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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL: O PROGRAMA CRIANÇA FELIZ

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

DOGMAR AMARO FERNANDES

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL:

O PROGRAMA CRIANÇA FELIZ

COLATINA 2020

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DOGMAR AMARO FERNANDES

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL:

O PROGRAMA CRIANÇA FELIZ

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Itapina, como requisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Profa. Dsc. Flávia Nascimento Ribeiro.

COLATINA 2020

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(Biblioteca Professor Elias Minassa do Instituto Federal do Espírito Santo)

F363i Fernandes, Dogmar Amaro.

A importância do brincar no desenvolvimento infantil: o programa criança feliz / Dogmar Amaro Fernandes – 2020.

125 f.; il. ; 30 cm

Orientadora: Flávia Nascimento Ribeiro

TCC (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo, Curso Superior em Licenciatura em Pedagogia.

1. Lúdico. 2. Educação Infantil. 3. Brincadeiras. 4. Programa Criança Feliz. I. Fernandes, Dogmar Amaro. II. Ribeiro, Flávia Nascimento. III.Instituto Federal do Espírito Santo. V. Título

CDD 370

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DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa à minha família, à amigos e aos professores que tanto me ajudaram no meu percurso formativo para alçar os meus objetivos.

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Muitas das coisas de que necessitamos podem esperar. A criança não pode. Agora é o momento em que seus ossos estão se formando, seu sangue também o está e seus sentidos estão se desenvolvendo. A ela não podemos responder “amanhã”. Seu nome é hoje.

Gabriela Mistral – educadora chilena, 1889-1957

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente e eternamente à Deus, meu bom, bom Pai, por ter me sustentado até aqui, me dando força, disposição e me fazendo entender que nEle eu posso todas as coisas. Ao meu amigo Espírito Santo, meu abrigo, renovo e consolo. Ao meu Jesus que me amou de tal maneira que me concedeu misericórdia, graça e luz. Ao Pai, Filho e Espírito Santo minha eterna dependência e gratidão.

À minha mãe Iraci, que jamais me negou seu apoio, carinho e incentivo. Fiel escudeira, minha intercessora fiel, que torce e acredita em mim bem mais que eu mesmo. Mãe, não existem palavras no vocabulário humano capaz de descrever minha gratidão por tudo quanto a senhora fez e faz por mim. Essa vitória é sua. Te amo!

Ao meu padrastro Francisco, por ter me incentivado e viabilizado muitas vezes os recursos necessários para que eu pudesse concluir a graduação. Obrigado!

À minha família que torceu e orou por mim. Gratidão!

Aos meus amigos Talita Santos (Tatá), Juliano Gonçalves (Jú), Geovane Guzansk (Géo), Clara Lourenço (Clarinha), Luís Fernando (Zé) e Paulo Jorge (Ryco), por cada palavra de incentivo e apoio. Amo vocês d+!

A todos os professores, especialmente, a minha orientadora professora Flávia Nascimento Ribeiro. Obrigado por todo carinho depositado a mim e por contribuir nesse processo de formação. Já lhe admirava antes e agora muito mais. Você é a mais top das galáxias! Love You!

Aos meus amigos de sala de aula, agradeço pelos quatro anos e meio de convivência.

Obrigado por cada sorriso, cada raiva, afliação, desespero e medos que passamos juntos. Obrigado também por cada trabalho que realizamos, por cada selfie, palhaçadas, caronas, lanches compartilhados e pelos momentos de descontração que tornaram nossos semestres mais leves e divertidos. Vocês são os melhores!

A banca escolhida com muito carinho, e que contribuiu imensamente para minha formação acadêmica e pessoal com as contribuições apresentadas ao meu trabalho.

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Até aqui, Deus escreveu uma história. Agora Ele tem novas canetas e pincéis nas mãos e vai continuar desenhando o que Ele quiser, porque Ele é Deus.

Quanto a mim, seguirei a minha jornada, chegando a lugares que não chegaríamos todos. Mas juntos nas histórias, lembranças e naquilo que Deus continuará fazendo por meio de nós e por nós. Daqui para a frente, Ele fará coisas inimagináveis, porque Ele é Deus e é só o começo!

O meu muito obrigado a todos!

“E apesar de tudo, o Senhor estava sempre ao meu lado, segurando bem firme a minha mão. – Salmos 73:23”

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RESUMO

A presente pesquisa tem, como objetivo geral discutir a importância do brincar como estratégia educativa no desenvolvimento integral na primeira infância no contexto do Programa Criança Feliz. Trata-se de um estudo qualitativo, no qual, foi feita uma pesquisa bibliográfica, analisando a posição de estudos, já consolidados acerca da temática proposta. Lançado em 2016, o Programa Criança Feliz é uma iniciativa do Governo Federal para ampliar a rede de atenção e o cuidado integral das crianças na primeira infância, considerando sua família e seu contexto de vida. O Criança Feliz estimula a responsabilidade dos adultos que são referência para a criança no seu dia- a-dia, que se relacionam diretamente com ela, estabelecendo os vínculos afetivos mais próximos durante os seus primeiros anos de vida, promovendo também o fortalecimento do papel das famílias no cuidado, na proteção e na educação das crianças na primeira infância e encorajando o desenvolvimento de atividades lúdicas envolvendo membros da família. Outro papel importante do programa é reforçar a implementação do Marco Legal da Primeira Infância, Lei 13.257/2016, que ressalta a necessidade da integração de esforços da União, dos estados, dos municípios, das famílias e da sociedade no sentido de promover e defender os direitos das crianças e ampliar as políticas que promovam o desenvolvimento integral da primeira infância. O processo de aprendizagem faz parte do ser humano, e a criatividade faz com que aquele processo se desenvolva a partir de novos experimentos. Tem-se, então, no lúdico, uma forma de estimular e transformar a assimilação do conhecimento em um processo prazeroso e divertido. Alicerçada nos fundamentos de autores como Kishimoto (1998), Sousa (1996), Piaget (1975), Vygotsky (1998), Ariés (1978), este estudo aponta a utilização da ação lúdica no aprendizado, entendendo que o brincar é algo próprio do ser humano e através de tal ação, a criança não apenas se diverte, mas também se desenvolve como sujeito.

Palavras-chave: Lúdico, Educação Infantil, Brincadeiras, Programa Criança Feliz

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ABSTRACT

The present research has a purpose to discuss the importance of playing as an educational strategy in early childhood development in the context of the Happy Child Program. This is a qualitative study, in which, the bibliographic research was used, analyzing studies, already consolidated on the proposed theme. Launched in 2016, the Happy Child Program is an initiative of the Federal Government to expand the care network and comprehensive care of children in their early childhood, considering their family and their life context. The Happy Child Program encourages responsibility of the adults who are a reference to their child during their daily lives, which has a direct relationship with them, establishing the closest emotional bonds during their first years of life, also reinforcing the role of the family to take care, to protect and to educate these children in their early childhood, and encouraging development of recreational activities involving the family members. Another important role of the program is to reinforce the implementation of the Legal Framework for Early Childhood, Law 13.257 / 2016, which highlights the need for integration of efforts by the Union, states, municipalities, families, and society to promote and defend children's rights and expand policies that promote the integral development of early childhood.

