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Artigo Original. Submissão: 6 de fevereiro de Aceito para publicação: 11 de julho de 2013

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Fonsêca PCA et al.

Unitermos:

Obesidade. Obesidade abdominal. Pesos e medidas corporais. Índice de massa corporal. Circunferência da cintura. Doença crônica. Centros de Saúde.

Keywords:

Obesity. Abdominal obesity. Body weights and mea-sures. Body mass index. Waist circumference. Chronic disease. Health centers.

Endereço para correspondência:

Poliana Cristina de Almeida Fonseca

Rua Venezuela, Qdr 68, nº 11 – Anjo da Guarda – São Luís, MA, Brasil – CEP 65085-000

E-mail: poliana.nutri@hotmail.com

Submissão:

6 de fevereiro de 2013

Aceito para publicação:

11 de julho de 2013

RESUMO

Introdução: A obesidade, principalmente aquela localizada na região abdominal, representa

um importante fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis e desordens metabólicas.

Objetivo: Avaliar a correlação entre o Índice de Massa Corporal (IMC) e indicadores de obesidade

abdominal em pacientes com excesso de peso atendidos numa Unidade Básica de Saúde de São Luís-MA. Método: Realizou-se estudo transversal com 200 pacientes com IMC ≥ 25 kg/m2. Os

participantes responderam a um questionário sociodemográfico e tiveram suas medidas antropomé-tricas aferidas. A obesidade generalizada foi medida pelo IMC. A obesidade abdominal foi avaliada pelos indicadores circunferência da cintura (CC), relação cintura/quadril (RCQ), relação cintura/ altura (RCA) e índice de conicidade (IC). Para investigar associação entre obesidade generalizada e central, foram utilizados os testes qui-quadrado ou exato de Fischer. A correlação entre os indi-cadores foi avaliada pelos coeficientes de Pearson ou Spearman. Adotou-se o nível de significância de 5%. Resultados: A frequência de obesidade generalizada foi de 70% e as taxas de obesidade abdominal foram ainda mais elevadas: 97,5% (CC), 95% (RCA), 92% (IC) e 87% (RCQ). A obesidade generalizada mostrou-se associada à obesidade abdominal medida pelos quatro indicadores: CC (p=0,002), RCQ (p<0,001), RCA (p<0,001) e IC (p<0,001). O IMC demonstrou correlação forte com a CC (r=0,81) e a RCA (r=0,82). Todos os indicadores antropométricos de obesidade abdominal apresentaram correlação entre si. Conclusões: O IMC mostrou-se fortemente correlacionado com a CC e a RCA. A combinação de indicadores antropométricos de obesidade central ao IMC no diagnóstico de obesidade deve ser incentivada entre os pacientes avaliados.

ABSTRACT

Background: Obesity, especially those located in the central region, is identified as an important risk factor for chronic noncommunicable diseases (NCDs) and metabolic disorders. Objective: Evaluate the correlation between indicators of overall obesity and abdominal obesity in patients with overweight attended in Basic Health Units (BHU) of São Luis-MA. Methods: We conducted a transversal study with 200 patients with BMI ≥ 25 kg/m2. The participants completed a sociodemographic question-naire and had their anthropometric measurements were taken. To measure generalized obesity was calculated Body Mass Index (BMI). The anthropometric indicators used to assess abdominal obesity were: waist circumference (WC), waist / hip ratio (WHR), waist / height ratio(WHR) and conicity index (CI). To investigate the association between general obesity and central, were analyzed using Chi-square or Fisher exact. The correlation between the indicators was assessed by Pearson or Spearman coefficients. We adopted a significance level of 5%. Results: The frequency of general obesity was 70% and the rates of abdominal obesity, were even higher: 97.5% (WC), 95% (WHR), 92% (CI) and 87% (WHR). The general obesity was associated with abdominal obesity measured by four indica-tors: WC (p = 0.002), WHR (p <0.001), WHR (p <0.001) and CI (p <0.001). BMI showed a strong correlation with the WC (r = 0.81) and WHR (r = 0.82). All anthropometric indexes of central obesity analyzed correlated with each other. Conclusion: BMI was strongly correlated with WC and WHR. The combination of anthropometric indexes of central obesity with BMI in diagnosing obesity should be encouraged among patients.

