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A C Ó R D Ã O. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 12ª Câmara de Direito Privado. Registro: 2015.

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(1)

Registro: 2015.0000006180

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 2127775-76.2014.8.26.0000, da Comarca de Guarulhos, em que é agravante CINTHIA FERREIRA ALVES (JUSTIÇA GRATUITA), é agravado SERVIÇO AUTONOMO AGUA E ESGOTOS GUARULHOS SAAE.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 12ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto da Relatora, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Excelentíssimos Desembargadores JACOB VALENTE (Presidente sem voto), JOSÉ REYNALDO E CERQUEIRA LEITE.

São Paulo, 15 de janeiro de 2015

(assinatura digital)

SANDRA GALHARDO ESTEVES Desembargadora – Relatora.

(2)

Voto nº 10.556

Agravo de Instrumento nº 2127775-76.2014.8.26.0000

Comarca de Guarulhos / 2ª Vara da Fazenda Pública Juiz(a): Rafael Tocantins Maltez

Agravante(s): Cinthia Ferreira Alves

Agravado(a)(s): Serviço Autônomo Água e Esgotos Guarulhos Saae

PROCESSO CIVIL. FASE DE INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. PERITO. AUXILIAR DO JUÍZO. ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS. ATRIBUIÇÃO DO JUÍZO. VALOR DOS HONORÁRIOS. UTILIZAÇÃO DE CRITÉRIOS QUE FIXEM REMUNERAÇÃO ADEQUADA DO TRABALHO DESENVOLVIDO. PEDIDO DE FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS EM CONFORMIDADE COM A DELIBERAÇÃO n.º 92/2008 DO CONSELHO SUPERIOR DA DEFENSORIA. DESACOLHIDO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO.

Analisada detidamente a deliberação n.º 92/2008 do CSDP, a princípio, relevante ponderar que esta é ato infralegal, especificamente um ato administrativo, sujeito a reexame do Poder Judiciário. Nota-se que além de a Defensoria ser parte parcial no processo judicial, chama atenção que a tabela constante na deliberação n.º 92/2008 do CSDP emprega um único critério: o valor da causa. Em relação aos honorários periciais, insta consignar que o perito é auxiliar do juízo e seu trabalho deve ser por avaliado pelo juiz tendo em vista diversos critérios, sem subordinação à deliberação do Conselho Superior da Defensoria Pública.

Agravo não provido.

Vistos,

1. Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto contra a r. decisão acostada a fls. 83, proferida nos autos da ação declaratória de inexistência de débito, que arbitrou os honorários periciais em R$ 4.700,00, cancelando-se a reserva de quantia feita junto ao Fundo da Assistência Judiciária e determinando-se a expedição de certidão em favor do perito para execução dos honorários.

(3)

Inconformada, agrava autora e, em síntese, aduz que: a) o valor atribuído aos honorários periciais está acima da tabela prevista na deliberação do Conselho Superior da Defensoria Pública; b) a Defensoria Pública possui autonomia para gerir o Fundo de Assistência Judiciária e não pode ser desrespeitado o delineamento estabelecido na Deliberação CSDP 92/2008.

Pede que não sejam arbitrados honorários periciais em desconformidade com a deliberação n.º 92/2008 do Conselho Superior da Defensoria Pública.

Impulsionado com efeito suspensivo, o agravado deixou de oferecer contraminuta.

O douto órgão “a quo” prestou informações (fls. 92/94). É o relatório do essencial.

2. Decide-se.

2.1. Nos autos da denominada ação declaratória de inexistência de débito proposta contra o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos, afirma a autora Cinthia Ferreira Alves (agravante) que foi cobrada por valores incorretos porquanto referentes a consumo de água inexistente e incompatível com a média normal de consumo. Ao final da petição inicial, em suma, requereu a revisão de débito, declarando-se inexistentes aqueles feitos acima da média mensal e o débito referente a consumo não faturado, a anulação de acordos anteriores ou, subsidiariamente, a cobrança em faturas separadas.

Iniciada a fase de instrução probatória, foi deferida a produção de prova pericial pleiteada pela recorrente (fls. 43), nomeando-se perito.

Atribuído à causa o valor de R$ 30.586,69 e, porém, reservado junto ao Fundo de Assistência Judiciária, o perito apresentou manifestação no sentido de ser irrisória a verba e, ainda, pediu o arbitramento de honorários periciais em R$ 4.700,00.

(4)

“Fls.204/208: ante a dispensa do Sr. perito em relação à verba reservada a ele pela Defensoria Pública, fixo seus honorários em R$4.700,00. Oficie-se à Defensoria Pública para cancelamento da reserva de nº 21101112013 em nome

do expert Walmir Pereira Modotti, e expeça-se,

oportunamente, certidão em seu favor, para execução de seus honorários. 2. Manifestem-se as partes acerca do laudo pericial de fls.224/293, no prazo de 10 dias, sob pena de preclusão” (fls. 83).

