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Reportagem. Processo de convergência de normas contábeis se amplia

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Processo de convergência de

normas contábeis se amplia

Reportagem

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de argumentações favoráveis: é necessária às empresas que operam em diversos países e que

precisam apresentar informações às suas controladoras sediadas no exterior; é igualmente

im-portante para certificar a transparência e proporcionar confiabilidade às práticas e procedimentos

contábeis, em função das constantes transformações do atual cenário econômico globalizado;

e, entre outras, contribui para a divulgação de informações sobre a situação patrimonial e

financeira das empresas com o suporte de normas contábeis de alta qualidade.

Passos definitivos e concretos rumo à convergência começaram a ser dados pelo Brasil

com a criação do CPC (Resolução CFC n.º 1.055/05), para tratar da contabilidade

so-cietária. Um ano depois, diante da constatação da necessidade de ampliar e,

especifica-mente, direcionar os esforços e as ações para outras áreas, foi criado o Comitê Gestor da

Convergência no Brasil (Resolução CFC n.º 1.103/07). Dessa forma, as ações voltadas ao

processo de convergência às normas internacionais se estenderam às áreas de auditoria,

contabilidade pública e assuntos regulatórios.

O Comitê Gestor da Convergência no Brasil traçou plano de ação com trabalhos a serem

desenvolvidos e metas a serem atingidas, visando à convergência das normas brasileiras da

área de auditoria às normas emitidas pela International Federation of Accountants (IFAC)

até 2010. Nesse mesmo contexto, o Comitê Gestor vem trabalhando de forma articulada

com o CPC, na área da contabilidade societária, tendo por objetivo também convergir as

normas locais às emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB) até 2010.

Deve-se ressaltar que foram considerados, nesse cenário, os atos normativos já emanados

pelo Banco Central do Brasil (BCB) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Para os assuntos regulatórios, o Comitê Gestor está constituindo grupos de trabalhos

voltados à necessária “convergência interna”, com vistas à adoção, de modo uniforme,

por parte de todos os entes reguladores brasileiros, das melhores práticas internacionais –

também considerando o horizonte de 2010. Para a contabilidade pública, a proposta para

a convergência é que ela ocorra até 2012.

Nesta reportagem, a RBC detalha o trabalho do Comitê Gestor da Convergência no Brasil,

da sua constituição às estratégias elaboradas para cada uma das frentes em que atua, com

de-poimentos de integrantes do Grupo, alguns dos maiores especialistas brasileiros nessas áreas.

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Reportagem – Processo de convergência de normas contábeis se amplia

O

Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), com representantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), do Banco Central do Brasil (BCB), da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), constituíram o Comitê Gestor da Convergência no Brasil com a finalidade principal de direcionar às áreas de auditoria, assuntos regulatórios e contabilidade pública os esforços necessários para a convergência das normas brasileiras às internacionais. Paralelamente, também atua em complemento às ações desenvolvidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), direcionadas à contabilidade societária.

O Comitê Gestor é formado por dois comitês: o Coordenador e o De-liberativo. O primeiro é integrado por Verônica Souto Maior, conselheira e membro da Câmara Técnica do Conselho Federal de Contabilidade; Ana Maria Elorrieta, diretora de Assuntos Técnicos do Ibracon; e Lino Martins da Silva, professor e especialista em contabilidade governamental e finanças públicas. Já o Comitê Deliberativo é constituído por esses três membros mais a presidente do CFC, Maria Clara Cavalcante Bugarim; o presidente do Ibracon, Francisco Papellás Filho; e os seguintes

repre-sentantes titulares: do Banco Central, Amaro Luiz de Oliveira Gomes; da CVM, Antonio Carlos de Santana; da Susep, Osiane Arieira

Nasci-mento; e da STN, Paulo Henrique Feijó da Silva. Conforme Verônica Souto Maior, o Comitê Gestor da Convergência no Brasil representa um grande avanço para o País, uma vez que a abran-gência da sua atuação, de forma complementar ao CPC, inseriu o Brasil definitivamente e, de forma irre-versível, no processo de convergência internacional. “O objetivo do Comitê Gestor é contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento sustentável do País, por meio das reformas contábil – nos âmbitos pri-vado e público – e de auditoria, que resultem numa maior transparência das informações comunicadas à sociedade”, afirma.

Além disso, a conselheira do CFC destaca que a promoção de ações que garantam uma maior valo-rização da classe contábil brasileira é uma responsa-bilidade do Conselho Federal de Contaresponsa-bilidade. Por isso, partiram do CFC algumas das primeiras iniciati-vas de constituição do Comitê de Pronunciamentos Contábeis e do Comitê Gestor da Convergência no Brasil, para os quais o CFC vem garantindo toda a estrutura operacional e financeira necessárias aos seus efetivos funcionamentos.

