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AOHADOS LíTICOS NA REGIÃO DE REGUENGOS DE MONSARAZ

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AOHADOS LíTICOS NA REGIÃO

DE REGUENGOS DE MONSARAZ

NOTAS SOBRE O QUATERNÁRIO E A PRÉ-HISTÓRIA-II

POR

MIGUEL A. P. FONSECA RAMOS

I

INTRODUÇÃO

No decurso de levantamentos geológicos efectuados no Verão de 1965, na região de Reguengos de Monsaraz, por um grupo de trabalho da Faculdade de Ciências de Lisboa, foram encontradas peças líticas pelos Srs. Prof. CARLOS TEIXEIRA e Dr.

J.

MATOS DAMIÃO.

O facto despertou interesse por se tratar de zona em que os achados se tinham limitado, até então, ao caso particular do mobi~ liário fúnebre de um grande número de sepulturas colectivas «megalíticas» (G. e V. LEISNER, 1951).

Por amável deferência, fomos convidados a fazer o estudo desses materiais e a efectuar nova prospecção.

Deslocámo-nos aos locais assinalados e procedemos a reconhe-cimentos que, embora fornecendo resultados quantitativa e quali-tativamente muito limitados, permitiram, no entanto, a descoberta de novas jazidas.

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ao quarto inferior direito da folha 473 (Carta de Portugal-S.C.E. - Escala 1:25.000).

Morfologicamente, a região integra-se no aspecto geral da peneplanície do Alto Alentejo, formando depressão ligeiramente inclinada para SE, com drenagem pelo rio Guadiana, que corre a cerca de 2 km a E do limite da carta, com a orientação NNE-SSW.

Mais a norte, alguns relevos interrompem a extensa superfície aplanada.

A litologia regional compõe-se sobretudo de rochas erupti-vas (granitos, dioritos, tonalitos) e metamórficas (gnaisses, cor-neanas, xistos mosqueados, xistos argilosos e grauvacóides) corta-das por filões aplíticos, com turmalina, e de quartzo, com mineralizações metálicas.

A erosão, actuando sobre as rochas granitóides, as mais abundantes na área a que os achados se circunscrevem, modelou «grandes blocos, às vezes de formas esquisitas» (LEISNER, 1951,

p. 14). Porém, na maioria dos casos, formou-se um areão esbran-quiçado que originou a camada superficial, geralmente delgada.

Existem a NW depósitos continentais ceno-antropozóicos, constituídos por calhaus mal rolados, angulosos, de quartzo e de xisto, apresentando frequentemente forma alongada (charuto), dispostos ao acaso numa matriz argila-arenosa de coloração variá-vel (avermelhada, acinzentada e mesmo esbranquiçada). Estes depósitos, que em alguns pontos atingem grande espessura, sur-gem nas zonas mais erodidas formando pequenos retalhos no cimo de cabeços.

São, provàvelmente, do Quaternário antigo e, segundo alguns autores, enquadram-se no conjunto das «ranas» do Alentejo.

Aparecem ainda pequenas formações aluviais recentes sem interesse cartográfico.

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239

-II

DESCRIÇÃO E LOCALIZAÇÃO DAS PEÇAS ENCONTRADAS

RIBEIRA DA PEGA - MONTE CASEBRE INDÚSTRIA LÍTICA

e)

1 - «Chopping-tool» com o gume definido por dois grandes talhes secundários, em cada face, com V'estígios de outros de pri-meira ordem.

O gume apresenta traços de utilização, particularmente nítidos junto ao vértice.

10,1-7,7-4,9

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(Est. I, fig.

1).

MONTE DO BARROCAL INDÚSTRIA LÍTICA

1 - R:aspador (<<grattoir») de eXitremidade em carena, defi-nido por 3 retoques abruptos, na zona distal de uma lasca espessa, de dorso cortical, com a superfície de fractura definida por plano

de fissuração da rocha. A superfície de choque é lisa. 7,0-2,6-2,0.

2 - Lasca de descorticagem, com talhe directo formando concavidade (<<coche»).

7,7-4,8-2,4.

(1) A matéria-prima de grande parte dos objectos em estudo é o quartzito. Para evitar repetição de palavras nas descrições só faremos indicação expressa nos casos em contrário. Assinalamos ainda que o quartzito utilizado se encontrava sob ~. forma de calhaus de terraço bastante rolados, não havendo vestígios de utilização de grandes blocos.

