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EFEITO DO ESTRESSE CLIMÁTICO SOBRE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS E PRODUTIVOS EM OVINOS MAURÍCIO TEIXEIRA

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EFEITO DO ESTRESSE CLIMÁTICO SOBRE PARÂMETROS

FISIOLÓGICOS E PRODUTIVOS EM OVINOS

MAURÍCIO TEIXEIRA

FORTALEZA - CEARÁ 2000

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EFEITO DO ESTRESSE CLIMÁTICO SOBRE PARÂMETROS

FISIOLÓGICOS E PRODUTIVOS EM OVINOS

MAURÍCIO TEIXEIRA

Dissertação submetida à coordenação do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FORTALEZA - CEARÁ 2000

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Esta dissertação foi submetida à aprovação, como parte

dos requisitos necessários a obtenção do Grau de Mestre em

Zootecnia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e

encontra-se a disposição dos interessados na Biblioteca de

Ciências e Tecnologia da referida Universidade.

Maurício Teixeira

Dissertação aprovada em: ___/___/___

Jose Neuman Miranda Neiva, D.Sc

Orientador

Sônia Maria Pinheiro de Oliveira, D.Sc

Conselheira

Sílvia Helena Nogueira Turco, D.Sc

Conselheira

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(6)

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS...V RESUMO ...IX ABSTRACT...XI 1. INTRODUÇÃO... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA ... 3 2.1. VARIÁVEIS CLIMÁTICAS... 3 2.2. TROCAS DE CALOR... 6 2.3. ORGANISMO ANIMAL... 8

2.3.1. Atividade respiratória e temperatura corporal ... 8

2.3.2. Consumo de água... 13

2.3.3. Consumo de alimentos ... 15

2.3.4. Eficiência na utilização dos alimentos... 18

2.3.5. Crescimento ... 21

2.3.6. Aclimatação... 23

3. MATERIAL E MÉTODOS ... 24

3.1. ENSAIO 1 - DESEMPENHO PRODUTIVO... 24

3.1.1. Localização ... 24

3.1.2. Tratamentos, delineamento experimental e animais... 25

3.1.3. Manejo dos animais ... 27

3.1.4. Coleta de amostras e análises químico-bromatológicas ... 27

3.1.5. Análise estatística ... 28

3.2. ENSAIO 2 - AVALIAÇÃO BIOCLIMATOLÓGICA... 29

3.2.1. Localização ... 29

3.2.2. Tratamentos, delineamento experimental e animais... 29

3.2.3. Manejo dos animais e tomada de dados bioclimatológicos... 30

3.2.4. Análise estatística ... 32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 33

4.1. VARIÁVEIS AMBIENTAIS... 33

4.2. CONSUMO DE MATÉRIA SECA... 35

4.3. CONSUMO DE PROTEÍNA BRUTA... 37

4.4. CONSUMO DE FIBRA EM DETERGENTE NEUTRO... 39

4.5. CONSUMO DE EXTRATO ETÉREO... 41

4.6. CONSUMO DE ÁGUA... 43 4.7. GANHO DE PESO... 45 4.8. FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA... 48 4.9. TEMPERATURA RETAL... 51 5. CONCLUSÃO... 55 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 57

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Composição químico-bromatológica da ração concentrada e do feno. ...25 Tabela 2 Composição da ração concentrada em termos de participação

percentual dos ingredientes. ...26 Tabela 3 Composição centesimal e químico-bromatológica das dietas

contendo alto e baixo nível de ração concentrada. ...26 Tabela 4 Médias de temperatura ambiente, umidade relativa e índice de

temperatura e umidade, nos dois períodos do dia e nas duas condições de instalação. ...33 Tabela 5 Índice de Temperatura e Umidade (ITU)...34 Tabela 6 Consumo médio diário de matéria seca por ovinos nas duas

condições de instalação. ...35 Tabela 7 Consumo médio diário de matéria seca por ovinos alimentados com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada...36 Tabela 8 Consumo médio diário de proteína bruta por ovinos nas duas

condições de instalação. ...38 Tabela 9 Consumo médio diário de proteína bruta por ovinos alimentados

com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada...38 Tabela 10 Consumo médio diário de fibra em detergente neutro por ovinos

nas duas condições de instalação. ...39 Tabela 11 Consumo médio diário de fibra em detergente neutro por ovinos

alimentados com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada. ...40 Tabela 12 Consumo médio diário de extrato etéreo por ovinos nas duas

condições de instalação. ...41 Tabela 13 Consumo médio diário de extrato etéreo por ovinos alimentados

com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada...42 Tabela 14 Consumo médio diário de água por ovinos nas duas condições de instalação. ...43 Tabela 15 Consumo médio diário de água por ovinos alimentados com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada. ...44 Tabela 16 Ganho de peso médio diário de ovinos em confinamento, nas duas

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Tabela 17 Ganho de peso médio diário de ovinos em confinamento, alimentados com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada. ...46 Tabela 18 Conversão alimentar média de ovinos em confinamento, nas duas condições de instalação. ...47 Tabela 19 Conversão alimentar média de ovinos em confinamento,

alimentados com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada. ...47 Tabela 20 Frequência respiratória de ovinos nas duas condições de

instalação, alimentados com dietas de alto e baixo nível de ração concentrada. ...48 Tabela 21 Freqüência respiratória de ovinos nas duas condições de

instalação, durante os períodos da manhã e da tarde. ...50 Tabela 22 Temperatura retal de ovinos em confinamento, nas duas condições de instalação. ...51 Tabela 23 Temperatura retal de ovinos em confinamento, alimentados com

dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada...52 Tabela 24 Temperatura retal de ovinos em confinamento, durante os períodos da manhã e da tarde. ...52

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RESUMO

O objetivo do presente estudo foi o de avaliar a influência do estresse climático sobre o desempenho produtivo e respostas fisiológicas de ovinos da raça Santa Inês em confinamento. O experimento foi realizado na Unidade de Pesquisa em Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará no período de 20 de outubro a 23 de dezembro de 1999. Os fatores estudados foram 2 ambientes (sombra e sol) e 2 níveis de ração concentrada (alto e baixo). Foi adotado esquema fatorial (2 x 2) em delineamento em blocos casualizados com 5 repetições. O experimento foi dividido em dois ensaios. No primeiro, foram utilizados 40 animais, com duração de 56 dias, sendo 14 para a adaptação dos animais as dietas e baias e, 42 dias para a coleta de dados. Foram avaliados os consumos de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, extrato etéreo e água, além do ganho de peso diário e conversão alimentar. Os animais mantidos à sombra apresentaram consumos de matéria seca e nutrientes mais elevados que os mantidos ao sol, assim como os animais alimentados com dietas contendo alto nível de ração concentrada em relação aos alimentados com dieta contendo baixo nível de ração concentrada, sendo os consumos médios de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, extrato etéreo e água, expressos em g/UTM, %PV e g/animal/dia, foram 84,24 g/UTM, 3,78% PV e 1003,81 g/animal/dia; 12,92 g/UTM, 0,57% PV e 147,23 g/animal/dia; 39,69 g/UTM, 1,78% PV e 441,79 g/animal/dia; 3,35 g/UTM, 0,14% PV e 38,03 g/animal/dia; 317,62 g/UTM, 4,27% PV e 3550,00 g/animal/dia, respectivamente. Para o ganho de peso e conversão alimentar foi observado o mesmo comportamento, onde seus valores médios foram 148 g/animal/dia e 8,3, respectivamente. No segundo ensaio foram utilizados 20 animais, onde se registrou a temperatura retal e a freqüência respiratória durante 17 dias, em dois períodos do dia. Os animais alimentados com dietas contendo alto nível de ração concentrada apresentaram freqüência respiratória maior, tanto à sombra quanto ao sol (87 e 71 mov/min, respectivamente). Os animais mantidos ao sol, durante o

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ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effects of environmental stress on the productive performance and physiological responses of Santa Ines hair sheep, in a feedlot system. The experiment was carried out in the Forage Experimental Unit of Federal University of Ceara, and was developed from october 20 to december 23 of 1999. Were studied 2 environments (shade and non-shade) and 2 concentrate levels diet (low and high). Randomized complete block design with 5 replications was employed. The experiment was carried out in two trials. In the first trial, were utilized 40 lamb males, during 56 days, where 14 days of adaptation to the management, and the other 42 days were to collect data. Intakes of dry matter, crude protein, neutral detergent fiber, ether extract and water, besides average daily gain and food conversion, were evaluated. Animals kept in shaded area, had higher intakes of dry matter and nutrients than animals kept in non-shaded area. Animals fed with high concentrate level diet had higher intakes of dry matter and nutrients than those fed with low concentrate level diet. Intake means of dry matter, crude fiber, neutral detergent fiber, ether extract and water, were 84,24 g/BW0,75, 3,78% of BW e 1003,81 g/head/day; 12,92 g/BW0,75,

0,57% of BW e 147,23 g/head/day; 39,69 g/BW0,75, 1,78% of BW e 441,79

g/head/day; 3,35 g/BW0,75, 0,14% of BW e 38,03 g/head/day; 317,62 g/BW0,75, 4,27%

of BW e 3550,00 g/head/day, respectively. Average daily gain and feed conversion were higher for animals fed with high concentrate level diet than those fed with low concentrate level diet. Value means registered were 148g/head/day and 8,3 kg/kg, respectively. Trial 2 were carried out with 20 lamb males. Rectal temperature and respiration rate were measured during 17 days. Animals fed with high concentrate level diet presented higher respiration rate than animals fed with low concentrate level diet, independently of shade (87 and 71 mov/min, respectively). Without shade animals presented the highest respiration rate during afternoon (91 mov/min).

