1
Pedro Henrique Barreto de Lima
Noções mastigadas de Aristóteles para iniciantes
1ª edição
Belo Horizonte
Edição do autor
2
D353 de Lima, Pedro Henrique Barreto, 1987 –
Noções mastigadas de Aristóteles para iniciantes Belo Horizonte, Edição Independente, 2020
477 p; 21 cm
ISBN: 978-65-00-13421-6
1. Comentário a Aristóteles – 1: “Proposição, definição e acidente”. I. Título.
CDD: 107 CDU: 11
3
4
Sumário
Comentário a Aristóteles – 1: “Proposição, definição e acidente”. ... 10 Comentário a Aristóteles 2: “Retórica e contexto
existencial” ... 23 Comentário a Aristóteles – 3: “Introdução aos
parônimos”. ... 29 Comentário a Aristóteles 4: “Observação sobre
retórica”. ... 33 Comentário a Aristóteles – 5: “Observações sobre antepredicamentos e o verbo”. ... 52 Comentário a Aristóteles – 6: “Tópicos e a proposição dialética”. ... 79 Comentário a Aristóteles – 7: “Tópicos e as diferentes conotações”. ... 99 Comentário a Aristóteles – 8: “Estudo do acidente”. . 114 Comentário a Aristóteles – 9: “Acidente e propriedade temporária”. ... 123 Comentário a Aristóteles – 10: “Ainda conotações”. . 128 Comentário a Aristóteles – 11: “Nota para a definição de termos”. ... 138 Comentário a Aristóteles – 12: “Mais uma incursão sobre os usos dos termos”. ... 160 Comentário a Aristóteles – 13: “Indução e dedução”. ... 184 Comentário a Aristóteles – 13: “O tema do ‘universal’”. ... 190
5
Comentário a Aristóteles – 14: “Notas sobre o estudo da proposição”. ... 202 Comentário a Aristóteles – 15: “O universal de
Hieronymus Bosch”. ... 206 Comentário a Aristóteles – 16: “O universal de Peter Bruegel”. ... 219 Comentário a Aristóteles – 17: “O universal de
Tintoretto”. ... 229 Comentário a Aristóteles – 18: “Estudo da predicação.” ... 246 Comentário a Aristóteles – 19: “Nota sobre o caráter dos opostos contraditórios e as relações negativas e afirmativas entre dois termos”. ... 279 Comentário a Aristóteles – 20: “Nota sobre a visão de mundo de Aldous Huxley, Feuerstein e os Tópicos”. 287 Comentário a Aristóteles – 21: “O universal do Fra Angélico”. ... 304 Comentário a Aristóteles – 22: “Revisão”... 320 Comentário a Aristóteles – 23: “Introdução à dedução em geral”. ... 330 Comentário a Aristóteles – 24: “Qualificação”. ... 341 Comentário a Aristóteles – 25: “Categoria dos termos relativos”. ... 358 Comentário a Aristóteles - 26: “Sujeito na lógica” .... 363 Comentário a Aristóteles – 27: “Observações sobre os Tópicos” ... 381
6
Comentário a Aristóteles – 28: “Feuerstein e pedagogia” ... 393 Comentário a Aristóteles – 29: “Substância primária e secundária” ... 398 Comentário a Aristóteles – 30: “A categoria de ‘lugar’”. ... 408 Comentário a Aristóteles – 31: “Notas diversas sobre a proposição”. ... 410 Comentário a Aristóteles – 32: “A natureza do problema e mais observações sobre o uso dos termos”. ... 425 Comentário a Aristóteles – 32: “A retórica e o tema das premissas”. ... 435 Comentário a Aristóteles – 33: “Última análise de conotação”. ... 461
7
Prefácio
O opinador público usual, de hoje, não é um leitor bem-sucedido de Aristóteles; se é que é um leitor de todo. As noções de lógica ou as
noções teóricas são boicotadas como futilidades sem
interesse, de modo mais ou menos passivo, mais ou menos consciente, e isso desemboca em uma vida de sombras; tanto quanto a posse do
conhecimento em questão poderia desfazer essas sombras, ou, para roubar
8
de um editor da Gramática de William Cobbett, tanto quanto a posse do conhecimento em questão poderia “desanuviar um caminho, fazendo abrir uma estrada linear e
claríssima”.
O presente escrito “mastiga” o assunto e acomoda o leitor à leitura de certas passagens de Aristóteles sobre lógica e
metodologia teórica, para que o leitor possa melhor ordenar a sua inteligência, e também
estar mais fortalecido diante do desafio de desbravar a obra de Aristóteles.
9
Adicionalmente, o presente texto visa a apoiar a leitura da minha filosofia da história, “O guia do católico
pós-cataclísmico” (2020), mais ou menos como a leitura dOs
Elementos (de Euclides) serve como matéria prima para um estudo de Husserl sobre as ciências chamado A Crise das Ciências Europeias e a
Fenomenologia Transcendental.
10
Comentário a Aristóteles – 1: “Proposição, definição e
acidente”. Em Da Interpretação é
afirmado que, embora toda sentença seja significativa, nem toda sentença é
verdadeira ou falsa (bípede racional, para o autor, ainda não é uma sentença verdadeira ou falsa). Ela o é se a um
nome se adicionar um verbo; podendo haver um
complemento. A sentença verdadeira ou falsa é uma declaração.
Pode ser uma afirmação: Pedro dorme.
11
Uma negação: Pedro não dorme.
Pode ter complemento: Pedro é justo.
“Pedro e Paulo são justos” é mais de uma declaração, porque a declaração aí pode ser decomposta:
Pedro é justo; Paulo é justo. Nomes distintos adicionados ao verbo podem configurar uma só declaração:
12
Os nomes acima (bípede racional) configuram uma definição.
A propriedade é conversível com a essência de que decorre, porque só a ela pertence:
Se é capaz de aprender
gramática é um homem, se é um homem é capaz de
aprender gramática.
O que ocorre com “ser capaz de aprender gramática” não ocorre com “adoecer” em relação ao homem:
Se é um homem é capaz de adoecer, se é capaz de adoecer
13
não é necessariamente um homem.
E em relação ao gênero “seres biológicos”:
Se é um ser biológico é capaz de adoecer, se é capaz de
adoecer é um ser biológico. Adoecer é, se toda propriedade é conversível com a essência, uma propriedade de “seres biológicos”.
A definição também é
conversível com a essência: Se é um bípede racional é um homem, se é um homem é um bípede racional.
14
Se, querendo significar um determinado indivíduo, eu lhe descrevo com algo que não pertence somente a ele (“quem é aquele segurando o copo de uísque? — Humphrey
Bogart”), eu estou usando uma frase querendo significar uma essência, e isso a princípio ainda me parece uma
definição; além disso a frase no caso contém uma sentença declaratória, não uma sentença não-declaratória (do tipo
“bípede racional”).
Em algumas passagens me pareceu que Aristóteles
15
por sua natureza, capaz de substituir um nome:
O homem é justo.
O bípede racional é justo. É possível, mais ou menos, fazer a mesma coisa com o
exemplo do Humphrey Bogart: O Humphrey Bogart é justo. O que está segurando o copo de uísque é justo.
