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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA KARINE IMACULADA NUNES DE CARVALHO

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA

KARINE IMACULADA NUNES DE CARVALHO

INOVAÇÃO NO SETOR ALIMENTÍCIO DO NORDESTE: O CASO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

SERRA TALHADA 2019

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KARINE IMACULADA NUNES DE CARVALHO

INOVAÇÃO NO SETOR ALIMENTÍCIO DO NORDESTE: O CASO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, sob orientação da professora Keila Sonalle Silva.

SERRA TALHADA 2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema Integrado de Bibliotecas da UFRPE Biblioteca da UAST, Serra Talhada - PE, Brasil.

C331i Carvalho, Karine Imaculada Nunes de

Inovação no setor alimentício do Nordeste: O caso do estado de Pernambuco / Karine Imaculada Nunes de Carvalho. – Serra Talhada, 2019.

101f.: il.

Orientador: Keila Sonalle Silva

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em bacharelado em Ciências Econômicas) – Universidade Federal Rural de Pernambuco. Unidade Acadêmica de Serra Talhada, 2019.

Inclui referência e apêndice.

1. Indústria alimentícia - Pernambuco. 2. Economia - inovação. 3. Teoria evolucionista. I. Silva, Keila Sonalle, orient. II. Título.

CDD 330

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KARINE IMACULADA NUNES DE CARVALHO

INOVAÇÃO NO SETOR ALIMENTÍCIO DO NORDESTE: O CASO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Monografia apresentada a Universidade Rural de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Aprovado em: ___/___/___.

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________________________________ Profª Keila Sonalle Silva

(Universidade Federal Rural de Pernambuco) Orientadora

________________________________________________________________

Profª Everlândia de Souza Silva (Universidade Federal Rural de Pernambuco)

________________________________________________________________

Profª Rachel Silva Almeida

(Universidade Federal Rural de Pernambuco)

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Dedico este trabalho ao meu avô Enoque Rodrigues Nunes (in memoriam).

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, agradeço a Deus pela oportunidade ter cursado essa graduação, e por todas as bênçãos. Toda honra a Ele! À Maria Santíssima pelo regaço acolhedor e por ser medianeira.

Aos meus pais Aparecida Nunes e José Carlos Carvalho, por compartilhar deste sonho comigo e por se esforçar incansavelmente para que eu conseguisse realizá-lo. Pelo investimento em mim e no meu potencial. Pela compressão, por tudo!

À minha irmã Carla Nunes, por torcer pelo meu sucesso em todos os momentos e se fazer presente durante esta jornada.

À toda a família Nunes, que compreenderam todas as vezes que precisei estar ausente para me dedicar à construção deste trabalho. Em especial, à minha afilhada Wãnda Victória, pela doçura que me salvou nos dias de estresse; e a minha avó Maria José Nunes pela calmaria que sempre me transmitiu. À todos os meus tios e tias, primos e primas, meu muito obrigada!

Ao meu namorado Luan Aquino, por não me deixar desanimar, pelo apoio e incentivo constante.

À minha orientadora Keila Sonalle, por compartilhar comigo os seus conhecimentos. Sua paciência e dedicação foram base para realização deste trabalho. Expresso aqui a minha gratidão eterna a você.

Às professoras Rachel Almeida e Everlândia Souza, que se dispuseram a participar da banca examinadora, agregando ainda mais com suas contribuições.

Aos demais professores desta instituição que me ajudaram a evoluir academicamente ao longo desses quatro anos e meio. Serei sempre grata a cada um.

Aos amigos que cativei nesta caminhada, que compartilharam comigo sentimentos diversos, desde a preocupação até a felicidade. Em especial, a Philip Brito, Cristiane Lopes e Hemanuelle Nascimento.

À UFRPE, em especial à UAST, por ter me acolhido e me oferecido oportunidades únicas. Pelo ensino de qualidade e por cada profissional que atua nesta universidade.

Enfim, agradeço a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a concretização da minha formação acadêmica e desta pesquisa, muito obrigada!

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 16

2. A TEORIA NEOSCHUMPETERIANA: CONHECIMENTO E INOVAÇÃO 20 2.1 OS TIPOS DE INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS ... 22

2.1.1 Os paradigmas e trajetórias tecnológicos ... 23

2.1.2 O papel dos atores locais no processo de transbordamento do conhecimento ... 25

2.2 CARACTERÍSTICAS DO SETOR ALIMENTÍCIO NO BRASIL ... 26

2.2.1 O impacto da internacionalização produtiva e financeira ... 27

2.2.2 Investimentos estrangeiros e diretos no Brasil ... 28

2.2.3 O processo da inovação tecnológica no setor alimentício ... 28

2.2.4 Políticas governamentais de apoio e incentivo à inovação ... 30

3. METODOLOGIA ... 32

3.1 OS DADOS ... 32

3.2 A DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS ... 33

4. A ECONOMIA PERNAMBUCANA E O SETOR ALIMENTÍCIO ... 35

4.1 PRINCIPAIS AGENTES DE FOMENTO E ATORES LOCAIS ... 36

4.2 IMPACTO DA ATIVIDADE NO ESTADO ... 38

4.3 DIFICULDADES LIMITADORAS AO DESEMPENHO DO SETOR ... 39

5.ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 40

5.1 LEVANTAMENTO DOS DISPÊNDIOS EM P&D EM PERNAMBUCO E NO NORDESTE ... 40

5.1.1 As inovações contínuas e ocasionais no setor alimentício ... 46

5.2 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DA MÃO DE OBRA UTILIZADA NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA EM PERNAMBUCO E REGIÃO NORDESTE ... 49

5.3 LEVANTAMENTO DOS INCENTIVOS E ESTÍMULOS AOS PROJETOS DE INOVAÇÃO NO SETOR ALIMENTÍCIO EM PERNAMBUCO E NO NORDESTE ... 65

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 89 7. REFERÊNCIAS ... 92 8. APÊNDICE ... 99

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RESUMO

O objetivo do trabalho é analisar a indústria alimentícia, considerada uma das maiores e mais importantes para economia brasileira, com resultados em termos de faturamentos mais elevados da indústria. Em decorrência das constantes mudanças dos gostos e preferências dos consumidores, este setor industrial vem buscando através da inovação, aprimorar produtos e/ou processos; ou até na criação de algo novo para a empresa ou mercado. O presente trabalho pretende traçar o perfil da inovação na indústria alimentícia do Nordeste, dando ênfase ao estado de Pernambuco. O método utilizado para a concretização do mesmo é, em primeiro lugar, uma revisão bibliográfica da teoria neoschumpeteriana e evolucionista; e em seguida, uma análise quantitativa e descritiva, a partir de dados secundários disponibilizados pela base de dados da PINTEC – IBGE, para o período de 2001 a 2014. Para tanta a análise constará nos gastos em P&D, das características da mão de obra empregada na indústria de alimentos e das políticas de apoio e incentivo à inovação. O trabalho busca mostrar a veracidade da hipótese aqui definida, que defende a ideia de que existe insuficiência ou ineficácia de políticas e programas governamentais voltados para a inovação no setor industrial alimentício da região Nordeste, em especial, no estado de Pernambuco. Como resultado, foi observado que em Pernambuco, o governo participa minimamente no financiamento de atividades internas de P&D. Além disso, o estado apresenta mão de obra com volume de profissionais qualificados inferior a do Ceará, por exemplo. Todavia, a indústria alimentícia do estado mostra-se forte e flexível, financiando as suas próprias atividades e se adaptando às suas dificuldades.

