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Cinética de uréia e creatinina na avaliação de pacientes em diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD)

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Academic year: 2021

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Cinética de uréia e creatinina na avaliação de pacientes em

diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD)

Eduardo Homsi, Gentil Alves Filho, Odair Marson, Carlos Stabile Neto, Morad Amad,

Maria Ines Salati

A relevância dos índices derivados do estudo de cinética de uréia e creatinina não está bem consolidada na determinação da diálise peritoneal ambulatorial contínua. Realizamos estudo com o objetivo de avaliar os índices de KT/V de uréia e clearance de creatinina semanal de pacientes em CAPD e correlacioná-los com parâmetros nutricionais e laboratoriais indicativos de prognóstico dos pacientes. Utilizando as fórmulas convencionais no cálculo dos índices, encontramos KT/V de uréia <1,7 e clearance de creatinina <50 litros/semana, respectivamen-te, em 24 e 9% dos casos. Quando comparamos os pacientes com KT/V de uréia inadequado com os pacientes com índices adequados encontramos, paradoxalmente, melhor estado nutricional e níveis superiores de albumina e creatinina sérica nos pacientes com KT/V baixo. Observamos que o cálculo dos índices baseado no peso real dos pacientes cria forte tendên-cia de proporcionar melhores índices nos pacientes desnutridos. Para corrigir partendên-cialmente esta falha no método, propusemos a utilização de peso ideal no cálculo dos índices. Utilizando esta fórmula praticamente não encontramos pacientes com índices inadequados em nosso programa.

Introdução

A importância da individualização da prescrição em hemodiálise ficou estabelecida após a publicação do Estudo Cooperativo Norteamericano.1

Foi demons-trado que a morbidade dos pacientes era reduzida, quando a dose de hemodiálise permitia remoção mais eficiente de uréia e a ingestão de proteina era ade-quada. Baseado nos dados deste estudo, Gotch e Sargent2

introduziram o índice de KT/V de uréia, que convenientemente, integrou a eficiência da remoção

de solutos (clearance de uréia), duração do tratamen-to (T) e superfície corpórea dos pacientes (volume de distribuição de uréia). Nos pacientes anéfricos, sub-metidos a 3 sessões semanais de hemodiálise, foi su-gerido o índice de KT/V de 1 como mínimo desejado, ao lado de ingesta proteica, avaliada pela Taxa de Catabolismo Proteico (PCR), superior a 1gr/kg/dia.

Não existe estudo prospectivo e randomizado, semelhante ao Estudo Cooperativo Norteamericano, planejado para avaliar influência da dose de diálise peritoneal na evolução clínica dos pacientes. Basea-dos em revisão de daBasea-dos de literatura relacionaBasea-dos a morbidade e mortalidade em diálise, Lysaght et cols.3

sugeriram que o índice de KT/V de uréia de 0,60 em CAPD seria equivalente ao índice de 1 em hemo-diálise. Keshaviah4 chegou a conclusão semelhante

baseado na teoria do pico de concentração sérica de uréia. Twardowsky et col.5 estimaram clearance de

creatinina de 50 l/semana como o mínimo necessário para pacientes em CAPD.

Trabalho realizado na Clínica de Nefrologia Santa Rita, São Paulo, SP Endereço para correspondência: Rua Cubatão 1043, cep 04015-012 São Paulo, SP - Tel : 575 5357 Fax: 5499162

CAPD, adequação, cinética de uréia, peso corpóreo real e ideal CAPD, adequacy, urea kinetic, actual and ideal body weight

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O objetivo de nosso estudo foi avaliar, através de cinética de uréia e creatinina, os índices convencio-nais de adequação em CAPD e correlacionar os acha-dos a outros parâmetros, laboratoriais e nutricionais, indicativos do estado clínico dos pacientes.