Para cumprir seu objetivo, o Comitê Gestor traçou como missão identificar e monitorar as ações a se-rem implantadas para viabilizar a convergência às normas internacionais de Contabilidade (IFRS), às de Auditoria e Asseguração (ISA), às de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS) e às melhores práticas internacionais em matéria regulatória.

As atividades previstas no plano de ação do Comitê Gestor são realizadas por Grupos de Trabalho (GTs), conforme as especializações: auditoria, contabilidade societária, contabilidade pública e assuntos regulatórios. Além desses, há ainda um GT voltado à educação e treinamento em Contabilidade Internacional. Os produtos gerados pelos GTs (minutas das normas) – que podem ter parte dos seus trabalhos subsidiados por Grupos de Estudos (GEs) – serão objetos de audiências públicas conjuntas realizadas pelo Conselho Federal de Contabilidade e pelo Ibracon, visando submeter as referidas minutas de normas à consulta da classe contábil brasileira.

Na área da convergência contábil societária, estão previstas ações como o

supor-te contínuo ao

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de Pronunciamentos Contábeis; a

tradução das IFRS para serem disponibilizadas e utilizadas pelo CPC; a elaboração de comentários ao projeto do IASB para Pequenas e Médias Em-presas (PME); e, entre outras, a revisão das demais Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) sobre matéria contábil para inclusão na pauta do CPC, além de eventuais revogações e outras ações visando à atualização do conjunto de Normas.

Em relação à convergência na área de auditoria, faz parte do plano de ação do Comitê Gestor a tradução das normas internacionais (já autorizada pela IFAC); a formação de GTs e de GEs para refor-mular as normas de auditoria visando incorporar aspectos adicionais do Código de Ética da IFAC e a efetiva elaboração de minutas das normas de auditoria convergidas às normas internacionais, considerando também, no escopo dos trabalhos, as normas referentes ao controle de qualidade, a asseguração, a revisão e outros serviços relacio-nados; além do desenvolvimento de um plano de treinamento e a elaboração de um guia de auditoria para pequenas e médias empresas de auditoria.

Os GTs e GEs de auditoria já iniciaram os seus trabalhos, com a definição e apresentação, ao Comitê Coordenador, de uma agenda ativa, a partir da tradução das normas internacionais editadas pela IFAC. Os Grupos têm como coordenador o contador Cláudio Longo, coordenador do Comitê de Normas de Auditoria (CNA) do Ibracon.

Na área da convergência da contabilidade pública, os trabalhos foram iniciados com a cons-tituição do Grupo de Trabalho, que desenvolveu e apresentou ao Comitê Coordenador um plano de ação das atividades e das metas previstas para a convergência das Normas Brasileiras de Conta-bilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP) às IPSAS até 2012.

Esse plano de ação prevê a tradução (já autoriza-da pela IFAC) autoriza-das atuais 26 normas internacionais e a disseminação dos conceitos e dos procedimentos previstos nas normas internacionais por meio da realização de seminários regionais em todo o Brasil, além da formação de Grupos de Estudos, que serão responsáveis em apresentar ao GT as minutas das normas convergidas para submissão à audiência pública. O GT é coordenado pelo professor doutor Francisco Ribeiro, da Universidade Federal de Per-nambuco (UFPE), e tem como membros o contador Victor Branco de Hollanda, do Ministério da Fazenda; o contador Paulo Henrique

Feijó, da Secretária

do Tesou-ro Nacional; o professor doutor Valmor Slomski, da Univer-sidade de São Paulo (USP); e o contador Laércio Mendes Vieira, do Tribunal de Contas da União (TCU).

Quanto aos assuntos regulatórios, a dis-cussão com os organismos reguladores, visando à “convergência interna”, prevê o mapeamento e a eliminação das diferenças nas regulações atualmente vigentes no Brasil, com uma particular atenção às diver-gências regulatórias existentes pela não-adoção ou referência às Normas Brasileiras (NBCs) e às Normas e Pronunciamentos de Auditoria (NPAs), tendo em vista a adoção das melhores práticas internacionais. As primeiras reuniões com os regulado-res já foram realizadas e o Comitê Coordenador está ultimando a formação dos GTs visando ao início dos trabalhos.