Isso entra em conflito com o que o filósofo diz sobre a definição; que nela entram o gênero e a diferenciação, mas não o acidente. Certamente “segurar o copo de uísque”
16
não é uma propriedade; tiremos a prova real:
Se está segurando o copo de uísque não necessariamente é o Humphrey Bogart; se é o Humphrey Bogart não
necessariamente está
segurando o copo de uísque (embora as más línguas
possam dizer que sim). No exemplo acima não há conversibilidade em nenhuma das duas vias. A mesma coisa não acontece com o gênero: Se é um homem é um bípede; se é um bípede não é
17
A diferenciação faz coro ao gênero:
Se é um homem é terrestre; se é terrestre não necessariamente é um homem.
“Segurar o copo de uísque”, então, deve ser um acidente, porque pode pertencer ou não ao objeto, e não é nem uma propriedade, nem um gênero, nem uma definição; sequer uma diferenciação.
Eu pareço ter chegado a um método para chegar à
diferença entre as classes. Mas Aristóteles não admite o que acabo de fazer com a
18
seus elementos um acidente (no caso, “segurar o copo de uísque”). Considero, a título provisório, que o motivo seja o caráter frágil da definição
baseada no acidente. Se um esquilo passar a segurar um copo de uísque, ou se o que o segura o largar, já não se pode falar de uma definição viável. E além disso, “bípede
racional” não é uma
declaração, não é verdadeiro ou falso, ao passo que ou o ator está segurando o copo, ou não, e não me parece ser bem assim que Aristóteles vê a definição.
19
Talvez ele queira dizer que a definição em si mesma não seja verdadeira ou falsa por natureza. Porque ser
declaração implica algum processo temporal, se vem com o verbo, e o que significa a essência de um objeto deve ser furtar à descrição de
processos temporais. A forma de um objeto contém já as suas possibilidades, e se as implica não pode se confundir com elas.
Resta a pergunta, já abordada antes, bípede é acidente ou diferenciação (propriedade relativa, do homem em relação ao cavalo por ex., o que
20
equivale a um acidente, por não pertencer só ao homem). A única resposta que me pode vir é a seguinte: que sob o
aspecto de não pertencer só ao homem, é um acidente; e sobre o aspecto de, ao contrário de “segurar o copo de uísque”, poder ser meio conversível, meio não conversível com o homem (se é um homem é um bípede, se é um bípede não é necessariamente um homem), é uma diferenciação.
A diferenciação e o gênero são menos voláteis que o acidente, se se tomar como exemplo deste “segurar o copo de uísque”.
21
O gênero e a diferenciação podem não pertencer só ao objeto, mas pertencem a ele. O acidente, como a própria
definição do tal que o filósofo dá, pode pertencer ou não.
Assim, embora seja verdadeiro que a diferenciação e o gênero pertençam ao objeto ao qual podem ser atribuídos, eles têm, marginalmente, um caráter
acidental (porque o homem nem sempre tem pernas, pelo menos em alguns estágios da gestação).
A propriedade possui, igualmente, um caráter
22
de aprender gramática pode se verificar ou não; isto é, em certos indivíduos, tão raros que nem acredito poderem existir, essa capacidade, não obstante esforços, pode não se verificar. Pode estar lá ou não, como segurar o copo de
23
Comentário a Aristóteles 2: “Retórica e contexto
existencial” Uma noção da retórica. Segundo Aristóteles, na Retórica, quando a um
indivíduo cabe julgar o seu próprio interesse, a sua única dificuldade é saber se
determinados fatos são de tal ou qual maneira, ou não. Por exemplo, se alguém dissesse ao presidente americano
depois da Segunda Guerra: “invadamos a URSS, o seu exército está em frangalhos, a economia arrasada etc.”.
24
Supondo-se que fosse do
interesse do presidente destruir um potencial inimigo, caberia a ele simplesmente averiguar os fatos e, conforme o
interesse seu, acatar a proposta se baseada na verdade. Já,
segundo o filósofo, se o que se deve julgar não são os próprios interesses, uma certa pressão move o que deve julgar em direção à parcialidade, às considerações de amizade, às reações emocionais.
No primeiro caso se está mais próximo das escolhas de um cidadão em uma assembleia, diante de um orador político; no segundo caso, se está mais
25
próximo da situação de um juiz que decide entre litigantes, e não os próprios interesses (porque o juiz pode favorecer uma parte injustamente, por conveniência, e averiguar os fatos não predomina tanto como no primeiro caso sobre suas escolhas).
Essa noção de Aristóteles me pareceu difícil de entender. Eu me lembrei da história de
Otelo. Quando ele recebeu de Iago a mentira segundo a qual Desdêmona lhe traia, ele
estava na mesma situação, a princípio, do presidente
americano. O que lhe
26
eram assim ou não, e essa averiguação bastaria para orientá-lo. Ele não estava na posição de juiz, de quem pudesse, independente dos fatos, julgar as coisas
conforme uma conveniência, uma reação emocional etc. E no entanto, em lugar de
procurar averiguar os fatos o melhor que pudesse, ele teve uma reação de emocional de ira, que o impedia de sondar a situação com a frieza
necessária.
27
Se eu tenho que julgar algo do meu próprio interesse, preciso apenas conferir os fatos para me orientar.
Se tenho que julgar os
interesses alheios, não bastam os fatos; para Aristóteles, é necessário ainda uma
legislação que me obrigue a tomar determinada decisão caso os fatos indiquem isto ou aquilo; e portanto, se tenho que julgar os interesses alheios, tendo a dar menos peso aos fatos do que a minha conveniência pessoal, a
sentimentos de amizade com uma das partes, a reações
28
emocionais etc.
Em qual dos casos Otelo se enquadra?
Ele tinha de julgar um assunto de interesse próprio, mas na situação ele deu menos peso aos fatos e mais foi levado por uma reação emocional.
29
Comentário a Aristóteles – 3: “Introdução aos parônimos”.
Os parônimos são termos que apresentam uma diferente flexão. O que me pareceu complicado é que o filósofo diz haver aí uma flexão de sufíxo, apenas. Na Oxford o termo é “ending”, não sufixo, e minha gramática não é muito boa. Mas a diferença,
conforme exemplificada, diz respeito ao sufixo que se cola ao radical.
Ex: Bárbaro; barbaridade,
30
está no que se cola ao radical “barbar”.
Mas me parece que não há nada que torne inviável, num sentido prático (e dando
atenção à possibilidade de isso ter que ver com o idioma
grego), uma mudança de prefixo.
Ex: Capitalista; metacapitalista.
A diferença de flexão nos dois exemplos não torna nula uma certa semelhança semântica, por assim dizer, entre os termos. Porque, de certa
maneira, barbaridade tem a ver com bárbaros. E alguma coisa
31
existe em comum entre os capitalistas e os
metacapitalistas.
A título de experimentação, talvez coubesse mesmo se referir a dois tipos de
parônimo. “Bárbaro” e “barbaridade” seriam parônimos “leves”. “De-segurânça” e “securitário” seriam parônimos pesados, porque neste caso se tem de ir mais fundo etimologicamente para estabelecer a semelhança ontológica dos dois termos. Não pensei muito a respeito, ainda. Há, imagino, algum tratamento da gramática a respeito.