Pacientes e Métodos

Pacientes

Foram incluidos 33 pacientes (20 homens, 13 mulheres), em programa de CAPD, na Clínica de Ne-frologia Santa Rita. O estudo foi realizado em pacien-tes com mais de 3 meses em CAPD e sem terem apre-sentado peritonite neste período. Todos os pacientes incluidos neste estudo tinham prescrição de 4 trocas de bolsas de 2 litros ao dia. A idade média dos pa-cientes era de 54,6 anos, com variação de 27 a 90 anos. O tempo médio em CAPD era de 20,9 meses, com variação de 4 a 70 meses. Nove pacientes apre-sentavam clearance residual renal zero. No momento do estudo não apresentavam edema ao exame clínico.

Métodos

Estudo em corte transversal. No dia da avaliação, dialisato e urina eram coletados por 24 horas. No fim deste período, sangue era colhido. Foram dosados nas amostras de sangue, urina e dialisato as concen-trações de uréia, creatinina, proteina total e albumina. Os níveis de hematócrito, cálcio e fósforo foram me-didos no sangue. O valor da creatinina no dialisato foi reduzida em 7% para corrigir o efeito da glicose presente nos banhos no resultado de sua dosagem.6

Baseado nestes parâmetros, assim como no peso, al-tura e idade dos pacientes, foram calculados os se-guintes índices:

Superfície corporal em m2 (SC): (peso (kg) - 60)/

100 + altura (m)

Volume de distribuição de uréia em litros (Watson e col.7): homem: 2,447- (0,09516 X idade) +

(0,1074 X altura cm) + (0,3362X peso kg)

mulher: (0,1069 X altura cm) + (0,2466 X peso kg) - 2,907 Índice de massa corpórea em kg/m2 (IMC): peso

kg/(altura m)2

Massa corpórea seca em kg (LBM): 7,38 + 0,02908

X (creatinina urinária mg/dl X volume urinário ml/ 100) + creatinina dialisato mg/l X volume dialisato ml/100) (Forbes e col.8)

Taxa de geração de nitrogênio ureico em mg/min (TGU): ((uréia urinária mg/dl X 0,49) X volume

uri-nário ml/100 + (uréia dialisato mg/dl X 0,49) X volu-me dialisato ml/100)/1440

Taxa de catabolismo proteico em gr/dia (PCR):

((TGU X1,44) + 1,46) X 10,76 (Randerson e col.9)

PCR corrigida em gr/kg/dia: PCR/peso kg

Clearance residual corrigido para a superfície corporal (ml/min/1,73): (clearance renal de uréia +

clearance renal de creatinina)/2 X 1,73/SC

Clearance semanal de creatinina corrigido para a superfície corporal (l/semana/1,73): clearance

peritoneal de creatinina X 1,73/SC+ clearance residual corrigido para a superfície corporal.

KT/V de uréia semanal: (clearance semanal

peri-toneal de uréia não corrigido para a superfície corpo-ral (l/semana) + clearance residual renal de uréia não corrigido para a superfície corporal (l/semana) / Vo-lume de distribuição de uréia.

Clearance semanal de uréia (l/semana): clearance

semanal peritoneal de uréia não normalizado + clea-rance semanal residual renal de uréia não corrigido para o peso.

Dezoito pacientes foram submetidos a inquérito nutricional de 3 dias, sendo, desta forma, calculada a ingesta proteica diária (IPD gr/kg/dia).

Para calcular os índices de adequação, baseado no peso ideal para a altura e sexo, utilizamos tabela

Tabela 1

Índices de adequação de diálise e de ingesta proteica nos pacientes em CAPD.

média desvio padrão mínimo máximo n

KT/V uréia semanal (peso real) 2,35 0,51 1,44 3,82 33

KT/V uréia semanal (peso ideal) 2,47 0,58 1,68 4,14 33

Clear. creat. (L/semana/ 1,73 m2 real) 70,2 21,1 46,8 149,8 33

Clear. creat. (L/semana/ 1,73 m2 ideal) 74,2 22,4 52,1 158,5 33

PCR (gr/kg/dia) 1,18 0,26 0,73 1,70 33

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de correção de peso da Metropolitan Insurance Com-pany, USA.

