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RELAÇÃO ENTRE OS PRODUTORES AGRÍCOLAS E AS USINAS DE BENEFICIAMENTO DO SETOR DE HEVEICULTURA DA MESORREGIÃO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP 1

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Autores: Alexandre Stucchi de Souza1, Ana Claudia Giannini Borges2 Instituição: UNESP Univ. Estadual Paulista 1,2 E-mail: alexandre.stucchi.de.souza@gmail.com1; agiannini@fcav.unesp.br2

RELAÇÃO ENTRE OS PRODUTORES AGRÍCOLAS E AS USINAS DE BENEFICIAMENTO DO SETOR DE HEVEICULTURA DA MESORREGIÃO

DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP1 INTRODUÇÃO

A borracha natural, feita a partir de látex líquido ou coagulado, extraído da seringueira (Hevea brasiliensis), é matéria-prima essencial para a confecção de diversos produtos como pneus, preservativos e utensílios hospitalares. O Brasil, que atualmente é importador de borracha natural, já foi considerado o maior produtor e exportador desta matéria-prima. No entanto, esta situação se altera devido: aos altos custos de produção, à baixa eficiência do sistema produtivo utilizado (extrativismo) e à ascensão da produção do sudeste asiático. A perda da supremacia brasileira que se inicia em 1912, se consolida em 1950. Neste momento, o país passa a ser importador de borracha natural ao invés de exportador (OLIVEIRA, 2004).

Neste contexto, a Tailândia e Indonésia foram se tornando grandes produtores e exportadores mundiais dessa matéria-prima. É importante também destacar que, na década de 1950, há a difusão da borracha sintética no mundo (OLIVEIRA, 2004).

No cenário atual, tais países do sudeste asiático continuam predominando na produção e exportação de borracha natural. Em 2011, a Tailândia produziu 3.394 mil toneladas de borracha natural e a Indonésia 2.982 mil toneladas, enquanto o Brasil produziu 139 mil toneladas. A produção brasileira representava 1% do total, enquanto a Tailândia e Indonésia, respectivamente 30,84% e 27,10% do total mundial. Nesse mesmo ano, o Brasil consumiu 354 mil toneladas, precisando importar 215 mil toneladas. (IRSG, 2013).

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O Presente trabalho é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso do primeiro autor, sob a orientação da segunda.

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No Brasil, o estado que mais produz látex coagulado é São Paulo. Em 2011, produziu 149.778 toneladas do total da produção de látex coagulado2 do país, que foi de 274.163 toneladas. A mesorregião de São José do Rio Preto foi responsável por 64% (95.898 toneladas) do total produzido pelo estado de São Paulo, o que evidencia a importância dessa região para a produção do setor de heveicultura (IBGE, 2013).

Ressalta-se que com o processo de migração da produção da região amazônica para as demais áreas do país, principalmente a partir da década de 1990, o modo de produção passou de extrativismo ao cultivo de seringais (OLIVEIRA, 2004).

Neste contexto, o presente artigo se propôs a avaliar a dinâmica estabelecida na transação de compra e venda de látex, líquido ou coagulado, que se dá entre produtores e usinas beneficiadoras de látex da mesorregião de São José do Rio Preto (SJRP). METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho fez-se revisão bibliográfica sobre a teoria de Economia dos Custos de Transação, a partir de Zylbersztajn (1995) e Azevedo (1997). A revisão sobre o setor de heveicultura está sustentada principalmente nos seguintes autores Gonçalves et al (2008) e Oliveira (2004). Para a obtenção dos dados secundários utilizou-se: Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA/IBGE) e International Rubber Study Group (IRSG).

Fez-se necessário também a realização de pesquisa de campo, para a obtenção de dados primários sobre a transação de compra e venda do látex, na mesorregião de São José do Rio Preto. Para tal, elaborou-se questionário, com questões abertas, para produtores e usinas de beneficiamento, objetivando identificar as características dos agentes, o funcionamento do mercado, a produção e a venda do látex, e assim identificar os atributos e as regras que governam essa transação. Os questionários foram aplicados a cinco produtores da mesorregião de SJRP e a uma usina de beneficiamento. Este último localizado em região adjacente.

