• Nenhum resultado encontrado

Santa Casa de Cachoeiro, ortopedistas e Avates acusados de fraudes no DPVAT

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Santa Casa de Cachoeiro, ortopedistas e Avates acusados de fraudes no DPVAT"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Santa Casa de Cachoeiro, ortopedistas e Avates acusados de fraudes no DPVAT

A Santa Casa de Misericordia de Cachoeiro de Itapemirim, a Associação das Vítimas de Acidentes de Trânsito no Espírito Santo – Avates e alguns ortopedistas, entre eles Paulo

Henrique Paris e Alberto Soeiro foram denunciados em uma notícia crime no Ministério Público do Espírito Santo (MPES), no ano passado, acusados de se beneficiarem do seguro DPVAT oriundo de vítimas de acidentes de trânsito.

A denúncia é de que os médicos condicionam as vítimas à cirurgia somente após assinarem um contrato com a Avates, onde o seguro seria utilizado para pagamento das despesas hospitalares no valor de R$ 2,7 mil.

A denúncia foi feita em 08 de fevereiro de 2010 pelo beneficiário do INSS, Fernando Salles da Cruz, residente no bairro Recanto e pelo eletricista, Diego Diogo Cortezine, morador do bairro Boa Vista.

Já o técnico em Segurança do Trabalho, Eduardo Moreira da Silva, residente no distrito de Córrego dos Monos, faz um desabafo do que aconteceu com ele e sua esposa, Jéssica Luiza Calegari, na época em que sofreram o acidente em 2009.

Eduardo detalhou parte do episódio que aconteceu com ele em uma extensa carta desabafo, por telefone e através de dois vídeos gravados no escritório da Avates em Cachoeiro. No primeiro vídeo ele questiona com a funcionária da Avates conhecida por Nete, o contrato e as cláusulas.

Eduardo acusa o ortopedista de omissão no atendimento correto, uma vez que a cirurgia para ligamento dos tendões foi realizada semanas depois, deixando-o com dois dedos aleijados, somente após assinar o contrato com a Avates, para que o dinheiro fosse repassado a ele.

Revoltado, indignado, o técnico disse que não é possível que outras pessoas passem pelo que

(2)

ele e a esposa passaram, só foram operados mediante um acordo, selado com a associação que o procurou em sua casa.

Trechos dos vídeos gravados na Avates

“... Você assinou conosco um contrato e também uma procuração em nos dá poderes (eu, Nete e um moço lá de Vitória) para representar você nos lugares públicos, Santa Casa e nos

hospitais... ‘Do total do valor que eu receber eu vou te passar 30%’... (Eduardo). Isso mesmo!

Automaticamente você jogando na Justiça é a mesma coisa tá? O juiz, dando a sentença, 70%

para você e 30% para nós. Combinamos com você que a despesa com Santa Casa, cirurgia, é pelo particular. Vamos abrir uma conta na Caixa Econômica Federal em seu nome e no meu, uma conta conjunta não solidária para podermos receber o dinheiro do seguro, tanto o DPVAT como o da seguradora, para estar pagando a Santa Casa. Você tem consciência disso?...”

II Vídeo

Já no segundo vídeo, os sogros de Eduardo, Rui Calegari e Elizabete Paulo Callegari, também questionam sobre o destino do dinheiro e como funciona este acordo.

“... Vocês assinaram um contrato comigo e com as pessoas lá em Vila Velha para

representarmos vocês... Assinou um termo de direitos para o dinheiro que vai vir para a Santa Casa... a Jéssica vai fazer uma cirurgia na Santa Casa agora pelo seguro, não é isso? Você assinou um termo de direito para a Santa Casa estar recebendo. Esse dinheiro que está vindo para Santa Casa pelo termo de direitos, vai vir nessa conta que vamos abrir hoje Caixa

Econômica Federal. Essa conta vai tá no nome do senhor e na minha, quando chegar o dinheiro, vai o senhor e eu receber. Só que a primeira parte é para a Santa Casa, é o valor combinado. São R$ 2,7 mil (dois mil e setecentos reais) do DPVAT que vai vir e nós vamos lá levar ao hospital, eu e o senhor, e R$ 20 mil do particular. O senhor vai lá comigo receber e levar para a Santa Casa. Esse dinheiro não pertence nem ao senhor nem a mim, é da Santa Casa, eu não to ganhando nada neste serviço de operação”.

Fernando fez uma queixa crime há um ano no MP

(3)

A denúncia aponta que Fernando foi informado no hospital pelo médico, Alberto Soeiro, que a cirurgia não poderia ser realizada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, pois o programa não iria cobrir e nem pagar as despesas médicas, ou poderia demorar muito tempo para o SUS autorizar a realização do procedimento cirúrgico, no entanto, havia outra forma para a

realização em tempo hábil. “A proposta feito pelo médico a Fernando Salles era de efetuar o pagamento da cirurgia com o Seguro DPVAT, no qual estaria cobrindo as despesas médicas até R$ 2,7 mil” (trechos da denúncia).

Para Salles, autor da denúncia, o médico, ao abordá-lo no momento de fragilidade, não o ofereceu outra opção de escolha, “agindo de forma extorsiva, ilegal e imoral” (diz a denúncia).

Outro ponto destacado por ele é de que existe um beneficiamento da empresa Avates, no qual os médicos fornecem laudos majorando a lesão para aumentar o valor das indenizações por seqüelas.

