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ACIDENTALIDADE NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS POR ANO E REGIÃO

Segundo dados da RAIS (2015) do Ministério do Trabalho e Emprego, no ano de publicação, entre os setores da indústria de transformação, aquele que mais empregava era o de alimentos (21,3% dos empregados formais na indústria de transformação), seguido pelo de confecções de artigos do vestuário e acessórios (8,6%) e, em terceiro lugar, o setor de produtos de metal (6,3%).

Ainda ao analisarmos os principais centros industriais do país, tem-se que em São Paulo, os setores que se destacaram em 2015 em relação à população ocupada na indústria de transformação do Estado foram: alimentos, com 15,9% do emprego formal na indústria de transformação do Estado; veículos automotores, carroceria e autopeças, com 9,7%; produtos de borracha e material plástico e produtos de metal, com 7,6% cada. Em Minas Gerais, o setor que mais empregava era o de alimentos (22,3%), seguido por confecções de artigos do

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vestuário e acessórios (9,3%) e metalurgia (7,8%). Já no Rio Grande do Sul, o setor que mais empregava era o de alimentos (19,2%), seguido pelo de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (16,7%) e, em terceiro lugar, pelo de máquinas e equipamentos e produtos de metal (8,8% cada). No Paraná, o setor que mais empregava era o de alimentos (29,5%), seguido pelo de confecções de artigos do vestuário e acessórios (9,3%) e pelo de móveis (5,9%). Em Santa Catarina, o setor que mais empregava era o de alimentos (17,1%), seguido pelo de confecção de artigos do vestuário e acessórios (17,0%) e, em terceiro lugar, pelo de produtos têxteis (8,6%).

Mediante o exposto, é possível inferir que a concentração de indústrias de transformação de alimentos é mais pronunciada na região sul do Brasil. Ao analisarmos esses dados, observa-se que na região sul, tem-se a atividade do setor alimentício como uma das principais atividades industriais, sendo base da economia de diversos municípios, por vezes por serem estas as cidades sede de algumas das grandes empresas do setor.

A Tabela 4 apresenta o número de acidentes de trabalho por região dentro do período de 2009 e 2016. Observa-se a maior incidência de eventos para as regiões sudeste e sul do país, corroborando com os dados anteriores, quanto à maior concentração de unidades fabris nessas localidades.

Tabela 4 – Número de acidentes de trabalho por região*

Região 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total Centro- Oeste 51.3 47.7 48.3 49.5 51.7 50.9 45.5 44.1 395.3 Norte 31.1 29.7 31.7 32.2 31.8 31.8 28.2 24.9 241.4 Nordeste 92.1 91.2 93.7 90.5 88.1 87.5 74.8 68.8 686.7 Sudeste 392.4 382.2 391.3 390.9 394.7 383.1 334.8 310.8 2980.2 Sul 166.4 158.4 155.4 150.5 159.2 159.0 138.8 130.2 1.217.9 Total 733,3 709,2 720,4 713,6 725,5 712,3 622,1 578,8 5515,20 *Os valores expressos acima devem ser multiplicados por mil

Fonte: AEPS (2016)

Ao olharmos para a distribuição dos setores industriais entre estados, podemos destacar que o setor de alimentos, aparece entre os três principais setores em quantidade de empregados formais em todos os Estados, exceto no Amazonas. Assim, além de ser um setor

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de bastante peso no emprego industrial (21,3% do emprego industrial brasileiro), ele também é bastante desconcentrado regionalmente. No entanto, analisando as principais regiões industrializadas e cruzar esses dados com o número de acidentes por região, conforme Tabela 4, é possível estabelecer uma proporção de acidentes ao setor de transformação de alimentos para o ano de 2015 conforme apresentado na Tabela 5.