The learning process is part of the human being, and creativity makes that process develop from new experiments. Then, in an amusing method, there is a way to stimulate and transform the assimilation of knowledge into a pleasant and fun process.

Based on the foundations of authors such as Kishimoto (1998), Sousa (1996), Piaget (1975), Vygotsky (1998), Ariés (1978), the research will point out the use of ludic action in learning, to understand that playing is something proper to human beings and through such action, the child will not only have fun but also grow up well.

Keyword: Ludic, Early Childhood Education, Play, Game, Happy Child Program

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Eixos do Programa Criança Feliz

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LISTA DE TABELAS

Quadro 1: Normativas e legislações do Programa Criança Feliz

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LISTA DE SIGLAS BNCC – Base Nacional Comum Curricular

BPC – Benefício de Prestação Continuada

CADSUAS – Sistema de Cadastro Nacional do Sistema Único de Assistência Social CADÚNICO – Cadastro Único

CDC – Método Cuidados para o Desenvolvimento da Criança CF – Constituição Federal

CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente CRAS – Centro de Referência de Assistência Social

DPSB – Departamento de Proteção Social Básica EC – Emenda Constitucional

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LOA – Lei Orçamentária Anual

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde PAIF – Programa de Atenção Integral às Famílias PBF – Programa Bolsa Família

PCF – Programa Criança Feliz PCN – Parâmetro Curricular Nacional

RCNEI – Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil SEMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social

SNPDH – Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento Humano SUAS – Sistema Único de Assistência Social

UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ... 15

CAPÍTULO I: SER CRIANÇA ... 21

1 O CONTEXTO DO PROGRAMA CRIANÇA FELIZ ... 21

1.1 O PROGRAMA CRIANÇA FELIZ ... 21

1.2 ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA CRIANÇA FELIZ ... 25

1.3 O PAPEL DO VISITADOR NO PROGRAMA CRIANÇA FELIZ ...34

CAPÍTULO II: A CRIANÇA E O SEU DESENVOLVIMENTO...39

1 BREVE HISTÓRICO: O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ... 39

2 A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL .. 44

CAPÍTULO III: BRINCADEIRAS DE CRIANÇA ... 54

1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA PRIMEIRA INFÂNCIA ... 54

1.1 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO INFANTIL ... 54

1.2 AS IMPLICAÇÕES DO ATO DE BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 A 6 ANOS ... 56

1.3 O LÚDICO NO CONTEXTO EDUCACIONAL ... 60

1.4 EDUCADORES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ...61

1.5 O LÚDICO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ... 64

2 O ATO DE BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ... 66

2.1 O SER CRIANÇA E O BRINCAR ... 66

2.2 CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA CRIANÇA ... 68

2.3 O OFÍCIO DA CRIANÇA: BRINCAR ... 73

CAPÍTULO IV: O BRINCAR E OS BRINQUEDOS – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS METODOLÓGICOS ... 79

1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 79

1.1 CARACTERIZAÇÃO DE PESQUISA ... 79

1.2 LÓCUS DA PRODUÇÃO DOS DADOS ... 81

1.3 RESULTADOS ...81

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 85

REFERÊNCIAS ... 90

ANEXOS ... 97

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1 APRESENTAÇÃO

É notório que toda criança sabe brincar, pois é uma atividade essencial do ser humano e que faz parte da aprendizagem, configurando-se, assim, para além da hora do lazer.

Assim, o lúdico permite à criança a resolução de conflitos internos e a garantia da construção do conhecimento e do desenvolvimento emocional, cognitivo e social.

Para Piaget (1978), as atividades lúdicas fazem parte da vida da criança. É por meio dessa relação íntima com o brincar, que a aprendizagem será facilitada. Ademais, infere-se que o brincar, no contexto educacional, proporciona não somente um meio real de aprendizagem, como também permite que os educadores possam aprender sobre as crianças e as suas necessidades.

Logo, o meu encanto pelo lúdico, pode ser pautado desde a minha infância, e de como eu aprendi brincando. No início da minha vida escolar, me sentia incapaz e frustrado por não entender o que o professor ensinava, que, hoje entendo, que era resultado dos métodos tradicionais de ensino que me assustavam. Por outro lado, quando o professor ensinava a partir do lúdico, conseguia ter um vislumbre mais detalhado e minha compreensão era mais fácil, transformando em um aprendizado prazeroso.

O lúdico abrangeu um importante espaço na minha infância e no meu desenvolvimento. E hoje, diante de relatos e experiências vivenciados em minha graduação, a partir dos Estágios Supervisionados e no Programa Residência Pedagógica1, retomo ao passado lembrando-me dos métodos tradicionais ainda praticados nos cotidianos das escolas.

No meu atual campo de atuação, como visitador do Programa Criança Feliz2 (PCF), entendo que muitas crianças têm suas dificuldades no seu processo de desenvolvimento infantil, perpassando até a escolarização. Diante das formações em que participei e, com os olhos voltados para a primeira infância, conhecendo na prática

1 Residência Pedagógica é um programa das ações que integram a Política Nacional de Formação de Professores e tem por objetivo induzir o aperfeiçoamento do estágio curricular supervisionado nos cursos de licenciatura, promovendo a imersão do licenciando na escola de educação básica, a partir da segunda metade de seu curso.

2 O Programa Criança Feliz é uma iniciativa do Governo Federal para ampliar a rede de atenção e o cuidado integral das crianças na primeira infância, considerando sua família e seu contexto de vida.

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a importância de estímulos para o desenvolvimento integral da criança, me questionei:

Como entender a importância do brincar no contexto do Programa Criança Feliz, considerando o lúdico no processo de ensino e aprendizagem?

A primeira infância, fase da gestação até os 6 anos, tem sido objeto de diversos estudos nos últimos anos, os quais produziram uma série de evidências quanto à sua relevância. Mas, afinal, por que ela é importante? Essa etapa possui tanto valor porque as experiências e os estímulos recebidos durante esse período impactam e definem o resto da vida de uma pessoa – a frase “as crianças são o futuro do país” adequa-se muito bem a esse contexto. Logo, é nessa faixa etária que os sujeitos têm as maiores conexões cerebrais e constroem suas habilidades sociais, emocionais e culturais, além de se desenvolverem fisicamente.

Nessa direção, investir, em termos de gestão pública, nas crianças até os 6 anos para que tenham condições favoráveis de desenvolvimento é mais eficaz do que outras iniciativas, pois gera economias futuras, assim como minimiza as desigualdades estruturais. Além das premissas e dos estudos científicos, o desenvolvimento pleno de seus potenciais é um direito de todas as crianças, estabelecido por diversos dispositivos legais como a Convenção dos Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente, ambos de 1990, e o Marco Legal da Primeira Infância, de 2016.

Nos termos da Lei nº 13.257/2016, considera-se a primeira infância, o período que abrange os seis primeiros anos completos, ou seja, os setenta e dois meses de vida da criança. O tema da primeira infância ganhou maior expressão na agenda pública do Brasil nos últimos anos, sobretudo a partir da publicação da referida Lei.