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ABSTRACT

The objective of this paper is to analyze the food industry, considered one of the largest and most important for the Brazilian economy, with results in terms of higher industry billings. As a result of constant changes in consumer tastes and preferences, this industrial sector has been seeking through innovation, to improve products and / or processes; or even in creating something new for the company or market. The present work intends to trace the innovation profile in the food industry of the Northeast, emphasizing the state of Pernambuco. The method used to achieve this is, first of all, a bibliographical revision of the neoschumpeterian and evolutionist theory; and then a quantitative and descriptive analysis, based on secondary data provided by the PINTEC - IBGE database, for the period from 2001 to 2014. For this purpose, the analysis will include expenditures on R & D, the characteristics of the employed labor force in the food industry and in policies to support and encourage innovation. The paper seeks to show the truth of the hypothesis defined here, which defends the idea that there is insufficiency or inefficiency of governmental policies and programs aimed at innovation in the food industry of the Northeast region, especially in the state of Pernambuco. As a result, it was observed that in Pernambuco, the government participates minimally in financing internal R & D activities. In addition, the state presents a labor force with a volume of qualified professionals lower than Ceará, for example. However, the state's food industry is strong and flexible, funding its own activities and adapting to its difficulties

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIA – Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação AGEFEPE – Agência de Fomento do estado de Pernambuco BNB – Banco do Nordeste do Brasil

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CE – Ceará

CESAR – Centro de Estudos e Soluções Aplicadas do Recife CGTI NE – Centro de Gestão de Tecnologia e Inovação do Nordeste CNI – Confederação Nacional da Indústria

CT&I – Ciência, Tecnologia e Inovação

FACEPE – Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do estado de Pernambuco FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

FITEC – Fundação para Inovação Tecnológica

ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IED – Investimento Estrangeiro Direto IFCE – Instituto Federal do Ceará IFPE – Instituto Federal de Pernambuco IOF – Imposto sobre Operação Financeira

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IR – Imposto de Renda

ITEMM – Instituto Tecnológico Edson Mororó Moura LIT – Lei da Inovação Tecnológica

LTDA – Limitada

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego NE – Nordeste

OCDE – Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico PAC – Plano de Aceleração do Crescimento

PE – Pernambuco

PDTI – Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial PD&I – Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PIB – Produto Interno Bruto

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PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SI – Sistemas de Inovação

SNI – Sistema Nacional de Inovação SPIn – Sistema Pernambucano de Inovação

SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior S.A – Sociedade Anônima

UECE – Universidade Estadual do Ceará UF – Unidade de Federação

UFC – Universidade Federal do Ceará

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco

UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira UPE – Universidade de Pernambuco

VBTI – Valor Bruto da Produção Industrial VTI – Valor de Transformação Industrial

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico I – Variação percentual dos dispêndios em P&D no setor alimentício dos estados do Ceará e Pernambuco no período 2001-2014...41 Gráfico II – Características da mão de obra do setor industrial alimentício em CE, PE e NE no período 2001-2003...50 Gráfico III – Características da mão de obra do setor industrial alimentício de CE, PE e NE no período 2003-2005...52 Gráfico IV – Características da mão de obra do setor industrial alimentício de PE e CE no período 2006-2008...54 Gráfico V – Pessoal ocupado e características dos pesquisadores em atividades internas de P&D do setor industrial alimentício no período 2009-2011... 56 Gráfico VI – Levantamento das características da mão de obra técnica em atividades internas de P&D do setor industrial alimentício no período 2009-2011...58 Gráfico VII – Características da mão de obra dedicada à inovações contínuas no setor alimentício de PE, CE e NE no período 2012-2014...60 Gráfico VIII – Características da mão de obra dedicada à inovações ocasionais no setor alimentício de PE, CE e NE no período 2012-2014...63 Gráfico IX – Fontes de financiamento das atividades internas de P&D em Pernambuco, Ceará e região Nordeste no período 2001-2003...67 Gráfico X – Fontes de financiamento das demais atividades inovativas em Pernambuco, Ceará e região Nordeste no período 2001-2003...67 Gráfico XI – Incentivos fiscais e financiamentos das atividades inovativas do setor alimentício de PE, CE e NE no período 2001 - 2003...69 Gráfico XII – Fontes de financiamento das atividades internas de P&D do setor industrial alimentício de PE, CE e NE no período 2003 - 2005...72 Gráfico XIII – Fontes de financiamento das demais atividades inovativas do setor industrial alimentício de PE, CE e NE no período 2003-2005...72 Gráfico XIV – Incentivos à inovação na indústria alimentícia de PE, CE e NE no período 2003-2005...74 Gráfico XV – Fontes de financiamento das atividades internas de P&D em PE e CE no periodo 2006-2008...77

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Gráfico XVI – Fontes de financiamento das demais atividades inovativas em PE e CE no período 2006 – 2008...78 Gráfico XVII – Incentivos à inovação no setor industrial alimentício de PE e CE no período 2006 – 2008...79 Gráfico XVIII – Fontes de financiamento das atividades internas de P&D do setor alimentício de PE, CE e NE no período 2009-2011... ...81 Gráfico XIX – Fontes de financiamento das demais atividades inovativas do setor alimentício de PE, CE e NE no período 2009-2011...82 Gráfico XX – Incentivos à inovação na indústria alimentícia de PE, CE e NE no período 2012-2014...83 Gráfico XXI – Fontes de financiamento das atividades internas de P&D da indústria alimentícia de PE, CE e NE no período 2012-2014... 85 Gráfico XXII – Fontes de financiamento das demais atividades inovativas do setor alimentício de PE, CE e NE no período 2012-2014...86 Gráfico XXIII – Incentivos à inovação no setor alimentício de PE, CE e NE no período 2012-2014...87

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela I – Número de empresas engajadas em atividades internas de P&D no setor alimentício do Brasil no período 2003-2014... ...29 Tabela II – Levantamento dos dispêndios em atividades internas de P&D no setor alimentício nos estados do CE, PE e região NE no período 2001 - 2014...44 Tabela III – Número de empresas que investiram em inovação contínua ou ocasional em CE, PE e NE no período 2001-2014...47 Quadro I – Principais atores locais e agentes de fomento à inovação em Pernambuco...36

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1. INTRODUÇÃO

A indústria alimentícia é uma das maiores e mais importantes para economia brasileira, apresentando resultados com faturamentos mais elevado da indústria. Este desempenho demonstra capacidade para a geração de renda e emprego e potencial exportador para o país. A exemplo disso, o faturamento líquido de impostos indiretos aumentou 283.71 bilhões reais, entre os anos 2010 e 2016, com elevação também no saldo da balança comercial de 27.4 bilhões de reais, neste mesmo período. (ABIA, 2016)

A indústria de alimentos do Brasil abrange diversos setores que vão desde a fabricação de frutas em conserva, até a pesca, pecuária e produção de laticínios. Este ramo industrial diferencia-se dos demais, principalmente, devido a crescente demanda por produtos alimentares, ocasionada pelo aumento no contingente populacional. (SEBRAE, 2012)

O desempenho do setor se elevou com o advento da globalização produtiva e financeira, que alterou significativamente o ambiente competitivo. Novas estratégias foram necessárias, impactando na forma como os produtos e processos seriam introduzidos no mercado consumidor. Os resultados se originam, especialmente, das estratégias de P&D das firmas que em muitos casos, adaptam seus produtos aos gostos e preferências do consumidor, a fim de atender as características locais, regionais ou nacionais. (PROENÇA, 2010)

Resumidamente, houve aprimoramento das técnicas de produção, ao longo dos anos, de maneira que atenda às necessidades dos consumidores mais exigentes nas últimas décadas. Este advento, é resultado do progresso da inovação tecnológica, entendida como um conjunto de atividades práticas e teóricas, consequências de mudança inovadoras e/ou paradigmas econômicos que podem afetar significativamente a indústria como um todo. (PEREIRA, 2002) A tecnologia nesse contexto é entendida como um fator que interfere e pode alterar a estrutura da firma e das suas estratégias quanto a relação dos fatores de produção. A decisão de implementar ou não ativos tecnológicos altera, significativamente, o ambiente competitivo, a partir da inserção de um novo produto no mercado ou reformulação de um produto já existente. A atividade industrial do ramo alimentício é um exemplo dos setores que elevou seus investimentos em tecnologias, comunicação e informação com o intuito de acompanhar as transformações tecnológicas e se adaptar mais, eficientemente, ao mercado consumidor. (BATALHA, 2007 apud SCHUMPETER, 1943)

