J org e A rbache U n B e B N D E S F I E S C , 9 / 1 2 / 2 0 1 3
As opiniões aqui apresentadas não representam necessariamente as visões do BNDES e de sua diretoria
Por que produtividade e em que contexto
se insere o debate?
Crescente interdependência dos mercados e das
economias
Nova geografia da produção e da inovação
Formação de cadeias globais de valor
Governos mais intervencionistas
China
Encurtamento dos ciclos
Mudanças nas preferências dos consumidores
Produtividade, competitividade e
tecnologia já são, mas serão condições ainda mais determinantes para nações e empresas crescerem e prosperarem
OK, todos sabemos que produtividade é um sério
problema no Brasil. Mas por quê?
1. A produtividade é baixa e está estagnada
Produtividade é fonte primária de
competitividade e de bem-estar da população
Nível e taxa de crescimento da produtivdade são
modestos
O que importa mais é a produtividade relativa e
não a absoluta! – China, Índia, Malásia,
Tailândia, Indonésia, México, Turquia, Chile, dentre outros potenciais competidores
Nível e taxa de crescimento da produtividade do trabalho, 1960-2012 (US$ constante de 1990) Fonte: The Conference Board (2013)
4 7 .2 2 3 1 4 .4 5 6 7 6 .3 4 0 3 6 .8 5 4 3 5 .8 1 2 2 .2 7 0 6 .4 1 1 7 .4 0 2 2 .3 9 9 1 .3 4 6 1 3 .6 0 4 9 .0 2 4 1 0 8 .0 8 0 1 8 .4 3 2 6 5 .5 0 5 1 1 .0 4 8 1 8 .3 2 5 1 9 .8 9 9 121 129 461 1 .2 6 2 361 398 922 712 148 -20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 Brasil Estados Unidos
Japão China Índia Malásia Coréia do
Sul Tailândia Chile 0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400
Produtividade em 1960 (eixo da esqueda) Produtividade em 2012 (eixo da esquerda)
Taxa de crescimento da produtividade do trabalho (%) Fonte: Conference Board (2013)
-10 -5 0 5 10 15 20 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Brasil China Índia
2. Esgotamento das fontes tradicionais de crescimento econômico
Nosso modelo de crescimento é historicamente
dependente de acumulação de capital e de
trabalho; produtividade tem contribuição marginal
Taxa de poupança baixa e transformação
demográfica acelerada estão constrangendo o crescimento potencial de longo prazo
Taxa de fecundidade em 2011 Fonte: World Development Indicators
1 ,2 4 1 ,3 0 1 ,3 5 1 ,3 6 1 ,3 6 1 ,3 9 1 ,4 1 1 ,4 2 1 ,4 3 1 ,5 4 1 ,5 8 1 ,6 3 1 ,7 5 1 ,7 6 1 ,8 1 1 ,8 3 1 ,8 4 1 ,8 5 1 ,8 7 1 ,8 8 1 ,8 9 1 ,9 0 1 ,9 8 2 ,0 3 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Kor ea, R ep. Pol and Por tuga l Ger man y Spa in Japa n Italy Aust ria Gre ece Russi an F eder atio n Chi na Can ada Den mar k Net herla nds Bra zil Finl and Bel gium Chi le Aust ralia Nor way Uni ted Stat es Sw eden Uni ted King dom Fran ce
3. Necessidade de mitigar os efeitos da transformação demográfica
Combinação de rápida desaceleração da taxa de
crescimento da oferta de trabalho com baixa produtividade do trabalho pressão sobre os custos e a competitividade
Implicações da pressão de custos para a inflação
Crescimento dos gastos e orçamentos da saúde e
da seguridade social pressão sobre o espaço fiscal para investimento público
Dependency ratio
Source: UN Population Division
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060 2070 2080 2090 2100 Total Young Old Bônus demográfico
4. Desafios associados à nova geografia da produção e da inovação
Forte aumento da competição comercial e por
investimentos
Mudanças significativas nas cadeias globais de
produção e nas redes mundiais de inovação
Produtividade, tecnologia e competitividade –
fatores cada vez mais determinantes da inserção internacional pela “porta da frente” – dotação de fatores perde relevância
5. Necessidade de se mitigar a tendência de primarização da economia
Hoje, o padrão de investimentos favorece os
setores primários
Mas as commodities não resolvem muitos dos
desafios requeridos para o crescimento sustentado – ex. emprego, dist. renda, impostos...