Iniciativas que antecederam a publicação do Marco Legal da Primeira Infância já apontavam este movimento, como, por exemplo, a aprovação pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) do Plano Nacional pela Primeira Infância, a publicação da Lei nº 12.722, de 03 de outubro de 2012, que criou o “Brasil Carinhoso”, no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria e a instituição, pelo Ministério da Saúde, da Política de Atenção à Saúde da Criança (Portaria MS nº 1.130/2015) e da estratégia da Rede Cegonha (Portaria MS nº 1.459,2011a).

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O engajamento da Frente Parlamentar pela Primeira Infância e da Rede Nacional da Primeira Infância também se destacam nesse contexto, com contribuições diretas no debate e elaboração do Marco Legal da Primeira Infância.

O movimento impulsionado nos últimos anos, no contexto brasileiro, relaciona-se não apenas à evolução no campo legal, das políticas sociais e da participação social em torno da promoção do desenvolvimento na primeira infância, da proteção das crianças e do apoio a gestantes e famílias, mas também a uma tendência observada no cenário mundial.

Nessa direção podem ser citados como exemplo a atuação das Nações Unidas, do Unicef, e do Banco Mundial junto à temática, além da implantação e/ou fortalecimento de Programas para a Primeira Infância em diversos países, inclusive da América Latina. No que diz respeito às Nações Unidas, a garantia de acesso a serviços de atenção e apoio ao desenvolvimento infantil na primeira infância compõe, inclusive, as metas para 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

A partir de então, busca-se problematizar: Como entender a importância do brincar no contexto do Programa Criança Feliz, considerando o lúdico no processo de ensino e aprendizagem?

Tomando por base que o lúdico permite à criança a resolução de conflitos internos e a garantia da produção do conhecimento e do desenvolvimento emocional, cognitivo e social, as atividades lúdicas fazem parte da vida da criança.

Nesse sentido, o principal objetivo dessa pesquisa é compreender a importância do brincar como estratégia educativa no desenvolvimento integral na primeira infância, analisando o contexto do Programa Criança Feliz. Para isso, pensamos nos seguintes objetivos específicos: Contextualizar o Programa Criança Feliz; Investigar a seriedade do lúdico como apoio pedagógico para o desenvolvimento e para a aprendizagem das crianças e Identificar os benefícios das atividades lúdicas.

A fim de nos conduzir pelos caminhos teórico-metodológicos, esta investigação é de natureza qualitativa tomando por base a pesquisa descritiva e exploratória, a partir de seus objetivos e, quanto ao seu modelo conceitual, trata-se deu uma pesquisa

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bibliográfica e documental. O desenvolvimento exclusivo a partir de fontes já elaboradas – livros, artigos científicos, Teses, Dissertações, Banco de Dados e publicações periódicas é o que nos conduz à pesquisa bibliográfica. Entretanto, as fontes que não receberam tratamento analítico, como, por exemplo, atas, cartas, documentos internos da organização estudada, fotografias, registros diversos, é o que denominamos como pesquisa documental.

Assim, a pesquisa justifica-se pelo fato da grande relevância em compreender o lúdico como um recurso visando favorecer o desenvolvimento integral da criança, uma vez que a ludicidade se caracteriza como um momento não imposto, onde o espontâneo é apresentado e, consequentemente, a criatividade e a expressividade, potencializando as experiências, servindo de suporte e auxílio para estruturarmos o diagrama de nossa identidade.

Assim, partindo do contexto do Programa Criança Feliz, a aposta no lúdico emerge no processo de desenvolvimento infantil da criança. Embora o Programa seja recente, a pesquisa justifica-se também pela escassez de investigações e divulgação de temáticas englobando o PCF e a primeira infância.

No meio educacional, a ludicidade é uma práxis3 que vem sofrendo uma repercussão positiva, pois é uma ferramenta que promove, de forma prazerosa, a aprendizagem individual e mais que isso, no âmbito educacional a inclusão de estudantes na sua diversidade. Essa técnica, utilizada como instrumento que medeia a aprendizagem, objetiva uma prática pedagógica que proporciona mais prazer, sendo muito agradável e eficaz na interação de crianças em seu convívio social, contribuindo, assim, para um bom desenvolvimento cognitivo, individual e inclusivo.

Diante disso, vemos a grande importância de se conhecer essa metodologia e quanto ela pode contribuir para o desenvolvimento infantil, bem como conscientizar sobre como utilizar o lúdico no ambiente escolar. Logo, faz-se necessário que o professor se prepare e reflita sobre a importância do jogo e de outros recursos e que trabalhe com metodologias que valorizem a criança, independentemente de ter limitações ou

3 O termo práxis provém do grego e diz respeito à prática. Trata-se de um conceito que é utilizado em

oposição ao de teoria. O termo costuma ser usado para fazer alusão ao processo pelo qual uma teoria passa a fazer parte da experiência vivida.

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não, visando potencializar seus conhecimentos, sua saúde e sua interação com o outro.

Sendo assim, para fins didáticos, esta pesquisa encontra-se organizada em quatro capítulos. No Capítulo I, faremos uma contextualização do Programa Criança Feliz.

A fim de entender o desenvolvimento da infância é que foi pensado o Capítulo II. Para compreender o brincar, a partir da ludicidade é que trazemos reflexões no Capítulo III e, por fim, o Capítulo IV, apresentamos os pressupostos teórico-metodológicos que subsidio esta pesquisa.

Assim sendo, optamos, como principais autores estudados para esta pesquisa, aqueles com amplo embasamento na temática, em específico, nos campos da Educação, Ludicidade e Psicologia da Criança, tais como Piaget (1975), Vygotsky (1998), Kishimoto (1998) e Ariés (1978).

Por fim, a intenção desta investigação é apresentar o lúdico como recurso pedagógico no desenvolvimento da aprendizagem na primeira infância e de que forma o profissional da educação, de um modo geral, poderá rever sua práxis pedagógica ao utilizar jogos e brincadeiras no contexto escolar, sempre valorizando as habilidades e a individualidade de seus estudantes. Para fins ilustrativos e estéticos, na abertura de cada capítulo, optamos em trazer alguns desenhos infantis a partir da vivência do Programa com as crianças.

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CAPÍTULO I: SER CRIANÇA

1 O CONTEXTO DO PROGRAMA CRIANÇA FELIZ

1.1 O PROGRAMA CRIANÇA FELIZ

Segundo consta no próprio site do Programa, “Todo mundo torce para que seu bebê se transforme em um vencedor na vida. Estimular as crianças corretamente desde o começo é a melhor maneira de garantir essa vitória”. Por esse motivo, visa a realização de visitas de equipes do Programa aos domicílios das famílias participantes. Elas recebem orientação e tem o acompanhamento de profissionais contratados para este fim, com formação e aperfeiçoamento em diversas áreas, como saúde, educação, serviço social, direitos humanos, entre outros. Na figura a seguir, estão expostos os eixos que regem o Programa.

Figura 1: Eixos do Programa Criança Feliz

Fonte: <https://www.sigas.pe.gov.br/files/08092017115902-13.programa.crianca.feliz.pdf>.

