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EFEITO DA SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DE OPÇÃO DE VENDA SOBRE A RECEITA DOS PRODUTORES DE MILHO NO ESTADO DE SÃO PAULO

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EFEITO DA SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DE OPÇÃO DE VENDA SOBRE A RECEITA DOS PRODUTORES DE MILHO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Samira Aoun

Instituto de Economia Agrícola

samira@iea.sp.gov.br

Grupo de Pesquisa: Comercialização, Mercados e Preços. RESUMO

O objetivo deste trabalho é fazer uma análise de risco de mercado dos produtores de milho do Estado de São Paulo. Procurou-se quantificar o efeito da subvenção ao prêmio de contratos de opção sobre futuros na receita dos produtores. Utilizou-se dados do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, metodologia de simulação de Monte Carlo e análise estatística de dados de preços e produtividade das regiões de Assis, Itapeva e São João da Boa Vista, do período de 2003 a 2012. Os resultados mostram que o uso de contratos de opção de venda para gerenciamento de risco pelos produtores de milho no Estado de São Paulo pode reduzir o desvio padrão da receita bruta por hectare em até de 24%. Nas regiões em que as oscilações de produtividade não forem o fator de risco maior do que os preços recebidos esta modalidade de hedge daria proteção efetiva contra os riscos do mercado.

Palavras-chave: risco de preços; hedge; mercado futuro de opções; políticas públicas. ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the market risk of corn farmer in the State of São Paulo. Aimed to quantify the effect of the subsidy to the premium put option on corn farmers revenue. It was used data from the Instituto de Economia Agricola in São Paulo, methodology of Monte Carlo simulation and statistical analysis of price and productivity data of regions of Assis, Itapeva and São João da Boa Vista, the period from 2003 to 2012. The results show that the use of put option for risk management would reduce the standard deviation of gross revenue per hectare by up to 24%. In regions where the oscillations yields are not higher risk factor than the prices received this type of hedge would give protection against market risks.

Key words: price risk, hedging, futures options, public policy.

1. INTRODUÇÃO

O agronegócio é um importante setor da economia brasileira, por representar mais de 22% do produto interno bruto e 40% do total das exportações. O Brasil possui uma vocação agropecuária propiciada pela sua geografia: grande extensão de terras e localização no eixo Norte-Sul; vários climas, e tem capacidade de produzir vários produtos comerciais, produtos tropicais e temperados. Há boa qualidade de solo, chuva e conhecimento tecnológico. Há domínio da genética, como o melhoramento genético e o conhecimento tecnológico do cerrado (BRESSAN FILHO, 2011).

Devido a sua grande importância são vários os instrumentos criados para estímulo ao crescimento do agronegócio, como a política de crédito rural, a política de preços mínimos, a política de seguro agrícola, políticas de pesquisa e extensão agropecuária, políticas específicas

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para alguns produtos (como café, cana-de-açúcar e trigo) e insumos e a política de regulamentação do uso de recursos florestais (BACHA, 2012).

Desde 1994, em consequência da redução dos recursos públicos de baixo custo de captação, intensificou-se a criação de instrumentos privados de financiamento do agronegócio. Grandes transformações na economia brasileira, ocasionadas principalmente pela liberalização comercial e financeira bem como pela execução de políticas de estabilização, ocorreram nesta década (AOUN, 2004). Medidas de política econômica e agrícola passaram a ser tomadas para regular a renda da agropecuária por ser o risco um fator relevante na atividade.

Um ponto importante a ser mencionado é que toda atividade econômica é sujeita a vários riscos. As condições de mercado, as mudanças nos ambientes políticos e econômicos, entre outras, podem afetar negativamente o resultado esperado em um investimento. No agronegócio o risco adquire contornos de maior imprevisibilidade porque, além dos fatores mencionados, a agropecuária é susceptível à ocorrência de fenômenos climáticos adversos, a ataques de pragas e ocorrência de doenças.

Dessa forma, o risco ocorre quando os resultados da receita possuem muita variabilidade e que não são igualmente desejáveis. Na produção agrícola resultados indesejáveis de receita estão associados a baixos preços na colheita, baixas produtividades ou ambos.

O risco de preços, também conhecido como risco de mercado, resulta de alterações nos preços e nas relações de preços entre o momento em que a decisão de produzir é tomada e o período em que a venda da produção será realizada. Ou seja, o risco de mercado decorre do fato de a decisão de investir ser bastante anterior ao momento da colheita.

Para entender e medir possíveis perdas devido às flutuações do mercado é importante identificar e quantificar o mais corretamente possível as volatilidades e correlações dos fatores que impactam a dinâmica do preço do ativo. Para evitar ou reduzir os riscos existe o hedge, que é uma operação de proteção em que o agente toma determinada posição para evitar ou diminuir variações de preços e, portanto, de sua renda.

Com a finalidade de reduzir os riscos de mercado, em maio de 2013 foi oficialmente lançado o Projeto Financiamento do Custeio Agropecuário Atrelado a Contrato de Opção – Ano Agrícola 2012/2013 e 2013/2014 do Governo do Estado de São Paulo mediante a celebração de convênio da Secretaria da Agricultura de São Paulo e o Banco do Brasil (SÃO PAULO, 2013a).

O projeto objetiva ampliar a utilização de mecanismos de proteção de preço via contrato de opção agropecuária pelos produtores rurais do Estado de São Paulo, a fim de minimizar os riscos de preços inerentes à volatilidade das commodities agropecuárias; garantir ao produtor rural um preço mínimo de venda da sua produção; disseminar e desenvolver a cultura de redução de risco de preço, por meio de contratos de opções; incentivar a utilização de mecanismos de proteção de preço, realizados em Bolsas de Mercadorias e Futuros; fortalecer a economia local e contribuir para implantação de políticas de desenvolvimento econômico e social sustentável (SÃO PAULO, 2013b).