Quanto à proposta de educação e treinamento para a convergência, o plano de ação do Comitê Gestor prevê a participação em fóruns de professores; a qualificação de docentes em Contabilidade Internacio-nal e IFRS; a realização de contatos com as Instituições de Educação Superior (IESs) para discutir a importância da inclusão da disciplina Contabilidade Internacional nos projetos pedagógicos do curso de graduação em Ciências Contábeis; e a manutenção de contatos com o Ministério da Educação para atualização do currículo acadêmico. Nesse contexto, é válido ressaltar, como uma das ações já implementadas nessa área, a realização do curso “Contabilidade Internacional”, nos meses de maio e julho/08, na sede do CFC, ministrado pelo professor doutor Jorge Katsumi (UnB), voltado exclusivamente para professores de graduação em Ciências Contábeis de todo o País, com o objetivo de qualificá-los para atuarem como multiplicadores do conhecimento em seus estados, por meio da disseminação de conhecimento para outros profis-sionais, bem como aplicação nas salas de aula. Cada estado da Federação, por meio dos CRCs, indicou dois professores para participarem do referido curso, os quais assumiram o compromisso junto ao CFC de ministrar, ao menos, dois cursos ou treinamentos em seus estados.

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A crescente globalização da

econo-mia mundial tem demandado das empresas brasileiras maior competência na comunicação com o mercado, tendo em vista que elas têm que concorrer por negócios e pela captação de recursos financeiros internacionais, na forma de capital e financiamento, com empresas de segmentos similares localizadas em todo o mundo.

Esse processo, se conduzido de forma positiva, propicia o desenvolvimento sustentável às economias dos países. Nesse contexto, é válido ressaltar que tal processo vem sendo apoiado, em todo o mundo, pela internacio-nalização das normas de contabilidade e de auditoria. A crescente e irreversível internaciointernacio-nalização das normas contábeis vem levando diversos países ao processo de convergência.

O Brasil, por sua vez, não poderia ficar alheio a essa realidade. Assim, diversas ações, que nos permitem atingir a inclusão definitiva e inconteste do nosso país no processo de convergência internacional, foram e estão sendo implementadas.

O Conselho Federal de Contabilidade, fiel ao seu papel institucional, vem trabalhando – em conjunto com o Ibracon e os diversos órgãos reguladores brasileiros, como CVM, BCB, Susep e STN –, de forma sistemática, em várias frentes, visando à preparação do

mercado e dos profissionais de contabilidade do Brasil à convergência internacional.

Nesse sentido, o CFC vem sendo decisivo na implementação de várias ações que permitam a inserção do Brasil no processo de conver-gência das normas brasileiras às normas internacionais, das quais podemos citar a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis

(CPC) e do Comitê Gestor da Convergência no Brasil; que garantam a realização dos trabalhos necessários à convergência das normas locais às normas internacionais de contabilidade (IFRS), de auditoria (ISA) e de contabilidade pública (IPSAS), além da adoção das melhores práticas internacionais no que se refere aos assuntos regulatórios. Ademais, merecem destaque os trabalhos voltados à preparação dos profissionais para esse novo cenário internacional, por meio de programas de educação continuada e de treinamento profissional, e de ações com as instituições de ensino superior, voltadas aos professores e aos coordenadores de cursos de Ciências Contábeis no

âmbito da graduação e da pós-graduação.

Tendo como objetivo claro a completa

inclusão do Brasil no irreversível processo de convergência às normas internacionais, o CFC, em conjunto com outras entidades (profissionais e reguladoras), identificou a necessidade de estender, ou ampliar, a outras áreas, além da contabilidade societária (já cuidada pelo CPC), as ações necessárias a serem implementadas no Brasil, de forma coordenada, notadamente às áreas de auditoria, contabilidade pública, assuntos regulatórios e educação. Como conseqüência, foi criado o Comitê Gestor da Convergência no Brasil.

No atual cenário, podemos afirmar – sem medo de errar – que o Brasil é um dos países que possui um plano de ação concreto, com metas e prazos factíveis, voltado à convergência das suas normas às internacionais; avaliação essa corroborada por organismos internacionais como a IFAC e o IASB, em vários eventos internacionais realizados ao longo de 2008, nos quais foram ouvidos vários países membros sobre os avanços e os desafios da convergência.

Nesse sentido, cito como ações concretas, que ocorreram nos últimos tempos no nosso país e que, no meu entendimento, foram decisivas para inserirem o Brasil no processo de convergência internacional, as seguintes:

a) a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2005); b) a criação do Comitê Gestor da Convergência no Brasil (2007); e

c) a edição da Lei n.º 11.638 (2007).