32
Mas o parônimo, no sentido gramátical, não parece ser o mesmo que o parônimo no sentido aristotélico. Porque no sentido gramatical “caso” no sentido de “eu me caso com ela amanhã” forma parônimo com “caso” no sentido de “vamos estudar o caso do latim”. Para o filósofo, me pareceu, entre os parônimos deve haver alguma semelhança ontológica.
33
Comentário a Aristóteles 4: “Observação sobre retórica”. Manzoni pode ajudar no caso do Otelo.
Recapitulando: há dois tipos de julgamento; aquele em que sirvo diretamente meus
interesses, quando peço algo em um restaurante, ou quando aceito uma proposta política que me parece boa; e há o julgamento que eu faço a
respeito de interesses alheios, como em um caso em que eu atuasse como juiz numa corte. Otelo julgou mal a sua
34
julgamento errôneo a respeito da sua esposa, por causa das mentiras de Iago. Em qual dos dois casos Otelo se enquadra (porque quando julgo meus interesses, tendo a julgar bem, e quando não julgo os meus interesses tendo a julgar mal, levado por sentimentos de amizade, emoções etc.)?
O caso do Otelo me lembra o romance Os noivos, do
Manzoni, porque o
personagem Enzo, quando desconfiou da fidelidade de sua esposa, logo refletiu melhor diante das alegações dela. Ela explicou que todo o assédio que sofrera, havia
35
confessado ao Frei Cristóvão. E Enzo confiava muito no frei. No caso de Otelo, ele não
confiou em ninguém, senão em Iago. Ele não pediu contas à esposa friamente, mas referiu sua suspeita já tomado de
cólera.
No primeiro caso, Enzo tinha plena determinação de se casar com sua noiva, de forma que ele claramente se enquadra no caso daquele que conhece bem o seu próprio interesse.
No caso de Otelo, não era bem assim, me parece. Ele amava a Desdêmona, mas de certa
36
Porque ele tomara a
Desdêmona sem consultar o pai dela, e isso ocasionou um conflito. De forma que
permanecer no casamento era, apesar de suas alegações,
permanecer em um estado de desconforto, como se não estivesse tudo perfeito sem a benção do pai dela.
Talvez isso signifique que, ainda que fosse seu interesse manter o casamento, não era inteiramente do seu interesse manter o casamento tal qual ele estava naquela situação. Ele se dividiu por causa disso, talvez, e talvez por isso tenha
37
julgado mal a situação. Ainda vou refletir mais a respeito.
Noção dos Tópicos
A dialética toma como matéria prima, para suas deduções, as opiniões admitidas por todos, pela maioria, ou por os sábios. A proposição dialética é uma pergunta (se entendi bem) que tem respeitabilidade para
todos, para a maioria, ou para os sábios. A proposição que não constitui uma pergunta, imagino, é uma proposição normal, podendo ser uma afirmação ou negação.
38
Ex:
A vida do justo é a mais feliz? De cada proposição se pode tirar um problema, mudando o fim da sentença
Ex:
A vida do justo é a mais feliz, ou não?
O exemplo de proposição dialética acima virou um problema porque requereu como resposta uma de duas alternativas.
A proposição que tem
respeitabilidade para a maioria pode gerar, por assim dizer,
39
em várias outras proposições com um grau semelhante, ou relativo, de verossimilhança. Opiniões respeitáveis e
semelhantes
1) Se deve gerar a proposição incluindo as opiniões
contrárias às que são
contrárias às respeitáveis. a) Proposição respeitável:
Se deve fazer bem aos amigos. b) Contrário da proposição respeitável:
Se deve fazer mal aos amigos. c) Contrário de b):
40
Se deve não fazer mal aos amigos
A proposição c) é respeitável, porque é contrária à contrária da proposição respeitável 2) Incluir as opiniões que se parecem com as opiniões respeitáveis.
a) A percepção de contrários é a mesma (se entendi bem
significa, por exemplo, que perceber o frio é o mesmo que perceber o calor).
b) Se “a)” é verdade, então algo semelhante a “a)” deve ser também: “o conhecimento (não a percepção, como no
41
caso “a)” ) dos contrários é o mesmo”.
Nota: Aristóteles diferencia a percepção do conhecimento, me pareceu por um trecho, em que a percepção supõe a
presença do objeto percebido, e o conhecimento não
necessariamente.
Abaixo vou deixar alguns exemplos que tirei dessa técnica de “gerar
proposições”. Elas, creio, não foram muito bem feitas, pelo menos não com muita
consciência, mas se estiverem erradas pelo menos as poderei corrigir depois.
42
Eu tirei os exemplos de um fórum sobre o setor
imobiliário.
1) É difícil criar uma cultura empresarial no setor.
Não é difícil não criar uma cultura empresarial no setor. Não é fácil criar uma cultura empresarial no setor.
É fácil se manter amador no setor.
É difícil achar os meios de criar uma cultura empresarial no setor.
É difícil conservar os meios de ter uma cultura empresarial no setor.
43
os meios de ter uma cultura empresarial no setor.
2) Seria bom se diferenciar dos concorrentes pela fidelização dos clientes.
Não seria ruim se diferenciar dos concorrentes pela
fidelização dos clientes. Não seria bom não se
diferenciar dos concorrentes pela fidelização dos clientes. Seria ruim não se diferenciar dos concorrentes pela
fidelização dos clientes.
Seria ruim se parecer com os concorrentes que não
fidelizam clientes.
44
se diferenciar dos concorrentes fidelizando clientes.
3) O corretor não quer passar por um longo treinamento. O corretor quer evitar passar por um longo treinamento. O corretor quer passar por um curto treinamento.
O corretor não quer evitar um curto treinamento.
O corretor aprecia um curto treinamento.
O corretor acha mais útil um curto treinamento.
O corretor tem interesse em procurar curtos treinamentos. 4) A divulgação dos imóveis é importante.
45
A divulgação dos imóveis não é desimportante.
A não-divulgação dos imóveis é desimportante.
A divulgação de imóveis
merece a atenção do corretor. O corretor deve fazer
investimento em divulgação de imóveis.
O corretor deve investir em conhecimento sobre
divulgação de imóveis.
5) O corretor autêntico, por definição, ganha muito bem. O corretor não-autêntico, por definição, não ganha muito bem.
O corretor não-autêntico, por definição, ganha muito mal.
46
O corretor autêntico, por definição, não ganha muito mal.
O corretor autêntico tem
algum diferencial em relação ao corretor não-autêntico. O corretor não-autêntico não tem algo que o corretor
autêntico tem.
O corretor autêntico é um modelo a ser seguido. 6) As leis trabalhistas
dificultam o funcionamento das imobiliárias.
As leis trabalhistas não
facilitam o funcionamento das imobiliárias.
As leis trabalhistas facilitam o não-funcionamento das
47
imobiliárias.
As leis não-trabalhistas não dificultam o funcionamento das imobiliárias.
As leis trabalhistas são fonte de desconforto nas
imobiliárias.
As leis trabalhistas são
discutidas nas imobiliárias. O desconforto das leis
trabalhistas deve ser superado nas imobiliárias.
