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Análise Do Consumo Final De Energia Secundária No Brasil No Período De 1990 Á 2012

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Análise Do Consumo Final De Energia Secundária No Brasil No Período De

1990 Á 2012

Alciênia Silva Albuquerque (1); Carlos Roberto de Lima (2); Walleska Pereira Medeiros (1);

Gyacon Yury da Costa Soares (1); Fabio Rodrigues Ramos(1).

(1) Graduandos em Engenharia Florestal; Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos-PB;

E-mail: alcienia_albuquerque@hotmail.com; walleskap@hotmail.com; yury22@live.com; facavn@gmail.com;

(2)Professor, UFCG/ Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos-PB; E-mail:

crlima16@hotmail.com

RESUMO

A madeira, na sua forma direta como lenha ou do seu derivado, o carvão vegetal, é combustível vital para o preparo de alimento para um enorme número de famílias e comunidades em diversas regiões do planeta. No consumo energético de madeira para energia, a produção de carvão vegetal se destaca, em decorrência da demanda existente pelo produto junto ao setor siderúrgico. Diante do exposto o presente trabalho teve como objetivo analisar o consumo final de energia secundária do Brasil no período de 1990 – 2012, assim como, avaliar a participação do carvão vegetal neste consumo. As análises dos dados foram feitas a partir de planilhas no Microsoft Excel 2007, onde foram utilizados os dados do consumo final de energia secundária de Balanço Energético Nacional. O carvão vegetal é usado como combustível para churrascarias, pizzarias, residências servindo como aquecedores, dentre outros e no setor industrial nacional tem importância na siderurgia (ferro-gusa e aço), alimentos, bebidas e na indústria de cerâmicas.

Palavras-chave: Planejamento energético, energia secundária, carvão vegetal. INTRODUÇÃO

Hoje a madeira ainda continua participando da matriz energética mundial, com maior ou menor intensidade, dependendo da região considerada. Seu uso é afetado por variáveis como: nível de desenvolvimento do país, disponibilidade de florestas, questões ambientais e sua competição econômica com outras fontes energéticas, como petróleo, gás natural, hidroeletricidade, energia nuclear, etc. (BRITO, 2007).

A madeira, na sua forma direta como lenha ou do seu derivado, o carvão vegetal, é combustível vital para o preparo de alimento para um enorme número de famílias e comunidades em diversas regiões do planeta (FAO, 2003).

No consumo energético da madeira para energia, a produção de carvão vegetal se destaca, em decorrência da demanda existente pelo produto junto ao setor siderúrgico. O Brasil é o maior produtor mundial de aço produzido com o emprego do carvão vegetal para fins de redução do minério de ferro (BRITO, 2007). O carvão vegetal provém da energia secundária, que são produtos energéticos

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resultantes dos diferentes centros de transformação que têm como destino os setores de consumo ou, eventualmente, outro centro de transformação (UHLIG, 2008).

Derivado da madeira o carvão vegetal tem potencial renovável utilizado em menor escala em países desenvolvidos, porém, ambientalmente correto por ser potencial competidor à redução do uso de combustíveis fósseis, suavizando as emissões dos gases do efeito estufa produzido pelos mesmos e matriz energética secundária para indústria, uso doméstico e agropecuário de países em desenvolvimento (BRITO, 2007).

A produção de carvão vegetal ocorre pela carbonização da madeira em fornos de alvenaria, em processos dispersos, pouco mecanizados e altamente dependentes de trabalho humano (UHLIG et. al., 2008). Esse produto no Brasil provém, predominantemente, da exploração de florestas nativas, apesar do aumento da importância do carvão de origem plantada (UHLIG, 2008).

