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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Academic year: 2021

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0000.19.082006-8/001

Número do Númeração

5139314-Des.(a) Sérgio André da Fonseca Xavier Relator:

Des.(a) Sérgio André da Fonseca Xavier Relator do Acordão:

08/10/2019 Data do Julgamento:

08/10/2019 Data da Publicação:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - ESTABELECIMENTO COMERCIAL - SUSPEITA DE FURTO SEGURANÇA AGRESSÕES FÍSICAS COMPROVADAS DANOS MORAIS CONFIGURAÇÃO VALOR DA INDENIZAÇÃO -REDUÇÃO. Comprovada a lesão física sofrida pelo cliente, menor de idade à época dos fatos, em razão de injusta agressão praticada pelo segurança do estabelecimento comercial, é de se reconhecer a ocorrência efetivos danos morais, decorrentes da ofensa à sua integridade física.

Doutrina e jurisprudência convergem no sentido de que para a fixação do valor da indenização por danos morais, deve-se considerar a extensão do dano experimentado pela vítima, a repercussão no meio social, a situação econômica da vítima e do agente causador do dano, para que se chegue a uma justa composição, evitando-se, sempre, que o ressarcimento se transforme numa fonte de enriquecimento injustificado ou inexpressivo a ponto de não compensar o dano causado.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.19.082006-8/001 - COMARCA DE BELO H O R I Z O N T E - A P E L A N T E ( S ) : C O M P A N H I A B R A S I L E I R A D E DISTRIBUIÇÃO SA - APELADO(A)(S): JOAO VICTOR SANTIAGO SOARES A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 18ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.

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DES. SÉRGIO ANDRÉ DA FONSECA XAVIER RELATOR.

DES. SÉRGIO ANDRÉ DA FONSECA XAVIER (RELATOR)

V O T O

Trata-se de apelação interposta por COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO S/A (nome de fantasia EXTRA HIPERMERCADO) contra sentença doc. 64, que na "ação de reparação por danos morais e materiais decorrentes de agressão física em estabelecimento público", movida contra a apelante por JOÃO VICTOR SANTIAGO SOARES, assistido por sua genitora, julgou parcialmente procedente o pedido, condenando a ré/apelante a pagar R$50.000,00 ao autor/apelado, a título de indenização por danos morais, corrigido monetariamente e juros moratórios de 1% ao mês, a partir da publicação da sentença. Considerando a sucumbência recíproca, condenou as partes ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 15% sobre o valor da condenação, na proporção de 10% para o apelado e 90% para o apelante, suspensa a exigibilidade em relação ao apelado em face do deferimento da gratuidade da justiça.

Em seu recurso, alega (doc. 68):

O apelado não provou que houve excesso na abordagem por parte dos seus empregados.

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O suposto autor das agressões afirmou no Boletim de Ocorrência que não agrediu a vítima e somente a acompanhou até a saída do estabelecimento.

O laudo elaborado pelo Instituto Médico Legal é tendencioso e mentiroso, pois a vítima não estava em uso de tutores mecânicos em razão dos supostos chutes, mas sim em razão da cirurgia na tíbia a qual foi submetido 3 meses antes.

O laudo pericial expõe feridas e cicatrizes compatíveis com ato cirúrgico e em momento algum o perito demonstra sinais de hematoma ou qualquer outro sinal de agressão com instrumento contundente.

Agiu dentro da legalidade e no exercício regular de direito, não havendo que se falar em ato ilícito.

Deve ser julgado improcedente o pedido de indenização por danos morais em razão da ausência de prova do dano.

Caso mantida a condenação, pugna pela redução do valor fixado a título de indenização por danos morais.

Requer seja dado provimento ao recurso, reformando-se a sentença recorrida, a fim de que seja julgado improcedente o pedido inicial.

O apelado apresentou contrarrazões (doc. 75), pugnando pela manutenção da sentença recorrida.

É o relatório.

Conheço do recurso, uma vez que presentes os pressupostos legais de sua admissibilidade.

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MÉRITO

No dia 10/09/2017 o autor/apelado compareceu ao HIPERMERCADO EXTRA do Minas Shopping para comprar um pacote de biscoito. Aduz que após pagar a compra no caixa, foi abordado por um empregado do mencionado estabelecimento, momento em que apresentou a nota fiscal de compra, mas mesmo assim foi agredido fisicamente pelo mesmo com chutes na perna, socos na barriga e cabeçada no rosto.

Os artigos 186 e 927 do Código Civil tratam da responsabilidade civil por ato ilícito, veja-se:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

A reparabilidade ou ressarcibilidade do dano moral é pacífica na doutrina e na jurisprudência, mormente após o advento da Constituição Federal de 5.10.1988 (art. 5º, incisos V e X), estando hoje sumulada sob o nº 37, pelo STJ.

