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TRABALHO E EDUCAÇÃO NA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU: expansão e desafios para o Mestrado Profissional no Brasil

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TRABALHO E EDUCAÇÃO NA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO

SENSU: expansão e desafios para o Mestrado Profissional no

Brasil

QUARESMA, Adilene Gonçalves Centro Universitário UNA

RESUMO

O mestrado profissional é uma pós-graduação stricto sensu, instituída pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, por meio da Portaria nº 47, de 17 de outubro de 1995. Com a intenção de flexibilizar o modelo de pós-graduação stricto sensu em nível de mestrado, visou tal Portaria a criação de cursos de mestrado orientados à formação profissional. Sendo assim, devem: expressar associação entre teoria e aplicação, entre conhecimento fundamental e prática técnico-profissional; a demanda do curso decorrer, preferencialmente, do interesse comum de setores acadêmicos e dos setores não acadêmicos a serem beneficiados pelo tipo de qualificação prevista; constituir-se em iniciativa de instituição que seja qualificada para oferecer curso profissional que contribua para o desenvolvimento ou a indução do surgimento de campos de atividade profissional e ter sua implantação e desenvolvimento respaldados em esquema eficiente de atividade comum do programa promotor com setores profissionais não acadêmicos relacionados com as áreas do curso. Assim, elementos centrais no mestrado profissional é o seu potencial formador de profissionais qualificados teórico e tecnicamente para a atuação profissional qualificada e a promoção do desenvolvimento e indução de surgimento de novas atividades profissionais que considerem as demandas dos setores acadêmicos e não acadêmicos de cada localidade. O mestrado profissional, nessa perspectiva, exige uma integração da formação teórica com as demandas do mundo do trabalho, bem como com necessidades de inovação postas pelo desenvolvimento social e econômico atuais. Passado o estranhamento inicial ao curso, verifica-se uma expansão significativa do mestrado profissional em todas as regiões brasileiras, nas instituições públicas e particulares e em diversas áreas de conhecimento. Esta realidade demanda pesquisas no sentido de compreender as razões dessa expansão e os desafios que a mesma coloca para as instituições ofertantes dos cursos. O texto apresenta, portanto, análise e discussão de dados sobre a expansão do mestrado profissional no Brasil nos últimos anos, com foco na região sudeste e em Minas Gerais e os desafios que essa expansão apresenta para a pós-graduação stricto sensu brasileira. Os dados foram levantados com base no site da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES, no período de fevereiro a março de 2014, como parte da pesquisa intitulada Questões Pedagógicas do Mestrado Profissional, desenvolvida no Mestrado Profissional em Gestão Social do Centro Universitário UNA. O texto estrutura-se em torno de dois eixos centrais, o primeiro: o Mestrado Profissional no cenário da pós-graduação stricto sensu brasileira, no qual apresenta-se um histórico sobre a criação do mestrado profissional e suas características e o segundo que apresenta os procedimentos metodológicos, análise e discussão dos dados. Foram definidas as seguintes categorias de análise: 1. Quantidade de programas/cursos de Mestrado Profissionais no Brasil; 2. Natureza administrativa das instituições ofertantes de Mestrados Profissionais; 3. Área e cursos ofertados e 4. Desafios para o mestrado profissional. Dentre as conclusões, destaca-se que a expansão do mestrado profissional tem sido maior na região sudeste e liderada pelas instituições públicas. Outro aspecto relevante nessa expansão é a diversidade de cursos, o que demonstra preocupação das instituições ofertantes com as demandas socioeconômicas e culturais locais e regionais, bem como atenção às características do mestrado profissional.

PALAVRAS-CHAVE:Trabalho e Educação; Pós-graduação; Mestrado Profissional.

1. Introdução

Uma política pública compreende um conjunto de diretrizes para a efetivação por parte do poder público das demandas colocadas pela sociedade. Nesse processo, as relações entre

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poder público e sociedade não são harmônicas, compreendem conflitos e disputas, uma vez que os grupos que compõem a sociedade são distintos e com interesses diferentes.