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1. INTRODUÇÃO

Os países situados em zonas tropicais e sub-tropicais, caracterizados por serem em sua maioria países em desenvolvimento, têm o setor primário da economia com papel destacado, como grande gerador de renda e com função social marcante.

Nestas zonas, os maiores entraves ao incremento da produtividade animal são a baixa disponibilidade de forragem de boa qualidade, a limitada disponibilidade de água, alta temperatura atmosférica e altos níveis de radiação solar direta e indireta (SILANIKOVE, 1992).

Desta forma a interação animal x ambiente deve ser considerada, quando se busca maior eficiência na exploração pecuária. As diferentes respostas do animal às peculiaridades de cada região, são determinantes no sucesso da atividade através da adequação do sistema produtivo às características do ambiente e ao potencial produtivo dos ruminantes.

Assim, a correta identificação dos fatores que influem na vida produtiva do animal, tais como o estresse imposto pelas flutuações estacionais do meio-ambiente, permitem ajustes nas práticas de manejo dos

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sistemas de produção, possibilitando dar-lhes sustentabilidade e viabilidade econômica.

Desta forma o conhecimento das variáveis climáticas, sua interação com os animais e as respostas comportamentais, fisiológicas e produtivas são preponderantes na adequação do sistema de produção aos objetivos da atividade.

Concentrando grande parte do rebanho ovino do País, a região Nordeste se destaca pelo potencial de produção desta espécie, a qual tem características peculiares que lhe conferem boa capacidade produtiva nos mais variados ecossistemas da região.

Produtos como a carne e a pele ovina, bastante valorizadas no mercado interno e externo, garantem a esta atividade boa rentabilidade, sendo necessário a adequação dos sistemas de produção, bem como a organização do setor, para o crescimento da atividade.

Neste sentido, o confinamento de ovinos como sistema de produção intensivo, tem se mostrado viável e extremamente promissor, de forma a garantir constância na oferta e maior qualidade do produto a ser comercializado.

Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do estresse ambiente, na região litorânea do Ceará, sobre o desempenho produtivo e respostas fisiológicas de ovinos da raça Santa Inês em confinamento.

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2.

REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Variáveis Climáticas

A temperatura do ar é considerada o fator climático mais importante influindo no ambiente físico do animal (McDOWELL, 1974). É determinada pela radiação solar incidente na superfície terrestre, a qual varia com o ângulo de incidência dos raios solares, com o comprimento do dia, com a transmissividade da atmosfera e com a cobertura do céu (TUBELIS & NASCIMENTO, 1980). No entanto, além da radiação oriunda diretamente do sol, a temperatura é influenciada também pela radiação terrestre, a qual é emitida pelas superfícies que absorveram a energia solar incidente (YOUNG, 1988).

Dentro de uma ampla faixa de temperatura, podem ser definidas zonas térmicas que proporcionam maior ou menor conforto ao animal. Os animais para terem a máxima produtividade dependem de uma faixa de temperatura adequada também chamada de zona de conforto térmico, onde não há gasto de energia ou atividade metabólica para aquecer ou esfriar o corpo. Do ponto de vista de produção, este aspecto reveste-se de muita

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importância devido ao fato de que, dentro desses limites os nutrientes ingeridos pelos animais serão utilizados exclusivamente para o seu crescimento e desenvolvimento, e não, para aquecer ou esfriar o corpo (BAÊTA & SOUZA, 1997).

Também, no acondicionamento ambiental dos animais, reveste-se de importância o conceito “temperatura crítica” que marca o limite da “zona de termoneutralidade” e determinam os pontos da temperatura ambiente, abaixo ou acima da qual os animais precisam ganhar ou perder calor para manter sua temperatura corporal (BAÊTA & SOUZA, 1997).

Segundo FUQUAY (1981), a temperatura de conforto para a maioria das espécies está em torno de 24o e 27oC, sendo dependente do grau de aclimatação, nível de produção, estado de prenhez, movimento do ar e umidade relativa.

Valores semelhantes são destacados por Alexander & Williams (1961) citados por HASSANIN (1996), que apontam valores variando de 25o a 30oC como temperaturas ambientais ideais à cordeiros recém-nascidos.

BEEDE & COLLIER (1986) destacaram que a redução no consumo alimentar depende da temperatura ambiente e da composição da dieta.

Em temperaturas ambientais acima de 25oC, o grande incremento calórico proporcionado por dietas contendo alto nível de volumoso, pode prejudicar a eficiência de utilização deste alimento, quando comparado às dietas com nível maior de concentrado. A magnitude desta diferença é suficiente para justificar a consideração da temperatura ambiente na formulação de rações para ruminantes (MOOSE et al., 1969).

Sobre a nutrição, o estresse calórico altera os requerimentos absolutos por nutrientes específicos, os processos fisiológicos e metabolismo, e ainda reduz o consumo total (BEEDE & COLLIER, 1986).

BHATTACHARYA & UWAYJAN (1975) relataram que o estresse calórico em ovinos, proporcionado pela alta temperatura ambiente, associada

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a baixa umidade, não afetam adversamente o animal, ao menos que esta temperatura se eleve acima de 32oC. O efeito parece ser apenas sobre o

consumo de alimentos, que sofre redução. A digestibilidade dos nutrientes permanece quase que inalterada, sendo encontrada redução quando além da temperatura elevada, se observa também alta umidade.

A umidade atmosférica é outra variável de grande importância para o bem-estar do animal, influenciando marcantemente no balanço calórico em ambientes quentes onde a perda de calor por evaporação é crucial à homeotermia (YOUNG, 1988).

Maior pressão de vapor devido a alta umidade do ar, conduz a menor evaporação da água contida no animal para o meio, sendo portanto o resfriamento do animal mais lento. Já menor pressão de vapor, exerce resfriamento do animal mais rapidamente, devido a maior taxa de evaporação da água através da pele e do aparelho respiratório. Estas duas situações são encontradas em climas quente e úmido, e quente e seco, respectivamente (McDOWELL, 1974).

Algumas espécies animais dependem mais da respiração para dissipar calor do que da sudorese, em outras, esta assume maior importância. Nas espécies que tem a sudorese como principal forma de dissipar calor, a elevada umidade do ar, provoca maior impacto nas trocas de calor, comparadas com as primeiras (YOUNG, 1988).

Desta forma, existem diversas combinações onde valores de temperatura e umidade podem representar condições estressantes ou não, e a determinação exata destes valores é quase impossível de ser realizada, pois varia de acordo com o animal e a condição que ele se encontra (BARBOSA, 1995).

O estresse calórico é causado primariamente pela alta temperatura do ar, mas pode ser intensificado pela alta umidade, radiação térmica e pouco movimento do ar, podendo ter efeito negativo sobre os rebanhos manejados intensivamente (MORRISON, 1983).

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Vários índices foram desenvolvidos para prever o conforto térmico dos animais, sendo o mais conhecido, o índice de temperatura e umidade (ITU) (Thom, 1958 citado por BARBOSA, 1995).

Segundo Hahn (1985) citado por BARBOSA (1995) valores de ITU de 70 ou menos mostra condição normal, entre 71 e 78 crítico, entre 79 e 83 perigo e acima de 83 condição de emergência.

2.2. Trocas de Calor

O ganho ou a perda de calor, definidos como termorregulação, é a forma pela qual o animal controla sua temperatura corporal (FUQUAY, 1981)

A taxa de ganho ou de perda do calor corporal, depende da carga térmica, capacidade calórica do animal, respostas termorregulatórias (YOUNG, 1988) e ainda da capacidade do ambiente de receber calor ou vapor d’água (FINCH, 1986)

O calor é trocado entre os animais e o ambiente da mesma forma como é trocado entre sistemas não-biológicos (YOUNG, 1988). Os processos físicos envolvidos são condução, evaporação, convecção e radiação (McDOWELL, 1974; FUQUAY, 1981; FINCH, 1986; YOUNG, 1988).