( 2 ) Para cada peça indicamos as dimensões, em centímetros, pela seguinte

ordem: Comprimento segundo o eixo principal, maior largura e maior espessura, tomadas segundo direcções aproximadamente perpendiculares.

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cicatrizes dos talhes e com uma espécie de picotagem na zona cortical, devida a acções de percussão ou a fenómenos de altera-ção química.

6,7-4,7-2,3.

4 - Lasca destacada do núcleo por superfície de fractura irregular (provável fracturação por acção térmica ou defeito da matéria-prima) com cicatrizes de talhe.

5,3-4,6-3,0.

5 - «Chopper» talhado num calhau aohatado. 3 talhes (4?) deram-lhe forma bipontiaguda, apresentando um entalhe {«coche») entre as pontas, que teria, muito provàvelmente, constituído a parte útil.

5,9-7,6-2,6 (Est. III, fig.

1).

6 - Núcleo

(?)

com forma de cunha. 11,3-7,2-5,0.

7 -, Percutor, utiHzado em quase toda a superfície, da qual só resta uma zona limitada com o córtex intacto.

9,3-7,5-4,4.

OUTEIRINHO - A INDÚSTRIA LÍTICA

1 - «Chopper» talhado num fragmento de «placa» de micro-pegmatito em que vários talhes lhe deram forma multipontiaguda. Apresenta-se fracturado na extremidade proximal. É uma peça de aspecto grosseiro, devido à matéria-prima, cujo talhe intencional poderia ser posto em dúvida. Todavia, a forma tem um tipo muito semeLhante ao de outras encontradas em diversos locais.

(5)
(6)

2 - Núcleo a que uma série de talhes frontais deram confi-guração semelhante a alguns objectos reconhecidos como instru-mentos de «bater fibras»_

7 ,4-7 ,0-4,2 (Est. I, fig. 3).

OUTEIRINHO - B INDÚSTRIA LÍTICA

1 -, «Chopper», com vários talhes, formando gume

flabe-liforme.

5,2-5,7-4,3 (Est. I, fig. 2).

2 - Núcleo com talhes divergentes, multi direccionais, apre-sentando, todavia, uma forma que se poderia incluir na designação geral de cunha, embora com mais propriedade se possa considerar - poliédrica.

5,1-6,6-5,5 (Est. UI, fig.

3)-3 - Núcleo poliédrico, com zona de desbaste centrípeta, sub-plana, perpendicular à superfície cortical.

7,3-7,2-4,8.

4 - Núcleo poliédrico muito irregular 8,4-10,5-5,2.

OUTEIRINHO - 300 maS INDÚSTRIA LÍTICA

1 - Pequeno biface, subcordiforme com talhe relativamente grosseiro (talhes geralmente abruptos, alguns rasantes), com parte cortical (<<talon reservé»), que se prolonga um pouco numa das faces e com vestígio na outra.

(7)

243 -2 - Lasca de desbaste, CO'm o talão e dorso cortical, de con-torno ovóide, com talhes alternos descontínuos.

6,3-5,4-3,0.

3 - Fragmento de um pequeno calhau de quartzito de grão muito fino de cor escura, fracturado pelo fogo

(?).

2,9-2,4-1,4. VARGEL

INDÚSTRIA LÍTICA

1 - Lasca de descorticagem, apresentando traços de utilização (polimento e arredondamento do gume) como raspador lateral convexo, com a superfície de choque retocada (retoques abruptos).

4,9-4,3-1,5.

2 - Lasca com dorso de preparação, talhada em raspador transversal convexo. Retoques abruptos.

3,9-4,8-1,9 (Est. IV, fig. 1).

3 - Lasca de descorticagem. Provàvelmente utilizada como raspador transversal convexo.

5,3-4,1-2,1.

4 - Lasca de descor.ticagem utilizada como raspador trans-versal convexo, preparado por retoques directos.

4,2-4,1-1,8.

5 - Lasca com dorso de preparação de contorno trapezoidal, talhada em raspador transversal oblíquo.

5,5-4,2-1,4.

6 - Lasca pertencente a núcleo utilizado como percutor (ves-tígios de percussão, com fracturação irregular). Apresenta cicatrizes de pequenos talhes abruptos. Forma numa das extremidades uma espécie de raspador convexo aperfeiçoado por pequenos talhes.

