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Ricardo se submeteu a um exame de vestibular para a Universidade de Tupiniquim, ele conseguiu pontuação suficiente para ser aprovado, porem não foi chamado para realizar sua matricula, pois duas vagas foram preenchidas por pessoas de escolas publicas e outra que se declarou negra. Agora Ricardo quer ingressar com uma ação judicial com o propósito de ingressas no curso que prestou.

Perante o fato acontecido com o Ricardo foi às cotas que não o deixou realizar sua meta de entrar na faculdade, a cota está ferindo o art. 5º Caput da Constituição Federal que diz “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros [...] a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade [...]” A igualdade não está sendo relevante no caso de Ricardo.

As cotas raciais atrapalham o processo de redução da discriminação no Brasil porque geram um outro processo discriminatório e quebram o princípio da igualdade. A avaliação é da procuradora do Distrito Federal, Roberta Fragoso.

"As cotas não são a medida mais adequada para o problema racial porque, no Brasil, a questão social se confunde, necessariamente, com a questão racial. O negro rico no Brasil vira branco e o branco pobre vira negro", explicou.

Ela acredita que nem mesmo cotas sociais baseadas no fator econômico e destinadas a pessoas consideradas pobres representam a saída correta para a problemática porque também provocariam uma "discriminação reversa". A solução, segundo ela, seriam políticas públicas como bolsas de estudo para alunos que conseguem ingressar na universidade por meio do vestibular tradicional, mas não têm como se manter ou a criação de cursinhos pré-vestibulares voltados para pessoas carentes.

"São exemplos de ações afirmativas que não se confundem com a política de cotas. Não há porque fazer um recorte tão drástico nos nossos direitos fundamentais. Assim com as cotas, você violaria o princípio da igualdade", analisou.

A procuradora admite que, desde que o sistema de cotas raciais foi implantado nas universidades brasileiras, houve aumento do ingresso de negros no ensino superior. "Mas não necessariamente daqueles que mais precisavam do apoio estatal". Ela critica a ausência de um estudo nacional que

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revele quem são os cotistas recebidos nas universidades. "Você pode, talvez, estar beneficiando uma classe média negra, o que não se justifica diante de tantos brancos pobres", ressaltou.

Roberta lembra que o projeto em votação no Congresso Nacional que destina 50% das vagas em universidades pública aos negros não atrela o fator econômico à questão racial. Ela ressalta ainda que, caso a proposta seja aprovada, as cotas para negros podem abrir espaço para que outros grupos de minorias comecem a exigir os mesmos direitos. "Aqueles que justificam as cotas com base na diversidade e na tolerância teriam que ampliar as cotas para todas as minorias no Brasil".

Para a procuradora, a proximidade das eleições municipais em outubro pode influenciar na decisão do governo em aprovar as cotas raciais. "No Brasil, estamos acostumados a ter legislação simbólica, que não resolve, mas que passa uma imagem para a população de que o Congresso Nacional está preocupado com aquele problema".

O princípio jurídico da igualdade, tanto no seu aspecto doutrinário, como também legal aparece na Carta Constitucional brasileira como um dos valores supremos de nossa sociedade, como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil e como um dos direitos fundamentais do cidadão. Precisamente no caput do artigo 5º da citada Carta, assim como na maioria das declarações de direitos, o Constituinte originário declarou que "Todos são iguais perante a lei", ou seja, todos devem merecer tratamento igualitário, sem restrições e nem discriminações. Todavia, as constituições modernas, inclusive a brasileira, não preceituam uma igualdade absoluta e nem rigorosa. Ao contrário, permite-se a desigualdade, desde que esta seja legítima, no sentido de que a norma jurídica pode conter fatores de diferenciação que justificam, de forma racional e legal, sua existência.

O conceito de igualdade não se limita ao fato dela constituir um dos direitos fundamentais do homem, concretizado na maioria dos textos constitucionais. A igualdade, também, constitui um dos elementos básicos para a efetivação e aplicabilidade da justiça, na medida em que esta pode ser compreendida como realização da igualdade legítima.