Estatística

Os valores são apresentados através da média ob-tida e correspondente desvio padrão. A comparação entre 2 grupos foi realizada através do teste T não pareado. A correlação entre variáveis foi avaliada atra-vés de regressão linear. As diferenças foram conside-radas significativas quando p<0,05.

Resultados

Na tabela 1, apresentamos os índices de adequa-ção de diálise e de ingesta proteica, obtidos através de cinética de uréia e creatinina ou inquérito nutricional. Observamos em 8 pacientes (24,2%) KT/ V semanal de uréia, calculado para o peso real, infe-rior ao limite mínimo aceitável (1,7), e em 3 pacientes (9%) clearance semanal de creatinina corrigido para a superfície corporal baseada no peso real abaixo de 50 l/semana/1,73 m2. Quando os mesmos índices foram

calculados, baseando-se no peso ideal para a altura e sexo, encontramos apenas 1 paciente com KT/V de

uréia inferior ao limite e nenhum paciente com clearance de creatinina inadequado. A ingesta pro-teica, avaliada através do PCR corrigido para o peso, mostrou-se insuficiente (<1 gr/kg/dia) em 32% dos pacientes, enquanto a avaliação através de inquérito nutricional demonstrou ingesta proteica inadequada em 50% dos pacientes.

Notamos correlação significativa entre KT/V de uréia e o PCR corrigido para o peso (r= 0,45, p < 0,01), porém, não houve correlação entre o KT/V de uréia e o PCR não corrigido (r= 0,008) ou entre o clearance semanal de creatinina corrigido para a su-perfície corporal e PCR corrigido para o peso (r=0,18). Também não foi observada correlação entre o KT/V de uréia e IPD corrigida para o peso (r=0,09).

Na figura 1, apresentamos a relação entre o peso dos pacientes e o KT/V de uréia calculado utilizando-se o peso real e o peso ideal. Obutilizando-servamos correlação negativa significativa entre o peso e KT/V calculado pelo peso real (r = -0,51, p < 0,01). Não houve cor-relação semelhante entre o peso e KT/V de uréia pelo peso ideal. Em pacientes com peso superior a aproxi-madamente 60 kg, há tendência progressiva do KT/V calculado pelo peso real subestimar os valores obti-dos com peso ideal.

A seguir, os dados serão analisados comparando os 8 pacientes com KT/V de uréia inadequado (< 1,7) com os demais pacientes. Ressaltamos que o tempo em CAPD não diferiu nestes 2 grupos (KT/V < 1,7 = 14,4 ± 5,0 e KT/V > 1,7 = 15,7 ± 17,2 meses).

Na tabela 2, apresentamos individualizadamente variáveis que compõem o cálculo de KT/V de uréia. Notamos diferença extremamente significativa somen-te em relação ao volume de distribuição de uréia, que mostrou ser maior e responsável pela redução do KT/ V nos pacientes com índice inadequado.

Na tabela 3, comparamos parâmetros antropo-métricos e nutricionais nos 2 grupos de pacientes. Como esperado, tendo em vista a diferença mostrada no volume de distribuição de uréia, os pacientes com KT/V baixo apresentam todas a medidas de massa Figura 1 - Relação entre peso e KT/V de uréia.

Tabela 2

Composição do KT/V de uréia nos pacientes em CAPD.

KT/V < 1,7 KT/V > 1,7

n 8 25

Clearance peritoneal de uréia (L/semana) 70,4 ± 8,6 80,1 ± 17,0 não significativo

Volume de distribuição de uréia (L) 42,8 ± 4,7 30,8 ± 5,5 p<0,0001

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corporal significativamente superiores aos pacientes com KT/V considerado adequado. A ingesta proteica avaliada pela PCR, aparentemente é superior nos pa-cientes com KT/V alto, porém, esta diferença só é sig-nificativa quando o cálculo do PCR é corrigido para o peso. Em termos absolutos não há diferença quan-to à ingesta proteica avaliada pelo PCR.

