 88.1 87.5 74.8 68.8 686.7 Sudeste 392.4 382.2 391.3 390.9 394.7 383.1 334.8 310.8 2980.2 Sul 166.4 158.4 155.4 150.5 159.2 159.0 138.8 130.2 1.217.9 Total 733,3 709,2 720,4 713,6 725,5 712,3 622,1 578,8 5515,20 *Os valores expressos acima devem ser multiplicados por mil

Fonte: AEPS (2016)

Ao olharmos para a distribuição dos setores industriais entre estados, podemos destacar que o setor de alimentos, aparece entre os três principais setores em quantidade de empregados formais em todos os Estados, exceto no Amazonas. Assim, além de ser um setor

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de bastante peso no emprego industrial (21,3% do emprego industrial brasileiro), ele também é bastante desconcentrado regionalmente. No entanto, analisando as principais regiões industrializadas e cruzar esses dados com o número de acidentes por região, conforme Tabela 4, é possível estabelecer uma proporção de acidentes ao setor de transformação de alimentos para o ano de 2015 conforme apresentado na Tabela 5.

Tabela 5 – Número de acidentes na indústria de alimentos no ano de 2015 para os principais estados industrializados

Estados 2015

São Paulo 53.2

Rio Grande do Sul 26.6

Santa Catarina 23.7

Paraná 40.9

Total 144.4

*Os valores expressos acima devem ser multiplicados por mil Fonte: AEPS (2016)

Identificar a origem e o tipo de acidentes pode ajudar a descobrir qual setor vivencia relativamente mais acidentes ocupacionais dentro da cadeia industrial de alimentos. No entanto, o tipo de acidente pode não ser apenas função do ambiente de trabalho, mas também por fatores externos à empresa, como funcionários e suas condições de vida. Como resultado, se esses fatores puderem ser identificados, as fontes dos acidentes poderiam ser determinadas. Por exemplo, os acidentes podem ser causados por inexperiência por parte dos funcionários, treinamento inadequado e condições ruins no trabalho, bem como no translado de casa para o trabalho, estresse e outros fatores.

Para identificar as variáveis que afetam o tipo de acidentes no setor manufatureiro e possibilitar uma ação mais pontual, fatores antecedentes do acidente em níveis variáveis que maximizam o grau de probabilidade do tipo de acidentes (ALTUNKAYNAK, 2018), devem ser analisados. Para tanto o tratamento de dados em função do histórico registrado é dado como uma importante ferramenta nesse quesito.

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5.2.1 Taxas de acidentalidade na indústria de alimentos

Indicadores de acidentes do trabalho são utilizados para mensurar a exposição dos trabalhadores aos níveis de risco inerentes à atividade econômica, permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências históricas dos acidentes e seus impactos nas empresas e na vida dos trabalhadores. Além disso, fornecem subsídios para o aprofundamento de estudos sobre o tema e permitem o planejamento de ações nas áreas de segurança e saúde do trabalhador (AEPS, 2016).

Os indicadores publicados a seguir são os seguintes: Taxa de incidência de Acidentes pelo Total de Trabalhadores (T1), Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes (T2), Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de Trabalhadores (T3), Taxa de Mortalidade pelo Total de Trabalhadores (T4). Esses indicadores estão descritos abaixo na Tabela 6.

Tabela 6 - Taxas de acidentalidade nas indústria de alimentos por ano

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 T1 0,0522 0,0444 0,0384 0,0358 0,0357 0,0368 0,0358 0,0376 T2 3,2182 3,0431 2,7534 2,7005 2,7430 2,9233 3,1482 3,3334 T3 0,9393 0,8578 0,8246 0,7907 0,7800 0,7602 0,7056 0,6892 T4 6,2125 6,2471 6,3441 5,8324 5,7345 5,4604 4,7403 4,0596 Fonte: o autor

Número de acidentes do trabalho, por mil trabalhadores segurados da Previdência Social, em determinado espaço geográfico, no ano considerado refere-se à taxa de incidência de acidentes sob o total de trabalhadores. São aqueles eventos decorrentes das características da atividade profissional desempenhada (acidentes de trabalho típicos) e os ocorridos no percurso entre a residência e o local de trabalho e vice-versa (acidentes de trabalho de trajeto). São considerados trabalhadores segurados da Previdência Social apenas os que possuem cobertura contra incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho. A Tabela 7 reporta os dados da T1 para atividades da indústria de alimentos.

