• Nenhum resultado encontrado

Supremo Tribunal Federal

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Supremo Tribunal Federal"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 3.121 RORAIMA RELATORA : MIN. ROSA WEBER AUTOR(A/S)(ES) :ESTADO DE RORAIMA

PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERALDO ESTADODE RORAIMA RÉU(É)(S) :UNIÃO

PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERALDA UNIÃO AM. CURIAE. :DEFENSORIA PÚBLICADA UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL

AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO DIREITOS HUMANOS EM REDE -

CONECTAS DIREITOS HUMANOS

AM. CURIAE. :INSTITUTO MIGRAÇÕES E DIREITOS HUMANOS -

IMDH

AM. CURIAE. :CENTRO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DO IMIGRANTE - CDHIC

AM. CURIAE. :PIA SOCIEDADE DOS MISSIONÁRIOS DE SÃO

CARLOS

ADV.(A/S) :BETO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS E

OUTRO(A/S)

AM. CURIAE. :MUNICÍPIODE PACARAIMA PROC.(A/S)(ES) :BRUNO DA SILVA MOTA

AM. CURIAE. :SOCIEDADE DE DEFESA DOS ÍNDIOS UNIDOS DO

NORTEDE RORAIMA - SODIURR

AM. CURIAE. :ALIANÇA DE INTEGRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS COMUNIDADES INDÍGENAS DE RORAIMA -

ALIDCIRR

AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DOS POVOS

INDÍGENAS TAUREPANGS DO ESTADO DE

RORAIMA - ADPITERR ADV.(A/S) :FREDERICO SILVA LEITE

DESPACHO Vistos etc.

Trata-se de ação cível originária ajuizada pelo Estado de Roraima em face da União, em que pleiteada a concessão de tutela antecipada para

(2)

ACO 3121 / RR

devastadores à sociedade brasileira, em específico no Estado de Roraima, mais

precisamente para: (a) obrigar a ré a promover medidas administrativas nas

áreas de controle policial, saúde e vigilância sanitária na região da fronteira entre o Brasil e a Venezuela; (b) determinar a imediata transferência de recursos adicionais da União para suprir custos que vem suportando com a prestação de serviços públicos aos imigrantes oriundos da Venezuela estabelecidos em território roraimense; e (c) compelir a União a fechar temporariamente a fronteira entre o Brasil e a Venezuela ou limitar o ingresso de imigrantes venezuelanos no Brasil.

Manifestou-se a Procuradoria-Geral da República pelo indeferimento da liminar (evento 12).

Pleiteou o autor a designação de audiência de conciliação nesta Casa (evento 29). Deferi o pedido e designei audiência para o dia 18.5.2018 (evento 38).

Acolhi o pedido de ingresso, como amici curiae, da Defensoria Pública da União, da Associação Direitos Humanos em Rede Conectas Direitos Humanos, do Instituto Migrações e Direitos Humanos – IMDH, do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante – CDHIC e Pia Sociedade dos Missionários de São Paulo, do Município de Pacaraima/RR, da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima – SODIURR, da Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima – ALIDCIRR e da Associação de Desenvolvimento dos Povos Indígenas Taurepangs do Estado de Roraima – ADPITERR (evento 53).

Realizada a citação, e ainda no transcurso do prazo para contestação, realizou-se a audiência em 18.5.2018 (evento 93), com continuidade, inexitosa a conciliação, em 08.6.2018. Novamente não houve acordo. Na oportunidade pleiteada a realização de inspeção judicial (evento 121).

(3)

ACO 3121 / RR

Apresentada a contestação (evento 111) sem alegações preliminares, sobreveio a réplica do autor (evento 143), com documentos.

Oportunizei à ré manifestar-se sobre os documentos juntados na réplica (evento 196).

Noticiado pela ré fato novo, consistente na edição, pelo Estado autor, do Decreto nº 25.681, de 1° de agosto de 2018, bem como pleiteada sua suspensão e reconhecimento como ato atentatório à dignidade da justiça (evento 197).

Apreciei e indeferi o pedido inicial de tutela antecipada quanto ao “fechamento da fronteira” (evento 206). De tal decisão o autor interpôs embargos de declaração (evento 221).

Proferi decisão suspendendo os efeitos do Decreto nº 25.681 do Estado de Roraima, bem como determinei a intimação da autora para manifestação sobre o pedido de reconhecimento do ato atentatório à dignidade da justiça (evento 210).