Acesso em 10 fev 2020

O PCF foi instituído pelo Decreto nº 8.869, de 05 de outubro de 2016, com caráter intersetorial e tendo em vista promover o desenvolvimento integral das crianças na primeira infância, considerando sua família e seu contexto de vida. Coordenado pelo

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Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário, hoje, Ministério da Cidadania4, o Programa articula ações das políticas de Assistência Social, Saúde, Educação, Cultura, Direitos Humanos, entre outras, tendo como fundamento a Lei nº 13.257, de 08 de março de 2016 – Marco Legal da Primeira Infância.

O Programa fortalece a trajetória brasileira de enfrentamento da pobreza com redução de vulnerabilidades e desigualdades e potencializa a integração do acesso à renda com inclusão em serviços e programas. Renova, ainda, os compromissos do Brasil com a atenção às crianças com deficiência beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e suas famílias e também às crianças privadas do convívio familiar, acolhidas em serviços de acolhimento, e suas famílias.

O PCF consiste, essencialmente, na realização de visitas domiciliares periódicas e de ações complementares de apoio. Tem como público-alvo gestantes, crianças de até seis anos e suas famílias, em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social. Por meio das visitas (aconselhamento dos pais, informações sobre desenvolvimento infantil e sobre recursos da comunidade, suporte emocional, modelos educativos e lúdicos), deverá ocorrer o estímulo para o desenvolvimento saudável dos filhos na primeira infância, de maneira contínua e permanente, da gestação aos 6 anos de idade. A ação envolve ainda a realização de estudos e pesquisas sobre o assunto.

Por meio da cooperação e apoio técnico nos três níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal), a implementação das ações ocorre de forma descentralizada e com integração das políticas públicas nos territórios, por meio da coordenação dos serviços.

Nesse sentido, o Artigo 4º, do Decreto nº 8.869/2016, prevê algumas ações do Programa.

4 O Ministério da Cidadania aporta recursos ao Programa por meio da Ação Orçamentária 217M Desenvolvimento Integral na Primeira Infância. A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018 previa o atendimento de 666.666 crianças com um total de recursos atualizado no montante de R$281 milhões.

Destaca-se que esses recursos repassados correspondem integralmente aos recursos do Programa Criança Feliz. Os demais Ministérios envolvidos na Política ainda não aportaram recursos de forma direta.

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I – a realização de visitas domiciliares periódicas, por profissional capacitado, e de ações complementares que apoiem gestantes e famílias e favoreçam o desenvolvimento da criança na primeira infância;

II – a capacitação e a formação continuada de profissionais que atuem junto às gestantes e às crianças na primeira infância, com vistas à qualificação do atendimento e ao fortalecimento da intersetorialidade;

III – o desenvolvimento de conteúdo e material de apoio para o atendimento intersetorial às gestantes, às crianças na primeira infância e às suas famílias;

IV – o apoio aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, visando à mobilização, à articulação intersetorial e à implementação do Programa; e V – a promoção de estudos e pesquisas acerca do desenvolvimento infantil integral. (BRASIL, 2016).

É possível observar que as ações elencadas nessa política não são inusitadas, haja vista que já tem previsão em outras políticas implementadas pelo Estado, como no SUAS (Sistema Único de Assistência Social), especialmente na Proteção Social Básica do Programa de Atenção Integral às Famílias5 (PAIF).

Desde o lançamento do programa, uma série de decretos, portarias e resoluções foram publicadas, que vão desde disposições sobre financiamento à instituição e designação de pessoas para a composição do comitê intersetorial, a saber:

Quadro 1 Normativas e legislações do Programa Criança Feliz

Lei Descrição

Decreto nº 8.869, de 5 de outubro de 2016

Institui o Programa Criança Feliz, de caráter intersetorial, com a finalidade de promover o desenvolvimento integral das crianças na primeira infância.

Resolução nº4, de 21 de outubro de 2016 – SNAS

Pactua as ações do Programa Criança Feliz no Sistema Único de Assistência Social.

Resolução nº 19, 24 de novembro de 2016

Institui o Programa Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social.

Resolução nº 20, de 24 de novembro de 2016

Aprova os critérios de partilha para o financiamento federal do Programa Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social.

Resolução CNAS nº 19, de 24 de novembro de 2016 SNAS

Institui o Programa Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social.

Portaria nº 295, 8 de dezembro de 2016

Dispõe acerca do financiamento federal das ações do Programa Criança Feliz.

5 (PAIF) criado em 2004, o PAIF tornou-se “ação continuada da Assistência Social”, passando a integrar

a rede de serviços de ação continuada da Assistência Social financiada pelo Governo Federal.

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Portaria nº 359, de 28 de dezembro de 2016 – SNAS

Altera o art. 3º da Portaria nº 295, de 8 de dezembro de 2016, que dispõe acerca do financiamento federal das ações do Programa Criança Feliz.

Decreto de 7 de março de 2017

Institui o Comitê Intersetorial de Políticas Públicas para a Primeira Infância.

Portaria nº 5, de 19 de março de 2018

Altera a Portaria nº 3 de 12 de dezembro de 2017, que dispõe acerca do período para adesão ao Programa Criança Feliz.

Resolução nº 7, de 22 de maio de 2017

Aprova os critérios de partilha para a expansão do financiamento federal do Programa Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social.

Portaria nº 141, de 4 de agosto de 2017

Dispõe acerca do período para adesão ao Programa Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social.

Portaria nº 488, de 1º de dezembro de 2017

Designa membros do Comitê Gestor do Programa Criança Feliz.

Portaria nº 3, de 12 de dezembro de 2017

Dispõe acerca do período para adesão ao Programa Criança Feliz.

Portaria nº 2, de 10 de janeiro de 2018

Divulgar, conforme o Anexo I desta Portaria, a relação dos municípios que concluíram o aceite ao Programa Criança Feliz.

Portaria nº 3, de 15 de fevereiro de 2018

Divulga a relação dos municípios que concluíram o aceite ao Programa Criança Feliz.

Portaria nº 4, de 8 de março de 2018

Divulga a relação dos municípios que concluíram o aceite ao Programa Criança Feliz.

Portaria nº 956, de 22 de março de 2018

Dispõe acerca do Programa Criança Feliz no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Social.

Portaria nº 9, de 4 de abril de 2018

Divulga, conforme anexo desta portaria, a relação dos municípios que concluíram o aceite ao Programa Criança Feliz/Primeira Infância no SUAS.

Portaria interministerial nº 1, de 4 de abril de 2018

Estabelece diretrizes objetivos e competências para a promoção da intersetorialidade, no âmbito do Programa Criança Feliz, e dá outras providências.

Resolução nº 08 de 12 de abril de 2018 – CNAS

Aprova os critérios de partilha para o financiamento federal do Programa Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social – SUAS, que corresponde à participação da política de assistência social no Programa Criança Feliz.

Resolução nº 6, de 18 de julho de 2018

Pactua critérios de financiamento do Programa Criança Feliz/Primeira Infância no SUAS para os municípios e Distrito Federal.

Portaria nº 17, de 22 de agosto de 2018

Dispõe acerca do aumento das metas de atendimento do Programa Criança Feliz em municípios que realizaram aceite.