O lançador das opções padronizadas para café, milho, soja e boi gordo na BM&FBOVESPA é o Banco do Brasil, BB. Os beneficiários são os produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas, diretamente ou por meio de suas cooperativas e associações, por eles autorizadas, que conduzam o empreendimento agropecuário no Estado de São Paulo e contratem suas operações de financiamento e de proteção de preços em agências do BB no Estado de São Paulo; possuam operações de crédito rural formalizadas com o BB, em

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agências no Estado de São Paulo; e efetuem operações de proteção de preço via contrato de opção, intermediada pelo BB, através de agências do Estado de São Paulo.

A Subvenção contemplada no projeto é de 50% do valor do prêmio do contrato de opções, com recursos do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista, FEAP/BANAGRO, para os clientes que comprovarem o enquadramento no projeto, na forma descrita acima. Assim sendo, o benefício é concedido ao produtor rural, por intermédio do BB, mediante ressarcimento de 50% do custo da proteção de preços via contrato de opções. O prêmio é negociado entre as partes no pregão eletrônico da BM&FBOVESPA.

O valor máximo de subvenção por beneficiário para o Ano Agrícola 2012/2013 bem como 2013/2014, será de até R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais), dentro do limite de até 50% (cinquenta por cento) do custo para proteção de preço via contrato de opções, excluídos os custos operacionais da BM&FBOVESPA. Em termos globais, o montante de recursos é da ordem de R$ 6,0 milhões, conforme disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros.

Para se evitar ações especulativas de mercado, o Governo do Estado de São Paulo somente subvencionará essa operação casada ao crédito de custeio da produção agropecuária e, portanto, o prêmio cobrado será um custo operacional da contratação do financiamento.

Deve-se frisar que esta modalidade de hedge negociada em bolsa não se refere aos contratos privados de opção de venda e prêmio de risco de opção privada, PROP, subvencionados pelo governo federal e que são operacionalizados por leilões.

1.1. Objetivos

Este segmento de mercado é relativamente novo no Brasil e pode ser considerado ainda incipiente. Devido às especificidades desse mercado e da execução desta política publica para o Estado de São Paulo este trabalho objetiva estudar o mercado de opções sobre futuro para o milho e verificar o alcance de políticas públicas em estimular o desenvolvimento do mercado de opções para administração de riscos. Em outras palavras, objetiva-se obter o efeito do uso de contratos de opção de venda sobre o risco de receita dos produtores de milho de São Paulo.

Especificamente, pretende-se:

1. Calcular o risco de mercado dos produtores de milho do Estado de São Paulo. 2. Estimar a receita bruta por hectare dos produtores de milho do Estado de São

Paulo.

3. Quantificar o efeito dos contratos de opção sobre o risco de receita dos produtores de milho do Estado de São Paulo.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. O Conceito de risco.

O risco é definido como a impossibilidade de um agente econômico prever o valor ou a magnitude de determinada variável relevante em certo momento futuro (NELSON, 1961). Assim, o risco é a possibilidade de que a empresa venha a incorrer em perdas, quer seja por um impacto negativo no crescimento de suas receitas ou venha a defrontar-se com dificuldades.

As principais fontes de risco do agronegócio são: risco de produção, cujas medidas de mitigação são zoneamento agrícola, seguro agrícola e tecnologia; risco de preço, cujas

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medidas de mitigação são cadastro, garantias, seguro, novos títulos, certificação positiva; e risco de contratos, mitigados por cláusulas de arbitragem, etc. (OZAKI, 2012).

Especificamente, o risco de preços ocorre por causa da volatilidade dos preços de commodities agrícolas. Essas volatilidades são causadas porque a produção é geralmente de ciclo curto e as elasticidades da demanda são baixas. As elasticidades da demanda em curto prazo são baixas devido ao fato de o preço de commodities agrícolas terem baixo valor agregado e haver alto grau de substituição entre matérias primas. A baixa reação da produção de culturas anuais é causada principalmente porque as decisões de plantio são feitas antes que os preços para a nova safra sejam conhecidos. Estas decisões dependem mais de preços esperados do que de preços realizados. Daí decorre um dos principais fatores de risco no agronegócio. Para tanto, as técnicas de gerenciamento de preços agrícolas têm um potencial de melhorar o funcionamento da oferta agrícola em economias em desenvolvimento. (DANA; GILBERT, 2008).

Além disso, as empresas que gerenciam devidamente o risco desfrutam de relações facilitadas com os subscritores dos seus riscos.

2.2. O Conceito econômico de hedge.

A palavra hedge é originada do inglês e significa procurar proteção. Hedger é aquele agente que quer fazer gestão de risco e procura proteção.

O conceito econômico de hedge foi discutido por BUENO (2002) para saber se um agente que opera com contratos futuros, quer seja um produtor ou um comprador do bem negociado no contrato futuro, estaria especulando ou agindo defensivamente contra variações de preço. Aquele autor mostrou que o agente que toma uma posição futura para evitar variações indesejadas da riqueza não procura auferir algum ganho e sim minimizar variações de preço. De acordo com sua análise, estes agentes, ao tomarem uma posição em futuros, mesmo não sendo na proporção um para um em relação à posição à vista, pratica-se hedge, embora ganhos imprevisíveis possam ocorrer.