Ao analisar o setor alimentício, observa-se que atividade apresenta cadeia produtiva bastante integrada, especialmente, como fornecedora de insumos a agricultura e a pecuária. A

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indústria é vista como competitiva, quando se considera a utilização de estratégias inovativas para manutenção e ampliação do nicho de mercado cada vez mais exigente. As formas de inovar surgem mediante a introdução de um novo produto no mercado, o aperfeiçoamento do uso de equipamentos ou insumos, ou a reorganização de fatores de produção a custos econômicos mais baixos. (TRUNEL, 1998; SCHUMPETER, 1997; VIANA, 2018)

A indústria alimentícia da região Nordeste destaca-se por possuir o maior número de empresas inovadoras entre o período de 2003 a 2014. Contudo, ainda encontra-se em desvantagem com relação as demais regiões do Brasil, no que se refere a incentivos fiscais e gastos em P&D, principalmente. É interessante destacar que no âmbito regional, a inovação é relevante e tem dupla utilidade. De um lado pode ser vista como ferramenta para fortalecer a competitividade entre as indústrias, de outro lado pode iniciar um processo de catching up1, reduzindo as disparidades econômicas e tecnológicas que estiverem presentes ao longo da história na região Nordeste. (SCHUMPETER, 1982; CRUZ, 2007); PINTEC – IBGE, 2018)

Dentre os estados aqui considerados, o menor da região em termos populacionais é o estado do Ceará com uma população total de 8.452.3812 milhões de pessoas, contribuindo com 14,5% do PIB do Nordeste. A indústria como um todo é uma das principais atividades no estado, ficando atrás apenas do setor agropecuário. (IBGE, 2010)

Pernambuco que detém característica de 8.796.448 milhões de habitantes, quando consideramos como foco de análise a indústria do setor alimentício, observa-se crescimento gradativo ao decorrer dos anos. No ano de 2010 o estado havia contribuído com 17,9% do PIB do Nordeste e, assim, como as principais economias da região, têm na indústria em geral como segunda fonte de crescimento econômico. Em 2016, a produção de produtos alimentícios em Pernambuco elevou-se em 3,5%, representando contribuição significativa para a indústria como um todo. (IBGE 2010 e 2016)

A indústria alimentícia possui, em Pernambuco, participação de 15,2% da indústria como um todo. Dados disponíveis pela base de dados da PINTEC mostram que as empresas que implementaram inovações e receberam apoio do governo para realizar estas atividades inovativas estão mais concentradas nos demais estados do Nordeste, do que em Pernambuco. Neste cenário é importante questionar, quais as diferenças de políticas de incentivo e apoio à

1 Este é um processo em que as economias menos desenvolvidas adquirem potencial para crescer mais rapidamente por causa da convergência de renda per capita advinda de outras economias mais desenvolvidas graças à capacidade destas economias em desenvolvimento de captar tecnologias e informações já utilizadas e sinônimos de sucesso nas demais economias. (ABRAMOVITZ, 1986)

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inovação para a indústria alimentícia no estado pernambucano, em relação aos demais estados do Nordeste? (CNI, 2016; PINTEC, 2018)

O problema é relevante para analisar as estratégias empresariais e inovadoras do setor alimentício, em Pernambuco, em relação aos demais estados do Nordeste no período de 2003 a 2014. As empresas em questão, aparentemente, demonstram que a atividade é abrangente e possui vários subsetores específicos que são destinados a produzir diferentes tipos de alimentos. Exemplo disto, é o subsetor de fabricação de laticínios, frutas em conserva, entre outros. Por ser uma indústria com vários subsetores, não é possível definir as principais empresas deste ramo como um todo. No geral, em Pernambuco, as empresas Bom Leite Industrial Ltda, Mauricea Alimentos no Nordeste Ltda, Fri-Sabor Alimentos Ltda possuem destaque no mercado pernambucano. (ECONODATA, 2018)

A decisão de inovar é uma ferramenta e/ou estratégia para que o processo de mudança corporativa ocorra com maior eficiência. A trajetória evolutiva com o tempo, proporcionaria as localidades a geração de emprego e renda, especialmente para aquelas mais distantes da fronteira tecnológica, como é o caso do Brasil, em especial, Pernambuco. O estudo da localidade compreende entender teoricamente, a presença das disparidades regionais industriais que possam ser minimizadas. Para isso, as estratégias empresariais e política precisam se antecipar as mudanças tecnológicas e valorizar as interações com os atores que integram os sistemas de inovação locais e regionais, a fim de gerar sinergias e efeito multiplicadores para toda a sociedade. (FREEMAN, 1997)

Ao trabalhar com um tema que realce a relevância da atividade industrial em qualquer estado, é impossível não mencionar que as disparidades regionais fazem parte do “pano de fundo” das relações produtivas. Estas compreendem, especialmente, as sociais e econômicas, notórias na região Nordeste e em Pernambuco, responsáveis por entraves significativos ao progresso social, econômico e tecnológico, enraizados no processo de formação econômica da região. (DINIZ, 2009 apud FURTADO, 1972)

A região Nordeste aparece em vários momentos da história do desenvolvimento industrial como uma região obsoleta, sustentada em atividades tradicionais, oriundas de paradigmas tecnológicos passados. São grandes as dificuldades para acompanhar tecnologicamente as práticas de produção utilizadas nas demais regiões brasileiras mais dinâmicas e produtivas com sistemas de inovações mais estruturados. Este atraso tecnológico foi um fator determinante para que as taxas de emprego, logo, a renda per capita; e PIB serem inferiores no Nordeste. (GOODMAN, 1971)

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É interessante abrir um parêntese quanto ao investimento em atividades produtivas e tecnológicas na região Nordeste. Nos últimos anos o esforço em capacidade tecnológica proporcionou um efeito multiplicador para a atividade industrial como um todo, estimulando o nível de crescimento. A taxa de crescimento anual da indústria de transformação, na qual está inserida a indústria alimentícia, na última década (2007-2017) foi de 1,8%, que embora baixa, reforça a tentativa de recuperação do setor. (CNI, 2018)

Para enfatizar a ideia de que a evolução da indústria na região Nordeste proporcionou ganhos econômicos e sociais, os dados disponíveis mostram que o pessoal ocupado no setor industrial como um todo, no Nordeste, se elevou. O aumento registrado de 282.841 trabalhadores em 1970, saltou para 597.144 em 1980. Com relação a evolução do estoque líquido de capital na indústria como variável de desempenho da indústria, tem-se que houve uma elevação de 1,77 bilhões de cruzados, na década de 1970, para 6,88 bilhões de cruzados em 1980. (IPEADATA, 2018)

A hipótese que este trabalho pretende testar é a possível insuficiência ou ineficácia de políticas e programas públicos centrados no incentivo à inovação para a indústria alimentícia que faz com que os índices de inovação no estado de Pernambuco sejam baixos. Assim, buscam-se respostas práticas para defini-la como verdadeira ou não.

Existe uma dificuldade quanto a disponibilidade de dados mais recentes e por isso, este trabalho é relevante para enquadrar a indústria alimentícia no debate sobre transformações tecnológicas no Nordeste e em Pernambuco.

Este trabalho tem como contribuição o estudo do ponto de vista teórico que discutirá as estratégias inovadoras para a indústria alimentícia em Pernambuco. Isto terá como base a abordagem teórica neoshumpeteriana e/ou evolucionista, pouco utilizada em nível de graduação e com relevância prática para o estudo da inovação diante de fatos estilizados. Os trabalhos que reforçam esta afirmação são referenciados por Silvia Angélica Domingues (2008) que sustentou sua análise utilizando dados da PINTEC, a nível nacional; Phelipe André Matos da Cruz et. al. (2015) para a indústria de transformação geral como foco; e para análise do estado da Bahia, por Jorge Aliomar Barreiros Dantas (2008); e o estado do Paraná, por Carla Athauana Bazzanella Muran (2017).

