Contrabaixista
SAlmo
ImpRessões
Liberdade para óscar
GOing Up
Suite da Terra
Barretto
olhAr
VaRiações em Lá
TRio
SilEncios
Quadrofonia do Tempo
PinTor
SOlo Pictórico
CTTS – Contrabaixo com um T, Barretto com dois TT
e Silêncios sem T.
O músico
Carlos Barretto nasceu no Estoril e cedo colocou os baixos nos acordes da guitarra de seu pai. Armando Crispim ensinou-lhe as primeiras sete posições no contrabaixo e Ludwig Streischer assinou-lhe o diploma do instrumento. Ainda na Áustria e nas fugidas das aulas com o mestre dos mestres, trabalhou com Fritz Pauer, Joris Dudli e Christian Radovan, músicos da Vienna Art Orchestra.
Em Portugal, Mário Laginha, Carlos Martins e Mário Barreiros foram e continuam a ser seus companheiros. Paris conheceu o Carlos em 1984 e da rua rapidamente passou para o New Morning, o Magnetic Terrasse, o Petit Journal Montparnasse, onde se
apresentou ao lado de Steve Grossman, Steve Lacy, Steve Pots, Barry Altschul, Aldo Romano e Alain Jean Marie.
Jazz sous les Pommiers, jazz à Vienne, Jazz à Marciac, Banlieus Bleus, foram festivais que ouviram o seu contrabaixo ao lado de
Horace Parlam, Tony Scott, Lee Konitz, Glenn Ferris e John Betsch.
Com Mal Waldron grava seu primeiro disco e faz uma tournée pela Bélgica, Holanda e França.
Regressa a Portugal, em 1993, e é convidado para leccionar na Escola de Jazz do Hot Clube.
Em 1994, grava o seu primeiro CD como líder, “Impressões”, na companhia de Perico Sambeat, François Théberge, Bernardo Sassetti e Mário Barreiros e a crítica dá-lhe o merecido reconhecimento.Depois de ter participado no CD “Alone Together” de George Cables, faz o seu segundo trabalho “Going Up” que foi considerado o melhor CD do ano.
A Suite da Terra aparece em 1997 e é gravado em 1998, já com os seus companheiros de hoje, José Salgueiros e Mário Delgado.
O Festival dos 100 dias da Expo mostra a composição “Os seis sentidos”, coreografados por Ana Rita Barata e Peter Michael Dietz, espectáculo integrado na “Quadrofonia do Tempo”.
Em 1999 volta ao quarteto, agora com Bernardo Sassetti, Mário Barreiros e Perico Sambeat, e é editado o CD “Olhar” pela Up Beat de Eduardo Santos.
A música – “Silêncios”
Nas Azenhas respiram-se acordes soltos entre uníssonos e contrapontos. A guitarra estreia o improviso na linguagem solta de um Walk Line livre e cortado.
O contrabaixo anúncia silêncios e deixa-se envolver pela notas da guitarra.
A secção rítmica dá a liberdade para óscar e obriga Delgado ao uníssono de acompanhamento, criando um clima leve e cheio de espaços.
Barretto faz as suas variações em lá, mas o som é de cá, de dentro da alma. Dá-se a metamoforse e um segundo contrabaixo desafia o primeiro.
O Oriente a espreitar pela primeira vez timidamente pela dança do
mar negro.
Segue-se um convidado muito especial e muito querido, não pela sua participação como músico instrumentista, mas pela sua participação como compositor – Sérgio Godinho. Este tema deve ser ouvido depois das cinco da manhã e ao pé de quem se ama,
Lisboa que amanhece.
Não sei porquê, mas de repente desatam com as “garrapateias”, por
pouco tempo e parte-se à aventura dos sons.
Curiosa a entrada da guitarra a servir de base a um salmo, muito menos tímido que o anterior, assumindo a pentatónica oriental, esboçada na “dança do mar negro”.
No final surge uma tensão inesperada, daquelas que nós os músicos gostamos. Salgueiro troca a aguarela pelo óleo e as suas peles evoluem numa escala imaginária.
Este disco foi gravado nos estúdios xangrilá em 26 e 27 de Junho de 2000. Editado pela Foco Musical e produzido por Carlos Barretto.
Mário Delgado – Guitarra Carlos Barretto – Contrabaixo
José Salgueiro – Bateria e percussão
Ao vivo vão estar no próximo dia 15 de Dezembro pelas 22h00 no Teatro campo Alegre, se não fõr nunca mais se irá perdoar.