Os pressupostos da obrigação de indenizar, quanto ao dano contratual, bem como ao dano extracontratual, são, no dizer de Antônio Lindbergh C. Montenegro:

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segundo a lei exija ou não a culpa do agente; c- um nexo de causalidade entre tais elementos. Comprovada a existência desses requisitos em um dado caso, surge um vínculo de direito por força do qual o prejudicado assume a posição de credor e o ofensor a de devedor, em outras palavras, a responsabilidade civil" (aut. menc., "Ressarcimento de Dano", Âmbito Cultural Edições, 1992, nº 2, pág. 13).

No Boletim de Ocorrência lavrado no dia dos fatos, cada parte deu sua versão do ocorrido (doc. 7/8):

"(...) E FIZEMOS CONTATO COM A VÍTIMA JOÃO VICTOR, E A MÃE DELE A SENHORA MARGARETE, E SEGUNDO RELATOS DE JOÃO VICTOR, ELE AFIRMOU QUE DESLOCOU-SE AO SUPERMERCADO EXTRA, LOCALIZADO NO MINAS SHOPPING, PARA COMPRAR UM PACOTE DE BISCOITOS, E DE ACORDO COM A VÍTIMA AO SAIR DO CAIXA DO ESTABELECIMENTO APÓS FAZER O PAGAMENTO DO PRODUTO, NO MOMENTO EM QUE ESTAVA SAINDO DO SUPERMERCADO, FOI ABORDADO POR UM CIDADÃO, TRAJANDO CRACHÁ E UNIFORME DO SUPERMERCADO EXTRA, E ESTE INDÍVIDUO CHEGOU AGREDINDO A VÍTIMA COM UMA CABEÇADA NO ROSTO, UM SOCO NA BARRIGA E UM CHUTE NA CANELA DA PERNA ESQUERDA, E QUE EM SEGUIDA JOÃO FOI EMBORA PARA A RESIDÊNCIA DELE. (...) NO LOCAL FOI FEITO C O N T A T O C O M O S R . W A L L I S S O N J Ú N I O R D E O L I V E I R A , FUNCIONÁRIO DA EMPRESA SUPERMERCADO EXTRA, QUE SERIA O SUPOSTO AUTOR, E ELE ALEGOU QUE NÃO AGREDIU A VÍTIMA EM MOMENTO NENHUM, E QUE SÓ ACOMPANHOU A VÍTIMA ATÉ A SAÍDA DO ESTABELECIMENTO. A VÍTIMA FOI ENCAMINHADA ATÉ A UPA, DO BAIRRO PRIMEIRO DE MAIO, PARA SER MEDICADA, COM A FICHA DE ATENDIMENTO N. AUTOR E VÍTIMA FORAM LEVADOS ATÉ O CEFLAN LOCALIZADO NO BAIRRO FLORESTA."

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O apelante foi submetido a exame corporal no Instituto Médico Legal, um dia após os fatos, que constatou as lesões corporais sofridas em razão das agressões, vejamos (doc. 11/12):

"EXAME

Deambulando no momento com auxílio de tutores mecânicos ("muletas"). Refere que antes da agressão de 10/09/2017 deambulava normalmente. Presença de cicatriz de ferida incisa (compatível com ato médico) localizada em face anterior do terço superior da perna esquerda.

Presença de importante edema generalizado localizado em perna esquerda. QUESITOS

Houve ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente? (Resposta especificada).

Sim.

Qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa? Contundente. (...)"

Portanto, o laudo corporal elaborado pela Polícia Civil do Estado de Minas Gerais é claro que houve ofensa à integridade física do apelado, comprovado pela presença de edema generalizado na perna esquerda.

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Ao contrário do que alega a apelante, o edema generalizado na perna esquerda decorrente das agressões físicas não se confunde com a cicatriz de ferida incisa, compatível com ato médico, em razão da cirurgia realizada pelo apelante na tíbia em 16/06/2017 (doc. 10).

A única testemunha ouvida em juízo também confirma que o empregado da apelante relatou as agressões físicas, vejamos (doc. 55):

"que estava fazendo compras nos supermercado no momento em que um funcionário do supermercado réu se aproximou do depoente e perguntou a ele se conhecia o autor; que o depoente respondeu que não conhecia o autor; que esse funcionário da ré disse ao depoente que havia batido no autor, mas não explicou o motivo; (...)"

Assim, restou provado que o empregado da apelante agrediu fisicamente o apelado, que na época dos fatos contava com 17 anos, causando-lhe edema generalizado na perna esquerda, que não se confunde com a cicatriz da cirurgia realizada três meses antes.

No tocante ao dano moral, a sua caracterização exige que o ato lesivo seja hábil a impactar a esfera jurídica do homem médio, causando-lhe sofrimento, angústia e desgosto. O julgador não pode ter como parâmetro pessoa extremamente insensível, indiferente, ou aquela que possua melindre exacerbado.

