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Teórica 4 Escolha do Papel para Imprimir 6 de Outubro de 2008 Cadeira Processos de Impressão com Prata

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6 de Outubro de 2008 – Cadeira Processos de Impressão com Prata Licenciatura em Fotografia 2008-2009 Departamento de Fotografia – Luis Pavão Escola Superior de Tecnologia de Tomar

Escolha do papel para Imprimir

Na impressão em papel salgado, o sal fotossensível é o cloreto de prata, que é incolor e dificilmente solúvel em água. Este sal de prata forma-se nas fibras do papel e permanece agarrado às fibras do papel depois de seco, sob a forma de minúsculos cristais incolores ou ligeiramente amarelados. O papel funciona assim como o suporte directo dos cristais em contacto com estes compostos que são muito reactivos e facilmente alterados pela presença de impurezas do papel. Quando da impressão da imagem, por acção da luz do sol, o cloreto de prata decompõe-se em cloro e prata, as zonas expostas à luz resultam negras pela presença de prata metálica. As zonas não expostas à luz permanecem fotossensíveis mesmo depois de terminada a exposição, visto que ainda contém cloreto de prata, que é mais tarde removido pelo banho fixador.

Elementos indesejados no papel para Imprimir

Encontramos no mercado uma enorme variedade de papéis, para escrita, impressora, desenho, aguarela. Para imprimir em papel salgado e albumina teremos que escolher um papel que funcione bem com o processo fotográfico, ou seja, resista à água dos banhos sem se desagregar, não contenham elementos químicos nocivos ao processo (pode provocar véu nas zonas não expostas e manchas castanhas na imagem), com superfície suficientemente lisa para reproduzir de forma satisfatória os detalhes da imagem, sem cor demasiado evidente.

Apenas alguns papéis satisfazem estas características. Na verdade a grande maioria dos papéis no mercado contêm substâncias químicas indesejáveis, que tendem a reagir com o nitrato de prata e com o cloreto de prata, para formar prata metálica por via química, mesmo sem exposição à luz. Para a impressão fotográfica pretendemos que a conversão dos sais de prata em prata se dê apenas por acção da luz e não por contaminação química. Isto também é verdade para outros processos fotográficos sem prata, os testes que vamos realizar nesta aula podem ser usados e são válidos para outros processos de impressão, mesmo sem prata.

Uma substância que o papel não deve conter é enxofre, mesmo na forma de composto químico, pois este elemento reage de imediato com o nitrato de prata, formando sulfureto de prata de cor castanha. O papel não deve conter igualmente partículas metálicas, de alumínio, zinco, cobre ou ferro, pois estes metais desalojam a prata dos sais e formam partículas metálicas sobre a imagem.

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Matéria-prima para fabrico do papel

Para a impressão em papel salgado procuremos papel de boa qualidade, feitos a partir de trapo, ou seja com fibras de algodão ou de linho. Os papéis fabricados a partir de pasta de madeira purificada quimicamente, sem aditivos e isento de lenhina também podem dar bons resultados.

A matéria-prima com que o papel é fabricado é o factor número um na determinação da sua qualidade final. O papel de melhor qualidade é fabricado a partir de fibras de algodão ou de linho ou de trapo (que são de algodão ou linho). Esta matéria foi usada no fabrico do papel até ao século XVII; depois desta data, com o aumento do consumo, foi usada a pasta de madeira, que contém muitas outras substâncias indesejáveis e produz um papel de menor qualidade e com menos estabilidade química, mas que pode ser muito resistente fisicamente e ter muitas utilizações.

A pasta de madeira é usada no fabrico do papel de jornal, consiste apenas em troncos de árvores triturados e cozidos para desfazer as fibras. Nesta pasta apenas 50% do seu conteúdo são fibras de celulose, sendo o restante compostos ácidos, orgânicos que ocorrem na madeira, como a lenhina e as resinas e que conferem um teor ácido ao papel, provocando o seu amarelecimento. Como resultado desta composição, o papel de jornal é fisicamente resistente, embora seja de baixa gramagem, mas não é estável nem duradouro ao longo prazo, tende a amarelecer (especialmente por acção da luz) e torna-se frágil como tempo e sujeito a rasgos. O papel de impressão de livros (especialmente de edições mais cuidadas) é fabricado a partir de pasta de madeira que foi purificado quimicamente e onde se eliminaram grande parte, ou a totalidade, dos compostos orgânicos referidos. Esta purificação pode ser mais ou menos completa, a pureza do papel daí resultante pode também ser maior ou menor. O papel fotográfico actual é fabricado com pasta de madeira purificada quimicamente, num processo muito apurado, e a sua qualidade e pureza são elevados. Os grandes fabricantes de papel fotográfico (Kodak, Ilford, Fuji) dispõem das suas próprias fábricas de papel, para conseguirem satisfazer as elevadas exigências da indústria fotográfica.