7) O corretor não tem muitas garantias nas imobiliárias. O corretor tem poucas garantias nas imobiliárias. O corretor não tem poucas garantias nas não-imobiliárias. O corretor deseja ter garantias
48
nas imobiliárias.
O corretor se satisfaria com garantias nas imobiliárias. O corretor precisa encontrar um meio de adquirir garantias nas imobiliárias.
8) Muitas pessoas estão saindo do setor imobiliário.
Não poucas pessoas estão saindo do setor imobiliários. Poucas pessoas não estão saindo do setor imobiliário. Poucas pessoas estão saindo do setor não-imobiliário.
É preciso ser competitivo para não sair do setor imobiliário. É preciso não ser competitivo para sair do setor imobiliário. Sendo competitivo é possível
49
se manter no setor imobiliário. É bom ser competitivo no
setor imobiliário se muitos estão saindo do setor.
9) Há muitas pessoas
registradas no creci que são acomodadas.
Não há muitas pessoas
registradas no creci que não são acomodadas.
Há muitas pessoas
não-registradas no creci que não são acomodadas.
Há poucas pessoas no creci que não são acomodadas. Quem é registrado no creci não tem razão para ser
acomodado.
50
não deveria ser acomodado. Quem é registrado no creci seria melhor do que os não registrados se não fosse acomodado.
10) O bom corretor tem conhecimentos valiosos.
O bom corretor não carece de conhecimentos valiosos.
O mau corretor não tem conhecimentos valiosos. O mau corretor tem
conhecimentos pouco valiosos. O bom corretor é aquele que adquiriu conhecimentos
valiosos.
O bom corretor precisa dar atenção aos conhecimentos valiosos.
51
O bom corretor nunca deixa de adquirir conhecimentos
52
Comentário a Aristóteles – 5: “Observações sobre
antepredicamentos e o verbo”. Vou resumir todas as
apresentações já feitas. Primeiro
Ao começar a leitura das
categorias, notei que sinônimo, homônimo e parônimo são
noções que em Aristóteles
significam uma coisa e que em gramática significam outra coisa.
(parônimo no sentido
gramatical se confunde com homônimo no sentido
53
Priberam dicionário on-line parónimo
(grego paronumos, -os, -on) adj. s. m.
1. [Gramática] Que ou palavra que tem pronúncia e grafia muito semelhante a outra ou outras, mas que tem
significado diferente (ex.: absorção e adsorção são parónimos).
adj.
2. [Gramática] Relativo a paronímia.
» Grafia no Brasil: parônimo. sinónimo
(latim synonymum, -i, do grego sunónumon, neutro de
54
sunónumos, -os, -on, que tem o mesmo nome, que tem o mesmo significado)
s. m.
1. [Linguística] Palavra que tem o mesmo significado que outra ou outras, ou significado semelhante ou aproximado (ex.: acabar, concluir, terminar são sinónimos).
adj.
2. [Linguística] Que tem o mesmo significado que outro.
Antónimo Geral: ANTÓNIMO
55
homónimo
(grego homónumos, -os, -on) adj. s. m.
1. Diz-se de ou palavra que, com sentido diferente, se
escreve e pronuncia do mesmo modo que outra (ex.: um caso complicado [= substantivo], eu caso este ano [= verbo]).
2. Que ou quem tem o mesmo nome que outrem ou que outra coisa.
Confrontar: homófono, homógrafo.
» Grafia no Brasil: homônimo. Propus as definições de
“nome” e “definição”, a fim de melhor abordar os
56
antepredicamentos (sinônimo etc.)
O nome é um som falado
significativo por convenção (e que pode ser representado por uma grafia). Quando o chinês grita “ai!”, você o entende, mas não quando ele fala a língua dele, porque é
significativa por convenção. Se constatou que o verbo é um nome que, adicionalmente, significa tempo, mesmo no infinitivo, e que diz algo de algo (“bebe água” diz da água que é bebida). Esta definição de verbo é mais universal que aquela que diz que o verbo
57
indica ação, porque há os verbos de ligação (“Pedro é pedra”). Depois se constatou que o filósofo chama de flexão de verbo o verbo em tempos verbais fora do presente
indicativo (“bebe água” é
presente indicativo). E a flexão de nome é como o substantivo, mas enquadrado em casos,
semelhantemente, suponho, aos casos latinos. Portanto, se há o nome Pedro, “de-Pedro” é uma flexão de caso, e uma
flexão de nome, o genitivo (que dá a ideia de possessão). Depois verifiquei que a
definição é uma frase
58
é, isto é, sua essência. A
definição e a propriedade são coisas próprias à essência. É uma definição “bípede racional”.
É uma propriedade “ser capaz de aprender gramática”.
A definição e a propriedade são conversíveis com o objeto dos quais derivam.
Se é um bípede racional é um homem, se é um homem é um bípede racional.
Se é capaz de aprender
59
um homem é capaz de aprender gramática. A definição (uma frase
querendo significar o que a coisa é) é viável quando resiste à evocação de semelhanças e diferenças:
Se é definido homem como “bípede terrestre”, basta evocar que 1) o canguru é
bípede 2) o homem é racional, o canguru não; assim, se
derruba a definição “bípede terrestre”.
Existem três tipos de semelhança:
60
É quando se dá nomes diferentes à mesma coisa: Exemplo: Aos seis anos seu filho te chama de “papai”. Aos dezesseis ele te chama de
“pai”, apenas. O objeto é o mesmo, mas recebeu dois nomes diferentes. A
semelhança é numérica, no caso.
2) Semelhança genérica:
É quando certas coisas não são as mesmas, mas se pode dizer, predicar, uma mesma coisa delas.
Exemplo: Se pode predicar “ser vivente” de “homem” e
61
“boi”; de Sea Biscuit, o cavalo de corrida, e Tobey Maguire, o ator.
3) Semelhança específica:
É quando certas coisas não são as mesmas, mas se pode dizer, predicar, uma mesma coisa delas. A diferença em relação à semelhança genérica é que a semelhança específica é um predicado (coisa atribuída) mais próximo do objeto
individual, e mais o esclarece. “Homem” está mais próximo de “Pedro”, e mais o esclarece (mais do que “ser vivente”). A espécie, ao que parece, é um
62
predicado menos universal do objeto.
Exemplo: Pedro e Paulo são homens.
Nota: Universal é aquilo que se pode dizer de um número de coisas que não são
numericamente semelhantes. Os sinônimos são aqueles nomes que, desde os casos concretos em que são
empregados, têm a mesma definição. Como quando se chama “homem” e “boi” de animais (no sentido de seres viventes). “Animal”, no caso, é sinônimo. Este é o exemplo dado nas Categorias, e é um
63
exemplo de semelhança
genérica. Pode haver sinônimo com os outros tipos de
semelhança. E pode haver sinônimo para todas as
categorias. “Homem” e “boi” pertencem à categoria da
substância. Mas também se pode conceber sinônimos para a categoria da ação, por
exemplo (“eu engalobei ele”; “eu enganei ele”).
