Ferreira, D., Catela, D. (2012). PERCEÇÃO HÁPTICA: ESTIMATIVA POR CRIANÇAS E IDOSOS DE PROPRIEDADES FÍSICAS E FUNCIONAIS DE RAQUETAS COM COMPRIMENTOS DIFERENTES E PESOS IDÊNTICOS (Haptic Perception: Estimates of children and elderly of physical and functional properties of rackets with different lengths and identical weights). In Estudos em Desenvolvimento Motor da Criança, 50 - 54. ISBN: 978-972-95072-9-8. Coimbra: Escola Superior de Educação.
PERCEÇÃO HÁPTICA: ESTIMATIVA POR CRIANÇAS E IDOSOS DE PROPRIEDADES FÍSICAS E FUNCIONAIS DE RAQUETAS COM COMPRIMENTOS DIFERENTES E PESOS IDÊNTICOS
Danny Ferreira & David Catela
Escola Superior de Desporto de Rio Maior - Instituto Politécnico de Santarém
Resumo
A perceção não visual háptica permite determinar propriedades físicas e funcionais de um
objeto sustentado ativamente, como seu comprimento, forma global ou zona para atingir
outro objeto. No presente estudo pretendemos verificar se através da sustentação de duas
raquetas com peso idêntico, crianças (8-9 anos) e idosos (mais que 65 anos) distinguiam
diferentes comprimentos e centros de percussão (badminton e ténis de mesa). Nas
crianças, o sexo influenciou a estimativa do centro percussão da raqueta de badminton.
Crianças e idosos só se diferenciaram significativamente na estimativa do comprimento da
raqueta de badminton. Ambos os grupos etários subestimaram significativamente
comprimento e centro de percussão da raqueta de badminton e sobrestimaram
significativamente centro de percussão da raqueta de ténis de mesa. Ambos os grupos
diferenciaram significativamente e de modo consistente comprimento e centro de percussão
por raqueta e entre raquetas. Os resultados indicam que o sistema percetivo háptico está
suficientemente desenvolvido e afinado em crianças de 8-9 anos de idade, embora ainda
muito conservador para raquetas mais compridas, não sendo evidente o declínio percetivo
háptico em idosos.
Palavras-chave
Perceção Háptica, Crianças, Idosos, Raquetas.
The non visual haptic perception permits to determine physical and functional properties of
an object actively supported, such as length, global form or area to strike another object. In
this study we attempted to verify through the active maneuvering of two rackets with identical
weight, if children (8-9 years) and elderly (65 years) distinguished different lengths and
centers of percussion (badminton and table tennis). In children, gender influenced the
estimate of the center of percussion badminton racket. Children and elderly only differed
significantly in estimating the length of the badminton racket. Both age groups significantly
underestimated the length and the location of the center of percussion of the badminton
racket, and significantly overestimated the location of the center of percussion of the racket
table tennis. Both groups distinguished significantly and consistently the length and the
center of percussion in each racket and between rackets. The results indicate that the haptic
perceptual system is sufficiently developed and refined in children 8-9 years old, however is
it still very conservative for longest racket. There is no obvious decline in the elderly haptic
perception.
Key-words: Haptic Perception, Length, Children, Elderly, Rackets.
INTRODUÇÃO
Os mecanismos percetivos não visuais devem estar envolvidos na utilização de um
instrumento desportivo, de modo a ajustarmos melhor a nossa ação motora (Turvey, 1996).
