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BOURDIEU, Pierre. Modos de Dominação. O Costureiro e sua Grife, a contribuição para uma teoria da magia, A Produção da Crença.

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Academic year: 2021

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PIERRE BOURDIEU

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APRODUGAo

DACRENGA

contribuicao

para uma economia

.

dos bens simb6licos

Traducao

Guilherrnc Joao de Freitas Teixeira

o

COSTUREIRO

E

SUA

GRIFE

contribuicao

para uma teoria

da magia

MODOS DE

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DOMINAGAO

BIBLJOTECAS FESPSP Traducao

Maria da Graca jacinrho Setton

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(3)

Uma vez meis, apalavra empresdtio me incomods.

Sven Nielsen'

Em outre area, tenboIIhonra -para nio dizet;0prater - de perder

dinheiro, so encomender a traducso dos dais volumes monumentais sabre Hemingway de Carlos Baker. Hobert Laffont!

o

cornercio da arte - comercio das coisas de que nao se faz comercio - pertence

a

classe das praticas em que sobrevive a J6gica da economia pre-capitalisra

Ut

semelhanca, em outro plano, da economia das trocas entre as geracoes) e que, funcionando como sc tratasse de denegaroespraticas, nao conseguem fazer0que fazem a naa ser procedendo como se niio 0 fizessem: desafiando a 16gica

habitual, essas duplas praticas prestarn-sc a duas leituras opostas, mas igualmente falsas, que acabam desfazendo sua dualidade e duplicidade cssenciais, reduzindo-as, seja

a

denegacao, seja ao que

e

denegado, ao desinteresse ou ao interesse". 0 desafio desferido pclas cconomias fundadas na dcnegacao do "econornico" a toda a espccie de economicismo reside precisamente 110fato de que clas 56

funcionam e, na pratica - nao somente nas representacoes -, s6 podem funcionar mediante urn recalcamento constante e coletivo do interesse propriamente "econornico" e da verdade das praticas desvendadas pela analise "cconornica".'

A Denegacao da "Economia"

Neste cosmo economico definido, em seu proprio funcionamento, por uma recuse do comercisl que, de fato,

e

uma denegacao coletiva dos interesses e ganhos comercials, as condutas mais "anri-economicas", as mais desinteresssdes visivelmente,

• NT:No original, interet, em frances, significa tarnbem os juros obtidos em aplicacao financeira. A partir daqui, todas as notas de rodape sao do tradutor, As notas do aurar vern no final de cad a ensaio.

(4)

aquelas que, em urn universo "econornico" habitual seriam as mais condenadas sem0menor d6, con tern uma forma de racionalidade economica (ate mesmo, no sentido restrito) e, de modo algum, excluem seus autores dos ganhos, inclusive "economicos", prometidos aos que se conformarn

a

lei do universo. Ou por outras palavras, ao lado da busca do lucro "economico" que, ao transfonnar o cornercio dos bens culturais em urn cornercio semelhante aos outros, e nao dos mais rentaveis "economicamente" (como nos

c

lembrado pclos mais experientes, ou seja, os mais desinteresssdos dos comerciantes de arte), se content a em ajusrar-se

a

demanda de uma c1ientela antecipadamente convertida, existe lugar para a

scumulecio do capital simb6Jico, como capital economico ou politico

denegado, irreconhecido e reconhecido - portanto, legitimo -, credito

capaz de garantir, sob certas condicoes e sempre a prazo, ganhos "economicos". Os produtores e vendedores de bens culturais, \ empenhados em operacoes do tipo comerciai, condenam-se a si ~ mesmos, e nao somente de urn ponto de vista etico ou estetico. ( porque privam-se das possibilidades oferecidas aqueles que, por ( saberemi~e:ol1~~~e1a~e~igencia~, e~peclficas d,o universo, ou, se

I

quisermos,[irreconhecer e fazer irreconhecer os interesses em

jogoj,

em sua pratica, utilizarn as meios de obter as ganhos do desinteresse.'

Em suma, quando 0 unico capital util, eficiente,

e

0 capital

irreconhecido, reconhecido, legitimo, a que se da 0 nome de

"prestlgio" ou "autoridade", neste caso, 0 capital econornico

pressuposto, quase sempre, pelos empreendimentos culturais s6 pode garantir os ganhos especificos produzidos pelo campo - e, ao mesmo tempo, os ganhos "econornicos" que eles sempre implicam - se vier a converter-se em capital simb6lico: _~~l!ica acumulacao le.sftima, ,t,U!ltOpara 0autor quanta para 0 critico, tanto ~a. 0

:r!.archl!fld ~e quadrosquanto para 0editor ou 0dire tor de teatro,

consiste em adquirir urn nome, urn nome conhecido e reconhecido, capital de consagracao que implica urn poder de consagrar, alern c!e ?~jetos (e 0 efeito de grife ou de assinatura) ou pe~soa§__(PJ!la

pu blicacao, exposir;:a<?tetc),.P.~rt,'¥!t9,de dar valor e obter.beneflcios

desta

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A denegacao nao

e

uma ncgacao real do interesse "econornico" que assombra continuamente as praticas mais

desinteressedss, nem uma simples dissimulecio dos aspectos mercantis da pratica, como chegaram a acreditar os observadores mais atentos. 0 empreendimento economico denegado do marchand de quadros ou do editor, "banqueiros culturais" em quem a arte e os neg6cios se encontram praticamente - 0que os predisp6e a

desempenhar 0 pape! de bodes expiat6rios -, s6 pocle ser

bem-sucedido, ate mesmo "econornicamente", se nao for oricntado pelo controle pratico das leis de funcionamento do campo da producao e circulacao dos bens culturais, ou seja, por uma combinacao totalmente improvavel- em todo caso, raramente bem-succdida-, do realismo, que implica concess5es mfnimas as neccssidades "econornicas" denegadas e nao negadas, com a conviccao que as exclui.' Pe!o fato da dencgacao da economia nao ser urn simples disfarce ideol6gico, nem urn completo rcpudio do interesse econornico, e que, por urn lado, novos produtores 'que tern como unico capital sua conviccao podern. impor-se ao mercado, reivindicando valores em nome dos quais as dominantes acumularam seu capital simb6lico e, por outro, somente aqueles que, entre eies, sabern acomodar-se as obrigacoes "economicas" inscritas na economia da rna-Ie poderao colher plenamente os ganhos "econornicos" de seu capital sirnbolico.

Quem Cria

0

Criador?

A ideologia carismatica que se en contra na propria origem da crenca professada no valor da obra de arte, portanto, do pr6prio funcionamento do campo da producao e circulacao dos bens culturais, constitui, sern duvida, 0principal obstaculo a uma ciencia rigorosa da producao do valor de tais bens. Com efeito,

e

ela que orienta 0olhar em direcao ao produtor spsrente- pintor, compositor,

escritor - em poucas palavras, em direcao ao sutor. impedindo 0

o

(5)

questionamento a respeito do que autoriza 0au tor, do que da a

autoridade de que0autor se autoriza. Se e por demais evidente que

o pre<;:ode urn quadro nao

e

determinado pela adi~ao dos elementos do custo de producao, materia-prima, tempo de trabaJho do pintor,

e se as obras de arte fornecem urn exemplo perfeito aqueles que pretendem refutar a teoria marxista do valor trabalho (que, alias, atribui

a

producao artistica urn estatuto de excecao), e, ralvez, porque se define mal a unidade de producao ou, 0 que da no mesmo, 0

processo da producao.