Apresenta-se como objetivo geral deste trabalho, analisar as estratégias empresariais e inovadoras do setor alimentício, em Pernambuco em relação aos demais estados do Nordeste,

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principalmente o estado do Ceará, para o período de 2001 a 2014.3 Especificamente, será feito um levantamento dos gastos em P&D no setor, em PE e no NE, no período aqui em questão; também será feita uma análise das características da mão de obra utilizada como estratégia inovadora no setor; e por último, serão estudados os incentivos e estímulos aos projetos de inovação para Pernambuco e para o Nordeste, dentro deste período de tempo.

Assim, o trabalho está dividido em quatro capítulos, além desta introdução e considerações finais. O segundo capítulo trata da teoria neoschumpeteriana, que é base para este estudo. O terceiro capítulo aborda os procedimentos metodológicos da pesquisa, desde os dados até a descrição das variáveis. O quatro capítulo, por sua vez, apresenta a relação entre a economia pernambucana e o setor industrial alimentício. E, por fim, no quinto capítulo serão apresentados e discutidos os principais resultados obtidos nesta pesquisa.

2. A TEORIA NEOSCHUMPETERIANA: CONHECIMENTO E INOVAÇÃO

Em um setor competitivo como o alimentício, torna-se indispensável o uso da inovação, esta pode ser definida como a criação de um novo produto ou processo, ou melhoramento daquele já existente no mercado. No caso da criação de um novo produto denomina-se inovação radical, já no segundo caso inovação incremental. Considera-se que uma inovação é implementada quando é introduzida no mercado. (OCDE, 2005)

A teoria que versa sobre a importância da inovação é fundamentada nas afirmações de Schumpeter. A teoria schumpeteriana enfatiza o papel central da firma e empresário como figuras essenciais para o progresso técnico, o que contribuiu para a elaboração das teorias da firma. (TIGRE, 1998)

Embora as contribuições de Schumpeter terem sido motor para o desenvolvimento de uma teoria econômica moderna, em sua época não foi um pensamento dominante4. As reeleituras foram cruciais para seu entendimento, assim como, novas formas de abordá-las e interpretá-las, o que deu origem as abordagens neoschumpeterianas ou evolucionistas. (HADDAD, 2010)

3 A Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC) realiza a pesquisa com as Unidades da Federação (UF’s) consideradas mais industrializadas, deste modo, na região Nordeste foram consideradas como UF’s mais industrializadas as seguintes: Bahia, Ceará e Pernambuco. Todavia, os dados do setor alimentício da Bahia foram insuficientes para considerar nesta análise.

4 Supõe-se que a teoria schumpeteriana ganhou pouca ênfase nos anos 50, quando Schumpeter apresentou suas principais ideias, por ser um pensamento muito avançado para a época.

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A teoria neoschumpeteriana considera que o forte impulso do sistema capitalista é a criação de novos meios de produzir e comercializar. A inovação tecnológica não é vista como um fator exógeno ao progresso econômico como considera outras teorias, especialmente, a neoclássica. Esta ocorre endogenamente e é determinante para o crescimento e desenvolvimento econômico; não sendo ela regular e linear, mas um processo que ocorre dentro de cenários de incertezas já que não se conhece a priori quais serão os seus resultados, e tendo ainda como agente econômico fundamental a figura do empreendedor. (LEMOS, 1999)

Não existe equilíbrio de mercado para os estudiosos neoschumpeterianos já que em um ambiente coletivo as decisões dos agentes se desenvolvem a partir da sua visão individual e distinta, concretizando a ideia de que cada firma possui propriamente uma maneira de se desenvolver. Os agentes não agem sob a hipótese predefinida de maximização de lucros, a racionalidade do indivíduo é, então, procedural – ou seja, não pode ser predefinida. (VIEIRA, 2010)

Para acompanhar as mudanças que ocorrem no mercado, as empresas sentem a necessidade de transformar novas informações em conhecimento. Muitos desses conhecimentos são considerados intransferíveis e únicos de uma empresa ou organização. O aprendizado traz eficiência para o capital humano utilizado no processo produtivo. O investimento nesta variável (capital humano) e em novas formas organizacionais de transferir o aprendizado, aparece sendo variável fundamental para que se obtenha êxito no processo de inovação baseado em transferência de conhecimentos. (CASSIOLATO, 2005)

O processo de aprendizado é um dos métodos de transferência de conhecimento, sabendo que este (o conhecimento) é visto como um insumo produtivo para as empresas obterem a capacidade de inovar. Este processo pode ser do tipo ativo ou passivo5 e estimula as empresas a avançar no investimento em capacitação dos seus empregados que influenciarão diretamente sobre o produto e os resultados da empresa. (DATHEIN, 2003)

O desenvolvimento e aplicação da inovação são as formas de aprendizado que podem ser diferentes e proporcionar maneiras distintas de transbordamento de conhecimento. Através do learning-by-doing (aprendendo ao fazer) o conhecimento surge através do processo produtivo. Logo, está mais voltado para o lado do produtor. (VIEIRA, 2010 apud ROSENBERG, 1982)

5 Sendo o processo de aprendizado ativo aquele em que se repassa o conhecimento já produzido e o processo passivo aquele evolutivo, onde cada empresa possui de forma distinta os seus conhecimentos e são mais difíceis de serem imitados. (DATHEIN, 2003)

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O learning-by-using (aprendendo ao usar) é outra origem do conhecimento, que ocorre após a produção. Este conhecimento surge após o uso do produto e se materializa através do consumidor, que presta informações referentes ao produto mediante a experimentação. Através dessas informações é possível identificar possíveis pontos de estrangulamento no bem ou falhas no processo inovador. Destaca-se então a razão para a aproximação entre produtor e consumidor, que proporciona o conhecimento através da interação entre esses agentes do sistema de inovação, chamada de learning-by-interacting. (LUNDVALL, 1988)

Em linhas gerais, a teoria neoschumpeteriana considera que a concorrência se dá a partir dos mecanismos de inovação que ocasionam mudanças estruturais na economia. Assim, é dada a inovação o papel de fator dinâmico que permite o entendimento da concorrência. Este foi declarado por Schumpeter como variável que garante o empenho das firmas em investir em inovações radicais ou incrementais; visando não apenas a maximização dos lucros, mas também maneiras de permanecer ativas dentro do mercado. No mais, as estratégias empresariais dirão como cada empresa tende a se comportar dentro do mercado e o grau de interação com os demais agentes locacionais. (FERRARI et. al, 1999)

2.1 OS TIPOS DE INOVAÇÃO COMO ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS

Para que as empresas atinjam os seus objetivos empresariais que são traçados tendo como base as mudanças e benefícios que a inovação pode trazer para a empresa e para o mercado consumidor. O Manual de Oslo da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), cita que existem quatro diferentes definições de inovação que determinam as mudanças aplicadas nos métodos de trabalho e explicam as estratégias empresariais, são elas: inovação de produto, inovação de processo, inovação organizacional e inovação de marketing. As inovações de produto são decorrentes do progresso tecnológico e podem ocorrer tanto em bens quanto em serviços, através do melhoramento nas características destes6 ou da aplicação de novos conhecimentos em tecnologias que propicia avanços para o bem ou serviço em questão, a chamada de inovação de produto “novo”. Estas são utilizadas pelas empresas inovadoras para manter-se em vantagem competitiva, principalmente através do investimento Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), sendo esta uma estratégia empresarial crucial para a firma

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quanto ao volume de gasto exigido e resultados práticos para a inovação. (GONÇALVES et. al., 2015)

As inovações de processo destinam-se, basicamente, a evolução de serviços já existentes ou a implementação de novos métodos e técnicas de produção. Estas são utilizadas como estratégias empresariais que visam diminuir os custos, sejam eles de produção ou de distribuição – e ainda assegura a qualidade do bem. (CASTRO, 2004)