Aqueles mecanismos percetivos mais relacionados com a resistência oferecida por um
objeto empunhado, e que se localizam mais a nível musculo-articular e menos a nível tátil,
têm sido considerados como enquadrando a perceção háptica (Gibson, 1966). Quando
sustentado, conseguimos estimar hapticamente o comprimento de um objeto longilíneo e
uniforme (e.g., Fitzpatrick, Carello & Turvey, 1994), com suficiente acuidade,
independentemente da sua localização espacial e dos processos neuromusculares
envolvidos (articulações mobilizadas), i.e., o sistema háptico deteta invariantes físicas
(Solomon, Turvey & Burton, 1989). Ter um sistema que é capaz de detetar invariantes
físicas, significa que seja qual for o comprimento ou distribuição de massa de um objeto,
quem está a jogar com uma raqueta. Observe-se que uma raqueta não é um objeto com
distribuição homogénea de massa, mas os estudos realizados com objetos não
homogéneos permitem afirmar que o sistema háptico também deteta invariantes elipsoides
e não está dependente do conhecimento prévio da natureza do objeto sustentado
ativamente (
Burton, Turvey & Solomon, 1990
). Essencialmente, a perceção da distribuição tridimensional da massa num objeto ou nos seus vários segmentos, constrangeas estimativas de comprimento, por exemplo, a diminuição do diâmetro de varas
sustentadas ativamente influencia a perceção de comprimento dessas varas, porque a força
que é necessário produzir para movimentar a vara em torno do seu eixo longitudinal
também se altera (e.g.,
Carello, Fitzpatrick, Flascher & Turvey, 1998
). O importante neste fenómeno não é o da ilusão percetiva mas o da deteção de informação sobre o objetoestar sustentada pelas suas propriedades físicas. São quantidades físicas e não
quantidades psicológicas as que explicam a perceção do comprimento de um objeto
sustentado (Stroop, Turvey, Fitzpatrick & Carello, 2000). A inércia provocada pela forma e
peso de um instrumento desportivo, desdobrada em efeitos distintos conforme o eixo de
rotação em que o instrumento é movimentado e o local da pega onde o instrumento é
segurado, permite ao sistema háptico captar diversificada informação, que separada ou
combinada favorece a estimativa de propriedades físicas parciais desse objeto1, i.e., em
direções distintas a partir do local de pega (e.g., Turvey, Dumais & Carello, 1998), e de
propriedades funcionais, por exemplo, o melhor local para bater noutro objeto (numa bola ou
num volante) (e.g., Santana & Carello, 1999; Shockley, Grocki, Carello & Turvey, 2001;
Wagman & Carello, 2001). A riqueza da informação extraída haticamente permite
independência das estimativas do comprimento e do centro de percussão (i.e., do melhor
local para bater noutro objeto) de um instrumento (Cooper, Carello & Turvey, 1999).
Porque se sustenta a conceção de perceção háptica em propriedades físicas universais, é
possível assumir-se a expressão de invariância, i.e., aquilo que não varia, e.g., é possível
estimar o comprimento de uma vara quando ela é sustentada estaticamente ou
1
dinamicamente (Burton & Turvey, 1990), ou, quando ela é movimentada no ar ou dentro de
água, sendo que neste caso concreto quem perceciona consegue detetar de modo seletivo
o padrão de forças associadas à inércia do objeto, separadamente daquele associado ao
meio em que age (e.g., Pagano & Cabe, 2003). Tal significa que o sistema percetivo háptico
tem uma capacidade muito consistente de fornecer ao sistema motor informação facilitadora
da regulação afinada ação motora.
Há dois estudos publicados que abordaram diretamente a capacidade de se percecionar o
centro de percussão de raquetas de ténis de campo, o de Carello, Thuot, Andersen e
Turvey (1999), com jovens adultos, que revelou a possibilidade de detetar tal propriedade
funcional daquele instrumento desportivo, independentemente do nível de experiência dos
participantes, e, o de Carello, Thuot e Turvey (2000), com idosos, e que incluiu também
bastões de basebol, revelando que também estes conseguem detetar o centro de
percussão embora de modo mais conservador, i.e., percecionando os objetos como mais
curtos comparativamente com adultos, discrepância que se acentuava com o comprimento
do objeto sustentado. Girão, Seabra e Catela (2005) e Louro (2005), realizaram dois
estudos com crianças entre os 5 e os 12 anos, tendo encontrado que estas conseguem
diferenciar comprimento e centro de percussão em raquetas de ténis de mesa e raquetas de
badminton; no entanto, nestes estudos com crianças não foi controlada a variável peso do
objeto. Neste estudo fomos analisar a capacidade de crianças e idosos de estimarem o
comprimento e a localização do centro de percussão de raquetas de ténis de mesa e de
badminton, com pesos idênticos.