Portaria nº 2496, de 17 de setembro de 2018

Dispõe sobre o financiamento federal das ações do Programa Criança Feliz.

Portaria nº 21, de 18 de outubro de 2018

Divulga a relação dos municípios que concluíram o aditivo ao termo de aceite do Programa Criança Feliz.

Portaria SNPDH nº 01, de 10 de janeiro de 2019

Divulga a relação dos municípios que concluíram o termo de aceite referente ao aumento das metas de atendimento do Programa Criança Feliz.

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Resolução CIT nº 1 de 13 de fevereiro de 2019

Pactua os critérios de partilha para o financiamento federal do Programa Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social.

Portaria nº 431 de 06 de março de 2019

Dispõe sobre a adesão do Estado ao Programa Criança Feliz/Primeira Infância no SUAS.

Portaria nº 12 de 30 de abril de 2019

Dispõe sobre a prorrogação do prazo de registro das visitas domiciliares relativas aos meses de janeiro, fevereiro e março para o período de 02 de maio de 2019 a 15 de junho de 2019.

Portaria nº 1.217, de 01 de julho de 2019

Dispõe sobre o público prioritário do Programa Criança Feliz.

Portaria nº 1.742, de 16 de setembro de 2019

Dispõe sobre os critérios de elegibilidade e a abertura de prazo para adesão ao Programa Criança Feliz.

Fonte: (autor)

1.2 ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA CRIANÇA FELIZ

Instituído por meio do Decreto Federal nº 8.869, de 05 de outubro de 2016, como resposta ao Marco Legal da Primeira Infância (Decreto n. 13.257, de 08 de março de 2016). (BRASIL, 2016a; BRASIL, 2016b), o Programa Primeira Infância no SUAS, Programa Criança Feliz (PCF), tem como objetivos:

• Promover o desenvolvimento humano a partir do apoio e do acompanhamento do desenvolvimento infantil integral na primeira infância;

• Apoiar a gestante e a família na preparação para o nascimento e nos cuidados perinatais;

• Colaborar no exercício da parentalidade, fortalecendo os vínculos e o papel das famílias para o desempenho da função de cuidado, proteção e educação de crianças na faixa etária de até seis anos de idade;

• Mediar o acesso da gestante, das crianças na primeira infância e das suas famílias às políticas e serviços públicos de que necessitem;

• Integrar, ampliar e fortalecer ações de políticas públicas voltadas para as gestantes, crianças na primeira infância e suas famílias. (BRASIL, 2017, p. 9)

Sendo assim, o PCF integra o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), operado pelo Instituto de Desenvolvimento Social e da Cidadania, sob supervisão do Departamento de Proteção Social Básica (DPSB) da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS), integrado e complementando o PAIF dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).

É pertinente destacar o caráter intersetorial do PCF, haja vista sua relação com diversas políticas públicas (de Assistência Social, Educação, Cultura, Saúde, Direitos

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Humanos, entre outras) tendo como objetivo final o desenvolvimento da criança em primeira infância. Tem sua coordenação nacional na Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento Humano (SNPDH), do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) (BRASIL, 2017), a qual se expressa no programa por meio do acompanhamento e coparticipação do Comitê Municipal Intersetorial do Programa Criança Feliz, onde se fazem representar as políticas de educação, saúde, assistência social, cultura e representantes comunitários da Sociedade Civil.

Os recursos do financiamento federal das ações do Programa aos Estados, Municípios e Distrito Federal são repassados diretamente do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) aos fundos de assistência social dos referidos entes federados e devem ser usados em suas principais ações: realização de visitas domiciliares periódicas e de ações complementares de apoio; aperfeiçoamento e formação continuada de profissionais; o desenvolvimento de conteúdo e material de apoio para o atendimento intersetorial às gestantes, crianças e suas famílias; apoio aos Estados, Distrito Federal e Municípios na mobilização, articulação intersetorial e implementação do Programa; e promoção de estudos e pesquisas acerca do desenvolvimento infantil integral.

Todos os estados e municípios, incluindo o Distrito Federal, que tenham CRAS com registro no Sistema de Cadastro Nacional do SUAS (CadSUAS) e pelo menos 140 indivíduos do público prioritário do Programa, entre famílias com gestantes e crianças na primeira infância, em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, inseridos no Cadastro Único (CadÚnico) para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) ou no Benefício de Prestação Continuada, são elegíveis para aderir ao Criança Feliz.

Todos os Estados e Municípios elegíveis interessados em aderir ao Programa devem fazê-lo por meio do Termo de Aceite e Compromisso disponibilizado pelo Ministério da Cidadania em seu site na internet. Esse Termo, que deve ser assinado pelo interessado e aprovado pelo Conselho de Assistência Social do ente, já traz a meta física aceita, com base na meta ofertada pelo Ministério de acordo com o porte do Município, definido pelo número de indivíduos do público prioritário por CRAS.

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O Termo de Aceite assinado deverá compor o plano de implementação do Programa, que contará ainda com o diagnóstico situacional da primeira infância e das políticas já implementadas pelo ente, a população alvo e as regiões e municípios para implementação e seus territórios prioritários, para que, com esse conhecimento sobre as necessidades do Município e as ações já desenvolvidas para o público em questão, possa se tornar mais efetiva sua implementação.

Diante do exposto, são beneficiários do Programa as gestantes e as crianças na primeira infância (até 72 meses de vida) em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, inseridos no CadÚnico ou no BPC. Dentro desse conjunto, são priorizadas as gestantes e as crianças de até 36 meses pertencentes a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família; as crianças de até 72 meses e suas famílias que sejam beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada e as crianças de até 72 meses afastadas do convívio familiar mediante a aplicação de medida protetiva e, portanto, em acolhimento institucional ou incluídas em programa de acolhimento familiar em razão de ameaça ou violação a seus direitos.

Com o diagnóstico situacional do Município feito, diante das demandas locais e do perfil das famílias estabelecido pelo Programa, é possível organizar uma lista por territórios ou microterritórios com maior vulnerabilidade social, contando com o apoio do trabalho da vigilância socioassistencial. A partir daí, podem ser selecionados os casos mais sensíveis, os quais devem ser incluídos, preferencialmente, na lista de beneficiários do Programa.

No que se refere às funções do Visitador do Programa Criança Feliz, resumidamente, é o “profissional responsável por planejar e realizar a visita domiciliar as famílias do Programa (...) com apoio e acompanhamento do supervisor” (BRASIL, 2017, p. 17).

Este profissional é responsável por identificar a demanda do indivíduo e da família, apresentar e refletir junto ao/aos Supervisor (es) Técnico (s) do Programa sobre a demanda, ocorrência e intercorrência observada, para que seja possível reportar os aspectos relevantes observados ao PAIF/CRAS, qualificando a ação de atendimento naquele equipamento socioassistencial administrativamente descentralizado, na perspectiva da territorialização e matricialidade familiar.

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A estratégia metodológica essencial da ação do PCF é a visitação em domicílio por visitadores e o atendimento periódico aos indivíduos-beneficiários por mês, entre gestantes e crianças em primeira infância na perspectiva das diretrizes do PCF.