Poliana Cristina de Almeida Fonsêca1

Janete Daniel de Alencar1

Carolina Abreu de Carvalho2

Soraia Pinheiro Machado Arruda3

1. Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA, Brasil. 2. Discente do curso de Nutrição da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA, Brasil.

3. Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Docente do curso de Nutrição da UFMA, São Luís, MA, Brasil.

Correlação do índice de massa corporal com

indicadores antropométricos de obesidade abdominal

em pacientes de uma Unidade Básica de Saúde de

São Luís – MA

Correlation of body mass index with anthropometric indexes of abdominal obesity in patients attended of a Basic Health Unit in São Luís – MA

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INTRODUÇÃO

A obesidade configura-se como um grande desafio da saúde pública devido a sua elevada prevalência em vários países no mundo, incluindo o Brasil. Estima-se que, em 2015, serão mais de 700 milhões de adultos obesos, segundo

projeções da Organização Mundial de Saúde1.

A prevalência de obesidade no Brasil tem aumentado, evidenciando a transição epidemiológica e nutricional que aponta para a diminuição da desnutrição, bem como das doenças transmissíveis, e aumento das doenças crônicas

não-transmissíveis (DCNT) na população2. Segundo dados

da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-20093,

o excesso de peso atinge 50,1% dos homens e 48% das mulheres.

Está bem estabelecido que a obesidade se configura como um importante fator de risco modificável para as DCNT, tais como diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial sistêmica (HAS), doenças cardiovasculares (DCV) e alguns tipos de

câncer2. A incidência dessas doenças é maior em indivíduos

obesos, quando comparada a de indivíduos não-obesos4.

As DCNT representam a principal causa de morte no Brasil atualmente5.

O acúmulo excessivo de gordura caracteriza a obesi-dade geral, mensurada geralmente pelo Índice de Massa

Corporal (IMC)6. Trata-se de um índice de fácil aplicação e

de baixo custo, que tem sido utilizado na prática clínica e em estudos epidemiológicos para diagnóstico da obesidade e para predizer risco de morbimortalidade por DCNT. Entre-tanto, é incapaz de identificar a distribuição da adiposidade corporal7,8.

A obesidade abdominal ou central, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura na região abdominal, tem sido associada, de forma independente do peso corporal, a diversos distúrbios metabólicos relacionados com o aumento do risco cardiovascular, tais como a hiperglicemia,

resis-tência à insulina, dislipidemias, DM tipo II e HAS9 -12. Assim,

é importante o diagnóstico e monitoramento da obesidade abdominal como forma de predizer, bem como de prevenir,

doenças e agravos à saúde13.

As diferentes formas de mensuração de adiposidade central vêm ganhando cada vez mais importância na litera-tura científica. Existem algumas técnicas acuradas e precisas capazes de mensurar a distribuição da gordura corporal, como a tomografia computadorizada, a imagem de resso-nância magnética e a dual-energy X-ray absorptiometry (DEXA), porém apresentam elevado custo, o que inviabiliza

a sua utilização na rotina clínica populacional12-14.

Nesse contexto, os indicadores antropométricos ganham destaque, tendo em vista a sua melhor aplicabilidade, disponibilidade, inocuidade, baixo custo e alta correlação com métodos laboratoriais de avaliação da composição

corporal12. Dentre os indicadores antropométricos utilizados

para a avaliação da adiposidade central destacam-se: circunferência da cintura (CC), relação cintura-quadril (RCQ),

índice de conicidade (IC) e relação cintura-altura (RCA)11,13,15.