E

possivel formular a questao sob sua forma rnais concreta (sob a qual, as vezes, cIa se apresenta aos agentes): Quem sera 0

verdadeiro prcdutor do valor da obra: 0pintor ou 0marchand, 0

cscritor ou 0editor ou 0diretor de teatro? A ideologia da criacao,

que transforma 0autor em principio primeiro e ultimo do valor da

obra, dissimula que 0cornerciante de arte (marchand de quadros,

editor, etc.)

e

aqueJe que explora 0 trabalho do crisdor fazendo

cornercio do ssgredo c, inseparavelmeme, aquele que, colocando-o

110mercado, pela cxposicao, publicacao ou encenacao, consagra0

produto - caso contrario, este estaria votado a perrnanecer no estado de recurso natural- que ele soube descobrire tanto mais forternente quanta de rnesmo

e

mais consagrado." 0 cornerciante de arte nao e somente aquele que outorga a obra urn valor cornercial, colocando-a em relcolocando-accolocando-ao com urn certo merccolocando-ado; ncolocando-ao

e

somente 0representante,

o ernpresario, que "defende, com se diz, os autores que lhe agradam". Mas, e aquele que pode proclamar 0valor do autor que defende (cf.

a ficcao do catalogo ou do comunicado destinado

a

irnprensa) e,

sobretudo, "ernpenhar, como se diz, seu prestigio" em seu favor, atuando como "banqueiro simb6lico" que oferece, como garantia, todo 0capital simb6lico que acumulou (e, real mente, passive! de ser perdido em caso de erro).7Este investimento, cujos investimentos

"econornicos" correlatos nao passam em si mesmos de uma garantia, eo que leva

°

produtor a penetrar no cicio da consagracao. Penetra-se na literatura nao como Penetra-se professa em uma ordem religiosa, mas como se penetra em urn clube seleto: 0editor faz parte do numero

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dos padrinhos prestigiosos (ao lado dos autores de prefacios, criticos, ete.) que garantem os testernunhos obsequiosos de reconhecirnento. Ainda mais evidente

e

0papel do marchand que, realmenre, deve

spresentsro pintor e sua obra a grupos sociais cada vez mais seletos

(cxposicoes coletivas e/ou individuais, colecoes prestigiosas,

museus) e introduzi-lo em locais raros c cobicados, No en tanto, a Ici do universe que pretende que urn investimento sera tanto mais produtivo, do ponto de vista simb6lico, quanta menos for declarado, faz com que as acoes de valorizacao que, no mundo dos neg6cios, assumern a forma aberta da publicidade, devern aqui eufernizar-se:

°

comerciante dc arte s6 pode scrvir sua "descobcrta" se colocar a seu service toda a sua conviccao que exclui as manobras vilmente

comercieis, as manipulacoes e as pressoes, em beneflcio das formas mais brandas e discretas das "relacoes publicas" (que, em si rnesmas, sac uma forma altamente eufemizada da publicidade), recepcoes, reuni6cs mundanas, confidencias feitas da forma mais criteriosa possivel."

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J.

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o

Circulo da Crenca

Mas, pass an do do criadorao descobridorcomo criador do

ctisdor, lirnitarno-nos a deslocar a questao inicial; neste caso, restaria determinar de onde vem 0poder de consagrar que e reconhecido ao

comerciante de arte. Ainda aqui, a resposta carismatica sc ofcrece ja pronta: os grsndcs marchands, os grandes editores, sac "descobridores" inspirados que, guiados por sua paixao deslnteressada c irrefletida por uma obra, 'Tizerarn" 0pinror ou 0

escritor, ou entao, perrnitiram-lhe que ele se fizesse, amparando-o nos momentos diflceis, respaldados na fe que haviam colocado neie, orientando-o com seus conselhos e livrando-o das preocupacoes materials." Se pretendermos evitar 0reeuo, sem fim, na cadeia das

causas, talvez seja preciso cessar de pensar na logica, favorecida por toda a tradicao, do "primeiro comeco" que, inevitavelmcnte, conduz

a

fe no crisdor. Nao basta indicar, como se faz habitual mente, que 0

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(6)

"descobridor" nunca descobre nada que ja nao tenha sido descoberto, pelo men os, por alguns, ou seja, pintores ja conhecidos por urn reduzido numero de pintores ou conhecedores, autores

"apresentados" por outros autores (por exemplo, sabe-se que os manuscritos que serao publicados quase nunca chegam diretamente, mas quase sempre por meio de intermediaries reconhecidos). Sua

aUtOndadde,

por si 56, urn valor flduciario 56 existente nao 56 na

~m 0campo da producao em seu conjunto, ou se]a, com os

pintores ou escrirores que fazem parte de sua escuderia- "urn editor, conforme dizia urn deles,

e

seu catalogo" - e com aqueles que estao fora e gostariam ou nao de fazer parte dela, mas tambern na relacao com os outros marchands ou editores que manifestam mais ou menos claramente a cobica por scus autores e escritores, alern de terern maior ou menor capacidade para acambarca-los: na relacao com os criticos, que se flam em maior ou menor grau em seu julgarncnto, falam de seus produtoscom maior ou menor respeito; na relacao com os clientes, que tern uma percepcao mais ou menos nlrida de sua marca e depositam nele urn maior ou menor grau de confianca. Est~ aumLiqaqf'Qao ~ oum~,,~Qi$~_~~n~Q.UJ!lcL~@tQju,nto a urn conjunto de agentes.queconstituern relsoies tanto mais preciosas quanta rnaior for 0 credito de que eles pr6prios se

beneficiarn.

E

por dernais evidente que as criticos colaboram rarnbern com 0cornerciante de arte no trabaJho de consagracao que faz a

reputacao e - pelo menos, a prazo - 0valor rnonetario das obras: ao

"descobrirern" os "novos talentos", eles orientam a escolha dos vended ores e compradores por seus escrltos ou conselhos (eles sao, muitas vezes, leitores ou diretores de colecoes nas editoras ou autores de prefacios, contratados pel as galerias), por seus vereditos que, apesar de pretenderem ser puramente esteticos, sac acompanhados por consideraveis efeitos econ6micos (iuris). Entre aqueles que fazem a obra de arte, convern contar, por ultimo, com as clientes que contribuern para fazer seu valor, apropriando-se del a materiaJmcnte (os colecionadores) ou simbolicamente (espectadores, leitores), alern de identificarem subjetiva ou objetivamente uma parcel a de seu valor

com tais apropriacoes. Em suma, 0que faz as'reput~{6es ~ao

e,

como acreditam ingenuamente os Rasrignacs'' -p;~vincianos, a "influencia" de fulano ou sicrano, esta ou aquela instituicao, revista, publicacao semanal, academia, cenaculo, marchand, editor, nem sequer 0conjunto do que, as vezes, se chama de "personalidades do mundo das artes e das letras", mas 0campo da producao como sistema das relacoes objetivas entre esses agentes ou insrituicoes e espa~o das lutas pelo rnonopolio do poder de consagracao em que, continuamente, se engendram 0 valor das obras e a crenca neste

valor.'0 "

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principio da eficacia de rodos os atos de consagracao nao

e

outro senao 0proprio campo, lugar da energia social acurnulada,

reproduzido com a ajuda dos agentes e instituicces atravcs das lutas pelas quais eles tentam apropriar-se dela, empenhando 0que haviam

adquirido de tal energia nas lutas anteriores. 0 valor da obra de arte como tal - fundamento do valor de qualquer obra particular - e a crenca que the serve de fundamento se engendram nas incessantes e inumeraveis lutas travadas com a finalidade de fundamentar 0

valor destaou daquela obra particular, ou seja, nao 56 na concorrencia entre agentes (auto res, atores, escritores, crlricos, encenadores, editores, marchands, etc.), cujos interesses (no sentido mais amplo) estao associ ados a bens culturais diferentes - teatro burguess»: teatro intelectual, pintura estabelecida e pintura devanguarda, literatura

scsdemics e literatura svencsds -, mas tarnbem nos conflitos entre

agentes que ocupam posicces diferentes na prcducao dos produtos da mesma especie - pintores e msrchends, autores e editores, escritores e criticos, etc.: com tais lutas que, apesar de nunca

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• Personagem concebida por Honore de Balzac (1799-1850), cuja prirncira aparicio

acontece no romance 0pai Goriot: tipo de oportunista elegante.

"<t C"I ", A Produciio ds Crencs v-i <'I Pierre Bourdieu

(7)

estabelccerem uma oposicao clara entre "0 cornercial" e 0

"nao-comcrcial", 0desinteressee 0cinismo, ernpenham quase sempre 0

reconhecimento dos valores ultirnos de desinteresse atraves da den uncia dos comprometimentos mercantis ou das manobras calculistas do adversario,

e

a denegacao da economia que

e

colocada no proprio amago do campo, na propria origem de seu funcionamento

ernudanca.

E

assim que a dupla verdade da relacao ambivalente entre 0

pintor e0marchand, ou entre 0escritor e0editor, nunca se revela

tao bern quanta nas crises em que se desvela a verdade objetiva de cada uma das posicoes e da relacao entre elas, ao mesmo tempo que se reafirmarn os val ores que se encontram na origem de seu

cncobrimento, Ninguem esta mais bem colocado do que0marchand

de arte para conhecer os interesses dos fabricantes de obras, as estrategias utilizadas par eles para defende-las ou dissimular as proprias estrategias. Se ele forma urn anteparo protetor entre 0artista e0mercado, e tam bern ele quem 0Iiga ao mercado e quem provoca,

por sua propria existencia, os desvelamentos crueis da verdade da pratica artistica: sera que, para impor seus interesses, nao Ihe basta encerrar 0artista em suas declaracoes publicas dedesintercssei Basta

escuta-lo para descobrir que - salvo algumas ilustres excecocs, como que feitas para fazer lembrar 0ideal - os pintores e escritores sac

fundamentalmente interesseiros, calculistas, obcecados pelo dinheiro

e disposros a fazer seja hi 0que for para serem bcm-sucedidos.

