PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL
ACÓRDÃO Nº 3906
Classe: 38 – Registro de Candidatura Num. Processo: 1793-24
Assunto: REGISTRO DE CANDIDATURA - RRC - CANDIDATO - CARGO - DEPUTADO DISTRITAL
Requerente: COLIGAÇÃO UM NOVO CAMINHO (PSB / PC DO B)
Interessado: JAIME DE ARAUJO GOES RECENA GRASSI, CARGO DEPUTADO DISTRITAL
Advogada: DRA. CAMILA NOGUEIRA DE RESENDE LOPES RIBEIRO – OAB/DF 26.486
Impugnante: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL HILTON QUEIROZ
EMENTA
PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA AO CARGO DE DEPUTADO DISTRITAL. IMPUGNAÇÃO. ACOLHIMENTO. 1. Configurado o motivo de inelegibilidade – ausência de quitação eleitoral quando do requerimento do registro, que não restou afastado por superveniente causa válida.
2. Não há falar-se em aplicação à espécie do princípio da proporcionalidade, pois não se cuida de sanção imposta ao candidato inelegível.
3. Procedência da impugnação. Indeferimento do registro.
Acordam os juízes do TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO
DISTRITO FEDERAL em julgar procedente a Ação de Impugnação de Registro de
Candidatura e indeferir o pedido de registro nos termos do voto do Relator. Decisão
UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e as notas taquigráficas.
Brasília (DF), em 10 de agosto de 2010.
Desembargador JOÃO MARIOSI Presidente
Desembargador Federal HILTON QUEIROZ Relator
RELATÓRIO
Cuida-se de pedido de registro de candidatura ao cargo de Deputado Distrital, formulado pela Coligação Um Novo Caminho (PSB/PC do B) em favor de Jaime de Araújo Goes Recena Grassi, que foi impugnado pelo Ministério Público Federal, com a seguinte fundamentação:
“A Coligação Um Novo Caminho (PSB/PC do B) protocolou pedido de registro de seus candidatos e junto com ele a documentação exigida em lei, autuada em anexo. Extrai-se dos autos do pedido de registro de candidatura que Jaime de Araújo Goes Recena Grassi não cumpriu com a condição de elegibilidade relativa à quitação eleitoral.
De acordo com a informação lançada pelo próprio TRE/DF à fl. 16 dos autos do pedido de registro de candidatura, o impugnado não está quite com a Justiça Eleitoral. A ausência de quitação deve-se à ausência às urnas.
É do art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97 que ‘a certidão de quitação
eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral.’
Veja, a propósito, que o seguinte precedente do e. TSE:
‘O e. Tribunal Superior Eleitoral, no julgamento do Processo Administrativo nº 19.905, da relatoria do e. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de 5.7.2004, fixou o conceito de quitação eleitoral na seguinte ementa:
'QUITAÇÃO ELEITORAL. ABRANGÊNCIA. PLENO GOZO DOS DIREITOS POLÍTICOS. EXERCÍCIO DO VOTO. ATENDIMENTO À CONVOCAÇÃO PARA TRABALHOS ELEITORAIS. INEXISTÊNCIA DE MULTAS PENDENTES. PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. REGISTRO DE SANÇÕES PECUNIÁRIAS DE NATUREZA ADMINISTRATIVA PREVISTAS NO CÓDIGO ELEITORAL E NA LEI N° 9.504/97. PAGAMENTO DE MULTAS EM QUALQUER JUÍZO ELEITORAL. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 11 DO CÓDIGO ELEITORAL.
O conceito de quitação eleitoral reúne a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, salvo quando facultativo, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, à inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, excetuadas as anistias legais, e à regular prestação de contas de campanha eleitoral. Quando se tratar de candidatos.
O controle da imposição de multas de natureza administrativa e da satisfação dos débitos correspondentes deve ser viabilizado em meio eletrônico, no próprio cadastro eleitoral, mediante registro vinculado ao histórico da inscrição do infrator.