Tabela 5 – Número de acidentes na indústria de alimentos no ano de 2015 para os principais estados industrializados

Estados 2015

São Paulo 53.2

Rio Grande do Sul 26.6

Santa Catarina 23.7

Paraná 40.9

Total 144.4

*Os valores expressos acima devem ser multiplicados por mil Fonte: AEPS (2016)

Identificar a origem e o tipo de acidentes pode ajudar a descobrir qual setor vivencia relativamente mais acidentes ocupacionais dentro da cadeia industrial de alimentos. No entanto, o tipo de acidente pode não ser apenas função do ambiente de trabalho, mas também por fatores externos à empresa, como funcionários e suas condições de vida. Como resultado, se esses fatores puderem ser identificados, as fontes dos acidentes poderiam ser determinadas. Por exemplo, os acidentes podem ser causados por inexperiência por parte dos funcionários, treinamento inadequado e condições ruins no trabalho, bem como no translado de casa para o trabalho, estresse e outros fatores.

Para identificar as variáveis que afetam o tipo de acidentes no setor manufatureiro e possibilitar uma ação mais pontual, fatores antecedentes do acidente em níveis variáveis que maximizam o grau de probabilidade do tipo de acidentes (ALTUNKAYNAK, 2018), devem ser analisados. Para tanto o tratamento de dados em função do histórico registrado é dado como uma importante ferramenta nesse quesito.

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5.2.1 Taxas de acidentalidade na indústria de alimentos

Indicadores de acidentes do trabalho são utilizados para mensurar a exposição dos trabalhadores aos níveis de risco inerentes à atividade econômica, permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências históricas dos acidentes e seus impactos nas empresas e na vida dos trabalhadores. Além disso, fornecem subsídios para o aprofundamento de estudos sobre o tema e permitem o planejamento de ações nas áreas de segurança e saúde do trabalhador (AEPS, 2016).

Os indicadores publicados a seguir são os seguintes: Taxa de incidência de Acidentes pelo Total de Trabalhadores (T1), Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes (T2), Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de Trabalhadores (T3), Taxa de Mortalidade pelo Total de Trabalhadores (T4). Esses indicadores estão descritos abaixo na Tabela 6.

Tabela 6 - Taxas de acidentalidade nas indústria de alimentos por ano

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 T1 0,0522 0,0444 0,0384 0,0358 0,0357 0,0368 0,0358 0,0376 T2 3,2182 3,0431 2,7534 2,7005 2,7430 2,9233 3,1482 3,3334 T3 0,9393 0,8578 0,8246 0,7907 0,7800 0,7602 0,7056 0,6892 T4 6,2125 6,2471 6,3441 5,8324 5,7345 5,4604 4,7403 4,0596 Fonte: o autor

Número de acidentes do trabalho, por mil trabalhadores segurados da Previdência Social, em determinado espaço geográfico, no ano considerado refere-se à taxa de incidência de acidentes sob o total de trabalhadores. São aqueles eventos decorrentes das características da atividade profissional desempenhada (acidentes de trabalho típicos) e os ocorridos no percurso entre a residência e o local de trabalho e vice-versa (acidentes de trabalho de trajeto). São considerados trabalhadores segurados da Previdência Social apenas os que possuem cobertura contra incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho. A Tabela 7 reporta os dados da T1 para atividades da indústria de alimentos.

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Tabela 7 – Taxa de incidência de acidentes pelo total de trabalhadores por CNAE

CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 1111-9 0,018 0,015 0,013 0,012 0,010 0,012 0,008 0,007 1112-7 0,009 0,005 0,005 0,006 0,006 0,007 0,005 0,004 1113-5 0,083 0,091 0,072 0,057 0,050 0,034 0,030 0,030 1122-4 0,133 0,122 0,118 0,105 0,102 0,086 0,072 0,061 1011-1 0,314 0,267 0,246 0,243 0,260 0,203 0,215 0,243 1012-1 0,585 0,463 0,425 0,396 0,406 0,404 0,391 0,377 1051-1 0,015 0,014 0,012 0,013 0,016 0,011 0,013 0,013 1052-0 0,079 0,067 0,066 0,065 0,064 0,058 0,068 0,076 1091-1 0,095 0,092 0,099 0,096 0,103 0,073 0,078 0,084 1091-5 0,049 0,042 0,038 0,036 0,036 0,031 0,035 0,031 1092-9 0,037 0,035 0,038 0,038 0,050 0,038 0,035 0,031 1093-7 0,047 0,038 0,043 0,042 0,044 0,035 0,031 0,032 1095-3 0,010 0,008 0,009 0,009 0,009 0,006 0,006 0,007 1096-1 0,003 0,004 0,004 0,005 0,007 0,006 0,006 0,006 1099-6 0,091 0,824 0,082 0,083 0,085 0,067 0,065 0,065 Fonte: o autor