METODOLOGIA
Amostra
A amostra compôs-se por 30 crianças (8,93±0,25anos de idade, 13 meninos) e 37 idosos
(71,65±4,16anos de idade, 14 homens). Foi obtido consentimento informado dos parentes
das crianças e dos idosos e assentimento das crianças.
Os participantes sustentaram na mão direita uma raqueta de Ténis de Mesa e uma raqueta
de Badminton (comprimento- 26,2cm e 66,3cm; peso de 97g e 95g; maior diâmetro da
cabeça 15,3cm e 19,8cm; centro de percussão- 18,1cm e 54,2cm da extremidade do cabo,
respetivamente), ocultadas por uma cortina, com o antebraço apoiado. Com a mão
esquerda faziam deslocar uma bola, através de uma manivela, para indicarem a sua
estimativa de duas localizações: i) comprimento da raqueta; e, ii) onde bateriam na bola. O
fulcro da roldana mais próxima do executante estava o mais alinhado possível com a linha
articular do pulso da mão que sustentava a raqueta (ver Ferreira & Catela, presente
publicação). Cada participante realizou um ensaio por tentativa. Os participantes não
sabiam que objeto estavam a sustentar. A ordem de apresentação das raquetas e
estimativas das localizações foram alternadas entre participantes. Para tratamento
estatístico, foi usado o programa PASW, 18, com um grau de significância bicaude de 0,05.
Para comparação entre valores estimados e valor real foi usado o teste t para uma amostra.
Para comparação entre sexos, e entre lateralidade dominante foi empregue o teste U de
Mann-Whitney. Para a comparação entre ordens de apresentação foi empregue o teste
Kruskal-Wallis. Para a comparação entre grupos etários foi empregue o teste t de Student (t)
ou U da Mann Whitney (U), consoante normalidade da distribuição de valores (teste
Shapiro-Wilk) e de homocedasticidade (teste Lévène). Para a comparação entre
estimativas, por raqueta e por grupo etário, foi empregue o teste Wilcoxon (T), Houve
influência de ordem de apresentação nos idosos, para estimativa do centro de percussão na
raqueta de badminton. Não houve influência da lateralidade nos resultados.
RESULTADOS
Sexo
Nas crianças, as meninas fizeram uma estimativa significativamente mais conservadora da
localização do centro de percussão na raqueta de badminton (23,7±7,22cm) (U=47,5,
p˂0,01), i.e., bateriam no objeto com este mais próximo da sua mão, que os meninos (30,7±5,06cm). Não foram encontradas outras diferenças.
Comparativamente com os idosos, as crianças estimaram a raqueta de badminton como
significativamente mais curta (t(65)=3,300; p˂0,01) e com um centro de percussão significativamente mais próximo (U(67)=355,5; p˂0,05) (Tabela 1). No entanto, as suas estimativas não se diferenciaram significativamente para a raqueta de ténis de mesa.
Tabela1: Estimativas (cm) [média±desvio padrão(coeficiente de variação)] para as raquetas (badminton, ténis de mesa), por grupo etário (crianças, idosos) e por localização (C-comprimento, P-percussão).
Com exceção do comprimento da raqueta de badminton, os idosos revelaram-se um grupo
ligeiramente mais heterogéneo (desvio padrão e coeficiente de variação) nas estimativas
que as crianças (Tabela 1).
Estimativas de Propriedades das Raquetas
Crianças e idosos diferenciaram significativamente localizações em cada raqueta (Tabela 2),
e localizações equivalentes entre raquetas (Tabela 3).
Tabela 2: Comparação (T, p) entre estimativa de comprimento e localização de centro de percussão por raqueta e por grupo etário (crianças, idosos).