(8)

7 - Lasca de descorticagem com um entalhe (<<coche») late-ral, seguido de pequeno gume. Apresenta truncatura da extremi-dade distal.

5,1-4,9-1,8

8 - Lasca de tipo dito clactoniano (ângulo da superfície de choque - superfície de lascamento ::::; 130°) com o plano de choque natural; apresenta no dorso cicatrizes laminares. O plano de frac-tura é irregular (fractura em charneira, incompletl!-). Utilização provável como raspador múltiplo (2 laterais côncavos e 1 trans-versal convexo).

3,7-4,4c1,8 {Est. II, fig. 4).

9 - Lasca de descorticagem, com dois gumes convergentes.

4,3-4,0-1,5.

10 - Lasca de desbaste frontal com o plano de choque natural.

4,5-4,0-1,2.

11 - Lasca resultante de acção térmica exercida sobre o núcleo, com cicatrizes de vários talhes centrípetos.

5,5-3,2-2,6.

12 - «Chopper» com cicatrizes de dois grandes talhes, um primário e outro secundário, tendo este originado a totalidade do gume que, em alguns sítios, parece ter traços de utilização (negativos de pequenas esquírolas e brilho de polimento em certas zonas mais arredondadas).

11,5-12,3-6,1 (Est. II, fig. 2).

13 - «Chopper» com cicatrizes de duas ordens, tendo as da primeira uma pátina que contrasta com o aspecto fresco das outras. :E provável que este facto seja consequência de reutilização da peça. Os talhes secundários deram origem a três gumes reentran-tes (<<coches»).

(9)

245 14 - «Ghopper» talhado em calhau achatado de grés quart-zítico. A direita do gume é formada por pequenos talhes sub-perpendiculares ao achatamento e a parte esquerda por outros oblíqu(}s que formaram gume reentrante. A primeira pode inter-pretar-se como um raspador convexo ou superfície residual

(termo final de uma série de desbaste no aproveitamento da matéria-prima) e a segunda como um raspador côncavo, provà-velmente posterior.

8,2-8,8-3,1 (Est. UI, fig. 4).

15 - Núcleo residual em cunha; forma um diedro irregular de faces subperpendiculares ao córtex do calhau. Uma das faces, junto à aresta do diedro, apresenta 3 talhes cujas cicatrizes pare-cem ser posteriores às que formaram as duas superfícies. No

rebordo inferior do córtex existem traços de choque, o que faz pensar que a peça, ,em determinada altura, tenha sido utilizada em acção de percussão.

6,0-5,8-4,2.

16 - Núcleo poliédrico irregular, residual, provàvelmente reu-tilizado (duas cicatrizes contíguas apres'entam pátina que contrasta com o aspecto fresco das outras). A «face» cortical apresenta cicatrizes de talhes rasantes que originaram uma espécie de buril.

4,8-3,9-3,2.

17 ---, Núcleo residual em cunha (secção longitudinal triangular - truncatura na base).

7,5-4,2-4,3.

18 - Núcleo irregular residual. Apresenta, apesar da irregu-laridade, convergência das fases de desbaste, já notada noutros núcleos desta série. Uma das cicatrizes mostra uma superfície cónica originada por choque do calhau durante o transporte sofrido antes de ser recolhido como matéria-prima.

(10)

9,6-7,0-5,8.

20 - Núcleo poliédrico, muito irregular. 7,9-8,9-4,8.

21 - Núcleo irregular em que o desbaste frontal conduziu a uma forma discoidal espessa.

5,7-5,4-3,2.

22 - Núcleo com talhes de várias ordens, multidireccionais, e grande fractura irregular devida à acção do fogo (?) ou defeito da matéria-prima.

4,9-5,5-3,0 (Est. II, fig. 3).

23 - Calhau achatado, fracturado (acidentalmente?). 8,1-10,3-4,8.

MONTE DE ARRAIEIRA (A S do km 30 da Estrada de Reguen-gos-Mourão)

INDÚSTRIA LÍTICA

1 - Raspador duplo (<<racloir»). 2 laterais rectos talhados numa lasca de dorso cortical. A superfície de lascamento foi primeiramente aplanada por uma série de talhes rasantes, sendo os raspadores definidos por retoques abruptos em escama. Talhes inversos, nas duas extremidades, formam na distal um raspador ( «grattoir») espesso.