Expressamente, pede a agravante que os honorários periciais não sejam arbitrados em desconformidade com a deliberação n.º 92/2008 do Conselho Superior da Defensoria Pública.

Tal pleito não merece acolhimento.

2.2. O Conselho Superior da Defensoria Pública, por meio da deliberação n.º 92/2008 dispôs que os pagamentos de peritos pelo Fundo de Assistência Judiciária serão delimitados entre R$ 292,00 e R$ 883,00 tendo como base exclusivamente o valor da causa.

É o teor da tabela limitativa dos honorários periciais:

Classe Valor da Causa Honorários

Classe 1 até R$ 5.000,00 R$ 292,00 Classe 2 de R$ 5.000,01 a R$ 10.000,00 R$ 331,00 Classe 3 de R$ 10.000,01 a R$ 20.000,00 R$ 373,00 Classe 4 de R$ 20.000,01 a R$ 50.000,00 R$ 484,00 Classe 5 de R$ 50.000,01 a R$ 100.000,00 R$ 628,00 Classe 6 de R$ 100.000,01 a R$ 200.000,00 R$ 728,00 Classe 7 acima de R$ 200.000,00 R$ 883,00

(5)

E mais.

O parágrafo segundo do artigo 1º da referida deliberação impõe que “o pagamento de perito (...) não poderá ultrapassar o montante

constante da tabela do caput do presente artigo, ainda que superior o valor arbitrado pelo juiz da causa a título de honorários periciais, sendo que o levantamento deste numerário implicará quitação e renúncia ao direito de reclamar saldos desta contraprestação”.

2.3. Analisada detidamente a deliberação em pauta, a princípio, relevante ponderar que esta é ato infralegal, especificamente um ato administrativo. Como tal, reportando-se à definição doutrinária, consiste numa declaração jurídica do Estado, emitida na situação em testilha pelo Conselho Superior da Defensoria Pública, no exercício de suas prerrogativas públicas, praticada como comando complementar da lei.

Como todo ato administrativo, a referida regra está sujeita ao reexame do Poder Judiciário.

Pois bem.

2.4. De rigor reconhecer que a deliberação não é compatível com as regras do ordenamento jurídico, com as leis processuais e, inclusive, com a Constituição Federal.

Em que pesem as razões recursais, é atribuição da Defensoria Pública a defesa e orientação jurídica daqueles que necessitam a assistência integral e gratuita do Estado. Certamente, respeitada sua autonomia administrativa e organizacional, possui atribuição para melhor gerir o orçamento a ela destinado e bem decidir como serão pagas as suas despesas.

O que se pretende sopesar, contudo, é que a decisão sobre a adequada remuneração do auxiliar da Justiça é atribuição do juízo, e não poderia ser limitada por uma tabela imposta por quem defende uma parte processual litigante.

Além de a Defensoria ser parte parcial no processo judicial, chama atenção que a tabela constante na deliberação n.º 92/2008 do CSDP emprega um único critério: o valor da causa.

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Não se pode olvidar, todavia, que a perícia pode ser complexa mesmo em causa de pequeno valor ou de valor mínimo e, em tais hipóteses, não seria correto prejudicar o auxiliar do juízo, que não pratica filantropia quando é convocado para atuar no processo.

Na realidade, para fins de estipulação dos honorários, o trabalho do perito deve ser avaliado tendo em vista a complexidade da perícia, o conhecimento técnico exigido para elaboração da prova, os gastos que efetivamente despendeu com seu transporte, recursos e meios necessários à elaboração do laudo.

Cite-se, nesse contexto, o artigo 11 do provimento n.º 797/2003 emitido pelo Conselho Superior da Magistratura: “a

remuneração de perito, intérprete, tradutor, liquidante, administrador, comissário, síndico ou inventariante dativo será fixada pelo juiz em despacho fundamentado, ouvidas as partes e, se atuante, o Ministério Público, à vista da proposta de honorários apresentada, considerados o local da prestação de serviços, a natureza, a complexidade, o tempo necessário à execução do trabalho e o valor de mercado para a hora trabalhada, sem prejuízo do disposto no artigo 33 do Código de Processo Civil”.

Portanto, embora o valor indicado na deliberação do Conselho da Defensoria possa corresponder ao arbitrado pelo juízo e, inclusive, ser aceito pelo perito, haverá hipóteses em que será insuficiente e, nesse caso, negando-se a Defensoria ao pagamento da despesa processual, deve ser autorizada a extração de certidão pelo perito para fins de execução dos seus honorários.

Nos termos pleiteados pela agravante, a decisão será mantida. 3. Em face do exposto, nega-se provimento ao recurso de agravo de instrumento.

(assinatura digital)

SANDRA GALHARDO ESTEVES Desembargadora Relatora.

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