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APRENDIZAGEM COLABORATIVA EM AULAS DE LEITURA: UMA ALTERNATIVA PARA A RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS DE COMPREENSÃO TEXTUAL Barbra SABOTA (UEG/ UFG 1 )

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COMPREENSÃO TEXTUAL

Barbra SABOTA (UEG/ UFG1)

Resumo

Apresentamos um estudo sobre a colaboração entre alunos do 3º ano de Letras de uma instituição pública de ensino superior em Goiânia. Durante a resolução em pares de exercícios de compreensão textual, pudemos perceber que os participantes da pesquisa utilizavam algumas estratégias mediadoras a fim de executar as tarefas propostas. Observamos, também, os aspectos positivos e negativos de tal proposta, mencionados pelos alunos sobre a interação e sobre esta forma alternativa de resolver exercícios de compreensão textual.

Palavras- chave: aprendizagemcolaborativa, leitura, compreensão.

INTRODUÇÃO

A leitura é uma habilidade de valor reconhecido por muitos na aprendizagem de uma outra língua e muitos estudos têm sido feitos no sentido de buscar alternativas para seu ensino em sala de aula (Coracini, 1995; Nuttall, 1996; Terzi, 2001). Por outro lado, estudos sobre a aprendizagem colaborativa e a teoria sociointeracionista têm sido desenvolvidos em várias áreas dos processos de ensino e aprendizagem de língua estrangeira (LE), sem no entanto apresentar grandes inovações quanto àquela habilidade. Temos nos dedicado à investigação deste tópico (Figueiredo e Sabota, 2002; Sabota, 2002a; 2002b) e, apresentamos, a seguir, parte dos resultados obtidos em nossa dissertação de Mestrado (Sabota, 2002b), em que investigamos as estratégias utilizadas pelos alunos para resolver exercícios de compreensão textual em pares.

Primeiramente, falaremos sobre o referencial teórico que fundamenta este estudo. Em seguida, apresentamos aspectos metodológicos do estudo para, enfim, discutir os dados analisados e tecer algumas considerações relativas ao uso da aprendizagem colaborativa em aulas de leitura em LE.

1 – REFERENCIAL TEÓRICO

Convencionalmente, a leitura serve a vários propósitos: informar, ensinar, entreter. Pessoas tecem leituras diversas de um mesmo tema, uma mesma situação,

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Professora de Prática de Ensino da UEG e Doutoranda em Letras e Lingüística na Faculdade de Letras da UFG.

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dependendo de seu conhecimento, suas experiências, suas intenções e objetivos com a leitura. De acordo com nossa proposta, a leitura pode variar, ainda, de acordo com nossa atuação com um parceiro.

A leitura é uma atividade tão constante em nossas vidas que, muitas vezes, nem nos damos conta do quanto a praticamos. Conforme sugere Sabota (2002a, p. 20),

[q]uando assistimos à televisão, estamos emitindo nossa leitura sobre o assunto mostrado; quando observamos um quadro, efetuamos uma leitura do desenho nele representado; quando lemos um aviso de trânsito, estamos efetuando uma leitura; quando nos deparamos com um artigo de revista, estamos também lendo.

Ao longo de nossa vida estamos constantemente aprendendo coisas que nos ajudam a reestruturar nosso conhecimento esquemático2 (Widdowson, 1983) e enriquecendo nossas possibilidades de interação com o texto a cada nova leitura.

Entendemos, pois, leitura como um entre os vários modos de aquisição de informação capazes de gerar novos conhecimentos. Utilizando o conteúdo encontrado no que lemos e ativando esquemas adequados, construímos nossa interpretação, nossa própria leitura, sobre o assunto. Ela é, de acordo com as definições que apuramos (Leffa, 1996; Padrón et al., 1996; Orlandi, 1999; Soares, 2000), um processo, e não um produto, pois parte de sua construção dá-se na interação e não é, portanto, previamente estabelecida. Dessa forma, o processo da leitura está em constante transformação. A leitura é interativa e transcendente e não se prende apenas à decodificação do texto: ela busca ir além. Portanto, ela pretende estender seus limites até onde é possível unir o conhecimento do leitor aos sinais gráficos e às marcas textuais, com vistas à comunicação de idéias e à interação com o mundo exterior.

Como nossa proposta de leitura é interativa – e também colaborativa –, é necessário que expliquemos os benefícios do trabalho colaborativo durante a leitura.