A condução consiste na passagem de energia térmica de uma partícula para outra como consequência do gradiente de temperatura. No animal a transferência é realizada do centro do animal em direção à pele, e desta para o meio que a rodeia (pelo, lã, etc.). A condução também facilita as trocas de calor de superfícies internas em contato com o ambiente externo, como o aparelho respiratório e o digestivo (McDOWELL, 1974).

A evaporação é a passagem da água para o estado de vapor, a qual ocorre na superfície corporal e no aparelho respiratório, e é o processo mais

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eficiente na eliminação de calor pelo animal (McDOWELL, 1974), pois não é dependente do gradiente térmico (FUQUAY, 1981).

A convecção consiste na transferência de energia térmica através da circulação de um fluído ou de um gás, a uma temperatura não uniforme. A convecção facilita as trocas de calor tanto interna como externamente, através do sangue circulante e do movimento do ar, respectivamente. No entanto, vale salientar, que a convecção aumenta a transferência de calor em qualquer direção. Se a temperatura do ar estiver menor do que a temperatura corporal, o animal perderá calor; ou se a temperatura do ar estiver maior do que a temperatura corporal, o animal ganhará calor (McDOWELL, 1974).

Segundo FINCH (1986) para se entender o controle da temperatura corporal e sua relação com a produtividade, é necessário analisar o animal sob o ponto de vista ambiental e nutritivo, pois o efeito do calor sobre a temperatura corporal não é determinado apenas pelo clima, mas também pela disponibilidade de água e alimento.

A massa, temperatura e estado físico de tudo que é ingerido ou inalado (alimento, água e ar), e de tudo que é excretado (leite, fezes, urina, etc.) pelo animal, também afetam o conteúdo calórico do corpo, consequentemente a temperatura (YOUNG, 1988).

O calor metabólico gerado, inclui o oriundo da produção de energia para mantença, mais incremento calórico devido à exercícios, crescimento, lactação, gestação e alimentação, sendo que maiores taxas destas atividades resultará em mais calor metabólico (FUQUAY, 1981).

Segundo FINCH (1986) mudanças na qualidade e quantidade de alimentos ingeridos alteram a intensidade de calor metabólico.

FUQUAY (1981) destacou que as gramíneas perenes tropicais por apresentarem alta proporção de carboidratos estruturais, quando fermentadas no rumen produzem bastante calor, que acarreta prejuízos ao animal.

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Os animais alimentados com plano de nutrição elevado, reagem mais dramaticamente, quando comparados com aqueles em nível inferior nutricionalmente (Robinson & Lee, 1947; Yeates, 1956a, citados por FUQUAY, 1981).

Já BEEDE & COLLIER (1986) consideraram que os animais manejados intensivamente são menos afetados pelo estresse, que aqueles mantidos em pastejo, pois a redução no consumo se dá principalmente devido à menor ingestão de forragem. Portanto, este efeito é mais pronunciado nos animais alimentados com maior nível de forragem na dieta.

No entanto, a simples relação do organismo animal com sistemas não-biológicos, no que diz respeito às trocas calóricas, se torna mais complicada em virtude dos animais alterarem seu comportamento, postura e vários processos fisiológicos para modificar a taxa de transferência de calor para o ambiente (YOUNG, 1988).

2.3. Organismo Animal

2.3.1. Atividade respiratória e temperatura corporal

O incremento da atividade respiratória, é uma importante forma do animal perder calor quando submetido a temperaturas elevadas e se constitui no primeiro sintoma visível da resposta ao estresse térmico (McDOWELL, 1974).

O controle da temperatura corporal é consequência dos mecanismos termorregulatórios do animal, e é a resistência às trocas de energia entre o organismo e o ambiente (FINCH, 1986).

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A temperatura retal normal para muitas raças de ovinos varia entre 37,5o e 40,5oC, tendo como valor médio 39,5oC (Esmay, 1978 citado por

HASSANIN et al., 1996).

A temperatura retal é influenciada pela atividade muscular, raça, sexo, idade, comprimento da lã, estação do ano, radiação solar e temperatura ambiente (Bianca, 1968; Ulberg, 1971 citados por HASSANIN et al., 1996).

Temperaturas corporais excessivas originam efeitos prejudiciais sobre distintos processos fisiológicos, principalmente os metabólicos. Aumento de temperatura corporal de 0,5oC ou superior reduz o consumo de alimento, aumenta a taxa respiratória e reduz o rendimento. Este incremento na temperatura orgânica, visa favorecer as perdas de calor por condução (McDOWELL, 1974).

A frequência respiratória (FR) e a temperatura corporal de ovinos de raças puras e mestiços foram medidas por MILLER & MONGE (1946) que registraram menor FR para os mestiços, comparados às raças puras e maior influência do ambiente sobre a temperatura dos animais puros.

APPLEMAN & DELOUCHE (1958), avaliando as respostas de caprinos submetidos a uma elevação da temperatura ambiente de 20oC para

40oC, observaram aumento na temperatura retal nas primeiras 6 horas, retornando rapidamente à temperatura corporal normal, com a redução na temperatura ambiente até 20oC, e registraram grande aumento na freqüência respiratória, não sendo observado este incremento com pequena redução da temperatura ambiente.

AMES et al. (1971), estudando o balanço energético durante o estresse calórico em ovelhas Suffolk, registraram aumento de 1oC na temperatura corporal, com o aumento de temperatura do ar de 25o para 45oC.

Avaliando-se a exposição de ovinos ao calor durante um período de 7h, depois retornando à temperatura ambiente mais amena, JOHNSON (1971) observou aumento na temperatura corporal e na frequência respiratória, da onde concluiu-se que nenhum dos animais testados

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apresentavam habilidade na regulação da temperatura corporal, como adaptação ao estresse térmico.

BHATTACHARYA & HUSSAIN (1974), avaliando o efeito do estresse calórico sobre ovinos, alimentados com dietas variando o nível de fibra, encontraram aumento na frequência respiratória, temperaturas retal, intratoráxica e sub-cutânea dos animais submetidos a alta temperatura, sendo este efeito mais pronunciado nos tratamentos recebendo dietas contendo 75% de volumoso.

Em dois experimentos realizados com ovinos, BHATTACHARYA & UWAYJAN (1975) submeteram os animais à temperatura controlada, oscilando de 20oC até 27oC durante o dia e voltando a 20oC durante a noite, para o primeiro ensaio, sendo que para o segundo, a temperatura ambiente alcançava 33oC durante o período mais quente. A umidade decrescia com o incremento da temperatura ambiente, simulando um dia quente e seco. Os animais foram alimentados com dietas com níveis crescentes de concentrado (25%, 50% e 75%). Nos dois ensaios, o estresse ambiental promoveu aumento significante na frequência respiratória dos animais, não afetando, contudo, a temperatura corporal dos animais.

SINGH & ACHARYA (1977), analisando o modo de dissipação de calor em diferentes tipos de ovinos, registraram temperaturas retais variando de 38,6o a 39,7oC e frequência respiratória variando de 106 a 165 mov/min, quando submetidos à temperatura ambiente de 33,5oC e umidade relativa de

40%.

HOPKINS et al. (1978), avaliando as respostas fisiológicas de ovinos tropicais expostos diretamente ao sol, registraram como menores valores de temperatura retal e frequência respiratória 39,4oC e 110 mov/min respectivamente, enquanto os animais menos adaptados apresentaram valores de TR e FR de 40oC e 190 resp/min, respectivamente.

RAI et al. (1979), avaliando diferentes raças de ovinos em câmara climática, observaram que o maior incremento na freqüência respiratória em

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uma das raças ocorreu a 25oC e tendeu a continuar quando a temperatura da câmara foi elevada para 42oC.

Estudando a variação de temperatura corporal pela manhã e à tarde, de caprinos das raças Bhuj, Anglo-Nubiana e Canindé, e ovinos das raças Santa Inês e Morada Nova, ARRUDA et al. (1984) registraram maior elevação da temperatura corporal às 14:00h, em caprinos da raça Canindé e ovinos da raça Santa Inês, enquanto um aumento relativamente menor foi exibido pelos caprinos das raças Bhuj e Anglo-Nubiana e pelos ovinos da raça Morada Nova.