A entrevista
1º instrumento: Guitarra
1ª aula de música: Conservatório Nacional/Piano 1º professor: Armando Crispim
1º concerto: Salão Paroquial de Carcavelos 1º cachet: Hotel Altis
1º festival: Em França
1ª composição: Paris Dream 1ª gravação: Em casa
1º disco: Mal Waldrom
1ª internacionalização: Hungria
1º dia de cada ano: Continuar a ser feliz
JJ – O teu pai na guitarra e na harmónica, os discos de Miles Davis, Elis Regina, Hermeto Pascoal, e o contrabaixo ?
CB – As minhas irmãs andavam na música e eu comecei pelo piano e pela formação musical. Como o meu pai tocava bossa nova na viola, eu acompanhava-o com o violoncelo da minha irmã, já numa perfeita atitude de baixista.
JJ – Como foram os estudos com Ludwig Streischer na Áustria? CB – Durante vários anos participei nos cursos de verão, e um dia ele convidou-me para ir estudar para a Áustria com ele. Eu tentei bolsas e apoios e fui com o pouco pé de meia que tinha na altura. JJ – Quanto tempo estiveste na Orquestra Sinfónica da RDP? CB – Estive durante quatro anos.
JJ – Depois Paris. Sair de uma orquestra e ir para o desconhecido... CB – Em 1984 pedi uma licença sem vencimento mas foi recusada, então despedi-me da orquestra e assim que cheguei a Paris o meu investimento numa semana de hotel deixou-me quase nas lonas. Andei a tocar na rua e no metro, conheci gente e fui aproveitando as oportunidades.
JJ – Steve Lacy, Horace Parlam, Lee Konitz e Mal Waldrom, foram músicos com quem trabalhaste, de qual guardas as melhores recordações?
CB – De todos. São excelentes músicos e todos com carreiras já firmadas. Aprendi muito com eles, devido em parte às personalidades fortes e à forma como todos se entregam à música. JJ – Quais as tuas impressões do teu “Impressões”?
CB – É um CD bom. O grupo fez uma tournée e no final entrámos em estúdio. Foi gravado à primeira, espontâneamente e sem problemas técnicos. Foi numa altura que estava ligado ao jazz americano, situação que se inverteu um pouco nos últimos anos, em que o jazz europeu me ajuda a ter uma maior abertura na música, como neste meu último trabalho “Silêncios”.
JJ – A seguir veio “Going Up” o teu 2º Cd, considerado o melhor do ano.
CB – Este é o meu primeiro trabalho onde os temas são todos da minha autoria.
JJ – A partir de 1998 a terra passou a ter a sua suite pelo trio que acaba de lançar “Silêncios”, Carlos Barretto, Mário Delgado e José Salgueiro. Dois discos diferentes entre um “Olhar” pelo teu quarteto. A insistência no trio em oposição ao quarteto quer dizer algo?
CB – Não. São projectos paralelos, o quarteto mais numa postura de Neo-Bop, o trio com mais espaço e mais liberdade, onde os tais
silêncios valem ouro.
JJ – Como aparece a pintura na tua vida?
CB - Sempre tive jeito para o desenho e das minhas idas ao continente africano ficou-me a cor e imagens impossíveis de esquecer. Depois em Cabo Verde, mostrei alguns trabalhos ao pintor Tchalé Figueira que me incentivou a continuar.Mais tarde e já em lisboa no Café Targos, o Hérnani Miguel convidou-me para fazer uma exposição.
JJ – E o “Solo Pictórico”, de que se trata esta performance/concerto?
CB – Deve-se em parte ao Hernani, pois desafiou-me para uma actuação a solo na inauguração da minha exposição. O músico e o pintor a encarnarem a mesma personalidade. Este trabalho de interdisciplinidade irá ser gravado e com uma brochura onde para cada tema virá o quadro respectivo.
JJ – Como está o jazz em Portugal e quais as possibilidades para um músico que queira viver do Jazz?
CB – Eu vivo do jazz e sempre toquei jazz. É preciso ter muita preserverança e muito sentido de sacríficio. Em Portugal existem muito poucos managers na área do jazz. Eu tenho a sorte de ter comigo a Foco Musical que publicou o meu recente trabalho e está a arranjar-me trabalho junto das autarquias e dos festivais.
JJ – Qual é o teu próximo projecto?
CB – Consolidar os meus projectos (quarteto,trio e solo), e também montar um trio de contrabaixos com o Carlos Bica e o Zé Eduardo. Além de sermos contrabaixistas, a nossa faceta de compositores terá uma grande percentagem no resultado final
JJ – Qual a pergunta que faltou nesta entrevista? CB –Ah!Ah!Ah! (Risos)