Os dados apresentados permitem identificar as principais atividades dentro da Classificação de atividade econômica, responsáveis pelas maiores taxas de acidentalidade na indústria de alimentos. O setor de abate de suínos e aves (CNAE 1012-1) possui as maiores taxas, representando quase o dobre dos valores para a segunda maior taxa de incidência de acidentes, atribuída ao setor de abate de reses e bovinos (CNAE 1011-1). O que fica claro com esse levantamento é que o setor de frigoríficos da grande área de produção de alimentos é o maior responsável pela incidência de acidentes.

Os números apresentados até agora, não nos permitiram ter uma visão mais aprofundada sobre o assunto, pois tratam de valores absolutos. Estes valores tendem a acompanhar as mesmas variações da população estudada, já que o tamanho da população exposta ao risco determina o risco de adoecimento ou acidentalidade ocupacional. Por isso, para que tenhamos uma melhor compreensão do fenômeno em estudo, é preciso trabalhar com taxas de incidência em conjunto com os demais indicadores possíveis de serem obtidos.

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Dentre eles estão as taxas de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes (T2), conforme apresentado através da Tabela 8.

Tabela 8 - Taxa de incidência de acidentes na indústria de alimentos pelo Total de Acidentes (T2) CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 1111-9 0,058 0,051 0,044 0,042 0,037 0,045 0,031 0,028 1112-7 0,028 0,019 0,019 0,021 0,021 0,026 0,019 0,016 1113-5 0,265 0,313 0,253 0,205 0,177 0,125 0,126 0,123 1122-4 0,423 0,422 0,414 0,375 0,360 0,319 0,300 0,255 1011-1 0,998 0,923 0,865 0,867 0,920 0,752 0,893 1,015 1012-1 1,856 1,599 1,496 1,413 1,436 1,496 1,627 1,573 1051-1 0,049 0,048 0,043 0,046 0,056 0,042 0,054 0,054 1052-0 0,250 0,230 0,232 0,230 0,227 0,213 0,284 0,315 1091-1 0,302 0,319 0,347 0,344 0,363 0,271 0,322 0,350 1091-5 0,155 0,144 0,135 0,129 0,127 0,116 0,147 0,131 1092-9 0,117 0,122 0,135 0,135 0,178 0,141 0,145 0,127 1093-7 0,148 0,131 0,150 0,150 0,155 0,128 0,129 0,134 1095-3 0,031 0,028 0,031 0,033 0,032 0,024 0,025 0,030 1096-1 0,009 0,015 0,015 0,019 0,025 0,024 0,025 0,027 1099-6 0,289 2,844 0,288 0,295 0,300 0,247 0,270 0,271 Fonte: o autor

A Tabela 8 mostra a taxa de incidência de acidentes segundo a classe do CNAE relacionada aos resíduos dividida pelo total de trabalhadores do setor da indústria de transformação. Os resultados apontam redução na taxa de incidência ao longo do período estudado. Apesar dos valores variarem no decorrer dos anos, a classe de atividade econômica correspondente ao setor de frigoríficos é o que apresenta as maiores taxas de incidência, com média de registro. Ou seja, o mercado de trabalho que se tornou uma das maiores fontes econômicas, principalmente na região sul, onde especialmente Santa Catarina atende por uma significativa parcela das exportações de carne, ainda é responsável pela maior taxa de acidentalidade dos postos de trabalho na indústria de transformação.

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Esse comportamento fica mais perceptível ao analisarmos os dados referentes às taxas de incidência de acidentes típicos pelo total de trabalhadores (T3). A dificuldade desta medida está na escolha de seu denominador. Dessa forma, a subdivisão da população exposta ao risco é neste estudo expressa pela massa de trabalhadores ligados às atividades da indústria de transformação de alimentos. Ainda os dados levados estão vinculados às classes de atividades econômicas da grande área de alimentos. Desta forma, são considerados no denominador apenas os trabalhadores com cobertura contra os riscos decorrentes de acidentes do trabalho. São apresentados na Tabela 9 os resultados encontrados mediante o estudo com base nos dados obtidos através da AEPS (2016).

