• Nenhum resultado encontrado

COLEOBROCAS (INSECTA: COLEOPTERA) EM PLANTIO DE Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb. MALVACEAE (PAU-DE-BALSA) EM MATO GROSSO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "COLEOBROCAS (INSECTA: COLEOPTERA) EM PLANTIO DE Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb. MALVACEAE (PAU-DE-BALSA) EM MATO GROSSO"

Copied!
47
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

COLEOBROCAS (INSECTA: COLEOPTERA) EM

PLANTIO DE Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb.

MALVACEAE (PAU-DE-BALSA) EM MATO GROSSO

MARCELO LARA RODRIGUES

CUIABÁ – MT 2016

(2)

MARCELO LARA RODRIGUES

COLEOBROCAS (INSECTA: COLEOPTERA) EM

PLANTIO DE Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb.

MALVACEAE (PAU-DE-BALSA) EM MATO GROSSO

Orientador: Prof. Dr. Alberto Dorval

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Curso do Departamento de Engenharia Florestal da Faculdade de Engenharia Florestal – Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Florestal.

CUIABÁ – MT 2016

(3)
(4)

DEDICO

Aos meus pais, Valdir Moura Rodrigues e Maria Aparecida Lara Rodrigues, por tudo aquilo que sou, pela dedicação e sacrifícios que sempre fizeram para que eu pudesse realizar todos os meus sonhos.

À Thajaiane Queiros Aguiar, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos, pelo companheirismo que sempre demostrou.

Aos meus irmãos, Sandra, André, Marcio e Rubens, pelos incentivos e força durante este trabalho e na minha vida.

(5)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por permitir que eu realize meus sonhos, por me abençoar, iluminar e dar força.

À Universidade Federal de Mato Grosso, a Faculdade de Engenharia Florestal, pela oportunidade e apoio para a conclusão do curso de Engenharia Florestal.

Ao professor Dr. Alberto Dorval, pela orientação nesse trabalho, pela inestimável contribuição com minha formação acadêmica e sempre me incentivando a pesquisas.

Ao professor Dr. Otávio Peres Filho e ao Dr. Marcelo Dias de Souza, membros da banca examinadora, pela atenção dedicada ao trabalho.

Ao técnico do LAPROFLOR/FENF/UFMT, Sr. Manoel Lauro da Silva, pela ajuda no transcorrer deste trabalho e pela amizade e companheirismo dado no decorrer dos anos.

À Jeane Rodrigues Lopes Santos e ao Silvio Eduardo de Oliveira Thomas pela grande ajuda na realização dessa pesquisa.

Enfim, a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, me apoiaram para conclusão deste trabalho.

(6)

SUMÁRIO

Página

RESUMO ... viii

1 INTRODUÇÃO ... 1

2 REVISÂO DE LITERATURA ... 3

2.1 INFORMAÇÃOES GERAIS DA ESPÉCIE FLORESTAL ... 3

2.2 FAMÍLIAS DA ORDEM COLEOPTERA IMPORTANTES PARA O SETOR FLORESTAL ... 5 2.2.1 CERAMBYCIDAE ... 6 2.2.2 BOSTRICHIDAE ... 7 2.2.3 CURCULIONIDAE ... 8 2.2.3.1 Scolytinae ... 8 2.2.3.2 Platypodinae ... 10

2.3 RELAÇÃO ENTRE ELEMENTOS CLIMÁTICOS E COLEOBROCAS ... 10

3 MATERIAL E MÉTODOS ... 12

3.1 ÁREA DE ESTUDO ... 12

3.2 COLETA DE DADOS ... 13

3.3 IDENTIFICAÇÃO DO MATERIAL ENTOMOLÓGICO ... 14

3.4 ANÁLISE DOS DADOS ... 15

3.4.1 Análises Estatísticas ... 15

3.4.2 Medidas da Fauna ... 15

3.4.3 Correlação com Elementos Climáticos ... 15

3.4.4 Estudos da Flutuação Populacional ... 16

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 17

4.1 TESTE ESTATÍSTICO ... 22

4.2 ESTUDO FAUNÍSTICO ... 23

4.3 ÍNDICE DE DIVERSIDADE ... 25

4.4 CORRELAÇÃO COM FATORES METEOROLÓGICOS ... 26

4.5 FLUTUAÇÃO POPULACIONAL ... 27

5 CONCLUSÕES ... 32

(7)

LISTA DE TABELA

TABELA 1 - QUANTIDADE DE GÊNEROS, ESPÉCIES E INDIVÍDUOS AMOSTRADOS COM ARMADILHAS INSTALADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT... TABELA 2 - QUANTIDADE DE INDIVÍDUOS AMOSTRADOS EM CADA FAMÍLIA, NOS PERÍODOS DE SECA E DE CHUVA, COM ARMADILHAS INSTALADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT... TABELA 3 - GÊNEROS/ESPÉCIES COM SUAS QUANTIDADE DE

INDIVÍDUOS AMOSTRADOS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA E NOS PERÍODOS DE SECA (S) E CHUVA (C). NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT... TABELA 4 - COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS ENTRE AS FAMÍLIAS DE

COLEOBROCAS AMOSTRADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA COM OS PERÍODOS ANALISADOS. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT... TABELA 5 - ÍNDICES FAUNÍSTICOS DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT... TABELA 6 - ÍNDICES DE DIVERSIDADE DE SHANNON-WIENER, EQUITATIVIDADE DE PIELOU E RIQUEZA DE MARGALEF, SAZONAIS E ANUAIS, EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT... TABELA 7 - COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE PEARSON (r) E

SIGNIFICÂNCIA PELO TESTE T DE STUDENT (t) ENTRE COLEOBROCAS E FATORES CLIMÁTICOS. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. ... 17 18 19 22 23 25 26

(8)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NA FAZENDA CAMPINA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT... FIGURA 2 - (a) ARMADILHA ESCOLITÍDEO-CURITIBA MODIFICADA. (b) MATERIAIS UTILIZADOS NA COLETA. (c) FIXAÇÃO DA ARMADILHA. FAZENDA CAMPINA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO – MT. 2016. ... FIGURA 3 - FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE BOSTRICHIDAE,

CERAMBYCIDAE E CURCULIONIDAE COLETADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. JULHO DE 2015 A JUNHO DE 2016...

FIGURA 4 - FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE Hypothenemus eruditus (SCOLYTINAE) COLETADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. JULHO DE 2015 A JUNHO DE 2016... FIGURA 5 - FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE Chlorida festiva (CERAMBYCIDAE), Platypus linearis (PLATYPODINAE) E Xyleborus affinis (SCOLYTINAE) COLETADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. JULHO DE 2015 A JUNHO DE 2016... FIGURA 6 - FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE Cryptocarenus

diadematus, Cryptocarenus heveae E Cryptocarenus seriatus (SCOLYTINAE) COLETADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. JULHO DE 2015 A JUNHO DE 2016... 12 13 28 28 29 30

(9)

viii

RESUMO

RODRIGUES, Marcelo Lara. Coleobrocas (Insecta: Coleoptera) em plantio de Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb. Malvaceae (Pau-de-Balsa) em Mato Grosso. 2016. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT. Orientador: Prof. Dr. Alberto Dorval.

O objetivo deste trabalho foi realizar estudos qualitativos e quantitativos com espécies das Famílias Cerambycidae, Bostrichidae e Curculionidae (Scolytinae e Platypodinae), em um plantio de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) no estado de Mato Grosso, visando contribuir para o conhecimento entomológico das espécies de coleobrocas que ocorrem associadas a esta espécie florestal. A pesquisa foi realizada na Fazenda Campina, localizada no município de Nossa Senhora do Livramento - MT, no período de julho de 2015 a junho de 2016. Foram utilizadas 10 armadilhas de impacto escolitídeo-Curitiba, modificada, em coletas quinzenais. Foram coletados 3.244 indivíduos, distribuídos em 42 espécies, sendo Cerambycidae a mais diversificada com 20 (47,62%) espécies e Scolytinae (Curculionidae) com 2.681 (82,64%), a mais abundante em indivíduos coletados. Hypothenemus eruditus (Scolytinae) com 1.466 (45,19%) foi predominante em quantidade de indivíduos coletados, sendo a única espécie que ocorreu como superdominante, superabundante, super frequente e constante. Chlorida festiva (Cerambycidae), Platypus linearis (Platypodinae), Cryptocarenus diadematus, Cryptocarenus heveae, Cryptocarenus seriatus e Xyleborus affinis (Scolytinae) foram dominantes, muito abundantes, muito frequentes e constantes. As espécies das Famílias Bostrichidae e Curculionidae foram mais representativas nos meses do período seco, enquanto as espécies da Família Cerambycidae foram mais importantes nos meses de chuva. Cryptocarenus heveae, Cryptocarenus seriatus e Cryptocarenus diadematus apresentaram correlação significativa mais forte com a umidade relativa, e esta última com precipitação pluviométrica também. As outras espécies analisadas não apresentaram correlação forte com nenhum elemento climático.