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2. Esquemas referem-se, grosso modo, ao conhecimento prévio do leitor. Segundo Leffa (1996: 35), “esquemas são estruturas abstratas, construídas pelo próprio indivíduo, para representar a sua teoria do mundo”. Entretanto, os esquemas também podem ser construídos socialmente. Eles estão constantemente sendo renovados a cada nova idéia compreendida pelo leitor, aumentando, assim, a quantidade de esquemas sobre determinados assuntos. Por sua vez, o conhecimento esquemático, segundo Widdowson (1983), diz respeito ao relacionamento entre as informações obtidas a partir da interação entre o conhecimento prévio do leitor e o texto que, por sua vez, passará a integrar os esquemas desse leitor.

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A aprendizagem colaborativa e a leitura

A aprendizagem colaborativa parte do princípio de que as pessoas, quando atuam em pares ou em grupos, beneficiam-se e enriquecem-se pela interação, o que, de acordo com a metáfora vygotskiana de Zona do Desenvolvimento Proximal (ZDP), amplia as oportunidades de aprendizagem. Durante a leitura colaborativa, há uma motivação real para que os alunos releiam o texto a fim de montarem seus argumentos (Dixon-Krauss, 1995). Ao falar sobre a formação do leitor (processo de alfabetização), Kleiman (2001, p.60) ressalta a importância do trabalho colaborativo durante a leitura, ao afirmar que

[o] papel do adulto ou do leitor mais experiente consiste em promover as condições para que [o aluno] consiga realizar a leitura independentemente. Essa atividade é coerente com a observação de que quando o aluno ainda não é proficiente na leitura, é na interação que se dá a compreensão.

É possível afirmar que, também no desenvolvimento da habilidade de leitura, aquilo que o aprendiz consegue compreender hoje com a ajuda do outro, ele conseguirá compreender amanhã sozinho.

Alguns autores (Papalia, 1996; Guariento e Morley, 2001) consideram a atividade da leitura em pares uma atividade verdadeiramente comunicativa, pois pedir aos alunos que interajam sobre textos lidos gera comunicação genuína, visto que se cria uma necessidade real de troca de informação durante a negociação da aprendizagem resultando na formação de indivíduos mais críticos e reflexivos, e, por conseguinte, mais autônomos, como é possível perceber nos dados analisados.

2 – METODOLOGIA

Em nossa dissertação, buscamos documentar e investigar o processo de colaboração durante a resolução de exercícios de compreensão de textos escritos em língua inglesa em uma turma de alunos de Letras/Inglês da Universidade Federal de Goiás. Participaram deste estudo o professor da turma – Leonardo, bem como oito alunos voluntários que são, também, tratados por seus pseudônimos: Anaís e Rob, Nicole e Steve, Bia e Edith e Jennifer e Ane.

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Objetivávamos investigar como a resolução de exercícios de compreensão textual, por meio da aprendizagem colaborativa, ocorria em uma sala de aula de LE cujo professor já trabalhasse com a interação em pares.

Acompanhamos, então, o professor Leonardo durante três aulas de leitura: aula 1

jobs, aula 2: Sister Wendy e aula 3: sports. As aulas aconteciam sempre visando,

primeiramente, levantar e construir os esquemas necessários para a compreensão dos textos por meio de várias técnicas diferentes, tais como listas de vocabulário, perguntas pessoais, dominós etc. Depois disso, o texto era apresentado aos alunos que o liam e, inicialmente, resolviam, sozinhos, os exercícios de compreensão textual e, posteriormente, com o auxílio dos colegas.

Nossos dados foram analisados qualitativamente, mas há tabelas que indicam alguma análise quantitativa. Passemos, a seguir, aos resultados da pesquisa.

3 – ANÁLISES E RESULTADOS

Neste item apresentamos a análise das interações e decorrentes atividades sociocognitivas desempenhadas pelos pares, bem como as estratégias mediadoras utilizadas para a resolução de exercícios de compreensão textual durante as três aulas observadas. Apesar de tratarmos das atividades e estratégias isoladamente em nossa análise, elas ocorreram durante a interação de forma concomitante. Apresentamos, ainda, alguns resultados da análise das respostas dadas pelos alunos às folhas de exercícios e entrevistas.

Atividades sociocognitivas

Atividades cognitivas são as atividades que dão base ao processo cognitivo (Villamil e Guerrero, 1996) e que são executadas durante a interação com o par com buscando resolver as tarefas propostas. Percebemos a realização de duas atividades sociocognitivas em nossos dados: discussão sobre os procedimentos da tarefa; e resolução de problemas.

