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Arq. NeuroPsiquiatr. vol.21 número1

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Academic year: 2018

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AVALIAÇÃO CLÍNICA DO DICLORIDRATO DE FLUFENAZINA

W A L D I R DE S O U S A E A L M E I D A *

A s observações aqui relatadas foram feitas em psicóticos crônicos j á submetidos, em outras oportunidades, a variados tratamentos psiquiátricos; alguns j á submetidos à leucotomia por via transorbitária e, u m deles, à impregnação por derivados fenotiazínicos e pelo Serpasol. A l g u n s contavam com várias evasões.

M A T E R I A L E MÉTODO

Empregamos o dicloridrato de flufenazina ** em 12 doentes, 8 da raça branca, 4 da raça negra (2 pretos e 2 pardos). As Idades variaram de um mínimo de 27 a um máximo de 63 anos. Quatro pacientes tinham entre 32 e 39, cinco entre 41 e 50 e um tinha 62 anos.

O tempo da doença oscilou entre 8 e 26 anos, sendo a maioria com 10 a 17 anos (8 casos). Os diagnósticos situaram-se, na sua quase totalidade, no grupo das esquizofrenias: esquizofrenia hebefrênica ( 1 ) ; esquizofrenia catatônica ( 5 ) ; es-quizofrenia hebefreno-catatônica ( 1 ) ; eses-quizofrenia paranóide ( 3 ) ; eses-quizofrenia he-befreno-paranóide ( 1 ) ; oligofrenia-mania ( 1 ) .

Após exame clínico e exames hematológicos e de urina, encetávamos o trata-mento com a finalidade de obter a síndrome de impregnação. A dose inicial foi de 5 mg, seguida, nos dias subseqüentes, de doses adicionais de 5 mg por vez, até o aparecimento de sintomas extrapiramidais. Apenas um caso, o nosso primeiro pa-ciente iniciou com 2,5 mg e, durante 3 dias, recebeu aumentos subseqüentes 2,5 mg; contudo, ao atingir 10 mg, passamos a aumentos diários de 5 mg. Em três outros casos começamos com 10 mg e mantivemos esta dose no segundo dia, passando, a seguir, para aumentos de 5 mg diários.

As indicações para o tratamento não obedeceram a um critério seletivo rigo-roso; contudo buscou-se dar certa ênfase aos casos de comportamento noturno in-quieto, com deambulação, solilóquios, atitude autoritária, desconfiada, hostil, iras-cível e surtos de agravamento psicótico. Esses pacientes, em geral, lograram me-lhor benefício em comparação com aqueles de conduta passiva, cuja enfermidade apresentava evoluções insidiosas, sem episódios de maior exteriorização.

T O L E R Â N C I A

Os hemogramas repetidos regularmente evidenciaram, de modo geral, um au-mento dos eosinófilos e dos neutrófilos segmentados e diminuição, por vezes acen-tuada, dos neutrófilos em bastonete, dos linfócitos e monócitos. Tal fato não trouxe,

Trabalho realizado na Colônia Juliano Moreira, do Serviço Nacional de Doenças Mentais: * Psiquiatra do S.N.D.M.

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porém, quaisquer conseqüências clínicas assinaláveis. Os exames de urina, de regra, acusaram traços de urobilina e de pigmentos biliares. Em um caso apareceram traços de glicose na urina; contudo este achado não foi mais comprovado em exames ulteriores.

Um dos pacientes apresentou, em duas ocasiões, diarréia: a primeira, com a dose de 45 mg, não foi acompanhada de outros sintomas e cedeu sem necessidade de interromper a impregnação; a segunda, com a dose de 115 mg, foi acompanhada de hipertermia (40*C) e resistente à medicação; suspenso o tratamento, foi o pa-ciente removido para a enfermaria clínica, a fim de ser medicado conforme o caso exigia.

Em três pacientes a temperatura manteve-se subnormal (36'C) por alguns dias; um deles manteve essa temperatura por mais dois dias após a suspensão do medi-camento e, no terceiro dia, apresentou queda para 35,4<>C, logo normalizada. Em um paciente, a temperatura que, durante toda impregnação fora normal, ao ser retirada a medicação, baixou para 35,8«C, havendo também incontinência urinaria que cedeu sem maiores conseqüências; sua dose de impregnação fora inicialmente 10 mg; mantida a dose, cedeu espontaneamente o extrapiramidalismo; voltamos, então, a aumentar até atingir 50 mg, dose que foi mantida por 6 dias consecutivos. No que diz respeito às variações da pressão arterial e pulso, não há informa-ções de monta a registrar; os valores tensionais mantiveram-se dentro dos limites da normalidade, sendo assinaladas pequenas oscilações de 2 mm além do valor inicial.