Como membro do Comitê Gestor, não tenho dúvidas do tamanho do desafio que temos pela frente, de quão grande é a nossa missão. Ao mesmo tempo, aumenta a minha convicção, a cada etapa cumprida do nosso plano de ação, de que estamos no caminho certo e que – trabalhando juntos CFC, Ibracon, CPC, CVM, BCB, Susep, STN (e outras entidades que possam vir a se juntar a esse projeto) – alcançaremos os nossos objetivos, consolidando a inserção e o reconhecimento do Brasil no mercado internacional,

e atribuindo à profissão contábil brasileira a valorização que lhe é devida.

Verônica Souto Maior

Conselheira do CFC

Maria Clara Cavalcante Bugarim

Presidente do CFC

Acácio Pinheiro

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Nas discussões iniciais sobre

o processo de convergência, o foco estava volta-do para as normas de contabilidade. Havia a necessidade de atender às alterações que, esperava-se, seriam introduzidas pela Lei das Sociedades por Ações (Lei n.º 11.638/07) – o que, de fato, acabou acontecendo –, mas também de nos alinharmos às determinações que introduziram exigência de adoção das normas contábeis internacionais na elaboração das demonstrações financeiras consolidadas: primeiro, pelo Banco Central, e depois pela CVM e pela Susep. Quando criamos o Comitê Gestor, em 2007, consideramos que seria altamente recomendável e prudente que o processo

de convergência não se limitasse exclusivamente às normas de contabilidade, mas também que abrangesse a convergência às normas internacionais de auditoria da IFAC, e, na extensão possível, a busca pela convergência regulatória.

Na nossa visão, não faria muito sentido limitarmos o processo de convergência às normas de contabilidade, já que o objetivo final é que as demonstrações finan-ceiras preparadas no Brasil sejam comparáveis àquelas de outras jurisdições. Essa comparabilidade só será completa se puder assegurar que referidas demonstrações também estejam examinadas por auditores independentes e de acordo com as normas internacionais de auditoria.

O trabalho desenvolvido pelo

Comitê Gestor da Convergência no Brasil na área de auditoria é tão importante quanto na área de contabilida-de. Já existe posicionamento do Banco Central no sentido de que as demonstrações contábeis consolidadas de 2010 das instituições financeiras, elaboradas de acordo com as normas internacionais de contabilidade, sejam au-ditadas conforme as normas internacionais de auditoria. As ações do Comitê Gestor vão na direção de atingirmos o objetivo de que as normas brasileiras de auditoria sejam equivalentes às internacionais nessa data, aplicáveis para todos os trabalhos de auditoria.

Em outras palavras, buscam garantir que a evolução se aplique a todas as auditorias de demonstrações contábeis no Brasil para essa data. Como não

existem diferenças extraordinárias entre as normas de auditoria do Brasil e as internacionais, o fato de nossas normas serem substancialmente mais breves pode resultar em aplicações práticas bem diferentes. Termos uma aplicação consistente de normas de auditoria de alta qualidade permitirá o fortalecimento da profissão e de

sua credibilidade.

Francisco Papellás Filho

Presidente do Ibracon

Auditoria

Ana Maria Elorrieta

Diretora de Assuntos Técnicos do Ibracon

Divulgação

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A implantação dos padrões

in-ternacionais irá contribuir de forma significativa para a melhoria das estatísticas fiscais do País, dos demonstrativos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e das demonstrações contábeis. Nesse senti-do, a iniciativa do Conselho Federal de Contabilidade, em parceria com a Secretaria do Tesouro Nacional – que é o órgão que edita normas de consolidação das contas públicas –, de criar um Comitê Gestor para conduzir o processo de convergência às Normas Internacionais de

Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP) mostra-se como uma ação estratégica para o Brasil.

O novo modelo resgata o objeto da Contabilidade como ciência, que é o Patrimônio. A cultura contábil que vige no setor público é a de privilegiar os aspectos orçamentários, muitas vezes em detrimento do controle dos aspectos patrimoniais. Agora é a vez da contabilidade e se faz mister, e urgente, que o País caminhe para a convergência às boas práticas contábeis estabelecidas pelos padrões internacionais de contabilidade, pois, com certeza, no futuro este será um importante diferencial para atração de investimentos para o Brasil e reconhecimento pela comunidade internacional.