Na tabela 4, apresentamos dados laboratoriais de ambos os grupos. Não há diferença quanto ao nível sérico de fósforo ou hematócrito nos 2 grupos. Porém, notamos albumina sérica e creatinina sérica significati-vamente superiores no grupo com KT/V < 1,7, apesar da perda de albumina no dialisato ser semelhante nos 2 grupos.

A concentração de albumina sérica não apresen-tou correlação com o KT/V de uréia ou PCR (gr/dia), porém, houve correlação significativa entre albumina sérica e IMC (r= 0,45, p < 0,01) e albumina sérica e LBM (r= 0,39, p < 0,05).

Discussão

A avaliação da qualidade da diálise, através de cinética de uréia e creatinina, demonstrou que a pres-crição utilizada em nossos pacientes (4 trocas, 2 li-tros/dia) foi inadequada em 24% e 9% dos pacientes quando analisados, respectivamente, pelo KT/V de uréia e clearance de creatinina semanal, baseados no peso real dos pacientes. Esta proporção de pacientes com índices inadequados é inferior à apresentada em

outros estudos10,11

, provavelmente pela utilização de menor volume de dialisato em parte dos doentes que participaram dos demais trabalhos. Quando calcula-mos os índices de adequação, utilizando o peso ideal dos pacientes, encontramos apenas 1 paciente que apresentava KT/V de uréia abaixo do limite de 1,7. Os pacientes com KT/V de uréia real inferior ao limite de 1,7 apresentavam clearance de uréia, tanto peritoneal como residual renal, semelhantes aos paci-entes com índice adequado. Porém, por tratar-se de pacientes com maior peso e superfície corporal, apre-sentavam maior volume de distribuição de uréia, que determinou os baixos níveis do índice calculado.

A forte dependência dos índices de adequação de diálise ao peso corporal induza uma situação paradoxal, na qual os pacientes com maior massa corporal e, por-tanto, com melhor estado nutricional, apresentam piores índices de adequação de diálise. Harty et cols.10 e

Jones12 não encontraram diferença nos índices de

ade-quação de diálise em pacientes em CAPD classificados como desnutridos ou bem nutridos. Quando corrigiram os índices para o peso ideal em relação à altura e sexo, ao invés do real, os pacientes bem nutridos passaram a apresentar índices de KT/V de uréia e clearance sema-nal de creatinina superiores aos desnutridos. Em nosso estudo a correção dos índices de adequação pelo peso ideal reduziu a influência deste parâmetro no resultado dos índices, visto que a correlação negativa significa-tiva entre peso e KT/V de uréia só foi obtida quando os cálculos foram baseados no peso real.

Tabela 3

Medidas antropométricas e nutricionais nos pacientes em CAPD.

KT/V < 1,7 KT/V > 1,7

peso (kg) 82,2 ± 11,2 60,5 ± 10,7 p < 0,0001

Índice de massa corporal (IMC)kg/m2 28,5 ± 3,8 23,2 ± 2,6 p < 0,0001

Massa corporal seca (LBM) kg 36,4 ± 12,1 29,1 ± 6,5 p < 0,05

superfície corporal (m2) 1,92 ± 0,13 1,61 ± 0,18 p < 0,001

PCR (gr/kg/dia) 0,90 ± 0,18 1,14 ± 0,23 p < 0,05

PCR (gr/dia) 74,7 ± 20,6 69,1 ± 17,4 não significativo

Tabela 4

Avaliação laboratorial nos pacientes em CAPD.

KT/V < 1,7 KT/V > 1,7

albumina sérica gr/dl 3,68 ± 0,30 3,35 ± 0,33 p < 0,05

creatinina sérica mg/dl 9,1 ± 2,6 6,8 ± 1,7 p < 0,01

albumina dialisato gr/dia 3,7 ± 3,04 5,9 ± 3,28 não significativo

hematócrito % 27,8 ± 3,02 30,3 ± 6,49 não significativo

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Encontramos níveis séricos de albumina e crea-tinina significativamente maiores nos pacientes com KT/V de uréia real inadequado. Spiegel et cols.13.