Se eu digo “terminar”
querendo dizer simplesmente “levar a cabo”; e depois
“terminar” querendo dizer “dar o retoque final a uma coisa praticamente concluída”, se pode dizer que não há
64
sinônimo no sentido ordinário. Portanto, o sinônimo depende do caso concreto em que os termos são usados. Embora os nomes do exemplo aceitem uma mesma definição, se pode evocar semelhanças e
diferenças para derrubá-la. As opiniões respeitáveis são aquelas de todos, da maioria ou dos sábios. A tese é
basicamente a opinião de um sábio em particular.
A tese sinonímica é a opinião de um sábio, da seguinte
maneira: a constatação de uma definição viável para coisas que até então se cria
65
diferentes, ou se desconhecia, como quando se define o
comunismo como cultura no sentido antropológico
(“sistema de crenças, símbolos, reações
emocionais…”). Assim, o comunismo e a cultura Ioruba são culturas.
Homônimo é quando há definições diferentes para o mesmo nome. Uma figura de homem, ou uma foto, e um homem de verdade; são ambos chamados homens. Mas a
definição da figura ou foto (e não a definição do que
representa a figura ou foto) e do homem não são a mesma.
66
Tese homonímica: quando Max Weber chama “sociais” as relações interindividuais. Para Ortega y Gasset isso fora um erro; porque, para si, o social dizia respeito ao uso, e, portanto, seria
necessariamente impessoal, como quando se aperta a mão de alguém em uma festa.
O uso tem um aspecto
etimológico. Apertar a mão teria significado, no início (como agora, mas menos conscientemente), “eu não te farei mal, nem tu a mim,
certo?”. O significado do uso acaba por ficar implícito, ou talvez variar.
67
O entimema é um elemento da retórica (a dedução na
retórica). É um argumento baseado em uma premissa que o interlocutor aceita. É
entimema, para mostrar que alguém é rico, apontar que esse alguém joga no
Manchester United (porque todos sabem que quem lá joga é rico).
Na Poética há o preceito de que a imitação artística é boa na medida em que é capaz de evocar experiências vividas. De forma que quanto mais agradável uma peça de teatro, ou um romance, mais a peça
68
de teatro ou romance alude ao real. O homem se realiza na medida em que conhece, e a evocação abundante faz
conhecer, ou reconhecer, ativando a memória.
Nem toda sentença é
verdadeira ou falsa. Ela só o é se a um nome se adicionar um verbo.
Exemplo: Pedro dorme.
Esta sentença é verdadeira ou falsa. A sentença verdadeira ou falsa é uma declaração, ou sentença declaratória. Toda proposição é verdadeira ou
69
falsa, e, portanto, uma declaração.
A declaração pode ser uma afirmação:
Pedro dorme.
Pode ser uma negação: Pedro não dorme.
“Pedro e Paulo dormem” é mais de uma declaração, porque a frase pode ser decomposta.
Pedro dorme. Paulo dorme.
70
Pode acontecer de mais de um nome colado ao verbo
configurar uma só declaração: O bípede racional dorme (que é o mesmo que “o homem dorme”).
A propriedade e a definição são conversíveis com os objetos de que derivam. O gênero e a diferenciação
podem entrar na definição. O acidente não é conversível
com o objeto e não pode entrar na definição. O gênero e a
diferenciação, em alguma medida, se confundem;
71
primeiro, nos Tópicos, a fim de simplificar.
Portanto há quatro classes (porque me pareceu que o filósofo chama-os de classes): definição, propriedade, gênero e acidente. A importância
delas está, segundo o filósofo, em que de cada uma decorre um tipo de investigação.
A definição se converte com o objeto: Se é um bípede racional é um homem, se é um homem é um bípede racional. A propriedade se converte com o objeto:
72
Se é capaz de aprender
gramática é um homem, se é um homem é capaz de
aprender gramática.
O gênero se converte com o objeto, mas fica a meio
caminho (e entra na definição, como animal entra em “animal racional”).
Se é um homem é um animal, se é um animal não
necessariamente é um homem. Com a diferenciação sucede o mesmo:
Se é um homem é um bípede, se é um bípede não
73
Nota: em alguma passagem a diferenciação foi referida
como uma maneira de separar os seres dentro do mesmo gênero (bípede, quadrúpede, separam os seres dentro do gênero “animal”). O caráter genérico da diferenciação está em que se pode predicar a
diferenciação de seres que não são numericamente idênticos, e não idênticos quanto à
espécie; porque a diferenciação não é o
predicado mais próximo do indivíduo.
No acidente não há conversão em nenhuma das vias:
74
Se segura um copo de uísque não necessariamente é um homem (embora seja
provável), se é um homem não necessariamente segura um copo de uísque.
Se está grávida não necessariamente é uma
mulher, se é uma mulher não necessariamente está grávida. O acidente é definido como aquilo que pode pertencer ou não ao objeto, e que não é nem definição, nem propriedade, nem gênero.
Colocar o acidente como definição do objeto não é viável (“Quem é ‘aquele que
75
segura o copo de uísque’? — Humphrey Bogart.”). O
acidente, ao que parece, é volátil. E parece depender de algum processo, de algum tempo.
A definição de homem, para o filósofo (“bípede racional”), ainda não é uma sentença
declaratória, isto é, ainda não é verdadeira ou falsa. Porque não há um verbo ligado a ela. Isso sugere que a definição tem que independer de
processos temporais, mas deve implicá-los como
possibilidades. Parônimo
76
Os parônimos são palavras que apresentam diferenças na
flexão do sufixo.
Bárbaro; barbaridade.
Não faz mal acrescentar como possibilidade a flexão de
prefixo:
capitalista; metacapitalista. Bárbaro tem algo a ver com barbaridade. Capitalista tem algo a ver com metacapitalista.
Retórica
Uma noção da retórica coloca que se eu tenho que julgar o meu próprio interesse, eu o
77
julgarei provavelmente bem. Se julgo os interesses alheios, julgarei mais precariamente. Me pareceu que o personagem Otelo, de Shakespeare, julgou mal por não estar seguro do próprio interesse (tinha um conflito interno). Enzo, personagem de Manzoni,
julgou bem (não o tempo todo, é verdade) porque manteve aceso o seu próprio interesse. O juiz, portanto, julga mais precariamente, e pode ser levado por emoções e
considerações de amizade porque, entre outros, o que
78
julga é mais inacessível que o interesse próprio.
O ouvinte de um discurso político julga melhor, pelo menos no contexto de
Aristóteles, porque tem em vista atender seu próprio interesse.
79
Comentário a Aristóteles – 6: “Tópicos e a proposição
dialética”.
As deduções dialéticas se baseiam na opinião de todos, da maioria, dos sábios.
A vida do justo é a mais feliz? Talvez o nome mais
apropriado para a proposição acima seja “proposição
dialética”, porque me pareceu que o filósofo chamou a
proposição interrogativa de proposição dialética.
A vida do justo é a mais feliz, ou não?
80
Quando a proposição passa a pedir uma de duas respostas, se chama problema. Da mesma maneira me pergunto se o
problema acima é mais
especificamente um problema dialético, por ter uma
interrogação.
Opiniões respeitáveis e semelhantes
As deduções dialéticas se baseiam não apenas nas
opiniões respeitáveis, mas nas opiniões que se parecem com as opiniões respeitáveis; se baseiam, também, nas opiniões contrárias às contrárias das opiniões respeitáveis. Outros
81
detalhes a respeito vou deixar para depois.