GUPTA & ACHARYA (1987) avaliando a tolerância ao calor de ovinos expostos ao sol de 8:00h às 15:00h, em região semi-árida, encontraram valores de temperatura retal variando de 39,53o a 39,84oC antes da

exposição ao sol, e valores variando de 40,58o a 41,08oC após a exposição. As temperaturas do ar médias registradas pela manhã e pela tarde foram 31,13o e 41,68oC respectivamente, e as umidades relativas foram 36,17% e 18,17% respectivamente para manhã e para a tarde.

SOUTO et al. (1990b), verificando as reações fisiológicas de ovinos em câmara climática, submetidos a temperaturas ambiente entre 22-25oC e 32-35oC, e umidade relativa em torno de 75%, alimentados com dietas de quatro níveis de energia, observaram que houve efeito da interação nível de energia x faixa de temperatura, sobre a temperatura retal, e registraram aumento na frequência respiratória com o aumento da temperatura ambiente, e que esta elevação na frequência não evitou o aumento da temperatura retal dos animais.

SOUZA et al. (1990), avaliando o comportamento fisiológico de ovinos deslanados no semi-árido, expostos ao sol e em ambiente de sombra, encontraram valores para temperatura retal e frequência respiratória para animais da raça Santa Inês na sombra de 38,61oC e 27’ mov/min respectivamente, enquanto para o sol os valores foram de 38,84oC e 27,90 mov/min., respectivamente.

(23)

Em estudo analisando as respostas fisiológicas de ovinos em pastejo, durante um período de 17 a 24 h, JOHNSON (1991), não observou diferenças na frequência respiratória dos animais expostos ao sol e sob a sombra. Foram registradas durante o ensaio, temperaturas atmosféricas variando de 28o a 41oC.

HASSANIN et al. (1996), avaliando a influência da sombra fornecida por uma cobertura de amianto durante o verão sobre ovinos em crescimento, observaram que a mesma não evitou que os animais entrassem em hipertermia, sendo que durante o dia os animais expostos à radiação solar direta apresentaram uma maior temperatura corporal, e durante a noite os que apresentaram maior temperatura foram os animais mantidos sob a cobertura, concluindo-se desta forma que a sombra proporcionada pelo amianto não foi útil pois interferiu na dissipação do calor corporal durante a noite.

PADUA & SILVA (1996c) em trabalho analisando o efeito do estresse térmico sobre características fisiológicas de borregos Ideal, registraram maior variação na frequência respiratória dos animais submetidos ao tratamento térmico, quando comparados a testemunha, 105,47 mov/min e 34,22 mov/min respectivamente, bem como maior variação na temperatura retal, 1,07oC x 0,31oC respectivamente.

BROSH et al. (1998), estudando o efeito da radiação solar e do nível de energia da dieta, registraram aumento da temperatura retal e frequência respiratória dos animais alimentados com dietas de alta energia, assim como foi afetada pela exposição ao sol.

DIXON et al. (1999), estudando a interação entre o estresse calórico e a nutrição em ovinos alimentados com dietas à base de volumosos, observaram que os animais mantidos sob estresse apresentavam temperatura corporal e frequência respiratória maior (40,1oC x 39,2oC, 196 x 56 mov/min, respectivamente).

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(Co) e Hampshire Down (Hd), TUTIDA et al (1999) observaram que a FR foi maior dos ovinos da raças Corriedale e Hampshire Down em temperatura elevada (31,8oC) que a da raça Bergamácia, demonstrando que a via respiratória é o principal mecanismo pelo qual as raças Co e Hd perdem calor. Concluíram ainda que a raça Bergamácia foi a que apresentou melhor comportamento fisiológico para a FR, mostrando ser mais tolerante ao estresse calórico. Com relação à temperatura retal, foi observado que houve influência do mês apenas para a raça Hampshire Down, sendo maior no verão, diminuindo no outono e no inverno e aumentando novamente na primavera. Concluindo que esta raça mostrou dificuldade em manter a homeotermia corporal.

2.3.2. Consumo de água

Com o aumento da taxa de evaporação no organismo, a água procede do sangue, o qual deve ser reposto por diversas fontes, como o estômago, intestino, fluídos intersticiais, fezes e, provavelmente, da oxidação de alguns carboidratos, gorduras ou proteínas armazenadas (McDOWELL, 1974).

Após a extração da água destas fontes, ocorrem reações através do sangue ou por meio de impulsos nervosos, sobre o “centro regulador da sede”, para criar um desejo de beber, para assim repor os níveis normais de água orgânica (McDOWELL, 1974).

Vários fatores influenciam o consumo de água durante o estresse térmico, tais como o nível de consumo de alimentos, a forma física da dieta, estado fisiológico do animal, espécie e raça, qualidade, acessibilidade e temperatura da água (NRC, 1981).

Segundo Blaxter et al. (1959) e Silanikove (1987a) citados por SILANIKOVE (1992) os ovinos apresentam comportamento diferenciado

(25)

quando expostos à ambientes quentes, ingerindo quantidade muito superior às suas necessidades.

Em ovinos, Benjamin et al. (1977) e Silanikove (1987a) citados por SILANIKOVE (1992) destacam que a relação consumo de água/alimento é quase constante em uma grande variedade de ambientes.

APPLEMAN & DELOUCHE (1958), estudando as respostas de caprinos submetidos a elevação da temperatura ambiente de 20oC para 40oC,

observaram aumento no consumo, na frequência e no tempo gasto ingerindo água.

BHATTACHARYA & HUSSAIN (1974) avaliando o efeito do estresse calórico sobre ovinos, registraram maior ingestão de água dos animais submetidos a alta temperatura e alta umidade.

Estudando o efeito de quatro faixas de temperatura em câmara, HUERTAS et al. (1974) concluíram que a elevação da temperatura ambiente tende a aumentar o consumo de água por unidade de matéria seca.

MENDES et al. (1976a) testando quatro níveis de energia na dieta fornecida a ovinos, submetidos à duas faixas de temperatura ambiental (32-35oC e 22-25oC), verificaram que a ingestão de água foi significativamente

afetada pela temperatura ambiental, não sendo influenciada pelo nível de energia da ração.

SINGH et al. (1978) estudando a utilização dos alimentos por ovinos expostos a alta temperatura ambiente encontraram valores de consumo de água variando de 3,6 a 4,1 litros/animal/dia ou de 2,39 a 3,28 litros/kg de matéria seca ingerida.

GUPTA & ACHARYA (1987), avaliando a tolerância ao calor de ovinos expostos ao sol de 8:00h às 15:00h, em região semi-árida, registraram consumos de água variando de 2,74 a 3,44 kg/animal/dia, ou 89,92 a 114,83 g/kg de peso vivo. As temperaturas do ar médias registradas pela manhã e

(26)

pela tarde foram 31,13o e 41,68oC respectivamente, e as umidades relativas foram 36,17% e 18,17% respectivamente para manhã e para a tarde.

SOUTO et al. (1990a), determinando o consumo de alimento e água por ovinos mantidos em câmara climática com temperaturas de 22-25oC e 32-35oC, empregando-se dietas com quatro níveis de energia metabolizável, concluíram que o consumo de água foi diretamente relacionado com a temperatura ambiente.

PADUA & SILVA (1996c) em trabalho analisando o efeito do estresse térmico sobre o desempenho de borregos da raça Ideal, registraram maior consumo de água dos animais submetidos ao tratamento térmico, quando comparados a testemunha, 2,70 ± 0,24kg/dia e 2,70 ± 0,18kg/dia respectivamente.

BROSH et al. (1998), estudando o efeito da radiação solar e do nível de energia da dieta, registraram aumento no consumo de água dos animais alimentados com dietas contendo alto nível de energia, não sofrendo porém efeito da exposição ao sol.

2.3.3. Consumo de alimentos

Uma das primeiras respostas ao estresse térmico na maioria dos animais, é a diminuição no consumo de alimentos. A intensidade da redução parece estar relacionada diretamente com o nível de estresse (CHURCH et al., 1972; McDOWELL, 1974).

Segundo BEEDE & COLLIER (1986), a redução no consumo ocorrida próximo ou acima da temperatura crítica do animal, é largamente aceita como a maior influência negativa sobre a produtividade. Sendo esta temperatura crítica dependente da composição da dieta, quando esta for menos digestível, maior será a taxa e a extensão da redução no consumo.

(27)

APPLEMAN & DELOUCHE (1958) avaliando as respostas de caprinos submetidos a uma elevação da temperatura ambiente de 20oC para

40oC, observaram redução no tempo gasto consumindo forragem.

Estudando a relação entre a temperatura e a energia em ovinos em terminação, SODERQUIST & KNOX (1967) submeteram os animais às temperaturas de 23oC e 35oC, e registraram consumo de matéria seca de 1,007 e 0,795kg/dia. Os animais foram alimentados com dieta constituída de 50% de alfafa, 25% de milho e 25% de cevada.