É importante esclarecer o conceito de legitimidade. Embora nem sempre se faça distinção entre legalidade e legitimidade no uso comum e até mesmo

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no uso técnico, entende-se por legalidade como um adjetivo que qualifica a conduta conforme a lei. Tudo aquilo realizado nos termos da lei é legal.

O fato de uma conduta ser considerada legal decorre da existência de uma norma jurídica, a cujo preceito a conduta se enquadra.

O termo "legitimidade" possui dois significados, um genérico e um específico. Em sua acepção genérica, legitimidade tem o sentido de justiça ou de racionalidade, e em sua acepção específica, legitimidade é definida como sendo um atributo do Estado. O poder legítimo é um poder cuja titulação se encontra alicerçada juridicamente.

O legítimo pode ser o "verdadeiro", o "genuíno", "o originário". A idéia de legitimidade é para aplicá-la à qualificação da norma jurídica.

Portanto, como uma forma de esclarecer o sentido do título do artigo _ Desigualdade Legítima - seria a desigualdade fundada no sentido de racionalidade e justificada pela Constituição Federal.

A igualdade constitui tema de suma importância em nosso ordenamento jurídico. Tema este de grande preocupação e discussão desde os primórdios da civilização. Tanto é que um dos maiores filósofos clássicos, Aristóteles, defendeu o conceito de justiça ligado à igualdade, justiça proporcional – tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais; e justiça corretiva – meios de restabelecer a igualdade que foi rompida. Conceito este que está refletido na atual Constituição brasileira e na maioria dos textos constitucionais dos mais diversos países.

A idéia de igualdade como isonomia apresenta-se como um dos elementos básicos para a caracterização da justiça e da efetivação da democracia. O princípio isonômico tem uma enorme importância política, principalmente numa democracia. A igualdade é considerada o pilar do sistema democrático.

A igualdade perante a lei não exclui a desigualdade de tratamento em face da particularidade da situação. As distinções devem ser necessárias, racionalmente justificadas, jamais arbitrárias. Como escreve Ferreira Filho, seguindo a linha de Ekkehart Stein, "o princípio jurídico da igualdade reclama a adequação entre o critério de diferenciação e a finalidade por ela perseguida, consistindo no fundo numa proibição da arbitrariedade."

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Uma política afirmativa correta deve oferecer aos alunos das escolas públicas, especialmente negros e pobres, oportunidades de superarem as falhas de sua formação anterior.

José Goldemberg foi reitor da USP e ministro da Educação. Eunice R. Durham foi secretária de Ensino Superior do Ministério da Educação. Artigo publicado em “O Estado de SP”:

A reserva de cotas para facilitar o admissão e aumentar a participação de negros nas universidades brasileiras viola a Constituição federal, que garante, no artigo 206, "igualdade de condições para o acesso" à escola e ensino gratuito "em estabelecimentos oficiais".

No nível do ensino fundamental, logrou-se universalizar o acesso e há escolas públicas para todos. A mesma universalidade não atinge ainda o ensino médio, mas não se ouve falar de cotas nas escolas secundárias, a que nem todos têm igual acesso e onde faltam vagas.

O problema do acesso é certamente mais grave no caso da universidade pública, porque o governo federal e os Estados não tiveram até agora condições de manter universidades públicas com vagas suficientes para aceitar todos os egressos do ensino médio que desejarem fazer um curso superior. Um simples cálculo aritmético o demonstra: a União dedica cerca de 18% (e os Estados e municípios, 25%) dos impostos à educação. São Paulo dedica 30%.

Estes recursos, contudo, mal bastam para manter 1,2 milhão de estudantes nas universidades públicas, enquanto outros 3 milhões têm de estudar em universidades privadas, que cobram anuidades e usualmente são piores que as públicas.

Para receber todos os estudantes em universidades gratuitas seria preciso triplicar os recursos destinados à educação superior, com prejuízos fatais para as outras responsabilidades do Estado: saúde, transporte, assistência social, sem falar nos outros níveis de educação, ensino fundamental e médio.