Alguns estudos demonstram que os indicadores de obesidade abdominal se correlacionam melhor com risco coronariano

elevado do que o IMC11,16-18.

O presente estudo se propôs a investigar a frequência de obesidade, generalizada e abdominal, e a correlação entre o IMC e indicadores antropométricos de obesidade abdominal numa amostra de adultos e idosos com excesso de peso atendidos em uma Unidade Básica de Saúde do município de São Luís, Maranhão.

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal realizado com pacientes atendidos em uma Unidade de Saúde localizada no bairro Vila Janaína, do município de São Luís – MA. Este estudo é parte de uma pesquisa maior intitulada “Fatores sociode-mográficos e nutricionais associados ao excesso de peso em pacientes atendidos em Unidades Básicas de Saúde do município de São Luís – MA”.

A população do estudo constituiu-se de homens e mulheres com idade maior ou igual a 20 anos, com excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m²), atendidos na Unidade de Saúde mencionada. A amostra compreendeu 200 indivíduos que aceitaram participar do estudo após explicação dos motivos e procedimentos da pesquisa, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Não fizeram parte da amostra pacientes com necessidades especiais, que de alguma forma inviabilizassem o preenchimento do questionário e/ou a aferição das medidas antropométricas necessárias.

A coleta dos dados foi realizada na própria Unidade de Saúde, em dias úteis, previamente agendados pela equipe de enfermagem, no período de junho/2011 a setembro/2012. Os participantes responderam a um ques-tionário contendo dados demográficos, socioeconômicos e do estilo de vida. A classificação socioeconômica foi realizada com base na Associação Brasileira de Empresas

de Pesquisa – ABEP19.

Foram aferidas as medidas antropométricas de peso (kg), altura (cm), circunferência da cintura - CC (cm) e circunfe-rência do quadril - CQ (cm), de acordo com técnicas

padro-nizadas20. Com as medidas de peso e altura, foi calculado o

Índice de Massa Corpórea (IMC: peso (kg)/ altura(m)²), e a classificação foi realizada segundo a Organização Mundial

de Saúde21. Os indivíduos foram classificados em duas

cate-gorias: com excesso de peso (IMC entre 25,0 e 29,9 kg/m2)

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Os indicadores antropométricos utilizados para avaliar a gordura abdominal foram: circunferência da cintura isolada (CC), relação cintura/quadril (RCQ), relação cintura/altura (RCA) e índice de conicidade (IC). A RCQ e RCA foram calculadas pelas razões entre a CC (cm) e, respectivamente, a CQ (cm) e altura (cm). Para obter o IC, utilizou-se a seguinte

equação22:

Índice de Conicidade = Circunferência da cintura (cm) 0,109 x Peso corporal (kg)

Altura (m)

Para identificar obesidade abdominal, foram adotados os

pontos de corte23-25 apresentados na Tabela 1.

Os dados foram analisados no programa estatístico Stata, versão 10.0. Inicialmente foi realizada análise descritiva das variáveis, sendo as quantitativas descritas em médias ou medianas, desvios padrão e valores mínimo e máximo, e as qualitativas, em frequências simples e percen-tuais. Testou-se a normalidade pelo teste de Shapiro Wilk. Para investigar associação entre obesidade, generalizada (medida pelo IMC) e central (medida por CC, RCA, RCQ e IC), foram utilizados os testes do qui-quadrado ou exato de Fischer. A correlação entre os indicadores antropomé-tricos foi avaliada por meio do coeficiente de correlação de Pearson ou Spearman. Para todos os testes, adotou-se o nível de significância de 5%.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão, sob o parecer consubstanciado número 23115-006682/2011-29.