Assim, a política educacional também compreende tais questões e, no Brasil, tem-se consolidado em um contexto de divergências, disputas e busca de consensos.

A Política Educacional para o Ensino Superior no Brasil, a partir de 2002, apresenta diversas estratégias para atender às demandas por desenvolvimento tanto econômico como social provenientes do atual contexto socioeconômico e aumentar o acesso da população a esse nível de ensino. Políticas e Programas Educacionais vão se direcionar tanto para a graduação como para a pós-graduação, sendo que, na pós-graduação, o mestrado profissional apresenta um processo de expansão significativo nos últimos anos em instituições particulares e públicas. Outro elemento importante nesse processo de expansão é a preocupação com o desenvolvimento profissional e as demandas do mundo do trabalho, uma vez que esses critérios têm sido considerados na criação dos cursos.

O texto apresenta análise e discussão de dados sobre a expansão do mestrado profissional no Brasil nos últimos anos. Os dados foram levantados com base no site da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES, no período de fevereiro a março de 2014, como parte da pesquisa intitulada Questões Pedagógicas do Mestrado Profissional, desenvolvida no Mestrado Profissional em Gestão Social do Centro Universitário UNA. O texto estrutura-se em torno de dois eixos centrais, o primeiro: o Mestrado Profissional no cenário da pós-graduação stricto sensu brasileira, que apresenta um histórico sobre a criação do mestrado profissional e suas características e o segundo com os procedimentos metodológicos, análise e discussão dos dados. Foram definidas as seguintes categorias de análise: 1. Quantidade de programas/cursos de Mestrado Profissionais no Brasil; 2. Natureza administrativa das instituições ofertantes de Mestrados Profissionais; 3. Área e cursos ofertados e 4. Desafios para o mestrado profissional.

Dentre as conclusões iniciais, destaca-se que a expansão dos mestrados profissionais é significativa nos últimos anos, principalmente nas regiões sudeste, nordeste e sul e tem sido grande nas instituições públicas, principalmente nas federais. É importante considerar que este artigo, ao explorar os dados da CAPES, constitui-se em uma das análises possíveis e pretende,

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também, apontar diversas questões que indicam a necessidade de novas pesquisas. Nesse sentido, ao longo do texto e nas considerações finais, essas questões foram apresentadas. 2.O mestrado profissional no cenário da pós-graduação stricto sensu brasileira

Na Política Educacional para a Pós-graduação, segundo Ramos (sd), os Planos Nacionais de Pós-graduação tiveram um papel fundamental no processo de institucionalização da Pós-graduação brasileira, mas outras políticas educacionais também constituem meios de estimular essa esfera de ensino. Para ela, a Lei 9.394, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, aprovada em dezembro de 1996, em seu Art.52, nos parágrafos II e III, determina que a universidade deve ser constituída por, pelo menos, 1/3 do corpo docente com Pós-graduação stricto sensu e 1/3 em regime de tempo integral. Isso obrigou o investimento na criação de cursos de pós-graduação strictu sensu, sua valorização, além de garantirem condições para maior participação do corpo docente nas atividades de pesquisa, através do regime de tempo integral. Segundo a mesma autora, a Constituição Brasileira assegura, também, através do seu Art. 218, parágrafo 3º, que “o Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia e concederá, aos que dela se ocupem, meios e condições especiais de trabalho” (RAMOS, sd).