RESULTADOS

Dentro das síndromes clínicas estudadas, apresentaram melhor reação ao tra-tamento os casos de esquizofrenia paranóide. Os que não reagiram satisfatoriamente situaram-se no grupo dos catatônicos no qual somente um caso apresentou me-lhora apreciável, tanto mais surpreendente pelas características de que se revestiu. Vale assinalar que este paciente, ao iniciar seus primeiros contatos com o mundo exterior, foi para fazer queixas de que "um aparelho no corpo fazia transmissões noturnas", prejudicando-lhe o sono.

Outro ponto a salientar diz respeito ao fato de que a melhoria apresentada pelos pacientes não guardou qualquer relação com a idade dos mesmos e o tempo calculado de doença.

COMENTÁRIOS

Empregamos em 12 casos de psicóticos crônicos o dicloridrato de flu-fenazina, u m novo psicoplégico, com a finalidade de obter a síndrome de impregnação. A s doses suscetíveis de provocar sintomas extrapiramidais si-tuaram-se, predominantemente, dentro dos limites de 35 e 90 mg. A dose variou bastante e registramos impregnações com 10 m g ( 1 ) , 35 m g ( 2 ) , 40 m g ( 1 ) , 45 m g ( 1 ) , 50 m g ( 3 ) , 55 m g ( 1 ) , 70 m g ( 2 ) , 90 m g ( 1 ) . Ressaltamos a ocorrência do parkinsonismo com dose de 10 m g em um paciente e o silêncio assintomático com dose de 240 m g em paciente de raça negra.

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arterial, bem como as alterações hematológicas, não constituíram motivo de

contra-indicação. E m geral, os sintomas extrapiramidais persistiam com a

diminuição da dose; cases houve em que, com 5 mg, as características sin-tomáticas continuaram presentes por vários dias. O período m á x i m o de uso

do medicamento foi de 86 dias e a duração da fase de maior intensidade

dos sintomas parkinsonianos foi de 25 dias, em média. À exceção da

diar-réia ocorrida em u m paciente motivando a suspensão do tratamento, a droga mostrou-se clinicamente inócua, no sentido de não ter originado

qualquer síndrome irreversível.

Acreditamos, assim, seja o dicloridrato de flufenazina, elemento útil na terapêutica psiquiátrica, podendo ser empregado a longo prazo; encon-trada a dose ótima para cada caso, a medicação deve ser mantida por longo período.

Verificamos que, em alguns pacientes, a suspensão da dose mínima útil,

isto é, aquela situada abaixo da dose causadora de sintomas extrapirami-dais, determinava o reaparecimento dos sintomas que tinham motivado a

instituição do tratamento. Restabelecida a terapêutica desapareciam os

sin-tomas. A l g u n s pacientes, sem qualquer dose de manutenção, conseguiram

manter-se satisfatoriamente até a data em que registramos estas observa-ções (outubro de 1961).

RESUMO

O a u t o r apresenta dados p r e l i m i n a r e s d e sua e x p e r i ê n c i a c o m n o v o p s i c o p l é g i c o ( d i c l o r i d r a t o de f l u f e n a z i n a ) , e m p r e g a d o e m 11 esquizofrênicos

e e m u m caso de o l i g o f r e n i a . O s casos q u e m e l h o r r e s p o n d e r a m ao tra-t a m e n tra-t o f o r a m os de esquizofrenia paranóide, n ã o h a v e n d o r e l a ç ã o e n tra-t r e

dose e m p r e g a d a e a m e l h o r a clínica. A s doses úteis, obtidas m e d i a n t e aum e n t o p r o g r e s s i v o a p a r t i r de 5 aum g a t é o a p a r e c i aum e n t o de sintoaumas e x t r a

-piramidais, situaram-se e n t r e 35 e 90 m g . E m u m paciente da raça n e g r a n ã o foi possível a i m p r e g n a ç ã o , m e s m o c o m dose de 240 m g diários. O

a u t o r acredita ser o c l o r i d r a t o d e flufenazina e l e m e n t o útil na terapêutica psiquiátrica, d e v e n d o ser e m p r e g a d o a l o n g o p r a z o .

SUMMARY

Clinical evaluation of fluphenazine dihydrochloride in management of psychotics.

P r e l i m i n a r y data on the t r e a t m e n t w i t h fluphenazine dihydrochloride a r e c o m m e n t e d . T h e drug w a s g i v e n t o 11 schizophrenic and one o l i g o

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s y m p t o m s appeared. T h e initial dosis w a s 5 m g and t h a t one responsible f o r e x t r a p y r a m i d a l s y m p t o m s v a r i e d b e t w e e n 35 and 90 m g . T h e a u t h o r

points out a case, of a n e g r o patient, in w h i c h w a s not possible t o g e t e x t r a p y r a m i d a l s y m p t o m s , e v e n w i t h t h e d a i l y dose of 240 m g . T h e author believes t h a t fluphenazine d i h y d r o c h l o r i d e is a v e r y useful d r u g in psychia-t r i c p a psychia-t i e n psychia-t s and m a y be used in l o n g psychia-t e r m psychia-t h e r a p y .

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