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Tabela 7 – Taxa de incidência de acidentes pelo total de trabalhadores por CNAE

CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 1111-9 0,018 0,015 0,013 0,012 0,010 0,012 0,008 0,007 1112-7 0,009 0,005 0,005 0,006 0,006 0,007 0,005 0,004 1113-5 0,083 0,091 0,072 0,057 0,050 0,034 0,030 0,030 1122-4 0,133 0,122 0,118 0,105 0,102 0,086 0,072 0,061 1011-1 0,314 0,267 0,246 0,243 0,260 0,203 0,215 0,243 1012-1 0,585 0,463 0,425 0,396 0,406 0,404 0,391 0,377 1051-1 0,015 0,014 0,012 0,013 0,016 0,011 0,013 0,013 1052-0 0,079 0,067 0,066 0,065 0,064 0,058 0,068 0,076 1091-1 0,095 0,092 0,099 0,096 0,103 0,073 0,078 0,084 1091-5 0,049 0,042 0,038 0,036 0,036 0,031 0,035 0,031 1092-9 0,037 0,035 0,038 0,038 0,050 0,038 0,035 0,031 1093-7 0,047 0,038 0,043 0,042 0,044 0,035 0,031 0,032 1095-3 0,010 0,008 0,009 0,009 0,009 0,006 0,006 0,007 1096-1 0,003 0,004 0,004 0,005 0,007 0,006 0,006 0,006 1099-6 0,091 0,824 0,082 0,083 0,085 0,067 0,065 0,065 Fonte: o autor

Os dados apresentados permitem identificar as principais atividades dentro da Classificação de atividade econômica, responsáveis pelas maiores taxas de acidentalidade na indústria de alimentos. O setor de abate de suínos e aves (CNAE 1012-1) possui as maiores taxas, representando quase o dobre dos valores para a segunda maior taxa de incidência de acidentes, atribuída ao setor de abate de reses e bovinos (CNAE 1011-1). O que fica claro com esse levantamento é que o setor de frigoríficos da grande área de produção de alimentos é o maior responsável pela incidência de acidentes.

Os números apresentados até agora, não nos permitiram ter uma visão mais aprofundada sobre o assunto, pois tratam de valores absolutos. Estes valores tendem a acompanhar as mesmas variações da população estudada, já que o tamanho da população exposta ao risco determina o risco de adoecimento ou acidentalidade ocupacional. Por isso, para que tenhamos uma melhor compreensão do fenômeno em estudo, é preciso trabalhar com taxas de incidência em conjunto com os demais indicadores possíveis de serem obtidos.

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Dentre eles estão as taxas de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes (T2), conforme apresentado através da Tabela 8.

Tabela 8 - Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes (T2) CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 1111-9 0,058 0,051 0,044 0,042 0,037 0,045 0,031 0,028 1112-7 0,028 0,019 0,019 0,021 0,021 0,026 0,019 0,016 1113-5 0,265 0,313 0,253 0,205 0,177 0,125 0,126 0,123 1122-4 0,423 0,422 0,414 0,375 0,360 0,319 0,300 0,255 1011-1 0,998 0,923 0,865 0,867 0,920 0,752 0,893 1,015 1012-1 1,856 1,599 1,496 1,413 1,436 1,496 1,627 1,573 1051-1 0,049 0,048 0,043 0,046 0,056 0,042 0,054 0,054 1052-0 0,250 0,230 0,232 0,230 0,227 0,213 0,284 0,315 1091-1 0,302 0,319 0,347 0,344 0,363 0,271 0,322 0,350 1091-5 0,155 0,144 0,135 0,129 0,127 0,116 0,147 0,131 1092-9 0,117 0,122 0,135 0,135 0,178 0,141 0,145 0,127 1093-7 0,148 0,131 0,150 0,150 0,155 0,128 0,129 0,134 1095-3 0,031 0,028 0,031 0,033 0,032 0,024 0,025 0,030 1096-1 0,009 0,015 0,015 0,019 0,025 0,024 0,025 0,027 1099-6 0,289 2,844 0,288 0,295 0,300 0,247 0,270 0,271 Fonte: o autor

A Tabela 8 mostra a taxa de incidência de acidentes segundo a classe do CNAE relacionada aos resíduos dividida pelo total de trabalhadores do setor da indústria de transformação. Os resultados apontam redução na taxa de incidência ao longo do período estudado. Apesar dos valores variarem no decorrer dos anos, a classe de atividade econômica correspondente ao setor de frigoríficos é o que apresenta as maiores taxas de incidência, com média de registro. Ou seja, o mercado de trabalho que se tornou uma das maiores fontes econômicas, principalmente na região sul, onde especialmente Santa Catarina atende por uma significativa parcela das exportações de carne, ainda é responsável pela maior taxa de acidentalidade dos postos de trabalho na indústria de transformação.