Dentro das ações de marketing estão concentradas as ideias e estratégias das empresas, cumprindo o papel de analisar o mercado e elaborar planos para que sejam superadas as barreiras interiores (micro ambiente) e exteriores (macro ambiente) ao ambiente empresarial. A inovação de marketing influencia diretamente sobre a aparência, o formato ou o sabor do bem e pode ser usada em novos produtos ou aprimorada em bens já existentes, como é o caso da indústria alimentícia. Além de influenciar sobre o design do produto, a inovação de marketing também influencia sobre os preços que podem através do método de fixação de preços se adaptar as variações do mercado. (OCDE, 2005)

Por fim, a pauta inovação organizacional é mais recente que as demais, esta se trata-se de meios de organizar o próprio ambiente de trabalho ou as atividades de negócio. O objetivo é aumentar a produtividade da empresa por meio da satisfação do empregado no meio de trabalho e reduz, principalmente, os custos de rotatividade da mão de obra dentro da organização. Neste sentido, as estratégias empresariais surgem como formas de melhorar o processo de produção a partir dos novos meios de organização da indústria. (SOUSA, 2015)

2.1.1 Os paradigmas e trajetórias tecnológicas

A ideia de paradigma tecnológico foi introduzida por Dosi (1982), a partir de uma adaptação do modelo de paradigma científico de Kuhn (1962). O objetivo era entender as forças que movem o progresso tecnológico e a direção que ele segue. Isto ajuda na formulação do marco teórico que se encaixa na visão neoschumpeteriana e que visava obter respostas satisfatórias às questões relacionadas aos problemas tecnológicos, definindo objetivos e os recursos usados que são capazes de solucionar estes obstáculos, especialmente, decorrente de contradições que precisam ser exploradas. (KUPFER, 1996); SICSÚ et. al., 2006)

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As contradições e limitações de visões econômicas sobre o progresso técnico7 levaram introdução do conceito de paradigma e trajetória tecnológica. O objetivo é explicar como a combinação de fatores econômicos e sociais, introduzidos ao sistema produtivo se revertem em novas tecnologias, analisando assim, como elas são aceitas pelo mercado. (SICSÚ et.al., 2006)

Através da trajetória tecnológica buscam-se soluções para os tradeoffs que surgem dentro dos paradigmas e apesar de possuir variados graus, ocorrem de forma específica em cada setor. Essas trajetórias trazem consigo algumas características, nas quais: i) podem ser mais comuns ou mais limitadas; ii) surgem a partir do complemento de várias formas de conhecimento que causam desenvolvimentos tecnológicos; iii) a capacidade cumulativa determina o progresso tecnológico, onde empresas/países que já tiveram casos de sucessos com a inovação no passado, tendem a inovar no futuro; iv) as trajetórias técnico e economicamente fortes tendem a impedir a mudança para outro tipo de trajetória; e v) as trajetórias tecnológicas são incertas, fazendo com que seja possível avaliar uma em relação a outra antes de serem aplicadas. (KUPFER, 1996 apud DOSI, 1982; FUCK et. al., 2009)

Depois que são selecionadas e estabelecidas, as trajetórias tecnológicas vão em direção ao desenvolvimento, estas são impulsionadas por si só. Os ciclos econômicos influenciam no estabelecimento destas trajetórias, onde em períodos progressivos tendem a acolher melhor a introdução de inovações. O fato corrobora com o surgimento de um novo paradigma. Este pensamento vai de encontro com a teoria de “destruição criativa” de Schumpeter, que admitia que o surgimento de novas tecnologias caminha para destruir aquilo que não acompanha a onda de modernização de produtos e/ou formas de produzir. (FUCK et. al., 2009 apud NELSON e WINTER, 1977 e 1982/2005)

No mais, é essencial enfatizar a importância da ideia de trajetórias e paradigmas tecnológicos impostas por Dosi (1982). Segundo o autor um paradigma é, justamente, as novas trajetórias que a instituição / país decidem seguir. Estas transformações são guiadas pelas as suas prioridades, particularidades, e busca pelo desenvolvimento guiado pela inovação. Diante do atual cenário, as mudanças tecnológicas e incertezas, exercem efeito sobre o conceito e a aplicação da inovação – e é a própria inovação que explica, na maioria das vezes, o rumo que a sociedade capitalista tem tomado no que se refere a crescente exigência por produtos mais sofisticados. (SICSÚ et. al., 2006 apud DOSI, 1982)

7 A corrente neoclássica defende a demand-pull theories que tem as forças de mercado como direcionador das mudanças tecnológicas. Por sua vez, outras correntes via a technology-push theories como determinante dos conhecimentos técnicos e o espírito empreendedor como motor para a introdução da inovação nas atividades econômicas. (SICSÚ et.al., 2006)

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2.1.2 O papel dos atores locais no processo de transbordamento do conhecimento

Assim como defende as ideias schumpeterianas e/ou evolucionistas sobre as trajetórias tecnológicas, a empresa é capaz de introduzir a inovação. Mas não é capaz de desenvolver-se tecnologicamente sozinha, sendo a coletividade o motor que fará com que a inovação ocorra. No âmbito local, os principais agentes que contribuem para o transbordamento dos conhecimentos são as universidades, através do investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Os sistemas de inovação (SI) são ações traçadas de modo a incitar o progresso tecnológico nas economias, visando o alcance de correntes de informações que proporcionem o processo de inovação. Através da interação estratégica entre agentes públicos e privados, firmas e consumidores e demais formas de interação; é possível potencializar a inovação através de parcerias que poderão transbordar o conhecimento para a localidade. (ALBUQUERQUE, 1996)

As microinterações que compõe o sistema fazem referência as relações institucionais endógenas à empresa. São aquelas que ocorrem internamente, como as relações de tomada de decisão, a interação firma - fornecedores e firma - consumidores. As macrointerações são exógenas, como quando a firma se integra às universidades, ao setor público e agências de fomento, como a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de PE - FACEPE. (DOSI, 1988)

Os dois tipos de interação (micro e macro) são essenciais para o transbordamento do conhecimento. Todavia, as macrointerações possuem um papel mais importante para o processo de desenvolvimento. Isso ocorre porque as políticas governamentais são primordiais para o desenvolvimento de uma instituição / país. Enquanto as atividades de pesquisa (proporcionada, na maioria das vezes, pelas universidades) destinam relevância para a aquisição do conhecimento. (FERRARI et. al., 1999)

O que se pretende colocar é que o processo de transbordamento de conhecimento depende de inúmeros contribuintes para se efetivar. Estas interações entre os agentes (sejam elas micro ou macro), são peças fundamentais para a garantia de eficiência no processo inovativo. Infelizmente, não é possível alcançar crescimento econômico isoladamente, mas mediante interações entre diferentes agentes e a busca pelo melhoramento contínuo. O processo viria através de investimento em P&D, marketing ou produção, exemplos de atividades, que

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integrada ao sistema de inovação, potencializa o efeito da interação estratégica da firma e/ou indústria para a localidade. (CASSIOLATO, 2000)

2.2 CARACTERÍSTICAS DO SETOR ALIMENTÍCIO NO BRASIL

A participação da indústria alimentícia na economia brasileira está cada vez mais dinâmica. Os produtos são bens essenciais para a sobrevivência e o aumento dos preços destes bens, não reduz a lucratividade e demanda. A indústria alimentícia apresenta um comportamento anticíclico, o que caracteriza pouca oscilação decorrente das crises econômicas. No ano de 2014, o valor bruto da produção industrial (VBTI) da indústria de alimentos e bebidas alcançou o patamar de 550,8 bilhões de reais. Este comportamento supera os números da indústria de petroquímica, que é uma das maiores exportadoras do país atualmente. (ABIA, 2017; CNI, 2018)

Durante o ano de 2017, a indústria de transformação (ramo em que se encaixa a indústria de alimentos) empregou 7.179 pessoas, sendo que 1.608 trabalhadores estavam empregados na indústria de alimentos e bebidas. No que se refere ao mercado interno, os principais canais de distribuição da indústria alimentícia são os de varejos alimentícios e os food services. Onde o faturamento, em 2017, destes setores foi de 340,9 e 166,7 bilhões de reais, respectivamente. (ABIA, 2017 apud MTE, 2017)