Palavras-chave: Pau-de-balsa, Coleobrocas, Monitoramento, Armadilha etanólica.

(10)

1

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, há grande demanda por madeira no mundo, e por isso cada vez mais vem aumentando a quantidade de árvores plantadas, para atender esse mercado. Neste cenário, uma espécie em especial tem-se mostrado com potencial para exploração comercial, Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb., popularmente conhecida como pau-de-balsa, por apresentar um rápido crescimento, e em um período de cinco a oito anos de idade pode atingir 18 m de altura e 76 cm de diâmetro (FLETCHER, 1951). De acordo com mesmo autor, a maturação física e econômica ocorre em idade precoce e sua madeira apresenta baixa densidade, considerada uma das madeiras comerciais mais leves do mundo, e também apresenta bom desempenho mecânico.

A madeira desta espécie tem um grande potencial de utilização e valor econômico, podendo ser utilizada como isolantes térmicos, na construção de balsas, na construção de hélices eólicas e em substituição a cortiça.

No Brasil, o estado de Mato Grosso apresenta a maior área de plantios comerciais de pau-de-balsa, com maior aplicação na última década. Atualmente, vários proprietários têm plantado a espécie, porém, ainda em pequenas áreas, para verificar as possibilidades de se ter uma nova alternativa de negócio, apesar dos especialistas afirmarem que a madeira do pau-de-balsa tem um mercado consolidado no exterior e promissor em Mato Grosso.

Contudo, com o aumento de plantios homogêneos desta espécie florestal no Estado, torna-se necessário um monitoramento da entomofauna associada, com intuito de conhecer e identificar as espécies com potencial de danos, da qual que poderia diminuir a produção de madeira e ocasionar danos econômicos.

Entre as espécies de insetos mais nocivos em plantios homogêneos no Brasil, a Ordem Coleoptera tem adquirido uma posição de destaque, devido a diversidade de espécies já conhecidas que causam

(11)

2

grandes danos desde ramos até troncos, favorecendo o ataque de fungos e vírus, que causam má formação na árvore jovem em diversas espécies florestais nativas e exóticas plantadas no Brasil.

Entre as várias famílias de coleópteros, as que apresentam maior importância economicamente são Cerambycidae, Scolytidae, Platypodidae, Bostrichidae, Lyctidae e Anobiidae, que se caracterizam por atacar madeira com baixo teor de umidade e até árvore vivas, porém já debilitadas.

E o monitoramento desses insetos em povoamentos florestais pode ser realizado com o uso de diferentes tipos de armadilhas e de atrativos. Porém, em se tratando de espécies-brocas, a utilização de armadilhas etanólicas é a mais indicada devido à grande diversidade e concentração de atrativos disponíveis.

Visando fornecer contribuição para o conhecimento entomológico das principais espécies de coleobrocas, o presente estudo teve por objetivo realizar estudos qualitativos e quantitativos com as espécies das famílias Cerambycidae, Bostrichidae e Curculionidae (Scolytinae e Platypodinae), em um plantio de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) no estado de Mato Grosso.

(12)

3

2 REVISÂO DE LITERATURA

2.1 INFORMAÇÃOES GERAIS DA ESPÉCIE FLORESTAL

Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb., pertence à família Malvaceae e a subfamília Bombacoideae (CARVALHO-SOBRINHO, 2006; ROJAS, 2011). De acordo com Alves (2011), o conceito aceito para a família Malvaceae envolve nove subfamílias, abrangendo Bombacoideae Burnett, que compreende a antiga família de O. pyramidale, Bombacaceae. Esta espécie também é conhecida como pau-de-jangada, balsa, pata-de-lebre e topa. É amplamente distribuída na zona neotropical, incluindo as Antilhas, ocorrendo do Sul do México, Bolívia e na Amazônia Brasileira (LEÃO, 2008).

Conforme Lorenzi (2008), as árvores de pau-de-balsa podem atingir até 30 metros de altura, apresentando uma copa ampla, galhos grossos, casca lisa, acinzentada, com tronco de 60-90 cm de diâmetro. As folhas são dispostas alternadamente, espiraladas, simples. As flores são de cor branca, grandes, de sépalas unidas com indumento ferrugíneo. Os frutos do tipo cápsulas deiscentes alongadas, sulcadas, com sementes revestidas por paina acobreada.

A madeira é extremamente leve, possui densidade entre 170 e 265 kg/m3 quando seca, o alburno claro e cerne marrom-claro (LORENZI,

2008; PAULA, 2010). Sua madeira é muito empregada na construção de barcos e jangadas, confecção de boias e para outros fins, como na fabricação de brinquedos, como isolantes térmicos, na confecção de aeromodelos e em substituição a cortiça (LORENZI, 2008). Também são apropriadas para a fabricação de papel e celulose, suas fibras são longas e produzem um tipo de celulose de alta qualidade com um grau de rendimento entre 45% e 50% (SILVA et al., 2007).

A madeira desta espécie florestal apresenta um alto potencial de uso na fabricação de chapas de cimento-madeira para divisórias, móveis e pisos, utilizando árvores com aproximadamente um ano de

(13)

4

idade (BARBOSA et al., 2003). Além disso, sua madeira pode ser utilizada na fabricação de hélice para turbina eólica. O pau-de-balsa vem sendo muito utilizado em plantios mistos para a recomposição de áreas degradadas e de preservação permanente, em virtude do rápido crescimento e tolerância à luminosidade (SANTOS et al., 2014).

Em estudo sobre a serrapilheira realizado por Lange (2013), foi constado uma maior produção no arranjo florestal utilizando o pau-de-balsa, pois esta espécie apresenta um enorme dossel e folhas muito grandes, que contribuem para uma maior quantidade de material vegetal depositado na superfície do solo.

O cultivo de pau-de-balsa tem se mostrado uma atividade importante e nos últimos anos apresentou um aumento de plantações no estado de Mato Grosso. Segundo Arefloresta (2015), no Estado existem sete mil hectares de área plantada com esta espécie florestal.

Em Mato Grosso, no município de Nossa Senhora do Livramento, um plantio de pau de balsa, efetuado em maio de 2001, no espaçamento 3 m x 3 m, em solos com alta fertilidade, resultou aos 16 meses em valores médios de 12,7 cm de DAP e 8,0 m de altura, e aos 28 meses, de 16,5 cm e 15,1 m, respectivamente (CALDEIRA E FROZI, 2004).

As formas de comercialização da madeira do pau-de-balsa podem ser em toras a partir de 15 cm de diâmetro, madeira serrada, laminada, faqueada e outras formas. A receita dos desbastes e do corte final dependerá dos fatores genéticos e ambientais, além do manejo silvicultural (SILVA et al., 2007). De acordo com Revilla (2001), pode-se obter vantagens a partir do terceiro ano, com a venda de pluma e sementes que podem ser armazenadas até um ano em ambiente seco e ventilado. A pluma que envolve as sementes da planta é muito empregada no enchimento de colchões e travesseiros (LORENZI ,2008).

De acordo Romero (2014), os principais países importadores da madeira de pau-de-balsa são os Estados Unidos, China, Colômbia, Peru, Japão, Alemanha, Dinamarca e México. Sendo os Estados Unidos o importador de maior destaque.

(14)

5

Como a maior demanda por pau-de-balsa está no exterior, no momento da sua exportação deve-se atentar a madeira, pois pode estar sendo atacada por alguma praga no seu interior, como as coleobrocas que são insetos da Ordem Coleoptera.

2.2 FAMÍLIAS DA ORDEM COLEOPTERA IMPORTANTES PARA O SETOR FLORESTAL

Apesar dos insetos serem essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas, realizando efeitos como a ciclagem de nutrientes por meio da decomposição da serrapilheira, propagação de plantas através da polinização cruzada, também causam danos através da abertura de galerias nos troncos das árvores, favorecendo sua quebra pelo vento e acarretando na abertura de clareiras na floresta.

Contudo, plantios homogêneos criam condições favoráveis para a ocorrência de espécies de insetos-pragas, causando efeitos silviculturais danosos nas árvores (COSTA et al., 2011). Ainda segundo o autor, a perfuração da casca, permite a entrada de fungos no tronco e ramos principais, afetando a produção e qualidade da madeira, causado pelo manchamento e abertura das galerias, podendo afetar o alburno e o cerne da madeira.

Apesar de muitas espécies serem consideradas pragas secundárias para a área florestal, podem causar danos consideráveis em áreas reflorestadas e suas densidades populacionais são influenciadas pelo estado fitossanitário dos plantios, espécie florestal e disponibilidade de alimento (DORVAL et al., 2004).