Ao argumento de alteração na situação dos fatos, o autor pleiteou novamente, de forma incidental, o “fechamento da fronteira” (eventos 235 e 250).

Este o relatório do essencial.

A questão do reconhecimento ou não da prática, pelo autor, de ato atentatório à dignidade da justiça será apreciada em decisão final, após a devida oportunidade de defesa.

Quanto aos embargos de declaração interpostos da decisão que indeferiu o “pedido de fechamento de fronteira”, decido em separado.

(4)

ACO 3121 / RR

Da mesma forma, decido em apartado quanto ao novel pedido incidental de “suspensão temporária da imigração na fronteira Brasil-Venezuela” e demais pleitos subsidiários.

Prossigo no regular andamento do feito.

Ausentes preliminares a serem solvidas.

A questão do reconhecimento ou não da prática, pelo autor, de ato atentatório à dignidade da justiça será apreciada em decisão final, após a devida oportunidade de defesa.

A realização de inspeção judicial é uma opção que, em casos como o presente, não devem ser descartadas. Todavia, em se tratando de situação em constante evolução, opto por reservar tal possibilidade para, se o caso, momento futuro.

Há robusta documentação nos autos, juntada pelas partes. Quanto a outras provas, pondero que, embora no pedido inicial o autor especifique medidas administrativas pretendidas em face da União, apresenta cláusula genérica descritiva de seu objetivo central: “ordenar à requerida a

imediata atuação na área de fronteira Brasil/Venezuela, a fim de impedir que o fluxo imigratório desordenado produza efeitos mais devastadores à sociedade brasileira, em específico no Estado de Roraima” (evento 1, p. 35-6).

Inúmeras medidas, segundo argumentos da ré nos autos, estão em andamento sob sua responsabilidade. Sua eventual insuficiência constitui justamente o pomo da discórdia a ser desatado.

Sem prejuízo de todas essas necessárias medidas há, contudo, ação capaz de solver de forma eficaz o problema em questão, consistente na possibilidade do deslocamento, paulatino e periódico, dos imigrantes do Estado de Roraima, para outros Estados ou para o Distrito Federal,

(5)

ACO 3121 / RR

procedimento conhecido por interiorização.

Da contestação, extraio reconhecida pela ré “a necessidade de urgência

no trato da situação, bem como a indispensabilidade da participação conjunta de todos os entes federados, nos mais diversos âmbitos, visando solucioná-la”

(evento 111, p. 19, destaquei).

De petição da ré, reproduzo o seguinte relato (evento 130, p. 27-30):

“Como informa o Ministério da Defesa, através das informações prestadas pela Subchefia de Coordenação de Logística e Mobilização do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (DOC. 08), com a assunção do apoio logístico e humanitário pela Força-Tarefa Logística Humanitária Roraima (FT Log Hum RR), foi desenvolvida a já mencionada Operação Acolhida, com o objetivo, em síntese, de adotar medidas com vistas a mitigar a situação precária em que se encontravam os imigrantes venezuelanos em território roraimense e conferir ao Estado o suporte necessário para o enfrentamento da questão. Nesse contexto, a Operação Acolhida promoveu, dentre outras, as seguintes ações:

[…]

- Ações de Interiorização: desde a assunção da FT Log Hum, foram realizadas 4 ações de interiorização, objetivando o transporte de imigrantes para outros Estados da Federação, nas seguintes datas: 5 de abril de 2018, 104 imigrantes para São Paulo; 6 de abril de 2018, 161 imigrantes (66 para Cuiabá e 95 para São Paulo); 4 de maio de 2018, 233 imigrantes (68 São Paulo e 165 Manaus); e 15 de maio de 2018, 29 migrantes para Cuiabá. [...]” (destaquei)

No aspecto normativo, o procedimento de interiorização é reconhecido pelo Estado brasileiro como medida de assistência emergencial para acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade

decorrente do fluxo migratório provocado por crise humanitária conforme o art.