Discussão sobre os procedimentos da tarefa

Esta categoria envolve as discussões sobre os passos a serem tomados durante a interação. Assim, pudemos verificar que, durante a resolução dos exercícios de

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compreensão, os alunos deparavam-se com dúvidas sobre o que deveriam fazer em seguida. Nesses momentos, eles tomavam a decisão em conjunto, não havendo, desse modo, imposição de pontos de vista.

Neste exemplo, retirado da aula 3, Steve relembra sua colega que a verificação em conjunto deveria ser efetuada com a caneta vermelha (conforme havia sido solicitado pela pesquisadora a fim de diferenciar as atividades realizadas em pares das realizadas sem colaboração). Ao lembrar-se dessa solicitação, Steve auxilia sua parceira a cumprir a solicitação possibilitando o cumprimento da tarefa proposta:

[1] Steve: Suzanne practice skiing and Dorothy practice yoga. And what

about your answer?

Nicole: Yes, I think that Suzanne practice skiing and Dorothy practice yoga, too.

Steve: Dorothy practice yoga and [gymnastic.

Nicole: [and gymnastic, yeah. Ö Steve: We have to correct with red.

Nicole: Oh, yes…

(Nicole e Steve – Aula 3 – Sports)

Uma outra atividade sociocognitiva desempenhada pelos participantes deste estudo foi a resolução de problemas.

Resolução de problemas

Consideramos como problema as situações em que, havendo discordância nas respostas, os alunos negociavam para chegar a um consenso ou para dar termo ao exercício. Neste exemplo, retirado da aula 3, podemos observar Edith e Bia tentando chegar a uma conclusão do que seria um respectable skier (esquiador respeitável) – a segunda questão do segundo exercício de compreensão sobre o texto Sports. O exercício em questão apresentava questões abertas e exigia que os alunos inferissem a resposta pelo contexto. Como podemos ver no exemplo seguinte, Bia não havia conseguido descobrir sozinha o significado da expressão contida no texto, mas com o auxílio de Edith, ela pôde responder à questão:

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[2] Edith: What does Suzanne mean by “I would say I’m – I’m a respectable

skier’?”3

⇒ Bia: I don’t know... I – I read, but I … thought… I found confuse.

⇒ Edith: She means that she’s not the best in the ski, but she is good skier… I understand this…

Bia: She?

Edith: She is not the BE::::ST, but she is a good skier...[...] (Edith e Bia – Aula 3 – Sports)

3

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Passemos ao próximo item, que trata das estratégias usadas para mediar a resolução dos exercícios de compreensão textual.

Estratégias mediadoras

Estratégias mediadoras são as ações que facilitam o sucesso dos aprendizes durante a interação para a resolução dos exercícios propostos (Villamil e Guerrero, 1996). Durante a realização das três aulas de leitura que observamos, os alunos utilizaram várias estratégias e subestratégias mediadoras para completar a tarefa que lhes havia sido proposta.

Na Tabela 1, mostramos as estratégias e subestratégias encontradas na análise do

corpus e o número de vezes que cada uma foi observada.

TABELA 1: Estratégias Mediadoras

Tipos Número de vezes em que

foram utilizadas

A. Uso do conhecimento metalingüístico 28

B. Uso de LM 13

C. Emprego de fontes externas 09

D. Uso de scaffolding Ver itens individuais

abaixo

D.1 Ativação de esquemas 93

D.2 Uso do texto • Indireto • Direto

• Com ênfase na pronúncia/entonação

95 36 52

D.3 Uso de perguntas 159

D.4 Término da frase iniciada pelo colega 16

Vejamos, a seguir, algumas das circunstâncias em que essas estratégias foram utilizadas pelos alunos: uso do conhecimento metalingüístico e uso de scaffolding sob várias formas4.

Uso do conhecimento metalingüístico

Apoiando-se no conhecimento que tinham da língua que estavam aprendendo, os alunos puderam argumentar em instâncias diferentes e defender suas opiniões. No exemplo a seguir, retirado da aula 3, em que os alunos devem ler as declarações de duas mulheres sobre os esportes que praticam e responder a perguntas relativas a elas, Anaís

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baseia-se em seu conhecimento sobre a função do tempo verbal Present Perfect para construir seu argumento:

[3] Anaís: I think she’s been skiing since she was 6 years old, although she spent

some time away from it.

