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III-072 PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA RECICLAGEM AGRÍCOLA DE BIOSSÓLIDOS EM CURITIBA, PARANÁ

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XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

III-072 – PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA RECICLAGEM AGRÍCOLA DE BIOSSÓLIDOS EM CURITIBA, PARANÁ

ANDREOLI, C.V.; PEGORINI, E.S., GONÇALVES, D. F. Processo de implementação da reciclagem agrícola de biossólidos em Curitiba, Paraná. In Anais do XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental – Porto Alegre/RS

Cleverson Vitorio Andreoli(1)

Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo (UFPR), Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR) e coordenador Técnico do Programa de Reciclagem Agrícola do Lodo de Esgoto, da Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR.

Eduardo Sabino Pegorini

Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Ciência do Solo (UFPR), Pesquisador

consultor do Programa de Reciclagem Agrícola do Lodo de Esgoto, da Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR

Daniel Francisco Gonçalves

Engenheiro Civil, Especialista em Hidrologia (Universita De Gli Studi Padova) e Segurança do Trabalho (UFPR), Gerente da Unidade de Serviço de Operação de Esgoto da Região Metropolitana de Curitiba – SANEPAR.

Endereço(1): Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR

Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa – GECIP Rua Engenheiros Rebouças, 1376

Rebouças – Curitiba – Paraná

CEP: 80215 – 900, Tel (41) 3303238 – Fax (41)333 – 9952 e-mail: c.andreoli@sanepar.pr.gov.br

RESUMO

No Brasil, a ampliação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto doméstico é uma atividade prioritária para resgatar uma dívida ambiental que resulta no lançamento diário de aproximadamente 10 bilhões de litros de esgoto nos corpos d’água brasileiros. O Estado do Paraná, localizado na região Sul do Brasil, buscando atenuar estes problemas vem desenvolvendo a mais de 10 anos um programa de pesquisa visando equacionar o problema da disposição final do resíduo gerado pelo tratamento destes efluentes. Entre outros resultados, este programa orientou o planejamento e implementação de Projetos de reciclagem agrícola de lodo de esgoto em quatro municípios do estado, destacando-se o projeto para a Capital, Curitiba. Como alternativa de avaliação para viabilidade prática da reciclagem agrícola, a companhia optou por implantar a atividade através de serviços terceirizados, reciclando parte do lodo de esgoto gerado na Região Metropolitana de Curitiba. Este trabalho apresenta um diagnóstico da produção de lodo na área e as diretrizes do processo de terceirização da atividade.

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PALAVRAS-CHAVE: Lodo de Esgoto, Biossólidos, Reciclagem Agrícola, Processo de

Terceirização, Curitiba

INTRODUÇÃO

No Brasil, a disposição final adequada dos resíduos gerados nos centros urbanos constitui atividade prioritária para resgatar parcela da dívida ambiental contraída por políticas reducionistas do passado, que dissociaram os serviços de saneamento em atividades desintegradas. Um exemplo desta dissociação é o lançamento diário de aproximadamente 10 bilhões de litros de esgoto, que são coletados e não tratados nos corpos d’água brasileiros (BRASIL, 1991).

Aproximadamente 33,75 % da população brasileira dispõem de coleta de esgoto, e apenas cerca de 10 % do esgoto coletado sofre algum processo de tratamento (IBGE, 1998). Este problema será ainda mais agravado com a perspectiva de inclusão de 70 milhões de habitantes urbanos às redes de coleta nos próximos quinze anos.

A adequada destinação deste resíduo é um fator fundamental para que os objetivos de um sistema de tratamento sejam plenamente alcançados. O Estado do Paraná, através da Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR, vem desenvolvendo há mais de dez anos um programa interdisciplinar e interinstitucional de pesquisas com o objetivo de definir a melhor alternativa para equacionamento da questão no estado. Entre os produtos desta rede de pesquisas, destacam-se os projetos para implementação da Disposição Final de Lodo de Esgoto na Agricultura em quatro municípios do estado, destacando-se os trabalhos na capital, Curitiba.