2 O conteúdo total de borracha seca do látex é expresso em percentual de DRC, dry rubber content. O

látex coagulado possui cerca de 53% de DRC, o que explica a maior produção deste em relação à borracha natural. (OLIVEIRA, 2004)

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REFERENCIAL TEÓRICO

A teoria econômica Neoclássica tratava a firma como uma função da produção, em que se consideravam os fatores de produção necessários para produzir determinados produtos em diferentes quantidades. Ronald Coase, em seu artigo denominado “A Natureza da Firma” sugere que a empresa pode ser entendida como um “complexo de contratos coordenados” que levam à ação produtiva. Tal questionamento é base para o desenvolvimento da corrente teórica da Nova Economia Institucional e da Economia dos Custos de Transação (ZYLBERSZTAJN, 1995).

Compreender a firma dessa maneira permite que, aspectos organizacionais e de coordenação sejam considerados como custos da firma, dado que, além dos custos de produção, contratos e seus arranjos passam a representar novos custos necessários para que se concretize transação, justamente por isso, eles são denominados custos de transação (AZEVEDO, 1997).

Para Williamson (1993)3 apud Zylbersztajn (1995), os custos de transação são os custos ante de preparar, negociar e salvaguardar um acordo, bem como os custos

ex-post, os ajustamentos e adaptações que resultam, quando a execução de um contrato é

afetada por falhas, erros, omissões e alterações inesperadas. Então, os custos de transação são gerados por: a) elaboração, negociação e ajuste dos contratos; b) mensuração e fiscalização dos direitos de propriedade; c) monitoramento do desempenho; e d) organização das atividades. (AZEVEDO, 1997)

Para que sejam possíveis, entretanto, a ECT se aproxima da realidade e tem, como pressupostos comportamentais, a racionalidade limitada dos agentes e o oportunismo. A racionalidade limitada está na incapacidade dos agentes de prever todas as informações e contingências dos contratos, o que resulta em ajustes ex-post. O oportunismo é a possibilidade de comportamento egoísta dos agentes. Tal comportamento visa o proveito próprio e impõe perdas às suas contrapartes, podendo ocorrer antes ou após a realização da transação. A existência de leis e da ética são

3 WILLIAMSON, O. “Transaction Cost Economics and Organization Theory”, Journal of Industrial and

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formas de se limitar a ocorrência de oportunismo, entretanto, não são capazes de eliminar sua ocorrência. (ZYLBERSZTAJN, 2000)

De modo que se possa melhor compreender os custos de transação e como se dá a escolha entre as estruturas de governança4, é preciso analisar as transações, a partir de suas dimensões/atributos. Os autores Williamson e Klein et al., segundo Azevedo (2007), descrevem que as dimensões das transações são a especificidade de ativos, a frequência e a incerteza.

A frequência é a recorrência com que ocorre a transação. Um alto número de repetições permite que se crie entre os agentes, uma relação de reputação ou fidelidade, o que pode inibir ações oportunistas e, além disso, permite que sejam diluídos os custos contratuais, sendo mais fácil sua elaboração. A incerteza, característica do ambiente, age, por sua vez, refletindo a grande quantidade de lacunas que os contratos são incapazes de cobrir, sendo necessárias renegociações, o que aumentam os custos de transação. (AZEVEDO, 2007)

Quanto aos ativos específicos, segundo Williamson (1996)5 apud AZEVEDO (1997), existem seis tipos principais de ativos específicos. São eles: locacionais, referentes à localização e distância espacial entre fábricas, estoques, consumidores, que ocasiona custos de transporte ou logística; físicos, referentes a estruturas como plantas industriais, benfeitorias, que tem características especiais destinadas à transação; humanos, relacionados ao capital humano de determinada firma; dedicados, relativos a um investimento com um agente em particular; marca, referem-se ao capital materializado com forma de marca de alguma empresa; e temporais, quando o sucesso da transação está relacionado estritamente ao tempo, como em caso de venda de produtos perecíveis (AZEVEDO, 2000).