Tabela 9 - Taxa de incidência de Acidentes Típicos pelo Total de Trabalhadores (T3) CNAE 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 1111-9 0,101 0,087 0,075 0,071 0,061 0,074 0,051 0,046 1112-7 0,048 0,032 0,032 0,035 0,036 0,043 0,030 0,026 1113-5 0,457 0,533 0,427 0,343 0,296 0,206 0,204 0,201 1122-4 0,731 0,718 0,701 0,627 0,602 0,528 0,484 0,418 1011-1 1,724 1,569 1,462 1,453 1,537 1,244 1,442 1,659 1012-1 3,207 2,718 2,529 2,367 2,399 2,476 2,625 2,571 1051-1 0,085 0,082 0,073 0,077 0,093 0,070 0,086 0,088 1052-0 0,433 0,392 0,393 0,386 0,379 0,352 0,458 0,515 1091-1 0,521 0,543 0,587 0,575 0,607 0,449 0,520 0,573 1091-5 0,268 0,245 0,229 0,217 0,213 0,192 0,238 0,214 1092-9 0,203 0,208 0,228 0,226 0,298 0,233 0,234 0,208 1093-7 0,255 0,222 0,253 0,251 0,259 0,212 0,208 0,219 1095-3 0,053 0,047 0,052 0,056 0,053 0,040 0,040 0,049 1096-1 0,016 0,025 0,026 0,032 0,042 0,039 0,041 0,043 1099-6 0,500 4,836 0,486 0,495 0,502 0,408 0,436 0,443 Fonte: o autor

Diante do exposto, a Tabela 9 apresenta as taxas de acidentes típicos registrados dentre o total de trabalhadores ocorridos anualmente no Brasil, para as diferentes classificações de atividade econômica, conforme relação estudada. Assim, como anteriormente visualizado, a variação de acidentes típicos praticamente seguiu a mesma tendência da variação do total de

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trabalhadores no período. Mesmo com as oscilações, o que se observou é que ocorreu uma pequena variação na taxa se analisarmos ao longo do período. Porém vale ressaltar que no intervalo de tempo estudado, houve uma diminuição de cerca de 20% para as maiores taxas encontradas. Quando falamos de acidentes, são aqueles eventos que resultam em perdas, sejam por custos financeiros ou de saúde, significativos para as empresas, o trabalhador e a sociedade em geral. São custos variáveis por tipo de acidente e são mais elevados à medida que a duração da licença por doença resultante do acidente aumenta. Os dias de trabalho perdidos devido a lesões relacionadas ao trabalho foram propostos como uma métrica alternativa para avaliar a segurança no local de trabalho (COLEMAN; KERKERING, 2007).

Os dados levantados permitem ainda fazer um relação com a criação e regulamentação oficial da normativa NR-36. A norma que entrou em vigor em 2013 obriga o empregador a adotar meios técnicos e organizacionais para reduzir os esforços nas atividades de manuseio de produtos, levantamento, transporte, descarga, manipulação e armazenamento de produtos, partes de animais e materiais. Além disso, relaciona orientações quanto à condições ambientais, gerenciamento de riscos e treinamento dos colaboradores. São todas ações que visam a melhor qualidade do produto final, mas também representam uma grande preocupação quanto ao trabalhador. Reflexo da implantação dessa normativa pode ser atribuído a queda das taxas de incidência de acidentalidade nos setores englobados na norma, para os anos subsequentes ao ano de implantação desta.

Dessa forma, as taxas analisadas são indicadores de necessidade de maior atenção para fortalecer a economia do país, tendo em vista um mercado que representa grande percentual de atuação para o PIB. Mas também, este estudo releva que o mesmo setor de grande importância no país é também o que mais contribui com afastamentos e lesões decorrentes da atividade em postos de trabalho. Ou seja, condições inseguras de trabalho, falta de treinamento de segurança e supervisão adequada que contribuem para o risco de acidentes e por ventura até o óbito (SÁMANO-RÍOS et al., 2019). A Figura 3 relacionada a taxa de óbito na indústria de transformação.