Green III e Highley (1998) mencionaram que em painéis que utiliza o núcleo de pau-de-balsa, é geralmente afetada por ataque de insetos e consequentemente pelos fungos xilófagos, pois apenas alguns furos na parte externa já é o suficiente para que haja condições de umidade necessárias para a sustentação do crescimento de fungos.

A maioria dos estudos realizados em levantamento populacional de coleobrocas, foram utilizadas armadilhas de impacto,

(15)

6

tendo o etanol como atrativo (DORVAL et al., 2004; ROCHA et al., 2011; DORVAL et al.,2012; GONÇALVES et al., 2014). Este atrativo é considerado uma boa alternativa para a coleta de várias espécies de coleópteros em povoamentos florestais.

Conforme Costa et al. (2011), entre as famílias de coleobrocas importantes economicamente, encontram-se, Cerambycidae (serra-pau), Platypodidae e Scolytidae (besouros-da-ambrósia e besouros-da-casca) e Bostrychidae (besouros pulverizadores).

2.2.1 CERAMBYCIDAE

Dentre as inúmeras espécies de coleópteros, que ocorrem associadas as espécies florestais nativas e exóticas, causando algum tipo de dano, destacam-se, pelo grande número de espécies e pelo alto grau de polifagia, a família Cerambycidae (DORVAL e PERES FILHO, 2001).

Os serradores ou serra-paus, como são chamados os Cerambycidae, fazem as posturas em galhos, fazendo incisões distantes umas das outras, depositando um ovo no fundo de cada incisão. Todavia, abaixo da parte do galho em que foi posta uma série de ovos, a fêmea corta-o, seccionando assim um galho em várias porções (LIMA, 1956).

Bernardi et al. (2011) identificou que em Eucalyptus spp. que os cerambicídeos foram coletados em praticamente todo o período, com pico populacional verificado no mês de dezembro. Sendo Neoclytus curvatus (Cerambycidae) a espécie que merece maior atenção quanto ao dano que pode causar, pois representou praticamente metade dos insetos coletados.

Peres Filho et al. (2006) relatam a presença de Neoclytus pusillus (Cerambycidae) em toras de Tectona grandis estocados por 30 dias. As toras atacadas apresentaram inúmeras galerias subcorticais com larvas de primeiro instar.

Link e Costa (1988) em estudo sobre corte de galhos por Cerambycidae em Santa Maria-RS, relataram que os primeiros galhos de angico foram cortados em dezembro e os últimos em fevereiro. E em

(16)

7

acácia negra e bracatinga, os cortes foram em outubro e novembro. Tal diferença deve-se a fatores climáticos e a espécie vegetal em estudo.

Peck (2009), em estudo sobre a diversidade e distribuição de coleópteros, observou a ocorrência de espécies de Cerambycidae atacando a madeira de espécie do gênero Ochroma.

2.2.2 BOSTRICHIDAE

Este grupo de insetos são conhecidos como besouros pulverizadores da madeira, ou seja, ao abrirem galerias, transformam a madeira em pó, depreciando o valor de produtos, como peças estruturais e lâminas (PERES FILHO et al., 2006).

As espécies da família Bostrichidae estão entre os insetos perfeitamente adaptados à xilofagia, devido a maioria não ter hospedeiros específicos, podendo atacar grupos botânicos, por vezes bastante diferentes, manifestando uma elevada polifagia (PUEBLA et al., 2007).

Lima (1956), afirma que normalmente estes insetos, essencialmente xilófagos, se criam em madeira seca, no entanto, eventualmente broqueiam galhos e troncos de plantas vivas, causando, às vezes, prejuízos consideráveis.

Bostrichidae possui numerosos representantes na região tropical, onde provocam prejuízos importantes, como a espécie Dinoderus minutus, que tem ocorrido com proliferação acentuada em lâminas de espécies tropicais estocadas (MATOSKI e ROCHA, 2006).

Peres Filho et al., (2006) registraram a primeira ocorrência de Sinoxylon conigerum (Bostrichidae) no Brasil, espécie exótica oriunda do continente asiático. Os insetos foram observados atacando madeira de Tectona grandis, Mangifera indica e Astronium fraxinifolium, em Cuiabá e Várzea Grande, MT.

Matoski e Rocha (2006) registraram Dinoderus minutus atacando lâminas torneadas de Ceiba pentandra, conhecida como sumaúma, pertencente à família do pau-de-balsa (Malvaceae).

Dorval (2002) cita algumas espécies de bostriquídeos coletados em diferentes plantios de Eucalyptus spp., tidas como

(17)

8

importantes pragas florestais, são eles: Micrapate brasiliensis, Rhizopertha dominica, Xilopethella picea, Xyloprista exacantha e Bostrichopsis uncinata.

2.2.3 CURCULIONIDAE

A flutuação populacional de várias espécies de coleobrocas da família Curculionidae é determinada pelas condições edafoclimáticas, quantidade de madeira disponível e a possibilidade de reinfestação (MARQUES, 1989).

Os besouros da família Curculionidae são um dos mais abundantes da ordem Coleóptera e possuem espécies que se alimentam de árvores vivas decadentes, mortas, de produtos florestais e de grãos armazenados (Borror et al., 1992). No âmbito dessa família, são encontradas as subfamílias Scolytinae e Platypodinae.

Abreu (1992) estudando espécies da família Curculionidae na região amazônica, observou que os principais gêneros encontrados foram Xyleborus e Platypus. E constatou que o cerne é mais resistente que o alburno ao ataque desses gêneros.

2.2.3.1 Scolytinae

É considerada a subfamília mais evoluída dentro da Ordem Coleoptera e uma das mais importantes para o setor florestal (DORVAL et al., 2004) e apresenta uma ampla distribuição geográfica.

Conforme o seu hábito alimentar, os indivíduos desta subfamília estão distribuídos em dois grupos distintos. Os besouros-da-casca (bark-beetles) que se alimentam de tecidos do floema no interior da casca das árvores e os besouros-da-ambrosia (ambrosia-beetles), que constroem galerias na madeira das árvores para cultivar e se alimentar de um fungo, denominada ambrosia (BORROR e DELONG, 2011).

Os besouros-da-casca, que são fleófagos, estão entre as maiores pragas de floresta dentre os Scolytinae (FLECHTMAN, 1995). São mais comuns em países de clima temperado. De acordo com Sousa

(18)

9

(2012), os besouros-da-casca possuem potencial destrutivo, pois deixa a árvore fraca, alimentando-se do floema, causando a interrupção na translocação da seiva e dos solutos entre as raízes e a copa da árvore.

Os besouros-da-ambrosia, são considerados xilomicetófagos, predominam na região tropical (FLECHTMAN, 1995). De acordo com Silva e Oliveira (1988, apud DALL’OGLIO E PERES FILHO, 1997) os besouros-de-ambrosia atacam árvores enfraquecidas e estressadas, porém algumas espécies têm potencial para atacar e colonizar árvores sadias levando-as a morte.

Dentre os Scolytinae, algumas espécies atacam madeiras recém-cortadas e estocadas a beira dos talhões e nos pátios de armazenagem aguardando seu beneficiamento, causando danos consideráveis, devido ao hábito de escavar galerias para cultivar seu fungo simbionte, o que causa o manchamento da madeira, contribuindo para o depreciamento de seu valor comercial (DORVAL, 2002).

Souza (2016) avaliando a influência das concentrações de etanol nos monitoramentos de Scolytinae em Tectona grandis, observou que as espécies Hypothenemus eruditus e Xyleborus affinis apresentaram as maiores quantidades de indivíduos. Ainda segundo este autor, a concentração de 50% é a mais indicada, pois captura maiores quantidades de espécies e indivíduos.

Rocha et al. (2011) realizaram um levantamento de coleópteros associados a fragmentos de cerrado na baixada cuiabana e constataram que independente dos meses de seca e ou de chuva, a subfamília Scolytinae foi mais representativa em quantidade de espécies e de indivíduos coletados, indicando que está mais adaptada às condições ambientais da região, quando comparada com as demais espécies das demais famílias estudadas.

Stilwell et al. (2014) reportaram que Scolytinae causou a mortalidade de parte de um plantio comercial de pau-de-balsa, no Equador, após uma operação de desbaste.

Moreno et al. (2003), em estudo sobre os escolítideos e suas plantas hospedeiras em Cuba, observaram que o gênero Ochroma é hospedeira de Xyleborus affinis.

(19)

10

Kirkendall e Jordal (2006), em pesquisa sobre Scolytinae na Costa Rica, relataram registro de Xyleborus ferrugineus em Ochroma pyramidale.