As discussões e estudos na CAPES e fóruns específicos sobre a questão foram importantes para criar ações para a expansão e melhoria da pós-graduação brasileira. Nesse sentido, a regulamentação do mestrado profissional, a partir da Portaria 80, de 16 de dezembro de 1998, que formaliza e regulamenta o curso, garantindo o título com as mesmas prerrogativas do mestrado acadêmico, foi um marco importante; o seminário “Para além da Academia”, organizado pela direção da Fundação no campus da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em abril de 2005 foi outro evento significativo; e outra iniciativa marcante foi a dos coordenadores dos cursos de Mestrado Profissional, que fizeram o primeiro encontro em maio de 2006, em São Paulo, e o segundo no começo de novembro, em Campo Grande, com mais de 40 participantes (AGOPYAN; LOBO, 2007). Ou seja, foram ações importantes para a implementação dos mestrados profissionais e “a ideia de Mestrado Profissional já está

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consolidada, com cursos estabelecidos com grande repercussão e reconhecimento na maioria das áreas de conhecimento, em todo o país (AGOPYAN; LOBO, 2007, p.295)”.

Dois eixos básicos foram considerados, segundo Ramos (sd), na evolução da Pós-graduação brasileira: flexibilização e autonomia institucional.

Em relação ao mestrado profissional, constitui-se, então, em uma pós-graduação stricto sensu, instituída pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, por meio da Portaria nº 47, de 17 de outubro de 1995.

Os mestrados profissionais desenvolvem-se na pós-graduação brasileira a partir da década de 1960, após a promulgação da Lei nº 4024, de 20 de dezembro de 1961, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em 1965, com o Parecer nº 977/65, de relatoria do Conselheiro Professor Newton Sucupira, surgiu, no Brasil, a distinção da natureza e dos fins das pós-graduações, levando à regulamentação da letra b do Art. 69 da referida lei e à organização da expansão desses cursos.

Para a Capes, em texto sobre Parâmetros para análise de projetos de mestrado profissional, de 2002, os mestrados profissionais devem:

a) expressar associação entre teoria e aplicação, entre conhecimento fundamental e prática técnico-profissional; b) ser a demanda pela criação do curso decorrente, preferencialmente, do interesse comum de setores acadêmicos e dos setores não-acadêmicos a serem beneficiados pelo tipo de qualificação prevista; c) constituir-se em iniciativa de instituição que seja qualificada para oferecer curso profissional que contribua, de forma criativa, para o desenvolvimento ou a indução do surgimento de campos de atividade profissional; e d) ter sua implantação e desenvolvimento respaldados em esquema eficiente de atividade comum do programa promotor com setores profissionais não-acadêmicos relacionados com as áreas do curso (BRASIL, 2005b, p.156).

Assim, elementos centrais no mestrado profissional são o seu potencial formador de profissionais qualificados teórico e tecnicamente para a atuação profissional qualificada e a promoção do desenvolvimento e indução de surgimento de novas atividades profissionais que considerem as demandas dos setores acadêmicos e não acadêmicos de cada localidade. O

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mestrado profissional, nessa perspectiva, exige uma integração da formação teórica com as demandas do mundo do trabalho, bem como com as necessidades de inovação postas pelo desenvolvimento social e econômico atuais. Para Quelhas, Faria Filho e França (2005):

O mestrado profissional constitui oportunidade de maior aproximação entre os trabalhos conduzidos pela universidade às demandas espontâneas ou induzidas pela própria universidade existentes no campo social e profissional, demandas por soluções tecnológicas, sociais e, em geral, estruturadoras do conhecimento nas atividades profissionais. Apresenta uma dimensão voltada à horizontalidade e verticalização do conhecimento e assim vital para as atuais necessidades do Brasil (QUELHAS; FARIA FILHO; FRANÇA, 2005, p.98).

Outra questão importante é a validade do mestrado profissional com ênfase no processo de capacitação para a atuação em instituições sociais. Para Feltes e Baltar (2005, p.74), “a qualificação dos profissionais que atuam em diferentes áreas de conhecimento é uma exigência tanto mercadológica quanto social em sentido amplo”. Um exemplo de mestrado profissional na área social é o mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, no qual a autora desse artigo trabalha. Por se tratar de um mestrado na área social e com esses eixos temáticos os candidatos são provenientes de diversas áreas do conhecimento: educação (diversos cursos), direito, medicina, gestão ambiental, psicologia, assistência social, nutrição, enfermagem, cultura, etc. e não apenas pela área de formação e atuação dos mestrandos, mas pelos eixos temáticos do mestrado, há um diálogo constante com as questões, instituições e demandas sociais. Isso nos coloca o desafio de pensar a produção do conhecimento científico e tecnológico pautado nas questões sociais, bem como na preparação dos futuros mestres para uma atuação social responsável nessas áreas.