Em outras palavras, o cobertor é curto, e essa é a razão por que existem exames de ingresso às universidades (vestibulares), em que a escolha é pelo

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mérito e todos concorrem em igualdade de condições, como determina a Constituição e como é o caso de todos os outros concursos públicos. A instituição do exame do vestibular consiste numa vitória democrática contra as pragas do protecionismo, do clientelismo e do racismo que permeiam a sociedade brasileira.

O ingresso depende exclusivamente do desempenho dos alunos em provas que medem razoavelmente bem a preparação, as competências e as habilidades dos candidatos que são necessárias para o bom desempenho num curso de nível superior.

Alunos de qualquer raça, nível de renda e gênero são reprovados ou aprovados exclusivamente em função de seu desempenho. Isso significa que os descendentes de africanos não são barrados no acesso ao ensino superior por serem negros, mas por deficiências de sua formação escolar anterior. Por isso mesmo, é de certa forma estranho que a primeira grande iniciativa de ação afirmativa no campo educacional incida justamente sobre o vestibular, sem propor medidas de correção das deficiências de formação que constituem a causa real da exclusão dos pobres, dos negros e dos índios. As cotas partem da constatação de que os "negros" não estão conseguindo competir com os "brancos" no vestibular.

De fato, isso é verdade na medida em que aquela população enfrenta obstáculos sociais muito sérios na sua trajetória escolar que dificultam o acesso ao ensino superior.

Alguma coisa precisa ser feita para diminuir essa desigualdade. Mas uma das deficiências da proposta de cotas é exatamente a de que ela incide sobre uma das conseqüências da discriminação racial e da desigualdade educacional sem que estas, em si mesmas, sejam corrigidas.

A solução das cotas não se encaminha no sentido de propor uma ação afirmativa que permita aos brasileiros com ascendência africana superar deficiências do seu processo de escolarização e o estigma da discriminação, mas a de reivindicar que, para os "negros", os critérios de admissão sejam menos rigorosos.

Segregam-se os mecanismos de entrada: um mais rigoroso para brancos e orientais e outro, menos rigoroso, para "negros", o que certamente

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prejudicará os "brancos" mais pobres que também não tiveram condições econômicas de obter melhor educação, mas se esforçam para ingressar na universidade.

A idéia do estabelecimento de um sistema de cotas étnicas para o ingresso nas universidades, como forma de combate à discriminação, se originou nos EUA - onde fazia um certo sentido, tratando-se de um país com longa tradição de universidades brancas, que não admitiam negros, e todo um sistema educacional segregado proibia a coexistência de negros e brancos nas mesmas escolas. Este não é o caso do Brasil.

E mesmo nos EUA, quebrada a segregação, as cotas estão sendo abandonadas, depois que a Suprema Corte começou a invalidar esse procedimento em função de recursos de candidatos brancos prejudicados pela adoção das cotas.

A criação de cotas, no Brasil, representa um retrocesso na medida em que, pela primeira vez na República, se distinguem, na lei, brancos e negros. Classificações desse tipo estão na base de todas as formas mais violentas de racismo. O anti-semitismo oficial da Alemanha nazista, como o apartheid sul-africano são exemplos muito claros disso.

Pode-se argumentar que estabelecer cotas para impedir o acesso de minorias a posições vantajosas na sociedade é condenável, mas o contrário (estabelecer cotas para forçar a inclusão) é desejável. Mas, mesmo que seja "para o bem", as cotas têm um pecado de origem, que consiste justamente em estabelecer categorias separadas que tomam como critério características raciais, implicando, assim, promover um novo tipo de racismo. Uma política afirmativa correta deve oferecer aos alunos das escolas públicas, especialmente negros e pobres, oportunidades de superarem as falhas de sua formação anterior.

Enquanto todo o ensino público não melhorar, o que se deve fazer é oferecer subsídios para aumentar a oferta de cursos pré-universitários gratuitos destinados a esta população que não pode pagar os "cursinhos" freqüentados pelas classes média e alta, e graças aos quais elas melhoram sua preparação na competição por vagas. (O Estado de SP, 22/3)

Referências

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