BHATTACHARYA & HUSSAIN (1974), avaliando o efeito do estresse calórico sobre ovinos, alimentados com dietas variando o nível de fibra, registraram menor consumo de alimentos dos animais submetidos a alta temperatura e alta umidade.

Estudando o efeito de quatro faixas de temperatura em câmara, HUERTAS et al. (1974) concluíram que a elevação da temperatura ambiente reduziu linearmente os consumos de matéria seca, de proteína digestível e de energia digestível.

Em dois experimentos realizados com ovinos, BHATTACHARYA & UWAYJAN (1975) submeteram os animais à temperatura controlada, oscilando de 20oC até 27oC durante o dia, e voltando a 20oC durante a noite, para o primeiro ensaio, sendo que para o segundo, a temperatura ambiente alcançava 33oC durante o período mais quente. A umidade decrescia com o incremento da temperatura ambiente, simulando dia quente e seco. Os animais foram alimentados com dietas com níveis crescentes de concentrado. No primeiro ensaio o consumo de alimentos não foi alterado, entretanto, no segundo experimento foi observada significativa redução.

MENDES et al. (1976a), testando quatro níveis de energia na dieta fornecida a ovinos, submetidos à duas faixas de temperatura ambiental (32-35oC e 22-25oC), verificaram que o consumo de matéria seca não foi afetado

(28)

Avaliando o efeito de quatro níveis de energia da ração, sobre o comportamento nutricional de ovinos, mantidos em câmara climática a temperatura de 32-35oC e umidade relativa do ar de 75%, MENDES et al. (1976b) concluíram que os níveis de energia das rações não afetaram significativamente os consumos de matéria seca, proteína digestível e energia digestível, entretanto maiores consumos de matéria seca digestível foram observados com o aumento do nível de energia da ração.

AMES & BRINK (1977), avaliando o efeito da temperatura no desempenho de cordeiros, observaram alteração no consumo de alimento pela variação da temperatura desde -05oC a 35oC.

SINGH et al. (1978), estudando a utilização dos alimentos por ovinos expostos a alta temperatura ambiente encontraram valores de consumo de alimento variando de 3,8% a 4,6% do peso vivo.

GUPTA & ACHARYA (1987), avaliando a tolerância ao calor de ovinos expostos ao sol de 8:00h às 15:00h, em região semi-árida, registraram consumos de alimento variando de 442,5 a 526,5 kg/animal/dia, ou 11,94 a 19,43 g/kg de peso vivo. As temperaturas do ar médias registradas pela manhã e pela tarde foram 31,13o e 41,68oC respectivamente, e as umidades relativas foram 36,17% e 18,17% respectivamente para manhã e para a tarde.

SOUTO et al. (1990a), determinando o consumo de alimento e água por ovinos mantidos em câmara climática com temperaturas de 22-25oC e

32-35oC, empregando-se dietas com quatro níveis de energia metabolizável, concluíram que os consumos de matéria seca, matéria seca digestível e energia digestível foram maiores na faixa de temperatura mais baixa. Os níveis de energia metabolizável das rações não tiveram influência sobre os consumos de matéria seca, matéria seca digestível, energia e proteína digestíveis.

COSTA et al. (1992), avaliando o comportamento ingestivo de ovinos tosquiados e não tosquiados, submetidos à diferentes temperaturas e umidades, observaram que com aumento da temperatura e da umidade

(29)

houve redução no consumo de forragem e aumento no consumo de concentrado.

PADUA & SILVA (1996b) em trabalho analisando o efeito do estresse térmico sobre o desempenho de borregos, encontraram redução no consumo diário de alimentos (0,92kg) comparados aos animais não submetidos ao estresse térmico (1,03kg).

BROSH et al. (1998), estudando o efeito da radiação solar e do nível de energia da dieta, não encontraram efeito sobre a ingestão de matéria seca e de energia metabolizável para os animais expostos à radiação solar alimentados com dieta de alto nível energético.

DIXON et al. (1999), avaliando a interação entre o estresse calórico e a nutrição em ovinos alimentados com dietas à base de volumosos, observaram que os animais mantidos sob estresse apresentaram menor consumo de matéria seca e de energia metabolizável. No entanto, o fornecimento de suplemento aumentou o consumo de energia metabolizável, e não alterou o consumo de matéria seca. Em conclusão, nenhuma combinação das variáveis ambientais com o balanço nutricional da dieta teve efeito sobre o consumo.

2.3.4. Eficiência na utilização dos alimentos

Animais mantidos em ambiente quente, sofrem uma redução na eficiência de utilização da energia (Mcdowell, 1972; NRC, 1981 citados por BEEDE & COLLIER, 1986). Isto é devido ao maior requerimento energético, resultado da elevação do metabolismo e das atividades necessárias à redução do estresse (BEEDE & COLLIER, 1986).

Analisando o efeito da temperatura ambiente constante a 32,2oC, sobre vacas em lactação, McDOWELL et al. (1969) observaram pequeno

(30)

proporcionalmente a quase duas vezes a energia digestível ingerida, resultando em menor eficiência de utilização da energia.

Estudos conduzidos comparando-se o efeito da sombra sobre o desempenho de cordeiros, foram registrados conversão alimentar 15% maior para os animais mantidos protegidos da radiação solar direta (Moose & Ross, 1964, citados por MORRISON, 1983).

Estudando a relação entre a temperatura e a energia em ovinos em terminação, SODERQUIST & KNOX (1967) submeteram os animais às temperaturas de 23oC e 35oC, e registraram valores para retenção de nitrogênio de 8,63 e 0,45 gm/dia, e balanço carbono : nitrogênio de 919,5 e -268,1kcal/dia, respectivamente. Foi observada uma maior perda de energia na forma de metano e de calor no ambiente quente, reduzindo a eficiência energética.

BHATTACHARYA & HUSSAIN (1974), avaliando o efeito do estresse calórico sobre ovinos, alimentados com dietas variando o nível de fibra, encontraram uma menor digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo e energia para os animais submetidos a alta temperatura e alta umidade, no entanto, a digestibilidade da fibra bruta e do extrato não nitrogenado não foram afetados.

Em dois experimentos realizados com ovinos, BHATTACHARYA & UWAYJAN (1975) submeteram os animais à temperatura controlada, oscilando de 20oC até 27oC durante o dia, e voltando a 20oC durante a noite,

para o primeiro ensaio, sendo que para o segundo, a temperatura ambiente alcançava 33oC durante o período mais quente. A umidade decrescia com o incremento da temperatura ambiente, simulando dia quente e seco. Os animais foram alimentados com dietas com níveis crescentes de concentrado. No primeiro ensaio a digestibilidade não foi afetada pela estresse ambiental, entretanto, no segundo experimento a digestibilidade da fibra bruta foi aumentada.

AMES & BRINK (1977), avaliando o efeito da temperatura na desempenho de cordeiros, observaram alteração na digestibilidade dos

(31)

nutrientes e no balanço de nitrogênio pela variação da temperatura desde -05oC a 35oC.

AMES et al. (1980), sugeriram que devido ao aumento nos requerimentos nutricionais para mantença, a energia disponível para o crescimento é reduzida, acarretando menores ganhos de peso. Se o fornecimento de proteína for constante como percentagem da dieta, a relação proteína fornecida : energia disponível para crescimento será elevada, diminuindo desta forma a eficiência de utilização da proteína. Desta forma a adequação da proteína fornecida à energia disponível para crescimento, será importante para melhorar a eficiência de utilização da proteína, bem como reduzir os custos de alimentação.

Estudando o efeito de quatro faixas de temperatura em câmara, HUERTAS et al. (1974) concluíram que a elevação da temperatura ambiente não afetou os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, da proteína e da energia bruta da ração, assim como também não foi afetada a retenção aparente da energia em relação à energia ingerida. No entanto, a retenção do nitrogênio como percentagem do nitrogênio ingerido decresceu com o aumento da temperatura ambiente.

Avaliando o efeito de quatro níveis de energia da ração, sobre o comportamento nutricional de ovinos, mantidos em câmara climática a temperatura ambiente de 32-35oC e umidade relativa do ar de 75%, MENDES et al. (1976b) concluíram que os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca e da energia foram maiores na ração hipercalórica. A retenção aparente da energia aumentava, acompanhando o aumento no nível de energia da ração.