Segundo Negret (2008), os dados da CAPES, em abril de 2008, indicavam que estavam credenciados 225 mestrados profissionais. A consulta para esta pesquisa em março de 2014 indicou 581 cursos, o que corresponde a um aumento de mais de 100% em 5 (cinco) anos. Segundo Giuliani (2010, p. 99), “o mestrado profissional vem surgindo em áreas das mais diferentes naturezas”. Esse é outro aspecto importante nessa expansão do mestrado profissional. Há uma variedade de cursos de mestrado profissional e essa variedade agrega duas características importantes: o potencial local, ou seja, cursos que atendem demandas, necessidades locais e o potencial pragmático, prático, aplicado, ou seja, os cursos se voltam

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para necessidades reais de uma determinada área de conhecimento na qual há necessidade de aplicar conhecimentos científicos, sociais, culturais e tecnológicos para a solução de problemas. O que justifica o fato de que além da dissertação, no mestrado profissional o mestrando tem que apresentar um produto técnico.

Há uma expansão significativa do mestrado profissional no Brasil. O que justifica pesquisas sobre esse processo de expansão. Este artigo apresenta e discute os dados quantitativos sobre essa expansão e apresenta algumas questões e possibilidades de novas pesquisas.

3. Procedimentos metodológicos, análise e discussão dos dados

Os dados foram levantados com base no site da CAPES (http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/ProjetoRelacaoCursosServlet?acao=pesquisar Regiao), com atualização em 11 de março de 2014. Na análise, foi considerada, primeiramente, a quantidade de programas e cursos por região. Em seguida, foram contados e tabulados programas/curso, um por um, de cada estado por região. Depois cada link de cada uma das instituições foi aberto para a verificação da dependência administrativa.

As categorias de análise definidas foram: quantidade de programa/curso por região e estado, dependência administrativa das instituições ofertantes e desafios e questões que os dados apontam.

3.1 Quantidade de programas/cursos de mestrado profissional no Brasil por região

Na TAB. 1, a região sudeste é a que apresenta o maior número de programas/cursos, com 49,91%; seguida da região Sul, com 20,48 %; e região Nordeste, com 17,38 %. Na região Nordeste, há uma presença significativa de cursos, quase igual ao número da região Sul. O que estaria provocando a expansão nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste? Por que as regiões norte e centro-oeste apresentam um crescimento menor?

A expansão do mestrado profissional visa a atender a uma demanda do empresariado, da academia e da sociedade em geral por melhor qualificação dos profissionais das diversas áreas, tendo em vista melhorar a qualidade dos serviços oferecidos, bem como contribuir para o desenvolvimento de áreas específicas, localidades, produtos, serviços, estratégias e

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metodologias, considerando a diversidade de áreas/cursos nos quais são criados os mestrados profissionais.

3.2 Quantidade de programas/cursos por estados das regiões brasileiras

Na região norte, o Pará é o estado com mais cursos de Mestrado Profissional, quase 50% dos cursos concentram-se nesse estado. O Amazonas conta com 20,58 % e Tocantis com 14,70%. Na região nordeste, o estado da Bahia apresenta o maior número de cursos de mestrado profissional, contando com 28,71% dos cursos. Em seguida, o estado de Pernambuco, com 23,76% e os estados do Ceará e Rio Grande do Norte com 12,87%. Sergipe é o estado com apenas 1 curso. Que razões determinam a maior presença de cursos nos estados da Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte e quantidades bem menores nos outros estados da região nordeste?