É possível fazer hedge no mercado de balcão, mas um mercado futuro organizado confere maior facilidade nas transações por padronizar um contrato e substituir o risco de inadimplência dos agentes pelo risco de inadimplência da bolsa, ou seja, reduz o risco dos agentes que participam deste mercado (EDERINGTON, 1979). Deve-se observar que os parâmetros de negociação e as regras do mercado de balcão são menos exigentes do que os da bolsa o que pode não evitar o risco de inadimplência dos agentes.

2.3. O contrato de opção de commodities agrícolas

GONÇALVES e SOUZA (2009) estudaram os mecanismos possíveis de proteção de preços agropecuários, via mercado, para a execução de uma política pública, na safra 2008/2009. Entre contratos futuros e de opções destacaram a dificuldade dos contratos futuros na disponibilização de recursos e de tempo a ser despendido para a realização dos ajustes diários em função dos movimentos de mercado. Dessa forma, a escolha recaiu sobre o contrato de opção sobre futuros. Destaca-se que o desenho jurídico necessário para a execução de políticas públicas que envolvam subvenção econômica do Governo do Estado de São Paulo foi iniciado em 1992

De acordo com os autores, busca-se desenvolver instrumentos de gerenciamento de risco, para tornar a agropecuária uma atividade mais estável e rentável, de modo que sejam possíveis decisões de investimento em inovação. Trata-se aqui de financiamento do custeio

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agropecuário com a inovação de permitir a realização de hedge de preços ao comprar contrato de opção, com subvenção parcial no contrato de financiamento, independente das taxas de juros e das demais condições do crédito. Essa iniciativa constitui em transferir para o mercado os riscos de oscilações de preços das commodities.

O segmento de mercado dos contratos de opções é uma modalidade operacional de fixação de preços para uma data futura. MARQUES, MELLO e MARTINÊS (2006) estudam o funcionamento dos mercados futuros e de opções agropecuários e as estratégias que podem ser utilizadas para a administração de riscos de preços. O estudo dos mercados e suas definições, mediante os contratos de opção, fornece grande ferramental analítico para a operacionalização dos instrumentos de negociação.

As opções consistem em contratos que dão o direito, mas não a obrigação, da compra ou venda de um volume de contratos futuros de uma determinada commodity na data prevista no contrato, ou anterior a ela, por um determinado preço, que é chamado de preço de exercício ou strike price. O preço de exercício é escolhido pelo comprador dentro de certos parâmetros, como custo de produção, margem de lucro, etc. O preço de referência deste mercado é o preço futuro.

A não obrigatoriedade do titular da opção em exercê-la é uma das principais vantagens em relação aos contratos a termo nos quais o titular normalmente tem que cumprir o compromisso de vender ou comprar algo.

O sentido da não obrigatoriedade em exercer uma opção de venda é que se os preços futuros, à época de vender a colheita, forem maiores do que o preço de exercício, estabelecido no contrato, o agropecuarista pode se beneficiar da alta, e vender seu produto ao preço do mercado, que deverá ser igual ao preço do mercado futuro. Neste caso, diz-se que a opção “virou pó”.

A não obrigatoriedade significa também que o agropecuarista pode negociar seu contrato. As opções de commodities agrícolas negociadas na BM&FBOVESPA são do tipo americano que podem ser exercidas ou negociadas a qualquer momento até a data de vencimento. A negociação do contrato, ou revenda, pode ser interessante se encontrar comprador para seu contrato a um prêmio mais atraente e não ser necessário ficar com posição no mercado futuro.

O comprador paga pelo contrato um prêmio ao vendedor, que é o lançador da opção. O comprador, ao pagar o prêmio ao vendedor da opção, detém o direito, mas não a obrigação, de exercê-la em uma data futura, porém o vendedor tem uma obrigação futura, caso o titular exerça seu direito.

O prêmio desta modalidade contratual é negociado entre as partes no pregão da BM&FBOVESPA. Ao exercer uma opção o titular recebe a diferença entre o preço de exercício estabelecido no contrato e o preço futuro correspondente, adjacente. Neste caso, o titular recebe uma posição vendida no mercado futuro, se for uma put option, ou uma posição comprada, se for uma call option, ao preço de exercício e para o mês de vencimento do contrato adquirido. Já o lançador de uma opção encerra sua posição ao comprar uma opção semelhante, ou seja, mesma commodity na mesma data de vencimento e com o mesmo preço de exercício.

Deve-se enfatizar que todos os agentes podem participar deste mercado, porém somente os produtores rurais do Estado de São Paulo que aceitarem o contrato de opção de venda atrelado ao financiamento de custeio obtido junto ao Banco do Brasil terão a subvenção ao prêmio do Governo do Estado de São Paulo.

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2.4. A experiência norte-americana

PLATO (1989) - ao analisar os efeitos de um programa de opção de venda subsidiado e venda futura sobre os riscos de receita dos produtores agrícolas - compara a eficácia do programa de commodities vigente nos Estados Unidos para o algodão, milho, soja e trigo com a eficácia de um programa de opção de venda subsidiada para estas quatro commodities. Aquele autor examina a efetividade dos programas em reduzir o risco de receita dos agricultores. Dados agregados de preços e produtividade médios dos Estados Unidos são utilizados para estimar os preços, produtividade e receita por hectare ao nível de fazenda. Comparações das médias e variabilidades estimadas dos preços e receitas das fazendas para as políticas de commodities são usadas para verificar os efeitos sobre os riscos de receita dos agricultores. As medidas de variabilidade de receita representativas dos riscos utilizadas são o desvio padrão da receita e a probabilidade ou frequência de a receita ser menor do que níveis especificados.