PERSPECTIVAS PARA USO DO LODO NO PARANÁ

Embora represente apenas 2,4 % do território brasileiro(199.362 Km²), o Estado do Paraná responde por 7,0 % da produção pecuária e 22 % da produção nacional de grãos, com as maiores produções do país nas culturas de trigo, milho, feijão, centeio, algodão, rami e casulos de seda e a segunda maior produção de soja, cebola e aveia (ANDREOLI, 1992). O Estado possui alguns dos solos mais férteis do Brasil mas que sofreram por muitos anos a exploração predatória, sem os cuidados necessários de conservação e sem a devida reposição mineral e orgânica. A rápida ocupação se caracterizou pela implantação de sistemas agrícolas imediatistas, causando uma contínua e progressiva degradação ambiental e dos solos, que teve como resultado sua degradação física, a remoção das camadas mais férteis e o intenso processo erosivo (ANDREOLI, 1992). Como conseqüência, estimam-se perdas de 105 milhões de toneladas de solo anualmente pela erosão, o que acarreta um prejuízo financeiro, somente em fertilizantes NPK, da ordem de 240 milhões de dólares no Paraná, além do solapamento do potencial produtivo dos solos e de graves impactos ambientais em rios e lagos (BRAGAGNOLO; AGLIAGA, 1993).

Além do desperdício financeiro, como resultado do manejo inadequado, atualmente alguns solos paranaenses apresentam sinais severos de depauperação, com baixos teores de matéria orgânica, estrutura destruída e fertilidade baixa, o que torna o solo ainda mais susceptível ao processo erosivo. Neste sentido, o uso agrícola do lodo de esgoto apresenta propriedades capazes de atenuar estes problemas. A matéria orgânica do lodo pode aumentar o conteúdo

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de húmus do solo, melhorando sua estrutura, a capacidade de armazenamento e infiltração de água, aumentando a resistência dos agregados e reduzindo a erosão. Os macro e micronutrientes podem contribuir para reequilibrar o conteúdo mineral dos solos, aumentando seu potencial produtivo. Os efeitos positivos sobre as propriedades físicas e químicas do solo proporcionam ainda uma imediata reação e incremento da população edáfica (SOPPER, 1993).

As propriedades do produto o tornam especialmente interessante a solos agrícolas desgastados por manejo inadequado, bem como para recuperação de áreas degradadas, que representa um enorme mercado potencial para o lodo. A exploração de "saibro" na Região Metropolitana de Curitiba, segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), deixou mais de 240 hectares de solos degradados, caracterizados como cascalheiras. As características destas áreas variam caso a caso, no entanto a inabilidade de sustentar uma vegetação de cobertura é constante e esta freqüentemente associada a erosão e lixiviação destes terrenos, falta de nutrientes e alteração profundas das características físico-químicas do solo.

Do ponto de vista econômico, a reciclagem agrícola tem o grande benefício de transformar um resíduo em um importante insumo agrícola, trazendo ainda vantagens indiretas ao homem e ao meio ambiente (USEPA, 1979). O uso do material pode representar uma revitalização do setor agrícola, principalmente dos pequenos agricultores, atualmente em condições críticas de descapitalização e sem condições de adquirir os insumos químicos tradicionais. A

O Paraná possui alguns dos solos mais férteis do Brasil mas que sofreram por muitos anos a exploração predatória, sem os cuidados necessários de conservação e sem a devida reposição mineral e orgânica. Como conseqüência, alguns solos paranaenses apresentam sinais de depauperação, com baixos teores de matéria orgânica, tornando os solos ainda mais susceptíveis ao processo erosivo.

Neste sentido, o uso agrícola do lodo de esgoto apresenta propriedades capazes de atenuar estes problemas. A matéria orgânica do lodo pode aumentar o conteúdo de húmus do solo, melhorando sua estrutura, capacidade de armazenamento e infiltração de água, resistência dos agregados e reduzindo a erosão. Os nutrientes podem contribuir para reequilibrar o conteúdo mineral dos solos. Os efeitos positivos sobre as propriedades físicas e químicas do solo proporcionam ainda uma imediata reação e incremento da população edáfica. As propriedades do produto o tornam especialmente interessante a solos agrícolas desgastados por manejo inadequado, bem como para recuperação de áreas degradadas.