É admissível, por aplicação analógica do art. 11 do Código eleitoral, o pagamento, perante qualquer juízo eleitoral, dos débitos decorrentes de sanções pecuniárias de natureza administrativa impostas com base no Código eleitoral e na Lei nº 9.504/97, ao qual deve preceder consulta ao juízo de origem sobre o quantum a ser exigido do devedor.
Extrai-se desse conceito que, para obter certidão de quitação eleitoral, o eleitor deve estar em pleno gozo dos direitos políticos, ter votado regularmente, atendido às convocações da Justiça Eleitoral, prestado contas das campanhas eleitorais nas quais concorreu e pago multas eleitorais quando devidas.
A aludida quitação consiste em condição de elegibilidade e deve ser comprovada mediante informações constantes dos bancos de dados da Justiça Eleitoral (...}’.
(TSE, Consulta nº 1.576, Classe 5ª , ReI. Min. Felix Fischer, DJ de 21/05/2008) [grifo nosso] (DOC. 05)
Conclui-se que a quitação eleitoral constitui condição de elegibilidade, nos termos do art. 14, § 3º, II, da CF/88, e que a sua ausência acarreta a impossibilidade do registro de candidatura do faltoso com a Justiça Eleitoral.
No mesmo sentido, o e. Ministro José Delgado, no voto condutor do acórdão proferido no RESPE nº 26.399, Classe 22ª, DJ de 20.09.06, assim entendeu:
‘Neste passo, por considerar o panorama que exsurge dos autos, não merece retoques a decisão regional (fls. 184/185): Por outro lado, entretanto, verifica-se que o candidato não se encontra quites com a Justiça Eleitoral, uma vez que possui multa eleitoral registrada em seu desfavor, como demonstram os documentos de fls. 122/143. Nos termos do § 3º, inciso V [sic], do art. 14 da Constituição Federal, é condição de elegibilidade o pleno exercício dos direitos políticos. Por sua vez, o inciso VI do § 1º do art. 11 da Lei n. 9.504/97 estabelece que, ao requerer a inscrição de candidatura, os partidos ou coligações apresentarão certidão de quitação eleitoral do candidato.
A ausência desse requisito é causa de indeferimento de registro, porquanto acarreta a restrição ao pleno exercício dos direitos políticos, como se pode ver do v. Acórdão citado pelo Ministério
Público eleitoral em sede de alegações finais, verbis:
‘O conceito de quitação eleitoral reúne a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, salvo quando facultativo, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, excetuadas as anistias legais, e à regular prestação de contas de campanha eleitoral, quando se tratar de candidatos. (Res. 21.823 - ReI. Min. Francisco Peçanha Martins - DJ 05.07.04).’ [grifo nosso].’
III - DO PAGAMENTO DA MULTA APÓS O REGISTRO DE CANDIDATURA
da multa por ausência do exercício regular do voto em 2006, conforme comprovante juntado à fl. 45 dos autos, e obtido certidão de quitação eleitoral na mesma data (fl. 46).
Como bem ressaltado no primeiro tópico, a jurisprudência do TSE é firme no sentido de que as condições de elegibilidade devem ser avaliadas no instante do requerimento do registro e, no caso, é evidente que o candidato não estava quite com a Justiça Eleitoral no momento adequado, ou seja, em 5.07.2010.
Sobre o tema, segue o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, proferido em análise de consulta em matéria semelhante à versada nos autos:
CONSULTA. DÉBITO DECORRENTE DE APLICAÇÃO DE MULTA
ELEITORAL. PARCELAMENTO. CERTIDÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL. POSSIBILIDADE. REQUERIMENTO E CUMPRIMENTO ATÉ A DATA DO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA.
1. O parcelamento de débitos oriundos da aplicação de multas eleitorais possibilita o reconhecimento da quitação eleitoral, desde
que requerido e regularmente cumprido até a data da formalização do pedido de registro de candidatura.