RESULTADOS

O grupo estudado apresentou idade mediana de 44 ± 13,0 anos (variando de 20 anos a 79 anos), era predomi-nantemente do sexo feminino (89,5%), tinha até o ensino fundamental completo (59,5%), pertencia à classe socioeco-nômica C (73%) e era casado ou vivia em união consensual (65,5%). Quanto ao estilo de vida, foi baixa a frequência de

tabagismo (4,5%) e consumo de bebidas alcoólicas (33,2%) (Tabela 2).

As medidas descritivas dos indicadores antropométricos utilizadas para caracterizar o grupo são apresentadas na Tabela 3. A média do IMC no grupo foi de 33,3 ± 5,2 kg/

m2. As médias dos indicadores de obesidade abdominal

Tabela 1 – Parâmetros antropométricos e bioquímicos segundo a

localização do tumor nas avaliações inicial e final.

Indicador Homens Mulheres

CC23 ≥ 94 cm ≥ 80 cm

RCQ24 ≥ 0,90 ≥ 0,85

RCA25 ≥ 0,52 ≥ 0,53

IC25 ≥ 1,25 ≥ 1,18

CC = circunferência da cintura; RCA = relação cintura/altura; RCQ = relação cintura/quadril; IC = índice de conicidade.

Tabela 2 – Características sociodemográficas e estilo de vida de

pacientes com excesso de peso atendidos em uma Unidade Básica de Saúde de São Luís-MA. São Luís, MA, 2012.

Características n % Sexo Masculino 21 10,5 Feminino 179 89,5 Estado civil Casado 89 44,5 Solteiro 43 21,5 União consensual 42 21,0 Separado 16 8,0 Outros 10 5,0 Raça Branca 36 18,0 Preta/negra 28 14,0

Parda/ mulata/ morena/ cabloca 134 67,0

Amarela/oriental 1 0,5

Não sabe 1 0,5

Escolaridade

Analfabeto/Até a 3ª série (Fundamental) 26 13,0

Até a 4ª série (Fundamental) 37 18,5

Fundamental completo 56 28,0 Médio completo 78 39,0 Superior completo 1 0,5 Outros 2 1,0 Classificação econômica Classe A 7 3,5 Classe B 41 20,5 Classe C 147 73,5 Classe D 5 2,5 Naturalidade São Luís-MA 64 32,0 Interior 117 58,5 Outros 19 9,5 Tabagismo Sim 9 4,5 Não 190 95,5 Etilismo Sim 66 33,2 Não 133 66,8 Total 200 100

CC = circunferência da cintura; RCA = relação cintura/altura; RCQ = relação cintura/quadril; IC = índice de conicidade.

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foram: CC (103,2 ±11,8 cm), RCA (0,7± 0,1), IC (1,3± 0,1), RCQ (0,9 ± 0,1).

A frequência de obesidade generalizada foi elevada (70%) e, quando se considerou a obesidade abdominal, os resultados foram ainda mais preocupantes: CC (97,5%), RCA (95%), IC (92%) e RCQ (87%) (Figura 1).

A obesidade generalizada, mensurada pelo IMC, esteve associada à obesidade central, quando medida pela CC (p= 0,002), RCQ (p<0,001), RCA (p<0,001) e IC (p<0,001). A obesidade abdominal foi mais frequente entre indivíduos com obesidade geral do que entre aqueles com sobrepeso, de acordo com o IMC (Tabela 4).

Embora todos os indicadores de obesidade abdominal investigados tenham se mostrado associados com o IMC (p<0,05), apenas para a CC e a RCA a correlação estabele-cida foi forte (r >0,80) (Figura 2). A Figura 2 ilustra as correla-ções entre o IMC e os indicadores de obesidade central (CC, RCQ, RCA e IC). Todos os indicadores antropométricos de obesidade abdominal analisados apresentaram correlação entre si, sendo a mais fraca correlação estabelecida entre RCQ e RCA (0,56) e, a mais forte, entre CC e RCA (0,91) como demonstra a Tabela 5.