PRODUÇÃO DE LODO EM CURITIBA

O município de Curitiba, capital e maior cidade do Estado do Paraná, conta, hoje, com uma população total da ordem de 1.580.505 habitantes. Atualmente aproximadamente 60 % da população da região é atendida com serviço de coleta de esgoto e 48 % com coleta e tratamento, gerando cerca de 120 toneladas diárias de lodo de esgoto com 15 % de matéria seca.

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Os serviços de coleta e tratamento de esgoto da região metropolitana da cidade são executadas pela Unidade de Serviços e Operação de Esgoto da Região Metropolitana de Curitiba (USOECT), da SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná. Dos 70 sistemas sob responsabilidade da USOECT na Região Metropolitana, três são considerados de grande porte e possuem sistema de secagem para desidratação do lodo gerado: as ETEs Belém e Atuba possuem prensas desaguadoras, que reduzem a umidade do resíduo a níveis de 85 %; e a ETE Santa Quitéria está equipada com uma Centrífuga, que deve elevar o teor de sólidos do lodo a 25 %, sem o uso de polieletrólitos. As principais características destes sistemas são apresentadas no tabela 1, abaixo.

Tabela 1. Características dos sistemas de tratamento de esgoto de Curitiba e Região

Metropolitana

ETE Sistema Tipo Sistema de População Lodo Produzido

Desidratação atendida

(hab.)

100 % m.s.

15 % m.s.

BELEM Aeróbio Carrousse l

Prensa Desag. 282.729 9,90 65,97 ATUBA Anaerób

io

RALF Prensa Desag. 148.199 2,22 14,82 STA Quitéria Anaerób io RALF Centrifuga 105.491 1,58 *6,32 ETEs Menores Anaerób io RALF 322.522 4,84 32,25 TOTAL 859.004 18,5 4 119,36

fonte: pela Unidade de Serviços e Operação de Esgoto da Região Metropolitana de Curitiba (USOECT), da SANEPAR

* 25 % de m.s (matéria seca)

As estimativas de produção do lodo prevêem um incremento significativo a curto prazo na Região, em função, principalmente, do Plano de Saneamento Ambiental (PROSAM) e das políticas definidas pela SANEPAR para tratamento de todo esgoto coletado. A produção total na cidade ultrapassará 145 toneladas (15% de matéria seca) diariamente (ANDREOLI et al., 1998).

As áreas disponíveis para armazenamento de lodo nestas ETEs encontram-se atualmente bastante limitadas, exigindo definição urgente de outras alternativas de diposição final. O Ralf Padilha é o único dos sistemas menores com processo de desidratação de lodo, realizado por centrífuga. O lodo produzido nos demais sistemas menores atualmente é descartado na entrada da ETE Belém e submetido ao processo de tratamento do sistema. Embora os três grandes sistemas apresentem estrutura para desinfecção do lodo produzido, não possuem uma definição técnica que oriente as atividades de gerenciamento e disposição final do resíduo.

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Os lodos produzidos caracterizam–se pela excelente qualidade. Os teores de metais pesados encontrados apresentam-se em níveis muito abaixo dos limites restritivos da EPA americana como pode ser visualizado na tabela 2. Os limites que devem ser adotados pelo IAP na instrução normativa que regulamenta a atividade, também apresentados na tabela2m seguem níveis próximos a norma espanhola, uma das mais restritivas. Os teores presentes nesta tabela referem-se a lodos brutos, isto é, antes da adição de cal virgem no processo de desinfecção, o que resultará em diluição dos teores destes elementos.

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Tabela 1 – Conteúdo de metais pesados em lodos de esgoto bruto em Curitiba Paraná,

limites normativos Paranaense e dos Estado Unidos.