HIGGINBOTHAM et al. (1989), estudando a influência da concentração protéica da dieta e sua degradabilidade, sobre a performance de vacas em lactação submetidas à alta temperatura ambiente, obtiveram resultados mostrando que a utilização de dietas com alta concentração protéica (18,5%) de alta degradabilidade ruminal, diminuiu a produção de leite durante a fase intermediária da lactação, quando comparada às produções

(32)

obtidas com dietas de menor concentração protéica (16,1%) e/ou menor degradabilidade ruminal.

BUNTING et al. (1992), utilizando cordeiros expostos à alta temperatura ambiente, avaliaram o efeito da concentração de proteína que escapa da degradabilidade ruminal sobre a retenção do nitrogênio. Observaram que os animais submetidos à alta temperatura e recebendo alta concentração de PB que escapa da digestão ruminal, apresentaram maior retenção do nitrogênio, comparados aos animais que compunham a testemunha.

2.3.5. Crescimento

O estresse calórico afeta negativamente o crescimento e a terminação dos animais, acarretando desta forma efeito deletério na produção de carne (WARWICK, 1958).

Quando animais confinados são submetidos ao estresse calórico, o ganho de peso diário é reduzido, como consequência da menor eficiência na conversão de nutrientes em tecidos. A base desta observação é o aumento nos requerimentos energéticos para mantença, que acarreta redução na energia disponível para crescimento (AMES et al., 1980).

Estudos conduzidos comparando-se o efeito da sombra sobre o desempenho de cordeiros, foram registrados ganhos 12% maiores para os animais mantidos protegidos da radiação solar direta (Moose & Ross, 1964 citados por MORRISON, 1983).

Cordeiros alimentados com dietas contendo 70% de concentrado e 30% de volumoso, em ambientes com temperatura variando entre 23-29oC, geralmente têm maiores ganhos de peso e carcaças mais pesadas e de melhor qualidade (MOOSE et al., 1969)

(33)

Estudando o efeito de quatro faixas de temperatura em câmara, HUERTAS et al. (1974) concluíram que houve maior ganho de peso no tratamento em que os animais foram submetidos a baixa temperatura, decrescendo com o aumento da temperatura.

AMES & BRINK (1977), avaliando o efeito da temperatura na performance de cordeiros, observaram decréscimo no ganho de peso diário dos animais submetidos ao estresse calórico.

MENDES et al. (1976a), testando quatro níveis de energia na dieta fornecida a ovinos, submetidos à duas faixas de temperatura ambiental (32-35oC e 22-25oC), verificaram que as faixas de temperatura estudadas afetaram significativamente o ganho de peso dos animais, que foi mais elevado na faixa de temperatura mais amena, e que nesta faixa à medida que se elevou o nível de energia da ração, o ganho de peso decresceu. Na faixa de temperatura mais alta, ao contrário, à medida que se elevava o nível de energia da ração, maiores ganhos de peso foram observados.

PADUA & SILVA (1996c) em trabalho analisando o efeito do estresse térmico sobre o desempenho de borregos Ideal, não encontraram efeito de ambiente sobre o ganho de peso, que foi igual a 0,056kg/dia nos dois tratamentos testados.

DIXON et al. (1999), estudando a interação entre o estresse calórico e a nutrição em ovinos alimentados com dietas à base de volumosos, observaram que os animais mantidos sob estresse apresentaram menor ganho de peso. No entanto, o fornecimento de suplemento incrementou este ganho. Em conclusão, nenhuma combinação das variáveis ambientais com o balanço nutricional da dieta teve efeito sobre a produtividade.

(34)

2.3.6. Aclimatação

Com a prolongada exposição ao ambiente quente, os animais se aclimatam reduzindo seu metabolismo através do menor consumo de alimentos e redução na atividade do hormônio da tireóide (FUQUAY, 1981; MORRISON, 1983).

A exposição repetida ou continuada ao ambiente quente, determina além da adaptação funcional dos principais processos fisiológicos, as mudanças funcionais ou estruturais que aumentam sua capacidade para viver neste tipo de ambiente (McDOWELL, 1974).

Um animal que modifica seus processos até alcançar novo nível, apresentando elevação mínima da temperatura corporal, se considera mais aclimatado ou adaptado para viver em ambiente quente, do que outro que variou notavelmente seu equilíbrio térmico (McDOWELL, 1974).

APPLEMAN & DELOUCHE (1958), avaliando as respostas de caprinos submetidos a elevação da temperatura ambiente de 20oC para 40oC, concluíram que o limite ao estresse calórico para esta espécie está em entre 35-40oC. Ocorrendo falhas na regulação do calor em temperaturas ambiente

iguais ou superiores a 40oC.

Os ovinos apresentam excelente capacidade de insolação, sendo que as diferentes respostas encontradas envolvendo outros ruminantes, podem ser relacionadas à diversidade de propriedades da insolação e tamanho do corpo, considerando que o estresse afeta o metabolismo da água e energético (SILANIKOVE, 1992).

Animais bem adaptados são aptos a manter seu apetite sob estresse, quando mantidos próximos à mantença ou em crescimento moderado (Berbigier, 1983; Brosh et al., 1986a, 1988; Silanikove, 1987a citados por SILANIKOVE, 1992).

(35)

3.

MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Ensaio 1 - Desempenho Produtivo

3.1.1. Localização

O presente trabalho foi conduzido no Setor de Estudo em Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, no período de 20 de outubro a 30 de novembro de 1999.

O município de Fortaleza situa-se na zona litorânea, a 15,49m de altitude, 30o43’02’’ de latitude sul, e 38o32’35’’ de longitude oeste, apresentando médias anuais de temperatura de 26,7oC, umidade relativa de 79% e radiação solar de 147.592 cal/cm2.

(36)

3.1.2. Tratamentos, delineamento experimental e animais

Os fatores estudados foram 2 ambientes (sombra e sol) e 2 níveis de ração concentrada (alto e baixo), que constituíram os seguintes tratamentos:

T1 - animais mantidos à sombra, alimentados com dietas contendo 70% de ração concentrada e 30% de volumoso;

T2 - animais mantidos à sombra, alimentados com dietas contendo 30% de ração concentrada e 70% de volumoso;

T3 - Animais mantidos ao sol, alimentados com dietas contendo 70% de ração concentrada e 30% de volumoso; e

T4 - Animais mantidos ao sol, alimentados com dietas contendo 30% de ração concentrada e 70% de volumoso.

Foi adotado esquema fatorial (2 x 2) em delineamento em blocos casualizados com 5 repetições.

Como volumoso utilizou-se o feno de capim elefante, cortado com 50-60 dias de idade. O feno foi produzido na Fazenda Experimental Vale do Curú, em Pentecoste, Ceará.

A composição químico-bromatológica da ração concentrada e do feno de capim elefante, podem ser vistas na Tabela 1.

Tabela 1 Composição químico-bromatológica da ração concentrada e do feno.

ALIMENTO MS

(%) NDT¹ (%) PB (%) EE (%) FDN (%) CONCENTRADO 94,5 84,8 20,0 4,4 22,2

(37)

A ração concentrada foi formulada após a análise químico-bromatológica do feno de capim elefante, visando obter-se na dieta com alto nível de ração concentrada 75% de NDT e 16% de PB (base da matéria seca da dieta total), conforme as Tabelas 2 e 3.

Tabela 2 Composição da ração concentrada em termos de participação percentual dos ingredientes.

Ingrediente Percentual Farelo de Milho 67,3 Farelo de Soja 29,8 Sal mineral 1,6 Sal comum 1,0 Complexo vitamínico 0,3

Tabela 3 Composição centesimal e químico-bromatológica das dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada.

Nível ração concentrada Alto Baixo

Concentrado (%) 70,0 30,0 Feno (%) 30,0 70,0 Dieta Total MS (%) 95,0 95,7 NDT1 (%) 76,0 64,0 PB (%) 15,8 10,2 EE (%) 3,9 3,1 FDN (%) 37,7 58,4 1. Valor tabelado, NRC (1985).

Foram utilizados 40 animais machos inteiros, da raça Santa Inês, com peso médio entre 18 e 20 Kg, distribuídos aleatoriamente nos quatro tratamentos.

Foram avaliados os consumos de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, extrato etéreo e água, além do ganho de peso médio diário e conversão alimentar. Os consumos foram expressos em g por

(38)

animal/dia, % do peso vivo (PV) por dia e g por unidade de tamanho metabólico (UTM) por dia (g/PV0,75/dia).

3.1.3. Manejo dos animais

Os animais foram confinados em baias com 2,5 m2, recebendo alimentação dividida em duas porções diárias, às 7:00h e às 16:00h. A alimentação dos animais foi fornecida sob a forma de dieta total. No horário matinal era recolhida e pesada a sobra do alimento fornecido no dia anterior, bem como era medido o consumo de água. O controle do consumo de alimentos foi realizado objetivando-se manter a sobra entre 10% e 15% do total fornecido. A água foi fornecida ad libitum.