DISCUSSÃO

A frequência de obesidade generalizada na população estudada foi elevada (Figura 1). Altas taxas de sobrepeso e obesidade também foram encontradas em alguns estudos conduzidos em Unidades Básicas de Saúde no Brasil. Resul-tados semelhantes aos do presente estudo foram encontrados por Silva & Zaffari26, em que a frequência de obesidade generalizada foi de 66,7%, embora esse estudo não tenha avaliado somente pacientes com excesso de peso. Os estudos

Tabela 3 – Medidas descritivas das variáveis antropométricas de

pacientes com excesso de peso atendidos em uma Unidade Básica de Saúde de São Luís-MA. São Luís, MA, 2010.

Variáveis Total Masculino Feminino

(n=200) (n =21) (n =179) M ± DP Vmín – Vmáx M DP M DP IMC (kg/m2) 33,3 ± 5,2 25,2 – 46,8 33,7 4,6 32,9 5,3 CC (cm) 103,2 ± 11,8 78,5 – 132,3 109,6 10,7 102,4 11,7 RCQ 0,9 ± 0,1 0,8 – 1.2 1,0 0,1 0,9 0,1 RCA 0,7 ± 0,1 0,5 – 0,9 0,7 0,1 0,7 0,1 IC 1,3 ± 0,1 1,1 – 1,5 1,3 0,1 1,3 0,1

M= Média/Mediana; DP= Desvio Padrão; Vmín= Valor Mínimo; Vmáx= Valor Má-ximo; IMC = índice de massa corporal; CC = circunferência da cintura; RCA = relação cintura/altura; RCQ = relação cintura/quadril; IC = índice de conicidade.

Tabela 4 – Associação entre obesidade geral e abdominal, medida por

diferente indicadores antropométricos, de pacientes com excesso de peso atendidos em uma Unidade Básica de Saúde de São Luís-MA.

São Luís, MA, 2012.

IMC

Sobrepeso Obesidade p valor

CC n % n % Obeso 55 91,7 140 100,0 p= 0,002* Não-obeso 5 8,3 0 0,0 RCQ n % n % Obeso 44 73,3 130 92,9 p<0,001* Não-obeso 16 26,7 10 7,1 RCA n % n % Obeso 50 83,3 140 100,0 p<0,001* Não-obeso 10 16,7 0 0,0 IC n % n % Obeso 49 81,7 135 96,4 p<0,001* Não-obeso 11 18,3 5 3,6 Total 60 100,0 140 100,0

IMC = índice de massa corporal; CC = circunferência da cintura; RCA = relação cintura/altura; RCQ = relação cintura/quadril; IC = índice de conicidade; *p<0,05.

Tabela 5 – Correlação entre os indicadores antropométricos de

obe-sidade central de pacientes com excesso de peso atendidos em uma Unidade Básica de Saúde de São Luís-MA. São Luís, MA, 2012.

Indicadores CC RCQ RCA IC CC 1,00 ≥ 80 cm RCQ r = 0,63 (p<0,001*) 1,00 ≥ 0,85 RCA r = 0,91 (p<0,001*) r = 0,56 (p<0,001*) 1,00 IC r = 0.72 (p<0,001*) r = 0.82 (p<0,001*) r = 0.70 (p<0,001*) 1,00

CC = circunferência da cintura; RCA = relação cintura/altura; RCQ = relação cintura/quadril; IC = índice de conicidade; r = coeficiente de correlação, *p<0,05.

de Misawa e Veloso27, com indivíduos obesos, Piati et al.28

e Leitão & Martins29, que utilizaram amostras aleatórias, encontraram taxas mais baixas de obesidade generalizada, mesmo assim expressivas (48,8%, 46% e 35%, respectiva-mente). Entretanto, vale destacar que as elevadas frequências de obesidade encontradas no presente estudo podem ser

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Figura 1 – Frequência de obesidade, generalizada e abdominal, segundo indicadores antropométricos de pacientes com excesso de peso atendidos em uma

Unidade Básica de Saúde de São Luís-MA. São Luís, MA, 2012.