METAL PESADO (mg/kg) USAEPA (EUA) Instrução Normativa Paraná ETE-BELÉM (PR) RALF (PR) Cd 85 20 nd - 12 --- Pb 1200 750 nd - 200 60 - 88 Cu 4300 1000 34 - 520 71 - 146 Cr 3000 1000 13 - 299 24 - 71 Hg 57 16 nd a 4,4 nd a 4,5 Ni 420 300 nd - 150 36 - 45 Zn 7500 2500 114 - 1350 415 - 862

FONTE: FERNANDES et. Al (1997), citado por ANDREOLI et al.(1997)

O principal entrave, no entanto, ao uso agrícola do lodo de Curitiba é a contaminação do resíduo por patógenos. Para solucionar o problema o Programa de Pesquisas em Reciclagem Agrícola de Lodo da SANEPAR, vem pesquisando diversas opções de desinfecção. No momento, a nível operacional são adotadas a calagem com cal virgem a 50 % do peso seco do material ou a compostagem com resíduos de poda de árvores, obtidos com a prefeitura. Tanto a calagem como a compostagem tem assegurado os padrões de qualidade preconizados pela Norma do IAP, de 0,25 ovos/g de matéria seca de ovos viáveis de helmintos e 10³ NMP/g de matéria seca de coliformes fecais.

Com relação a qualidade a agronômica os parâmetros de maior interesse, apresentados no tabela 3, abaixo, revelam o potencial do produto como fertilizante e condicionador de solo.

Tabela 3. Composição média dos dois principais tipos de lodo (bruto/sem higienização) em

Curitiba.

Lodo N total P2O5

total

K2O Ca Mg pH M.O. C C/

N

Aeróbio (ETE Belém) 4,91 3,70 0,36 1,59 0,6 5,9 69,4 32,1 6 Anaeróbio (ETES –

RALF)

2,22 0,95 0,34 0,83 0,30 6,1 36,2 20,1 9 Fonte: SANEPAR (1997)

PROCESSO DE TERCEIRIZAÇÃO DA DISPOSIÇÃO FINAL

Como alternativa para avaliar a viabilidade técnica da disposição agrícola do lodo a nível operacional, a SANEPAR optou por implementar a atividade através de serviços terceirizados. No primeiro ano, cuja experiência deverá orientar o processo no futuro, a Companhia optou pela reciclagem de mais de 50% do lodo produzido pela maior ETE da cidade, a ETE Belém, ao longo do ano 2000. O volume restante será disposto em lagoas localizadas próximas à ETE.

Os serviços terceirizados compreendem a elaboração do Plano de Gerenciamento e Disposição Final de Lodo de Esgoto das ETEs operadas pelo USOECT e a implementação das atividades para o gerenciamento e disposição final de 12 mil toneladas de lodo de esgoto (com aproximadamente 15 % de sólidos) destas ETEs.

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Plano de Gerenciamento da Disposição Final de Lodo de Esgoto

O Plano de Gerenciamento é um instrumento estratégico de planejamento que deverá analisar a produção de lodo das unidades operadas pela USOECT, avaliando as condições de infra-estrutura, ambientais, sanitárias e agronômicas regionais, para estabelecer as bases para a disposição final através da reciclagem na agricultura.

Outras alternativas de disposição final deverão ser contempladas pelo Plano com o objetivo de estabelecer um destino alternativo para situações especiais, onde a reciclagem não seja viável, tais como: lodos contaminados com metais pesados e agentes patogênicos em níveis que excedam os limites estabelecido pela normatização pertinente. Neste caso a empresa contratada não terá responsabilidade pela disposição final destes resíduos.

Este plano deverá ser aprovado internamente pela SANEPAR, que poderá solicitar alterações e complementações. Após aprovação interna, o Plano será submetido ao Instituto Ambiental do Paraná - IAP, com vistas a obtenção da regularização ambiental prévia da atividade. A implementação das atividades a nível operacional somente serão iniciadas após a aprovação do IAP.

O plano deverá conter no mínimo a estrutura apresentada no quadro 1.

