GAZETA DO POVO –
VIDA
E CIDADANIA
PERIGO
Metade das escolas
estaduais não tem
segurança contra
incêndios
Sem liberação do Corpo de Bombeiros, as instituições de ensino funcionam irregularmente, colocando em risco a vida dos alunos, funcionários e
professores
Publicado em 21/04/2012 | ANNA SIMAS, COLABOROU PEDRO BRODBECK
Mais da metade das 2.136 escolas estaduais do Paraná não tem a estrutura obrigatória de segurança contra incêndios, o que coloca em risco a vida dos alunos, professores e funcionários. A estimativa foi feita por engenheiros do Corpo de Bombeiros, segundo os quais os problemas são variados – entre eles está a ausência de sinalizadores de saída de emergência e de equipamentos básicos, como extintores e hidrantes, que, por lei, são obrigatórios em qualquer instituição de ensino.
Sem ferramentas para combater uma situação de perigo nem estrutura adequada para esvaziar o local em casos de emergência, as escolas não poderiam estar funcionando. “É necessário haver um certificado de vistoria e aprovação do Corpo de Bombeiros para que a prefeitura permita o funcionamento de um local público”, explica o engenheiro civil Emerson Luiz Baranoski, do Corpo de Bombeiros do Paraná.
Saídas de emergência da UTFPR levam estudantes a
“precipício”
As instituições de ensino superior de Curitiba também apresentam irregularidades quanto à estrutura de combate a incêndios. Faltam desde itens essenciais, como escada de emergência, até a entrega ao Corpo de Bombeiros de um Plano de Segurança, quesito obrigatório para vistoria e liberação de funcionamento
Saídas de emergência da
UTFPR levam estudantes a
“precipício”
Publicado em 21/04/2012 | ANNA SIMAS
As instituições de ensino superior de Curitiba também apresentam irregularidades quanto à estrutura de combate a incêndios. Faltam desde itens essenciais, como escada de emergência, até a entrega ao Corpo de Bombeiros de um Plano de Segurança, quesito obrigatório para vistoria e liberação de funcionamento. Das nove maiores instituições, quatro apresentam algum problema segundo o Corpo de Bombeiros: Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Uni-versidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil) e Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade).apresentam irregularidades quanto à estrutura de combate a incêndios. Faltam desde itens essenciais, como escada de emergência, até a entrega ao Corpo de Bombeiros de um Plano de Segurança, quesito obrigatório para vistoria e liberação de funcionamento. Das nove maiores instituições, quatro apresentam algum problema segundo o Corpo de Bombeiros: Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil) e Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade).
As instituições de ensino superior de Curitiba também apresentam irregularidades quanto à estrutura de combate a incêndios. Faltam desde itens essenciais, como escada de emergência, até a entrega ao Corpo de Bombeiros de um Plano de Segurança, quesito obrigatório para vistoria e liberação de funcionamento. Das nove maiores instituições, quatro apresentam algum problema segundo o Corpo de Bombeiros: Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil) e Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade).
O câmpus Ecoville da UTFPR, inaugurado no ano passado, não conta com autorização nem do Corpo de Bombeiros nem da prefeitura para funcionar. Os prédios não receberam certificado de vistoria dos bombeiros por apresentarem problemas de segurança, e obtiveram apenas aprovação do relatório ambiental na avaliação realizada pelo município. Entre os problemas mais críticos está a falta de escadas de incêndio em três dos quatro blocos prontos. Sem elas, as portas de emergência nos andares mais altos dão direto para um “abismo”. Segundo a UTFPR, a instalação das escadas ainda não foi feita por problemas com o processo de licitação.
Dentro das salas de aula existe uma espécie de poço por onde passam fios elétricos, telefônicos e tubulações. As portas que dão acesso a esses locais deveriam estar trancadas, mas não estão. “Pensamos que fosse um armário. Quando vimos era um buraco semelhante ao poço de um elevador. Alguém desavisado pode se machucar”, diz o estudante do curso de Tecnologia em Segurança do Trabalho Giovanni Yugi. De acordo com o assessor de desenvolvimento institucional da UTFPR, Vilson Ongaratto, a sede foi ocupada sem liberação porque alguns cursos que tiveram ampliação de vagas pelo Programa Federal de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) não tinham para onde ir. Ele também informou que está em andamento um processo de licitação para a compra de equipamentos de segurança.