Direcção do Grão ou das fibras

O papel que é produzido por meio de máquinas não é igual nas duas direcções e apresenta propriedades diferentes na chamada direcção do grão. As fibras da celulose tendem a alinhar-se na de acordo com o movimento do rolo de papel, enquanto estão ainda molhadas. É fácil de identificar esta direcção das fibras, o papel é mais rígido no sentido das fibras e dilata menos nesta direcção. No sentido oposto, o papel e dilata mais quando molhado e contrai mais quando seca. Alguns testes muito simples, que faremos na aula prática, podem mostrar qual é a direcção das fibras do papel.

Encolagem do Papel

A maior parte dos papéis fabricados industrialmente são cobertos com uma cola para evitar excesso de absorção das tintas de impressão pelas fibras. Esta cola tem o nome de encolagem e tradicionalmente era feita com gelatina ou com amido; actualmente usam-se outras substâncias, como a colofónia-alumina (constituída por resina e sulfato de alumínio, que é ácida e degrada o papel), ou sulfato de alumínio ácido, que não são compatíveis com a impressão em

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prata. A encolagem de amido de trigo ou de arroz ou farinha de araruta, permite obter tons de imagem mais vermelhos, por influência destes.

A encolagem tem muita influência no resultado final da prova em papel salgado, já que os sais de prata e depois a imagem de prata, ficam em contacto directo com as fibras do papel e com a cola. Podemos dizer, para este processo, que a encolagem do papel é decisiva para o resultado final da prova. Na impressão em albumina a encolagem, embora tenha influência no resultado, não tem tanta importância como no papel salgado, porque a imagem de prata fica toda concentrada numa camada de meio ligante e não em contacto com o papel. Os resultados obtidos são muito diferentes se não existir encolagem; se for muito poroso, o papel vai absorver demasiado as soluções e produzir imagens pouco contrastadas, a imagem afunda-se nas fibras do papel. Podemos fazer esta experiência imprimindo uma prova em papel salgado em papel de filtro, guardanapos ou toalhas de papel, ou papel higiénico ou toalhas de papel de cozinha. Com a encolagem as soluções tendem a penetrar menos nas fibras do papel a manter-se mais à superfície, produzindo uma imagem de maior contraste, com densidades máximas mais elevadas.

Gramagem

É uma especificação de fabricante de papel e representa o peso de um metro quadrado de papel. Pode ser calculado a partir de um pedaço menor, desde que se façam as contas e se use uma boa balança (centésimo de grama). Representa também uma medida do corpo ou

espessura do papel, embora gramagem e espessura nem sempre sejam relacionadas directamente porque há outros materiais incorporados que aumentam o peso do papel,

nomeadamente as cargas minerais. Um papel de fotocópia tem geralmente 80 g/m2, o papel de melhor qualidade poderá ter 90 g/m2 ou 120 g/m2. Um papel de desenho apresenta cerca de 150 a 180 g/m2. O papel de aguarela de melhor qualidade terá 300 g/m2 e pode mesmo ir até às 400 ou 600 g/m2

Cor do Papel

Outros aspectos a considerar na escolha do papel para impressão em papel salgado é a sua cor e textura. Quanto à cor optamos por papéis de cor branca ou apenas ligeiramente amarela. Não são desejados papéis fortemente coloridos, porque estas cores resultam da aplicação de corantes químicos; as cores no papel reduzem o contraste e impedem uma boa leitura da imagem de prata, o que também não é desejado. A cor natural das fibras de celulose puras é um amarelo pálido. Para obter um papel mais branco os fabricantes adicionam produtos químicos com propriedades ópticas de o tornar mais branco. Funcionam absorvendo a radiação ultravioleta e devolvendo-a sob a forma de luz branca, o que confere ao papel ou aos tecidos uma tonalidade super branca (usados também nos detergentes para a roupa branca). O papel com cor ligeiramente amarelada (idêntico ao marfim), é mais natural do que o papel muito branco.

Textura ou rugosidade da superfície

Quanto à textura, não desejamos papéis rugosos nem fortemente texturados, pois tem capacidade mais reduzida de reprodução do pormenor da imagem. O papel deverá ter uma

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ligeira textura apenas. A textura do papel é possível de controlar no processo de fabrico e no acabamento. No fabrico a textura é conferida pela forma, onde se forma a folha de papel e pelos feltros que secam o papel recém-formado. Na fase de acabamento, a textura pode ser corrigida por meio da prensagem e por meio de adição de cargas minerais, como o sulfato de bário. Estas cargas minerais tem várias funções na indústria do papel, tornam o papel mais opaco, permitem trabalhar a superfície do papel criando uma determinada textura ou produzir uma superfície muito lisa, ou mesmo brilhante. A prensagem é feita quando o rolo de papel já está seco, sendo calandrado em máquinas apropriadas (passagem entre rolos de aço polidos e aquecidos), como é o caso do papel couché. Nesta operação pode transformar-se a superfície do papel, tornando-o mais listornando-o tornando-ou adquirindtornando-o alguma textura. As cargas minerais permitem ainda ctornando-obrir

completamente a superfície do papel, tapando os poros e preenchendo o espaço entre as fibras, anulando a sensação de matéria fibrosa que o papel geralmente apresenta.