10,8-5,6-2,4 (Es!". IV, fig. 2).

2 - Lasca com dorso de preparação e superfície de choque linear. Apresenta negativos parasitas de esquírolas sobre a face dorsal e de uma lasca, na região do conchóide, na face ventral. A técnica de obtenção desta lasca é curiosa, conduzindo a uma forma semelhante ao tipo mais frequente de lasca com dorso de preparação e superfície de choque lisa, natural. Só a análise do

(11)

247

-núcleo poderia esclarecer as razões de uma percussão lateral em substituição da percussão longitudinal relativamente à estrutura esboçada.

3,9-6,1-1,8 (Est. IV, fig. 3).

3 - Lasca com dorso de preparação e com superfície de cho-que lisa, natural. Forma subtriangular.

4,3-3,9-1,2.

4 - Lasca com dorso de preparação e com a superfície de choque lisa. Subtriangular.

3,2-3,0-1,1.

5 - Lasca de descorticagem com vanas cicatrizes de talhes anteriores à sua libertação do núcleo. Apresenta dois gumes brutos convergentes, formando uma espécie de furador periférico. o.s supostos traços de utilização não são demonstrativos.

3,4-5,0-2,9.

6 - Lasca de descorticagem, com cicatrizes inversas de peque-nas lascas (esquírolas) provàvelmente devido a contragolpe. O cór-tex é envolvente, mostrando que o desbaste truncava, perpendi-cularmente à sua superfície natural, o calhau que servia de núcleo.

4,1-5,4-2,7.

7 - «Chopper» muito rudimentar obtido por fractura de um pequeno calhau, mostrando uma cicatriz de talhe inverso junto ao ponto de choque (provàvelmente de origem acidental).

4,9-4,8-3,7.

LASCAS E NÚCLEOS DE QUARTZO

8 - Lasca subtriangular, de tipo chamado clactoniano, com dorso de preparação e superfície de choque lisa, apresenta um entalhe (<<coche») na extremidade distal.

(12)

lisa, talhada em raspador (<<racloir») convexo por várias séries de pequenos retoques directos, em geral rasantes. Peça de talhe deli-cado; mostra a utilização, pelos seus autores, de objectos líticos de pequenas dimensões.

2,1-3,1-0,9.

10 - Lasca com dorso de preparação e superfície de choque lisa. 1,7-2,0-1,1.

11 ---, Núcleo subpiramidal multipolar (pseudo-unipolar) talhado

num calhau rolado, cuja superfície cortical tem pátina averme-lhada e numerosos traços de choque (golpes de unha) . Os negativos apresentam superfícies relativamente lisas e em alguns casos devem corresponder a lascas pouco espessas, aproveitando o plano de choque liso natural. Um dos lados forma uma espé-CIe de raspador, ligeiramente convexo.

5,3-5,0-3,9.

12 - Núcleo residual poliédrico. 5,6-4,1-2,2.

III

CONCLUSÕES

As peças, de que procurámos fazer descrição morfológica sucinta, não fornecem «tipos» determinantes para a aferição crono-cultural precisa, nem apresentam particularidades técnicas notáveis. A panorâmica tipológica geral dos conjuntos é de «fácies» paleolítica.

A . escassez do número, de peças não permite a utilização dos métodos de determinação estatística e a abundância da matéria--prima (proximidade das cascal:heiras de terraço do Guadiana e

(13)

249 de filões de quartzo e de pegmatito), factor económico pouco propício ao aparecimento das formas de exaustão (esgotamento técnico da matéria), aquelas em que mais transparecem os caracte-res específicos dos complexos industriais referentes às diversas culturas, impedem, igualmente, o estabelecimento de relações sin-crónicas-diacrónicas entre os vários conjuntos.

Todavia, associando o estudo morfológico à repartição geo-gráfica das jazidas é-se conduzido à formulação de hipóteses, sobre as quais nos parece pertinente fazer algumas considerações. Sublinhamos, desde já, o seu carácter de simples elementos

orien-tadores para novas investigações, a realizar nesta região, sem pretensões a contribuição definitiva para o conhecimento da cul-tura material dos povos que ali viveram.

Os vestígios encontrados levam a supor a presença do Homem desde tempos bastante recuados nesta zona (Acheuliano final?-como parece mostrar a presença do biface encontrado a sul de Outeirinho) .