Um dos problemas associados à produção do carvão vegetal no Brasil é a origem da matéria-prima. A produção de carvão a partir de florestas plantadas tem sido insuficiente para atender à demanda, o que tem implicado em maior pressão sobre os remanescentes florestais, em especial o Cerrado (DUBOC et al., 2008). A maioria dos plantios para produção de carvão vegetal está localizada em Minas Gerais, que concentrou, em 2004, 83,6% dos 115.580 ha de florestas energéticas do país, atendendo a 69% da demanda, em 2005 (IBGE, 2005).

No Brasil, a produção de carvão vegetal, é destinada ao atendimento da demanda de diversos segmentos da indústria (siderurgia, metalurgia, cimento, etc), bem como para utilização residencial urbana e rural. A principal utilização, no entanto, ocorre na indústria de siderurgia (BRITO, 1990).

O trabalho teve como objetivo analisar o consumo final de energia secundária do Brasil no período de 1990 – 2012 e avaliar a participação do carvão vegetal neste consumo.

MATERIAL E MÉTODOS

As análises dos dados foram feitas a partir de planilhas no Microsoft Excel 2007, onde foram utilizados os dados do consumo final de energia secundária de Balanço Energético Nacional ano base 2012 – BEN 2012.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados presentes nas tabelas e gráficos a seguir são representativos do consumo final de energia secundária no Brasil e foram apontados com base no balanço energético consolidado entre os anos de 1990 à 2012. Dados de combustíveis de madeira são freqüentemente provenientes de fontes secundárias, inconsistentes e de qualidade questionável, o que dificulta a comparação entre os países (IEA, 2006)

A Figura 1 mostra a variação dos energéticos secundários de maior consumo em toneladas equivalentes em petróleo – Tep., entre os anos de 1990 a 2012.

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Figura 1: Consumo final de energéticos secundários (BEN 2012).

É possível observar que o óleo diesel é o segmento de maior incremento anual, superando o consumo da eletricidade. A gasolina por sua vez, obteve crescimento significativo por volta de 2009, enquanto que o carvão vegetal manteve-se basicamente inalterado no decorrer dos anos, demonstrando pouca variação dentre os demais segmentos, tendo contribuído com valores entre 3,97 a 6,35 milhões de Tep.ano-1, tal fato demonstra a perda da relevância do carvão vegetal dentro do desenvolvimento econômico. Os dados evidenciam de certa forma a universalização do acesso à energia elétrica e combustíveis. Uhlig (2008) e Ramos et al. (2008) ao questionarem a relevância da lenha para a sustentação do padrão de vida de uma sociedade, mostram coerência em suas opiniões. Os dados a seguir são os valores percentuais dos produtos energéticos de maior consumo final, correlacionados ao total consumido dos energéticos secundários. Levando em consideração o consumo do setor secundário (Figura 2), observa-se que o óleo combustível teve uma queda considerável no consumo principalmente a partir do ano de 2005, dando maior abertura pra o uso do etanol e de outros produtos derivados do petróleo.

Figura 2: Consumo final energético secundário (%) com relação ao total secundário (BEN 2012).

O carvão vegetal mais uma vez mostra considerável redução, principalmente se observar seus valores no ano de 1990 e vinte anos após. Diante do exposto, podemos afirmar que a participação percentual do carvão vegetal no balanço energético do país vem decrescendo pelo simples fato de que

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nas ultimas três décadas, o Brasil vem focalizando no uso de derivados de petróleo e eletricidade, para assim atender as novas demandas energéticas. Embora o consumo do carvão vegetal tenha se mostrado decrescente, Uhlig (2008) afirma que mesmo com a industrialização e a introdução de combustíveis fósseis, a lenha e o carvão vegetal de origem nativa e plantada continuam sendo fontes importantes de energia nas residências e no setor produtivo, representando 12,9% do total da oferta de energia no Brasil.

Dados do IBGE (2006) mostram que o comércio de carvão vegetal em 2005 totalizou 5,5 milhões de toneladas e gerou 1,7 bilhão de reais em vendas.