2.2.3.2 Platypodinae

Esta família contém centenas de espécies em todo o mundo, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais (BRIGHT e STARK, 1973). Os besouros deste grupo são alongados, fino e cilíndrico, com a cabeça ligeiramente mais largo que o pronoto (BORROR e DELONG, 2011).

Segundo Oliveira et al. (1986) todas as espécies conhecidas são brocas de madeira e aproximadamente 99% das espécies de platipodídeos pertencem ao grupo dos besouros-da-ambrosia.

Rocha et al. (2011) observou em um fragmento de cerrado, que Platypus linearis ocorreu como dominante apenas no período seco para a região da baixada Cuiabana, e sua ocorrência não foi representativa entre os coleópteros coletados.

Conforme Moura (2007) em estudo sobre coleobrocas em Tectona grandis, analisou que P. linearis foi coletado maiores quantidades em madeiras com casca no período de agosto. Contudo a baixa quantidade coletada neste estudo pode estar ligada ao tempo de permanência da madeira no campo ser suficiente para a emergência.

2.3 RELAÇÃO ENTRE ELEMENTOS CLIMÁTICOS E

COLEOBROCAS

As ocorrências das espécies de inseto estão ligadas diretamente aos fatores físicos do tempo e à tolerância ecológica, o que limita a dispersão de uma população no espaço físico e temporal. Os insetos sofrem influência de um conjunto de fatores ambientais ou ecológicos, que pode favorecer ou inibir o seu desenvolvimento e, assim,

(20)

11

regular a abundância e distribuição dos insetos. Os principais fatores físicos do tempo são: temperatura, umidade e vento (COSTA et al., 2011). Entre os elementos climáticos, a temperatura influencia no desenvolvimento e aspectos comportamentais da espécie, agindo também na oferta de alimento. A temperatura é um fator regulador das atividades dos insetos e sua faixa ótima encontra-se entre 15 e 38°C, sendo a temperatura ótima ao redor de 25°C, que corresponde ao ponto de desenvolvimento mais rápido (SILVEIRA NETO et al., 1976).

Segundo Costa et al. (2011), a faixa favorável de umidade para os insetos, que proporciona um desenvolvimento adequado, maior longevidade e fecundidade, fica entre 40% e 80%. A variação da umidade está diretamente ligada à variação de temperatura.

Outro elemento climático que pode exercer papel importante na vida e desenvolvimento dos insetos é o vento, que atua diretamente sobre a disseminação de insetos, podendo leva-los a grandes distâncias. O vento ainda tem influência indireta sobre as espécies ao alterar outros componentes, como temperatura e umidade relativa do ar (COSTA et al., 2011).

(21)

12

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 ÁREA DE ESTUDO

O trabalho de campo foi realizado de julho de 2015 a junho de 2016, no município de Nossa Senhora do Livramento, estado de Mato Grosso, na fazenda Campina pertencendo a empresa Teca do Brasil Ltda., a 73 km ao Sudoeste da capital Cuiabá, sob as coordenadas 16°12'42"S e 56°22'49"W e 145 m de altitude (Figura 1).

FIGURA 1 - DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NA FAZENDA CAMPINA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. O clima da região é do tipo Aw, segundo a classificação de Köppen-Geiger (1948), que é caracterizado como tropical de savana com estação seca de inverno, ou seja, com estações seca e chuvosa bem definidas (PEEL et al., 2007), com precipitação pluviométrica anual de 1398 mm, a temperatura média anual de 28 °C, com média das mínimas de 21 °C e das máximas de 34 °C e umidade relativa do ar média de 73 % (INMET, 2015/2016). O relevo é suave ondulado e o solo classificado como Planossolo Háplico Eutrófico (EMBRAPA, 2013).

(22)

13

Na área de estudo, a vegetação natural era Floresta Estacional e a sua remoção foi efetuada há muitos anos para uso agrícola com o cultivo de arroz e, antes da implantação das espécies arbóreas, era utilizada para a atividade de pecuária (SOUZA et al., 2013). A fazenda possui povoamentos seminais de Tectona grandis Lf. implantados nos anos de 1999, 2000, 2002 e 2003, com, respectivamente, 308; 290; 242; e 420 hectares, totalizando 1.260 hectares.

A pesquisa foi realizada em plantio experimental de pau-de-balsa, com 9 anos de idade, espaçamento 4 m x 3 m e área de 2,13 ha. 3.2 COLETA DE DADOS

As armadilhas utilizadas foram de impacto escolitídeo-Curitiba modificada pela adoção de um porta-isca constituído de um cano flexível (Figura 2).

FIGURA 2 - (a) ARMADILHA ESCOLITÍDEO-CURITIBA MODIFICADA. (b) MATERIAIS UTILIZADOS NA COLETA. (c) FIXAÇÃO DA ARMADILHA. FAZENDA CAMPINA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO – MT. 2016.

Esta armadilha é composta por um chapéu de chapa de alumínio, com painel interceptor constituído de duas folhas de alumínio

(23)

14

cruzadas, e funil de alumínio que vai acoplada a um frasco de plástico como coletor, com 15 cm de altura, 2,5 cm de diâmetro e capacidade de 400 ml de volume

Não foi utilizado atrativo no porta-isca de cano flexível. Apenas o álcool 70% INPM colocado diretamente no frasco coletor. As armadilhas foram instaladas a 1,5 m de altura em relação a superfície do solo, com arame galvanizado prendendo as armadilhas entre as árvores de pau-de-balsa.

Foram utilizadas dez armadilhas dispostas ao acaso, em toda a área do pau-de-balsa, porém obedecendo 25 m para efeito de borda. A distância entre armadilhas foi de 10 m.

As coletas foram realizadas quinzenalmente, compreendendo dois períodos: seco (maio a outubro) e de chuva (novembro a abril). Após as coletas fez-se a reposição do material atrativo nos potes coletores e de acordo com a necessidade, procedeu a substituição das armadilhas danificadas.

Os espécimes coletados foram acondicionados em recipientes individualizados contendo álcool 70° INPM, devidamente etiquetados por armadilha e data de coleta e transportados para o Laboratório de Proteção Florestal, da Faculdade de Engenharia Florestal, da Universidade Federal de Mato Grosso (LAPROFLOR/FENF/UFMT), para triagem dos espécimes, secagem em estufa a 60°C por 72h e, posteriormente, acondicionadas em recipientes apropriados para a identificação taxonômica.

3.3 IDENTIFICAÇÃO DO MATERIAL ENTOMOLÓGICO

A identificação taxonômica dos espécimes coletados foi efetuada por comparação com a coleção de referência do Laboratório de Proteção Florestal (LAPROFLOR/FENF/UFMT). Os exemplares não identificados foram enviados ao Dr. Eli Nunes Marques, da Universidade Federal do Paraná.

(24)

15 3.4 ANÁLISE DOS DADOS

3.4.1 Análises Estatísticas

O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC). Levando-se em conta, a distribuição binomial e a ocorrência de dados de valor zero, estes foram transformados para . Através do software ASSISTAT (SILVA e AZEVEDO, 2002), as variâncias foram testadas pelo teste F e as médias de coletas dos espécimes entre as famílias de coleobrocas foram submetidas aos testes de Tukey a 5% de probabilidade, para se detectar possíveis diferenças entre as médias de coletas entre os períodos seco e chuvoso.

3.4.2 Medidas da Fauna

Foram realizados estudos faunísticos de Frequência, Constância, Dominância e Abundância, através do software ANAFAU (MORAES et al., 2003). Também foram calculados os Índices de Riqueza de Margalef (1958), de diversidade de Shannon-Wiener (1949) e de equitatividade de Pielou (1975).

3.4.3 Correlação com Elementos Climáticos

Na seleção das espécies para os estudos da correlação de Pearson com a temperatura, umidade relativa e precipitação pluviométrica foram consideradas somente as identificadas ao nível de espécie e que na análise faunística, tenham ocorrido como dominante, constante, muito frequente e muito abundante.

Os dados climáticos foram obtidos da Estação Padre Ricardo Remetter (83364), a mais próxima do local do experimento, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizado no município de Santo Antônio do Leverger, estado de Mato Grosso.

(25)

16

Estes dados foram analisados com o índice de correlação de Pearson. No entanto, foram consideradas somente as correlações acima de 0,6, por apresentarem uma relação de correlação mais definida com o elemento climático analisado. Comparados pelo teste t de Student ao nível de 1%, 5% e 10% de probabilidade de erro.

3.4.4 Estudos da Flutuação Populacional

A flutuação populacional de cada espécie mais representativa, como definido anteriormente para a correlação de elementos climáticos, foram comparadas com os elementos climáticos em que estas espécies tiveram maiores correlações.

(26)

17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de julho de 2015 a junho de 2016 foram coletados 3.244 indivíduos em plantio de pau-de-balsa, distribuídos em 30 gêneros e 42 espécies pertencentes as famílias Bostrichidae, Cerambycidae e Curculionidae (Tabela 1).