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Figura 3 – Taxa de Mortalidade pelo total de trabalhadores

Fonte: o autor

Fatores temporais, como o dia da semana, a hora do dia de trabalho (número de horas de trabalho concluídas pelo trabalhador quando o acidente ocorreu) e a hora do dia (entre 0 e 24) podem ser relacionados à gravidade do problema. Acidentes no setor de construção na Espanha, o percentual de acidentes graves aumenta à medida que a semana passa (CAMINO LÓPEZ et al., 2011). Além disso, uma maior duração de licença médica após acidentes ocorre nos finais de semana (MORAL; CORRALES-HERRERO; MARTÍN ROMÁN, 2012). A gravidade do acidente é maior em determinados momentos do dia, principalmente após o almoço (CAMINO LÓPEZ et al., 2011) e após a sexta hora do dia de trabalho (MORAL; CORRALES-HERRERO; MARTÍN ROMÁN, 2012).

De qualquer forma, o que a Figura 3 apresenta são valores que não correspondem ao esperado para atividades que envolvem trabalhadores. No período estudado é observado que a taxa de mortalidade aumentou, com pico no ano de 2014. Esse comportamento pode estar relacionado com fatores genéricos de risco, aumentando o prejuízo no trabalho em qualquer idade. Ou seja, condições inseguras de trabalho, falta de treinamento de segurança e supervisão adequada contribuem para o risco de lesões, independentemente da idade (SÁMANO-RÍOS et al., 2019).

Em sistemas industriais complexos e tecnológicos, se algumas variáveis de controle saírem de sua faixa natural, isso pode ser visto como um sinal de uma falha de equipamento ou um desvio de um processo. Para enfrentar este tipo de eventos e / ou evitar o escalonamento de um incidente ou acidente, é comum implementar barreiras de segurança

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cuja função pode ser classificada como preventiva (diminuindo a probabilidade de ocorrência) ou protetora (reduzindo a gravidade das conseqüências). Se a função não for cumprida, significa a falha da barreira de segurança, resultando muitas vezes em conseqüências catastróficas para pessoas, propriedades ou meio ambiente (SOBRAL; GUEDES SOARES, 2019).

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6 CONCLUSÃO

Estes dados tratados proporcionam ao profissional da Engenharia e Segurança do Trabalho uma visão prevencionista, de modo a permitir uma estratégia para abordagem de ações subsequentes. Ao realizar o estudo de acerca do setor de transformação de alimentos, no período de 2009 a 2016, foi possível inferir que os setores frigoríficos (suínos, aves e bovinos) correspondem pelos maiores percentuais de acidentalidade no país.

A subdivisão por região se dá em função das características das indústrias de transformação com maior representatividade no retorno econômico, sendo para a grande área de alimentos, as regiões sudeste e sul as mais significativas neste quesito.

A avaliação da taxa de incidência de acidentes demonstrou que a classificação de atividade econômica de número 1012-1 se destacou entre as demais atividades do grupo dos serviços de abate de animais, apresentando uma taxa muito maior que as demais. Analisando a evolução desta taxa isoladamente, pode-se aferir uma redução dos valores, o que representa atuação de atividades de segurança no trabalho.

Um comportamento similar foi observado quanto às taxas de acidentes típicos, que nesta última década aproximadamente, houve uma queda da incidência de acidentalidade. Mesmo esses dados serem promissores, ainda muito à de ser feito em termos de saúde e segurança no trabalho. São as taxas de mortalidade que ainda indicam uma evolução em quase todas as divisões em decorrência do pequeno número de trabalhadores e do alto risco de ocorrência de acidentes graves e fatais.

Portanto, identificar o tipo de acidentes e os resultados desses acidentes poderia ajudar a descobrir qual setor vivencia relativamente mais acidentes ocupacionais. No entanto, o tipo de acidentes pode não só ser determinado por setor, mas também por classificação de atividade econômica. Entendem-se ao término deste estudo a relevância em se operar as atividades principalmente em locais de processamento de produtos cárneos, com ferramentas que auxiliem na segurança e saúde dos trabalhadores, de modo que permita a manutenção de sua integridade física e mental.

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REFERÊNCIAS

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