Paulo Henrique Feijó

Coordenador-Geral de Contabilidade da STN

Contabilidade Pública

A importância dos trabalhos

de-senvolvidos pelo Comitê Gestor em relação à área da Con-tabilidade Pública decorre de dois fatos relevantes, que são anteriores ao processo de convergência internacional e fazem parte da realidade do Setor Público no Brasil: o primeiro porque a Contabilidade Pública brasileira está fortemente impregnada de conceitos de natureza jurídica e, conseqüentemente, orçamentários; portanto, o que existe é uma Contabilidade Orçamentária e Financeira e inexiste uma Contabilidade Patrimonial, em que pese o teor da Lei n.º 4.320/64. O segundo porque, mesmo praticando uma Contabilidade Orçamentária e Financeira, o que se observa é que em cada órgão ou esfera de governo, de norte a sul do País, são utilizados conceitos diferentes para os mesmos assuntos, principalmente após a Constituição de 1988 e da edição da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Nesse sentido, em boa hora o Conselho Federal de Contabilidade criou o Grupo Assessor para elaborar as primeiras Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP), já que os fundamentos teóricos da

Contabi-lidade não podem conviver com interpretações diferentes para assuntos que tem a mesma natureza, como atualmente ocorre entre os diversos entes da Federação.

Com a edição das NBCASP, o CFC transformará a Contabilidade, que deverá evidenciar todos os componentes patrimoniais e, deste modo, enxergando, na sua plenitude, os fatos

ante-riores, atuais ou futuros que não tenham relação direta com a execução do orçamento anual. Após a disseminação e harmonização desses conceitos em nível nacional, é que teremos a necessária e esperada convergência às normas internacionais (IPSAS), não sem antes traduzir e divulgar tais normas da IFAC, para que os profissionais de Contabilidade Governamental tenham acesso aos conceitos e melhores práticas internacionais e possam contribuir efetivamente para o avanço da

Conta-bilidade Pública no Brasil.

Lino Martins da Silva

Professor-especialista em Contabilidade Governamental e Finanças Públicas

Divulgação

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Assuntos Regulatórios

É de extrema relevância a

articulação e a coordenação de todos os interes-sados no processo de convergência às normas internacio-nais de contabilidade, na forma promulgada pelo IASB. O ideal para qualquer país é a concentração de esforços para viabilizar a transição de maneira eficiente, contando com a colaboração de profissionais capacitados e

empenhados no aprimoramento da estrutura regulamentar vigente no Brasil. Nós, do Banco Central, temos absoluta certeza de que a conclusão tempestiva do projeto de convergência trará benefícios significativos para as instituições financeiras. A missão merece todo o esforço possível para sua consecução, e o Brasil sairá fortalecido no ambiente internacional.

Amaro Luiz de Oliveira Gomes

Chefe do Departamento de Normas do Sistema Financeiro do Banco Central do Brasil

Com a promulgação da Lei n.º

11.638/07, resultado da tramitação no Congresso Nacio-nal do Projeto de Lei n.º 3.741/00, e que reflete o consenso institucioNacio-nal entre os interessados na informação contábil (investidores, acionistas, preparadores, revisores, analistas, acadêmicos, reguladores, etc.), tornou-se realidade a revisão do capítulo contábil da Lei das Sociedades por Ações (Lei n.º 6.404/76), que inclui, entre outros avanços, a possibilidade de consonar as normas contábeis adotadas no Brasil para as demonstrações financeiras chamadas "individuais" (ou da controladora) às normas contábeis internacionais. Vale lembrar que, para as demonstrações contábeis consolidadas das companhias abertas, já há a determinação de adoção do padrão con-tábil internacional por meio da Deliberação CVM n.º 457/2007.

Melhorar a qualidade da informação sobre o desempenho empresarial e sobre os fluxos de caixa esperados permite reduzir o custo de capital, o que por si só será vital para estimular a criação de novas empresas ou a expansão das existen-tes, com impacto direto na criação de emprego e renda. Isso trará uma maior segurança para a sociedade em geral e, em especial, para os investidores, pela maior transparência e confiança nas informações, agregando valor para todos.

A formulação de normas contábeis necessita de entidades que sejam capazes de expressar opiniões de segmentos da sociedade em um processo democrático de participação. Esse modelo ainda é incipiente no Brasil, onde existe pouca experiência nesse tipo de mobilização. O melhor exemplo talvez seja o mercado norte-americano, em que algumas instituições não-governamentais são reconhecidas pela capacidade de opinar e influir sobre normas contábeis em discussão.

Mas isso está mudando, sob a liderança do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a emissão de normas contábeis deve se valer cada vez mais de entes como o Comitê Gestor da

Convergência no Brasil, que tem a potencialidade de contribuir por meio da comunicação de expressões dos diversos segmentos representados na sua composição.

José Carlos Bezerra

Gerente de Normas Contábeis da Comissão de Valores Mobiliários.

Divulgação

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