Figura 2 – Correlação entre o índice de massa corporal e os indicadores de obesidade abdominal, em pacientes com excesso de peso atendidos em uma

Uni-dade Básica de Saúde de São Luís-MA. São Luís, MA, 2012. Legenda: r = coeficiente de correlação; p = valor de p; IMC = índice de massa corporal; CC = circunferência da cintura; RCA = relação cintura/altura; RCQ = relação cintura/quadril; IC = índice de conicidade.

A. Circunferência da Cintura C. Relação Cintura-Quadril

B. Relação Cintura-Altura D. Índice de Conicidade

r = 0,81 p < 0,001 R = 0,20 p = 0,005 R = 0,82 p < 0,001 R = 0,27 p = 0,001

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explicadas, em parte, pelo fato de que os pacientes foram encaminhados por profissionais de enfermagem, que talvez tenham se preocupado em encaminhar aqueles em estágios mais avançados de excesso de peso para a participação na pesquisa, fazendo com que houvesse mais pacientes obesos do que com sobrepeso.

Para a obesidade abdominal, foram observadas frequên-cias ainda mais alarmantes (Figura 1), o que corrobora os

achados de Ferreira e Ferreira30, Misawa e Veloso27 e Girotto

et al.13, com amostras de pacientes atendidos em Unidades

Básicas de Saúde, que encontraram taxas de obesidade abdominal, medida pela CC, de 79,1%, 82,2%, e 82,8%, respectivamente.

Ressalta-se que o presente estudo avaliou somente adultos e idosos com excesso de peso e obesidade, o que também explica taxas tão elevadas de obesidade generalizada e abdominal. Entretanto, os achados foram semelhantes a outros estudos conduzidos em Unidades Básicas de Saúde, que em que o excesso de peso não foi critério de inclusão na amostra13,28-30.

Já está bem definido na literatura que a obesidade, principalmente aquela localizada na região abdominal, é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, visto que se encontra associada a alterações metabólicas, como dislipidemias, resistência à insulina, HAS e DM tipo

II9,11. Assim, a elevada frequência de obesidade (generalizada

e abdominal) e as altas médias dos indicadores antropo-métricos (Tabela 3) encontradas na população estudada coloca esse grupo como de risco para o desenvolvimento ou agravamento de DCNT.

A elevada frequência de obesidade generalizada, mensu-rada pelo IMC, mostrou-se associada de forma significativa com as altas taxas de obesidade central mensurada pela CC, RCQ, RCA e IC, nos pacientes do presente estudo (Tabela 4). A frequência da obesidade central foi maior entre indivíduos obesos do que em indivíduos com sobrepeso. Esses achados estão de acordo com outros estudos que também encon-traram maior prevalência de obesidade central, segundo a

CC, em obesos31,32. Porém, foi possível identificar alta

frequ-ência de obesidade abdominal, mesmo em pacientes sem o diagnóstico de obesidade geral, principalmente quando a obesidade central foi medida pela CC e RCA (Tabela 4).

O uso combinado do IMC com indicadores de adiposidade central, principalmente na avaliação de pacientes idosos, vem sendo recomendado, visto que estes passam por mudanças

de composição corporal33. Nesse sentido, a medida isolada

da CC é um bom indicador, pois tem uma relação direta com morbidades e mortalidade por vários fatores de risco para

doenças cardiovasculares33,34. Vasques et al.12, em uma revisão

de literatura, concluíram que o IMC e a RCQ apresentam menor correlação com a gordura visceral do que a CC.