Os resultados mostraram que ambos os programas, em média, reduziriam o desvio padrão da receita para os produtores individuais em cerca de 20 por cento. O autor também examina a efetividade de cada um destes dois programas em conjunção com o uso de seguro de colheita na redução do risco de receita dos agricultores. Os resultados mostraram que qualquer programa, em conjunto com o uso de seguro agrícola dos produtores, poderia reduzir o desvio padrão da receita em até 44 por cento.

GLAUBER e MIRANDA (1989) examinam o efeito agregado sobre a receita dos agricultores e sobre o orçamento federal do uso de put option subsidiadas como uma alternativa ao suporte de preços de commodities tradicionalmente usadas nos EUA. Os produtos analisados são algodão, milho, soja e trigo. Comparações entre o programa de suporte de preços e de opções de venda subsidiado são feitas mediante um modelo de expectativas racionais e simulação para as safras 1989-98. Sob o programa de opções de venda para apoiar e estabilizar os rendimentos dos produtores, esses comprariam opções de venda de suas colheitas para dar cobertura a suas produções. O governo norte-americano reembolsaria aos produtores o montante do premio da opção de venda a um preço de exercício das opções equivalente a taxa de empréstimo. O preço de exercício equivalente à taxa de empréstimo seria igual à taxa de empréstimo nacional mais a base esperada entre o preço médio da na fazenda e o preço futuro na data do vencimento. A taxa de empréstimo e o preço de exercício equivalente à taxa de empréstimo dariam aos produtores proteção de renda similar.

Estes autores concluíram que os produtores seriam relativamente pouco afetados pelo programa de opção de venda subsidiada em comparação com o programa de empréstimo em operação. Conforme seja o risco de base e o risco de produtividade, os produtores individuais podem ficar melhores com um programa que o outro. Os autores concluíram, também, que o efeito sobre os custos do governo dependeria da elasticidade da demanda dos produtos. Ademais, um programa de opção de vendas subsidiado teria pouco efeito sobre a variabilidade dos preços de mercado e, potencialmente, poderia aumentar a variabilidade com a remoção dos suportes de preços. Os custos administrativos poderiam ser maiores e as incertezas orçamentárias menores com as opções subsidiadas.

Os efeitos dos programas de estabilização de preços de commodities foram estudados por MIRANDA e HELMBERGER (1988), que analisaram os programas de commodities em que o governo tenta apoiar e estabilizar o preço mediante compras e vendas no mercado aberto. Eles avaliam os efeitos de tais programas no mercado de soja dos EUA usando um modelo de expectativas racionais, que inclui o armazenamento privado, a resposta esperada

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do preço pela produção e preço suporte arbitrário e de liberação. Simulações estocásticas do modelo demonstram que os programas de estabilização de preços podem reduzir o preço de mercado de longo prazo e desestabilizar a receita do produtor.

Finalmente, deve ser mencionado que a realização desta breve revisão de literatura internacional teve o intuito de obter parâmetros de referência para a análise de risco que utiliza de métodos quantitativos já estabelecidos, como os deste trabalho. Procurou-se, também, acrescentar aspectos analíticos pertinentes à metodologia utilizada, como será visto no item 4.3.2.

3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Material

Foram utilizados os preços diários recebidos pelos produtores de milho no período de 2003 a 2012, levantados pelo Instituto de Economia Agrícola, IEA, de São Paulo. Estes preços referem-se aos valores obtidos na transação de venda de produtos agropecuários pelo produtor para o primeiro comprador do sistema de comercialização no Estado de São Paulo. As cotações são coletadas diariamente e divulgados por Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR) para aqueles que são os principais produtores de cada produto.

As informações de área e produção de milho do Estado de São Paulo foram obtidas também do IEA em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, CATI. São utilizados os dados para a safra de milho de verão e inverno no período de 2003 a 2012. Não está incluído neste trabalho o milho irrigado.

O milho é um produto bastante disperso no Estado de São Paulo de tal modo que praticamente todas as regiões têm produção desta cultura. Foram escolhidas as regiões de Assis, de Itapeva e de São João da Boa Vista para análise por eles terem grande quantidade produzida de milho, serem tradicionais no cultivo deste produto e situarem distantes umas das outras.

3.2. Métodos

A medida estabelecida para dimensionar o risco é o desvio padrão e a probabilidade de ocorrência de situações adversas. A estimativa das probabilidades associadas a várias classes de receita bruta por hectare dos produtores de milho é propiciada pela simulação de Monte Carlo. A análise descritiva de dados estatísticos de preços e produtividade de milho das três regiões produtoras é necessária para alimentar o processo de análise de risco.

As médias anuais dos preços diários de cada região, do período de 2003 a 2012, foram deflacionadas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, do período para a data base de 2012. Histogramas que mostram a frequência em que os preços ocorrem foram construídos.

Para a produtividade utilizou-se de médias ponderadas pela área da cultura do milho de verão e inverno, safrinha, do período de 2003 a 2012.

Merece esclarecer que a forma de resolver a derivada da função receita, que depende da função de produção e da formação de preços nos mercados agrícolas, sem ter que escrever a equação diferencial pode ser feita pelo método de Monte Carlo. Este método é apropriado para contornar as dificuldades de curse of dimensionality e curse of modeling para a solução de problemas reais complexos (DIAS, 2006). Muitas vezes é usado para calcular o valor

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esperado de uma variável que é função de várias variáveis estocásticas, como é o deste trabalho.

As estimativas feitas com a simulação de Monte Carlo não possuem um padrão bem definido de convergência para o valor verdadeiro. O erro das estimativas diminui com o tamanho das amostras. Portanto, é necessário obter amostras muitos grandes para atingir uma precisão aceitável.