Quadro 1. Estrutura do Plano de Gerenciamento da Disposição Final de Lodo de Esgoto IV. Diagnóstico

a. Normatização e Regulamentação aplicáveis

b. Estudo da Produção do Lodo (para ETE Belém e Atuba - Sul)

I. Alternativa de higienização e qualidade prevista do Lodo Higienizado

a. Descrição do processo de higienização b. Características agronômicas

c. Características sanitárias

d. Estabilidade

e. Conteúdo de Metais Pesados

f. Restrições e usos potenciais do material produzido

III. Estudo da Área de Aplicação

a. localização geográfica b. Estrutura Viária c. Características gerais

V. Usuários Potenciais:

a. Caracterização

b. Culturas e áreas cultivadas c. Períodos de demanda

d. Equipamentos disponíveis para distribuição

V. Planejamento da Distribuição

a. Adequação das ETEs à Produção de Lodo para Reciclagem: estocagem e higienização

b. Apoio Técnico Agronômico

c. Estratégias para divulgação, cadastro e seleção dos produtores

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a. Descrição dos equipamentos a serem utilizados para o manuseio do lodo na ETE ; b. Número e tipo de caminhões;

c. Precauções para o transporte;

VII. Controle da Operação

a. Controle da qualidade do lodo : metodologia para coleta de amostras, frequência de amostragem, Controle de relatórios/registros, planilhas e arquivo de

informações, Controle da liberação de lotes de Lodo

b. Controle da propriedade rural: Análise das restrições ambientais e de usos, Caracterização da aptidão do solo, Análise do solo e receituário, Resultados agronômicos

c. Monitoramento: Critérios de seleção das áreas a serem monitoradas, Coleta de amostras, Freqüência de amostragem, Registros e arquivos, Planilha de

monitoramento ambiental

Implementação da Atividade

A empresa vencedora do processo de licitação deverá realizar a destinação final dos lodos segundo os critérios definidos pelo Plano de Gerenciamento elaborado pela própria empresa, aprovados pela SANEPAR e autorizado para início de operacionalização pelo IAP, durante 12 meses.

Na composição de custos para operacionalização da atividade foram considerados os valores da disposição final após os processos de secagem e desinfecção, de responsabilidade da SANEPAR. Os serviços que a empresa contratada deverá realizar compreendem a aquisição da cal virgem ou de execução integral do processo de higienização proposto no plano de Gerenciamento, coleta e análise de amostras, movimentação interna do lodo no pátio das ETEs, operações de carregamento e transporte do lodo, identificação e cadastro de produtores, recomendação agronômica e assistência técnica ao agricultor beneficiado, gerenciamento da atividade e monitoramento ambiental definidos no Plano de Gerenciamento. As análises deverão ser realizadas por laboratórios oficiais ou de Universidades.

A empresa poderá cobrar dos agricultores pelo produto ou repassar a eles os custos de transporte. Nestes casos a empresa será responsável pela regularização da atividade junto aos órgãos competentes e deverá repassar à SANEPAR um valor correspondente a 35 % da renda bruta obtida com a comercialização e repasse de serviço na forma de abatimento dos custos referentes ao gerenciamento e disposição final do lodo. No caso da prestação de outros serviços, como espalhamento e incorporação do material no solo, nenhum valor deverá ser repassado à SANEPAR.

Caso a Empresa apresente no Plano de Disposição Final alternativas tecnológicas para melhoria dos processos de secagem e/ou higienização do lodo, a proposta técnica deverá estar detalhada nos itens Ib e IIa, do Plano. Eventuais construções e investimentos necessários, bem como custos operacionais serão de responsabilidade da empresa e dependerão de análise de viabilidade de implantação a critério da SANEPAR.

A implementação da atividade ocorrerá gradualmente, dividida em 3 etapas, prevendo a reciclagem de 2.000 toneladas ( 13 a 15% de matéria seca) no primeiro quadrimestre, 4.000

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toneladas no segundo e 6.000 toneladas no terceiro. A economia de escala tende a aumentar a eficiência da atividade e garantir melhor retorno econômico, a medida que ocorrer um aumento na quantidade de lodo reciclado. Os custos máximos estimados no processo de licitação correspondem a R$ 57,00/ t na primeira etapa, R$ 44,00 / t na segunda e R$ 39,00 no ultimo quadrimestral

A SANEPAR garante o pagamento de uma produção mínima mensal de 500 toneladas para todos os quadrimestres, mesmo a produção real não alcançando estes níveis. O lodo será calado em até 50% do peso seco, variando seu teor de umidade entre 12 e 30%.