Quanto aos artistas, que nern sequer pod em denunciar a exploracao de que sfio objeto sem confcssarem suas motivacoes interessciras, sac os que se encontram mais bem colocados para descobrirem as estrategias dos comerciantes de arte, 0 scntido do investimento

rentavel (economicamente) que orienta seus investimentos esteticos

eafetivos, ~qversarios cumplices, os que fabricam as.obras de arte e

aquelcs que as comercializam se referern, como se ve,

a

mesma lei que imp6e a repressao de todas as rnanifestacoes diretas do interesse pessoal - pelo menos, em sua forma abertamente "econornica" - e apresenta todas as aparencias da transcendencia, embora ela nfio

If

I

seja senao 0produto da ccnsura cruzada que pesa, quase de forma

iguaJ, sobre cada urn daqueles que sobrecarregarn todos os outros com seu peso.

Urn mecanisme sernelhante acaba transformando 0artista

desconhecido, desprovido de credito e credibilidade, em urn artista conhecido e reconhecido: a luta pela imposicao da definicao dominante da arte, ou seja, pela irnposicao de urn estilo, encarnado por urn produtor particular ou urn grupo de produtores, faz da obra de arte urn valor, transformando-a em uma aposta, no amago do campo da producao e fora dele. Cada urn podera recusar a pretensao de seus adversaries de estabelecerem uma distincao entre 0que

e

arte e 0 que nao 0

e,

sem nunca questionarem, como tal, essa

pretensao originaria: em nome da conviccao de que existe boa au ma pintura

e

que os concorrentes se excluem mutuarnente do campo da pintura, prcdigalizando-lhe assim a aposta e0motor sem 0qual

ele nao poderia funcionar, E nada pod era dissimular melhor a colusao objetiva que se encontra na origem do valor propriamente artistico do que os antagonismos atraves dos quais ele se realiza.

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Sacrilegios Rituais

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A estas analises, poder-se-iarn opor as tentativas que se multiplicaram por volta da decada de 60, sobretudo, no domlnio da pintura, para quebrar 0icirculo da crenia,\se nao fosse por demais

evidente que essas especies de sacrilegios rituals, dessacralizacoes ainda sacralizantes que se Iimitam semprc a cscandaJizar os crentes, estao votados a serem, por sua vez, sacraJizados, e a fundarem uma' nova crenca. Estamos pensando em Manzoni com suas Iinhas dentro de caixas, suas conservas de "merda de artista", seus pedestais magicos capazes de transformar em obra de arte as coisas colocadas em cima deles, ou sua assinatura escri ta em pessoas vivas, convertidas assim em obras de arte: ou entao, em Ben que multiplica os "gestos" de provocacao ou desdern, tais como a exposicao de urn

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-D (". Pierre Bourdicu A Produciio de erenra r-r1

(8)

pedaco de papelao coberto com a mencao "exemplar unico" ou de uma tela com a inscricao "tela de 45 ern de comprimento". Paradoxalmente, nada e mais bem feito para mostrar a logics do funcionamento do campo artlstico do que0destine dessas tentativas

- na aparencia, radicais - de subversao: pelo fatode aplicarem ao ate de criacao artistica uma intencao de escarnio

ja

anexada

a

tradicio

artlstica por Ducharnp, elas sac imediatamente convertidas em "acoes" artlsticas, registradas como tais e, assim, consagradas pelas instancias de celebracao. A arte nao pode deixar manifestar-se livremente a verdade sobre a arte sem a ocultar, fazendo desse desvclamento uma rnanifestacao artistica. E

e

significativo, ao contrario, que todas as tentativas para colocar em questao 0proprio

campo da producao artistica, a logica de seu funcionamento e as funcoes que ele desernpenha, pelas vias altamente sublimadas e ambiguas.do discurso ou das "acoes" artisticas, como em Maciunas ou Flynt, sejam nao menos necessariamente votadas a serem condenadas, ate mesmo, pelos guardiaes mais heterodoxos da ortodoxia artistica porque, ao recusarem entrar no jogo e contestar a arte nas regras, OU seja, artisticamente, seus autores questionarn

niio uma forma de en trar no jogo, mas0proprio jogo e a crenca que

lhe serve de fundarnento, unica transgressao inexpiavcl,

poder do qual0mago se apropria: se

e

"impossivel compreender a

magia sem 0 grupo magico"

e

porgue 0 poder do mago, cuja

assinatura ou grife miraculosa nao e senao uma manifestacao exemplar,

e

uma imposture bem fundamentada, urn abuso de poder legitimo, coletivamente irreconhecido, portanto, rcconhecido., 0 artista que, ao escrever seu nome em um ready-made, produz urn objeto, cujo pre~o de mercado nao tem qualquer relacao com seu custo de producao e coletivamente incurnbido da execucao de urn ato rnagico que nada seria sem toda a tradicao da qual seu gesto e0

coroamento, sem 0universo dos celebrantes e crentes que Ihe dao sentido e valor por referenda a essa tradicao.

E

inuti! procurar fora do campo, ou seja, no sistema de relacces objetivas que

°

constituem, nas lutas das quais ele constitui 0lugar, e na forma espedfica de

energia ou de capital que nele se engendra, 0principio do poder

"criador", essa especie de mana ou carisma inefavel, celebrado pel a tradicao,

Como se ve, e verdadeiro e, ao mesmo tempo, falso, dizer que 0valor mercantil da obra de arte nao tem qualquer relacao com

seu custo de producao: verdadeiro, se levarmos em consideracao somente a fabricacao do objeto material, da qual0unico responsavel

e

0artista: mas, falso, se entendermos a producao da obra de arte

como objeto sagrado e consagrado, produto de urn imenso empreendimento de alquimia socialna qual colabora, com a mesrna conviccao e com beneficios basrante desiguais, 0 conjunto dos

agentes envolvidos no campo da producao, ou seja, tanto os artistas c os escritores obscuros quanto os mestres consagrados, tanto as crlticos e os editores quanta os autores, tanto os clientes entusiastas quanta os vendedores convencidos. Trata-se de contribuicoes, incluindo as mais obscuras, ignoradas pelo materialismo parcial do economicismo; no entanto, basta leva-l as em consideracao para verificar que a producao da obra de arte, ou se]a, do artista, nao

e

uma excecao

a

lei da conservacao da energia social.11

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Irreconhecimento

Coletivo

A eficacia quase rnagica da assinatura nao e outra coisa senao o poder, reconhecido a alguns, de mobilizar a energia simbolica produzida pelo funcionamento de todo 0campo, au seja, a fe no

jogo e lances produzidos pelo proprio jogo, Em materia de magi a, como Mauss ja havia observado com justeza, a questao nao C tanto saber quais sac as propriedades especfficas do mago, nem sequer operacoes e representacoes magicas, mas determinar os fundamentos da crenca coletiva ou, ainda melhor, do irreconhedmento coletivo, coletivamente produzido e mantido, que se encontra na origem do

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~ 0-N

(9)

Dominantes e Pretendentes

producao e ao campo dos produtores ou, ate rnesrno, ao subcampo dos produtores para produtores, eo primado atribuido

a

difusao, ao publico,

a

venda, ao sucesso avaliado pela tiragem; ou ainda, entre 0

sucesso diferido e duradouro dos clsssicos e a sucesso imediato e temporario dos best-sellers; ou, par ultimo, entre urna producao que, fundada na denegacao da "economia" e do lucro (portanto, da tiragem, etc.), ignora ou desafia as expectativas do publico constituido e nao pode ter outra dernanda senao aquela que ela mesma produz, embora a prazo, e uma producao que garante seu sucesso e 0 lucro correlate. ajustando-se a uma demanda

preexistente. As caracteristicas do empreendimento cornercial e as caracteristlcas do ernprecndimento cultural, como relacao mais ou menos denegada ao ernpreendimento comercial, sac indissociaveis.