Dessa forma, foram feitas 10 amostras de 10.000 simulações de preços e produtividades para cada região. Com os resultados das médias das 10 amostras de preços e de produtividades para cada região calculou-se as probabilidades por classes de receita bruta por hectare bem como as médias e desvio padrão.

Para estimar a receita bruta considerou-se que os preços seguem uma distribuição discreta e a produtividadeuma distribuição normal. A receita bruta por hectare foi estimada, então, pela multiplicação dos preços pelas produtividades. Na estratificação da receita foi usado o critério de Scott para estabelecer o número de classes, que é a raiz cúbica de duas vezes o número de simulações. A geração de dados aleatórios da planilha de cálculo do Excel foi usada na simulação de Monte Carlo.

Para avaliar o efeito da subvenção paulista ao prêmio de contratos de opção sobre a renda bruta por hectare dos produtores considerou-se que no planejamento do plantio os produtores comprariam contratos de opção de venda de milho ao preço de exercício médio de R$ 25,00 a saca de 60 kg de milho. Este preço seria realizado à época da colheita conforme estes sejam superiores aos preços vigentes do contrato. O prêmio médio considerado para a saca de 60 kg é de 80 centavos por saca, subvencionados pela metade ao produtor pela política estadual. O preço, então, recebido pelos produtores é de R$ 24,60 a saca de 60 kg. Estes valores de preço médio e prêmio foram obtidos em GONÇALVES e SOUZA (2009) e atualizados.

Por diferença entre a receita bruta por hectare aos preços de contrato e aos preços anteriores se obtém a receita derivada dos contratos de opção.

Finalmente, a diferença percentual de desvio padrão obtido a partir da receita com e sem opções fornece a estimativa da redução do risco derivado dos contratos de opção subvencionados no Estado de São Paulo.

4. RESULTADOS

4.1. Análise descritiva dos dados de preços de milho

A análise descritiva dos dados de preços médios reais de milho recebidos pelos produtores, no período de 2003 a 2012, mostra que as diferenças entre as três regiões do Estado de São Paulo analisadas são discretas (TABELA 1). As médias de preços reais de milho são de R$ 24,00 a saca de 60 kg na região de Assis, de R$ 24,22 na região de Itapeva e de R$ 24,76 na região de São João da Boa Vista, SJBV. A amplitude de oscilação das médias anuais dos preços reais é de cerca de R$ 8,00 a R$ 9,00 a saca por ano. Preços médios reais máximos de cerca de R$ 28,94 foram recebidos pelos produtores de milho na região de São João da Boa Vista e os mínimos de R$19,62 na de Assis.

A variabilidade dos preços, analisada pelo desvio padrão, que representa o risco de preços ao produtor rural de milho resultou em R$ 3,18 por saca de 60 kg na região de Assis, em R$ 3,12 por saca na região de Itapeva e em R$ 3,26 por saca em São João da Boa Vista. Isto significa que, em média, os produtores de milho podem ter seus preços diminuídos em cerca de R$3,00 a saca de um ano para o outro.

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Por sua vez, o coeficiente de variação dos preços de cada região, que expressa o desvio padrão em percentagem da média, resultou entre 12,84% e 13,27%. Aparentemente não há indicação de diferenças significativas de comportamento entre os preços recebidos pelos produtores entre regiões. Isto confere maior confiabilidade à análise realizada.

TABELA 1. Estatísticas de preços reais de milho para regiões selecionadas do Estado de São Paulo, 2003-2012.

Escritório de Desenvolvimento Rural

ASSIS ITAPEVA SJBVISTA

Preços Médios Reais 24,00 24,22 24,76

Preços Máximos 28,10 27,87 28,94

Preços Mínimos 19,62 19,95 20,21

Amplitude dos preços 8,48 7,92 8,72

Desvio Padrão 3,18 3,12 3,26

Coeficiente Variação 13,27% 12,84% 13,15%

Fonte: Calculado pela autora.

Os histogramas de preços, que sintetizam as informações de frequência de cada um dos preços médios reais recebidos pelos produtores de milho nas três regiões, do período de 2003 a 2012, mostram, por blocos de preços, a frequência em que cada observação de preços ocorre. Para efeito de apresentação dos blocos os preços foram arredondados (GRAFICOS 1 a 3).

GRÁFICO 1 – Preços reais médios recebidos pelos produtores de milho, Região de Assis, São Paulo, período 2003-12. Valores em reais de 2012.

Fonte: Elaborado com dados do Instituto de Economia Agrícola. 0,4 0,2 0,4 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 (20;23) (23;25) (25;28) F requenci a em per cent agem Blocos de preços

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Na região de Assis, a distribuição de frequência dos preços reais recebidos pelos produtores no período de 2003 a 2012 mostra que preços reais entre R$ 20,00 e R$ 23,00 a saca de 60 kg ocorrem em 40% dos anos. Em apenas 20% dos anos, os preços estiveram no intervalo de R$ 23,00 a R$ 25,00 a saca, ou seja, os preços reais médios ocorrem em 20% dos anos. Em outros 40% dos anos, os preços reais estiveram no intervalo de R$ 25,00 a R$ 28,00 a saca. Desta análise, infere-se que há, em média, 40% de probabilidade dos preços reais de milho na região de Assis se situarem abaixo da faixa de preços médios.