A partir da compreensão desses atributos, orienta-se a escolha da estrutura de governança da empresa a fim de que a função produtiva ocorra com menores custos de

4 Para Farina, Azevedo e Saes (1997, p. 284) estrutura de governança é “[…] o conjunto de regras

(instituições) – tais como contratos entre particulares ou normas internas às organizações – que governam uma determinada transação.”

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transação. As transações, segundo Zylberztajn (1995), podem ocorrer por meio de estruturas de governança de mercado (spot), híbridas (contratos de longo prazo) e estruturas complexas de coordenação (integração vertical).

RESULTADOS

A transação do látex se dá entre os heveicultores e as usinas beneficiadoras, que ao comprar o látex, o processam para obter a borracha natural. Os atributos desta transação foram identificados a partir da pesquisa de campo. Assim, primeiro são apresentadas as especificidades de ativos envolvidas, devido à sua relevância na origem dos custos de transação, e depois a frequência e a incerteza. Por fim, são tecidas considerações sobre o oportunismo e a racionalidade limitada dos agentes, seguido da apresentação das estruturas de governança encontradas nesse caso.

As transações diferem entre si por possuírem atributos distintos. Os ativos específicos são aqueles que não podem ser reempregados sem que haja perda de valor caso a transação não se efetive. Compreende-se que é gerado um adicional de valor ou lucro quando existem ativos que são utilizados em transações específicas, sendo esse adicional objeto de barganha entre as partes (AZEVEDO, 1997).

A especificidade de ativos temporal é encontrada na maioria das transações agrícolas. Isso ocorre porque os produtos da agricultura são, em sua maioria, perecíveis, o que exige que as transações sejam realizadas rapidamente. Na heveicultura não é diferente, pois o látex ou coágulo, composto por açúcares, água e demais nutrientes, pode se decompor, perdendo suas características físicas e químicas. Isso implica em restrições de armazenamento por longos períodos, bem como na colheita e transporte entre campo e beneficiadora, sendo necessária a realização do processamento, que confere maior duração ao material. (GONÇALVES et al, 2008)

Uma vez que existe alta pressão de demanda por parte das beneficiadoras, em casos de rompimento de contrato, os produtores conseguem escoar sua produção, enquanto as usinas beneficiadoras tem mais dificuldade em conseguir outras fontes de látex, o que pode resultar na compra de material com menor qualidade.

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Outra especificidade é a de ativos físicos que surge quando estes são projetados para uma transação em particular. Um caso na literatura, observado por Azevedo (1996), descreve que a adoção de cultivares de laranja pode ser influenciada por demandas ou finalidades específicas. Como exemplo, cita a produção de suco de laranja concentrado e congelado (SLCC), para as quais são recomendadas as variedades Pera, Natal e Valência. Para o consumo in natura, utilizam-se as variedades Bahia e Bahianinha, que passam a ter menor valor, quando são empregadas na produção de SLCC.

Assim, no caso da heveicultura, a escolha dos clones utilizados para a implantação do seringal resulta em especificidade de ativos físicos. Os diferentes clones de seringueira utilizados produzem látex com diferentes propriedades, o que pode orientar a destinação do látex para beneficiamento específico. Como exemplo, o clone GT 1 que é indicado para a produção de todos os tipos de manufaturados. Já o clone RRIM 600, mais utilizado no estado de São Paulo, não é indicado para alguns tipos de manufaturados que exigem alta concentração de látex, sendo direcionado, principalmente, para a produção de pneus. (IAC, 2013) Deve-se considerar também que os seringais implantados, podem chegar a ter uma vida útil de até 50 anos.

Segundo os produtores entrevistados, as variedades de clones também são escolhidas de acordo com parâmetros técnicos, como produtividade e resistência às doenças. Para minimizar efeitos de variação no látex, as indústrias realizam blend ou mistura, porém as especificidades do látex são pouco exploradas, de acordo com Gonçalves et al (2008). Tal situação poderia ser mais explorada por produtores, a fim de se obter melhores condições de preço para seu produto.

A mão de obra utilizada pela heveicultura é bastante específica. Isso acontece porque não existe mecanização totalmente satisfatória do processo de extração de látex, a ponto de substituir a força de trabalho. É fundamental que este processo seja realizado por mão de obra treinada, uma vez que as árvores podem ser avariadas se a extração for realizada sem técnica, impactando negativamente na produtividade.