2. Consulta respondida afirmativamente.
(Consulta nº 31743, Resolução nº 23230 de 23/03/2010, Relator(a) Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 10/05/2010, Página 32/33 ) [grifado]
Assim, o pagamento da referida multa pelo impugnado não representa alteração fática ou jurídica superveniente, para fins do § 10 do art. 11 da Lei nº 9.504/97, haja vista que já norma específica disciplinando seu termo ad quem, qual seja: comprovado pagamento da multa ou seu parcelamento ‘até a data da formalização do seu pedido de registro de candidatura’ (Art. 11, § 8º, inciso I da Lei nº. 9.504/97)” (fls. 54/58).
Pede o indeferimento do pedido de registro.
O impugnado contestou (fls. 32/41), do que destaco:
“II – DA VERDADE DOS FATOS
Do compulsar dos autos verifica-se que o candidato não comprovou a quitação eleitoral pela ausência às urnas nas eleições de 2006, fato que enseja multa no valor de R$ 3,51 (três reais e cinquenta e um centavos).
Todavia, cumpre observar que o pagamento da aludida multa cujo valor é irrisório - somente não foi pago antes do pedido de registro da candidatura, pelo fato do candidato ter recebido informação, no dia 30/05/2010, da atendente do Cartório Eleitoral de que poderia pagar a aludida taxa até o dia 30 de setembro de 2010. Todavia, não restou consignado que tal prazo se aplica tão somente aos eleitores e não
aos candidatos.
Com efeito, tão logo tomou conhecimento do grande equívoco ocorrido - que pela falta do pagamento da multa comezinha de R$ 3,51 (três reais e cinquenta centavos), poderia ensejar a mácula de
sua candidatura à Deputado Distrital para o pleito de 2010 -
imediatamente se deu por citado nos autos em tela e nesse mesmo dia (14/07/2010) efetuou o pagamento da supracitada multa e obteve, consequentemente, a emissão da CERTIDÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL (documentos em anexo), único documento
faltante para o devido registro da candidatura do impugnado.
Logo, a questão cinge-se em saber se a obtenção da certidão de quitação eleitoral emitida pela Justiça Eleitoral após a formalização do pedido de registro da candidatura constitui alteração fática superveniente, que, nos termos da atual redação do artigo 11 da lei 9.504/97, parágrafo 10, dispõe categoricamente que a inelegibilidade ficará afastada por questões fáticas ou jurídicas supervenientes. O afastamento da inelegibilidade é a situação posta em tela, conforme restará demonstrado a seguir e cabalmente comprovado nos autos pela emissão de certidão de quitação eleitoral.
III – DA ALTERAÇÃO FÁTICA SUPERVENIENTE
Ora, resta evidente que a emissão superveniente de QUITAÇÃO
ELEITORAL emitida por este Egrégio Tribunal Regional Eleitoral,
possui o condão de afastar a malfada impugnação requerida pelo Douto Ministério Público Eleitoral.
Vislumbra-se da documentação carreada aos autos, que o candidato é cidadão probo, íntegro e que não possui qualquer impedimento legal para obter o devido registro de sua candidatura a Deputado Distrital.
É bem verdade que a ausência às urnas implica pagamento de multa no valor de R$ 3,51 (três reais e cinquenta e um centavo) sendo necessário seu pagamento para estar em pleno gozo dos direitos políticos, exercer o direito de voto e ser votado.
Destarte, a quitação eleitoral do impugnado em comento já pode ser atestado pelas informações constantes dos bancos de dados da Justiça Eleitoral. Ou seja, impende seja reconhecida a alteração fática superveniente hábil a afastar completamente a alegação de impedimento de registro de sua candidatura.” (fls. 33/35).
Invoca, ainda, o princípio de proporcionalidade, para afastar o impedimento. Desnecessária a produção de prova oral, as partes apresentaram suas alegações finais; o impugnante, nas fls. 50/58; o impugnado, nas fls. 78/84.
É o relatório.