Nesse caso, ficou provada a abordagem violenta e agressiva por parte do empregado da apelante, que agrediu fisicamente o apelado.

Embora a empresa tenha direito de exercer um controle dos seus negócios, aqui houve um comportamento violento e exacerbado do seu empregado, razão pela qual é de se reconhecer a ocorrência de efetivos danos morais, decorrentes da ofensa à integridade física do

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apelado.

Nesse sentido, a jurisprudência deste Tribunal:

E M E N T A : A P E L A Ç Ã O C Í V E L - O F E N S A A O P R I N C Í P I O D A DIALETICIDADE NÃO OCORRÊNCIA PRELIMINARES REJEITADAS -AGRESSÃO FÍSICA A CLIENTE NO INTERIOR DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL - RESPONSABILIDADE DA EMPRESA PELA SEGURANÇA DOS CLIENTES - DANO MORAL RECONHECIDO E MAJORADO - JUROS MORATÓRIOS - SUMULA 54 DO STJ - JUSTIÇA GRATUITA A EMPRESA JURÍDICA - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INSUFICIENCIA DE RECURSOS.

- Verificando que os recursos atenderam ao princípio da dialeticidade, insurgindo adequadamente aos fundamentos da sentença, cumpre rechaçar as preliminares respectivas de não conhecimento dos recursos.

- O estabelecimento comercial responde objetivamente pela segurança dos seus clientes dentro das dependências da empresa.

- Comprovado nos autos, que o cliente foi agredido e atingido por uma barra de ferro no momento em que efetuava o pagamento dos serviços, não há dúvida de que, a empresa faltou com o dever de segurança, devendo pois, responder pelos danos morais causados ao cliente, ante a comprovação do abalo físico e emocional, impondo-se ainda a majoração do valor pela ausência de atendimento pela sentença a equivalência com os princípios da razoabilidade e moderação.

- Os juros moratórios têm aplicabilidade a partir do ilícito, a teor do disposto na súmula 54 do STJ.

- Não havendo prova concreta acerca da ausência de insuficiência de recursos em favor da empresa jurídica, cumpre indeferir o pedido de gratuidade de justiça a seu favor.

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imposto pela sentença. (TJMG - Apelação Cível 1.0069.13.002075-8/001, Relator(a): Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata , 13ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 21/06/2018, publicação da súmula em 29/06/2018) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRELIMINAR. CONTRADITA. TESTEMUNHA SUSPEITA. INTERESSE NO LITÍGIO. AUSÊNCIA DE PROVAS. MÉRITO. ESTABELECIMENTO COMERCIAL. AGRESSÕES FÍSICAS. ATO ILÍCITO. DANO MORAL COMPROVADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. SENTENÇA MANTIDA. 1) Não comprovado o interesse da testemunha no litígio deve ser indeferido o pedido de contradita. 2) Configura dano moral indenizável as injustas agressões físicas realizadas pelos seguranças de estabelecimento comercial a cliente. 3) De acordo com a corrente majoritária contemporânea, a quantificação do dano moral se submete à equidade do magistrado, o qual arbitrará o valor da indenização com base em critérios razoavelmente objetivos, analisados caso a caso, tais como a gravidade do fato em si e suas consequências para a vítima, a culpabilidade do agente, a possível culpa concorrente do ofendido, a condição econômica do ofensor, as condições pessoais da vítima etc., devendo observar também os patamares adotados pelo Tribunal e pelo Superior Tribunal de Justiça. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.13.317701-4/001, Relator(a): Des.(a) Marcos Lincoln , 11ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 06/12/2017, publicação da súmula em 12/12/2017)

No tocante ao valor da indenização, este Tribunal tem primado pela razoabilidade na sua fixação, sendo que, em caso de dano moral é necessário ter-se sempre em mente que a indenização deve alcançar valor tal que sirva de exemplo e punição para o causador do dano, mas, por outro lado, nunca deve ser fonte de enriquecimento para a vítima, servindo-lhe apenas como compensação pela dor sofrida.

Observando os critérios norteadores da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como os princípios orientadores da

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intensidade da ofensa, sua repercussão na esfera íntima da vítima, que na época dos fatos era menor de idade, a condição econômica da apelante, o caráter pedagógico da medida, o quantum indenizatório fixado pelo MM. Juiz a quo em R$50.000,00 se mostra elevado para o caso em questão.

Assim, reduzo a indenização para R$15.000,00 (quinze mil reais), valor que se mostra justo e razoável para o caso em questão.

Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para reduzir o valor da indenização por danos morais para R$15.000,00 (quinze mil reais), mantendo quanto ao mais a bem lançada sentença recorrida.

Custas recursais, na proporção de 50% para cada parte, suspensa a exigibilidade em relação ao apelado em face do deferimento da gratuidade da justiça.

DES. BAETA NEVES - De acordo com o(a) Relator(a). DES. ARNALDO MACIEL - De acordo com o(a) Relator(a).

Referências

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