TABELA 1 - QUANTIDADE DE GÊNEROS, ESPÉCIES E INDIVÍDUOS AMOSTRADOS COM ARMADILHAS INSTALADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.

FAMÍLIA GÊNEROS ESPÉCIES INDIVÍDUOS

N° % N° % N° %

BOSTRICHIDAE 3 10,00 4 9,52 100 3,08

CERAMBYCIDAE 18 60,00 20 47,62 355 10,94 CURCULIONIDAE 9 30,00 18 42,86 2.789 85,97

TOTAL 30 100 42 100 3.244 100

Cerambycidae com 18 gêneros e 20 espécies foi a família mais diversificada tanto em número de gênero, quanto em número de espécies. Curculionidae foi quantitativamente, a família mais importante, sendo responsável por 2.789 (85,97%) dos espécimes coletados.

Como o pau-de-balsa apresenta quebras de galhos e também uma grande quantidade de serrapilheira, pode ter auxiliado para uma riqueza elevada para as famílias Cerambycidae e Curculionidae. Segundo Barreto et al. (2013) a diversidade de cerambicídeos é elevada em florestas secundárias. As possíveis causas da elevada riqueza de espécies em povoamentos jovens incluem grandes quantidades de restos de madeira e flores, que são recursos para oviposição e alimentação para os adultos.

Os Bostrichidae ocorreram com quatro espécies identificadas (9,52%) e 100 indivíduos coletados (3,08%) (Tabela 1).

Dall’Oglio e Peres Filho (1997) realizaram um levantamento em plantações de seringueira em Mato Grosso e verificaram uma

(27)

18

predominância das espécies de Curculionidae (Scolytinae e Platypodinae) em comparação com o número de espécies das famílias de Cerambycidae, Bostrichidae.

A distribuição destas famílias foi observada por Paz (2006) em pesquisa com coleobrocas associadas ao plantio de mangueiras, sendo Curculionidae, a família com maior quantidade de indivíduos coletados com 90,08%, seguido de Cerambycidae com 9,77% e Bostrichidae com 0,15% dos espécimes coletados.

Curculionidae foi mais representativa quantitativamente, independente do período analisado, com 1.440 indivíduos na seca e 1.349 no período da chuva (Tabela 2). Vários trabalhos sobre coleobrocas demonstraram que esta família é representativa em suas coletas (DALL’OGLIO e PERES FILHO, 1997; DORVAL et al., 2012; GONÇALVES et al., 2014). Isso mostra que os representantes de Curculionidae estão adaptados as condições ambientais de Mato Grosso.

TABELA 2 - QUANTIDADE DE INDIVÍDUOS AMOSTRADOS EM CADA FAMÍLIA, NOS PERÍODOS DE SECA E DE CHUVA, COM ARMADILHAS INSTALADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.

FAMÍLIA SECA CHUVA TOTAL % S/C

N° % N° % BOSTRICHIDAE 55 3,37 45 2,79 100 3,08 1,22 CERAMBYCIDAE 136 8,34 219 13,58 355 10,94 0,62 CURCULIONIDAE 1.440 88,29 1.349 83,63 2.789 85,97 1,07 TOTAL 1.631 100 1.613 100 3.244 100 1,01 S/C = Relação Seca/Chuva.

Nos meses do período seco foi coletada uma maior quantidade de indivíduos, correspondendo a 51,40% do total coletado nos períodos analisados. Bostrichidae foi a que apresentou menor número de indivíduos nos períodos de seca e chuva, com 3,37% e 2,79% respectivamente (Tabela 2).

A relação entre os períodos analisados foi maior em Bostrichidae (1,22) e Curculionidae (1,07), demonstrando que estes representantes têm a maior ocorrência nos meses da seca. Assim a

(28)

19

relação seca/chuva foi menor em Cerambycidae (0,62), logo, está família se demostrou de maior ocorrência no período da chuva (Tabela 2).

A maior ocorrência de Bostrichidae no período da seca pode estar relacionado com sua preferência alimentar ser madeira seca. Enquanto Cerambycidae tem suas preferências por madeiras úmidas, justificando sua maior ocorrência no período chuvoso.

Rocha (2010) realizou pesquisa com Curculionidae (Scolytinae e Platypodinae) e Bostrichidae em eucaliptos e em cerrado de Mato Grosso, observando que no período seco foi coletado uma maior quantidade de indivíduos, sendo Scolytinae a mais importante nos dois períodos analisados.

As espécies Chlorida festiva, com 4,28%, Platypus linearis, com 3,33%, Cryptocarenus diadematus, com 6,60%, Cryptocarenus heveae, com 8,35%, Cryptocarenus seriatus, com 14,46%, Hypothenemus eruditus, com 45,19% e Xyleborus affinis, com 4,28%, foram as espécies mais representativas em quantidade de indivíduos coletados. As demais espécies em conjunto representaram 13,51% do total de indivíduos coletados (Tabela 3).

TABELA 3 - GÊNEROS/ESPÉCIES COM SUAS QUANTIDADE DE INDIVÍDUOS AMOSTRADOS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA E NOS PERÍODOS DE SECA (S) E CHUVA (C). NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.

ESPÉCIES S C TOTAL

N %

BOSTRICHIDAE

Bostrychopsis uncinata (Germar, 1824) 26 16 42 1,29

Micrapate germaini (Lesne, 1899) 2 2 4 0,12

Micrapate sp. 3 4 7 0,22

Xyloperthella picea (Olivier, 1790) 24 23 47 1,45

CERAMBYCIDAE

Achryson surinamum (Linnaeus, 1767) 16 9 25 0,77

Aegoschema moniliferum (White, 1855) 0 4 4 0,12

Aerenea brunnea (Thomson, 1868) 0 4 4 0,12

Brasilianus sp. 1 0 1 0,03

Callia fulvocincta (Bates, 1866) 0 7 7 0,22

Chlorida festiva (Linnaeus, 1758) 69 70 139 4,28

(29)

20 TABELA 3, Cont. ESPÉCIES S C TOTAL N % CERAMBYCIDAE Epectasis sp. 0 1 1 0,03 Estola sp. 2 24 26 0,80 Gnomidolon sp. 0 1 1 0,03

Hylettus seniculus (Germar, 1824) 3 15 18 0,55

Lepturges virgatus (Monné 1978) 14 30 44 1,36

Neoclytus pusillus (Laporte & Gory, 1835) 14 26 40 1,23

Nesozineus sp. 1 0 1 0,03

Oreodera glauca (Linnaeus, 1758) 0 1 1 0,03

Oreodera quinquetuberculata (Drapier, 1820) 2 5 7 0,22

Oxymerus aculeatus (Dupont, 1838) 1 10 11 0,34

Psapharochrus lanei (Marinoni & Martins, 1978) 9 5 14 0,43

Steirastoma breve (Sulzer, 1776) 1 0 1 0,03

Steirastoma stellio (Pascoe, 1866) 2 4 6 0,18

Tropidozineus sp. 1 3 4 0,12

CURCULIONIDAE

Cnesinus sp. 1 1 0 1 0,03

Cnesinus sp. 2 1 0 1 0,03

Coccotrypes sp. 0 1 1 0,03

Cryptocarenus diadematus (Eggers, 1937) 44 170 214 6,60

Cryptocarenus heveae (Hagedorni, 1912) 66 205 271 8,35

Cryptocarenus seriatus (Eggers, 1933) 133 336 469 14,46

Hypothenemus bolivianus (Eggers, 1931) 1 0 1 0,03

Hypothenemus eruditus (Westwood, 1836) 983 483 1.466 45,19

Hypothenemus sp. 1 17 45 62 1,91

Hypothenemus sp. 2 2 4 6 0,18

Platypus linearis (Chapuis, 1865) 62 46 108 3,33

Premnobius cavipennis (Eichhoff, 1878) 23 0 23 0,71

Sampsonius dampfi (Schedl, 1940) 5 1 6 0,18

Tricolus sp. 0 1 1 0,03

Xyleborus affinis (Eichhoff, 1867) 91 48 139 4,28

Xyleborus bisseriatus (Schedl, 1963) 2 1 3 0,09

Xyleborus ferrugineus (Fabricius, 1801) 9 7 16 0,49

Xyleborus gracilis (Eichhoff, 1868) 0 1 1 0,03

TOTAIS 1.631 1.613 3.244 100

Hypothenemus eruditus foi a espécie de coleobroca coletada em pau-de-balsa mais importante quantitativamente, com 45,19% do total. Beaver (1976), em estudo sobre Scolytinae e Platypodinae, observou a ocorrência de H. eruditus e o gênero Xyleborus atacando o pau-de-balsa.

