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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ROBERTO MORTARI (Presidente sem voto), CAMILO LÉLLIS E AMARO THOMÉ.

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Registro: 2014.0000706373

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0002242-63.2012.8.26.0663, da Comarca de Votorantim, em que é apelante PAULO SERGIO FELICIANO, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 7ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento parcial ao recurso, nos termos que constarão do acórdão. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ROBERTO MORTARI (Presidente sem voto), CAMILO LÉLLIS E AMARO THOMÉ.

São Paulo, 16 de outubro de 2014. J. Martins

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VOTO Nº 20.772

APELAÇÃO Nº 0002242-63.2012.8.26.0663 COMARCA : VOTORANTIM V.C. - (393/2012) APELANTE : PAULO SERGIO FELICIANO

APELADA : JUSTIÇA PÚBLICA

FALSIFICAÇÃO E USO DE DOCUMENTO PARTICULAR ATESTADO MÉDICO FALSO PARA JUSTIFICAR AUSÊNCIA NO TRABALHO MATERIALIDADE COMPROVADA PELOS ATESTADOS MÉDICOS APRESENTADOS E INFORMAÇÃO DA SECRETARIA DA SAÚDE ATESTANDO A FALSIDADE SUFICIENCIA NÃO REALIZAÇÃO DE EXAME PERICIAL IRRELEVÂNCIA HIPÓTESE: Comprovada a materialidade do delito de falsificação e uso de documento falso quando presente nos autos os documentos falsificados e ofício da instituição informando a falsidade dos documentos, corroborados pela prova oral, é irrelevante a não realização de exame pericial, suprido pelas demais provas produzidas.

AUTORIA E MATERIALIDADE DEMONSTRADAS ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE: Comprovada a materialidade e a autoria, pela uníssona versão acusatória, que não foi rechaçada pela defesa, impossível se torna a pretendida absolvição.

PAULO SÉRGIO FELICIANO foi denunciado, perante a Vara Criminal da Comarca de Votorantim (Ação Penal nº 393/12), como incurso nos artigos 304, caput, por seis vezes, c.c. o art. 71,

caput, ambos do Código Penal, por fatos ocorridos entre os dias 09

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A denúncia foi recebida em 30 de agosto de 2012 (fls. 45), citado (fls. 53/v.), o apelante apresentou resposta escrita (fls. 55/59) e, não sendo o caso de absolvição sumária (fls. 63), prosseguiu-se com a instrução e interrogatório do réu.

Em 07 de agosto de 2013 sobreveio sentença que condenou PAULO, por infração ao art. 304 do Código Penal, por seis vezes, na forma do art. 71 do Código Penal, a 03 (três) anos de reclusão, em regime aberto, e ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa, substituída a pena privativa de liberdade por duas restritivas de direitos, consistentes na prestação de serviços à comunidade pelo prazo da reprimenda, sendo uma hora de tarefa por dia de condenação e prestação pecuniária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) em favor de entidade assistencial (fls. 78/82).

Inconformada a defesa apelou. Suscita a nulidade do feito pela não realização de perícia nos atestados médicos. No mérito requer a absolvição por insuficiência de provas ou, subsidiariamente, o afastamento da continuidade delitiva (fls.90/95).

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É O RELATÓRIO.

Narra a inicial acusatória que, nos dias 09 de novembro de 2010, 20 de dezembro de 2010, 03 de janeiro de 2011, 11 de março de 2011, 24 de junho de 2011 e 29 de julho de 2011, o ora apelante fez uso de atestados médicos falsos de forma continuada por seis vezes. Consta que o apelante apresentou na sede de sua empregadora os atestados falsos para justificar sua ausência ao trabalho (fls. 01d/02d).

Ao contrário do esposado pela douta defesa, a materialidade restou comprovada por toda a documentação juntada aos autos, especialmente pelo auto de exibição e apreensão onde estão todos os atestados falsificados entregues à empregadora do acusado (fls. 6/13) e ofício da Secretaria Municipal de Saúde de Votorantim (fls. 17), informando que alguns médicos que pretensamente assinaram os atestados não pertencem ao quadro de funcionários do Pronto Atendimento e que a caligrafia de um deles não condizia com a verdadeira, esclarecendo, ainda, que nenhuma ficha de atendimento em nome do denunciado foi encontrada na Instituição.

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Desta forma, diversamente do sustentado pela defesa, não é imprescindível a realização de exame pericial nos documentos quando a prova coletada é apta à constatação do falso.

Destacam-se os seguintes julgados:

“Com efeito, a alegação de falta de exame pericial materializador da falsidade documental improcede. É pacífica a jurisprudência de que a realização de tal perícia só é exigida quando a prova da falsificação depende do exame de peritos. Na espécie, o documento falsificado constava dos autos e a prova da sua falsificação pode se apurar por meio de outras provas” (STF - HC nº

62.743-9, Rel. Ministro Rafael Mayer).

“Falsidade documental. Prova. Ausência de exame pericial. Irrelevância. Existência de outras provas que suprem a omissão”

(TJMG - RT 705/353).

“HABEAS CORPUS. PENAL. USO DE DOCUMENTO FALSO.

CONDENAÇÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA AÇÃO PENAL

ANTE A FALTA DE LAUDO PERICIAL. DISPENSÁVEL.

ATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS POR OUTROS MEIOS DE PROVA. CRIME INSTANTÂNEO QUE SE CONSUMA COM O USO DO DOCUMENTO FALSO. APLICAÇÃO DO ART. 182 DO CPP. ORDEM DENEGADA.

1. No crime de uso de documento falso a prova pericial pode ser

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para revelar a existência do crime e sua autoria e firmar o convencimento do magistrado.

2. A ausência do laudo pericial não afasta o crime de uso de documento falso, que se consuma com a simples utilização de documentos comprovadamente falsos, data a sua natureza de delito formal.

3. Ordem denegada.” (HC Nº 112.895 MG, 5ª Turma, Rel.

Min. Laurita Vaz, julgado em 16/11/2010, V. U.).

Assim, afasta-se a questão preliminar. Quanto ao

mérito, igualmente, a sorte não acompanha o apelante, pois farto e coeso o conjunto probatório a embasar o decreto condenatório.

Na fase policial o apelante disse que tinha feito cirurgia no rim e que diante de seu estado de saúde, foi várias vezes ao Pronto Socorro e pegava os atestados médicos e os entregando no seu local de trabalho. Esclareceu que uma única vez, em um ponto de ônibus, trocou uma passagem por um atestado médico oferecido por um indivíduo, ressaltando que não se recorda de tê-lo entregue na empresa (fls. 14/15).

Em Juízo negou a prática delitiva, voltando a dizer que foi ao Pronto Atendimento e ao Hospital de Votorantim, e nestes locais, após ser atendido pegou os atestados (contracapa dos autos

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Em juízo a testemunha, Carlos Rogério Xavier de Moraes, patrão do apelante, informou que ele era um bom funcionário e que trabalhava com ele já há doze anos. Disse que PAULO tinha sofrido anteriormente uma cirurgia, mas que nunca foi descontado por suas ausências. Narrou que nos últimos tempos ele começou a levar muitos atestados. Certo dia recebeu um telefonema anônimo em que foi alertado que PAULO estava traindo sua confiança e entre outros assuntos, lhe foi dito que o réu estava usando atestados falsos. Esclareceu que foi investigar junto ao Pronto Atendimento de Votorantim, da onde eram emanados os atestados, sendo encaminhado à Secretaria de Saúde, onde se constatou que os documentos eram falsos e que os médicos sequer trabalhavam lá. Disse que indagou o réu, pedindo que ele dissesse de quem ou que maneira havia adquirido os atestados, mas ele se negou a dizer, mesmo confirmando que eram falsos (contracapa dos autos mídia digital CD).

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A testemunha, Gladys Leite Barasnevicius, asseverou que trabalhava na Secretaria de Saúde Municipal de Votorantim e que foi apurado pelo departamento jurídico que os atestados em nome do apelante eram falsos, pois não havia qualquer ficha de atendimento dele como paciente e que a maioria dos médicos que assinavam os atestados não fazia parte do quadro de funcionários do Hospital (contracapa dos autos mídia digital CD).

As testemunhas arroladas pela defensa são apenas referenciais. (contracapa dos autos mídia digital CD).

Diante desse quadro não resta dúvida alguma da responsabilidade penal do réu, até porque, a versão por ele apresentada não procede, haja vista que nunca compareceu ao referido Hospital nos dias apontados nos atestados, sendo o engodo descoberto por diligência do patrão de PAULO.

Apesar do esforço defensivo não há que se falar na pretendida absolvição.

As penas, entretanto, merecem reparo.

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Para que se aplique o art. 299 do Código Penal o atestado deve ser perfeito em sua forma, ostentando, entretanto falsidade em seu conteúdo. Neste caso não ocorreu somente a falsidade ideológica, mas também a material em documento particular.

Destaca-se julgado desta Corte:

“Já no tocante ao pedido de desclassificação para o delito de uso de documento particular, o recurso deve ser provido, porquanto o atestado médico, mesmo que preenchido em formulário de órgão público, como se dá na espécie, em que há timbre da Secretaria do Estado da Saúde e da Secretaria do Município da Saúde, constitui documento particular, e não público, razão pela qual a conduta do Apelante se enquadra no artigo 304, c.c. artigo 298, ambos do Código Penal” (TJSP - 1ª

Câmara Criminal Extraordinária Apelação nº 0091711-58.2008.8.26.0050 - Rel. Juiz Luis Augusto de Sampaio arruda j. 16/12/2013).

Assim, a pena mínima, levando-se em conta o preceito secundário, disposto no art. 304 do Código Penal, é de 01 (um) ano de reclusão, e não 02 (dois) como consignado na r. sentença.

Atento aos critérios do art. 59 do Código Penal, fixa-se a pena-base no mínimo legal.

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execução, o aumento de ½ (metade), justo e suficiente, fica mantido, conduzindo a pena final a 01 (um) ano e 06 (seis) meses de reclusão, em regime aberto, e 15 (quinze) dias-multa.

Cumpridas as exigências legais previstas no art. 44, do Código Penal, bem operada a substituição da pena corporal por prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária, que fica mantida.

Diante do exposto, DÁ-SE PARCIAL PROVIMENTO ao apelo para reduzir as penas para de 01 (um) ano e 06 (seis) meses de reclusão, em regime aberto, mais 15 (quinze) dias-multa, com a substituição da pena corporal por prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária conforme disposto em primeira instância, mantendo-se, no mais, a r. sentença.

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