Rob: Without doing it...

⇒ Anaís:

Yeah. Without doing it…It’s just that when you use the present perfect simple it gives you the idea that she’s finished.

[...]

Rob: So, it would be better this way... Suzanne has skied … present perfect

simple, not present perfect continuous.

Anaís: But she still does it now.

Rob: Ok. But what is the problem of using the present perfect simple?

⇒ Anaís: It’s just that when you use the present perfect simple it gives you the idea that she’s finished.

(Anaís e Rob – Aula 3 – Sports)

É possível averiguar, assim, que os alunos também discutem a forma, de modo contextualizado, enquanto interagem com os pares, e o conhecimento metalingüístico tem uma função comunicativa iminente: a de fundamentar a argumentação. Sobretudo entre estudantes de Letras, o conhecimento das formas lingüísticas é quase tão importante quanto suas funções, pois, como futuros professores, eles terão que explicar tais aspectos a seus alunos.

Uso de scaffolding

Scaffoldings (Wood, Brunner e Ross, 1976) são auxílios que possibilitam a

resolução de atividades em que os pares se engajam. O uso de scaffolding pelos alunos possibilitou-lhes resolver com o colega um problema que não seriam capazes de resolver sozinhos (Donato, 1994). Em nosso estudo, pudemos notar que o scaffolding ocorreu de várias formas, e, para facilitar a análise, decidimos por subdividi-lo, como também o fizeram Villamil e Guerreiro (1986), em algumas subestratégias. Apresentamos aqui apenas duas: uso direto do texto com alteração de entonação e uso de perguntas. Vejamos:

• Uso direto do texto com ênfase na pronúncia/entonação

Um dos usos do texto, detectado na transcrição, foi a leitura feita com ênfase na entonação e/ou na pronúncia de algumas palavras. A argumentação ganhava forças quando os alunos resolviam enfatizar trechos do texto, lendo-os mais alto ou

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prolongando algumas vogais, no intuito de direcionar a atenção do colega para algumas palavras do texto a fim de formular sua argumentação para responder aos exercícios.

No exemplo 4, Anaís lê um trecho do quarto excerto do texto da aula 1. Ela espera convencer seu parceiro de que o excerto que responde à pergunta (Em que trabalho Danny teve que trabalhar com maior rapidez?), proposta no exercício, é o último. Para tanto, ela lê e estende a vogal, enfatizando a palavra que acredita conter a informação desejada:

[4] Anaís: Here. Eh, “at 12.15 he can notice people coming”…

Rob: … Ok, don’t mention time! (interrompendo)

Anaís: ... then, by “one o’clock the place is jumping, as fast as table are vac-vacated, I think, new faces are slipping in, no time to enjoy the- so NO TI::ME” …

Rob: ...Ok... the time...

⇒ Anaís: ... “the place is JU::Mping”...

Rob: Ok.

⇒ Anaís: And then, “the sous-chef is SCRE::Aming”.

Rob: OK.

Anaís: You know, so I think that’s why he has to work the fastest.

(Anaís e Rob – Aula 1 – Jobs)

Acreditamos que essa estratégia auxilie o cumprimento da tarefa, pois os alunos perceberam que, ao pronunciar enfaticamente certas palavras do texto, podiam ajudar o colega a chegar à resposta correta, bem como convencê-lo, quando suas respostas eram diferentes.

• Uso de perguntas

Algumas perguntas mostram como os alunos eram sempre bem polidos ao emitir opiniões e deixavam clara a intenção de serem educados através dos pedidos constantes de confirmação e opinião sobre as respostas dos colegas.

No exemplo 5, retirado da aula 3 (Sports), Edith lê para Bia a pergunta do exercício (O que Dorothy mais gosta sobre seu esporte favorito? Por quê?). Bia responde, mas tem a preocupação de perguntar a opinião da colega. Como Edith não concorda com a resposta de Bia, ela também lê seu texto. Entretanto, ela lê a resposta referente a uma outra pergunta, interrompendo a leitura ao perceber seu engano. Bia retoma sua pergunta anterior para saber se a colega concordava com sua resposta, antes de prosseguirem.

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[5] Edith: “What does Dorothy like best about her favorite sport? Why?”

⇒ Bia: Hum… I put… “she likes to have nice lunch with the friends, because she

has made friends since she joining the club.” (lendo a partir de suas anotações) What do you think?

Edith: Ah, I think other thing…

Bia: Hã?