(30)

21

Resultado diferente foi encontrado por Souza (2016), estudando a ocorrência de Scolytinae em Tectona grandis, na mesma região que esta pesquisa, e observou que H. eruditus ocorreu de forma representativa no período chuvoso, ele destacou que este resultado difere dos demais pelo fato de que a teca é uma essência caducifólia, e que este comportamento vegetal pode afetar no microclima local que consequentemente afeta no comportamento dos insetos.

O motivo pelo qual o H. eruditus ter sido a espécie mais abundante nas coletas realizadas em plantio de pau-de-balsa pode ter explicação no fato de que esta espécie possuir comportamento herbífago, podendo também estar associada a frutos e sementes (WOOD, 1977). Corroborando como isso o pau-de-balsa ocorre sua floração final do período chuvoso e a frutificação no período seco, épocas em que H. eruditus ocorreu em maiores quantidades.

Cerambycidae ocorreu com 20 espécies no total, sendo C. festiva a sua espécie com maior porcentagem (4,28%). Duque et al. (2010) em pesquisa no Equador, listaram que Ochroma pyramidale é um hospedeiro de Cerambycidae, e que ataca a madeira e a casca.

Abreu et al. (2009) relataram a ocorrência de Cerambycidae em troncos e galhos em espécie florestal da Amazônia Central, pertencente a Malvaceae.

Abreu et al. (2002) observaram que madeiras de Malvaceae estocadas em pátio de indústrias, foi atacada por diferentes espécies de Cerambycidae e por X. affinis, X. ferrugineus e P. linearis.

Os gêneros Hypothenemus com 47,32% e Cryptocarenus com 29,41% foram os dois mais representativo. Dorval e Peres Filho (2001) ressalta que a captura de números elevados de indivíduos da tribo Cryphalini (Hypothenemus e Cryptocarenus) pode indicar que as mesmas apresentam uma maior resposta ao etanol, utilizado como atrativo, do que outras espécies ou que suas respostas estejam em razão do poder sinérgico do etanol com os compostos secundários liberados no ambiente pelos seus hospedeiros e também deve-se considerar as diferentes condições bióticas e abióticas dos locais estudados.

(31)

22 4.1 TESTE ESTATÍSTICO

Ocorreram diferenças significativas entre as médias populacionais das famílias avaliadas, porém, não houve diferença significativa entre os períodos de seca e de chuva (Tabela 4).

TABELA 4 - COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS ENTRE AS FAMÍLIAS DE COLEOBROCAS AMOSTRADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA COM OS PERÍODOS ANALISADOS. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. FAMÍLIA MÉDIAS SECA CHUVA BOSTRICHIDAE 2,92419 a 2,63585 a CERAMBYCIDAE 4,58873 a 5,93534 a CURCULIONIDAE 14,71930 a 14,71443 a

MÉDIAS DOS PERÍODOS 16,02799 a 16,24328 a Dados transformados em:

(**) = significativo ao nível de 1% de probabilidade

As médias acompanhadas de mesma letra minúscula na mesma linha, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Os valores das médias dos indivíduos coletados, em diferentes períodos, famílias e totais, não apresentam diferenças estatísticas significativas.

Diferentemente de Stilwell et al. (2014), que relataram no Equador uma nova espécie de Scolytinae, Coptoborus ochromactonus, atacando plantio de pau-de-balsa, mais intensamente no período da seca da região.

Vários autores relatam que estas famílias têm a suas ocorrências distribuídas com diferenças entre os meses de seca e chuva (Dorval e Peres Filho, 2001; PAZ, 2006). Essa diferença pode ser pelo fato do pau-de-balsa ser uma espécie perenifólia, em que não se perde as folhas durante período da seca, apresentando assim um microclima favorável para a distribuição dessas espécies nos dois períodos analisados.

(32)

23 4.2 ESTUDO FAUNÍSTICO

Na plantação de pau-de-balsa ocorreram na análise anual, nove espécies dominantes, seis muito abundantes, seis muito frequentes e 19 constantes. No período de seca apresentaram nove espécies dominantes, seis muito abundantes, seis muito frequentes e 19 constantes, enquanto no período de chuva ocorreram seis espécies dominantes, quatro muito abundantes, quatro muito frequentes e 23 constantes. Apenas H. eruditus ocorreu como superdominante, superabundante e super frequente (Tabela 5).

TABELA 5 - ÍNDICES FAUNÍSTICOS DAS ESPÉCIES AMOSTRADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.

ESPÉCIES SECA CHUVA ANUAL

F D C A F D C A F D C A BOSTRICHIDAE Bostrychopsis uncinata f d w c f nd w c f nd w c Micrapate germaini pf nd z r pf nd z d pf nd z r Micrapate sp. pf nd w r pf nd w d pf nd w d Xyloperthella picea f d w c f nd w c f d w c CERAMBYCIDAE Achryson surinamum f nd w c pf nd w d f nd w c Aegoschema moniliferum - - - - pf nd w d pf nd y r Aerenea brunnea - - - - pf nd y d pf nd z r Brasilianus sp. pf nd z r - - - - pf nd z r Callia fulvocincta - - - - pf nd y d pf nd z d Chlorida festiva mf d w ma f d w c mf d w ma Epectasis sp. - - - - pf nd z r pf nd z r Estola sp. pf nd z r f nd w c f nd w c Gnomidolon sp. - - - - pf nd z r pf nd z r Hylettus seniculus pf nd w r f nd w c f nd w c Lepturges virgatus f nd w c f nd w c f d w c Neoclytus pusillus f nd w c f nd w c f nd w c Nesozineus sp. pf nd z r - - - - pf nd z r Oreodera glauca - - - - pf nd z r pf nd z r Oreodera quinquetuberculata pf nd y r pf nd y d pf nd y d Oxymerus aculeatus pf nd z r pf nd w d pf nd y d Psapharochrus lanei pf nd w d pf nd w d pf nd w d Continua...

(33)

24 TABELA 5, Cont.

ESPÉCIES SECA CHUVA ANUAL

F D C A F D C A F D C A CERAMBYCIDAE Steirastoma breve pf nd z r - - - - pf nd z r Steirastoma stellio pf nd y r pf nd w d pf nd w r Tropidozineus sp. pf nd z r pf nd w d pf nd y r CURCULIONIDAE Cnesinus sp. 1 pf nd z r - - - - pf nd z r Cnesinus sp. 2 pf nd z r - - - - pf nd z r Coccotrypes sp. - - - - pf nd z r pf nd z r Cryptocarenus diadematus mf d w ma mf d w ma mf d w ma Cryptocarenus heveae mf d w ma mf d w ma mf d w ma Cryptocarenus seriatus mf d w ma mf d w ma mf d w ma Hypothenemus bolivianus pf nd z r - - - - pf nd z r Hypothenemus eruditus sf sd w sa mf d w ma sf sd w sa Hypothenemus sp. 1 f nd w c f nd w c f d w c Hypothenemus sp. 2 pf nd z r pf nd w d pf nd y r Platypus linearis mf d w ma f nd w c mf d w ma Premnobius cavipennis f d w c - - - - f nd y c Sampsonius dampfi pf nd w r pf nd z r pf nd y r Tricolus sp. - - - - pf nd z r pf nd z r Xyleborus affinis mf d w ma f d w c mf d w ma Xyleborus bisseriatus pf nd y r pf nd z r pf nd y r Xyleborus ferrugineus pf nd w d pf nd w d f nd w c Xyleborus gracilis - - - - pf nd z r pf nd z r

Em que: F = Frequência (sf = super frequente; mf = muito frequente; f = frequente; pf = pouco frequente); D = Dominância Sakagami & Laroca (1967) (sd = superdominante; d = dominante; nd = não-dominante); C = Constância (w = constante; y = acessória; z = acidental); A = Abundância (r = rara; d = dispersa; c = comum; a = abundante; ma = muito abundante; sa = superabundante). (-) = Não ocorreu no período analisado.

C. festiva, P. linearis, C. diadematus, C. heveae, C. seriatus, H. eruditus e X. affinis, apresentaram os mais altos índices faunísticos na análise anual. Sendo, H. eruditus o mais importante, pois apresentou os índices faunísticos mais significativos para a comunidade, como superdominância. Em estudo realizado sobre Scolytinae em Mato Grosso de Bastos (2013), observou-se que H. eruditus foi a única espécie que ocorreu em todos os tratamentos como dominante, muito abundante, muito frequente e constante (Tabela 5).

(34)

25

Na análise anual, das 42 espécies amostradas, 19 foram constantes, oito acessórias, 15 acidentais. Quanto a Abundância, uma ocorreu como superabundante, seis muito abundantes, dez comuns, cinco dispersas e 20 raras (Tabela 5).