HOUVE SUSTENTAÇÃO ORAL POR PARTE DA SENHORA
ADVOGADA CAMILA NOGUEIRA DE RESENDE LOPES RIBEIRO –
OAB/DF 26.486, PATRONA DO IMPUGNADO.
VOTOS
Não tem razão o impugnado, como bem demonstra o impugnante, ao discorrer, nas alegações finais:
“A Coligação Um Novo Caminho (PSB/PC do B) protocolou pedido de registro de seus candidatos e junto com ele a documentação exigida em lei, autuada em anexo. Extrai-se dos autos do pedido de registro de candidatura que Jaime de Araújo Goes Recena Grassi não cumpriu com a condição de elegibilidade relativa à quitação eleitoral.
De acordo com a informação lançada pelo próprio TRE/DF à fl. 16 dos autos do pedido de registro de candidatura, o impugnado não está quite com a Justiça Eleitoral. A ausência de quitação deve-se à ausência às urnas.
É do art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97 que ‘a certidão de quitação
eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral.’
Veja, a propósito, que o seguinte precedente do e. TSE:
‘O e. Tribunal Superior Eleitoral, no julgamento do Processo Administrativo nº 19.905, da relatoria do e. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de 5.7.2004, fixou o conceito de quitação eleitoral na seguinte ementa:
'QUITAÇÃO ELEITORAL. ABRANGÊNCIA. PLENO GOZO DOS DIREITOS POLÍTICOS. EXERCÍCIO DO VOTO. ATENDIMENTO À CONVOCAÇÃO PARA TRABALHOS ELEITORAIS. INEXISTÊNCIA DE MULTAS PENDENTES. PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA. REGISTRO DE SANÇÕES PECUNIÁRIAS DE NATUREZA ADMINISTRATIVA PREVISTAS NO CÓDIGO ELEITORAL E NA LEI N° 9.504/97. PAGAMENTO DE MULTAS EM QUALQUER JUÍZO ELEITORAL. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 11 DO CÓDIGO ELEITORAL.
O conceito de quitação eleitoral reúne a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, salvo quando facultativo, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, à inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, excetuadas as anistias legais, e à regular prestação de contas de campanha eleitoral. Quando se tratar de candidatos.
O controle da imposição de multas de natureza administrativa e da satisfação dos débitos correspondentes deve ser viabilizado em meio eletrônico, no próprio cadastro eleitoral, mediante registro vinculado ao histórico da inscrição do infrator.
É admissível, por aplicação analógica do art. 11 do Código eleitoral, o pagamento, perante qualquer juízo eleitoral, dos débitos decorrentes de sanções pecuniárias de natureza administrativa impostas com base no Código eleitoral e na Lei nº 9.504/97, ao qual deve preceder consulta ao juízo de origem sobre o quantum a ser exigido do devedor.
Extrai-se desse conceito que, para obter certidão de quitação eleitoral, o eleitor deve estar em pleno gozo dos direitos políticos, ter votado regularmente, atendido às convocações da Justiça Eleitoral, prestado contas das campanhas eleitorais nas quais concorreu e pago multas eleitorais quando devidas.
A aludida quitação consiste em condição de elegibilidade e deve ser comprovada mediante informações constantes dos bancos de dados da Justiça Eleitoral (...}’.
(TSE, Consulta nº 1.576, Classe 5ª , ReI. Min. Felix Fischer, DJ de 21/05/2008) [grifo nosso] (DOC. 05)
Conclui-se que a quitação eleitoral constitui condição de elegibilidade, nos termos do art. 14, § 3º, II, da CF/88, e que a sua ausência acarreta a impossibilidade do registro de candidatura do faltoso com a Justiça Eleitoral.