No que se refere a periodicidade das visitas domiciliares, é válido destacar que, as equipes de trabalho do PCF devem realizar os atendimentos de acordo com o exposto pela Portaria n. 2.496/2018 (MDS). As gestantes e suas famílias recebem visitas domiciliares com periodicidade mensal, duas visitas domiciliares mensais às crianças de trinta e sete a setenta e dois meses e seus respectivos familiares e quatro visitas domiciliares mensais às crianças de zero a trinta e seis meses e seus respectivos familiares (BRASIL, 2018).

É válido ressaltar que o Guia para Visita Domiciliar (BRASIL, 2017), assim como a Portaria n. 2.496/2018 (MDS) em seu artigo n. 3 (BRASIL, 2018), concebem que cada visitador deve realizar visitas domiciliares e acompanhar até 30 (trinta) indivíduos e suas respectivas famílias. No que se refere a inclusão dos indivíduos atendidos pelo PCF, é necessário que a gestante e/ou responsável pela criança realiza a assinatura do Termo de Adesão ao Programa, ou ainda a assinatura do Termo de Desistência, informando o motivo do desinteresse pela participação no Programa Criança Feliz.

O Governo Federal lançou, por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social o exemplar “Orientações sobre o recebimento e utilização dos recursos federais transferidos a estados e municípios para implantação e execução do Programa Primeira Infância no SUAS – Criança Feliz”, objetivando regular as ações referentes à execução do Programa por parte dos estados e municípios.

Na segunda página do guia, encontram-se as responsabilidades e atividades competentes aos municípios:

a) planejar e coordenar as ações do Programa Primeira Infância no SUAS, o qual corresponde à participação da área de Assistência Social no Programa Criança Feliz, instituto pelo Decreto nº 8.869, de 05 de outubro de 2016 b) realizar diagnóstico socioterritorial e planejamento da implementação e oferta das visitas domiciliares em âmbito local, de forma articulada, com outras políticas setoriais, em especial educação e saúde; c) assegurar o CRAS como referência no território para as ações do Programa e das visitas domiciliares; bem como a devida articulação com o PAIF; d) mobilizar e identificar nos territórios as famílias com crianças ou gestantes, em conformidade com o perfil definido no Decreto 8.869/2016 e na Resolução nº 19/2016 do CNAS, e convidá-las a participar do Programa e) assegurar a

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composição das equipes técnicas do Programa (supervisor com nível superior e visitadores com, no mínimo, nível médio completo) para a realização das visitas domiciliares, garantindo sua prévia capacitação, f) realizar as visitas domiciliares nos termos da Resolução nº 19, de 2016, do CNAS e em conformidade com as orientações técnicas expedidas pelo MDSA em relação à metodologia, periodicidade, referenciamento ao CRAS e articulação com o PAIF; g) proporcionar infraestrutura e condições logísticas necessárias às para realização das ações do Programa h) elaborar materiais complementares que incluam especificidades da realidade local. i) realizar ações de educação permanente e capacitação sobre o Programa e a metodologia das visitas domiciliares, bem como, assegurar a participação de seus profissionais na ações de mobilização, capacitação e apoio técnico desenvolvidas pelo governo federal ou estadual j) desenvolver ações voltadas à qualificação da atenção ao público do Programa na rede socioassistencial; k) realizar ações de articulação e mobilização intersetorial, tais como Seminários sobre o Programa, Comitês Intersetoriais do Programa, oficinas de alinhamento, reuniões técnicas e encontros, dentre outros; l) monitorar o desenvolvimento das ações do Programa em âmbito local e prestar informações a União e ao estado a fim de possibilitar o seu monitoramento; m) executar as ações do Programa e prestar contas observando as normas gerais do SUAS, em especial aquelas relativas ao financiamento federal (BRASIL, 2017, p. 2).

No que diz respeito aos repasses orçamentários, no respectivo documento, registram- se as diretrizes referentes aos valores os quais cada município receberá, em consonância com suas metas de atendimento, seja de crianças ou gestantes. O valor inicial repassado sobre o ano de 2016 foi de R$ 50,00 (cinquenta reais) por cada meta estipulada pelo município. A contar da implantação gradual do Programa, a partir do mês de julho de 2017, o valor foi reajustado para R$ 65,00 (sessenta e cinco reais).

Vale ressaltar a lista de exemplos de elementos dos quais os recursos recebidos devem ser utilizados:

a) Pagamento de Servidores Públicos, Temporários, Efetivos ou Comissionados; b) Pagamento de Passagens e Diárias, inclusive para funcionários de outras Secretarias municipais/estaduais quando convidados pela Secretaria de Assistência Social para participarem de atividades do Programa. Se permitido pela legislação municipal/estadual, também pode ser realizado o pagamento de passagens e diárias de pessoas não vinculadas à administração pública, se justificada a necessidade de sua presença em atividade de interesse do Programa; c) Despesas administrativas como contas de água, luz, telefone, internet etc; d) Reforma de imóveis próprios; e) Aluguel de bens e móveis, inclusive aluguel de veículos; f) Contratação de Serviços de Pessoa Física; g) Contratação de Serviços de Pessoa Jurídica;

h) Vestuário a ser utilizado pelos trabalhadores no exercício da função; i) Materiais lúdicos e pedagógicos utilizados nas atividades com as crianças e suas famílias; j) Pagamento de combustível para veículos de propriedade do poder público; k) Aquisição de diversos outros bens e materiais de consumo, necessários a prover condições adequadas à execução do Programa (BRASIL, 2017, p. 6).

A Portaria MDS nº 442, de 26 de outubro de 2017, institui as metodologias de cálculo e de financiamento para as ações do Programa Criança Feliz – alinhadas,

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respectivamente, aos objetivos e componentes previstos nos artigos 3 e 4 do Decreto Federal 8.869/2016 –, normatiza o dimensionamento da equipe de visitadores e supervisores, de acordo com a meta física pactuada pelo município, e estabelece a periodicidade das visitas domiciliares, conforme a abordagem metodológica do Programa e o ciclo de vida dos indivíduos beneficiados.

O Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário financia integralmente até certo número de pessoas de acordo com a quantidade de beneficiários elegíveis no município, e, acima desse número, o município pode voluntariamente financiar uma parte. O repasse federal é estipulado com base em R$ 65 (sessenta e cinco reais) por beneficiário até o mês de março de 2018, de acordo com Portaria nº 442/2017, que dispõe sobre financiamento federal das ações do PCF. A partir de abril de 2018, de acordo com a Portaria n° 1.375, de 4 de abril de 2018, que altera a Portaria nº 442, de 26 de outubro de 2017, todas as etapas de financiamento federal das ações do PCF observarão o valor estabelecido de R$ 75,00 (setenta e cinco reais) por mês por indivíduo do público-alvo acompanhado.