Os animais foram pesados a cada 14 dias, durante todo o experimento, o qual teve duração de 56 dias (14 dias de adaptação + 42 dias de avaliação).

Foi realizada a vermifugação e identificação de todos os animais no início da fase experimental.

3.1.4. Coleta de amostras e análises químico-bromatológicas

Foram coletadas semanalmente amostras do alimento fornecido e das sobras. Estas foram analisadas tomando-se o material coletado em duas semanas e formando uma amostra composta, representativa do período entre duas pesagens (14 dias).

Os teores de matéria seca, nitrogênio total, extrato etéreo e fibra em detergente neutro foram determinados no Laboratório de Nutrição Animal da

(39)

EMBRAPA – Caprinos em Sobral, Ceará, seguindo metodologias descritas por SILVA (1990).

3.1.5. Análise estatística

Foi realizada análise de variância utilizando-se o programa STATYSTICAL ANALYSES SYSTEM (1986).

Para testar as hipóteses dos efeitos da condição de instalação e nível de concentrado na dieta, foi utilizado o teste de “SNK” na análise de variância.

Modelo estatístico:

yijk = µ + Ai + Bj + (AB)ij + C + eijk

Onde:

yijk = variável em observação

µ = média geral

Ai = efeito do ambiente

Bj = efeito da dieta

(AB)ij = efeito da interação ambiente x dieta

C = efeito do bloco eijk = erro experimental

(40)

3.2. Ensaio 2 - Avaliação Bioclimatológica

3.2.1. Localização

O presente trabalho foi conduzido no Setor de Estudo em Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará (U.F.C.), Fortaleza, Ceará, no período de 06 a 23 de dezembro de 1999.

O município de Fortaleza situa-se na zona litorânea, a 15,49m de altitude, 30o43’02’’, de latitude sul, e 38o32’35’’ de longitude oeste,

apresentando médias anuais de temperatura de 26,7oC, umidade relativa de 79% e radiação solar de 147.592 cal/cm2.

3.2.2. Tratamentos, delineamento experimental e animais

Foram utilizados os mesmos tratamentos, delineamento experimental e animais do ensaio de desempenho, porém as parcelas experimentais foram constituídas de apenas um animal, para permitir que as medidas fossem tomadas no menor espaço de tempo possível. Em cada parcela o animal avaliado foi escolhido por sorteio.

(41)

3.2.3. Manejo dos animais e tomada de dados bioclimatológicos

Os animais foram confinados em baias com 2,5m2, onde foram

tomadas diariamente durante 17 dias, a temperatura retal e a frequência respiratória dos animais, às 7:00h e às 13:30h, bem como temperatura de bulbo seco e bulbo úmido.

A temperatura retal foi medida, introduzindo-se um termômetro no reto do animal, a uma profundidade aproximada de 10cm, de forma que o bulbo ficasse em contato com a mucosa do animal. O registro da temperatura foi efetuado 2min após a introdução do termômetro.

A frequência respiratória foi medida, contando-se o número de movimentos do flanco do animal durante 15 segundos, e o valor obtido foi multiplicado por 4 para determinação da frequência de movimentos por minuto.

A dieta total dos animais foi fornecida em uma porção diária às 7h da manhã. A água foi fornecida ad libitum, sendo seu consumo medido pela manhã.

Para a obtenção dos dados climatológicos representativos dos dois ambientes (sombra e sol), foram instalados abrigos meteorológicos nas duas condições, ambos contendo termômetros de bulbo seco e bulbo úmido. A tomada das temperaturas ambientais, foram realizadas no momento da medição das variáveis fisiológicas.

De posse dos valores de temperatura de bulbo seco e bulbo úmido, foi calculado o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), bem como a umidade relativa do ar (UR), através das fórmulas:

(42)

Onde:

ITU = índice de temperatura e umidade

Ts = temperatura no termômetro de bulbo seco

Tu = temperatura no termômetro de bulbo úmido

UR = 100 x e/es

Onde:

UR = umidade relativa do ar

e = tensão de vapor d’água (mmHg)

es = valor tabelado da tensão de saturação do vapor d’água, para

dada temperatura do termômetro de bulbo seco (mmHg) Sendo:

e = esu - A x P x (t - tu)

Onde:

e = tensão do vapor d’água (mmHg)

esu = valor tabelado da tensão de saturação do vapor d’água, para

dada temperatura do termômetro de bulbo úmido (mmHg) A = constante psicrométrica (oC-1)

P = pressão atmosférica (mmHg)

t = temperatura no termômetro de bulbo seco (oC) tu = temperatura no termômetro de bulbo úmido (oC)

(43)

3.2.4. Análise estatística

Foi realizada análise de variância utilizando-se o programa STATYSTICAL ANALYSES SYSTEM (Statystical Analyses System).

Para testar as hipóteses dos efeitos dos ambientes e níveis de energia, foi utilizado o teste de “SNK” na análise de variância.

Modelo matemático:

yijkl = µ + Ai + Bj + Ck + (AC)ik + (BC)jk + (AB)ij + (ABC)ijk + eijkl

Onde:

yijkl = variável em observação

µ = média

Ai = efeito do ambiente

Bj = efeito da dieta

Ck = efeito do período de coleta dos dados

(AC)ik = efeito da interação ambiente x período

(BC)jk = efeito da interação dieta x período

(AB)ij = efeito da interação ambiente x dieta

(ABC)ikj = efeito da interação ambiente x dieta x período

(44)

4.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Variáveis Ambientais

As médias de temperatura ambiente (TA), umidade relativa (UR) e índice de temperatura e umidade (ITU), observadas durante o ensaio bioclimatológico, nos períodos da manhã e da tarde, nas duas condições de instalação testadas, podem ser vistos na Tabela 4.

Tabela 4 Médias de temperatura ambiente, umidade relativa e índice de temperatura e umidade, nos dois períodos do dia e nas duas condições de instalação.

Condição TAM (oC) TAT (oC) URM (%) URT (%) ITUM ITUT

Sombra 26,9 30,6 82,1 66,6 77,6 81,1

Sol 28,7 32,1 71,2 60,5 79,0 82,3

Os valores de temperatura ambiente encontrados superaram a temperatura crítica para a maioria das espécies segundo FUQUAY (1981), que é em torno de 24o e 27oC. Tal fato ocorreu durante a manhã para a

(45)

condição de exposição direta à radiação solar, e pela tarde, tanto para as baias à sombra como para as baias ao sol.

Quando comparados aos valores obtidos por Alexander & Williams (1961) citados por HASSANIN (1996), que apontam valores de 25o a 30oC como a temperatura ideal para cordeiros recém-nascidos, observou-se que as temperaturas encontradas superaram os valores de temperatura de conforto durante a tarde, sendo que as baias protegidas da radiação solar direta superou este limite em apenas 0,6oC.

Com relação ao ITU, os valores encontrados demonstram que nas duas condições de instalação, os animais foram submetidos a algum nível de estresse, na sombra provavelmente devido à condição de alta umidade e no sol à alta carga térmica recebida.

BAÊTA & SOUZA (1997) citam que para ovelhas adultas a zona de conforto térmico está na faixa de 15° a 30°C, e a temperatura crítica superior a 35°C. Observa-se que apenas durante o período da tarde, a temperatura ambiente ao sol, superou a zona de conforto térmico.

Comparando com os valores apresentados por Hahn (1985) citados por BARBOSA (1995), observou-se que durante a manhã os animais à sombra estiveram dentro de um limite crítico, e os mantidos ao sol em zona de perigo (Tabela 5). Durante a tarde, tanto as baias mantidas ao sol quanto as mantidas à sombra estiveram dentro da faixa de perigo.

Tabela 5 Índice de Temperatura e Umidade (ITU). ITU < 70 71 - 78 79 - 83 > 83 Condição Normal Crítica Perigo Emergência

Fonte: Hahn (1985) citado por BARBOSA (1995).

Destaca-se ainda que os animais mantidos ao sol durante o período da tarde, não alcançaram a zona de emergência por apenas 0,7 (ITU > 83), portanto em condição de elevado estresse.

(46)

4.2. Consumo de Matéria Seca

Na Tabela 6 estão apresentados os valores médios do consumo diário de matéria seca expresso em g de MS por animal, percentagem do peso vivo e g de MS/UTM, durante o período do ensaio de desempenho.

Tabela 6 Consumo médio diário de matéria seca por ovinos nas duas condições de instalação.