As diferencas na relacao com a "econornia" e com0publico formam

uma so coisa corn as diferencas oficialmente reconhecidas e identificadas pelas taxinomias vigentes no campo: assim, a oposicao entre a arte "verdadeira" e a arte comercial abrange a oposicao entre os simples empresarios que procuram 0lucro econornico imediato e os ernpresarios culturais que lutarn para acumular urn lucro propriamente cultural, nern que Fossemediante

a

renuncia provis6ria ao lucro econornico: quanto

a

oposicao que

e

estabelecida por estes ultirnos entre a arte consagrada e a arte de vanguarda ou, se quisermos, entre ortodoxia e heresia, ela faz a distincao entre aqueles que dominam 0 campo da producao e 0 mercado pelo capital

econornico e simbolico que eles haviam conseguido acumular no decorrer das lutas anteriores, gracas

a

uma cornblnacao particularmente bem-sucedida das capacidades contradltorias cspecificamente exigidas pela lei do campo, e os novos pretendentes que nfio podem, nem pretendem ter clientes diferentes dos de seus concorrentes, ou seja, produtores estabelecidos, cujo credito fica arneacado ao adotarem a pratica de impor produtos novos ou recern-chegados com quem rivalizam em busca de novidade.

A posicao na estrutura das relacoes de forca, inseparavelmente econcmicas e simb6licas, que definem a campo Pelo fato de que os campos da prcducao de bens culturais

sao universes de crenca que s6 podem funcionar na medida em que conseguem produzir, inseparavelmente, produtos e a necessidade desses produtos por meio de praticas que sac a denegacao das praticas habituais da "economia", as lutas que se desenrolam ai sac conflitos decisivos que comprometem completamente a relac;:aocom

a"cconomia": squeles que screditsm nissoe que, tendo C0l110unico

capital sua

fe

nos prlnclpios da economia da ma-fe, pregam 0retorno

as

fontes, a renuncia absoluta e intransigente dos cornecos, englobam na mesma condenacao tanto os vendilh6es do templo que introduzem determi nadas praticas e interesses comercisls no terreno da fe e do sagrado, quanta os fariseus que tiram beneflcios temporais do capital de consagracao acumulado mediante a subrnissao exemplar

as

exigencias do campo.

E

assim que a lei fundamental do campo se encontra, incessantemente, lembrada e reafirmada pelos novos

pretendentesque tern0maior interesse pela denegacao do interesse.

A oposicao entre 0comercial e a "nao comercial"

encontra-sc par toda parte: ela e 0 prindpio gerador da maior parte dos

julgamentos que, em materia de teatro, cinema, pintura, literatura, pretendem estabelecer a fronteira entre 0que

e

arte e a que nao0e,

ou seja, praticamente entre a arte burguesa e a arte intelectuel, entre a arte tradicional e a arte de vanguarda, entre a rive droite e a rive

gauche' .12Se esta oposicao pode ter urn conteudo substancialmente desigual e designar realidades bast ante diferentes segundo os campos, no entanto, permanece estruturalmente invariante em campos diferentes e, no mesmo campo, em momentos diferentes. Ela estabelece-se sempre entre a producao restrita e a grande producfio (0 comercial), ou seja, entre 0 primado atribuido

a

I

.•.

• Rive droite, rive gauche (Iiteralrnente: "margem direita", "margern esquerda"),

entenda-se do rioSena ao atravessar Paris:a rive gaudlee considerada 0centro cultural

da cidade. ~

...,

o

(10)

.,.

da producao, ouseja, na estrutura dadistribuicao do capital espcdfico

(e do capital economico correlato) orienta, por intcrrnedio de uma avaliacao pratica ou consciente das oportunidades objetivas de lucro, as caracterlsticas dos agentes ou instituicoes, assim como as

esrrategias que eles acionam na luta que as opce. Do lado dos

dominantes, todas as estrategias, essencialmente defensivas, visam conservar a posicao ocupada, portanto, perpetuar 0 status quo, ao

manter e fazer durar os prindpios que servem de fundamento

a

dorninacao. 0 rnundo sendo 0que deve ser, ja que os dominantes dominam e eles sac 0que devem ser para dominar, au seja,0

dever-ser realizado, a excelencia consiste em dever-ser0que se

e,

sem ostentacao

nern empafia, alem de manifestar a imensidade de seus recursos pel a economia de meios, recusar as estrategias chamativas de distincao e a busca do cfeito pclas quais os pretendentes traem sua pretensao. Os dominantes tern comprornisso com o.silencio, discricao, scgredo, reserva; quanta ao discurso ortodoxo, sernpre ~x~orquido pel os questionamentos <ios!19VOS

Jl,re.rencientes.

eimposto pelas necessidades da retificacao, nao passa nunca.da.aflrrnacao expHcita das evidencias primeiras que sao patentes e se portam melhor sem falar delas.Os problemas socius sac relacoes socials: des Se definem no enfrentamento entre dois grupos, dois sistemas de interesses ede teses antagonistas; narelacao que os constitui, a

iniciativa da luta, os proprios terrenos em que esta se trava, incumbe aos pretendentes a quebra da doxa, 0rompimento do silencio e0

qucstionarnento (no verdadeiro sentido) das evldencias da existencia sem problemas dos dorninantes. Quanto aos dominados, estes s6

terao possibilidades de se impor no mercado atraves deestrategias

de subversao que nao poderao prodigalizar, a prazo, os ganhos denegados a nao ser com a condicao de derrubarem a hierarquia do campo sem contrariarem os principios que Ihe servcm de fundamento. Assim, sac condenados a promoverem revolucoes parciais que deslocam as censuras e transgridem as convencoes, mas em nome dos proprios prindpios reivindicados por elas.

E

a razao pela qual a estrategia por excelencia

e

0retorno as fontes que se

"-\

('l

C"l Pierre Bourdieu

encontra na origem de todas as subversoes hcreticas e de todas as rcvoluc;:6es letradas porque pcrmite voltar contra os dominantes as arm as em nome das quais eles haviam imposto sua dominar;ao e, em particular, a ascese, a audacia, 0 ardor, 0 rigorismo e 0

dcsintcresse. A superva\orizar;ao, sempre urn tanto agressiva, da exigencia que pretende fazer lernbrar aos dominantes 0respeito pela

lei fundamental do universo - a dcncgacao da "economia" -, 56 podera ser bem-sucedida se conseguir confirmar, de forma exemplar, a sinceridadc da denegaC;ao.

Pelo faro de que etas sc ap6iam em lima relacao com a cultura que e, inseparavelmente, uma relacao com a "economia" c

com 0 rnercado. as instituic;:6es da produr;ao e difusfio de bens

culturais, tanto em pintura quanto no teatro, tanto em literatura quanto no cinema, tendern a organizar-se em sistemas que, entre si,

sao hornologos de forma estrutural e funcional, alern de rnanterem uma relacao de homologia estrutural com 0campo das frac;:6esda

classe dominante (na qual

e

recrutada a maior parte de sua clientele). No caso do teatro, a homologia entre 0campo das mstancias da producao e o campo das fra~6es da classe dominante

e

rnais evidente. A oposiC;ao entre "teatro burgues" e"teatro de vanguarda", de que se encontra 0equivalente em pintura ou em Iiteratura e funciona

como urn principio de divisao que perrnite classificar praticamente os autores, obras, estilos e temas,

e

fundada na reaJidade: veri

fica-setanto nas caracteristicas sociais do publico dos diferentes teatros parisienses (faixa etarla, profissfio, domicilio, freqliencia da pratica,

preco dcsejado, etc.) ,quanto nas caracteristicas, perfeitamente congruentes, dos autores representados (faixaetaria, origem social, domicilio, estilo de vida, etc.), das obras e das pr6prias empresas teatrais.

E,

corn efeito, simultaneamente sob todos esscs aspectos

que 0"teatro de pesquisa" se opoe ao "teatro debulevar": por urn

lado, os grandes teatras subvencionados (Odeon, TbCatre de I'Est parisien, Theatre National popuJaire) e os poucos pequenos teatros

da rive gauche ( V'ieux Colombier, Montparnasse, Gaston Baty, etc.) ,13 ernpresas que, do ponte de vista economico e cultural, correm riscos.