Após a publicação do decreto que instituiu o programa, foi criado, em nível federal, o Comitê Gestor do Programa, com a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário e representantes dos Ministérios da Saúde, Educação, Cultura e Justiça e Cidadania. Esse comitê define as estratégias de capacitação dos multiplicadores, supervisores e visitadores domiciliares. Os estados interessados em desenvolver as ações do PCF assinam o Termo de Aceite, no qual se comprometem às seguintes iniciativas: a) instituir o Comitê Estadual Intersetorial para a Promoção do Desenvolvimento Infantil; b) apresentar o Plano Estadual para Promoção do Desenvolvimento Infantil; c) comprovar a existência de instância estadual de execução de políticas, programas e ações para promoção do desenvolvimento infantil, com indicação da área de governo responsável; d)realizar seminários regionais em conjunto com o governo federal para divulgar o programa para os gestores locais; e) supervisionar e oferecer apoio técnico na implementação e execução dos Planos Municipais para a Primeira Infância.

Os municípios devem solicitar a adesão ao Comitê Estadual Intersetorial para a Promoção do Desenvolvimento Infantil. O Termo de Aceite para municípios e Distrito

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Federal engloba as seguintes ações: a) instituir o Comitê Municipal Intersetorial para a Promoção do Desenvolvimento Infantil; b) apresentar o Plano Municipal para Promoção do Desenvolvimento Infantil; c) comprovar a existência de instância local de execução de políticas, programas e ações para promoção do desenvolvimento infantil; d) implementar ações de mobilização social e divulgação junto ao governo local, à sociedade civil e à comunidade; e) desenvolver ações de apoio técnico aos profissionais das redes de atenção; f) comprovar iniciativas para o desenvolvimento infantil por meio de visitas domiciliares, de acordo com os parâmetros nacionais; g) participar das atividades de formação e educação continuada dos visitadores domiciliares; f) utilizar guias, manuais e protocolos de condutas do Programa Criança Feliz desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.

O comitê gestor tem um papel fundamental no Programa Criança Feliz, pois é o órgão que pensa toda a política, bem como planeja e articula as ações do programa. A composição deste comitê está prevista no art. 6º do Decreto número 8.869, de 5 de outubro de 2016, que instituiu o programa. A coordenação é do MDSA.

O comitê gestor é uma instância de planejamento, tomada de decisão e acompanhamento do Programa e deve estar presente em cada esfera federativa. Este comitê tem grande importância para assegurar o caráter intersetorial do Programa e a conjugação de esforços das diferentes políticas públicas. No âmbito federal, o Comitê Gestor do PCF foi instituído pelo Decreto nº 8.869/2016, com suas atribuições estabelecidas pela Portaria Interministerial nº 1, de 4 de abril de 2018. Uma das competências trazidas pelo seu Regimento Interno é a promoção da articulação das ações setoriais com vistas ao atendimento integral e integrado do público-alvo do Programa. Os trabalhos do comitê gestor devem ser apoiados e subsidiados, em cada esfera, por um grupo técnico, também intersetorial (seguindo a composição do comitê gestor, mas sem se restringir a ela), que executará as decisões tomadas no âmbito do comitê gestor.

Assim, os Comitês Intersetoriais do Criança Feliz a serem formados nos estados e municípios devem atuar na promoção do desenvolvimento humano de forma articulada, a partir do apoio e acompanhamento do desenvolvimento integral na primeira infância, por meio da integração de ações, mediando o acesso da gestante,

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das crianças na primeira infância e de suas famílias a políticas e serviços públicos de que necessitem; favorecendo a qualidade e a eficiência das políticas públicas, otimizando recursos e evitando sobreposição de ações.

O Comitê tem importante participação na execução do Programa, não devendo ser convocado apenas quando surgirem casos pontuais, que necessitam de atendimento de outros setores, mas com certa frequência, objetivando a discussão de estratégias para o fortalecimento da intersetorialidade nos territórios entre as políticas públicas setoriais, em especial as da Assistência Social, da Saúde e da Educação, além do Sistema de Justiça e de Garantia de Direitos.

É importante, de início, realizar um levantamento dos recursos existentes na rede de atendimento municipal e buscar a sensibilização e ampliação de conhecimentos acerca das demandas e especificidades da primeira infância e de suas famílias e, a partir daí, construir estratégias em rede para potencializar a perspectiva da complementariedade e da integração entre serviços e programas no território, com vistas ao desenvolvimento integral das crianças na primeira infância e ao apoio a gestantes e suas famílias, incluídas ações de mobilização, capacitação e educação permanente.

É fundamental que esta instância mantenha articulação, em cada esfera, com a Coordenação do Programa, com os Coordenadores do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único, com o Comitê Gestor do Programa Bolsa Família e com Conselhos de direitos e das políticas setoriais, entre outros. Em âmbito nacional, o comitê gestor é composto por representantes dos ministérios responsáveis pelas políticas de saúde, assistência social, educação, cultura e direitos humanos.

Nos estados e municípios e no Distrito Federal, a composição dessa instância fica a cargo dos gestores locais, sendo obrigatória, porém, a presença de representantes das áreas de educação, saúde e assistência social. Cabe destacar ainda que os Comitês podem ter outros representantes que não figuram na esfera nacional.

(BRASIL, 2017, p.10)

Considerando o pacto federativo, o Comitê Gestor Intersetorial assume diferentes papéis na gestão do Programa:

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▪ Em nível nacional deve: a) planejar e articular os componentes do Programa de forma intersetorial; b) acordar instrumentos de regulação, normatização, protocolos e parâmetros nacionais que estabeleçam responsabilidades das diferentes políticas no Programa, e estratégias para sua implantação, seu monitoramento e sua avaliação;

c) aprovar materiais de orientações técnicas, de capacitação e educação permanente que serão disponibilizados a estados, Distrito Federal e municípios; d) tomar decisões quanto às etapas do Programa e responsabilidades das diferentes políticas em sua efetivação; e) definir estratégias, instrumentos e compromissos que fortaleçam a intersetorialidade do Programa, o apoio à implementação de suas ações e o suporte das diferentes políticas para o atendimento às demandas identificadas nas visitas domiciliares;

▪ Em nível estadual deve: a) formular plano regional transversal de implantação do Programa; b) planejar e organizar os seminários regionais de implantação do Programa; c) articular seus municípios e as redes estaduais de saúde, educação e assistência social de forma a garantir o acesso às crianças acompanhadas no âmbito do Programa Criança Feliz; ▪ Em nível municipal o Comitê Gestor Intersetorial deve:

a) formular o plano de ação transversal local com o planejamento das visitas domiciliares; b) articular redes e serviços municipais de saúde, educação, assistência social, cultura, defesa de direitos humanos e defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, sem prejuízo de outras áreas, de forma a garantir o acesso às crianças acompanhadas no âmbito do Programa Criança Feliz.

Os profissionais do programa aparecem como elementos fundamentais da implementação. Após a contratação pelo estado, a capacitação para os multiplicadores é feita pelo governo federal. Já os supervisores, contratados pelo município, são capacitados pelo estado. Os visitadores, por sua vez, são contratados e capacitados pelo município. Dessa forma, o MDS capacita os multiplicadores estaduais, os quais fazem as capacitações dos supervisores.