CONDIÇÃO

SOMBRA SOL CONSUMO

ALTO BAIXO MÉDIA ALTO BAIXO MÉDIA

g/animal 1258 866 1062a 1113 776 944b

% de PV 4,6 3,7 4,1a 3,4 3,4 3,4a

g/UTM 105 81 93a 76 74 75a

Valores na mesma linha, seguidos de letras diferentes, apresentaram diferença significativa (P<0,05) pelo teste de “SNK”.

O consumo médio diário de matéria seca expresso em g/animal, foi maior para os animais mantidos à sombra, independentemente do nível de ração concentrada da dieta.

Entretanto, não se detectou diferença significativa, quando se expressou o consumo em % do peso vivo, tampouco em g por unidade de tamanho metabólico. A provável justificativa para tal fato é que o consumo em g/animal/dia não leva em consideração o peso corporal dos animais. Como o ganho de peso dos animais mantidos à sombra for maior, quando comparado ao daqueles mantidos ao sol, conseqüentemente o peso final, espera-se que o consumo de alimento daqueles também seja maior. Enquanto o consumo diário expresso em % do peso vivo e em g/UTM, corrige estas distorções, pois leva em conta o peso corporal dos animais.

(47)

Este resultado está de acordo com o registrado por DIXON et al. (1999), que não encontrou diferença significativa devido a nenhuma das combinações de variáveis ambientais com o balanço nutricional da dieta.

BROSH et al. (1998), não encontraram diferença significativa no consumo de matéria seca entre os animais mantidos à sombra e ao sol, independentemente do nível de energia da dieta, conforme os resultados encontrados no presente trabalho.

Valores semelhantes de consumo de matéria seca foram encontrados por SODERQUIST & KNOX (1967), em torno de 1,007 e 0,795kg/animal/dia. Porém, valores inferiores foram registrados por GUPTA & ACHARYA (1978), variando de 1,1% a 1,9% do peso vivo.

Enquanto BHATTACHARYA & UWAYJAN (1975), encontraram diferença significativa no consumo de matéria seca quando submeteram os animais a faixa de temperatura similar aos da condição registrada neste trabalho.

MENDES et al. (1976a) registraram diferença significativa devido ao efeito do nível de energia da dieta, porém não encontraram diferença devido ao efeito da temperatura ambiental.

A Tabela 7 traz os valores médios do consumo diário de matéria seca expresso em g de MS por animal, percentagem do peso vivo e g de MS/UTM, alimentados com dietas contendo dois níveis de ração concentrada.

Tabela 7 Consumo médio diário de matéria seca por ovinos alimentados com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada.

CONDIÇÃO

ALTO BAIXO CONSUMO

SOMBRA SOL MÉDIA SOMBRA SOL MÉDIA

g/animal 1258 1113 1186a 866 776 821b

% de PV 4,6 3,4 4,0a 3,7 3,4 3,5a

g/UTM 105 76 91a 81 74 77a

(48)

Os animais alimentados com dieta contendo alto nível de ração concentrada apresentaram maior consumo de matéria seca que aqueles recebendo dietas com baixo nível. Isto se verificou quando o consumo foi expresso em g por animal/dia, não ocorrendo com o consumo expresso em % do peso vivo e g por unidade de tamanho metabólico, pelo motivo descrito acima.

Expressar o consumo de três formas permite uma análise diferenciada do mesmo, pois expresso em g/animal/dia, dá-se uma noção prática do consumo de alimento por animal.

Com relação ao consumo expresso em % do PV se destaca o controle do consumo de alimento pelo aspecto físico, ou seja, se detecta mais facilmente a limitação do consumo devido ao enchimento do rúmen e trânsito digestivo.

Por fim o consumo expresso em g/UTM/dia, a perspectiva é o controle devido aos aspectos fisiológicos ligados ao consumo de matéria seca, como nível de energia ingerido, produção de ácidos graxos voláteis, entre outros.

4.3. Consumo de Proteína Bruta

A Tabela 8 traz o consumo médio diário de proteína bruta expresso em g de PB por animal, percentagem do peso vivo e g de PB/UTM, durante o ensaio de desempenho.

(49)

Tabela 8 Consumo médio diário de proteína bruta por ovinos nas duas condições de instalação.

CONDIÇÃO

SOMBRA SOL CONSUMO

ALTO BAIXO MÉDIA ALTO BAIXO MÉDIA

g/animal 215 98 157a 188 88 138a

% de PV 0,8 0,4 0,6a 0,7 0,4 0,5b

g/UTM 18 9 14a 16 8 12b

Valores na mesma linha, seguidos de letras diferentes, apresentaram diferença significativa (P<0,05) pelo teste de “SNK”.

O consumo médio diário de proteína bruta nas duas condições de instalação não apresentou diferença significativa, independentemente do nível de ração concentrada na dieta.

Quando expresso em g/animal/dia, o consumo de proteína bruta nas duas condições ambientais não apresentou diferença significativa. No entanto quando o mesmo foi expresso em % do peso vivo/dia e em g/UTM/dia foi observada diferença significativa, devido ao mesmo fato descrito anteriormente.

A Tabela 9 traz o consumo médio diário de proteína bruta expresso em g de PB por animal, percentagem do peso vivo e g de PB/UTM, dos animais alimentados com diferentes níveis de ração concentrada na dieta.

Tabela 9 Consumo médio diário de proteína bruta por ovinos alimentados com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada.

CONDIÇÃO

ALTO BAIXO CONSUMO

SOMBRA SOL MÉDIA SOMBRA SOL MÉDIA

g/animal 215 188 202a 98 88 93b

% de PV 0,8 0,7 0,8a 0,4 0,4 0,4b

g/UTM 18 16 17a 9 8 9b

(50)

O consumo de proteína bruta diferiu significativamente entre os animais alimentados com dietas variando o nível de ração concentrada, independentemente da condição de instalação, tendo os animais alimentados com alto nível apresentado maior média de consumo de proteína.

A justificativa para tanto são os diferentes teores de proteína das dietas totais com alto 15,8% e baixo nível 10,2% de ração concentrada (Tabela 3).

Estes resultados estão de acordo com os encontrados por MENDES et al. (1976b) e SOUTO et al. (1990a), que com a variação do nível de energia da dieta, foi observada diferença significativa no consumo de proteína pelos animais.

4.4. Consumo de Fibra em Detergente Neutro

A Tabela 10 traz o consumo médio diário de fibra em detergente neutro expresso em g de FDN por animal, percentagem do peso vivo e em g de FDN/UTM, durante o período do ensaio de desempenho.

Tabela 10 Consumo médio diário de fibra em detergente neutro por ovinos nas duas condições de instalação.

CONDIÇÃO

SOMBRA SOL CONSUMO

ALTO BAIXO MÉDIA ALTO BAIXO MÉDIA

g/animal 438 491 464a 399 439 419a

% de PV 1,6 2,1 1,8a 1,5 1,9 1,7a

g/UTM 37 46 41a 34 42 38a

Valores na mesma linha, seguidos de letras diferentes, apresentaram diferença significativa (P<0,05) pelo teste de “SNK”.

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O consumo médio diário de fibra em detergente neutro nas duas condições ambientais não diferiu significativamente, independentemente do nível de ração concentrada na dieta.

O consumo de fibra em detergente neutro nas duas condições ambientais não apresentou diferença significativa. Assim, a exposição dos animais à incidência de radiação solar direta, não alterou o consumo de fibra, o que pode ser explicado pelo grau de adaptação dos animais ao nível de estresse ambiental proporcionado, pela alteração no comportamento alimentar, como também pelo nível de estresse relativamente elevado que os animais mantidos à sombra foram submetidos.

Estes resultados não confirmam a tendência dos animais em reduzir o consumo de forragem quando submetidos ao estresse ambiental, registrados por BHATTACHARYA & HUSSAIN (1974), que seria refletido pelo consumo de fibra.

A Tabela 11 traz o consumo médio diário de fibra em detergente neutro expresso em g de FDN por animal, percentagem do peso vivo e em g de FDN/UTM, dos animais alimentados com diferentes níveis de ração concentrada na dieta.

Tabela 11 Consumo médio diário de fibra em detergente neutro por ovinos alimentados com dietas contendo alto e baixo nível de ração concentrada.

CONDIÇÃO

ALTO BAIXO CONSUMO

SOMBRA SOL MÉDIA SOMBRA SOL MÉDIA

g/animal 438 399 419a 491 439 465a

% de PV 1,6 1,5 1,6b 2,1 1,9 2,0a

g/UTM 37 34 35b 46 42 44a

Valores na mesma linha, seguidos de letras diferentes, apresentaram diferença significativa (P<0,05) pelo teste de “SNK”.

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