Serão disponibilizados para a empresa, nas ETEs Belém e Atuba Sul a infra estrutura básica para gerenciamento da atividade: pátio com piso, sistema de secagem e sistema de calagem.

Composição dos Custos Máximos admitidos pelo Edital de Licenciamento. Higienização

O custo da cal está orçado em R$ 5,07 por tonelada de lodo. Considerando a calagem a 50%, serão necessárias 37,5t./mês de cal na primeira etapa, 75 t/mês na segunda e 112,5 t/mês na terceira fase. Os custos referentes ao processo de higienização não estão incluídos na planilha, pois a SANEPAR será responsável pela operacionalização.

Movimentação e carregamento de lodo

Será necessário a contratação de um caminhão tipo Brooks de pequeno porte ( 7 t.) e uma retro escavadeira. O custo estimado do caminhão é de R$ 3.000,00 /mês, e o da retro escavadeira é de R$ 3.500,00 incluindo combustível e operador, em um total mensal de R$ 6.500, 00.

Transporte

Considerando um custo médio de R$ 0,25/t./km para as condições de trafegabilidade da ETE Belém às propriedades rurais situadas na Região Metropolitana de Curitiba, calcula-se valores que variam de R$12,50 a R$25,00 por tonelada. No edital consta o valor de R$ 15,00 / t transportada, considerando uma distância média de 60 Km.

Assistência agronômica

Para atender esta demanda é necessário a contratação de um Engo Agrônomo e um técnico agrícola para os trabalhos de divulgação, cadastro, coleta de amostras de solo, recomendação agronômica, acompanhamento da aplicação e coleta de amostras para monitoramento ambiental e elaboração das planilhas de monitoramento ambiental. Desta forma chega-se a uma despesa mensal de R$2.500,00 para o Engo Agrônomo na primeira etapa e 3.500,00 para as etapas 2 e 3, incluindo as leis sociais.

Monitoramento ambiental

A proposta de normatização para reciclagem agrícola de lodo do Estado do Paraná, que se encontra em discussão, prevê a realização de um número mínimo de análises para avaliação do valor fertilizante a cada 300 t. de lodo, e para metais pesados e sanidade a cada 400 t. de lodo. Serão também necessárias análises de fertilidade de solo de todas as glebas onde for utilizado o biossólido, antes da aplicação e após a colheita, além do monitoramento ambiental. Os custos das análises são apresentados na tabela 4, abaixo.

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Tabela 4 - Comparativo dos custos de análises para o monitoramento, considerando

diferentes quantidades mensais de lodo reciclado.

Análises Unitário (R$) 500 t. Valor mensal 1000 t. Valor mensal 1.500 t. Valor mensal Fertilidade (lodo) 70,00 2 140,00 4 280,00 5 350,00 Metais pesados (lodo) 400,00 2 800,00 3 1.200,00 4 1.600,00 Sanidade (lodo) 400,00 2 800,00 3 1.200,00 4 1.600,00 Fertilidade ( solo ) 10,00 20 200,00 40 400,00 60 600,00 Metais pesados (solo) 400,00 0,5 200,00 1 400,00 1,5 600,00 Sanidade ( solo ) 400,00 0,5 200,00 1 400,00 1,5 600,00 Total 2.340,00 3.880,00 5.350,00 Gerenciamento

Considerou-se um valor de 20% para gerenciamento e lucros e de 15% como impostos, que estão demonstrados na tabela 5, abaixo:

Tabela 5 - Comparativo dos custos de reciclagem agrícola considerando diferentes

quantidades mensais de lodo reciclado

ETAPA I ETAPA II ETAPA III

Operação R$/ t. 500 t/ mês R$ / t. 1000 t/ mês R$ / t. 1500 t / mês Aquisição de cal 5,07 2.535,00 5,07 5.070,00 5,07 7.605,00 Movimentação e carregamento do lodo 13,00 6.500,00 6,50 6.500,00 4,33 6.500,00 Transporte 15,00 7.500,00 15,00 15.000,00 15,00 22.500,00 Assistência agronômica 5,00 2.500,00 3,50 3.500,00 2,33 3.500,00 Monitoramento 4,68 2.340,00 3,88 3.880,00 3,56 5.350,00 Sub total 42,75 21.375,00 33,95 33.950,00 30,29 45.455,00 Gerenciamento (15%) 6,41 3.206,25 5,09 5.092,50 4,54 6.818,25 Impostos (15 %) 6,41 3.206,25 5,09 5.092,50 4,54 6.818,25 55,58 27.787,50 44,14 44.135,00 39,38 59.091,50 Destaca-se que, os custos apresentaram um significativo aumento pela inclusão de equipamentos de transporte interno e carregamento do lodo na ETE e que quantidades reduzidas de lodo a serem reciclados determinam uma perda na economia de escala.

No total, dez empresas adquiriram o edital e duas apresentaram propostas. O edital foi definido dando ênfase a proposta econômica das empresas, com peso 6 sobre a média final. A proposta técnica foi avaliada segundo os seguintes critérios: conhecimento do problema, metodologia e organização do trabalho, equipe técnica e relação de produtos. A empresa vencedora do processo de licitação foi a ENVITEC ® Saneamento Ambiental LTDA,

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somando 72 pontos na proposta técnica e com desconto de XX % sobre o valor máximo de custo fixado pelo edital.

CONCLUSÕES

A produção atual de lodo em Curitiba é da ordem de 120 toneladas (15 % matéria seca) por dia, e a ETE Belém é a principal estação de tratamento de esgoto atualmente na cidade, gerando aproximadamente 60 toneladas de lodo a 15 % de matéria seca por dia.

O conteúdo de macro e micronutrientes e de matéria orgânica do lodo produzido na cidade tornam o produto especialmente interessante ao uso agrícola na região, que apresenta solos desgastados pelo cultivo intensivo e inadequado.

O conteúdo de metais pesados do material é baixo, fruto da política da empresa de vetar as descargas de efluentes industriais na rede de drenagem de esgoto doméstico. Embora o perfil sanitário do lodo represente o maior entrave a sua utilização como insumo agrícola, os processos de higienização adotadas pela companhia, a calagem a 50 % do peso seco do resíduo e a compostagem, reduzem o nível de patógenos a condições adequadas de manuseio e que não oferecem riscos à saúde humana e animal ou ao meio ambiente.

A empresa vencedora do processo de licitação será responsável pela a aquisição da cal virgem e execução integral de processo de higienização, que não a calagem, proposto no Plano de Gerenciamento, coleta e análise de amostras, movimentação interna do lodo no pátio das ETEs, operações de carregamento e transporte do lodo, identificação e cadastro de produtores, recomendação agronômica e assistência técnica ao agricultor beneficiado, gerenciamento da atividade e monitoramento ambiental definidos no Plano de Gerenciamento.

A implementação da atividade ocorrerá gradualmente, dividida em 3 etapas, prevendo a reciclagem de 2.000 toneladas ( 13 a 15% de matéria seca) no primeiro quadrimestre, 4.000 toneladas no segundo e 6.000 toneladas no terceiro. A economia de escala tende a aumentar a eficiência da atividade e garantir melhor retorno econômico, a medida que ocorrer um aumento na quantidade de lodo reciclado. Os custos estimados no processo de licitação correspondem a R$ 50,87/ t na primeira etapa, R$ 38,09 / t na segunda e R$ 34,04 no ultimo quadrimestral

Os custos apresentaram um aumento significativo pela inclusão de equipamentos de transporte interno e carregamento do lodo na ETE e por que quantidades reduzidas de lodo determinam perda na economia de escala.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Referências

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