No mercado encontramos papel com vários acabamentos de calandra:

• Hot pressed, que é o mais liso e apresenta muito pouca rugosidade e que é calandrado a quente, reduzindo-se as suas rugas de superfície quase a zero. • Cold pressed, passa na calandra fria e mantém alguma rugosidade.

• NOT, sem calandra, o mais rugoso. Testes ao Papel

Um bom teste para ver a se a folha de papel a usar é homogénea consiste em ver o papel à transparência, sobre uma mesa de luz. Poderemos observar as marcas de água e os arames da forma de fabrico. Se a folha de papel for mergulhada em água, e deixar impregnar bem as fibras e depois observar a folha à transparência, contra a luz de uma janela ou mesa de luz. A folha é translúcida e a passagem de luz deve ser uniforme. Caso forme manchas, seja mais opaca no centro ou nos bordos, se apresenta malhada, resultantes da aplicação desigual de matérias sobre as fibras do papel, então poderemos esperar que este papel não nos dará uma imagem uniforme no caso da impressão em prata e deve ser rejeitado.

Escolha de papel para impressão em papel salgado

Assim não são apropriados os papéis de jornal, o papel de fotocópias, o papel de impressão muito liso e brilhante, o papel de desenho convencional. Os papéis a tentar são papéis próprios para técnicas húmidas, como o papel de aguarela e alguns papéis de conservação. O papel cavalinho não é apropriado, embora seja resistente à água, não tem a pureza desejada, formando facilmente manchas castanhas, incluindo manchas no verso da folha de papel. A folha de papel ideal é formada apenas por fibras de celulose longas e pelas

substâncias da encolagem, como a gelatina ou o amido. O papel de filtro embora com textura acentuada, tem a pureza apropriada e poderá ser uma experiência interessante. Assim uma das tarefas do impressor em papel salgado é a pesquisa de papéis adequados ao processo, entre os papéis que o mercado lhe oferece. E a realização de experiências e testes que lhe ensinem quais os melhores papéis a usar e ilustrem os vários resultados que os diferentes papéis permitem obter.

Uma das consequências interessantes na escolha de um ou outro papel é a cor final da imagem, que pode variar muito com o papel, indo desde o castanho quase neutro até aos tons mais ou menos vermelhados. As diferenças na composição química encontradas de papel para

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papel e os vários materiais usados na encolagem, conduzem a um leque de cor rico e variado que poderemos explorar.

O melhor teste é experimentar imprimir e ver o resultado. Um bom critério de escolha é ausência de véu: as zonas não expostas à luz e que receberam nitrato e prata devem

permanecer totalmente brancas, iguais às zonas do papel que não receberam o nitrato de prata. Outro critério é capacidade do papel em manter o verso limpo, sem formação de mancha castanha. Também evitamos papéis que produzam pontos brancos na imagem, o resultado de falta de uniformidade no papel; nem queremos pontos sem imagem em torno de um ponto negro, que significa ocorrência de uma partícula metálica que dessensibilizou pontualmente o papel. Especificações de Catálogo

Os fabricantes dão-nos algumas especificações, que são interessantes para avaliar o papel. As mais importantes são as seguintes:

• Matéria-prima de fabrico: trapo, pasta de madeira quimicamente purificada, pasta de madeira (não serve) ou papel de mistura (por exemplo, 50% de algodão, o resto é pasta de madeira).

• Isento de lenhina e resinas: esta deve vir escrito bem claro no catálogo, pois é um dos critérios decisivos.

• Matéria de encolagem: pode ser a gelatina ou outras. • Existência de abrilhantadores ópticos

Precisamos de consultar e procurar estas especificações, especificações de catálogo Sugiro que experimentem vários papeis, entre eles os seguintes:

• Canson Montval de 180 g/m2

• O papel ácid free, da Fábrica Porto de Cavaleiros, 120 g/m2

• O papel Silver Safe, da Atlantis 80 g/m2, muito frágil quando molhado, rasga-se facilmente, estável quimicamente não contém impurezas.

• Papel Arches aquarelle, de algodão, gramagens de 150 g/m2 ou 300 g/m2 , fabricado em três superfícies, hot pressed (recomendada para papel salgado), cold pressed, NOT e rough.

• Papel Fabriano artístico, de algodão, apenas 50% é algodão, não sabemos qual a matéria-príma do restante, costuma funcionar bem.

Leitura para esta aula: Casanova, Conceição, O papel como Material a Preservar, Separata dos Cadernos BAD 2, 1991.

Estudar o site:

www.uminous-lint.com

Novo papel LANA:

Lana Aquarelle 25% coton 300 g/m2 – grain fin, Cold press

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http://www.arches-papers.com/fr/fabrication.php

Tradução

Inglês Português Observa

Vat Cuba Mould Forma Laid Wove Tecido Deckle Seeped Hot pressed Cold pressed NOT (pressed) Rough

Referências

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