No que se refere a balança comercial, a indústria de alimentos brasileira destacou-se, em 2017, com as exportações superiores às importações. Dados disponíveis mostram que as exportações totais no ano de 2017, atingiram o patamar de 217,7 bilhões de dólares. No que se refere as importações totais o volume alcançou 150,7 bilhões de dólares. O saldo da balança comercial referente ao ano de 2017, para a indústria, foi de 67 bilhões de dólares. (SISCOMEX, 2017)

Além disso, com a atual tendência de consumo de alimentos saudáveis, o setor alimentício apresenta investimentos em P&D voltados para atender o mercado. Simultaneamente, inovando nos produtos, aumentando o seu valor agregado e desenvolvendo trajetórias consistentes que garantam o sucesso no setor industrial, cada vez mais competitivo. (GOUVEIA, 2006)

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2.2.1 O Impacto da Internacionalização Produtiva e Financeira

O processo de internacionalização de empresas e P&D ocorre a partir da necessidade do aumento de produtividade, adaptação dos produtos e redução dos custos de produção. As firmas, para adentrar em países estrangeiros, buscam vantagens competitivas ou locacionais que viabilizem sua saída dos países de origem. Com o foco em manter sua capacidade competitiva, a organização tenta capturar competência, desde que exista capacidade tecnológica latente ou oportunidades locais. Neste aspecto as firmas adequam suas estratégias empresariais com o objetivo de se sustentar no mercado e absorver vantagens tecnológicas no hospedeiro (mercado externo). (SALES et. al., 2015)

As empresas brasileiras que buscam se internacionalizar encontram obstáculos, em especial, no que se refere às políticas e apoios governamentais, ao alto custo de financiamento e as diferenças culturais latentes (grande heterogeneidade do conhecimento). Supõe-se que para a indústria do setor alimentício, as diferenças culturais são cruciais e afetam fortemente a penetração no mercado. O fato decorre, sobretudo, das diferenças quanto aos gostos e preferências dos consumidores ao redor do mundo. Contudo, as empresas brasileiras mais internacionalizadas concentram-se nos ramos de beleza, eletrodomésticos, engenharia e petroquímica. (ALMEIDA, 2006)

Apesar disso, no bloco econômico Mercosul, as filiais dos setores de alimentos e bebidas, são as que apresentam os maiores números de exportações, e principalmente, importações. Isso ocorre porque o objetivo das indústrias alimentícias brasileiras é, a priori, abastecer o mercado interno. No mais, buscam se especializar juntamente aos países do Mercosul, utilizando isso como uma estratégia de mercado. (SARTI et. al., 2002)

Dentro da literatura referente à internacionalização das empresas brasileiras, há evidências que defendem a ideia de que existe uma relação positiva entre as exportações da firma e o fato de estabelecer uma subsidiária no exterior. No Brasil, as empresas focaram na internacionalização depois do processo de abertura comercial nos anos 90. Em seguida, observou-se que a indústria alimentícia, obteve crescimento das exportações durante o período 2010-2012, uma elevação de 40,7 bilhões de dólares, fato que corrobora as vantagens da internacionalização. (ARBIX et.al., 2005)

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2.2.2 Investimentos Estrangeiros e Diretos no Brasil

O crescimento da economia brasileira na década de 90 foi sustentada, principalmente, pelo fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país; decorrente da abertura comercial, já mencionado anteriormente. Soma-se os avanços da globalização produtiva e financeira, além da onda de privatizações impostas pelo governo daquela época. O IED pode ser definido como todo o dinheiro transferido de um investidor externo, que tem como objetivo principal ser aplicado nas empresas nacionais. Visando o controle destas instituições ou a parceria entre uma empresa nacional e estrangeira. (LAPLANE, 1997 apud BARROS et. al., 1997)

O compartilhamento de tecnologias e avanços inovativos entre as empresas é um dos principais objetivos do IED. Esse compartilhamento pode acontecer através de fusões entre empresas nacionais e estrangeiras; ou através de aquisições – onde são criadas novas empresas. Através deste, é possível alavancar o desenvolvimento econômico do país, graças as mudanças estruturais que este investimento externo traz. (DIERSMANN et. al., 2015 apud SERRA, 2010) O fluxo de IED é cada vez mais crescente em países em desenvolvimento, como o Brasil. No país, estes investimentos concentram-se, principalmente, nos setores industriais voltados para a produção a partir de recursos naturais, como é o caso da indústria alimentícia. O estoque de IED nesta indústria, em 2013, chegou a 120 milhões de dólares, admitindo um percentual de 40% dos investimentos estrangeiros daquele ano. (BOILESEN, 2015)

Os investimentos estrangeiros diretos podem ser fonte de desenvolvimento e se concentram em grande parte no setor alimentício brasileiro. O setor encontra-se em situação de vantagens quanto a produção e a melhoria como um todo no processo produtivo. O setor industrial alimentício recebe maiores fluxos de IED em países em desenvolvimento – e é por este motivo que existe esta concentração de IED neste setor no Brasil. Este fluxo de IED impulsiona e amplia os gatos em P&D e as melhorias na produção. (MACEDO et. al., 2016)

2.2.3 O Processo da Inovação Tecnológica no Setor Alimentício

O investimento em P&D é um dos principais indicadores que mostram a intensidade da inovação em determinado setor. Estudos descritos pela OCDE, mostram que existem quatro diferentes indicadores de intensidade tecnológica que variam desde a alta até a baixa intensidade tecnológica. O setor de alimentos e bebidas, encontra-se dentro destas

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classificações, onde aparece com baixos índices de intensidade tecnológica. Este comportamento pode ser explicado pelas diferenças estruturais em cada setor, considerando que setores farmacêuticos e aeroespaciais foram os de melhores resultados quanto a maior intensidade tecnológica, e por isso, investem, consideravelmente, em P&D. (FURTADO et. al., 2005)

A pesquisa e desenvolvimento, porém, é apenas um dos gastos essenciais para o processo de inovação. Em ambientes de produção voltados para o setor alimentício, os processos de aprendizagens e as práticas produtivas são desenvolvidas através de rotinas na indústria. A melhora nas rotinas organizacionais, consideradas estratégias que a firma e/ou indústria podem aplicar, modificam a estrutura da empresa e fortalecem o sistema produtivo inovador, considerando que o mesmo transborde. (DOMINGUES, 2008)

Corroborando com a ideia aqui citada, dados disponíveis na base de dados da PINTEC, no período de 2003 – 2014, mostram que o processo de inovação tecnológica no setor alimentício do Brasil ainda está em fase de desenvolvimento. Isto é verdade, especialmente, quando se trata de dispêndios em P&D, como mostra a tabela a seguir. A mesma foi elaborada com o intuito de demonstrar a lacuna existente entre o número de empresas do setor alimentício no Brasil e a quantidade de empresas que efetivamente investem em P&D.

Tabela I: Número de empresas engajadas em atividades de P&D no setor alimentício do Brasil, no período de 2003 – 2014.

Período N° de empresas que tiveram dispêndios (totais) com P&D

Total de empresas do setor alimentício 2003 – 2005 2.412 10.606 2006 – 2008 3.640 11.723 2009 – 2011 3.226 14.013 2012 – 2014 4.039 13.846

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da PINTEC.

A partir dos dados disponibilizados na Tabela 1, confirma-se que do total de indústrias no ramo alimentício no Brasil, em média, apenas 20% delas ampliaram seus gastos para atividades de pesquisa e desenvolvimento. A ideia implica suspeitar que este seja um gargalo que perpetue as barreiras para o desenvolvimento da atividade industrial alimentícia, além da concorrência, altos custos de produção e incentivos de mercado.

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2.2.4 Políticas Governamentais de Apoio e Incentivo à Inovação

Como já mencionado neste trabalho, e como defendem os autores neoschumpeterianos, a inovação tecnológica é o motor, uma via, em busca do desenvolvimento econômico. Presume-se que os incentivos governamentais impulsionam as práticas inovativas e as estratégias empresariais tendem a ser mais eficazes quando existe o apoio de políticas e programas públicos voltados à inovação.