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(11)

scrnpre ameacadas de falencia, eque prop6em, a precos relativarncnre reduzidos, espetaculos em ruptura com as convencoes (no conteudo

e/ou na encenacao) e destinados a urn publico jovcm eintelectusl

(csrudanres, intelectuais, profess ores) ; por outro lado, os teatros

burgucses (ou seja, por ordern de saturacao crescente em

propricdades pcrtincntes: Gymnase, Theatre de Paris, Antoine,

Ambsssadcurs, Ambigu, Micbodiere, VaIietes), ernpresas comerciais comuns, preocupadas com a rentabilidade economics sac impingidas a utilizar estrategias culturais de extrema prudencia, que naocorrem riscos c evitam que seus clientes venharn a corre-los, propondo

cspetacu los - ja representados (adapracces de pecas inglcsas ou

amcricanas, reapresentacoes de cldssicostu: bulcvar) ou concebidos

segundo reccitas seguras e confirmadas - a um publico adulro, burgucs (executives, rnembros das profissoes liberais e direrorcs de

crnprcsas), disposto a pagar precos clevados para assistirem aUID

cspetaculo de simples diversao que obedecc, tanto em seus rneios

quanta em sua enccnacao, aos canones de uma estetica irnutavel durante osultirnos cern anos." Situados entre 0"teatro pobre", no

sentido cconornico e estetico, que se dirige as fracoes da c1asse

dorninante mais ricas em capital cultural e mais pobres em capital

econornico, e0teatro rico, que se dirige

as

fracoes mais ricas em

capital economico c mais pobres, relativarnente, em capital cultural,

as teatros classicos (Comedie trsncsise,Atelier), que Iszem trace?

deespectadores com todos os teatros, 15constituem rcclnros ncutros,

cujo publico

e

oriundo, quase de uma forma igual, de todas as fracces da classe dominante, e propoern programas neurros ou ecleticos, "bulevar de vanguarda" (segundo as palavras de um critico de La

Croix'), cujo principal representante scria Jean Anouilh, ou vanguarda consagrada.v .;

,

1 ' ~ :~

• Fundado em 1883. pelos assuncionistas, estc jornaJ cotidiano pubJicado em Paris,

e

oprinci palorgao da imprcnsa catolica.

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Ii, A Productio da Crencn Pierre Bourdieu ---'<t' ~ O'l r-<, ('() '-0 O'l ...• <lJ "0 nJ

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(12)

Ha cinqUenta anos, a Gslerie Drousnt,

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"

.•• Tcauos debulevar I. Marigny

2. Arnbassadeurs, I~Cardin 3. Madeleine

4. Charles deRochefort

5. Michel 6. Mathurins

7. Europeen

8. Athenec, Comedic Caumarrin. Edouard VII 9. Capucincs

10.Daunou I I. Palais Royal I2.Michodiere

13.Boufles Parisiens

14. Th.de Paris.Theih,c modeme

15. Oeuvre 16.Fomaine 17. La Bruyere. S[ Georges 18.Varitl~s 19. Nouveautes 20. Gymnase 21. Antoine 22. Renaissance 23. Pone SI Mallin 24. Cyrano 25. Gail~ Montparnasse 26. Le Lucernaire

27. Cornedie Champs Elysees

• Teatros neurros I. Studio Champs Elys~es

2. Hebertot 3. 347 4. Mogador 5. Opera G. Atelier 7. Comedic Franraise 8. Diolheaue 9. Th. du Chatelct 10. Th. de la Ville 11. Recamier

12.Act. Alliance r:ran~aise 13.Montparnasse 14. Plaisance 15.OuestParisien

Galerie

Drouant

C Teatros intelectuais 1. Tertre 2.Th.present la Villette 3.T.E.P. 4.Mouffetard 5.Huchettc 6.51 andre des Arts 7.0deon 8.Peril Odeon 9. Cil~ internationale 10. Poche rnontparnasse I I. Orsay

12.Mrkanique 13. T.N.P.

~

situada na ruedu faubourg Saint-Honore, no 8" bairro de Paris. participa, por sua

atividade, do prestigio universal destaarreria mundialmente conhecida.

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-'D

'') A Produciio daCrencn I'

-f'1

(13)

00

f<)

No caso dos teatros e galerias,

e

que a distribuicao no espaco se aproxirna de forma rnais vislvcl da distribuicao no campo;

a

sernelhanca dos editores, todos concentrados na live gauche (com oposicoes, porern, entre 06° bairro, mais intelectusl, e05°, mais

escolar), os orgaos de irnprensa eseapam

a

polarizacao pelo fato de sua concentracao no mesmo bairro (Bonne Nouvelle), mas observa-se que aqueles que estao implantados fora dessa zona

nfio se distribucm ao acaso:

e

assirn que no 16°e80 bairros se

encontrarn, sobretudo, os sernanarios espcciallzados em economia

(['Expansion, Les Echos) ou jornais de direita, enquanto nos bairros perifericos do norte de Paris encontram-se, de preferencia, orgaos de imprensa de esquerda ou extrema-esquerda iSccours

Rouge, La Pensee, Nouvelle Revue Socisllste, etc.) e, na rive

gauche, os sernanarios crevistas intelectusis. Quanta as lojas de

luxe,estas concentrarn-se ern urna area bastante restrita em torno

cia rue du faubourg Saint-Honore, que reagrupa todas as instituicoes que ocupam a posicao dominante em seus respcctivos campos (unicamcnte nawe duIsuboutg Saint-Honore,

e

possfvel

reecnsear 9 estabelecimentos de alta cosrura, 19 saloes de cabeleireiro de alto nivel, 19 alfaiatarias e camiseiros, 37 institutes

de beleza, 14 lojas de peles, 15 lojas de betas, 11 selarias e marroquinarias, 9 joalharias e ourivesarias, 28 antiquaries. 25 galerias e msrdunds de quadros, 17 decoradores, 13 artistas, 3 escolas de estetica, 5 editores de luxo e de publicidade, 210jas de aluguel de material de recepcao, urn banqueteiro, 2 salas de concerto, 2 escolas e clubes de equitacao, etc.).

E,

portanto, somente na relacao com 0conjunto dos estabelecimentos de cada

uma das categorias de cornercio que se pede cornpreender a simb6lica da distincao que, especificamente, earacteriza tais instituicoes. referenda a unicidade au exclusividade ciacriscio

("criador", "criador exclusive", ete.) , muitas vezes, marcada pela evocacao analogica da obra de arte ou do criador artfstico, aferacao grafica das tabuletas, invocacao da tradicao (letras g6ticas, data da fundacao da casa, "de pai para mho", etc.), nomes nobres, uso de palavras e expressoes inglesas, tais como a inversao (0 frances desempenhando 0 mesmo papel em Nova York), emprego de

parelhas nobres, muitas vezes, tomadas de emprestimo ao Ingles

- hair-dresser au salao de eabeleireiro de alto nlvel (para dizer, salao de cabeleireiro); corte stylingou alta costura; shirtmsrker

(para dizer camiseiro); fabricante de botas; galeria (para dizer antiquario): butique (para dizer loja); decorador (para dizer comerciante de m6veis), ete.

Rive droite e rive gauche

o

fato de que as posicoes e as oposicoes constitutivas dos diferentes campos se manifestam, muitas vezes, no espaco, nao nos deve induzir ao erro: 0espaco Ilsico nao passa do suporte

vazio das propricdades sociais dos agentes e instituicoes que, esrando distribuldos por essa superflcie, transforrnarn-na em UIn

espaco social, socialmente hierarquizado: em urna sociedade dividida ern classes, qualquer distribuicao particular no espaco

encontra-se social mente qualificada par sua relacao com a distribuicao no espaco das classes e fracoes de dasse, assim como de suas propriedades, terras, casas, ete. (0 espaco social). Pclo faro de que a distribuicao dos agentes e instituicoes ligados as diferentes posicoes eonstitutivas de urn campo particular nao

e

alcatoria, as ocupantes das posicoes dominantes nos diferentes campos que tendem a orientar-se em direcao a posicces

dorninantes (ou seja, ocupadas pel as dominantes) do espaco social, as distribuicocs espaciais dos diferentes campos tendem a

sobrepor-se, como

e

a caso em Paris com a oposicao, valida

praticamente para todos os campos (com excecao das editoras, reagrupadas na rive gauche), entre a rive droitee a rive gauche. Estarlamos impedidos de cornprcender as propriedades mais especifieas da concentracao no espaco das lojas de luxo (a rue du

faubowg Saint-Honoree a rue Royalcou, em Nova York, Madison Avenuee Fifth A venue), se nao observassernos, par urn lado, que

as diferentes classes de agentes e instiruicoes que as constituern (par exemplo, os antiquaries au as galerias) oeupam posicoes hornologas em campos diferentes e, por outro, que 0mercado

com base local constituldo pelo reagrupamento dessas insrituicoes oferece a conjunto dos bens (no easo particular, 0conjunto dos

simbolos distintivos da classe) correspondentes a urn sistema de preferencias. Em suma, a representacao cartografica da distribuicao no espaco de uma c1asse de agentes e lnstituicoes constitui uma tecnica de objetivacao bastante poderosa com a condicao de que se saiba ler na planta (da pagina 37) a relacao construlda entre a estrutura do sistema das posicoes eonstitutivas do espaco de urn campo e a estrutura do espaco social. par sua vez, definido pela relacao entre bens distribuidos no espaco e agcntcs dcfinidos por capacidades desiguais de apropriacao de tais bens.