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Esse comportamento fica mais perceptível ao analisarmos os dados referentes às taxas de incidência de acidentes típicos pelo total de trabalhadores (T3). A dificuldade desta medida está na escolha de seu denominador. Dessa forma, a subdivisão da população exposta ao risco é neste estudo expressa pela massa de trabalhadores ligados às atividades da indústria de transformação de alimentos. Ainda os dados levados estão vinculados às classes de atividades econômicas da grande área de alimentos. Desta forma, são considerados no denominador apenas os trabalhadores com cobertura contra os riscos decorrentes de acidentes do trabalho. São apresentados na Tabela 9 os resultados encontrados mediante o estudo com base nos dados obtidos através da AEPS (2016).

Tabela 9 - Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de Trabalhadores (T3) CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 1111-9 0,101 0,087 0,075 0,071 0,061 0,074 0,051 0,046 1112-7 0,048 0,032 0,032 0,035 0,036 0,043 0,030 0,026 1113-5 0,457 0,533 0,427 0,343 0,296 0,206 0,204 0,201 1122-4 0,731 0,718 0,701 0,627 0,602 0,528 0,484 0,418 1011-1 1,724 1,569 1,462 1,453 1,537 1,244 1,442 1,659 1012-1 3,207 2,718 2,529 2,367 2,399 2,476 2,625 2,571 1051-1 0,085 0,082 0,073 0,077 0,093 0,070 0,086 0,088 1052-0 0,433 0,392 0,393 0,386 0,379 0,352 0,458 0,515 1091-1 0,521 0,543 0,587 0,575 0,607 0,449 0,520 0,573 1091-5 0,268 0,245 0,229 0,217 0,213 0,192 0,238 0,214 1092-9 0,203 0,208 0,228 0,226 0,298 0,233 0,234 0,208 1093-7 0,255 0,222 0,253 0,251 0,259 0,212 0,208 0,219 1095-3 0,053 0,047 0,052 0,056 0,053 0,040 0,040 0,049 1096-1 0,016 0,025 0,026 0,032 0,042 0,039 0,041 0,043 1099-6 0,500 4,836 0,486 0,495 0,502 0,408 0,436 0,443 Fonte: o autor

Diante do exposto, a Tabela 9 apresenta as taxas de acidentes típicos registrados dentre o total de trabalhadores ocorridos anualmente no Brasil, para as diferentes classificações de atividade econômica, conforme relação estudada. Assim, como anteriormente visualizado, a variação de acidentes típicos praticamente seguiu a mesma tendência da variação do total de

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trabalhadores no período. Mesmo com as oscilações, o que se observou é que ocorreu uma pequena variação na taxa se analisarmos ao longo do período. Porém vale ressaltar que no intervalo de tempo estudado, houve uma diminuição de cerca de 20% para as maiores taxas encontradas. Quando falamos de acidentes, são aqueles eventos que resultam em perdas, sejam por custos financeiros ou de saúde, significativos para as empresas, o trabalhador e a sociedade em geral. São custos variáveis por tipo de acidente e são mais elevados à medida que a duração da licença por doença resultante do acidente aumenta. Os dias de trabalho perdidos devido a lesões relacionadas ao trabalho foram propostos como uma métrica alternativa para avaliar a segurança no local de trabalho (COLEMAN; KERKERING, 2007).

Os dados levantados permitem ainda fazer um relação com a criação e regulamentação oficial da normativa NR-36. A norma que entrou em vigor em 2013 obriga o empregador a adotar meios técnicos e organizacionais para reduzir os esforços nas atividades de manuseio de produtos, levantamento, transporte, descarga, manipulação e armazenamento de produtos, partes de animais e materiais. Além disso, relaciona orientações quanto à condições ambientais, gerenciamento de riscos e treinamento dos colaboradores. São todas ações que visam a melhor qualidade do produto final, mas também representam uma grande preocupação quanto ao trabalhador. Reflexo da implantação dessa normativa pode ser atribuído a queda das taxas de incidência de acidentalidade nos setores englobados na norma, para os anos subsequentes ao ano de implantação desta.

