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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima
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Principio da Mutabilidade do Regime de Bens:
a)
Comunhão Universal:
É realizado através de Pacto Antenupcial.
Regra comunica-se tudo mesmo os adquiridos antes do
casamento.
BENS QUE SE COMUNICAM
BENS QUE
NÃO
SE COMUNICAM
Todos os bens presentes e
futuros dos conjugues e
suas dívidas passivas;
bens doados ou herdados
com
a
cláusula
de
incomunicabilidade e os
sub-rogados em seu lugar;
bens
gravados
de
fideicomisso e o direito do
herdeiro
fideicomissário,
antes
de
realizada
a
condição suspensiva;
as dívidas anteriores ao
casamento,
salvo
se
provierem de despesas com
seus aprestos, ou reverterem
em proveito comum;
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as
doações
antenupciais
feitas por um dos cônjuges
ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;
os bens de uso pessoal, os
livros e instrumentos de
profissão;
os proventos do trabalho
pessoal de cada cônjuge;
as pensões, meios-soldos,
montepios e outras rendas
semelhantes.
b)
Participação Final nos Aquestos:
É o regime misto, ou seja, trata-se de comunhão parcial de bens
a ser aplicado ao final do casamento, com separação de bens na
constância do casamento.
Previsto no art. 1.672 do C.C.
Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
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Obrigatória:
A lei impõe este regime de bens.
Previsto no art. 1.641 do C.C.
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
Leia a súmula 377 do STF:
Súmula 377 do STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
Absoluta:
Previsão está no art. 1.687 do C.C.
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
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ATENÇÃO:
Não tem mais prazo para
pedir divórcio
.
2-)
Alimentos:
Previsto no art. 1.694 do C.C.
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
CUIDADO:
Solidariedade Passiva nos alimentos existe?
R:
Não há solidariedade, pois se o parente não estiver em
condições de pagar alimentos, os demais deverão ser chamados para
pagar alimentos, proporcionalmente.
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Previsão no art. 1.698 do C.C.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
ATENÇÃO:
Em sendo idoso o credor, a obrigação é solidária, nos termos
do art. 12 da lei 10.741/ 03.
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
a)
Espécies:
Natural ou necessário:
Serve para subsistência do ser humano. Aplica-se o trinômio
NECESSIDADE
,
POSSIBILIDADE
e
ADEQUAÇÃO
.
Sociais ou Civis ou Côngruos:
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Legais:
Previsão no art. 1.697 do C.C.
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
Voluntários:
A pessoa se dispõe a pagar alimentos.
Indenizatórios:
Decorrem de ato ilícito com o dever de indenizar.
Gravídicos:
Previsto na lei 11.804/ 08.
Art. 1o Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido.
Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.
Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.
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Art. 4º (VETADO)
Art. 5º (VETADO)
Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.
Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.
Art. 7o O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias.
Art. 8º (VETADO)
Art. 9º (VETADO)
Art. 10º (VETADO)
Art. 11. Aplicam-se supletivamente nos processos regulados por esta Lei as disposições das Leis nos 5.478, de 25 de julho de 1968,
e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Abrange tudo que a mãe entender necessário, assim como o
juiz e o médico.
ATENÇÃO:
Partes nos alimentos gravídicos:
Autora
: mulher grávida (precisa provar a gravidez através de
laudos e exames médicos);
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Deve ser concedido em
liminar
.
O pagamento de tal alimento deverá se efetivar a partir da
citação.
ATENÇÃO:
a)
Caraterísticas dos alimentos:
Personalíssimos;
Incessíveis;
Irrestituíveis;
Irrenunciáveis;
Transmissíveis;
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Previsão no art. 1.700 do C.C.
Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.
Impenhoráveis;
Incompensáveis;
ATENÇÃO:
A
COBRANÇA DE ALIMENTOS
prescreve em
2
anos, nos
termos do art. 206, §2ª do C.C.
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
Não corre prescrição, nos termos do art. 197, inciso II do C.C.
Art. 197. Não corre a prescrição:
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
b)
Procedimento da Ação de Alimentos:
Previsto na lei 5.478/ 68.
Alimentos provisórios
=
concessão em liminar.
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Juiz decide em fixação dos alimentos provisórios e determina a
intimação da audiência de conciliação, instrução e debates e julgamento.
Ainda manda citar o réu para oferecer, querendo, defesa.
A contestação será ofertada na audiência.
Debates para cada parte em
10
minutos.
Julgamento. Cabem embargos de declaração e Apelação.
c)
Execução de Alimentos:
Previsão está no art. 523 do C.C.
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante.
§ 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
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O art. 523 do CPC diz respeito à
PRISÃO
.
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.
§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns.
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas.
§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação.
§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia.
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência,
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o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.
§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.
Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.
Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Público dos indícios da prática do crime de abandono material.
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação.
§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.
§ 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.