A Producio d» Creni»

Pierre Bourdicu

(14)

;1

I

:

II. I d !'

Iogo de Espelhos

gravidade," a tristeza do discurso cdoscenarios ("por melhor que

seja a fala, a cortina preta da boca de cena e 0andaime ajudam a

criar 0clirna'?'). Em suma, autores, pecas, aflrrnacoes, palavras que

sac e pretendem ser "corajosamente leves", joviais, alegres, vivas, sem problemas, corno-na-vida, por oposicao a "pensativas", ou seja, tristes, enfadonhas, com problemas Cobscuras. "Nessa bunda era

alegre, enquanto a deles era pensativa" .26Oposicao incontornavel ja

que estabelece a separacao entre intelectusise burgueses, inclusive

nos proprios interesses que, da forma mais manifesta, tem em comum. Todos os contrastes que Francoise Dorin e os crlticos

burguesesacionam em seus julgamentos sabre 0teatro (sob a forma

de oposicoes entre a "corrina preta da boca de cena" c 0 "belo

cenario", "as paredes bem iluminadas, bem decoradas", assim como "os comediantes bem limpos, bem vestidos") e, de forma mais geral, em toda a sua visiio do mundo, encontram-se condensados na oposicao entre a "vida sornbria" e a "vida prazerosa": alias, verernos que tal visao encontra sell fundamento em duas maneiras bastante diferentes de denegsr 0mundo socisl."

Seriamos tentados a imputar,

as

regras da caricatura comica, a grosseria das oposicoes utilizadas e a transparente ingenuidade das estrategias acionadas, se nao encontrassemos no decorrer das paginas 0equivalente no discurso mais comum dos criticos bern-educados: assirn, tendo sido obrigado, excepcionalmente, a elogiar urn grupo teatral de vanguarda (Theatre de l'Est paIisien), Jean-Jacques Gautier mobiliza 0conjunto das oposicoes que organizam a

pec;:ade Francoise Dorin:

uE

raro que um cspetaculo montado por um jovem anirnador, que trabalha em um centro cultural, tenha este frescor, esta jovialidade.

E

raro ver alguern no inlcio de sua carreira deixar a Iinha funebre para se dirigir deliberadamente em direcao

a

alegria. De costume, 0 bom gosto e 0 zelo servem urn ideal que

pranteia e chafurda no miserabilisrno, caro

a

esquerda de luxo. Aqui, pelo contrario, tudo

e

acionado para homenagear a alegria de viver e Esta cstrutura nao data de hoje: quando Francoise Dorin,

ern Le Toumenr ,urn dos grandes sucessos do teatro de bulevar,

coloca um autor de vanguarda nas situacdes rnais tfpicas do

veudeville:", cIa limita-se a encontrar - as rnesmas causas produzindo os mesmos efeitos - as cstrategias que, desde 1836, Scribe utilizava, em La Csmsraderie":", contra Delacroix, Hugo e Berlioz: com efeito, para tranqiiilizar 0 born publico contra as

audacias e extravagancias dos romanricos. ele denunciava Oscar Rigaut, celebre por sua poesia funebre, como um bonacheirao, em suma, um homem como os outros, sem nenhuma condicao para apelidar os burgueses de epiciers •• • •.17

Especie de teste sociologico, a peca de Francoise Dorin, que encena a tentativa de urn autor de bulevar para se converter em auror de vanguarda, permite observar de que maneira a oposic;:ao-que estrutura todo 0espaco da producao cultural - funciona nas

mentes, sob a forma de sistemas de classificacao e de categorias de percepcao, e, ao rnesmo tempo, na objetividade, atraves dos mecanismos que produzem as oposicoes complernentares entre os autores e seus teatros, entre os criticos e seus jornais.

E

posslvel extrair da propria peca as retratos contrastantes dos dois teatros: por urn lado, a clareza" e a habilidade tecnica, 19a alegria, a leveza-?

e a dcsenvol tura, 21 qualidades "bern francesas": por outro, a

"prctensao camuflada sob urn despojamento ostensive"." "0blefe

da apresentacao";" a seriedade, a ausencia de humor e a falsa

• DORIN, F. Le Toumsnt [A virada], Paris, julliard, 1973.

•• Cornedia Iigeira e divertida, de enredo fcrtil em intrigas e rnaquinacoes, que combina panromima, danca e/ou cancoes.

••• Literalrnente, "sociedade de elogio rmituo", Eugene Scribe (1791-1861), autor teatral frances, mcmbro da Academia Francesa; seus vaudevilles sao inspirados nos conflitos socials e morals da burguesia de seu tempo.

•••• Llteralmente, "comercianres de especiarias" e, por extensao, proprietaries de mercearia; em sentido pejorative, trata-se de pessoas com esplrito acanhado, cujas ideias nao se elevam acima de seu neg6cio.

i

"

1

• No original, vie en noir, literalrnente, "vida no breu"; assinale-se que a cortina da boca de cena

e

nolr;au seja, preta. Ainda vale referir a frase seguinte: .•vie ellrose',

literalmente, "vida cor-de-rosa".

(15)

engendrar 0bom humor" .28A sequencia do artigo permite constituir a serie completa das palavras-chave da estctica "burgucsa": jovialidade, alegria de viver, born humor, assim como, verve,

animacao, vivacidade, engenhosidade ("espirituoso"), movimento ("movimentado"), ousadia, harmonia ("figurinos de Iinha

harrnoniosa"), cores ("cores bemescolhidas"), senti do do equillbrio,

ausencia de pretensao, naturalidade, dclicadeza, honestidade, graca, destreza, inreligencia, taro, vida, riso. Foi necessario

a

Comedic tisncaise urn Cyrano de Bergerec para que a axiornatica do gosto

burgues pudesse exprimir-se sem segundas intencces: "adrniravel

tecnica", "engracado", "alegre", "encanto daspalavras", "festa para

05olhos, ouvidos c coracao", "[ubilacso", "cnxurrada de invencoes

e achados", "pedaco de alegria", "fastuosos acordos", "elegancia

cintilante", "a<;:50 dinamica", "ardor", "pureza", "frescor", "brilhante encenacao", "alegria e equilibrio dos fastuosos ceuarios e adoraveis figurinos". E como seria possivel deixar de citar 0hino final ao ideal

realizado do teatro burgues: "Trata-se de urn festirn de altivez, uma exibicao de talento, urn festival de ardor, urn bale de flamas romanescas, urn jato continuo de alegria e fantasia, urn fogo de artiflcio de sagacidade, um arco-Iris de born gosto, urn Ieque de verve, urna fanfarra de cores, urn encantarnento Ilrico, urn terno rnilagre em que caracola e vibra a boa disposicao da juventude de todos as tempos"?"

"teatro de H.L.M"" (Maurice Rapin fala de "Tartuffe de H.L.M."), born para pequeno-burgueses do subiirbio (a peca de Vancovitz

-sic- ouseja,0autor de vanguard a caricaturado por Prancoise Dorin,

representava-se "em urn galpao do Sudoeste parisiense"31) e a

pretensiio (estigmatizada tambern por Francoise Dorin ejean-jacques

Gautier), palavra-rnestra do menosprezo burgues em rclacao

a

"lentidao crispada" e "penosa afetacao" da profundidade au

originalidade, diametralmente opostas

a

naturalidade e discricao de uma arte confiante de seus meios e flns."