4.3 ÍNDICE DE DIVERSIDADE

No plantio de pau-de-balsa, no período da chuva, as espécies apresentaram uma equitatividade de 0,63, indicando que o ambiente fornece neste período, condições favoráveis para a distribuição mais homogêneas entre as espécies (Tabela 6).

TABELA 6 - ÍNDICES DE DIVERSIDADE DE SHANNON-WIENER, EQUITATIVIDADE DE PIELOU E RIQUEZA DE MARGALEF, SAZONAIS E ANUAIS, EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.

Shannon-Wiener (H') Equitatividade (E) Margalef (R) Seca Chuva Anual Seca Chuva Anual Seca Chuva Anual 1,7026 2,2568 2,0674 0,4869 0,6348 0,5531 4,3261 4,6034 5,0714

O índice de Shannon-Wiener demonstrou que houve uma maior diversidade de espécies no período de chuva (2,26). Este teve uma coleta mais regular de indivíduos em cada espécie, pois foram coletadas menores quantidades de indivíduos de H. eruditus, que foi a espécie com maior número de indivíduos coletados (45,19%).

Quanto a riqueza, o índice de Margalef indicou que no período da chuva, ocorreu uma maior riqueza de espécies. Segundo Rocha (2010), esse resultado está relacionado provavelmente com a utilização de uma maior quantidade de recursos ambientais disponíveis neste período.

Resultados semelhante aos obtidos por Flechtmann e Ottati (1996) em vegetação de cerrado, registraram um maior índice de diversidade no período de chuva, quando comparado com os observados no período de seca e na análise anual.

(35)

26

Dorval (2002) observou a ocorrência de 19 espécies comuns aos períodos de seca e de chuva em levantamentos de Scolytinae em bioma cerrado, da qual o autor alegou que a ocorrência de chuvas afeta nas condições ambientais, influenciando no desenvolvimento e disponibilidade de alimento para algumas espécies, influenciando na ocorrência dos indivíduos.

4.4 CORRELAÇÃO COM FATORES METEOROLÓGICOS

C. festiva, P. linearis, H. eruditus e X. affinis não obtiveram correlação acima de 0,6 (Tabela 7), mostrando que essas espécies não apresentaram uma correlação com os elementos climáticos analisados.

TABELA 7 - COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE PEARSON (r) E SIGNIFICÂNCIA PELO TESTE T DE STUDENT (t) ENTRE COLEOBROCAS E FATORES CLIMÁTICOS. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. ESPÉCIES Umidade Relativa Precipitação Pluviométrica Temperatura Média r t r t r t Chlorida festiva -0,076 0,24ns 0,223 0,72ns 0,268 0,88ns Platypus linearis 0,570 2,19*** -0,115 0,37ns -0,518 1,91*** Cryptocarenus diadematus 0,606 2,41* 0,730 3,38** 0,319 1,07ns Cryptocarenus heveae 0,718 3,27** 0,493 1,79ns 0,143 0,46ns Cryptocarenus seriatus 0,636 2,61* 0,403 1,39ns 0,101 0,32ns Hypothenemus eruditus -0,095 0,30ns -0,523 1,94*** -0,586 2,29* Xyleborus affinis -0,481 1,74ns -0,217 0,70ns 0,308 1,02ns

( ns ) - Não significativo abaixo de 10%

( ** ) - Significativo ao nível de 1% de probabilidade ( * ) - Significativo ao nível de 5% de probabilidade ( *** ) - Significativo ao nível de 10% de probabilidade

De acordo com Paz (2006), a correlação na estatística pode mostrar a dependência entre os fatores ambientais e o número de insetos coletados. Ainda segundo este autor, pesquisando sobre coleobrocas em Mangifera indica, observou-se que não houve correlação entre a ocorrência de Bostrichidae, Cerambycidae e Curculionidae, com as variáveis climáticas de temperatura, precipitação pluviométrica, umidade

(36)

27

relativa. Também não foi constatada significância a nível de 10% de probabilidade pelo teste t de Student.

As espécies consideradas mais dominantes nesta comunidade não apresentaram mesmas correlações com os fatores meteorológicos analisados. Mas a maioria dessas espécies correlacionaram significativamente com a umidade relativa.

C. diadematus apresentou correlação positiva com umidade relativa e precipitação pluviométrica significativas ao nível de 5% e 1% respectivamente (Tabela 7). Rocha et al. (2011) em pesquisa no cerrado analisaram que C. diadematus correlacionou-se significativamente com um dos fatores meteorológicos, obtendo correlação negativa com a umidade relativa.

C. heveae ocorreu com correlação positiva significativa ao nível de 1% com a umidade relativa (Tabela 7). Resultados obtidos por Dorval e Peres Filho (2001) demonstram que C. heveae é afetado significativamente pelos fatores climáticos, tais como precipitação e temperatura.

C. seriatus apresentou correlação positiva com a umidade relativa, ao nível de 5% (Tabela 7). Dorval et al. (2007) analisou em sua pesquisa que C. seriatus correlacionou-se negativamente com a umidade relativa ao nível de 1%.

4.5 FLUTUAÇÃO POPULACIONAL

De acordo com Silveira Neto et al. (1976) é comum a variação populacional de um grupo de insetos de acordo com os fatores favoráveis ou não no meio ambiente em que este se encontra, como temperatura, precipitação e hospedeiro disponível.

Na família Curculionidae ocorram picos populacionais nos meses do período de seca, em julho de 2015 e em maio de 2016, sendo que começou a apresentar uma elevação nas suas quantidades de indivíduos desde o mês de dezembro de 2015. E nos meses em que Curculionidae apresentou seus picos, houve as menores precipitações dos períodos (Figura 3).

(37)

28

FIGURA 3 - FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE BOSTRICHIDAE, CERAMBYCIDAE E CURCULIONIDAE COLETADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. JULHO DE 2015 A JUNHO DE 2016. Bostrichidae também teve picos populacionais no período da seca, em outubro de 2015 e maio de 2016. Na família Cerambycidae ocorram picos populacionais em novembro de 2015 e março de 2016, sendo os dois no período da chuva (Figura 3).

H. eruditus foi a espécie que apresentou o maior número de indivíduos coletados, ocorreu com picos populacionais em julho de 2015 com 399 indivíduos e abril de 2016 com 195 indivíduos (Figura 4).

FIGURA 4 - FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE Hypothenemus eruditus (SCOLYTINAE) COLETADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. JULHO DE 2015 A JUNHO DE 2016.

(38)

29

Jorge (2014) em pesquisa sobre Scolytinae em Mato Grosso, observou que H. eruditus ocorreu pico populacional nos meses de maio e julho, meses que houve declínio da precipitação e temperatura. Dorval e Peres Filho (2001) em estudo de coleópteros da baixada cuiabana, constataram que H. eruditus apresentou picos populacionais máximos em setembro e outubro e as menores densidades populacionais ocorreram em julho e fevereiro

Chlorida festiva apresentou pico populacional maior no mês de outubro de 2015, período de seca. No mês de fevereiro de 2016 obteve a menor ocorrência, período de chuvas na região estudada (Figura 5). Dall’Oglio e Peres Filho (1997) relataram que C. festiva ocorreu em quase todo o período de coleta, com maior número de indivíduos no mês de junho e nos meses de agosto a novembro.

FIGURA 5 - FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE Chlorida festiva (CERAMBYCIDAE), Platypus linearis (PLATYPODINAE) E Xyleborus affinis (SCOLYTINAE) COLETADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. JULHO DE 2015 A JUNHO DE 2016. Platypus linearis apresentou o maior pico populacional em maio de 2016, período de seca. Já no período de chuva houve a menor ocorrência para esta espécie, em dezembro de 2015 (Figura 5). Martinez

Platypus linearis Umidade Média (%) Chlorida festiva

(39)

30

e Atkinson (1987) relataram que três espécies do gênero Platypus ocorrem associados a espécies da família Malvaceae. Sendo uma dessas Platypus linearis.

X. affinis apresentou dois picos populacionais durante a pesquisa, sendo uma maior em setembro de 2015 e outra menor em março de 2015. Ocorrendo picos nos dois períodos de sazonalidade (Figura 5). Dall’Oglio e Peres Filho (1997) observaram que X. affinis ocorreu em quase todo o período de coleta e em maior número a partir do mês de janeiro a maio.

C. diadematus ocorreu o seu maior pico em fevereiro de 2016, período de chuva, e menor ocorrência em setembro de 2015, período de seca (Figura 6). Esse resultado difere de Rocha (2010), em que a espécie C. diadematus mereceu destaque produzindo um pico de 240 indivíduos coletados no mês de junho (início do período de seca da região).

FIGURA 6 - FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE Cryptocarenus diadematus, Cryptocarenus heveae E Cryptocarenus seriatus (SCOLYTINAE) COLETADAS EM PLANTIO DE PAU-DE-BALSA. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT. JULHO DE 2015 A JUNHO DE 2016.