Dessa forma, as taxas analisadas são indicadores de necessidade de maior atenção para fortalecer a economia do país, tendo em vista um mercado que representa grande percentual de atuação para o PIB. Mas também, este estudo releva que o mesmo setor de grande importância no país é também o que mais contribui com afastamentos e lesões decorrentes da atividade em postos de trabalho. Ou seja, condições inseguras de trabalho, falta de treinamento de segurança e supervisão adequada que contribuem para o risco de acidentes e por ventura até o óbito (SÁMANO-RÍOS et al., 2019). A Figura 3 relacionada a taxa de óbito na indústria de transformação.

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Figura 3 – Taxa de Mortalidade pelo total de trabalhadores

Fonte: o autor

Fatores temporais, como o dia da semana, a hora do dia de trabalho (número de horas de trabalho concluídas pelo trabalhador quando o acidente ocorreu) e a hora do dia (entre 0 e 24) podem ser relacionados à gravidade do problema. Acidentes no setor de construção na Espanha, o percentual de acidentes graves aumenta à medida que a semana passa (CAMINO LÓPEZ et al., 2011). Além disso, uma maior duração de licença médica após acidentes ocorre nos finais de semana (MORAL; CORRALES-HERRERO; MARTÍN ROMÁN, 2012). A gravidade do acidente é maior em determinados momentos do dia, principalmente após o almoço (CAMINO LÓPEZ et al., 2011) e após a sexta hora do dia de trabalho (MORAL; CORRALES-HERRERO; MARTÍN ROMÁN, 2012).

De qualquer forma, o que a Figura 3 apresenta são valores que não correspondem ao esperado para atividades que envolvem trabalhadores. No período estudado é observado que a taxa de mortalidade aumentou, com pico no ano de 2014. Esse comportamento pode estar relacionado com fatores genéricos de risco, aumentando o prejuízo no trabalho em qualquer idade. Ou seja, condições inseguras de trabalho, falta de treinamento de segurança e supervisão adequada contribuem para o risco de lesões, independentemente da idade (SÁMANO-RÍOS et al., 2019).

Em sistemas industriais complexos e tecnológicos, se algumas variáveis de controle saírem de sua faixa natural, isso pode ser visto como um sinal de uma falha de equipamento ou um desvio de um processo. Para enfrentar este tipo de eventos e / ou evitar o escalonamento de um incidente ou acidente, é comum implementar barreiras de segurança

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cuja função pode ser classificada como preventiva (diminuindo a probabilidade de ocorrência) ou protetora (reduzindo a gravidade das conseqüências). Se a função não for cumprida, significa a falha da barreira de segurança, resultando muitas vezes em conseqüências catastróficas para pessoas, propriedades ou meio ambiente (SOBRAL; GUEDES SOARES, 2019).

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6 CONCLUSÃO

Estes dados tratados proporcionam ao profissional da Engenharia e Segurança do Trabalho uma visão prevencionista, de modo a permitir uma estratégia para abordagem de ações subsequentes. Ao realizar o estudo de acerca do setor de transformação de alimentos, no período de 2009 a 2016, foi possível inferir que os setores frigoríficos (suínos, aves e bovinos) correspondem pelos maiores percentuais de acidentalidade no país.

A subdivisão por região se dá em função das características das indústrias de transformação com maior representatividade no retorno econômico, sendo para a grande área de alimentos, as regiões sudeste e sul as mais significativas neste quesito.

A avaliação da taxa de incidência de acidentes demonstrou que a classificação de atividade econômica de número 1012-1 se destacou entre as demais atividades do grupo dos serviços de abate de animais, apresentando uma taxa muito maior que as demais. Analisando a evolução desta taxa isoladamente, pode-se aferir uma redução dos valores, o que representa atuação de atividades de segurança no trabalho.

Um comportamento similar foi observado quanto às taxas de acidentes típicos, que nesta última década aproximadamente, houve uma queda da incidência de acidentalidade. Mesmo esses dados serem promissores, ainda muito à de ser feito em termos de saúde e segurança no trabalho. São as taxas de mortalidade que ainda indicam uma evolução em quase todas as divisões em decorrência do pequeno número de trabalhadores e do alto risco de ocorrência de acidentes graves e fatais.

Portanto, identificar o tipo de acidentes e os resultados desses acidentes poderia ajudar a descobrir qual setor vivencia relativamente mais acidentes ocupacionais. No entanto, o tipo de acidentes pode não só ser determinado por setor, mas também por classificação de atividade econômica. Entendem-se ao término deste estudo a relevância em se operar as atividades principalmente em locais de processamento de produtos cárneos, com ferramentas que auxiliem na segurança e saúde dos trabalhadores, de modo que permita a manutenção de sua integridade física e mental.

Referências

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