Sabe-se que no Brasil, a madeira para energia sempre veio relacionada à produção de carvão vegetal, ao consumo residencial, ao consumo industrial e ao consumo agropecuário, tal idéia parte desde os princípios históricos. BRASIL (2006) afirma que o consumo de carvão vegetal está diretamente relacionado à indústria siderúrgica. Assim os dados obtidos através do BEN 2012 (Figura 3), mostram que durante os últimos 20 anos o consumo de energia secundaria no setor residencial não perdeu força, mantendo-se pouco alterado no decorrer dos anos analisados. Embora Brito & Cintra (2004) afirmem que o Brasil é o maior produtor mundial de aço, tendo como base o carvão vegetal para fins de redução do minério de ferro, os resultados da presente análise demonstram que o segmento de ferro-gusa e aço, apresentou considerado declínio entre os anos de 1990 a 2000, caindo de 87% para 73%, se reerguendo em 2005 para 96%, mas, voltando a cair posteriormente atingindo 65% em 2010, ano no qual o segmento teve sua menor representatividade entre os 20 anos analisados. Setores que desapareceram do cenário econômico a partir do ano 2000, foi os não-ferrosos e outros da metalurgia, dando espaço para o crescimento do setor de ferro-ligas.

Figura 3: Consumo de carvão vegetal pelos diversos segmentos do mercado brasileiro (BEN 2012).

CONCLUSÕES

O carvão vegetal é usado como combustível para churrascarias, pizzarias, e no aquecimento de residências, dentre outros.

Mesmo tendo pequena contribuição no balanço energético nacional, com cerca de 3% do consumo de energéticos secundários em 2010, não é tão menos importante que os demais energéticos secundários consumidos, o carvão vegetal é de suma importância para a economia brasileira.

No setor industrial nacional o carvão vegetal tem importância primordial na siderurgia (ferro-gusa e aço), a qual foi responsável por 65% de todo o consumo em 2010. Outros setores da economia que o consomem são ferro-ligas (12%); setor industrial (8%); além de alimentos, bebidas e nas indústrias

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de cimenteiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel. Atlas de energia elétrica do Brasil / 3. ed. – Brasília, 236 p. 2008.

BRASIL, MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Balanço Energético Nacional, Brasília, 2013, 153 pg.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Balanço Energético Nacional 2006: ano base 2005. Rio de Janeiro: EPE, 2006. 188 p.

BRASIL, Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2012 – Ano base 2011: Síntese do Relatório Final Rio de Janeiro: EPE, 2012 53 p.: 18 il.

BRITO, J. O.; CINTRA, T. C. Madeira para energia no Brasil: realidade, visão estratégica e demandas de ações. Biomassa & Energia, v. 1, n. 2, p. 157-163, 2004.

BRITO, J. O. O uso energético da madeira. Estudos Avançados. v.21, n.59, p.185-193, 2007. BRITO, J. O. Princípios de produção e utilização de carvão vegetal de madeira. Documentos florestais. v.9, p. 1-19, 1990.

DUBOC, E.; COSTA, C. J.; VELOSO, R. F.; OLIVEIRA, L. S.; PALUDO, A. Panorama atual da produção de carvão vegetal no Brasil e no Cerrado. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO CERRADO, 9. 2008, Brasília, DF. Desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e recursos naturais: Anais... Planaltina, DF: Embrapa Cerrado, 2008 CDROM.

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RAMOS, M. A; MEDEIROS, P. M.; ALMEIDA, A. L. S.; FELICIANO, A. L. P.; ALBUQUERQUE, U. P. Can wood quality justify local preferences for firewood in an area of caatinga (dryland) vegetation? Biomass and Bioenergy 32, p. 503- 509, 2008.

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UHLIG, A. Lenha e carvão vegetal no Brasil: balanço oferta-demanda e métodos para a estimação do consumo. Tese (Doutorado – Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia) – EP / FEA / IEE / IF da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. 124 p.: il.; 30 cm.

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