Na região SJRP são utilizados contratos de parceria, principalmente com sangradores já experientes, de modo a fixar mão de obra na propriedade rural e evitar

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rotatividade dos trabalhadores, economizando-se assim o custo irrecuperável6. Este se refere ao treinamento da mão de obra, que é essencial, mas pouco utilizado, sendo predominante a formação de sangradores apenas pela transmissão informal de conhecimentos. Tais contratos podem ser de longos períodos, sendo renovados periodicamente, atingindo até dez anos. Tem-se nesse item um dos principais custos da heveicultura, sendo necessária eficiência em sua gestão para tornar o processo viável.

Observa-se a concentração de beneficiadoras na mesorregião de SJRP, o que aumenta a disputa pelo látex. Como as beneficiadoras trabalham com ociosidade, e há um alto custo em parar e reiniciar a produção da usina, elas se sujeitam a arcar com os custos de transporte e buscar a matéria-prima a longas distâncias, mesmo com risco de deterioração do material pela ação do tempo, de modo a evitar que o processo produtivo seja interrompido. Frente a isto, pode-se assumir que a especificidade de ativos locacional é baixa.

A demanda por produtos com características específicas (látex líquido ou coagulado), exige do heveicultor ajustes em sua produção. Para a obtenção do látex líquido é necessário à adição de gotas de amônia. Já o látex coagulado é obtido naturalmente, após até dois dias de espera, sem a necessidade da adição de compostos químicos, quando, neste caso, a coagulação é quase imediata. É importante destacar que, após a obtenção do coágulo, este não pode ser transformado em látex líquido, o que restringe seu uso para a elaboração de determinadas borrachas. Por outro lado, a transformação do látex líquido em coagulado incorre em custos, pois depende de maiores cuidados, como a utilização de compostos químicos e maior necessidade de cuidado no manuseio. (GONÇALVES et al, 2008) Assim, o produto escolhido pode ser considerado um ativo específico dedicado àquela transação.

A especificidade de ativos de marca é inexistente no caso analisado.

A frequência das transações de venda de látex é alta, pois esta ocorre várias vezes ao longo da safra. A periodicidade pode variar, de acordo com os entrevistados, de quinze dias a um mês. A frequência é importante na escolha da governança e

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condiciona a criação de reputação, que ameniza riscos. Isso porque que os mecanismos de mercado, ex-ante e ex-post a esta, serão mais conhecidos à medida que a transação se repete.

O atributo incerteza foi tido como baixo. Esta é diluída dada a alta frequência da transação e também a simplicidade desta, visto a predominância de contratos informais e de curtos períodos. A alta demanda das beneficiadoras por matéria-prima também contribui para a minimização da incerteza, pois os produtores não terão dúvidas quanto ao escoamento de seu produto. A formação de cooperativas pode ser também um fator que minimiza as incertezas, pois esta possibilita que os produtores: reduzam os custos de coleta de informação; aumentem o poder de barganha e o preço recebido; e ampliem a capacidade de identificar as tendências e o funcionamento do mercado.

No Quadro 1, a seguir, há o resumo dos atributos para a transação objeto.

Atributos das transações

Especificidade de ativos

Tipo / Intensidade Descrição

Locacionais Baixa Há pouca limitação das beneficiadoras para busca de matéria-prima a longas distâncias. Humanos Média Necessidade de mão de obra treinada e usos de contratos de parceria. Físicos Média Há diferença no látex devido à variedade dos clones. Característica que é pouco explorada.

Temporais Média

O material, antes de ser beneficiado, perde qualidade com o tempo, entretanto, a necessidade de ajustes temporais não é rigorosa.

Dedicados Média

Dependendo da demanda da usina beneficiadora o látex pode ser líquido ou coagulado, sendo necessária a especificação ex ante a transação.

Marca - -

Frequência Alta

Fator relevante. Por ser alta a frequência, dilui incerteza, impede ações oportunistas e favorece melhor visão do mercado aos agentes.

Incerteza Baixa

Relação de dependência entre produtor e beneficiadoras estável, tornando a incerteza baixa, efeito que é reforçado pela alta frequência das transações.