Strujik et cols.14 demonstraram o forte valor preditivo

dos níveis séricos de albumina no prognóstico de pacientes em CAPD. De maneira semelhante, maiores valores de creatinina sérica estão associados a melhor prognóstico em pacientes em hemodiálise15. Não é

possível conciliar os valores de albumina e creatinina sérica com o KT/V real de uréia de nossos pacien-tes, sendo este dado importante argumento a favor de se utilizar peso ideal no cálculo dos índices de ade-quação.

A avaliação da ingesta proteica, utilizando-se a Taxa de Catabolismo Proteico corrigido para o peso real (PCR gr/kg/dia), incorre no mesmo problema, tendendo a ser maior em pacientes desnutridos, pois apresentam peso menor que os pacientes bem nutri-dos16. Assim, é mais correto avaliar a ingesta proteica

através do PCR não corrigido pelo peso (gr/dia). Apenas a correlação entre PCR corrigido para o peso e KT/V de uréia foi significativa, enquanto a correla-ção entre outros índices de depuracorrela-ção e ingesta proteica não lograram significância. Este dado coloca em dúvida o valor da correlação entre PCR corrigido e KT/V de uréia, que pode decorrer apenas de arte-fato matemático, pois tanto a excreção de uréia quan-to o peso participam do cálculo de ambas as variá-veis. Em nossos pacientes, o nível de albumina sérica não correlacionou-se com a PCR (gr/dia), mas mos-trou correlação positiva com os índices antropo-métricos utilizados para avaliação nutricional.

Os estudos, que analisaram longitudinalmente a evolução clínica e mortalidade de pacientes com dife-rentes níveis de KT/V de uréia, mostram resultados conflitantes. Lameire et cols.17 acompanharam 16

pa-cientes em CAPD por 5 anos, com diferentes índices de KT/V de uréia e encontraram correlação negativa entre o índice de KT/V de uréia e o número total de dias hospitalizados, taxa de peritonite e velocidade de condução nervosa em nervo periférico. Teehan et cols.18, de maneira semelhante, notaram correlação

negativa entre KT/V de uréia e dias de internação hospitalar em 51 pacientes, acompanhados em média 24 meses. Além disso, notaram sobrevida significati-vamente maior após 5 anos em CAPD em pacientes com índices de KT/V de uréia semanais superiores a 1,89, comparado com pacientes com índice inferior a 1,89. Em contrapartida, Blake et cols.19 não

encontra-ram correlação entre o nível de KT/V de uréia e

sobrevida da técnica de CAPD, dias de internação hospitalar, taxa de peritonite e velocidade de condução nervosa. Goodship et cols.20 não encontraram diferença

na morbidade de pacientes, em CAPD, com índices de KT/V de uréia semanais superiores ou inferiores a 1,95. Os resultados controversos destes estudos poderiam ser minimizados se a correção dos índices obedecesse ao critério de peso ideal e ao não real.

Em conclusão, nossos dados demonstram que a avaliação da diálise peritoneal, através de cinética de uréia e creatinina apresenta problema metodológico, quando são utilizadas as fórmulas convencionais, baseadas no peso real dos pacientes. Os pacientes com KT/V de uréia inadequados mostram melhor estado nutricional e níveis de albumina sérica supe-riores aos pacientes “bem” dialisados. Para corrigir esta falha no cálculo dos índices, pode ser utilizado o peso ideal, baseado na altura e sexo dos pacientes. Quando corrigimos os índices desta forma, pratica-mente não encontramos pacientes com índices inade-quados em nosso programa.

A importância da cinética de pequenas molécu-las, na avaliação da qualidade do CAPD, necessita ser comprovada em estudos prospectivos e randomizados, utilizando-se diferentes doses de dialisato, em pacientes anéfricos, para que não haja variação decorrente de redução do clearance residual. A correção dos índices de depuração deve ser feita com base no peso real e ideal dos pacientes. Com o emprego desta metodologia, os valores limites de ade-quação poderão ser estabelecidos criteriosamente, as-sim como pode ser confirmada a importância da corre-ção dos índices pelo peso ideal, como nossos dados sugerem.

Referências

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