(6)

ACO 3121 / RR

5º, X, da Lei nº 13.684/2018 (resultante da conversão da MP nº 820/2018). Cito trechos da referida Lei (destaquei):

“Art. 5º As medidas de assistência emergencial para

acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório provocado por crise humanitária visam à ampliação das políticas de:

[…]

X – mobilidade, contemplados a distribuição e a

interiorização no território nacional, o repatriamento e o

reassentamento das pessoas mencionadas no caput deste artigo. […]

Art. 6º Fica instituído o Comitê Federal de Assistência

Emergencial para acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório provocado por crise humanitária, e sua composição, suas competências e seu

funcionamento serão definidos em regulamento.

§ 1º Além das competências definidas em regulamento, caberá ao Comitê de que trata o caput deste artigo:

I – estabelecer as diretrizes e as ações prioritárias da administração pública federal para a execução das medidas de assistência emergencial;

II – representar a União na assinatura do instrumento de cooperação federativa de que trata o art. 4º desta Lei, a ser firmado com os entes federativos que queiram aderir às medidas de assistência emergencial previstas nesta Lei; e

III – promover e articular a participação das entidades e organizações da sociedade civil na execução das medidas de assistência emergencial.

§ 2º Os órgãos e as entidades da administração pública federal obedecerão às diretrizes e priorizarão as ações definidas pelo Comitê de que trata o caput deste artigo.

§ 3º O Estado ou o Município receptor de fluxo migratório poderá, quando for convidado, enviar representante para participar, com direito a voz, das reuniões do Comitê de que trata o caput deste artigo destinadas a discutir medidas de

(7)

ACO 3121 / RR

assistência emergencial a serem implementadas em seu território.

§ 4º As organizações da sociedade civil que desenvolvam atividades relevantes na defesa dos direitos dos migrantes, em especial dos imigrantes e refugiados, poderão participar, com direito a voz, das reuniões do Comitê de que trata o caput deste artigo.

Art. 7º Em razão do caráter emergencial das medidas de assistência de que trata esta Lei, os órgãos do governo federal priorizarão os procedimentos e as formas de transferências de recursos e de contratação mais céleres previstos em lei.

§ 1º As transferências de que trata o caput deste artigo serão realizadas para conta específica do instrumento de cooperação firmado, e os recursos correspondentes somente poderão ser utilizados para pagamento de despesas relacionadas às medidas de assistência emergencial previstas nesta Lei.

§ 2º As contratações a serem realizadas por Estados e Municípios receptores de fluxo migratório poderão ocorrer de forma direta, nos termos do inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

Art. 8º As ações realizadas em razão das medidas de assistência emergencial, enquanto durar a situação que desencadeou a emergência, correrão à conta dos orçamentos dos órgãos e das entidades participantes.

§ 1º A execução das ações previstas no caput deste artigo fica sujeita às disponibilidades orçamentárias e financeiras anuais.

§ 2º Os créditos adicionais abertos em razão do disposto no § 1º deste artigo serão exclusivamente destinados à execução das medidas de assistência emergencial e das ações descritas no art. 5º desta Lei.

§ 3º Os recursos de que trata este artigo deverão ser aplicados prioritariamente nas ações e serviços de saúde e segurança pública.

§ 4º Fica a União autorizada a aumentar o repasse de

(8)

ACO 3121 / RR

recursos para os fundos estaduais e municipais de saúde, de educação e de assistência social dos entes afetados, na forma fixada pelo Poder Executivo federal, após a aprovação do crédito orçamentário para essa finalidade.

Art. 9º As informações relativas à execução de recursos destinados a medidas de assistência emergencial previstas nesta Lei receberão ampla transparência, com obrigatoriedade de sua divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores.”

A situação de vulnerabilidade decorrente do fluxo migratório provocado por crise humanitária na Venezuela já foi reconhecida pelo Brasil pelo Decreto nº 9.285/2018 nos seguintes termos:

“Art. 1º Fica reconhecida a situação de vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório para o Estado de Roraima, provocado pela crise humanitária na República Bolivariana da Venezuela.”