Na região centro-oeste, o Distrito Federal tem o maior número de cursos, com 43,24 %; seguido de Goiás, com 29,72. Chama a atenção o baixo número de cursos no Mato Grosso, bem abaixo dos outros estados. Quais as razões para uma grande presença de cursos de mestrado profissional no Distrito Federal e um número bem abaixo no Mato Grosso?

Na região Sudeste, o estado com maior número de cursos é São Paulo, com 41,03%; seguido do Rio de Janeiro, com 35,17%. Que fatores estariam influenciando essa expansão em cada estado? O que explica a diferença expressiva entre os números do Espírito Santo com 3,7% e São Paulo com 41,03%?

Na região sul, há uma presença de quase 50% dos cursos no estado do Rio Grande do Sul, ou seja, 48,73%; e uma distribuição dos outros 50% equilibrada nos estados do Paraná, com 27,73% e Santa Catarina, com 23,52%. O que determina essa grande presença de cursos de mestrado profissional no Rio Grande do Sul? As hipóteses para a expansão significativa nas regiões sul e sudeste são as de que essas regiões são, historicamente, regiões de maior desenvolvimento econômico e com forte presença de instituições de ensino superior público e particular.

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Em relação ao crescimento dos cursos de mestrado profissional em alguns estados de cada região, infere-se que as razões seriam as mesmas em relação ao crescimento de uma determinada região em relação a outra, ou seja, são estados que se destacam na região pelo melhor desempenho econômico e maior presença de instituições de ensino superior públicas e privadas.

3.3 Quantidade de programas/cursos por dependência administrativa

Na região norte, 75% dos cursos estão nas instituições federais, sendo a maior presença no estado do Pará, na Universidade Federal do Pará; seguido de 18,18% nas instituições estaduais; e 6,06% nas particulares.

Também, na região nordeste, a presença maior de cursos ocorre nas instituições públicas federais, com 55,88%. Sendo que os estados da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte possuem a maioria dos cursos nas instituições federais. Os outros quase 50% estão distribuídos equilibradamente entre as instituições particulares, com 21,56%; e as estaduais, com 22,54%.

Na região centro-oeste, a maior presença de cursos de mestrado profissional está nas instituições públicas federais, sendo 72,97% nessas instituições; 16,21% nas instituições particulares; e 10,81% nas estaduais.

Na região sudeste, 43% dos cursos estão nas instituições federais, 40% nas particulares, 15,17% nas estaduais e 1,72% nas municipais. O estado com maior presença de cursos em instituições particulares é São Paulo, com 62%; e em instituições federais é o Rio de Janeiro, com 66%.

Na região sul, há uma distribuição igual dos cursos entre as instituições particulares e públicas federais. São 43,69 % nas instituições particulares; 42,01% nas federais; e 12,60% nas estaduais. O estado com mais cursos é o Rio Grande do Sul, sendo neste maior o número de cursos em instituições particulares.

A TAB. 12 mostra os cursos por dependência administrativa por região. A maioria dos cursos estão nas instituições públicas federais, sendo 48,70%; seguido das instituições particulares, com 34,25%.

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A região com maior presença de cursos de mestrado profissional em instituições federais é a região, sudeste, com 44,16%; seguida da região nordeste, com 19,78%; e região sul, com 17,66%. Na região sul, há uma distribuição equilibrada dos cursos nas instituições particulares e públicas, sendo a diferença entre elas de 2 cursos de dependência administrativa particular. Que razões explicam essa expansão do mestrado profissional nas instituições públicas federais?

3.4 Questões e desafios para os mestrados profissionais

A pós-graduação stricto sensu tem um papel importante na formação de recursos humanos para a universidade, as empresas e a sociedade em geral. O mestrado profissional como modalidade recente na pós-graduação stricto sensu enfrenta o grande desafio de integrar formação acadêmica ao mundo do trabalho com base em conhecimento científico e tecnológico com potencial inovador.