Na região de Itapeva, o panorama é semelhante. O intervalo de preços mais baixos, entre os mesmos R$ 20,00 a R$ 23,00 a saca, ocorre em 40% dos anos; em apenas 10% dos anos, os preços reais estiveram em torno da média e em 50% dos anos os preços reais se situaram em intervalo de preços maiores, de R$ 25,00 a R$ 28,00 a saca. Na região de Itapeva, a probabilidade dos preços reais de milho se situarem abaixo da faixa de preços médios também é de 40%.

GRÁFICO 2 – Preços reais médios recebidos pelos produtores de milho, Região de Itapeva, São Paulo, período 2003-12. Valores em reais de 2012.

Fonte: Elaborado com dados do Instituto de Economia Agrícola.

Já, na região de São João da Boa Vista, a distribuição de frequência dos preços médios reais é um pouco diferente devido à ocorrência de preços máximos maiores. A distribuição de frequência dos preços reais recebidos pelos produtores, no período de 2003 a 2012, também mostra que em 40% dos anos ocorreram preços reais de milho na faixa de preços mais baixos, de R$ 20,00 a R$ 23,00 a saca de 60 kg. Entretanto, os limites dos intervalos seguintes são pouco maiores do que os verificados para as duas outras regiões. No intervalo intermediário, de R$ 23,00 a R$ 26,00 a saca a frequência é de 10% e no intervalo de preços entre R$ 26,00 e R$ 29,00 a frequência é de 50%. 0,4 0,1 0,5 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 (20;23) (23;25) (25;28) F requenci a em per cent agem Blocos de preços

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GRÁFICO 3 – Preços reais médios recebidos pelos produtores de milho, Região de São João da Boa Vista, São Paulo, período de 2003-12. Valores em reais de 2012.

Fonte: Elaborado com dados do Instituto de Economia Agrícola.

Estes resultados complementam a análise do desvio padrão. Indicam com que frequência os preços reais recebidos pelos produtores de milho, nas três regiões do Estado de São Paulo, ocorrem abaixo da média. Esta frequência não é desprezível, o que pode colocar o produtor em dificuldades financeiras em seus resultados totais das safras de ano para ano.

4.2. Análise descritiva dos dados de produtividade de milho.

Por sua vez, na análise estatística da produtividade de milho do período de 2003 a 2012 foram consideradas as produtividades médias dos 10 anos ponderadas pelas áreas de milho verão e inverno, ano a ano. Isso porque as produtividades de milho de verão são mais elevadas do que as de milho safrinha, de inverno (TABELA 2).

TABELA 2. Área e produtividade médias de milho e milho safrinha, para regiões selecionadas do Estado de São Paulo, 2003-12.

Escritório de Desenvolvimento Rural ASSIS ITAPEVA SJBV

Área media de milho verão (Ha) 11.117 76.522 48.937

Área media de milho inverno - safrinha (Ha) 120.751 16.362 1.878 Produtividade média de milho verão (SC/Ha) 86 114 94 Produtividade média de milho inverno - safrinha (SC/Ha) 54 88 51 Produtividade média ponderada de milho (Sc/Ha) 57 98 93

Fonte: Resultados da pesquisa.

O que se observa para as produtividades de milho é que as produtividades da safra de inverno são, em média, mais baixas do que da safra de verão nas três regiões do Estado de São Paulo, em 46% na de São João da Boa Vista, SJBV, em 37% na de Assis e em 23% na de

0,4 0,1 0,5 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 (20;23) (23;26) (26;29) F requenci a em per cent agem Blocos de preços

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maior parte da produção neste período, o que configura uma prática de cultivo mais consolidada do que nas outras regiões. Este cultivo, geralmente em sucessão com a soja, reutiliza a terra após a colheita da cultura de verão.

Assim, o cálculo das médias ponderadas das produtividades de milho do período de 2003 a 2012 mostra que as regiões de Itapeva e São João da Boa Vista superam em cerca de 60 a 70% a produtividade media da região de Assis (TABELA 3).

A produtividade média de milho na região de Assis é de aproximadamente 57 sacas por hectare, com um desvio padrão de mais de 15 sacas por hectare. A amplitude de variação é grande, em aproximadamente de 39 sacas por hectare, o que denota um risco de produção elevado. A amplitude de variação da produtividade também é elevada na região de Itapeva, de 40,57 sacas por hectare. Porém, média é mais elevada, em perto de 98 sacas por hectare, o que torna o desvio padrão menor, de 11 sacas por hectare. Já, o comportamento da produtividade média da região de São João da Boa Vista mostra oscilações menores do que as outras regiões, de 21 sacas por hectare e um desvio padrão de aproximadamente 8 sacas por hectare.

TABELA 3. Estatísticas de produtividade de milho para regiões selecionadas do Estado de São Paulo, 2003-2012.

Escritório de Desenvolvimento Rural ASSIS ITAPEVA SJBV

Produtividade média 57,39 97,78 92,55 Produtividade Max. 76,95 113,50 103,58 Produtividade Min. 37,97 72,93 82,14 Amplitude 38,98 40,57 21,44 Desvio Padrão 15,44 11,14 7,71 Coeficiente Variação 27% 11% 8%

Fonte: Calculado pela autora com dados do Instituto de Economia Agrícola.

Há diferenças significativas de produtividades entre as regiões analisadas, principalmente na região de Assis, conforme indicado pelo coeficiente de variação, de 27%.

Para efeito de comparação, a produtividade média da cultura do milho calculada para o Estado de São Paulo, no período de 2003 a 2012, é de 61,50 sacas por hectare. Enfatiza-se que neste cálculo também não se incluiu o milho irrigado. Observa-se, então, que as regiões de Itapeva e de São João da Boa Vista superam em muito a produtividade média do milho no Estado de São Paulo.