Ouvidoria do MP

O caso está na Justiça há mais de um ano e o MP, em resposta ao advogado Breno Fajardo que representa as vítimas citadas, encaminhou à Ouvidoria do MP Estadual solicitação de como anda a situação, já que nada foi feito até então. A promotora de Justiça, Juliana Ortega Tavares, enviou ofício ao defensor assegurando que foi instaurado em 19 de março de 2010, pela Promotoria de Justiça Cível, procedimento preliminar, cujo objetivo é averiguar suposta irregularidade cometida pela Santa Casa e Avates em oferecer serviços médicos particulares a serem posteriormente custeados pelo seguro obrigatório – DPVAT, a usuários do SUS.

No ofício encaminhado ao advogado, a promotora informou também que já foram realizadas algumas diligências como a expedição de ofícios para a Santa Casa de Misericórdia, a fim de informar se as despesas médicas de pacientes atendidos pelo SUS são de alguma forma, custeadas a partir de valores oriundos do seguro DPVAT, e para a Superintedência Regional de Saúde (SRS) para que fosse informado sobre a existência de registro de cirurgia ortopédica realizada pelo paciente Fernando Salles da Cruz pelo SUS, na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim no ano de 2008.

Oportunamente, Juliana Ortega, promotora de Justiça, ressaltou em resposta ao advogado que foi encaminhado ofício para a SRS e o mesmo não foi respondido e por isso, o mesmo foi reiterado, razão pela qual o procedimento preliminar aguarda referida resposta. Vale ressaltar que já foram feitas três denúncias há um ano no MP de Cachoeiro, no qual a promotora Juliana

(4)

Ortega já intimou a Santa Casa e Avates para contestar.

Corrupção ativa

A Reportagem conversou com o advogado Breno Fajardo e questionou sobre a situação exposta pelas vítimas. Para ele o objeto da denúncia é a forma que a vítima ou paciente de acidente de trânsito é abordado no momento de fraqueza, no qual o médico se omite em fazer a cirurgia alegando que o SUS não cobre a operação, “a partir daí ele oferece uma permuta ou troca, o seguro DPVAT, de despesas médicas no valor de R$ 2,7 mil para cirurgia ‘particular’.

Já houve casos no país que os médicos recebiam duas vezes, tanto o DPVAT da vítima, como do SUS”, alertou.

Oportunamente desse que a Constituição Federal, no Art. 6º, dispõe que o SUS não deixa de realizar a cirurgia na área de ortopedia, assim não podendo negar o direito social do paciente.

A denúncia suspeita que a cirurgia de Fernando pode ter sido feita através do SUS e cobrado no particular, podendo o médico estar recebendo duas vezes pelo mesmo ato, ou seja, pelo SUS e pelo DPVAT.

De acordo com o defensor, as vítimas de acidentes e seus familiares não devem assinar nenhum documento sem antes consultar um advogado da sua confiança. “A sensação é insegurança e revolta, pois na hora que mais precisamos de ajuda ou socorro, não podemos contar com o hospital público, pois ele se encontra sob suspeita de omissão de socorro e corrupção ativa”, ressaltou.

Santa Casa nega as acusações

Em contato com a assessoria de imprensa da Santa Casa durante toda a semana, a

Reportagem foi informada através do Departamento Jurídico que não há nenhuma fraude em relação ao SUS ou DPVAT, em virtude dos atendimentos prestados ao paciente, Fernando Salles da Cruz e Diego Diogo Cortezine.

“Os atendimentos prestados através do SUS, foram faturados/cobrados exclusivamente do

(5)

SUS. Os atendimentos prestados através do DPVAT, foram faturados/cobrados

exclusivamente do DPVAT. Não há nenhuma cobrança em duplicidade”, assegura o advogado da instituição Eliano Pinheiro Silva.

Oportunamente ele assegurou que em momento algum qualquer profissional médico abordou os pacientes pressionando-os a aceitar o atendimento através do seguro DPVAT. “O médico Alberto Soeiro em momento algum abordou o paciente Fernando ou cometeu qualquer

irregularidade. Trata-se de profissional altamente qualificado, competente, ético e de reputação ilibada”, frisou o defensor.

De acordo com Eliano a Santa Casa, assim como os profissionais médicos, estão à disposição do Ministério Público e dos pacientes, para prestarem quaisquer esclarecimentos e, comprovar, através dos prontuários e faturas/cobranças emitidas, que os atendimentos foram realizados de acordo com as normas do SUS e do DPVAT. “Inclusive, os prontuários são independentes e as acomodações diferenciadas. A Entidade repudia o teor das acusações, pois não são

verdadeiras. Inclusive, não pactua com quaisquer irregularidades citadas na referida matéria”, finalizou o advogado.

Por Luciana Maximo.

Fonte: Jornal “O Estado Notícias” (publicado em Marataízes/ES) – edição de 23/05/2011.

Referências

Documentos relacionados

ao setor de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Minas Gerais, com clones pertencentes ao Instituto Agronômico de Campinas

O primeiro passo para introduzir o MTT como procedimento para mudança do comportamento alimentar consiste no profissional psicoeducar o paciente a todo o processo,

Afinal de contas, tanto uma quanto a outra são ferramentas essenciais para a compreensão da realidade, além de ser o principal motivo da re- pulsa pela matemática, uma vez que é

Dessa forma, a partir da perspectiva teórica do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o presente trabalho busca compreender como a lógica produtivista introduzida no campo

O CES é constituído por 54 itens, destinados a avaliar: (a) cinco tipos de crenças, a saber: (a1) Estatuto de Emprego - avalia até que ponto são favoráveis, as

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

submetidos a procedimentos obstétricos na clínica cirúrgica de cães e gatos do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa, no período de 11 de maio a 11 de novembro de

Ficou com a impressão de estar na presença de um compositor ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um guitarrista ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um director