Fartas evidências empíricas de que a diversificação
da estrutura econômica é terreno fértil para a expansão da produtividade, competitividade e inovação
6. Consolidação das conquistas sociais e eliminação da pobreza
Produtividade condição para a elevação
sustentada dos salários reais e redução da desigualdade e da pobreza
Garantia de criação e manutenção de empregos
E como elevar a produtividade?
OK, já sabemos que o Custo Brasil limita a
produtividade...
Educação deficiente
Infraestrutura deficiente
Burocracia excessiva
Tributação elevada
Insegurança jurídica e imprevisibilidade...
...que precisamos aumentar os investimentos...
...e que é preciso aumentar a eficiência no “chão de
Mas os constrangimentos à produtividade são ainda mais complexos...
Uma palavra sobre dois desses constrangimentos:
Estagnação da indústria e crescimento
prematuro dos serviços
Estagnação da indústria
Estagnação da densidade industrial reduz a
contribuição, direta e indireta, da indústria para o crescimento da economia
Participação da indústria no PIB e no emprego
total é de importância secundária
Impactos potenciais nas cadeias de produção,
O que mostra o
espaço-indústria (Arbache 2012)?
% val. adic. da ind. no PIB vs. densidade industrial
Densidade industrial = valor adicionado da
indústria / população
Densidade industrial: captura a capacidade e o
interesse de uma sociedade em mobilizar recursos para aumentar o valor agregado da indústria – capital humano, tecnologias, inovações, estoque de capital por trabalhador, serviços, infraestrutura,
Q2 Q1
Q3 Q4
% indústria no PIB – abaixo da média / acima da média
D e n s ida d e ind u s tr ia l (p ro d u ç ã o in d u s tr ial p e r c a p it a ) – a b a ix o d a méd ia / a c im a d a méd ia
Q1 – Campeões Q2 – Maduros Q3 – Atrasados Q4 – Tigres
0 1 0 0 0 2 0 0 0 3 0 0 0 4 0 0 0 5 0 0 0 0 10 20 30 40 % manuf pib
densidade Fitted values
196519661967 19681969 19701971 1972 19741973 1975 19771976 19781979198019811982 1983 1984 1985 1986 19871988 1989 19901991 19921993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 200720092008 2010 0 1 0 0 0 2 0 0 0 3 0 0 0 4 0 0 0 5 0 0 0 d e n si d a d e 15 20 25 30 % manuf pib Coreia do Sul
23 23 Chart 9: Industry-space 2000 SAU CHLVNZ MEX LAC SAR MIC KOR FRC TUR THA MAL CHN IDN IND NTL ARG BRA CAN HIC NRW GER USA SGP JPN 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Man. share on GDP (% ) In d u s tr ia l d e n s it y ( U S $ )
24 24 Chart 10: Industry-space 2011 JPN CIN USA GER NRW HIC CAN BRA ARG NTL IND IDN CHN MAL THA TUR FRC KOR MIC SAR PLA MEX VNZ CHL SAU 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Man. share on GDP (% ) In d u s tr ia l d e n s it y ( U S $ )
Chart 11: Brazil vs. China 0 5 10 15 20 25 30 35 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 M an. s ha re on G D P ( % ) Brazil China 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Indus tr ia l de ns it y (c ons ta nt U S$ ) Brazil China
O crescimento rápido e contínuo da densidade industrial não é um evento fortuito ou resultante das forças de mercado
Chart 12: Brazil vs. Korea 0 5 10 15 20 25 30 35 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ma n . sh ar e o n G D P ( % ) Brazil Korea 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 In d u st ri al d e n si ty ( co n st an t U S$ ) Brazil Korea
0 5 10 15 20 25 30 35 40 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 M an. s ha re on G D P ( % ) Brazil Thailand 0 200 400 600 800 1000 1200 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Indus tr ia l de ns it y (c ons ta nt U S$ ) Brazil Thailand