Quadro 1. Atributos das transações. Fonte: Elaborado pelo autor com base em pesquisa de campo.

Os pressupostos comportamentais da ECT, oportunismo e racionalidade limitada, foram identificados e puderam ser analisados para a transação estudada.

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A importância adquirida pela reputação desestimula o comportamento oportunista dos agentes que buscam preservar os compromissos de forma confiável. Tais compromissos, para a beneficiadora, podem representar menores custos com transporte, garantia de produtos de boa qualidade e garantia de suprimento da demanda, enquanto para os produtores representa a garantia de escoamento da produção.

A racionalidade limitada é amenizada dado o caráter perene da heveicultura e a alta frequência de ocorrência das transações, fatores que permitem aos produtores melhor conhecimento dos mecanismos de mercado e diminuem custos de coleta de informação, evitando a seleção adversa, principalmente, em relação ao preço e aos prazos de pagamento.

Destaca-se que a especificidade de ativos encontrada pode permitir à beneficiadora impor condições ao produtor, tendo essa, seu poder de negociação aumentado. Por outro lado, a concentração regional de beneficiadoras, concorrendo pela demanda de látex, a alta frequência das transações e a incerteza baixa contribuem para a redução da assimetria de informação entre os agentes, propiciando maior igualdade dos agentes na negociação e, em determinados momentos, observa-se ainda maior favorecimento do produtor.

Constatou-se que a utilização de contratos formais é baixa, sendo observada a preferência por acordos informais. Estes são estabelecidos quando representantes das usinas beneficiadoras visitam os produtores e acordam a compra de látex, seu preço e demais detalhes (especificidades do produto).

Os contratos formais de longo prazo também podem existir. De acordo com as entrevistas realizadas, a adoção destes contratos pode estimular a integração vertical, no caso dos grandes produtores. Estes, frente ao alto volume de látex e estabilidade de produção, optam por processar a matéria-prima que produzem, instalando as próprias usinas. No entanto, o representante da usina beneficiadora alertou que a integração vertical completa não é viável, principalmente se apenas o látex de produção própria for utilizado, pois haveria necessidade de grandes áreas produtoras, que representariam risco frente às oscilações do setor.

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Assim, a estrutura de governança que prevalece é a de mercado, mesmo havendo possibilidade de utilização de contratos mais complexos. Segundo um dos produtores analisados, esse formato de transação é pouco seguro para os produtores em relação à definição e manutenção do preço e à continuidade das transações. Por outro lado, um aspecto positivo relatado é a liberdade para escoar o produto, o que não seria possível caso o produtor estivesse atrelado a contratos de longo prazo com as beneficiadoras, como geralmente acontece nas culturas da cana-de-açúcar e laranja, onde se prevalece as estruturas de governança híbridas (contratos de longo prazo) ou hierárquicas (integração vertical).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A mesorregião de São José do Rio Preto apresenta relevância na produção de látex paulista e nacional, após a migração da heveicultura da região amazônica para o estado de São Paulo e a adoção de nova forma de produção, o que alterou a configuração e a organização do setor. Assim, foi necessário compreender a dinâmica da transação de compra e venda do látex e, para tal, utilizou-se a teoria da ECT.

Observou-se que existem ativos específicos relevantes para a transação, como os ativos: temporais, dada a perecibilidade do látex; humanos, pela necessidade de utilização de mão de obra especializada; físicos, no que se refere à escolha de clones apropriados; e dedicados, visto que há a possibilidade de adquirir látex líquido ou coagulado, o que deve ser especificado antes da compra. Também foram identificados a alta recorrência das transações e o baixo nível de incerteza. Dentre outros fatores, constatou-se também que a alta recorrência das transações diminui a ação oportunista e a racionalidade limitada.

Com isso, pôde-se compreender a razão da estrutura de governança predominante na transação entre produtores e usinas beneficiadoras ser a de mercado spot e o porquê dos contratos, de maior período, serem utilizados com menor frequência. Destaca-se, ainda, o caráter descritivo desta pesquisa e que a mensuração direta dos custos de transação pode ser tema de pesquisas futuras.

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ESTÁGIO DA PESQUISA: concluído. BIBLIOGRAFIA

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