No mesmo sentido, o e. Ministro José Delgado, no voto condutor do acórdão proferido no RESPE nº 26.399, Classe 22ª, DJ de 20.09.06, assim entendeu:
‘Neste passo, por considerar o panorama que exsurge dos autos, não merece retoques a decisão regional (fls. 184/185): Por outro lado, entretanto, verifica-se que o candidato não se encontra quites com a Justiça Eleitoral, uma vez que possui multa eleitoral registrada em seu desfavor, como demonstram os documentos de fls. 122/143. Nos termos do § 3º, inciso V [sic], do art. 14 da Constituição Federal, é condição de elegibilidade o pleno exercício dos direitos políticos. Por sua vez, o inciso VI do § 1º do art. 11 da Lei n. 9.504/97 estabelece que, ao requerer a inscrição de candidatura, os partidos ou coligações apresentarão certidão de quitação eleitoral do candidato.
A ausência desse requisito é causa de indeferimento de registro, porquanto acarreta a restrição ao pleno exercício dos direitos políticos, como se pode ver do v. Acórdão citado pelo Ministério
Público eleitoral em sede de alegações finais, verbis:
‘O conceito de quitação eleitoral reúne a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, salvo quando facultativo, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, excetuadas as anistias legais, e à regular prestação de contas de campanha eleitoral, quando se tratar de candidatos. (Res. 21.823 - ReI. Min. Francisco Peçanha Martins - DJ 05.07.04).’ [grifo nosso].’
III - DO PAGAMENTO DA MULTA APÓS O REGISTRO DE CANDIDATURA
O pedido de registro de candidatura do impugnado não pode ser deferido pelo fato desse ter efetuado, em 14.07.2010, o pagamento da multa por ausência do exercício regular do voto em 2006, conforme comprovante juntado à fl. 45 dos autos, e obtido certidão de quitação eleitoral na mesma data (fl. 46).
Como bem ressaltado no primeiro tópico, a jurisprudência do TSE é firme no sentido de que as condições de elegibilidade devem ser
evidente que o candidato não estava quite com a Justiça Eleitoral no momento adequado, ou seja, em 5.07.2010.
Sobre o tema, segue o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, proferido em análise de consulta em matéria semelhante à versada nos autos:
CONSULTA. DÉBITO DECORRENTE DE APLICAÇÃO DE MULTA
ELEITORAL. PARCELAMENTO. CERTIDÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL. POSSIBILIDADE. REQUERIMENTO E CUMPRIMENTO ATÉ A DATA DO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA.
1. O parcelamento de débitos oriundos da aplicação de multas eleitorais possibilita o reconhecimento da quitação eleitoral, desde
que requerido e regularmente cumprido até a data da formalização do pedido de registro de candidatura.
2. Consulta respondida afirmativamente.
(Consulta nº 31743, Resolução nº 23230 de 23/03/2010, Relator(a) Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 10/05/2010, Página 32/33 ) [grifado]
Assim, o pagamento da referida multa pelo impugnado não representa alteração fática ou jurídica superveniente, para fins do § 10 do art. 11 da Lei nº 9.504/97, haja vista que já norma específica disciplinando seu termo ad quem, qual seja: comprovado pagamento da multa ou seu parcelamento ‘até a data da formalização do seu pedido de registro de candidatura’ (Art. 11, § 8º, inciso I da Lei nº. 9.504/97)” (fls. 54/58).
Acrescento que não há falar-se em aplicação do princípio da proporcionalidade não é sanção que com ele se compatibilize.
À vista do exposto, julgo procedente a impugnação e indefiro o pedido de registro de candidatura de Jaime de Araújo Goes Recena Grassi ao cargo de Deputado Distrital.
É o voto.
O Senhor Juiz JOSÉ CARLOS SOUZA E ÁVILA - vogal:
Acompanho o relator.
O Senhor Desembargador MARIO MACHADO - vogal:
Acompanho o relator.
O Senhor Juiz EVANDRO PERTENCE - vogal:
O Senhor Juiz RAUL SABOIA - vogal:
Acompanho o relator.
O Senhor Juiz LUCIANO VASCONCELLOS - vogal:
Acompanho o relator.
DECISÃO
Indeferiu-se o pedido de registro, nos termos do voto do relator. Em 10 de agosto de 2010.