Chart 14: Brazil vs. Turkey 0 5 10 15 20 25 2000 20012002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Ma n . sh ar e o n G D P ( % ) Brazi l Turkey 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 2000 2001 2002 20032004 2005 20062007200820092010 2011 In d u st ri al d e n si ty ( co n st an t U S$ ) Brazi l Turkey
Chart 15: Brazil vs. Mexico 0 5 10 15 20 25 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Ma n . sh ar e o n G D P ( % ) Brazi l Mexico 0 200 400 600 800 1000 1200 2000 2001 2002 2003 2004 2005200620072008200920102011 In d u st ri al d e n si ty ( co n st an t U S$ ) Brazil Mexico
Chart 16: Brazil vs. the US 0 5 10 15 20 25 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ma n . sh ar e o n G D P ( % ) Brazil USA 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 In d u st ri al d e n si ty ( co n st an t U S$ ) Brazil USA
Brasil combinação de baixa participação
da manufatura no PIB com baixa densidade industrial
A maioria dos países em situação
comparável enquadra-se na categoria de país pobre ou país em que outro setor
responde pela dinâmica econômica (ex. serviços, petróleo, mineração)
O que importa é o padrão de comércio e
investimentos e de inserção internacional em relação aos nossos concorrentes potenciais
A estagnação da densidade industrial favoreceu o
crescimento prematuro dos serviços
Evidência empírica demanda da indústria é o
principal “driver” de sofisticação, modernização e competitividade do setor de serviços
Serviços: insumo crítico para a indústria
Brasil tem, hoje, um setor de serviços
desproporcionalmente grande, mas pouco produtivo
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
0 500 1000 1500 2000 2500
Labor productivity growth rate (1950=100)
Source: Groningen Growth and Develoment Centre
Agriculture Mining
Manufacturing Services
0 10 20 30 40 50 60 70 80 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Razão entre serviços e valor adicionado - indústria de transformação (%) - Fonte: Arbache e Burns (2012)
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
Share of services on value added -- industry level (%) Source: Arbache and Burns (2012)
Capital humano insuficiente – o caso do PISA
Muito além do analfabetismo funcional elevado entre
adultos...
O PISA divulgado na semana passada pela OCDE
(feito com jovens de 15 anos) mostra que:
Matemática: posição 57 em 60 países – 67% dos estudantes são
praticamente incapazes de fazer operações elementares
Leitura e interpretação: posição 54 em 56 países – 49% dos
estudantes conseguem, no máximo, identificar o tema central de um texto
Ciências: posição 57 em 60 países – 61% dos estudantes
conseguem, no máximo, apresentar explicações óbvias aos fenômenos científicos mais simples e basais
C&T: resultados concretos modestos
Investimentos agregados em P&D ainda acanhados (1,16%
do PIB)
As empresas privadas pouco investem em P&D (0,53% do
PIB)
Aumentou a produção científica, mas não a tecnológica (ex.
patentes - 679 em 2012 vs 29 mil da Coreia); poucas citações
56% dos gastos em P&D inst. de ensino superior
75% das patentes depositadas: origem de não residentes
Última PINTEC (divulgada semana passada) – queda do
número de empresas inovadoras
Uma última palavra
A produtividade é uma variável de resultado, não
de causa
Resulta de um processo cumulativo
Seu aumento requer estratégia, coordenação de
esforços entre níveis de governo, dentro do governo e entre os setores público e privado
Já temos conhecimento razoável sobre as causas da
baixa produtividade e sobre o que é preciso fazer – é preciso agora partir para a ação
Obrigado j a r b a c h e @ g m a i l . c o m