O Comitê Federal de Assistência Emergencial de que trata a citada Lei foi criado pelo Decreto nº 9.286/2018. Destaco trecho da referida norma:

“Art. 8º Compete ao Comitê Federal de Assistência Emergencial:

I - articular ações, projetos e atividades desenvolvidas

com apoio dos Governos federal, estadual, distrital e municipal no âmbito da assistência emergencial;

II - estabelecer as diretrizes e as ações prioritárias do Governo federal para a implementação da assistência emergencial;

III - indicar um coordenador operacional, que atuará no local em que for reconhecida a crise humanitária;

IV - supervisionar o planejamento e a execução de ações conjuntas de órgãos que atuem na execução das medidas que

(9)

ACO 3121 / RR

V - propor, aos órgãos competentes, medidas para assegurar os recursos necessários à implementação das ações, dos projetos e das atividades da assistência emergencial;

VI - firmar parcerias com órgãos de outros Ministérios, dos Poderes Legislativo e Judiciário, de outros entes federativos, da sociedade civil, do setor privado, de especialistas e de organismos internacionais;” (destaquei)

Conforme documento juntado pela ré (evento 137, p. 1), consistente na Nota Informativa nº 2/2018/SASOC/SAM/CC-PR e dados publicados via internet pelo Governo Federal (http://www.casacivil.gov.br/operacao-acolhida/documentos), a Resolução nº 2, de 26.3.2018, do referido Comitê, instituiu o Subcomitê Federal para Interiorização dos Imigrantes que se

encontram no Estado de Roraima, coordenado pelo Ministério do

Desenvolvimento Social.

Há, portanto, informações preliminares a demonstrar esforços feitos pela ré em tal sentido. Todavia os números aparentemente são ínfimos, dado o noticiado constante fluxo de entrada de novos migrantes no território roraimense – não obstante parte deles retorne ao país de origem ou se desloque espontaneamente para outros Estados brasileiros. Parece evidente haver um crescente contingente populacional de venezuelanos em Roraima com consequente aumento de despesas nos serviços públicos.

A absoluta incerteza sobre a duração deste triste êxodo humano e o impacto diário deste fenômeno no custo dos serviços públicos dos entes federativos mais próximos desta porta de entrada brasileira – no presente caso os Municípios fronteiriços e o Estado de Roraima – conduzem à urgente e necessária aceleração do processo de interiorização, como “válvula de descompressão” da questão litigiosa.

Destarte, sem prejuízo de demais provas de produção por iniciativa das partes, a teor do disposto no art. 370 do Código de Processo Civil, por

(10)

ACO 3121 / RR

reputar absolutamente útil e pertinente à solução do conflito, determino a

apresentação aos autos, pela ré, no prazo de 15 (quinze) dias, de

documentos que esclareçam, de forma efetiva, quanto às diretrizes estabelecidas para a interiorização dos imigrantes que se encontram no Estado de Roraima, especificamente contendo:

a) o número atual de imigrantes venezuelanos encaminhados para outros Estados;

b) as atas, se houver, e o cronograma das reuniões de articulação com os demais Estados ou Municípios para verificação do interesse e a existência de vagas em abrigos públicos ou da sociedade civil para imigrantes, bem como esclarecimentos sobre como vem sendo feita esta articulação e sua periodicidade;

c) a lista dos Estados consultados e a resposta dada por cada um quanto ao interesse e a existência de vagas;

d) a perspectiva de abertura de novas vagas, e os procedimentos que estão sendo adotados para a eventual ampliação deste processo de interiorização.

Sem prejuízo do acima determinado, intimem-se as partes para, no

prazo sucessivo de 10 (dez) dias, a começar pelo autor, se manifestarem sobre o eventual interesse de produzir outras provas, especificando-as e

justificando a necessidade de cada requerimento.

Após, voltem-me os autos imediatamente conclusos. Publique-se e intimem-se.

Brasília, 23 de agosto de 2018.

Ministra Rosa Weber Relatora

Referências

Documentos relacionados

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

A Coordenação de Políticas Estudantis – COPE, da Escola Agrícola de Jundiaí – EAJ/UFRN torna público o Edital de inscrições para o Processo Seletivo

Nesse mesmo período, foi feito um pedido (Processo do Conjunto da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro nº 860-T-72) pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil e pelo Clube de

Na minha opinião o veiculo mais importante para a divulgação da veiculo mais importante para a divulgação da marca a Ocidente marca a Ocidente foi mesmo o MIUI, visto que esta

[r]

O capítulo I apresenta a política implantada pelo Choque de Gestão em Minas Gerais para a gestão do desempenho na Administração Pública estadual, descreve os tipos de

Portanto, conclui-se que o princípio do centro da gravidade deve ser interpretado com cautela nas relações de trabalho marítimo, considerando a regra basilar de