A expansão significativa dos mestrados profissionais demonstra que há uma aceitação destes na sociedade. O preconceito inicial e a ideia de que era curso com perfil apenas para instituições particulares já não se fazem presentes, o que coloca para os cursos a necessidade de reflexões sobre o profissional que está sendo formado e as formas de integração com o mundo do trabalho.

4. Considerações finais

A política educacional para o ensino superior no Brasil, mesmo com avanços, retrocessos e polêmicas, apresenta aumento significativo de vagas tanto na graduação como na pós-graduação pública e particular.

Em relação ao mestrado profissional, os dados acima apresentados revelam uma expansão significativa nos últimos anos no Brasil. A região sudeste apresenta o maior número de cursos, seguida da região sul e nordeste. A expansão do mestrado profissional nas regiões sudeste e sul pode ser explicada pela presença maior de instituições públicas e particulares, bem como pelo histórico desenvolvimento econômico dessas regiões relativamente maior do que das regiões norte, nordeste e centro-oeste.

Quanto à dependência administrativa das instituições, os dados revelam uma presença maior de cursos nas instituições federais, seguida das particulares e estaduais. É interessante esse dado, pois ele revela que, ao contrário do período inicial de criação dos cursos, estes

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cresceram nas instituições públicas, principalmente nas federais, o que retira a ideia de que o mestrado profissional é prerrogativa de instituições particulares e aponta, novamente, a necessidade de compreender os motivos dessa expansão no setor público, principalmente federal, ou seja, quais são os motivos que estão levando à expansão dos mestrados profissionais nas instituições federais? Quais critérios são considerados na criação dos cursos? Quais áreas estão sendo priorizadas?

A contribuição deste artigo foi no sentido de demonstrar a expansão dos mestrados profissionais e apontar algumas questões que essa expansão tem colocado. Resta, portanto, explorarem-se mais os dados e iniciarem-se novas pesquisas sobre a expansão dos mestrados profissionais nas instituições publicas federais, sobre a diversidade de áreas de conhecimento contempladas, sobre a qualidade da formação oferecida, enfim, há uma infinidade de questões a serem pesquisas sobre os mestrados profissionais.

5. Referências

AGOPYAN, V.; LOBO, R.. O futuro do Mestrado Profissional. R B P G, Brasília, v. 4, n. 8, p. 293-302, dez., 2007.

ALMEIDA JUNIOR, A. et al. Parecer CFE nº 977/65, aprovado em 3 dez. 1965. Rev. Bras. Educ. [online]. n. 30, p. 162-173, 2005.

BRASIL, CAPES. Parâmetros para análise de projetos de mestrado profissional – 2002. RBPG, v. 2, n. 4, p. 156-161, jul., 2005b.

BRASIL. Ministério de Educação. Portaria Normativa nº 17, de 28 de dezembro de 2009. Brasília, Diário Oficial da União, n. 248, seção 1, p. 20, 2009.

FELTES, H. P. de M.; BALTAR, M. A. R.. Novas perspectivas para mestrados profissionais: competências profissionais e mercados regionais. R B P G, v. 2, n. 4, p. 72-78, jul., 2005. GIULIANI, A. C.. Perfil Profissiográfico dos Egressos do Programa de Mestrado Profissional em Administração de uma Instituição de Ensino do Interior do Estado de São Paulo. Rev. Adm. UFSM, Santa Maria, v. 3, n.1, p. 94-108, jan./abr., 2010.

NEGRET, F.. A identidade e a importância dos mestrados profissionais no Brasil e algumas considerações para a sua avaliação. RBPG, Brasília, v. 5, n. 10, p. 217-225, dez., 2008.

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QUELHAS, O. L. G.; FILHO, J. R. F.; FRANÇA, S. L. B. F.. O mestrado profissional no contexto do sistema de pós-graduação brasileiro. RBPG, v. 2, n. 4, p. 97-104, jul., 2005. RAMOS, M. da G.. Expansão e pós-graduação stricto sensu captando desafios.