Colocados diante de urn objeto tao claramente organizado

segundo a oposicao canonica, os criticos - por sua vez, distribuidos

no espaco da irnprensa, segundo a estrutura que se encontra na

origem do objeto classificado e do sistema de classiflcacao que eles aplicam - reproduzem, no espaco dos julgamentos pelos quais eles o classificam e se classificam, 0espat;:o no qual eles proprios sac

classificados (drculo perfeito do qual s6

e

possivel sair, objetivando-0). Dito por outras palavras, os diferentes julgamentos proferidos sobre Le Toumsnt variam, em seu conteudo e forma, segundo 0

6rgao de imprensa no qual eles se exprimern, ou seja, desde a maior distancia do crltico e de seu publico ao mundo intelectual ate a maior distancia

a

pe<;:ade Francoise Dorin e a seu publico burgues c a menor distancia ao mundo inteleetua€)

.1

i

As mesmas categorias de percepcao e apreciacao, em bora conduzindo a urn veredicto negativo, estao ern acao em urn artigo-eserito por outro crltico, Maurice Rapin, do mesmo [ornal cotidiano - sobre 0 Tartuffe, encenado por Planchon:

"E

difIcil mostrar, em

urn s6 espetaculo, urn grau mais elevado de pretensao, mall gosto e incompetencia. Pretender ser original a qualquer preco

e

uma tentacao perigosa. Ao fazer tal exerdcio as custas de Marlowe ou Brecht, trata-se ainda assim de urn inconveniente sem gravidade; no en tanto, quando a vitima

e

Moliere, nao seria possivel esperar a menor indulgencla"." Tudo 0que a estetica burguesa detesta no

o

Jogo da Homologia

As insensiveis evolucoes do sentido e do estilo que, de

L'Aurore aLeFigaroe de Le Pigaroa UBxpress, conduzem ao diseurso

neutro do Le MOJ1de e, dai, ao silencio (eloqiiente) de LeNouvel Observsteur; 56 se compreendem verdadeiramente se soubermos

• Sigla de Hsbiuuion« LoyerModere,literalmente, "habitacao com aluguel rnoderado": organismo publico destinado a ajudar as famflias de baixa renda a enconrrar uma moradia.

c::j

A Producio de Crenc» '"<t""

(16)

..•

que elas acompanham uma elevacao continua do nivel de instrucao dos leitores (que constitui - aqui, como alhures - umbom indicador do nivel de difusao ou oferta das mensagens correspondentes), assim como urn aumento da representacao das fracoes, executivos do setor publico e professores, que, por lerem mais em relacao ao conjunto, se distinguem sobretudo de todas as outras par uma taxa de leitura, parricularrnente, elevada dos jornais que apresentam um nlvel rnais elevado de difusiio (Le Monde e Le Nouvel Observsteun; e, inversamente, urna diminuicao da representacao das fracoes, grandes

cornerciantes e industrials, que, por lerem menos em relacao ao

conjunto, se distinguern sobretudo por uma taxa de leitura relarivarnente elevada dos jornais com nivel mais baixo de difusiio iFmnce-Soir, EAurorei. 0 mesmo

e

dizer, de forma mais simples, que0espaco dos discursos reproduz, em sua ordern propria,0espaco

dos orgaos de irnprensa e dos publicos para os quais sac produzidos

com, em uma das extremidades deste campo, os grandes

cornerciantes e os industriais (Fr,wce-Soire L'Aurore), e, na outra,

as executives do setor publico e as professores (Le MOIJde e Le Nouvel Observsteum" por sua vez, as posicoes centrals estfio

ocupadas pclos executives do setor privado, engenheiros e membros das profissoes liberais, e, em relacao aos orgaos de imprensa, Le

Figaro e, sobretudo, L'Express que, lido praticamente de uma forma

igual cm todas as fracces (com excecao dos grandes comerciantes), constitui 0 espaco neutro deste universe." Assim, 0 espaco dos

julgamentos sobre 0teatro

c

homologo do espaco dos jornais para

os quais sac produzidos e pel os quais sac divulgados; e, tarnbern, do espaco dos teatros e das obras a prop6sito dos quais eIes sac formulados. Neste caso, tais homologias e todos os jogos autorizados por elas tornarn-se posslveis pel a homologia entre cad a urn dos espacos considerados e0espa~o da classe dominante.

Agora, podemos percorrer 0 espaco dos julgamentos

suscitados pelo estlmulo experimental, praposto par Francoise Dorin: passando da direite, ou rive droite, para a esquerds, ou Jive

gauche, Em primeiro lugar, L'Aurore

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(17)

"A irnpertinente Francoise Dorin corre 0risco de ter problemas

com nossa inte/ligentsia marxizante e esnobe - alias, dois aspectos

que andam juntos. 0 motivo

e

que a autora de Un sale egoiste

[Urn egoista cafajeste] nao testernunha nenhuma reverends pelo

solene enfado, pelo profundo vazio, pelo vertiginoso nada, que

sso caracterfsticas de urn grande nurnero de producdes teatrais

ditas de 'vanguarda'. Ela tem a ousadia de desmontar com uma

risada sacrflega a famosa 'incomunicabilidade dos seres' que

e

0

alfae0omega da cenacontemporanea. E estareaciomiriaperversa,

que lisonjeia os mais baixos apetites da sociedade de consumo,

longe de reconhecer seus erros e carregar com humildade sua

reputacao de autora de pecas de bulevar, permite-se preferir a

fantasia de Sacha Guitry e as tiradas eroticas de Feydeau aos luscos-fuseos de Marguerite Duras au de Arrabal. Trata-se de urn crime

que, difieilmente, Ihe sera perdoado; tanto mais que

e

cometido

com jovialidadc c alegria, com todos as proecdimentos condcnavcis

que Iazern os sucessos duradouros"."

decufernlzacao, ele exclui os julgarnentos abertarnente politicos para

se Jirnitar ao terreno da estetica ou etica:

"Convern reeonhecer que Mme Francoise Dorin

e

uma autora

corejosemente lcvc, 0que significa espirituossmente dramatica,

alern de tratar 0sorriso com seriedsde, desenvolta sem languidcz,

impelindo a cornedla ate 0 mais franco vaudeville, embom da

rnaneira mals suri/possivel; umaautora que rnanipula a satiracom

e/egancia, uma autora que, em todos os instantes, rnostra uma

virtuosidade desconcertantc (...).Francoise Dorin conhece muito

l11ellJOIdo que todos nos asmoles dserte drsmdtics, os rccutsos

do comico, as vicissitudes de uma situscio, 0podcr divertido ou

rnordaz cia palavra apropriada ...Sim, que arte de desconcertar, que

ironia na utilizacao consciente da piruera, que domlnio no emprego

dos cordelinhos, mantendo um eerto distanciamento?! Existe em

Le Toumant tudo 0 que

e

necessario para agradar, sem uma

polegada de complacencia ou vulgaridadc. Tambcm sem qualquer

condescendencia porque

c

cerro que, na hora presente, 0 contonnismo se cncontrs inteimmentc doladod.1 vnngunrds, 0

ridiculo do lado da gravidade e a impostura do lado do enfado.

Mme Francoise Dorin vai conso/ar um publico equilibrsdo,

reconduzindo-o ao equilibria com uma saudavel alegria (...).

Apressern-se em assistir ao espetaculo c, creio, voces lIiio de rir

com multo gosto a ponto de esqueccrem de sonhar ao que pode

ter de angustiante para urn escritor 0fato de se perguntar se alnda

csta em harmonia com0tempo no qual vive ... Trata-se, final mente,

de urna questao que todos os homens se Iormulam e da qual, alias,

somente poderao livrar-se atraves do humor e de urn incunfvel otimismo! "37

Situado na fronteira do campo intelectual, em urn ponto em que fala do assunto como se fosse quase urn estrangeiro ("nossa

intelligentsia"), 0critico de L'Aurorenao tern papas na lingua (da0

nome de reacionario a urn reacionario), nem dissimula suas estrategias. 0 efeito retorico que consiste em fazer falar0adversario,

ernbora em condicoes tais que seu discurso, funcionando como antifrase ironica, significa objetivamente 0 contrario do que ele

pretende dizer, pressup6e e coloca em jogo a propria estrutura do campo da crltica, assim como a relacao de conivencia imediata, fundada na homologia de posicao que mantern com seu publico.

De i'Aurore, deslizemos para Le Figaro: em harmonia perfeita, ados habitusorquestrados, com a autora de Le Tournsnt, o critico s6 pode ter a experiencia do deleite absoluto diante de uma peca tao perfeitamente conforme nao s6 a suas categorias de percepcao e apreciacao, mas tambem

a

sua visao do teatro e do mundo. Todavia, tendo sido obrigado a utilizar urn grau rnais elevado

De Le Figaro, passamos naturalmente para J:ExpJ"ess que balanca entre a adesao e0disranciarnento, atingindo par este motive urn grau de eufernizacao nitidamente superior:

"Eis algo que devera obter imedlatamente sucesso ... Uma pe~a

asruciosa e divertida. Uma personagem. Urn ator que se encaixou

'D

(18)