A UTP, que enfrentou um incêndio no câmpus Champagnat em 2008, não tem nem o registro de solicitação de vistoria pelos bombeiros. A assessoria da instituição alegou que enviou um plano de segurança e que aguarda resposta.
A UniBrasil também não apresentou um plano de segurança, mas explica que está implantando um projeto de evacuação do prédio, em parceria com o Corpo de Bombeiros. A Uniandrade também foi procurada, mas até o fechamento desta edição não respondeu. Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Universidade Positivo (UP), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fae Centro Universitário e Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba) não estão na lista de instituições irregulares dos bombeiros.
Risco
O assessor de engenharia do Corpo de Bombeiros Sandro Marcos Mota explica que, quando ocorre um incêndio em locais com muitas pessoas, é comum que todos saiam correndo ao mesmo tempo. Se não houver ao menos uma porta de emergência adequada, o risco de morte é grande.
Providências
Programa de segurança nos colégios deve começar em dois meses
Está prevista para junho a implantação do Programa Defesa Civil nas Escolas (PDCE) que, segundo a Seed, pretende também agilizar as emissões dos alvarás de funcionamento das escolas. A ideia do programa, feito em parceria com o Corpo de Bombeiros, é adequar as
instituições de ensino ao código de segurança e promover palestras de prevenção e primeiros socorros com os alunos. Todas as escolas estaduais e as 395 Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) vão participar do projeto.
Além dos equipamentos de segurança, elas terão uma brigada escolar que vai capacitar professores e funcionários para agir em situações de risco. De acordo com a Seed, até o fim do ano as escolas terão a certificação de segurança.
A prefeitura de Curitiba, por meio de sua assessoria de imprensa, informa que a liberação do alvará para o funcionamento de uma escola é dado apenas quando a obra fica pronta. Depois disso, não há qualquer tipo de vistoria para saber se o local mantém os padrões de segurança, a menos que ocorra uma denúncia e a Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi), ligada à Secretaria Municipal de Urbanismo, promova uma inspeção no local. Além da liberação do Corpo de Bombeiros, são necessárias autorizações das secretarias municipais de Saúde, Trânsito e Educação.
Como regra geral, o novo Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do comando do Corpo de Bombeiros determina que todos os estabelecimentos abertos ao público, como escolas e shoppings, devam ter saída e iluminação de emergência, extintores, hidrantes e, em locais que abriguem mais de 100 pessoas, uma brigada de incêndio – grupos de funcionários treinados dentro de um estabelecimento para realizar atendimentos em situações de emergência.
Falta o básico
Como grande parte dos prédios das escolas estaduais é antiga e algumas reformas ocorreram ao longo do tempo, é comum andar pelos corredores e não encontrar ao menos um extintor. Acompanhada do técnico em segurança do trabalho Gabriel Corrêa Prado, a reportagem visitou três instituições escolhidas aleatoriamente: o Colégio Estadual Doutor Francisco de Azevedo Macedo, no Novo Mundo; o Colégio Estadual Barão do Rio Branco, no Centro; e a Escola Estadual Presidente Lamenha Lins, no Rebouças.
Nas três escolas visitadas faltavam todos os itens básicos do código de segurança. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Educação (Seed), a ausência das estruturas é explicada pela idade das escolas da rede, algumas com mais de 60 anos. A Seed também responsabiliza as instituições de ensino pelo problema, alegando que os colégios não aplicam adequadamente os recursos do Programa Fundo Rotativo – verbas que são repassadas mensalmente pela secretaria para pequenos reparos e serviços e cuja administração é feita pela própria direção da escola. Um funcionário do colégio Lamenha Lins, que prefere não ser identificado, rebate as acusações. “Não temos qualquer autonomia para comprar equipamentos de segurança. Tudo depende da Secretaria [Estadual] de Educação. Também não recebemos qualquer instrução sobre o que fazer em caso de incêndio”, afirma.