C. heveae apresentou picos populacionais maiores nos meses de março e maio de 2016. Já as menores ocorrências foram em julho e

Cryptocarenus diadematus Cryptocarenus seriatus

Cryptocarenus heveae Umidade Média (%)

(40)

31

outubro de 2015 (Figura 6). Jorge (2014) afirmou que a espécie C. heveae ocorreu com maiores densidades populacionais nos meses de maio e julho, e durante estes dois meses, houve baixa precipitação pluviométrica e duas das três mais baixas temperaturas registradas durante o ano de estudo.

C. seriatus ocorreu com picos populacionais em março e maio de 2016 e menores ocorrências em outubro de 2015, período de seca na região (Figura 6). Desde a menor ocorrência houve uma elevação nas quantidades de indivíduos coletados durante os meses até ocorrer o seu maior pico populacional em março de 2016. Dorval e Peres Filho (2001) relataram que C. seriatus apresentou picos populacionais em maio, julho e outubro, e nos meses de junho, novembro e fevereiro, ocorreram os menores números de indivíduos coletados.

(41)

32

5 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos pode-se concluir:

As espécies Chlorida festiva (Cerambycidae), Platypus linearis, Cryptocarenus diadematus, Cryptocarenus heveae, Cryptocarenus seriatus, Hypothenemus eruditus e Xyleborus affinis (Curculionidae) estão adaptadas ao ambiente estudado, mostrando que o ambiente tem condições favoráveis para elas se estabelecerem.

Não foi observado diferença significativa entre os períodos de seca e chuva da região em relação as médias das espécies de coleobrocas amostradas. Devido as condições microclimáticas favoráveis apresentadas em plantio de pau-de-balsa, espécie perenifólia, para a ocorrência de coleobrocas.

Os meses de seca apresentou condições favoráveis para a ocorrência das famílias Bostrichidae e Curculionidae, enquanto Cerambycidae se mostrou mais adaptada ao período chuvoso.

A umidade relativa foi o elemento climático mais importante na ocorrência de algumas espécies de Scolytinae.

(42)

33

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, R. L. S. Estudo da ocorrência de Scolytidae e Platypodidae em madeiras da Amazônia. Acta Amazonica, Manaus, v. 22, n. 3, p. 413-420, 1992.

ABREU, R. L. S.; SALES-CAMPOS, C.; HANADA, R. E.; VASCONCELOS, F. J.; FREITAS, J. A. Avaliação de danos por insetos em toras estocadas em indústrias madeireiras de Manaus, Amazonas, Brasil. Sociedade de Investigações Florestais. Revista Árvore. Viçosa-MG, v. 26, n. 6, p. 789-796, 2002.

ABREU, R.; RONCHI-TELES, B.; MONNE, M.; VIANEZ, B. First record of species of Cerambycidae (Coleoptera) in cardeiro (Scleronema micranthum) (Bombacaceae) in the Central Amazon. Neotropical Entomology, vol.38, n.3, p.432-433. 2009.

ALVES, I. M.; DANTAS, I. C.; MELO, J. I. M.; FELISMINO, D. C. A família Malvaceae sensu lato em uma área do agreste paraibano, nordeste do Brasil. BioFar, Campina Grande, v. 6, 2011.

AREFLORESTA. Marcos regulatórios de florestas plantadas. Cuiabá: Arefloresta, 2015. (Seminário PDFS-MT 2015).

BARBOSA, A. P.; CAMPOS, M. A. A.; SAMPAIO, P. T. B.; NAKAMURA, S.; GONÇALVES, C. Q. B. O crescimento de duas espécies florestais pioneiras, pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw.) e caroba (Jacaranda copaia D. Don), usadas para recuperação de áreas degradadas pela agricultura na Amazônia central, Brasil. Acta Amazônica, v. 33, n. 3, p. 477-482, 2003.

BARRETO, M. R.; MACHINER, R.; SMIDERLE, E. C. Cerambycinae (Coleoptera, Cerambycidae) em Mato Grosso, Brasil. Biota Neotropica, v. 13, n. 1, 2013.

BASTOS, E. A. S. Influência da concentração de etanol na coleta de Scolytinae (Coleoptera: Curculionidae) em área de mata nativa no município de Campo Verde - MT. 2013, 57f. Dissertação. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

BEAVER, R.A. Biological studies of brazilian Scolytidae and Platypodidae (Coleoptera).V the tribe Xyleborini. Zeitschrift für Angewandte Entomologie, v.80, n.1, p.15-30, 1976.

BERNARDI, O.; GARCIA, M. S.; ELY, E. J.; ZAZYCKI, L. C. F.; BERNARDI, D.; MIORELLI, D.; FINKENAUER, É. Besouros

(43)

34

Cerambycidae associados a Eucalyptus spp. no município de Pinheiro Machado, RS. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 21, n. 1, p. 23-30, 2011. BORROR, D. J.; DeLONG, D. M. Estudo dos Insetos. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. 809 p.

BORROR, D.J.; TRIPLEHORN, C. H.; JOHNSON, N. F. An introduction to the study of insects. 6. ed. Saunders College Publishing, 1992. 875p.

BRIGHT, D. E.; STARK, R. W. Bark and ambrosia beetles of California: Coleoptera: Scolytidae and Platypodidae. Bulletin of the California Insect Survey, 1973. 169 p.

CALDEIRA, S. F.; FROZI, T. Desenvolvimento de Melia azedarach e Ochroma pyramidale em Nossa Senhora do Livramento, MT, Brasil. In: Simpósio Internacional Sobre Manejo Sostenible De Los Recursos Forestales, 3. Pinar del Rio, Cuba, 21 - 23 abr., 2004. Memórias. Pinar del Rio: Universidade de Pinar del Rio, 2004.

CARVALHO-SOBRINHO, J. G. O gênero Pseudobombax Dugand (Malvaceae s.l., Bombacoideae) no Estado da Bahia, Brasil. 2006. 155f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana-BA.

COSTA, E. C.; D’ÁVILA, M.; CANTARELLI, E. B.; MURARI, A. B. Entomologia Florestal. 2.ed. Santa Maria: Editora da UFSM, 2011.244 p.

DAll'OGLIO, O. T.; PERES FILHO, O. Levantamento e flutuação populacional de coleobrocas em plantios homogêneos de seringueira em Itiquira-MT. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 51, p. 49-58, 1997.

DORVAL, A. Levantamento populacional de coleópteros com armadilhas etanólicas em plantios de eucaliptos e em uma área com vegetação de cerrado no município de Cuiabá, estado de Mato Grosso. 2002. 141f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR.

DORVAL, A.; PERES FILHO, O. Levantamento e flutuação populacional de coleópteros em vegetação do cerrado da baixada cuiabana, MT. Ciência Florestal. Santa Maria, v. 11, n.2, p. 171-182, 2001.

DORVAL, A.; PERES FILHO, O.; MARQUES, E. N.; MOURA, R. G. Coleópteros em plantios de Eucalyptus citriodora e E. urophylla em Cuiabá, estado de Mato Grosso. Revista de agricultura, v. 82, n. 3, p. 254-268, 2007.

DORVAL, A.; ROCHA, J. R. M.; PERES FILHO, O. Coleópteros em ambientes florestais, no município de Cuiabá, estado de Mato Grosso. Multitemas, Campo Grande, n. 42, p. 21-40, 2012.

Referências

Documentos relacionados

Antes que empecemos a destacar y analizar como se pone las tiras y otros géneros de orden multimodal en algunos de los libros didácticos de la enseñanza básica brasileña, vamos a

The comparison approach was central to our research project as it allowed us to produce epistemological breakdowns of our personal realities, distancing ourselves from

Espaço pessoal: distancias guardadas entre os corpos que comunicam e essas distancias não acontecem por acaso, apesar de não pensarmos sobre isso tirando quando estamos com

Ainda, esta Relatoria e toda a Comissão são gratas: à Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Santa Catarina (OAB/SC), Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC),

Os objetivos do estudo foram conhecer as características sócio- demográficas, identificar os medicamentos utilizados e suas associações, inferir a adesão, analisar o nível

Componentes não-implantáveis: Instrumentais do Sistema de placas retas e parafusos para micro e mini fragmentos versalock bloqueado de ângulo variável (NÃO OBJETO DESTE

Cura Rápida para Fascitis Plantar™ es una guía completa para identificar la causa de su Fascitis Plantar, siguiendo un plan de tratamiento en el hogar y restaurar su tejido de la

Como a Escola Agrotécnica Federal de Santa Teresa-ES tornou-se um modelo de Centro de referência no Setor Agropecuário na região pela qualidade de ensino, percebi a pertinência