4.3. Resultados da Simulação de Monte Carlo

4.3.1. Estimativa da receita bruta por hectare de milho

Os resultados para a receita bruta por hectare foram obtidos por meio da multiplicação dos preços e das produtividades simulados (GRÁFICOS 4 a 6). No eixo horizontal está especificada a receita bruta por classes e no eixo vertical está a probabilidade acumulada

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associada a cada uma das 27 classes de receita. Da mesma forma, a estimativa da receita média por hectare é a média da receita gerada a partir do processo de simulação dos preços e das produtividades e não se refere à receita obtida com os dados médios do período de 2003 a 2012.

Na região de Assis, a receita bruta por hectare ficou estimada entre R$ 941,00 a R$ 1.891,00 por hectare, com uma média de R$ 1.371,00. A probabilidade de a receita bruta por hectare ser menor ou igual a esta média é de cerca de 50%. Dito de outra forma, em cerca de 50% das vezes a receita média por hectare dos produtores de milho da região de Assis é menor ou igual a R$ 1371,00.

GRÁFICO 4 - Estimativa de receita bruta de milho por hectare por classe, Região de Assis, São Paulo. Valores reais de 2012.

Fonte: Elaborado pela autora com dados do Instituto de Economia Agrícola.

Na região de Itapeva, a receita bruta por hectare foi estimada entre R$ 1.999,00 e R$ 2.799,00, com uma média de R$ 2.365,00 por hectare. A probabilidade de a receita bruta por hectare ser menor ou igual a esta média é de cerca de 50%. Ou seja, em 50% das vezes a receita média por hectare é menor ou igual a esta média.

Na região de São João da Boa Vista, SJBV, a receita bruta foi estimada entre R$ 1.985,00 e R$ 2.645,00 por hectare, com uma média em torno de R$ 2.296,00 por hectare. A probabilidade de a receita bruta por hectare ser menor ou igual a esta média é de pouco mais de 47%. Ou seja, em pouco mais de 47% das vezes a receita média por hectare dos produtores de milho é menor ou igual à média da região de São João da Boa Vista.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 94 1 97 7 10 14 10 50 10 87 11 23 11 60 11 96 12 33 12 70 13 06 13 43 13 79 14 16 14 52 14 89 15 25 15 62 15 98 16 35 16 72 17 08 17 45 17 81 18 18 18 54 18 91 F re que nc ia Ac umul ada Classes de receita

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GRÁFICO 5 - Estimativa de receita bruta por hectare de milho por classe, região de Itapeva, São Paulo. Valores reais de 2012.

Fonte: Elaborado pela autora com dados do Instituto de Economia Agrícola.

GRÁFICO 6 - Estimativa de receita bruta de milho por hectare por classe, região de SJBV, São Paulo. Valores reais de 2012.

Fonte: Elaborado pela autora com dados do Instituto de Economia Agrícola.

4.3.2. Estimativa da receita bruta adicionada por hectare de milho com opções subvencionadas.

Os resultados obtidos para a receita bruta adicionada com os preços de exercício dos contratos de opção mostram a probabilidade ou frequência relativa associada a cada valor

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 19 99 20 30 20 61 20 91 21 22 21 53 21 84 22 14 22 45 22 76 23 07 23 37 23 68 23 99 24 30 24 60 24 91 25 22 25 53 25 83 26 14 26 45 26 76 27 06 27 37 27 68 27 99 F re que nc ia ac umul ada Classes de receita 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 19 85 20 10 20 36 20 61 20 87 21 12 21 37 21 63 21 88 22 14 22 39 22 64 22 90 23 15 23 41 23 66 23 91 24 17 24 42 24 68 24 93 25 18 25 44 25 69 25 95 26 20 26 45 F re que nc ia ac umul ada Classes de receita

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adicionado pelo contrato de opção subvencionado (GRÁFICOS 7 a 9). Enfatiza-se que este valor foi obtido por diferença entre os limites das classes de receita bruta por hectare com opções e sem opções.

GRÁFICO 7 - Estimativa de receita bruta adicionada por hectare de milho com opções por classe, Região de Assis, São Paulo. Valores em reais.

Fonte: Elaborado pela autora com dados do Instituto de Economia Agrícola.

É interessante observar que os acréscimos estimados de receita bruta por hectare com a utilização de contratos de opção na região de Assis, são crescentes, entre R$ 31,00 e R$ 113,00, ou seja, sua distribuição se dá de forma crescente entre as classes de receitas maiores. Uma receita adicionada de R$ 69,00 por hectare tem uma probabilidade de ocorrência de mais de 12%.

GRÁFICO 8 - Estimativa de receita bruta adicionada por hectare de milho com opções por classe Região de Itapeva, São Paulo. Valores em reais.

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 31 34 37 40 43 46 50 53 56 59 62 65 69 72 75 78 81 85 88 91 94 97 100 104 107 110 113 F re que nc ia re lativa Classe de receita 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 20 6 20 0 19 4 18 9 18 3 17 7 17 2 16 6 16 0 15 5 14 9 14 3 13 8 13 2 12 6 12 1 11 5 10 9 10 3 98 92 86 81 75 69 64 58 F re quê nc ia re lativa Classes de receita

(16)

Também é interessante observar que na região de Itapeva, os acréscimos estimados de receita bruta por hectare com a utilização de contratos de opção mostram-se decrescente para as classes mais elevada de receita, entre R$ 206,00 e R$ 58,00, ou seja, sua distribuição se dá de forma decrescente para as classes de receitas maiores.