GEUIpesq/UFPel. Disponível em:

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__DESAFIOS.pdf

RODRIGUES, C.. A divisão dos mestres. Valor Econômico, Caderno Eu e fim de semana, p.10-13, set., 2011,

SOUZA, C.. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, ano 8, n. 16, p. 20 - 45, jul./dez., 2006.

APÊNDICE A: TABELAS

TABELA 1: Programa/curso(s) por região brasileira

Região Quantidad e % CENTRO-OESTE NORDESTE NORTE 37 101 34 6,36 17,38 5,85 SUDESTE 290 49,91 SUL 119 20,48 BRASIL 581 100

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 2: Programas/cursos na região norte por estado

Estado Quantidade %

AC 1 2,94

(12)

AP 0 0 PA 16 47,05 RO 3 8,82 RR 2 5,88 TO 5 14,70 Total 34 100

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 3: Programas/cursos na região nordeste por estado

Estado Quantidade % AL 4 3,96 BA 29 28,71 CE 13 12,87 MA 5 4,95 PB 9 8,91 PE 24 23,76 PI 3 2,97 RN SE 13 1 12,87 0,99 Total 101

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 4: Programas/cursos na região centro-oeste por estado

Estado Quantidade % DF 16 43,24 GO 11 29,72 MS 8 21,62 MT 2 5,40 Total 37 100

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 5: Programas/cursos na região sudeste por estado

Estado Quantidade % ES 11 3,7 MG 58 20,00 RJ 102 35,17 SP 119 41,03 Total 290 100

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 6: Programas/cursos na região sul por estado

Estado Quantidade %

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SC 28 23,52

Total 119 100

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 7: Programas/cursos na região norte por dependência administrativa

Estado Particular Pública

Federal Pública Estadual P ú b l i c a Municipal Total AC 0 1 0 0 1 AM 1 4 2 0 7 AP 0 0 0 0 0 PA 1 12 3 0 16 RO 0 3 0 0 3 RR 0 1 1 0 2 TO 0 5 0 0 5 Total 3 25 6 0 34

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 8: Programas/cursos na região nordeste por dependência administrativa

Estado Particular Pública

Federal Pública Estadual P ú b l i c a Municipal Total AL 1 3 0 0 4 BA 7 14 8 0 29 CE 0 7 6 0 13 MA 1 1 3 0 5 PB 0 6 3 0 9 PE 8 13 3 0 24 PI 2 1 0 0 3 RN 3 10 0 0 13 SE 0 1 0 0 1 Total 22 56 23 0 101

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 9: Programas/cursos na região centro-oeste por dependência administrativa

Estado Particular Pública

Federal Pública Estadual P ú b l i c a Municipal Total DF 2 13 1 0 16 GO 2 8 1 0 11 MS 1 5 2 0 8 MT 1 1 0 0 2 Total 6 27 4 0 37

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 10: Programas/cursos na região sudeste por dependência administrativa

Estado Particular Pública

Federal Pública Estadual P ú b l i c a Municipal Total ES 4 7 0 0 11

(14)

MG 18 37 3 0 58

RJ 32 66 4 0 102

SP 62 15 37 5 119

Total 116 125 44 5 290

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 11: Programas/cursos na região sul por dependência administrativa

Estado Particular Pública

Federal Pública Estadual P ú b l i c a Municipal Total PR 11 12 10 0 33 RS 32 26 0 0 58 SC 9 12 5 2 28 Total 52 50 15 0 119

Fonte: Dados organizados pela autora com base no site da Capes.

TABELA 12: Programas/cursos por dependência administrativa/regiões

Estado Particular Pública

Federal Pública Estadual P ú b l i c a Municipal Total Norte 3 25 6 0 34 Nordese 22 56 23 0 101 Centro-oeste 6 27 4 0 37 Sudeste 116 125 44 5 290 Sul 52 50 15 2 119 Total 199 283 92 7 581

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