1) Se deve gerar a proposição incluindo as opiniões
contrárias às que são
contrárias às respeitáveis. a) Proposição respeitável:
Se deve fazer bem aos amigos. b) Contrário da proposição respeitável:
Se deve fazer mal aos amigos. c) Contrário de b):
Se deve não fazer mal aos amigos
82
A proposição c) é respeitável, porque é contrária à contrária da proposição respeitável 2) Incluir as opiniões que se parecem com as opiniões respeitáveis.
a) A percepção de contrários é a mesma (se entendi bem
significa, por exemplo, que perceber o frio é o mesmo que perceber o calor).
b) Se a) é verdade, então algo semelhante a a) deve ser
também: “o conhecimento (não a percepção, como no caso “a)” ) dos contrários é o mesmo”.
83
Nota: Aristóteles diferencia a percepção do conhecimento, em que a percepção supõe a presença do objeto percebido, e o conhecimento que não supõe, ou não
necessariamente.
Notas para as análises de conotação — dos Tópicos Para saber se um termo é usado de várias maneiras: 1) Se o contrário do termo pode significar coisas
distintas, então o termo pode ser usado em mais de uma maneira. A diferença no emprego do termo pode ser
84
inteiramente homonímica ou ter alguma semelhança, isto é, pertencer a um mesmo tipo de coisa.
a) “Fica frio, cara!” (Neste caso o contrário de “frio” é “intranquilo”)
b) “O chá está frio.” (Neste caso o contrário de “frio” é “quente”)
c) “No inverno se usa roupas frias.” (Neste caso o contrário seria algo como “roupas
leves”)
d) “Ele foi frio comigo, quando nos encontramos.” (Neste caso o contrário de “frio” é compassivo)
85
Os exemplos a) e b) têm
alguma semelhança, pois nos dois casos “frio” diz respeito a alguma forma de agitação. Agitação da matéria, em um caso, e de algo como agitação dos sentimentos, em outro caso.
Os casos a) e c) não têm
semelhança, mas o caso c) de algum modo alude à realidade do caso a).
2) Se um uso do termo tem contrário, e um outro não, há homônimo:
86
a) “Frio de rachar”: seu
contrário é “calor extremo”. b) “Frio na espinha”; aqui não há contrário.
“Frio” em a) e b), portanto, é homônimo (tem uma diferente definição).
3) Se os contrários têm intermediários distintos, também os termos são diferentes.
Ex:
a) O intermediário entre “frio” e “quente” é algo como
87
b) O intermediário entre “frio” e “intranquilo”, se existe, é algo como “mais ou menos calmo”.
Como os intermediários são diferentes, o emprego do termo também o é.
4) Se um par de contrários tem mais de um intermediário (isto é, uma gradação), e um outro par não, o emprego do termo é diferente.
a) Os contrários “frio” e “quente” têm diferentes gradações, conforme a temperatura.
88
b) Os contrários “frio” e “compassivo” não têm gradação. Pelo menos me
parece agora o seguinte: ainda que, em uma pessoa, uma
frieza exterior encubra uma compaixão interior, é difícil imaginar uma gradação entre esses contrários. É um ponto em que cabe um estudo mais minucioso na área psicológica. 5) Se um termo é relacionado a uma possessão, seu contrário será relacionado a uma
privação. Se esta privação
pode ser usada em mais de um sentido, a possessão também pode.
89
Ex:
a) “Eu consigo ter frieza diante da cena de injustiça”; aqui a frieza seria a possessão de uma resistência, sendo seu
contrário a privação dessa resistência (“Eu não consigo ter frieza diante da cena de injustiça”). A resistência no caso é a um tipo de
desconforto moral.
b) “Eu tenho frieza diante das vergastadas que me dá o
carrasco”. A possessão no caso é uma espécie de resistência, e a privação uma espécie de
fragilidade, em relação a um desconforto físico, e também
90
moral talvez. Os termos, portanto, são empregados de maneiras diferentes. Porque uma coisa é ter resistência a um desconforto moral; e outra ter resistência a um
desconforto físico, ou ao
mesmo tempo físico e moral. Há outros métodos para
diferenciar os termos.
Mais dicas para diferenciar o uso de um termo de outro uso. Depois é que eu vou entrar na análise de textos:
1) Se a flexão de nome tem mais de um sentido, o nome
91
tem mais de um sentido. E vice-versa, se o nome tem mais de um sentido, a sua flexão tem mais de um sentido.
Exemplo:
Se “justo” tem o sentido de “ter retidão moral”, mas
também de “quase apertado”; “justamente” terá mais de um emprego. Seja “ele agiu
justamente”, seja “ele amarrou o tênis justamente”.
2) Se a classe muda conforme esse ou aquele empego do termo, o sentido do termo muda (aqui se requer uma
92
especificação do que seja “classe”).
Exemplo:
“Eu fiz voto de silêncio”; “Eu dei meu voto ao atual
prefeito”. No primeiro caso se trata de uma promessa solene de cunho religioso, no outro da expressão de uma preferência política que tem algum efeito político (aproximadamente falando). As duas coisas têm alguma semelhança, na
medida que derivam de uma decisão. O exemplo usado por Aristóteles, resumido, é o de “bom” no sentido do que faz bem à saúde, e no sentido de
93
uma qualidade da alma; aqui também se supõe uma
semelhança. No caso, “bom” nos dois casos pode ser visto como semelhantemente ligado a algum tipo de sanidade.
Sanidade do corpo, no primeiro caso, da alma no segundo.
3) Se é possível predicar duas coisas de um objeto (do burro, que é um motor e um animal), e esses predicados não se
subordinam um ao outro
(porque motor não pertence ao gênero dos animais, e vice-versa), então o termo ‘burro” terá um ou outro emprego
94
conforme vinculado a um ou outro predicado.
Exemplo:
“Seriam precisos cem burros para transportar toda essa mercadoria”; “o meu burro bebe muita água”.
4) Se o contrário do gênero é usado em mais de uma
maneira, o termo ao qual é atribuído o gênero é usado em mais de uma maneira.
Exemplo:
“Animal” se predica de “burro”. Animal tem como possíveis contrários:
95
a) inanimado.
b) refinado, ou gentil-homem. Logo “burro” pode ser usado como oposto a “inanimado”: “o meu burro bebe muita água”.
Ou pode significar alguém grosseiro, como oposto a “refinado”: “ele não passa de um burro, de um grosseirão”. Se pode replicar que “burro” é mais usado no sentido
específico de pouco inteligente.
5) Quando um termo se liga a outros, dependendo do termo a
96
que se ligar, pode haver um emprego diferente.
Exemplo:
a) Pastor protestante. b) Pastor montanhês.
Pastor em a) e b) significa coisas diferentes. São
homônimos.
6) Se algo é descrito por mais de um termo, não se deve
deixar de analisar cada um dos termos em separado, para ver se um homônimo não se
insinua ali.
“O programa do Chaves é simplório e engraçado”.
97
a) Analisando o primeiro
termo descritivo em separado, “simplório”, pode ele ser
entendido como algo sem nada de extraordinário, sem graça, incapaz de chamar a atenção. b) Analisando o termo
descritivo “engraçado” em separado, se pode entender como “aquilo que foi bem sucedido em entreter”.