O maior obstáculo para o estabelecimento de relações crono--culturais reside, como dissemos, no facto do pancronismo, asso-ciado ao que se poderia, em certos casos, designar por atipia, de muitas das formas encontradas. Porém, a existência de núcleos cuneiformes de talhe bipolar, apresentando, por vezes, multipola-ridade centrípeta junto à aresta formada pelas superfícies de des-baste e de «chopping-tools» de desdes-baste frontal 0entrípeto, em relação ao córtex, correspondem a características tecnológicas que, no futuro, poderão talvez vir a formar um ponto de partida para uma sistemática dos complexos líticos da região.

A particularidade da técnica utilizada para a obtenção do n.O 2 Monte de Arraieira (conjunto que se apresenta como o mais evoluído) poderá eventualmente constituir também elemento signi-ficativo.

Se se atender agora à localização das jazidas, mesmo sem se pretender especular acerca da sua ambiguidade tipológica, não podemos deixar de referir uma cir0unstância, que julgamos ser do maior interesse para trabalhos futuros.

Comparando o nosso esboço de distribuição topográfica dos achados com o «Mapa das Antas do Concelho de Monsaraz»

(14)

a área em que eles ocorrem e a zona de maior densidade de sepul-turas megalíticas.

Tudo leva a supor estarmos na 'presença de urna região pre-ferencial na fixação de núcleos humanos.

Fenómenos de aculturação e de substituição-renovação de populações se devem ter verificado desde os tempos paleolíticos até ao fim da Pré-história e cujo mecanis'mo será interessante avaliar. Um dos aspectos mais importantes desta pesquisa será, a partir elos indícios observáveis no terreno e através da fotografia aérea, tentar localizar hahitações de carácter mais ou menos per-manente, em função do tipo de economia adoptado que, certamente, utilizaram os construtores de megalitos.

Embora as sepulturas nos revelem a esplendorosa panóplia dos objectos votivos e nos possam fornecer muitos elementos fundamentais no domínio da Antropologia Física e da Paletnolo-gia, só o conhecimento das estruturas relacionadas com a vida corrente poderá fornecer o complemento indispensável a uma visão de conjunto.

Aliás, no estado actual do conhecimento da «cultura megalí-tica» em Portugal, esta tarefa surge corno uma das mais impor-tantes a efectuar em relação às numerosas antas e outros monu-mentos afins espalhados pelo país.

o.s resultados obtidos noutros pontos da Europa são de molde a encorajarem nesse sentido.

Em resumo: Os objectos líticos encontrados levam a crer que a ocupação humana do Concelho de Reguengos de Monsaraz mergulha as suas origens, pelo menos, até ao final do paleolítico inferior, fechando-se assim a lacuna existente em relação aos acha-dos da margem esquerda do Guadiana.

Por outro lado, esta prospecção abriu um novo campo de trabalho para a realização de estudos sistemáticos, por um grupo de especialistas, numa região já tão rica de achados arqueológicos, mostrando, mais urna vez, as vantagens que se podem obter, para o estudo da Pré-história, dos levantamentos geológicos de por-menor.

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M. RAMOS - Achados líticos de Reguengos de Monsaraz , , - . ' . " . , : ' , ' , . .. ' .' " . . . . ".: .... , ' , . , ' ... .' . EST. I

1 - cChopping-tool> com traços de utilização junto ao vértice do gume. 2 - .Chop-per». 3 - Núcleo. Calhau truncado utilizado para percutir substâncias moles (?).

(18)

1 - Biface subcordiforme com talão cortical. 2 - cChopper». 3 - Núcleo com talhes multidireccionais. 4 - Lasca.

(19)

M. RAMOS - Achados líticos de Reguengos de Monsaraz EST.III

1 - cChoppeu.2 - cChopper:o (peça reutilizada ?). 3 - Núcleo poliédrico. 4 - "Chop-per:> utilizado como raspador (?). 5 - Uma das peças recolhidas pelo autor, junto à

(20)

1 - Raspador transversal convexo (o desenho do meio mostra a lasca vista em perspectiva lateral). 2 - Raspador (cracloir~) lateral duplo, conjugado com um raspa-dor (cgrattoir»), espesso, na extremidade distal. 3 - Lasca com raspa-dorso de preparação.

Referências

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