Crianças Idosos
Badminton Ténis de Mesa Badminton Ténis de Mesa
3,250, <0,01 2,900, <0,01 4,313, <0,001 3,651, <0,001
Badminton Ténis de Mesa
Crianças Idosos Crianças Idosos
C 34,0±10,82(0,32) 42,0±9,16(0,22) 25,9±8,16(0,32) 25,7±9,51(0,37)
Tabela 3: Comparação (T, p) entre raquetas na estimativa de comprimento (C) e localização de centro de percussão (P) , por grupo etário (crianças, idosos).
Crianças Idosos
C P C P
3,990, <0,001 3,157, <0,01 4,730, <0,001 4,413, <0,001
No entanto, para as crianças não há diferença significativa entre distância estimada para o
comprimento da raqueta de ténis de mesa e o centro de percussão da raqueta de
badminton, enquanto que para os idosos há (T=3,885, p˂0,001).
Comparativamente com as medidas efetivas, ambos os grupos etários foram
significativamente conservadores nas estimativas para a raqueta de badminton, assertivos
sobre o comprimento da raqueta de ténis de mesa e significativamente excessivos sobre
localização do centro de percussão desta última (Tabela 4).
Tabela 4: Comparação [t, p (diferença média, em cm)] entre estimativas e distâncias efetivas, para comprimento (C) e localização de centro de percussão (P), por raqueta e por grupo etário (crianças, idosos).
O que significa que se quisessem bater num volante, sem ver a raqueta de badminton,
aquele bateria no cabo da raqueta; e, se quisessem bater numa bola, sem ver a raqueta de
ténis de mesa, aquela bateria quase na extremidade da cabeça da raqueta.
Badminton Ténis de mesa
Crianças Idosos Crianças Idosos
C 16,367, <0,001 (-28,3) 16,107, <0,001 (-21,2) ns (-0,3) Ns (-0,5) P 20,927, <0,001 (-27,5) 10,504, <0,001 (-16,3) 3,859, <0,01 (4,4) 2,854, <0,01 (3,5)
DISCUSSÃO
Raquetas com comprimentos diferentes mas pesos idênticos foram percecionadas como
diferentes nas suas propriedades físicas e foram diferenciadas nas suas propriedades
funcionais. Este resultado sustenta as hipóteses de perceção háptica da inércia e de
invariância percetiva háptica. As propriedades funcionais do objeto devem ser mais difíceis
de detetar que as propriedades físicas, provavelmente, exigindo maior capacidade de
discriminação percetiva. Na estimativa do centro de percussão da raqueta de badminton, os
idosos foram influenciados pela ordem de apresentação das condições e as meninas foram
mais conservadoras que os meninos; as crianças não diferenciaram centro de percussão da
raqueta de badminton e comprimento da raqueta de ténis de mesa. Esta dificuldade
acentua-se com o aumento do comprimento do instrumento desportivo.
A estimativa por defeito deve ser um indicador de menor afinamento percetivo, e este
torna-se mais evidente em objetos mais compridos (cf., Carello, Thuot & Turvey, 2000). As
crianças foram mais conservadoras nas estimativas que os idosos. Mesmo considerando
eventual degenerescência de mecanismos sensoriais nos idosos, estes mantiveram
capacidade de diferenciar todas as quatro localizações solicitadas, o que não aconteceu
com as crianças.
Tradicionalmente, as raquetas de badminton, que são mais compridas, são mais leves, e as
de ténis de mesa, que são mais pesadas. Esta relação peso e comprimento afigura-se
inversa ao modo como o sistema háptico funciona. Dado o conservadorismo das estimativas
na raqueta de badminton, em ambos os grupos etários, questionamos se não será mais
adequado o emprego de raquetas mais pesadas, que ofereçam maior inércia e, assim,
maior possibilidade de serem estimadas como mais compridas, pelo menos na fase inicial
de aprendizagem.
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