Se b) está certo, a) tem que estar errado, e portanto a) é um homônimo, isto é, não é o que se quis dizer com simplório. O que se quis dizer com
simplório, então, não foi “sem graça”; mas sim, talvez, algo
98
como “que retrata a
simploriedade pela imitação artística, tornando-a
interessante, e usando-a como técnica”.
99
Comentário a Aristóteles – 7: “Tópicos e as diferentes
conotações”.
Profissão de fé – Olavo Bilac O poeta expõe no poema, que pretende usar a escrita como meio de expressar o que tem muito valor, mas sem pompa ou grandeza extraordinária. Não quero o Zeus Capitolino, Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino Com o camartelo.
“Querer” tem as seguintes conotações pelos contrários
100
dos seus contrários: escolher; intencionar; anuir; exigir ou ordenar; procurar; necessitar; dar motivos para algo; tolerar; exprimir terminantemente; amar.
Os contrários dos termos
mencionados são semelhantes por trazerem a conotação de “aquilo que se tem em mente”. O contrário de desejar é
enjeitar. O intermediário talvez seja “ter uma
inclinação”. Há gradações ou intermediários (no plural). O contrário de escolher talvez não exista.
101
O contrário de intencionar talvez não exista.
O contrário de anuir é resistir ou desconsentir. Talvez não haja intermediário.
O contrário de exigir é eximir. Talvez seja intermediário
“eximir parcialmente”.
Procurar tem como contrário esquivar. Talvez sem
intermediário.
Dar motivos para algo tem como contrário “não-indicar”. Tem intermediário e gradação, porque eu posso dar mais ou menos razões para, por
102
exemplo, que me punam por um delito.
Tolerar tem como contrário “impedir”. Parece haver intermediário e gradação.
Exprimir terminantemente tem “calar” como contrário. Tem intermediário e gradação, e é análogo a “dar razões para algo”.
Amar tem odiar como
contrário. Sem intermediário, talvez.
Possessão talvez se mostre no caso. Porque “querer”
103
campo de possibilidades do eu-lírico. Ele possui o poder de escolher tal coisa.
Ao mesmo tempo, como mostrará o poema, essa escolha tem um caráter
devocional, que compele, de forma que ela expressa o paradoxo de se fazer aquilo que se quer e que se sente
forçado a fazer, por uma força atraente.
O termo “querer” não parece possuir uma flexão adverbial (ex: amar, amorosamente). Uma mudança de classe se nota pela mudança de
104
“quero dizer o seguinte”. O primeiro “querer” é um sentimento, no outro uma intenção, nos dois casos o indivíduo, ao falar, pode ser movido pelo mesmo
sentimento, o que torna a coisa confusa.
Se pode dizer de querer que é uma escolha, e também uma declaração, quando for o caso. No primeiro caso o exemplo “ele quis macarronada” serve; no segundo “o finado assim o quis em seu testamento” serve. O termo “quero” se liga a uma ação, mais adiante no poema (“talhar no mármore divino”). Se se ligasse a uma substância
105
teria uma outra conotação
(“quero sorvete”). Querer algo físico parece, pelos exemplos, mais imediato e desimportante do que fazer algo, porque
neste último caso o querer parece dizer respeito a uma realidade simbólica e de
maiores consequências. É um ponto confuso para mim.
“Não quero o Zeus Capitolino”
Zeus, em sentido literal, não tem contrário.
No sentido de deidade, talvez tenha como contrário
106
chefe dos deuses, na
mitologia, embora não fosse o primeiro deus, pode ter a
conotação de princípio ou causa das coisas; ou a conotação de eternidade,
opondo-se a temporal, secular, vulgar; também a conotação de chefe, oposta a de servo. Deidade tem como contrário “mortal”. Tem intermediário, “semi-deus”, talvez sem
graduação (apesar de que Homero diz que Odisseu era descendente de Zeus, sem ser semi-deus).
107
Chefe tem como contrário “servo”, talvez sem
intermediário.
Eterno tem como contrário “temporal”, sem intermediário talvez (pode ser que
“empregado” seja intermediário”).
Vulgar tem como contrário “aristocrata”. Talvez com o intermediário “mais ou menos vulgar” (gradação).
Há possessão e privação. “Ele fez isso por ser Zeus!”, pode conotar a possessão de poderes naturais ou
108
sobrenaturais. Pode conotar a possessão de qualidades
morais da alma, ou da percepção.
Se o termo é tomado apenas na conotação de deidade, se pode fazer uma flexão; como
quando Sócrates às vezes diz nos diálogos: “falastes
divinamente, meu amigo!”. Divinamente significa aí
“excelentemente”. E portanto, divino pode ter apenas a
conotação de excelente. A junção de “Zeus” e
“Capitolino” (que deriva de capitólio, acho, um templo
109
pagão), indica que se está
falando de uma representação, uma estátua de Zeus.
Se pode predicar de “Zeus” “símbolo”, ou “mito”, e
também “patrono”. Assim, há empregos diferentes para cada predicado.
“O personagem das Valquírias é o Zeus dos germanos
antigos”.
“Os gregos imolavam cabritos ao Zeus-domiciliar”.
“Não quero o Zeus Capitolino Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino Com o camartelo.”
110
Hercúleo tem a conotação da personagem da mitologia, de algo que revela força
extraordinária, de algo que exige muito esforço (árduo), de uma beleza corporal
masculina perfeita.
Hercúleo literal, sem contrário. Força, tem como contrário
fraqueza. Tem intermediário e gradação.
Árduo, tem como contrário fácil, possui intermediário e gradação, e é semelhante à última conotação, pois diz
respeito a uma ação de grandes efeitos.
111
Beleza física, tem como
contrário feiura física, possui intermediário e gradação. Há, além da força e da
paciência com os trabalhos árduos, a possessão de uma capacidade de impressionar pela beleza física.
As diferenças na flexão
(hercúleo, herculeamente) não trazem novas conotações
segundo me pareceu. Pode se predicar da ação
hercúlea que é daquelas ações que são recompensadas com a glória.
112
Ao se adicionar “belo” a hercúleo, talvez o poeta
pretenda um superlativo, uma ênfase, porque “belo” já havia sido insinuado.
Nota sobre a diferenciação A diferenciação é uma
característica de caráter
genérico (pode ser atribuída a coisas que apresentam
diferenças entre si, bípede
pode ser atribuído ao homem e ao avestruz) que diferencia os seres dentro de um gênero (por exemplo, o gênero “animal”).
113
A diferenciação só faz sentido se ligada a um gênero. Não se pode dizer de uma cadeira que é quadrúpede, porque a cadeira não tem pés no mesmo sentido que um cachorro. “Pé”, aí, é homônimo.
114
Comentário a Aristóteles – 8: “Estudo do acidente”.
Nota sobre o acidente Se, dado um objeto (por
exemplo “homem”), eu atribuo a ele vários nomes (“bípede racional terrestre”), se esses nomes compuserem uma só coisa, nenhum deles é
acidental em relação ao objeto (“homem”).