Edith: I read… “the best thing about her favorite sport… is go there just to meet people and because” (lendo a partir de suas anotações)… oh…

Bia: This is, eh… about Suzanne, not about … eh… Dorothy.

Edith: Oh...oh, my God.... (risos) (pausa) Question 5.

⇒ Bia: But do you agree my answer?

Edith: Yes, I agree.

(Edith e Bia – Aula 3 – Sports)

A troca de informações enriquece o trabalho em pares, e, na maioria das vezes, leva a modificações que geram acertos. Assim, exercícios que permaneceriam errados até a correção do professor têm a possibilidade de serem corrigidos por meio da interação. Os alunos aumentam o tempo de participação em aula e, conseqüentemente, há uma maior tempo de produção oral, o que otimiza a utilização do tempo de sala de aula.

Por meio da utilização de perguntas, podemos perceber que os alunos, ao trabalharem de forma colaborativa, não apenas responderam às questões propostas nos textos, mas puderam também aprender novas palavras, obter confirmação de suas respostas, refletir sobre as respostas que deram às perguntas, bem como esclarecer dúvidas com a ajuda do colega durante a releitura.

Benefícios da resolução colaborativa de exercícios de compreensão textual relatados nas folhas de exercícios respondidos pelos alunos e entrevistas

Durante os três meses em que estiveram envolvidos na pesquisa, os alunos participaram de atividades que eram parte da aula de línguas que eles faziam. Era parte de nosso objetivo saber como a resolução colaborativa de exercícios de compreensão textual interferiu na produtividade desses aprendizes, ou seja, se a interação em pares teve um efeito positivo, entre a relação de erros e acertos, durante a resolução dos exercícios.

Para verificar tal produtividade, analisamos, primeiramente, as respostas individuais e as comparamos com as respostas dadas pela dupla. Posteriormente, os resultados foram comparados com as respostas que a turma decidiu com o professor

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durante a correção dos exercícios (notas de campo). Finalmente, elaboramos a tabela a seguir para melhor visualização dos resultados obtidos na análise:

TABELA 2: Análise das modificações decorrentes da interação

1. Jobs 2. Sister

Wendy

3. Sports Total Porcentagem Modificações que

levaram ao acerto 9 30 18 57 84%

Modificações que

levaram ao erro 6 1 4 11 16%

Total 15 31 22 68 100%

Em um panorama geral, os alunos acertaram mais respostas (84%) por meio do trabalho colaborativo que realizaram com seus colegas do que quando trabalharam individualmente. Devido ao fato de que eles também aprenderam vocabulário, negociaram a forma, produziram a LE oralmente, co-construíram o significado do texto em uma relação igualitária, desenvolveram estratégias para a leitura e compreensão de textos em LE e tiveram a oportunidade de conhecer melhor o colega com quem trabalharam, é possível constatar que a aprendizagem colaborativa traz uma grande contribuição ao campo de ensino-aprendizagem de LE, conforme pode ser percebido nos relatos de alguns alunos, oriundos das entrevistas, que corroboram as nossas impressões.

Passemos, então, a algumas considerações finais.

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos sobre os processos de ensino e aprendizagem de línguas têm apontado para a necessidade da investigação do que acontece dentro da sala de aula (Dalacorte, 2000; Miccoli, 2002). Entendemos que os estudos envolvendo a aprendizagem colaborativa ajudam-nos a perceber também o que acontece dentro dos pares formados em sala de aula. Alguns dos benefícios apontados neste artigo foram: otimização da utilização do tempo de produção oral em sala de aula; oportunidade de prática integrada das habilidades de língua; negociação de significados embasando-se no contexto e nas argumentações; aprimoramento do conhecimento metalingüístico dos alunos; favorecimento da atuação do professor como facilitador e mediador; co-criação de esquemas durante a negociação para a resolução dos exercícios de compreensão textual; aprimoramento dos relacionamentos sociais entre os alunos, que passam a se

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conhecer e entender melhor; bem como a promoção de uma maior autonomia por parte dos alunos para resolver problemas lingüísticos e de compreensão de textos.

Esses benefícios podem ser experimentados por outros alunos e professores que se interessem em construir um modo alternativo para as aulas de leitura. Esperamos, assim, contribuir para a formação de leitores autônomos, capazes de inferir, utilizar, construir e co-construir seus esquemas, expandir seus conhecimentos enquanto reconhece, no colega de sala de aula, um companheiro de aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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