No Brasil, as principais leis federais de apoio à inovação são a Lei do Bem, a Lei da Inovação Tecnológica (LIT) e o Código de CT&I imposto no ano de 2016. Além dessas leis que são as que ganharam maior ênfase no país, outras leis antecedentes a estas merecem destaque.

A lei n° 8.661 de 1993, definia uma política de incentivos fiscais às atividades de P&D, recebendo incentivos do PDTI (Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial) definido pelo governo de Collor. Atualmente, após sofrer alterações, este regulamento foi ampliado para a lei n° 10.637 no ano de 2002. (GUIMARÃES, 2008)

No que se refere às leis mais atuais, a Lei da Inovação Tecnológica, descrita no decreto n° 10.973, de 02 de dezembro de 2004, garante a promoção das atividades científicas e tecnológicas como estratégia para o desenvolvimento econômico e social. A lei possui também como meta diminuir as disparidades regionais, ampliar a relação entre o público e o privado, entre outras atribuições. (BRASIL, 2004)

A Lei da Inovação Tecnológica no Brasil, busca meios de estabelecer parcerias entre empresas e universidades ou institutos tecnológicos como estratégia para ampliar as atividades inovativas para as empresas. Ofertando bolsas de estímulo à inovação, remunerando os servidores que incorporarem novas técnicas, e esperando uma contrapartida dos empresários e industriais, o governo estipula investir no ambiente inovativo brasileiro. (PEREIRA, 2013)

A Lei do Bem ou Lei dos Incentivos Fiscais, é uma lei federal, n° 11.196, de 21 de novembro de 2005 que definiu um regime especial de tributação para exportação de serviços de tecnologia da informação. Com uma das principais finalidades de estimular as atividades de P&D nas empresas, a Lei se assemelha a Lei da Inovação Tecnológica ao estabelecer parcerias entre empresas, universidades, institutos tecnológicos e de pesquisa. (BRASIL, 2005)

A lei nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016 dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, capacitação científica e tecnológica e à inovação; esta foi criada a partir de uma adaptação das demais leis federais voltadas à inovação. Esta tem como um dos

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principais objetivos aprimorar as relações entre o setor público e privado e trazer as universidades para ainda mais perto do mundo empresarial. Além disso, o Código de CT&I busca reduzir as burocracias existentes quanto à processos licitatórios, buscando ainda reduzir os custos de importações de insumos essenciais para as empresas. (BRASIL, 2016; MURAN, 2017)

Apesar dos incentivos governamentais surgirem como apoio às práticas inovativas no Brasil, nota-se que nas últimas décadas os setores produtivos no país não se desenvolveram de forma significativa. A questão é a eficácia destas políticas públicas ou sua insuficiência quanto ao estímulo a inovação. Apesar de ser definido na Constituição Federal brasileira de 1988 um espaço para tratar das atividades e práticas inovativas, o país deixa a desejar quanto a elaboração de planos estratégicos, a fim de promover o mercado interno e externo. (PEREIRA, 2005 apud CALDAS, 2001)

O sucesso de outros países ao adotarem leis de incentivo à inovação oferece um leque de estudo para que o Brasil estabeleça possibilidades para adoção de políticas especificas. A Coréia do Sul, destacou-se através da implementação de uma lei com ênfase para o transbordamento do conhecimento, principalmente através do learning-by-doing. O país prosperou tecnologicamente, estimulando ainda as regiões menos desenvolvidas do país, através da elevação do processo de absorção e capacidade de aprendizado. (PEREIRA, 2005)

A dúvida predominante quando se trata de leis federais brasileiras de apoio e incentivo à inovação é sobre a consistência destas. O Brasil continua sendo dependente tecnologicamente de outros países, o que é consequência da baixa taxa de desenvolvimento econômico, social e tecnológico do país. A implementação de leis é feita com o intuito de diminuir tais disparidades, porém, estão se mostrando ineficazes – devido, principalmente a escassez de inovação nas indústrias brasileiras. (CASSIOLATO et. al., 2005)

3. METODOLOGIA

O método utilizado neste trabalho busca atender o objetivo principal do mesmo, que visa fazer uma análise das estratégias empresariais e inovadoras do o setor alimentício, em Pernambuco em relação aos demais estados do Nordeste no período de 2001 a 2014.

Este estudo será concretizado a partir do levantamento de informações sobre os gastos em P&D no setor, em Pernambuco e no Nordeste, neste mesmo período; o estudo das

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características da mão de obra utilizada como estratégia inovadora para o setor e a análise dos incentivos e estímulos dos projetos à inovação para o estado e região.

O mesmo será construído a partir de uma revisão bibliográfica da teoria neoschumpeteriana ou evolucionista, principalmente a partir das ideias de renomados teóricos desta área. Dentre eles, os que tiverem grande enfoque neste trabalho foram: Giovanni Dosi (1982); Joseph Schumpeter (1943); Manual de Oslo – OCDE (1997); Christopher Freeman (1974); Nelson e Winter (1982). A revisão bibliográfica é essencial para que o problema de pesquisa seja encaminhado de forma correta, contribuindo para uma boa interpretação do tema. (FREITAS, 2016)

O trabalho contará com uma análise quantitativa descritiva que permite que sejam feitas interpretações e avaliações quanto ao tema, a partir de dados secundários disponíveis na Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC). A pesquisa é realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de onde serão extraídos dados do setor alimentício no estado de Pernambuco e no Nordeste. (DALFORO et. al., 2008 apud HYMAN, 1967)

Estes dados do setor serão discutidos através de gráficos e tabelas, facilitados pelo software da Microsoft, a ferramenta Excel, para análise das variáveis que serão trabalhadas e discutidas para responder o problema da pesquisa. As obras de Silvia Domingues (2008), que estudou o caso da indústria de alimentos e bebidas no período 1998 - 2005; Karina Vieira (2008), que analisou o financiamento às atividades inovativas no Nordeste; e Paulo Batista (2010), que estudou as redes de cooperação e o processo inovador das empresas nordestinas, foram de extrema importância para a construção deste trabalho, visto que todos tiveram em sua metodologia os dados disponíveis na PINTEC.

Esta pesquisa foi escolhida pela relevância para o surgimento de outros horizontes dentro do tema abordado, além de ser de grande utilidade para a área de estudo que é vaga e precisa de maior entendimento. Sabe-se que há dificuldade de textos e informações sobre o assunto quando se trata de Pernambuco. Logo, é essencial o trabalho que considera um horizonte de tempo de estudo maior. (BATISTA et. al., 2010 apud HAIR JR. et. al., 2007)

3.1 OS DADOS

A base de dados deste trabalho é originária da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o objetivo da construção dos indicadores da PINTEC é analisar o comportamento das atividades

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inovativas das empresas brasileiras, enfocando principalmente nas estratégias adotadas, obstáculos e incentivos à inovação. Desta forma, estes dados dão informações as empresas sobre o seu desempenho em relação à média das demais do mesmo setor; e ao governo permite que a partir destas informações, desenvolvam-se programas e políticas nacionais e/ou regionais que estimulem as atividades inovativas.

O período de análise foi de 2001 a 2014, onde participaram o total de 9.308 empresas do setor alimentício da região Nordeste. Um ponto crucial que deve ser enfatizado é que os estados da região Nordeste incluídos nesta pesquisa foram apenas Bahia, Ceará e Pernambuco, pois a aplicação dos questionários da PINTEC é feita apenas naquelas Unidades de Federação consideradas mais industrializadas da região, ou seja, aquelas que representam 1% ou mais no Valor de Transformação Industrial (VTI).

Todavia, os estados de Pernambuco e Ceará ganharão maior ênfase, considerando que na Bahia, em determinados períodos de tempo, não foram disponibilizados dados da indústria de alimentos. Além disso, é importante destacar que nos dados da região Nordeste, estão inclusos todos os estados da região.

Por fim, foi encontrado um problema no que se refere aos dados disponíveis do período de 2008 a 2010 na região Nordeste. Ocorreu que a PINTEC não aplicou o questionário ao setor alimentício neste período, e não enfatizou em suas notas técnicas o motivo pelo o qual isso ocorreu.