GRÁFICO 9 - Estimativa de receita bruta adicionada por hectare de milho com opções por classe, Região de SJBV, São Paulo. Valores em reais.

Fonte: Elaborado pela autora com dados do Instituto de Economia Agrícola

Na região de São João da Boa Vista, SJBV, a forma de distribuição dos resultados é peculiar, ficou estimada entre R$ 45,00 a R$ 46,00 por hectare, aproximadamente. Ou seja, os acréscimos de receita bruta por hectare estimados com a utilização de contratos de opção se diferenciariam por poucos centavos para as classes mais elevada de receita.

Importante enfatizar que estes resultados são decorrentes das configurações da distribuição e são derivados dos diferenciais de preços considerados e, obviamente, da produtividade. Assim, essa observação sobre a forma em que se processam os resultados da distribuição entre as classes de receita pode ser relevante para a efetividade dos contratos de opção em reduzir os riscos de mercado.

4.3.3. Efeito de opção de venda subvencionada sobre o desvio padrão da receita de milho no Estado de São Paulo.

O efeito da subvenção ao prêmio de contratos de opção de venda aos produtores de milho do Estado de São Paulo é diferenciado entre as regiões. (TABELA 4). Observam-se acréscimos de preços e receita média por hectare para as três regiões, porém a redução no risco de mercado, ou seja, a redução no desvio padrão se dá em magnitudes diferentes.

Os produtores de milho da região de São João da Boa Vista teriam um acréscimo médio de preços com a compra de contratos de opção de venda de R$ 1,17 por saca de 60 kg. A redução estimada da variabilidade da receita bruta por hectare é maior do que 24%.

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 44 ,8 9 44 ,9 4 44 ,9 9 45 ,0 4 45 ,0 9 45 ,1 4 45 ,1 8 45 ,2 3 45 ,2 8 45 ,3 3 45 ,3 8 45 ,4 3 45 ,4 8 45 ,5 3 45 ,5 8 45 ,6 3 45 ,6 8 45 ,7 3 45 ,7 8 45 ,8 3 45 ,8 8 45 ,9 2 45 ,9 7 46 ,0 2 46 ,0 7 46 ,1 2 46 ,1 7 F re quê nc ia re lativa Classes de receita

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Os produtores de milho da região de Itapeva podem ter um acréscimo nos preços recebidos, de R$ 1,40 a saca e uma redução no risco de receita bruta por hectare também considerável, em 17,51%.

TABELA 4. Efeito de opção de venda na redução de risco de receita por hectare de milho nas regiões selecionadas, São Paulo.

Regiões Receita bruta por hectare em valores reais de 2012.

Efeito de Opções.

Acréscimo em Preços da saca

Media Desvio Padrão

EDR Assis Sem opções R$1.371,00 R$126,40 Com opções R$1.462,00 R$126,31 0,07% R$ 1,57 EDR Itapeva Sem opções R$2.365,00 R$115,35 Com opções R$2.501,00 R$95,15 17,51% R$ 1,40 EDR SJBV Sem opções R$2.296,00 R$99,02 Com opções R$2.404,00 R$74,79 24,47% R$ 1,17

Fonte: Calculado pela autora com dados do Instituto de Economia Agrícola.

Para os produtores de milho da região de Assis, o acréscimo de preços daí decorrente é o maior, em média de R$ 1,57 por saca. Embora a redução estimada do desvio padrão da receita bruta media por hectare seja positiva, ela é de apenas de 0,07%. Ou seja, esta modalidade de hedge não reduziria os riscos de mercado. Isto pode estar indicando que na região de Assis a produtividade é o fator mais importante para o resultado de receita bruta.

Estes resultados obtidos para regiões de São Paulo são comparáveis aos obtidos por PLATO (1989) para o efeito de subsídios aos contratos de opção de venda de milho da região de Iowa, nos Estados Unidos. Segundo este autor, o risco de receita por hectare de milho seria reduzido em 21% para um período de 10 anos, com opções de venda subsidiadas.

5. CONCLUSÃO

O objetivo desse trabalho foi fazer uma análise de risco de mercado para os produtores de milho do Estado de São Paulo. Procurou-se quantificar o efeito de contratos de opção sobre futuros na receita destes produtores. Pretendeu-se fazer uma análise de risco do ponto de vista do produtor agrícola e não do lançador dos contratos.

Estimou-se o risco de preços dos produtores de milho em R$ 3,00 a saca para as três regiões do Estado de São Paulo. A frequência com que ocorrem abaixo da média não é desprezível e pode colocar o produtor em dificuldades financeiras em seus resultados das

(18)

Simulou-se a receita bruta por hectare com e sem os preços do mercado futuro para dimensionou-se o efeito da subvenção ao prêmio de contratos de opção de venda aos produtores de milho do Estado de São Paulo.

Os resultados mostraram que o efeito é diferenciado em cada região analisada. O uso de contratos de opção de venda pelos produtores para gerenciamento de risco pode reduzir o desvio padrão da receita bruta por hectare em até 24%. Isto significa que o gerenciamento de riscos pelos agrícolas contra movimentos adversos do mercado pode trazer resultados positivos.

Pelo fato de a política de subvenção ao prêmio de contratos de opção de venda de milho no Estado de São Paulo não eliminar totalmente os riscos de mercado, pode-se dizer que o alcance da política pública é moderado.

Recomendações de estudos futuros podem ser feitos. Obter estimativas de velocidade de propagação de uso de contratos de opção de venda por parte dos produtores agrícolas pode ser de grande utilidade. Estas estimativas são requeridas para dimensionar o tempo de expansão dos derivativos agropecuários na economia paulista.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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