Assim:
bípede racional branco — branco aqui é acidental, porque o homem enquanto espécie não é necessariamente
115
branco. Eu posso reduzir os nomes que compõem uma só coisa a um só nome (porque o gênero e a diferenciação, para o filósofo, entram na
definição, e é a definição que substitui um nome, mas o acidente não entra)
bípede racional = homem o bípede racional dorme = o homem dorme
o bípede racional branco dorme = o homem branco dorme
116
o bípede racional letrado dorme = o homem letrado dorme
“Letrado” é um acidente em relação ao homem, portanto. Se está segurando um copo de uísque não necessariamente é um homem, se é um homem não necessariamente segura um copo.
Eu dissera que esse tipo de conversão, que não converte-se em nenhuma via, isto é, nem a meio caminho, seria a marca de um acidente. Mas veja-se o seguinte:
117
Se é letrado é um homem, se é um homem não
necessariamente é letrado. “Letrado”, pelo que se disse no começo da nota, é acidente, mesmo havendo conversão a meio caminho. Letrado pode ser considerado uma
diferenciação dentro da
espécie “homem”, mas creio não ser possível dentro do gênero “animal”.
Há coisas ditas com e sem combinação:
Ex: homem; corre. Ex: Homem corre.
118
Pergunta: Por que Aristóteles usou como exemplo um
substantivo (nome) e um verbo, e não dois verbos por exemplo?
a) ‘tá dominado (“dominado” é uma flexão de verbo, porque está fora do tempo presente). Por que não uma flexão de nome e um verbo?
b) Para-quem vencer (imagine-se isso como resposta à
pergunta “para quem é destinada essa medalha?”; “para-quem” é uma flexão de nome, “vencer” é uma flexão de verbo, porque está fora do presente, se bem que o filósofo
119
não use o termo infinitivo,
nem se refira muito claramente a ele — razões filológicas eu receio. “Para quem vence”, também faria sentido, e não haveria flexão de verbo — suspeito que casaria melhor com o grego.
Os exemplos a) e b) não são declarações (declaração é a sentença verdadeira ou falsa; além disso, também a eles talvez não se aplique as
denominações “expressão” e “sentença”).
A sentença é uma combinação de palavras (por exemplo,
120
adicionalmente for verdadeira ou falsa, virará uma
declaração. A declaração pode ser uma afirmação ou negação. (“ele dorme”; “ele não
dorme”).
A expressão, parece-me, é um nome isolado, e talvez um verbo não ligado a um nome. “Homem” é uma expressão, eu acho, se bem que equivalha, se se quiser, a “bípede terrestre racional”.
Pois bem, por que “‘tá dominado” não é uma declaração (uma sentença
121
“homem corre” é uma declaração?
É que “‘tá dominado” só faz realmente sentido se se
acrescenta certos elementos a si implicados.
Ex: Ele está dominado por mim.
Ou:
Ele está dominado por alguém. Mesmo que “‘tá dominado” tenha força expressiva,
depende que se preencha mais ou menos certas lacunas.
Em “homem corre”, não se dá o mesmo. Se pode detalhar a
122
declaração, mas desde já ou ela é verdadeira ou ela é falsa (ou o homem corre ou o
homem não corre).
A mesma incompletude há em “para-quem vencer”.
Assim:
Flexão de nome com verbo não é declaração (ainda que eu não conheça as flexões de
nome do grego).
Verbo com verbo, ou flexão de verbo, não é declaração.
Nome com verbo é declaração: “Eu durmo”.
123
Comentário a Aristóteles – 9: “Acidente e propriedade
temporária”.
Homem dorme = bípede racional terrestre
“polegaropositorino” dorme. Eu me pergunto se dormir seria um acidente do homem se o homem fosse o único animal existente; parece que sim.
Acidente: uma de suas definições se resume a
124
pertencer ou não, como estar sentado”.
Ele diz que dormir se tornaria uma propriedade temporária do homem se houvesse em um dado momento só o homem dormindo, e só houvesse um homem (ele não diz “se
houvesse só um homem”, mas eu quero forçar um pouco). Então, seria correto dizer: Se está dormindo é um
homem, se é um homem está dormindo.
A mesma coisa, portanto, se houvesse um só homem e ele segurasse um copo de uísque
125
sem que ninguém mais o fizesse.
Se é um homem está
segurando um copo de uísque, se está segurando um copo de uísque é um homem.
Se a conversão é dupla, como nos últimos dois casos, então se trata mesmo de uma
propriedade.
Acho que agora entendo porque o filósofo distingue propriedade e propriedade temporária, e diz que esta última se confunde com o acidente. O acidente é volátil, eu posso estar sentado agora e dali a pouco não; e o dormir
126
também, eu posso estar
dormindo agora e dali a pouco não. Quando eu não estiver dormindo, ainda que não haja outros animais no mundo, não será o dormir uma
propriedade, porque não haverá conversão completa como nas hipóteses anteriores: Se está dormindo é um
homem, se é um homem não necessariamente está
dormindo.
Assim, agora parece-me
especialmente verossímil que toda propriedade digna do
nome seja uma potencialidade, ou se pareça com uma
127 Se é capaz de aprender gramática é um homem, se é um homem é capaz de aprender gramática. Se é capaz de se atrapalhar lendo Aristóteles é um homem, se é um homem é capaz de se atrapalhar lendo Aristóteles.
128
Comentário a Aristóteles – 10: “Ainda conotações”.
Não quero o Zeus Capitolino Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino Com o camartelo.
Belo tem como contrários
a) belo – imperfeito
Emprego (Quão belo é esse palácio!)
129
Talvez tenha intermediário e gradação (“mais ou menos perfeito”)
b) belo – defeituoso
(Eis aí um belo pastor alemão)
Não possui intermediário, pois ou se tem um defeito ou não, no caso um defeito corporal; para os defeitos morais é do ponto de vista metafísico que se pode conber um contrário, isto é, uma perfeição.
c) belo – feio
(Essa mocinha está muito mais bela agora, já crecida)
130
Tem intermediário e gradação. d) belo – malfeito
(Picasso é bom, segundo dizem, mas para mim Rembrandt é mais belo)
Tem intermediário e gradação, mas também supõe uma
perfeição metafísica, isto é, uma perfeição absoluta que não se verifica, apenas é aludida.
e) belo – horrível
(Todos no baile diziam-no belo)
O intermediário, se há, seria “não extraordinariamente belo”, possui gradação.
131
f) belo – miserável
(Aquele orador fez uma bela figura durante a convenção) O contrário de miserável pode ser “afortunado” e “ilustre”, entre outros, sendo os dois primeiros os empregos mais centrais. Pelo exemplo que usei o termo melhor é
“afortunado” no sentido de que “ele [o orador] contou com qualquer ‘graça’
favorável no discursar”.
Nesse caso é para mim difícil haver um intermediário,
porque os discursos públicos nunca ou raramente são “mais
132
ou menos” bem feitos, mas geralmente ou são bons ou ruins. Mas provavelmente se deve dizer que há contrários e intermediários.
g) belo – desarmonioso (O que me dizes dos traços daquela moça, eram belos?) Harmonioso pode se dizer de conjunto de sons, ou quaisquer outros elementos, que juntos adquirem uma proporção que, por um sentido que reflete a perfeição, é agradável.
Há intermediário e gradação. h) belo – desgracioso