II

Ii

no papel como uma luva: Jean Piat (...). Com uma virtuosidsde sem deteitos, apenss algumss ccnss um pouco longas, com uma

illte/igenda libettins, urnperteito domlnio dos cordelinhos do

oikio,Francoise Dorin escreveu uma pe~ sobreavirada do Bulevar

que, ironicamente, ~ a pcca mals tradldonal de Bulevar.somente

os pedsntes rsnzinzss discutido. no Iundo, aoposicio dos dois

teatros, e a dssduesconcepcoes d« videpolldea e de videprivada

subjecente. 0 dialogo brilhsnte, replete depelevrss apropriadase

formulas, apresenta, rnuitas vezes, sarcasm os vingadores. Mas,

Romain nao

e

uma caricatura, alias,

e

muito menos imbed Ido que

a media dos profissionais de vanguarda. Philippe desempenhs 0

mclhor pspel porque se encontra em seu terreno. A autora de 'Com me au theatre' [Como no teatro] pretende insinuar, de forma amavel, que e no Bulevar que falarnos, nos movimentamos 'como

na vida'; ora, isso

e

verdade, embora seja qucstao de uma verdade

parcial e nao somente porque se trata de uma verdade de classe",J8

Aqui, a aprovacao, que nao deixa de ser total, ja aparece rnatizada pelo recurso sistematico a formulacoes ambiguas do pr6prio ponto de vista das oposicoes em jogo: "Eis algo que devera obter imediatamente sucesso", "uma inteligenda Iibertina, urn perfeito dominie dos cordelinhos do oflcio", "Philippe desempenha 0melhor papel", sao outras tantas

formulas que podcm ser entendidas como pejorativas. E acontece mesmo que a gente possa suspeitar, atraves da

denegsdio, urn pouco da outra verdade ("Somente os pedantes ranzinzas discutirao, no fundo ...") ou, ate mesmo, da verdade sem mais, embora duplamente neutralizada, pela ambigi.iidade e pela denegacao ("e nao somente porque se trata de uma verdade de cJasse").

Por sua vez,0jornal Le Mondeoferece urn perfeito exemplo de discurso ostensivamente neutro, nao tomando partido, como dizem os comentaristas esportivos, por nenhuma das duas posicoes opostas, ou seja, 0discurso abertamente polftico de EAurore e 0

silencio desdenhoso de Le Nouvel Observsteur.

"0 argurnento simples ou simplista cornplica-se par uma

forrnulacao por pstemsres bastante sutil, como se houvesse

sobreposicao de duas pecas: urna, escrita por Francoise Dorin, autora convencional; e outra inventada por Philippe Roussel que

tenra pegarIe tournsnt ['3 virada'] em dire~ao ao teatro moderno,

Esse jogo descreve, como urn bumerangue, urn movimento circular:

Francoise Dorin exp6e intencionalmente os cliches do Bulevar,

questionados por Philippe que, com sua voz, se permite fazer uma veemente crltica da burguesia. No segundo patamar, cia confronta

seu discurso com a de urn autor jovern, criticando-o com0mesrno

tipo de veemencla, Par ultimo, a trajetoria reconduz a arrna para 0

palco do bulevar, as vaidades do mecanismo sac desmascaradas pelos procedimentos do teatro tradicional que, par consequencia,

nada perderam de seu valor. Philippe pode declarar-se urn autor

'corajosamente leve', imaginando 'personagens que Ialarn como

todo 0 mundo'; ele podc reivindicar uma arte 'sern fronteiras',

portanto, apolltica. A demonstracao

e,

no entanto, totalmente

falseada pelo modelo de autor de vanguarda escolhido por Francoise

Dorin. Vankovicz

e

urn epfgono de Marguerite Duras, existencialista

retardado, vagamente militante:

e

exageradamente caricatural,

como 0ieatro denunciado na peca (~ cortina preta da boea de

cena e0andaime ajudam a criar 0clima!' ou cstc titulo de pe~a:

'Vous prendrez bien un peu d'infini dans votre cafe, monsieur

Karsov' [Senhor Karsov, com certeza, vai aceitar urn poueo de

infinito em seu cafej). 0 publico jubila com essa pintura lrrisoria

do teatro moderno; sentc-se provocado de forma agradavel pela

crltica contra a burguesia na medida em que esta retoma vigor as

custas de uma vltima execrada que recebe dela 0 golpe de

misericordia C .. ). Na medida em que reflete 0estado do teatro

burgues e deixa

a

vista seus sistemas de defesa, a texto de Le

Tournsnt pode ser considerado como uma obrs importnnte. Sao

raras as pecas que deixam filtrar tanta inquietacao em relacao a

uma arneaca 'exterior' e conseguem neutrsliui-Is com tamanha

tenacidade inconsdcnte', 39

(19)

A arnbiguidadc ja cultivada par Robert Kanters atinge, aqui, sell apice:0argurncnto

e

"simples ou simplista",

a

escolha do leitor;

a pe<;adesdobra-se, oferecendo ainda duas obras

a

escolha, ou seja, "urna crftica veernente", embora "neutralizavel", contra a burguesia c uma defesa da arte apolitica. A quem tivesse a ingenuidade de perguntar se0crltico

e

"a favor au contra". se ele julga a peca "boa au ruirn", poderia receber duas respostas: em primeiro lugar, urn esclarecimcnto do "informador objetivo" que. por arnor

a

verdade, dcvc lembrar que 0 autor de vanguarda representado

e

"exageradamente caricatural'' e que 0"publico jubila" (mas sem

que sc possa saber de que modo 0crltico se situa em relacao a tal publico. portanto, que sentido tem essa jubilacao): em seguida, no termo de uma serie de julgamentos arnbiguos, em virtude de prudencias, matizes e atenuacces universitarias ("na medida em que .:", "pode ser considerado como .," ). a afirmacao de que Le

Toumant

e

uma "obra importante", mas que fique bern claro

-como documento sobre a crise de civilizacao conrcmporanea,

a

sernelhanca do que. sern duvida, poderia see dito em Sciences PO*.40

Apesar de, par si 56.0 silencio de Lc Nouvel Observsteur

significar, sem duvida, alguma coisa, podemos ter uma ideia aproximada do que poderia ter sido a posicao desse sernanario em relacao a esse texto ao lermos a critica, publieada nessa revista sabre a peca de Felicien Marceau. La preuve par quaere. au a erftiea sobre

Le Tourruint que Philippe Tesson, na epoca chefe de redacao de

Combat, escreveu para LeCsnard enchsine":

.,

"Nao acho que seja neccssario designar por teatro as reunises

mundsnss de comercisntcs emu/heres de negocios no decorrer

das quais urn ator celebre e rodeado par pessoas bcrn-educadas

recita0texto laboriosamente espirituoso de urn autor, igualrnente,

celebre. no meio de urn disposi tivo cenico, ainda que fosse girat6rio

e pincelado com 0humor pondcrado de Felon ... Aqui, nada de

cerimonis, nem de cstsrse ou den uncia, ainda mencs, de

improvisacao. Simplesmcntc prato feito da cozinha burguesa para est6magos que ja tern assistido a um grande mimero de outras

coisas (...). A sala, como todas as salas de bulevar em Paris. estoura

em risadas, quando

e

necessario, lias mais conformistas situacoes

em que opera 0esplrito de racionalista bonachao, A conivencia

c

perfeita e os atores sao cumplices, Trata-sc de uma pe~a que podcria ter sido escrita hi dez, vinte ou trinta anos''."

"Francoise Dorin e uma grande malvada. Uma neattslizedora de primeira ordem duplicada de uma aferar/io fora do cornurn. Sua

pe\a. Lc Ibutnent; e uma excelente comedia de Bulevar,cujas mol as

essenciais sac a ma-fc c a dernagogia. A senhora pretende

comprovar que 0teatro de vanguard a nao passa de comida para

gatos. Para fazer tal demonsrracao, ela pega cordclinhos bem

grossose - inutil de dizer-lhes - basta it escritora dar um n6 para

que 0publico morra de riso e grite: mais urn, mais urn! A aurora,

que nao cspcrava outrs coise, acaba exagcrando: coloea no palco

urn jovem dramaturgo esquerdista, batizado com 0 nome de

Vankovicz - sera nccessario explicar? =,confrontado a situacoes

ridlculas, desconfortaveis c bem pouco honestas, para comprovar

que esse homenzinho nao e menos interesseiro, tampouco menos

burgues, do que voces e eu pr6prio. Que born scnso, Madame

Dorin. que lucidez e que franqueza! A senhora, pelo rnenos, tern a coragem de cxprimir suas opinioes, alias. opini5es multo saudaveis e bem tipicas dos franceses''."

• Forma abreviada de Ea}/e de Sciences Politiques que. posteriorrnente, recebeu a deslgnacao de Institut d'Etudes Politiques.

•• Le Canard ellcflaine, literalrnente, "0 jornaleco acorrentado". Trata-se de urn sernanarlo satirlco ilustrado, fundado em Paris. em 1916: com seus panfletos e carkaturas, fustiga tanto os grupos politicos e financeiros, quanto os llterarios e artlsticos.

o

In Pierre Bourdieu

Referências

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