O monitoramento das capacitações envolve um time de consultores responsáveis pelo acompanhamento, semanalmente, muitas vezes in loco, do estado. Ademais, a adesão dos municípios é voluntária, de modo que, uma vez aderindo, são repassados recursos para contratação e capacitação de pessoal (MDSA, 2016).

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1.3 O PAPEL DO VISITADOR NO PROGRAMA CRIANÇA FELIZ

O visitador é um profissional com papel importante na atuação do programa, pois é quem realiza as visitas e sabe a realidade das famílias. Atua na articulação intersetorial, na qual, a partir dessa realidade, busca direcionar as necessidades das famílias para as demais áreas (saúde, educação, entre outros).

Na metodologia6 do Programa Criança Feliz, o “papel na ponta” no acesso e contato com as famílias é desempenhado pelos visitadores domiciliares. Eles são os profissionais responsáveis por planejar e realizar as visitações às famílias, em conformidade com o método Cuidados para o Desenvolvimento da Criança - CCD7 e com apoio e acompanhamento dos supervisores.

Em suas formações, o Criança Feliz segue diretrizes do “Cuidados para o Desenvolvimento da Criança – Método CDC”, metodologia elaborada e cedida ao Brasil pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), e do “Guia para Visita Domiciliar”, elaborado pelo MDS, com base no Método CDC. Esses materiais fundamentam-se em uma metodologia de estimulação por brincadeiras e atividades comunicativas com os cuidadores, objetivando o desenvolvimento de suas crianças na primeira infância e o fortalecimento dos vínculos familiares e da capacidade de cuidados.

Já a educação permanente, que também faz parte da estratégia do Programa, se constitui em um ciclo de formação contínua, onde os profissionais se habilitam a partir da identificação de demandas pelos supervisores e visitadores. A proposta é de realização de formação por temas levantados, oficinas presenciais para supervisores, desenvolvimento das temáticas com os visitadores nos planejamentos previstos e a inclusão e/ou reflexão do tema nas visitas domiciliares. Tanto a União quanto os

6 A metodologia do trabalho é baseada no modelo de “Cuidados para o Desenvolvimento da Criança

(CDC) – UNICEF/OPAS” e no Programa Primeira Infância Melhor (PIM), desenvolvido no estado do Rio Grande do Sul. Além disso, as propostas de atividades encontram-se em consonância com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), na qual são propostas atividades para o ciclo da Educação Infantil.

Os conteúdos disponibilizados têm o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento cotidiano da atuação técnica e profissional junto às famílias e as crianças na primeira infância em situação de vulnerabilidade.

7 O método de Cuidados para o Desenvolvimento da Criança (CDC) foi desenvolvido pelo Fundo das

Nações Unidas para a Infância, sendo utilizado em famílias de perfis diferentes, incluindo aquelas em situação de pobreza e extrema pobreza, com crianças malnutrida, abaixo do peso, com deficiência e/ou em situação de risco.

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estados são responsáveis por realizar ações de educação permanente sobre o Programa, envolvendo oficinas de alinhamento, teleconferências, encontros, seminários intersetoriais, dentre outros.

Retomando a explicação sobre o fluxo do programa, os supervisores, por sua vez, figuram como pontos de apoio dos visitadores, assistindo o trabalho das visitas, orientando e estimulando as reflexões conjuntas acerca das demandas provenientes das famílias atendidas. Eles também se configuram como elos do Programa com as instâncias de gestão, notadamente, o comitê gestor e a coordenação do programa na respectiva esfera federativa.

Para adequado andamento do Programa, os profissionais contratados devem seguir as orientações do MDS com as atribuições de cada profissional. Essas atribuições são:

▪ Supervisor: profissional de nível superior contratado pelo município, com experiência na área de desenvolvimento infantil, saúde, educação ou assistência social, que atuará no planejamento e registro das visitas, na supervisão e formação continuada dos visitadores e na articulação com os serviços e as políticas setoriais no território.

O supervisor deve buscar, por intermédio do CRAS: viabilizar a realização de atividades em grupos com as famílias visitadas, articulando CRAS e Unidades Básicas de Saúde, sempre que possível, para o desenvolvimento destas ações; articular encaminhamentos para inclusão das famílias nas respectivas políticas sociais que possam atender as demandas identificadas nas visitas domiciliares; mobilizar os recursos da rede e da comunidade para apoiar o trabalho dos visitadores, o desenvolvimento das crianças e a atenção às demandas das famílias; levar, sempre que necessário, situações complexas, lacunas e outras questões operacionais para debate no grupo técnico visando a melhoria da atenção às famílias.

▪ Visitador: profissional de nível médio ou superior, contratado pelo município, com experiência na área de desenvolvimento infantil, saúde, educação ou assistência social, o qual será responsável pela realização de visitas domiciliares.

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O visitador deve, dentre outras atribuições: observar os protocolos de visitação e fazer os devidos registros das informações acerca das atividades desenvolvidas; consultar e recorrer ao supervisor sempre que necessário; registrar as visitas em formulário próprio; identificar e discutir com o supervisor demandas e situações que requeiram encaminhamentos para a rede visando sua efetivação (como educação, cultura, justiça, saúde e assistência social) (REDE NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA, 2015).

As demandas e situações que requerem encaminhamentos para a rede precisam ser discutidas e efetivadas, baseadas no princípio da intersetorialidade. O vínculo empregatício é uma variável interessante para analisar custos e processos. Porém, é mais coerente garantir que os membros do comitê gestor possam solucionar as demandas levantadas pelos visitadores do que focar na qualidade do vínculo dos visitadores.

As visitas domiciliares compreendem uma ação planejada e sistemática, com metodologia específica, conforme orientações técnicas do MDS, para atenção e apoio à família. Envolvem o apoio às famílias em seus esforços com os cuidados para o desenvolvimento integral da criança; o estímulo ao fortalecimento de vínculos, orientando a família sobre atividades e cuidados que fortaleçam o vínculo entre a criança e seu cuidador (a), desde a gestação; e o estímulo ao desenvolvimento infantil, orientando a família sobre brincadeiras e atividades comunicativas que estimulam o crescimento e o desenvolvimento integral da criança.

Essas visitas devem ser conduzidas de forma a valorizar o protagonismo e a autonomia da família na proteção e no cuidado com a criança, com os visitadores utilizando a acolhida, a observação, a realização de perguntas orientadoras e a escuta sobre as práticas de cuidado que as famílias já desenvolvem. Ao invés da realização de atividades diretamente com a criança, privilegia a orientação e o encorajamento da família/cuidador (es) responsável (eis) para que esses desenvolvam as atividades e ampliem a capacidade de interagir e de lidar com as necessidades das crianças.

Assim, fortalece vínculos e a capacidade protetiva das famílias.

O Guia para Visita Domiciliar do PCF traz orientações e sugestões de atividades para todos os públicos abrangidos pelo Programa: crianças e gestantes beneficiárias do PBF, crianças beneficiárias do BPC e crianças afastadas do convívio familiar. O

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Programa preconiza que a metodologia estabelecida seja rigorosamente seguida pelos formadores e visitadores, tendo em vista que avaliações precisas já demonstraram a eficácia das estratégias apresentadas no Manual, contribuindo para o desenvolvimento das crianças.

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Referências

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