3.2 A DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS

As variáveis utilizadas para analisar as estratégias empresariais e inovadoras do setor alimentício são gastos em P&D; características da mão de obra empregada; e os incentivos fiscais à inovação e serão descritas a seguir:

i) Gastos em P&D: a principal forma de incentivo à inovação surge a partir dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), estas podem se caracterizar por atividades internas e externas. As atividades internas de P&D são aquelas que buscam aprimorar os conhecimentos dentro da indústria para desenvolver novos produtos ou processos. Por outro lado, as atividades externas partem da aquisição de atividades inovativas exclusivas dentro da empresa a partir da parceria com outras organizações.

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As atividades de P&D podem ser de pesquisa básica, aplicada ou desenvolvimento experimental8

. Os elevados índices de investimento em P&D desencadeiam além da evolução na capacidade tecnológica da empresa, um aumento nas vendas e consequentemente na participação no mercado.

O que determina os níveis de gastos em P&D em cada indústria é o setor no qual ela atua, considerando que existem setores industriais que utilizam de forma menos expressiva as práticas inovativas. Este não é o caso do setor industrial alimentício, julgando pelo fato deste ser um setor altamente competitivo que dispõe da inovação como estratégia para se manter no mercado. (GÓIS, 2015; PINTEC, 2003)

ii) Características da mão de obra: A qualidade dos recursos humanos de uma empresa é um dos principais fatores de seu sucesso ou fracasso. Desta forma, considera-se de grande importância o estudo das características da mão de obra do setor alimentício na região Nordeste, visto que esta análise pode contribuir para explicar os resultados finais.

Trabalhos já realizados com a base de dados da PINTEC mostram que as habilidades individuais como nível de escolaridade do trabalhador, experiência profissional, diversidade nas formações e treinamento são fatores determinantes para o sucesso das práticas inovativas dentro da indústria e a mão-de-obra com tais características é absorvida com maior facilidade pelas empresas. (NEGRI, 2006; SEBRAE, 2015) iii) Incentivos e apoio à inovação: O apoio do governo através de incentivos fiscais aparece como fundamental estímulo às atividades inovativas. As políticas públicas podem ser planejadas de modo a atender as necessidades da organização; e assim aumentar a eficiência na produção e os índices de venda no mercado consumidor. No Brasil, existem incentivos em forma de leis9 que buscam estimular principalmente as indústrias locais e ampliar a capacidade tecnológica como por exemplo a Lei do Bem e a Lei da Inovação Tecnológica. Estas leis buscam dar ênfase a política industrial e tecnológicas, defendendo principalmente, os gastos em P&D como incentivos à inovação. Estes também podem ser através de redução de impostos de renda (IR) ou sobre as operações financeiras (IOF); ou através do fornecimento de crédito às indústrias.

8 I) Pesquisa Básica: análise apenas teórica afim de compreender os fatos;

II) Pesquisa Aplicada: busca por conhecimentos inéditos sobre determinado assunto; III) Desenvolvimento Experimental: aplicação daquilo que foi estudado e/ou descoberto. 9 O trabalho possui um tópico específico que trata deste assunto.

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Estas políticas podem ocorrer pelas esferas federal, estadual ou municipal; como é o caso da lei federal n° 13.243 de 11 de janeiro de 2016 que foi criada com o intuito de desburocratizar as atividades inovativas no Brasil. (PINTEC, 2003; JÚNIOR et. al., 2012; BRASIL, 2016)

Torna-se essencial analisar as três variáveis descritas, dentro do Sistema de Inovação Pernambucano, considerando que a inovação vai muito além do que se pode observar atualmente no setor alimentício do estado. A partir da dificuldade existente em mensurar a viabilidade do tema, a base de dados da PINTEC é indispensável para a realização deste trabalho e para a análise comparativa entre as regiões escolhidas para o estudo. Com isso, a exploração será feita através de gráficos e tabelas que auxiliarão a interpretação e a exposição dos dados, os quais serão produzidos na ferramenta Excel 2016, versão 64 bits.

4. A ECONOMIA PERNAMBUCANA E O SETOR ALIMENTÍCIO

O estado de Pernambuco caracteriza-se por ter uma população maior do que a de muitos países no mundo, com um contingente populacional de, aproximadamente, 8,7 milhões de habitantes. Esse número é favorável para a economia do estado, o que contribui para o mercado interno e capacidade de geração de renda e emprego. Tendo a agropecuária como principal atividade econômica, o estado de Pernambuco tem a atividade industrial com o segundo maior peso sobre o PIB estadual. (IBGE, 2015; FERNANDES et. al., 2017)

Para estimular as atividades inovativas, o Brasil adotou o Sistema Nacional de Inovação. Este, é uma rede criada pelas instituições públicas e privadas visando a interação, para alcançar objetivos como a difusão de conhecimentos e o compartilhamento de práticas e rotinas para que se alcance o melhoramento nas formas de produzir, comercializar ou o surgimento de novas tecnologias através da cooperação e coletividade. (FREEMAN, 1995; LUNDVALL, 1992)

Em Pernambuco, o sistema de inovação local, nos últimos anos têm ganhado maior ênfase através de ações do governo do estado, nomeado de SPIn (Sistema Pernambucano de Inovação). O principal intuito é estimular a relação do estado com os demais atores locais privados e agentes de fomento para desenvolver a economia pernambucana, com base na inovação.

A forma tardia com a qual o estado de Pernambuco investiu em Ciências, Tecnologia e Informação (CT&I) interfere diretamente sobre o SPIn, já que estes devem andar lado a lado. O atraso pode em parte explicar o porquê dos indicadores de inovação no estado ainda são

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considerados baixos, apesar de apresentarem algum crescimento e mudanças nos últimos anos. Estas mudanças decorrem, em especial, da elevação das oportunidades dos empregos formais na indústria de transformação. (FERNANDES et. al., 2017)

O estado possui uma lei de inovação, criada no ano de 2013, que incentiva as práticas de investimento em PD&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação). A lei estadual n° 15.063, obriga todo beneficiário de incentivos fiscais (em especial o ICMS e o fundo de inovação do estado de Pernambuco (INOVAR-PE)), a investir nas atividades inovativas, principalmente de PD&I. Esta foi uma das principais formas de estímulo do governo pernambucano aos setores industriais que possuem baixa intensidade tecnológica. (PERNAMBUCO, 2013)

Durante o período de 2007 – 2015, os setores industriais de baixa intensidade tecnológica no estado de Pernambuco, tiveram resultados de diminuição na taxa de empregos formais. Apesar de indicar um possível mau desempenho neste período, esses setores são os mais produtivos e competitivos da economia pernambucana, como é o caso da indústria de alimentos e bebidas, têxtil e preparação de artefatos de couros e madeira. Para trazer melhores resultados para estes setores considerados de baixa intensidade tecnológica, o atual governo pernambucano aposta na qualificação do pessoal, buscada através de parcerias, e transbordamento de conhecimentos. (PINTEC, 2007 – 2015; FERNANDES et.al., 2017)

4.1 PRINCIPAIS AGENTES DE FOMENTO E ATORES LOCAIS

O estado de Pernambuco possui quantidade insipiente de instituições privadas que participam das atividades inovativas como agentes integradores do sistema de inovação. Mas, é interessante abrir parênteses, a participação das organizações empresariais e não empresariais no ambiente inovador do estado, depende em parte da elevada aversão ao risco que os empresários e possuem, o que obviamente, afeta a taxa de propensão a inovar. A fim de ampliar essas atividades e melhoras os índices locais, o governo de Pernambuco definiu sete principais atores no SPIn, como será definido no quadro a seguir que foi construído a partir de uma adaptação da obra de Fernandes et. al. (2017). (CORDEIRO, 2016)

Quadro I: Principais atores locais e agentes de fomento à inovação em Pernambuco

As universidades e instituições públicas de pesquisa são relevantes principalmente pra a difusão do conhecimento no estado. Esta é uma das

Referências

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