A RCA é também apontada como um importante indicador de obesidade central, posto que nele a medida da cintura é ajustada pela altura, minimizando erros de interpretação da CC em indivíduos de alturas diferentes, sendo essa uma vantagem desse indicador, tendo em vista que os mesmos pontos de corte podem ser utilizados para diferentes faixas etárias35. Alguns estudos têm sugerido o uso da RCA como um indicador para

predizer fatores de risco cardiovascular11,36. O estudo de Haun

et al.11 demonstrou que a RCA, melhor que a CC, apresentou

bom poder de detecção de risco coronariano elevado. Embora tenha sido observado que a obesidade generalizada esteve associada de forma significativa à obesidade central (Tabela 4), as análises de correlação entre os indicadores antropométricos de obesidade nesse estudo indicaram que o IMC se mostrou fortemente correlacionado apenas com a CC e RCA (Figura 2), concordando com os achados de outros estudos8,16,37,38.

Os indicadores de obesidade central demonstraram-se correlacionados entre si de forma significante, com os coefi-cientes de correlação variando de 0,56 a 0,91. A correlação mais forte encontrada foi entre CC e RCA (Tabela 5). Alguns trabalhos encontraram correlações semelhantes entre CC e

RCA16,37,38. A RCQ também esteve fortemente correlacionada

com o IC. Resultados do trabalho de Pitanga e Lessa25 sugerem

que os indicadores de obesidade central, principalmente RCQ e IC, são melhores para discriminar risco coronariano elevado do que o IMC. Entretanto, a utilização do IC em estudos popu-lacionais tem sido limitada em decorrência da complexidade do cálculo do denominador da sua fórmula, bem como a falta de informação científica a respeito desse indicador em diferentes populações11.

O uso isolado do IMC para avaliação do estado nutricional em estudos epidemiológicos, bem como na rotina da prática clínica, tem se tornado bastante limitado, posto que se sabe que esse indicador não é capaz de identificar diferentes composi-ções corporais e, dessa forma, não mede a gordura localizada na região abdominal. Porém, ainda é o mais utilizado, em decorrência de sua fácil aplicabilidade e importância como um

indicador de obesidade8,11.

Os indicadores antropométricos de obesidade central têm ganhado destaque nesse contexto, pois são capazes de mensurar risco metabólico e também apresentam fácil aplicabilidade, inocuidade e baixo custo. A relação entre a obesidade central e o surgimento de alterações metabólicas está bem estabelecida na literatura, entretanto, os estudos ainda são inconclusivos e existem controvérsias quanto ao melhor indicador antropométrico de obesidade central. A aplicabilidade e a reprodutibilidade desses indicadores, bem como a correlação com a adiposidade visceral e pontos de corte adequados, diferem de acordo com determinadas

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Este estudo apresenta algumas limitações, que precisam ser consideradas: o delineamento transversal, que não permite analisar a relação causa-efeito dos desfechos; a amostra é composta em sua grande maioria por mulheres; e analisou apenas indivíduos com sobrepeso e obesidade. Entretanto, trata-se de um estudo que permitiu a caracterização de 200 pacientes com excesso de peso de uma Unidade Básica de Saúde de São Luís, quanto à frequência de obesidade generalizada e abdo-minal, e estabeleceu a associação entre os diversos indicadores antropométricos de obesidade, o que pode contribuir com a definição do indicador de obesidade abdominal a ser utilizado no diagnóstico nutricional desses pacientes.

CONCLUSõES

O grupo estudado apresentou alta frequência de obesidade geral e abdominal. Embora a obesidade abdominal tenha sido mais frequente entre os indivíduos com obesidade geral, foi alta a frequência de obesidade abdominal entre pacientes sem o diagnóstico de obesidade geral.

O IMC mostrou-se fortemente correlacionado apenas com a CC e a RCA. A correlação entre RCA e CC, bem como entre RCQ e IC, foi forte. Entre os demais indicadores de obesidade abdominal, foram estabelecidas correlações intermediárias. A combinação de indicadores antropométricos de obesidade central ao IMC no diagnóstico de obesidade deve ser incenti-vada entre os pacientes avaliados.

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